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e-Tec Brasil43 Aula 8 – Mercado de carbono Durante a ECO-92, no Rio de Janeiro, foi criada a Convenção- -Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (conhe- cida pela sigla UNFCC, em inglês, United Nations Framework Convention on Climate Change). Essa convenção deu origem ao chamado “mercado de carbono” para a negociação da redução de emissões de gases de efeito estufa, o que veremos nesta aula. Foi no ano de 1997 que durante uma das mais importantes reuniões de países, realizada em Quioto, no Japão, foi criado o Protocolo de Quioto, acordo este que estabeleceu que os países desenvolvidos deveriam reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) (IPAM, 2013g) 5,2% em média, em relação aos níveis medidos em 1990. Figura 8.1: Mudanças Climáticas Globais Fonte: <http://igepri.org>. Gases de efeito estufa (GEE): São os constituintes gasosos da atmosfera, naturais e antrópicos, que absorvem e emitem radiação em comprimentos de onda específicos (IPCC, 2001). Os gases de efeito estufa regulados pelo Protocolo de Quioto são: dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O), metano (CH4), hexafluoreto de enxofre (SF6), hidrofluorcarbonetos (HFCs), e perfluorcarbonetos (PFCs) (IPCC, 2001). Pelo protocolo, os países deveriam limitar ou reduzir as emissões desses ga- ses, passando, portanto, a ter valor econômico. Com isso, começou a surgir um mercado voltado para a criação de projetos de redução da emissão dos GEE. Trata-se do mercado de créditos de carbono (BRASIL, 2013). 8.1 Mecanismos de flexibilização e os projetos de MDL Para auxiliar os países a alcançar suas metas de emissões e para encorajar o setor privado e os países em desenvolvimento a contribuir nos esforços de redução das emissões, foram criados três mecanismos de mercado (IPAM, 2013g), chamados de “mecanismos de flexibilização”: a) Implementação conjunta: mecanismo pelo qual países do Anexo I – paí- ses desenvolvidos – agem em conjunto para implementação de projetos de redução de emissões para atingir suas metas. b) Comércio de emissões: ocorre pela comercialização do excedente de re- dução de emissões entre países do Anexo I, ou seja, quando um país já reduziu a emissão de GEE além da sua meta, pode vender esse excesso para os países que não tenham atingido sua meta de redução. c) Mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL): permite que países em de- senvolvimento – que não possuem metas – participem da redução de emissões. “Eles podem vender para países desenvolvidos os créditos de projetos que estejam contribuindo para a redução de emissões de carbo- no” (BRASIL, 2013g). Para poder comercializar créditos de carbono, é necessário que o proponen- te elabore um projeto de redução de emissões referente à sua atividade. Nesse caso, para que um projeto de redução seja válido, é imprescindível que contenha o chamado critério de adicionalidade, ou seja, que a redução de emissões de GEE (ou o aumento de remoções de CO2) seja maior ao que ocorreria na ausência do projeto de MDL. No Protocolo de Quioto, os países signatários (aqueles que assinaram o acordo) foram divididos em dois grupos, conforme o nível de industrialização. Cada grupo tem obrigações distintas em relação ao Protocolo: Anexo I – reúne os países desenvolvidos, que têm metas de redução; Não Anexo I – grupo dos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil (BRASIL, 2013b). Leia na íntegra o documento sobre o Protocolo de Quioto traduzido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em: <http://www.mct.gov.br/upd_ blob/0012/12425.pdf>. Consulte a “Cartilha MDL Ilustrado”, que traz informações sobre cada etapa de aprovação, elaboração e metodologias para projetos de MDL. Acesse em: <http://enviroscope.iges.or.jp/ modules/envirolib/upload/2386/ attach/mdl%20ilustrado.pdf>. Projetos Ambientaise-Tec Brasil 44 Concluído o projeto, deve-se seguir as seguintes etapas para a emissão dos créditos de carbono pelo Conselho Executivo da ONU (CETESB, 2013), órgão responsável pela aprovação dos projetos e regularização dos créditos no mercado de carbono: Figura 8.2: Ciclo do projeto MDL. Fonte: <http://www.cetesb.sp.gov.br>. Este mecanismo estimula o desenvolvimento sustentável e a redução das emissões por dar flexibilidade aos países industrializados no sentido de con- seguir cumprir suas metas de redução, enquanto estimula a transferência de tecnologia e o envolvimento da sociedade nos países em desenvolvimento. 8.2 Como funciona o mercado de carbono Para o comércio no mercado de carbono, cada tonelada de dióxido de car- bono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. Para os outros gases re- gulados por esse comércio, utiliza-se o conceito de Carbono Equivalente (CO2e), no qual, em função do poder destrutivo das moléculas de cada gás de efeito estufa, é calculada sua proporção em carbono. 1 tonelada de CO2 equivalente = 1 crédito de carbono e-Tec BrasilAula 8 – Mercado de carbono 45 No mercado, cada tonelada de CO2e reduzida ou removida por meio de um projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é calculada utili- zando o chamado Potencial de Aquecimento Global – em inglês, GWP, Global Warming Potential (IPCC, 2001). Tomando por base a molécula de dióxido de carbono, que tem índice 1, po- de-se dizer que o metano (CH4) tem um potencial 21 vezes maior que o CO2 de causar danos ao meio ambiente. Nesse caso, ao emitir uma tonelada de metano, seria como emitir 21 toneladas de dióxido de carbono, e portanto, uma tonelada de metano reduzida corresponde a 21 créditos de carbono. O comércio mundial entre os créditos de carbono adquiridos é feito por meio de Certificados de Emissões Reduzidas (CER), por meio do qual as nações que não conseguirem reduzir suas emissões poderão comprar os CER em países em desenvolvimento e usá-los para cumprir suas obrigações (BRASIL, 2013). 8.2.3 O mercado voluntário de carbono Paralelamente ao mercado de carbono criado pelo Mecanismo de Desenvol- vimento Limpo (MDL), existem diversas iniciativas voluntárias e independen- tes para o desenvolvimento de projetos e atividades de REDD+. Este novo mercado, chamado de “mercado voluntário”, permite que empresas, ONGs, instituições, governos, ou mesmo cidadãos tomem a iniciativa de reduzir as emissões voluntariamente (CENAMO et al., 2010). Verifica-se, portanto, que o mercado de carbono é de fundamental impor- tância para auxiliar os países desenvolvidos a atender suas exigências quanto à redução das emissões de GEE. Além disso, permite aos países em desenvol- vimento investir em projetos de proteção ambiental e ainda receber incenti- vos financeiros pela adoção de estratégias como essa. Resumo O mercado de carbono surgiu na ânsia de mitigar as mudanças climáticas globais por meio da negociação da redução das emissões de CO2, contabili- zados em carbono equivalente. Para a comercialização dos créditos de carbo- no, é necessário antes de tudo a elaboração de um projeto. No Brasil, como vimos, as oportunidades nessa área estão na criação de projetos de MDL e REDD+, uma grande chance para os profissionais de meio ambiente. Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potential – GWP): é o impacto que um gás de efeito estufa tem no aquecimento global. Por definição, o CO2 é usado como referência, portanto sempre tem um GWP de 1. Fonte: <http://www. mcleodferreira.com.br/fatos_ creditoscarbono.html>. REDD+: Sigla para o termo “Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal”, é um mecanismo que tem como objetivo reduzir as emissões de GEE provenientes do desmatamento e da degradação florestal, incentivar o manejo sustentável das florestas, aumentar e preservar os estoques de carbono florestais (INSTITUTO CARBONO BRASIL, 2013). Leia o “Guia sobre Projetos de REDD+ na América Latina” (2010) e conheça mais sobre o mercado voluntário de carbono e os projetos de REDD+ em http:// www.cartilhasecia.com.br/desenvolvimento-sustentavel-2/ guia-sobre-projetos-de-redd- na-america-latina Projetos Ambientaise-Tec Brasil 46 Atividades de aprendizagem • Durante a última Conferência da ONU sobre o Clima (COP 18), realizada em Doha, no Qatar, em 2012, as metas do Protocolo de Quioto foram atualizadas e ampliadas até 2020. Como você acha que o mercado de carbono vai funcionar a partir de agora? É um mercado crescente ou em decadência? Anotações e-Tec BrasilAula 8 – Mercado de carbono 47