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Tópico 07 Genética humana Os processos de transcrição da molécula de DNA e tradução das moléculas de RNA mensageiro 1. Introdução A transcrição nada mais é do que a síntese de uma molécula de RNA a partir de um molde de DNA. Como foi visto nas aulas anteriores, existem diferentes moléculas de RNA, cada uma com funções específicas no metabolismo celular. Neste tópico, será abordado o processo de síntese e as funções desempenhadas por moléculas de RNA distintas: o RNA mensageiro, o RNA ribossômico e o RNA transportador. Todos os RNAs celulares são sintetizados a partir de moldes de DNA por meio do processo de transcrição. A transcrição tem muitas semelhanças com o processo de replicação, mas a diferença fundamental está relacionada com o tamanho do molde usado. Na replicação, todos os nucleotídeos do molde do DNA são replicados, mas, na transcrição, apenas pequenas partes da molécula de DNA – em geral, um único gene, ou, no máximo, alguns genes – são transcritos em RNA. Como nem todos os produtos dos genes são necessários ao mesmo tempo ou na mesma célula, a transcrição constante de todos os genes de uma célula seria muito ineficiente. Além disso, vocês se lembram que a maior parte do DNA é denominada “não codificante”, pois não codifica um produto funcional como os RNAs ou proteínas e a transcrição de tais sequências não faria sentido. A transcrição é, de fato, um processo muito seletivo: os genes individuais são transcritos apenas se seus produtos forem necessários. Entretanto, essa seletividade impõe um problema fundamental na célula: como identificar os genes individuais e transcrevê-los no momento e local corretos. Ao decorrer da lição, será abordado todo o processo de síntese das moléculas de RNA’s, as proteínas e as enzimas necessárias para que este processo ocorra. Além disso, será abordado o processo de tradução das moléculas de RNA em produtos funcionais, as proteínas. 2. O molde de DNA Para que o processo de transcrição aconteça, são necessários três componentes principais: um molde de DNA, as matérias-primas para a síntese das moléculas de RNA (trifosfatos de ribonucleotídeos) e o aparato de transcrição (as proteínas necessárias para catalisar a síntese de RNA). A Em 1970, Oscar Miller Jr., Barbara Hamkalo e Charles Thomas usaram microscopia eletrônica para examinar o material celular e demonstrar que o RNA é transcrito a partir de um molde de DNA. Neste experimento, os autores viram estruturas semelhantes à “árvore de Natal” dentro da célula: finas fibras centrais (o tronco da árvore) às quais estavam presos fios (os ramos) com grânulos. Além disso, eles observaram que a adição da desoxirribonuclease (uma enzima que degrada o DNA) fez com que as fibras centrais desaparecessem, indicando que os “troncos da árvore” eram moléculas de DNA. A ribonuclease (uma enzima que degrada RNA) removeu os fios granulosos, indicando que os ramos eram RNA. Sua conclusão foi que cada “árvore de Natal” representava um gene sendo submetido à transcrição. A transcrição de cada gene inicia-se no topo da árvore; então, pouco do DNA foi transcrito e os ramos de RNA eram curtos. À medida que o aparato de transcrição desce na árvore, transcrevendo mais o molde, as moléculas de RNA se prolongam, produzindo grandes ramificações no final da árvore (Figura 1). Figura 1 – Microfotografia eletrônica evidenciando (a) a estrutura das “árvores de natal” sugerida por Oscar Miller Jr e seus colaboradores e (b) a interpretação dada pelos autores ao processo de transcrição de um gene. O molde para a síntese do RNA, assim como para a síntese de DNA, é uma fita simples da dupla-hélice do DNA. Diferente da replicação, entretanto, a transcrição de um gene ocorre em apenas uma das duas fitas de nucleotídeos do DNA. A fita de nucleotídeos, usada para a transcrição, é chamada de fita molde. A outra, chamada de fita não molde, não é transcrita. Assim, em um gene, apenas uma das fitas de nucleotídeos é transcrita em RNA (existem algumas exceções para esta regra; Figura 2). Durante a transcrição, uma molécula de RNA complementar e antiparalela à fita molde de DNA é sintetizada e o RNA transcrito tem a mesma polaridade. Além disso, a sequência de bases que a fita não molda, com a exceção de que o RNA, tem Uracilas em vez de Timinas (Figura 3). Figura 2 – Processo de transcrição a partir de uma fita molde de DNA. Cada gene é transcrito a partir de apenas uma das fitas de DNA, a fita molde, mas diferentes genes podem ser transcritos de fitas diferentes. Figura 3 – Processo de síntese do RNA complementares e antiparalelas a uma das fitas do DNA molde. 3. As matérias-primas O RNA é sintetizado a partir de um molde de DNA utilizando trifosfatos de ribonucleotídeos (rNTPs). Na síntese, novos nucleotídeos são unidos, um de cada vez, ao grupo 3’-OH da molécula de RNA crescente. Dois grupos fosfato são rompidos a partir do trifosfato de nucleotídeo de chegada, liberando energia para ligar o grupo fosfato remanescente (por meio de uma ligação fosfodiéster) do nucleotídeo à molécula de RNA crescente. Assim como na replicação, os nucleotídeos são sempre adicionados à extremidade 3’ da molécula de RNA e o sentido da transcrição é, portanto, 5’ → 3’, o mesmo que a síntese de DNA durante a replicação. A síntese de RNA é, portanto, complementar e antiparalela a uma das fitas de DNA (a fita molde; Figura 4). Uma característica fundamental que diferencia os processos de replicação e transcrição é que, diferente da síntese do DNA (replicação), a síntese do RNA (transcrição) não precisa de um primer para que a síntese se inicie. Essa característica faz com que apenas uma enzima seja necessária para o processo de Transcrição, a RNA polimerase. Apesar disso, alguns estudos modernos indicam que a ação da RNA polimerase é potencializada por outras proteínas, um complexo chamado de Aparato de Transcrição. Trifosfatos de ribonucleotídeos são os substratos utilizados na síntese de RNA durante a transcrição gênica. 4. O aparato de transcrição A ação da RNA polimerase (Figura 5) é potencializada por várias proteínas acessórias que se unem e deixam a polimerase em diferentes estágios do processo. Cada proteína acessória é responsável por fornecer ou regular uma função especial. Assim, a transcrição, como a replicação, requer um conjunto de proteínas para desempenhar bem a sua função. A maioria das células eucarióticas tem três tipos diferentes de RNA polimerase, cada uma responsável por transcrever uma classe diferente de RNA: a RNA polimerase I transcreve rRNA (RNA ribossômico); a RNA polimerase II transcreve pré- mRNAs (pré RNAs mensageiros); e a RNA polimerase III transcreve moléculas de RNA pequenas, mas principalmente tRNAs (RNA transportador). As RNA polimerases I, II e III são encontradas em todos os eucariotos. Todas as polimerases eucarióticas são enzimas grandes, multiméricas, com mais de uma dúzia de subunidades. Algumas subunidades são comuns a todas as RNA polimerases, enquanto outras são limitadas a uma das polimerases. Figura 5 – Esquema da ação da RNA polimerase II durante o processo de transcrição gênica. 5. O processo de transcrição Como foi visto até agora, a transcrição ocorre em um ou alguns genes. Desta forma, o processo de transcrição necessita de uma região na fita molde onde o aparato de transcrição consiga identificar e realizar a transcrição. Esta região é definida como uma Unidade de Transcrição. Cada unidade de transcrição é formada por uma região chamada de promotor, uma região codificadora do RNA e um terminador (Figura 6). Como o DNA de um cromossomo é uma unidade contínua, a maquinaria da transcrição precisa ser direcionada para o começo de um gene, a fim de começar a transcrever no local certo, continuar transcrevendo ao longo do gene e, finalmente, parar de transcrever na outra extremidade do gene. Esses três estágios distintos da transcrição são chamados de iniciação, alongamentoe término. Figura 6 – Esquema de caracterização da Unidade de transcrição formada pelo promotor, a região codificadora e o terminador. A Iniciação é a etapa da transcrição na qual o aparato da transcrição se encaixa no promotor e inicia a síntese de RNA. Apesar de parecer simples, a identificação do promotor correto é crucial para identificar qual o gene deve ser transcrito. Na etapa de iniciação, são realizados todos os processos necessários para começar a síntese do RNA, incluindo a identificação do gene pelo reconhecimento do promotor, formação da bolha de transcrição e transcrição do primeiro códon, que nos organismos eucariotos, sempre é a sequência AUG de nucleotídeos. A iniciação da transcrição requer que o aparato de transcrição identifique e se ligue ao promotor. Nessa etapa, a seletividade da transcrição é reforçada; a ligação da RNA polimerase ao promotor determina quais partes do molde de DNA devem ser transcritos e com que frequência. Diferentes genes são transcritos com diferentes frequências e a ligação ao promotor é responsável, principalmente por determinar a frequência de transcrição para um gene particular. Os promotores também têm diversas afinidades pela RNA polimerase. Mesmo dentro de um único promotor, a afinidade pode variar com o tempo, dependendo da interação do promotor com a RNA polimerase e de vários outros fatores. Nesta etapa, a RNA polimerase separa as duas fitas da molécula de DNA e adiciona novos nucleotídeos, um por vez, à extremidade 3’ da fita de RNA crescente. Para iniciar a síntese de uma molécula de RNA, a RNA polimerase pareia a base em um trifosfato de ribonucleotídeo com sua base complementar no sítio de início na fita molde de DNA. Não é necessário nenhum primer para iniciar a síntese na extremidade 5’ da molécula de RNA. Dois dos três grupos de fosfato são rompidos a partir do trifosfato de ribonucleotídeo à medida que o nucleotídeo é adicionado à extremidade 3’ da molécula de RNA crescente. Entretanto, como a extremidade 5’ do primeiro trifosfato de ribonucleotídeo não participa da formação de uma ligação fosfodiéster, todos os três grupos fosfatos são preservados. Uma molécula de RNA, portanto, tem pelo menos inicialmente, três grupos fosfatos na sua extremidade 5’ (Figura 7). Aprendendo mais um pouco! Cerca de 40 nucleotídeos por segundo são adicionados na transcrição de células bacterianas a 37°C. Essa taxa de síntese de RNA é muito menor do que a da síntese de DNA, que é de 1.000 a 2.000 nucleotídeos por segundo. Figura 7 – Esquema dos processos de iniciação e alongamento, as duas etapas iniciais da transcrição gênica. A segunda etapa do processo de transcrição é o alongamento. Após a iniciação da transcrição, a RNA polimerase sofre uma mudança na conformação (formato) e não é mais capaz de se ligar a sequências no promotor. Essa mudança torna possível que a polimerase saia do promotor e comece a transcrição da região codificadora. À medida que ela se move pela região codificadora do molde de DNA, a RNA polimerase desenrola o DNA na fita molde, aumentando a bolha de transcrição (região similar as forquilhas de replicação), unindo nucleotídeos à molécula de RNA de acordo com a sequência no molde e enrolando o DNA na região já transcrita da bolha. Por fim, ocorre a etapa de Término que consiste na identificação da extremidade do terminador da unidade de transcrição, a separação da molécula de RNA do molde de DNA e a saída da RNA polimerase da molécula de DNA. Nesta etapa, a RNA polimerase adiciona nucleotídeos à extremidade 3’ da molécula de RNA crescente até ela transcrever um terminador. A maioria dos terminadores é encontrada acima do sítio onde o término realmente ocorre. Dessa forma, a transcrição não para subitamente quando a polimerase alcança o terminador. Em vez disso, ela para após o terminador ser transcrito, como um carro para somente após passar sobre um quebra-molas. São necessários vários eventos de sobreposição no terminador para finalizar a transcrição: a RNA polimerase precisa parar de sintetizar RNA, a molécula de RNA tem de ser liberada da RNA polimerase, a molécula de RNA recém-sintetizada precisa se dissociar completamente do DNA e a RNA polimerase precisa se soltar do molde de DNA. 6. Procesamento dos RNAs O conhecimento da estrutura química do DNA e do processo de transcrição possibilitou uma noção mais precisa sobre o que é um gene. Em 1902, Archibald Garrod sugeriu, corretamente, que os genes codificam as proteínas. Elas são feitas a partir de Aprendendo mais um pouco! A transcrição ocorre dentro de um curto segmento de 18 nucleotídeos de DNA desenrolado chamado de bolha de transcrição. Dentro dessa região, o RNA é sintetizado de forma contínua, com o DNA de fita simples usado como molde. aminoácidos; então, um gene tem os nucleotídeos que especificam os aminoácidos de uma proteína. Portanto, por muitos anos, a definição de trabalho de um gene era um conjunto de nucleotídeos que especifica a sequência de aminoácidos de uma proteína (Figura 8). À medida que os geneticistas aprenderam mais sobre a estrutura dos genes, entretanto, ficou claro que esse conceito era uma simplificação exagerada. Figura 8 – Esquema dos processos de Transcrição e Tradução gênica. Muitos genes eucarióticos apresentam regiões codificadoras, chamadas éxons, e regiões não codificadoras, chamadas sequências intervenientes ou íntrons. Por exemplo: o gene que codifica a proteína ovalbumina tem oito éxons e sete íntrons; o gene para o citocromo b tem cinco éxons e quatro íntrons. O gene humano médio tem de oito a nove íntrons. Todos os íntrons e éxons são inicialmente transcritos em RNA, mas, após a transcrição, os íntrons são removidos por um processo chamado splicing e os éxons são unidos para gerar o RNA maduro (Figura 9). Portanto, o primeiro produto da transcrição em eucariotos é uma molécula chamada de pré-RNA mensageiro, uma molécula que necessita sofrer um processamento para remoção dos íntrons e formação do RNA mensageiro maduro. Os íntrons são comuns nos genes eucarióticos e raros nos genes bacterianos. Figura 9 – Pré-mRNA do gene alfa-tropomiosina. As regiões verde- claros representam os íntrons, as demais cores representam éxons. Todos os íntrons são removidos durante o processamento do RNA, possibilitando a formação de diferentes proteínas a partir de um único gene. Aprendendo mais um pouco! A descoberta dos íntrons forçou uma reavaliação da definição do gene. Atualmente, um gene é definido como uma sequência de DNA que codifica uma molécula de RNA ou a sequência inteira de DNA necessária para transcrever e codificar uma molécula de RNA. 7. RNA e o código genético A informação genética codificada nas moléculas de DNA pode ser transcrita em diferentes tipos de RNA“s, porém, três tipos distintos de RNA desempenham funções cruciais no processo de síntese proteica: o RNA mensageiro (mRNA), o RNA transportador (tRNA) e o RNA ribossômico (rRNA). Cada tipo de RNA apresenta características próprias e difere nas funções desempenhadas, porém todos têm uma característica comum: são transcritos a partir de genes na molécula de DNA. O RNA transcrito dos genes pode ser classificado como RNA mensageiro (mRNA) ou RNAs funcionais (que incluem principalmente o rRNA e o tRNA) (Figura 10). A grande maioria dos genes codifica mRNA, cuja função é servir como intermediário na síntese do produto gênico final, a proteína. A transcrição do mRNA é fundamental para evitar que a molécula de DNA seja exposta aos diferentes componentes do citoplasma celular, evitando, assim, degradações ou alterações da sua estrutura e da codificação armazenada. Em contrapartida, os RNA funcionais são ativos como RNA, ou seja, eles desempenham as suas funções e nunca são traduzidos em proteínas. As principais classes de RNA funcionais importantes na síntese de proteínas são os RNA transportadores e os RNA ribossômicos. Tiposprincipais de RNA: o mRNA e os RNA funcionais (tRNA e rRNA). As moléculas de RNA transportador (tRNA) são os adaptadores do códon de três nucleotídeos no mRNA ao aminoácido correspondente, que é levado pelo tRNA ao ribossomo no processo de tradução. Os tRNA são componentes gerais da maquinaria de tradução; uma molécula de tRNA consegue levar um único aminoácido ao ribossomo com a finalidade de traduzir qualquer mRNA. Os RNA ribossômicos (rRNA) são os principais componentes dos ribossomos, grandes complexos macromoleculares que reúnem os aminoácidos para formar a proteína cuja sequência é codificada em um mRNA específico. Os ribossomos são compostos de vários tipos de rRNA e de proteínas diferentes. Como o tRNA, os ribossomos têm uma função geral, pois podem ser usados para traduzir os mRNA de qualquer gene codificador de proteínas. Embora a maioria dos genes codifique mRNA, os RNA funcionais (rRNA e tRNA) constituem a maior fração do RNA celular total. Em uma célula eucariótica em divisão ativa, o rRNA e o tRNA contribuem com quase 95% do RNA total, enquanto o mRNA responde por apenas cerca de 5%. Dois fatores explicam a abundância de rRNA e tRNA. Primeiro: eles são muito mais estáveis que os mRNA e, assim, essas moléculas permanecem intactas por mais tempo. Segundo: a transcrição dos genes de rRNA e tRNA constitui mais da metade da transcrição nuclear total em células eucarióticas ativas e quase 80% da transcrição em células de leveduras. Quando a estrutura do DNA foi estabelecida em 1953, pareceu provável existir uma correspondência linear entre as sequências de nucleotídeos no DNA e as de aminoácidos nas proteínas. Em outras palavras, a sequência de ácido nucleico no mRNA de 5“ para 3” corresponde à sequência de aminoácido que vai do N- terminal ao C-terminal. Se os genes são segmentos de DNA e se um filamento de DNA é apenas uma fileira de nucleotídeos, então, a sequência de nucleotídeos deve, de algum modo, ditar a sequência de aminoácidos nas proteínas. Porém, como a sequência de DNA dita a sequência da proteína? Se uma molécula de mRNA for lida de uma extremidade para outra, apenas uma das quatro bases diferentes, A, U, G ou C, pode ser encontrada em cada posição. Assim, se as palavras que codificam aminoácidos tivessem uma letra, apenas quatro palavras seriam possíveis. Esse vocabulário não pode ser o código genético, pois precisamos ter uma palavra para cada um dos 20 aminoácidos comumente encontrados nas proteínas celulares. Se as palavras tivessem duas letras, então 4 X 4 = 16 palavras seriam possíveis; por exemplo, AU, CU ou CC. Esse vocabulário ainda não seria suficiente. Se as palavras tivessem três letras de tamanho, seriam possíveis 4 X 4 X 4 = 64 palavras; por exemplo, AUU, GCG ou UGC. Esse vocabulário fornece palavras mais que suficientes para descrever os aminoácidos. Podemos concluir que a palavra-código precisa consistir em, pelo menos, três nucleotídeos, chamados de códons. Decifrar o código genético, a determinação do aminoácido especificado por cada trinca, foi uma das conquistas genéticas mais fascinantes dos últimos 50 anos. Após as técnicas experimentais tornarem-se disponíveis, o código genético foi rapidamente decifrado. Vários pesquisadores começaram a sintetizar moléculas de RNA com sequências conhecidas e compararam com os aminoácidos adicionados. Esses experimentos foram responsáveis por decifrar o código genético armazenado das moléculas de DNA (Figura 11). Tabela do código genético relacionando cada códon do RNA mensageiro com os aminoácidos adicionados no processo de tradução das informações gênicas. 8. Síntese protéica A síntese de proteínas ocorre quando o tRNA e as moléculas de mRNA se associam aos ribossomos. A tarefa dos tRNA e do ribossomo é traduzir a sequência de códons de nucleotídeos do mRNA em uma sequência de aminoácidos na proteína. Nas aulas anteriores, foram discutidos diferentes grupos de maquinarias desempenhando funções celulares complexas (o replissomo é um exemplo). O sítio de síntese das proteínas, o ribossomo, é muito maior e mais complexo do que as máquinas vistas até agora. Sua complexidade deve-se ao fato de que ele desempenha várias tarefas com acurácia e velocidade. Por esse motivo, é melhor pensar no ribossomo como uma fábrica que contém muitas máquinas atuando em conjunto. Em todos os organismos, o ribossomo consiste em uma subunidade pequena e uma grande, cada uma feita de RNA (chamado de RNA ribossômico ou rRNA) e proteínas. Cada subunidade é composta de um a três fragmentos de rRNA e até 50 proteínas. O ribossomo une os outros dois participantes importantes na síntese de proteínas – tRNA e mRNA – para traduzir a sequência de nucleotídeos de um mRNA em uma sequência de aminoácidos de uma proteína. As moléculas de tRNA e mRNA estão posicionadas no ribossomo, de modo que o códon do mRNA possa interagir com o anticódon do tRNA. A partir do pareamento entre o códon do mRNA e o anti-códon do tRNA, proporcionado pelos ribossomos (rRNA e proteínas), as cadeias polipeptídicas são formadas. O ribossomo é, portanto, a organela celular responsável por realizar as ligações peptídicas entre os aminoácidos carreados pelo tRNA na sequência correta transcrita na molécula de mRNA que estava codificada na fita molde da molécula de DNA (Figura 12). Vale ressaltar que uma molécula polipeptídica não é de fato uma proteína ativa pronta! Essas moléculas podem necessitar de sofrer transformações pós- traducionais para obter suas formas secundárias, terciárias ou quaternárias. Modelo esquemático do processo de tradução realizado pelos ribossomos, rRNA, mRNA e tRNA. 9. Conclusão Este Tópico abordou a maneira que a informação genética armazenada nas células é utilizada para gerar outras moléculas. Assista ao vídeo abaixo, que mostra todo o processo de transcrição e tradução de um gene em uma célula eucariótica. From DNA to protein - 3DFrom DNA to protein - 3D https://www.youtube.com/watch?v=gG7uCskUOrA A informação não é transferida diretamente do DNA para a proteína, pois, em uma célula eucariótica, o DNA está no núcleo, enquanto a proteína é sintetizada no citoplasma ou em organelas que contêm ribossomos em suas membranas (retículo endoplasmático rugoso). A transferência da informação do DNA para a proteína exige um intermediário, que é o RNA. A informação genética codificada nas moléculas de DNA pode ser transcrita em diferentes tipos de RNA, classificados em RNA mensageiro e RNA funcionais. A similaridade do RNA com o DNA sugere que o fluxo de informação do DNA para o RNA baseia-se na complementaridade das bases, que também é importante para a replicação do DNA. Um filamento de DNA-molde é copiado, ou transcrito, em um RNA funcional (como o RNA transportador ou o RNA ribossômico), que nunca é traduzido em polipeptídios, ou em um RNA mensageiro, a partir do qual as proteínas são sintetizadas. Outro processo importante abordado neste tópico foi a tradução da informação codificada na sequência de nucleotídeos de um mRNA em uma sequência de aminoácidos de uma proteína. Nossas proteínas, mais que qualquer outra macromolécula, determinam quem somos e o que somos. Elas são as enzimas responsáveis pelo metabolismo celular, incluindo a síntese de DNA e RNA e são os fatores reguladores necessários para a expressão do programa genético. 10. Referências GRIFFITHS, Anthony J. F.; SUSAN, Wessler R.; CARROLL, Sean B & DOEBLEY, John. Introdução à genética. 10 Ed. Guanabara Koogan, 736p, 2013. a PIERCE, Benjamin A. Genética: Um enfoque conceitual. 3ª Ed. Guanabara Koogan, 774p, 2011. YouTube. (2015, Janeiro, 07). yourgenome. From DNA to protein – 3D. 2min41. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gG7uCskUOrA>. Acesso em: 25 out. 2018. Parabéns, esta aula foi concluída! https://www.youtube.com/watch?v=gG7uCskUOrA Mínimo de caracteres: 0/150 O que achou do conteúdo estudado? Péssimo Ruim Normal BomExcelente Deixe aqui seu comentário Enviar
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