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1 INTRODUÇÃO AO DIREITO MARÍTIMO-1-7

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2/8/24, 3:30 PM wlldd_221_u1_leg_adu_mar
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INTRODUÇÃO
Nesta disciplina, estudaremos uma área do Direito não muito abordada nas Universidades brasileiras, que é o
Direito Marítimo, o qual consiste em um ramo jurídico destinado a regular comércio e navegação marítimos.
Sabemos que o comércio marítimo, principalmente nos dias de hoje, em que vivemos em uma sociedade
globalizada, é uma atividade importante para o desenvolvimento dos países, que procuram cada vez mais
estreitar suas relações com outras nações.
Nesta seara, esse ramo do Direito, altamente especializado e composto por um complexo número de normas
jurídicas nacionais e internacionais, garante a harmonia desse sistema, regulando o desenvolvimento de suas
atividades. Compreender esse sistema normativo se mostra relevante, pois o mercado de trabalho, cada vez
mais exigente, está sempre em busca de pro�ssionais capacitados.
Leia com atenção o conteúdo, procurando entender e �xar os conceitos. Se você não entender, refaça a
leitura.
Vamos mergulhar no estudo do Direito Marítimo?
CONCEITO DE DIREITO MARÍTIMO
De�nindo Conceitos
Como dissemos na Introdução, em linhas gerais, o Direito Marítimo é o ramo do Direito que tem por
�nalidade regular o comércio marítimo e a navegação pelo mar.
Doutrinariamente, faz-se uma divisão em dois grandes blocos normativos: um relacionado ao tráfego
marítimo, com normas destinadas a regular o uso do mar, e o outro com normas relacionadas exclusivamente
ao comércio marítimo. O primeiro, de caráter de Direito Público, trata do exercício de jurisdição e soberania
no mar. Grande parte da doutrina o chama de Direito do Mar. É o ramo do Direito que estabelece as normas
que os Estados devem seguir em suas relações internacionais de uso do mar.
Aula 1
INTRODUÇÃO AO DIREITO MARÍTIMO
Conceito, origem e fontes do Direito Marítimo.
35 minutos
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O segundo, que é nosso objeto de estudo nesta Unidade de Ensino, é de Direito Privado, e tem por objetivo
regular as relações comerciais que se fazem pelo mar, ou seja, o trá�co marítimo e as questões dele
decorrentes. De acordo com Octaviano Martins (2008, p. 4), “[...] no âmbito do direito privado marítimo
interno, regulamentam-se as relações jurídicas decorrentes da exploração mercantil da navegação, que
compreendem armação e expedição de navios, seguros, fretamentos, riscos e contratos relativos ao comércio
marítimo”.
O Direito do Mar é parte integrante do Direito Internacional Público. É o ramo do Direito responsável
pela regulamentação dos oceanos, que são um dos domínios públicos mais signi�cativos. Já o Direito
Marítimo é parte integrante, sobretudo, do Direito Privado.
Com relação à terminologia, hoje é preferível o termo Direito do Mar (em inglês, usa-se a expressão Law of the
Sea). Conforme deixa consignado a doutrina especializada, deve-se evitar utilizar a denominação Direito
Marítimo para tratar as questões afetas à disciplina dos espaços marítimos. A expressão Direito Marítimo deve
ser reservada para os setores relacionados às atividades de transporte marítimo de natureza mercantil (nos
países anglo-saxões, utiliza-se a expressão Maritime Law ou Admiralty Law).
Figura 1| Direito do mar
Fonte: Shutterstock
Seguindo então esse entendimento doutrinário, conceituamos Direito Marítimo como o conjunto de normas
que regulamentam as relações privadas decorrentes do comércio feito pela via marítima. Assim, o trá�co
marítimo compreende as atividades empresariais desenvolvidas pela indústria da navegação (indústria
shipping), no transporte de cargas ou pessoas.
De acordo com Stopford (2017), no início do século XXI, a indústria shipping já movimentava cerca de 7 bilhões
de toneladas a cada ano, entre 160 países. É uma indústria verdadeiramente global. Os negócios localizados
em Amsterdã, Copenhague, Londres, Hamburgo, Singapura, Nova York e em muitos outros centros marítimos
concorrem em termos de igualdade.
 Atenção!
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Os navios, como principais ativos dessa indústria, são �sicamente móveis, e os pavilhões internacionais
permitem que as companhias escolham a sua jurisdição e, com isso, seus regimes �scais e �nanceiros, o
que causa certa di�culdade para a de�nição das leis aplicáveis.
Contudo, hoje em dia as atividades da indústria shipping não se resumem somente ao transporte de bens e
pessoas. Podemos inserir nesse contexto as atividades de pesquisa, exploração e explotação de recursos
naturais (principalmente petróleo e gás), além da indústria o�shore, que se dá através da navegação de apoio
marítimo.
VIDEOAULA: CONCEITO DE DIREITO MARÍTIMO
Tratamos no vídeo, com maior ênfase, da distinção entre o tráfego e o trá�co marítimo, deixando claro que
ambos são duas áreas regulamentadas por sistemas jurídicos distintos, com objetivos também distintos. O
primeiro, de caráter eminentemente público, trata de relação entre Estados. O segundo, privatista,
regulamenta atividades entre particulares.
ORIGEM DO DIREITO MARÍTIMO
Antecedentes Históricos Do Direito Marítimo
Desde os primórdios da civilização, o ser humano esteve ligado ao mar, fonte de riquezas e elemento que
viabilizou as grandes descobertas e o desenvolvimento do comércio entre os povos. O transporte de materiais
e mercadorias pela via marítima foi, por séculos, o principal impulsionador do comércio entre nações e
regiões, e, sem sombra de dúvidas, desempenhou papel importante no desenvolvimento e na prosperidade
econômica.
Sabemos que o fenômeno normativo (que hoje entendemos como Direito) acompanha a humanidade desde a
formação das primeiras comunidades, e com a atividade marítima não foi diferente. A navegação tem origem
com o desenvolvimento dos povos e a descoberta de novos continentes. Com a intensi�cação crescente da
navegação e do comércio, atrelados ao desenvolvimento das nações, surgiu a necessidade de serem criadas e
adotadas normas especi�camente destinadas à regulamentação do transporte marítimo de mercadorias.
Figura 2| Transporte de mercadorias através do mar
Videoaula: Conceito de Direito Marítimo
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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Fonte: Shutterstock.
De origem costumeira, as normas de Direito Marítimo foram consagradas ao longo do tempo pela prática
reiterada de certas condutas, sempre com a consciência de sua obrigatoriedade. É o que se chama de Direito
Consuetudinário.
A�rma Octaviano Martins (2013, p. 23) que:
 Assimile!
O Código de Hamurabi, há mais de 4.000 anos, estipulava normas sobre as incumbências de quem
operava a embarcação, além de diretrizes sobre a responsabilidade por abalroamentos. Da mesma
forma, o Código de Manu dispunha de regras sobre o contrato de dinheiro a risco.
As ideias sobre responsabilidades e riscos da navegação marítima continuaram a se desenvolver no tempo,
dando origem a diversas outras normas, como o Consulado do Mar, o Tribunal de Barcelona e os Rolos de
Oléron, regras que in�uenciaram a legislação na Europa.
[...] as primeiras regras escritas a respeito da navegação marítima de existência irrefutável
são os Códigos de Hamurabi, da Babilônia, datadodo Séc. XXII a.C., e de Manu, dos hindus,
datado do Séc. XIII a.C., além das Leis de Rodes e do Corpus Iuris Civiliis, de Roma. Na
antiguidade, as normativas de maior importância eram as Leis de Rodes, impostas às Ilhas
Cíclades à Província Insolarum, tendo como capital Rodes, região de preponderante
atividade de navegação marítima. As Leis de Rodes vigoraram em todo o Mediterrâneo
entre os Séculos VII e IX.
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O primeiro Código de Navegação surgiu na França, no ano de 1681. No século XIX, diversos países da Europa
promulgaram seus Códigos Comerciais, muitos deles com previsões legislativas sobre navegação e comércio
marítimo.
VIDEOAULA: ORIGEM DO DIREITO MARÍTIMO
Deixamos claro que o desenvolvimento da atividade de navegação fez com que o comércio também evoluísse,
e com isso surgiram normas para regulamentar essa atividade.
FONTES DO DIREITO MARÍTIMO
Ampliando As Fontes Do Direito Marítimo
Antes de falarmos das fontes do Direito Marítimo, precisamos entender o que é fonte do Direito.
Consideramos fonte do Direito tudo aquilo que dá origem a um sistema normativo, a um complexo de normas
jurídicas que terão por �nalidade regular alguma atividade.
Apesar de inúmeros debates doutrinários, basicamente as fontes do Direito podem ser classi�cadas em
fontes formais e fontes materiais. As fontes formais são os meios pelos quais o Direito se manifesta no
ordenamento jurídico. Elas se dividem em fontes imediatas (primárias), como leis, decretos, tratados e
convenções, e fontes mediatas (secundárias), como os costumes, a doutrina e a jurisprudência. As fontes
materiais são acontecimentos que in�uenciam o surgimento da norma jurídica.
Vimos, portanto, que o Direito Marítimo tem sua origem principal nos costumes, mas que ao longo do tempo
veio se positivando, se transformando em regras escritas, em leis propriamente ditas. De acordo com
Octaviano Martins (2013, p. 23), “de origem costumeira, as normas de direito marítimo foram consagradas ao
longo do tempo pela prática reiterada, com a consciência de sua obrigatoriedade”.
As fontes do Direito Marítimo brasileiro
O Direito Marítimo brasileiro tem sua inspiração no Código Napoleônico, assim como grande parte do Direito
Pátrio. Prova disso é a inserção de seu conteúdo no Código Comercial brasileiro (Decreto nº 556, de 1850. Isso
mesmo, 1850, ainda na época do Império). O Código Comercial foi quase todo revogado pelo Código Civil de
2002, mas as normas atinentes ao comércio marítimo, do artigo 457 ao 796, ainda permanecem em vigor.
No Código Comercial brasileiro encontramos normas sobre embarcações, fretamentos, direitos e obrigações
do fretador e afretador, câmbio marítimo e avarias, entre outras. Ao contrário de alguns países como Itália e
Argentina, o Brasil não possui um Código de Navegação. Suas normas marítimas estão prescritas em várias
leis, que dispõem sobre diversos assuntos, como:
Videoaula: Origem do Direito Marítimo
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• Lei nº 2.180/1954 – Tribunal Marítimo.
• Lei nº 7.203/1984 – Assistência e salvamento.
• Lei nº 7.652/1988 – Registro de propriedade de embarcações.
• Lei nº 8.617/1993 – Águas jurisdicionais brasileiras.
• Lei nº 9.537/1997 – Segurança do tráfego aquaviário.
• Lei nº 9.432/1997 – Ordenamento do tráfego aquaviário.
• Lei nº 12.815/2013 – Nova lei dos portos.
Essas são apenas algumas leis aplicadas ao Direito Marítimo brasileiro. Temos ainda disposições legais no
Código Civil, sobre contratos de transporte e regime de responsabilidade civil, e no Código de Processo Civil,
como arresto e demais medidas processuais.
O Direito Marítimo brasileiro não se limita a essas normas de Direito Interno. Existem ainda convenções e
tratados internacionais incorporados ao nosso ordenamento jurídico, tais como a Convenção Internacional
para Uni�cação de Certas Regras Relativas à Limitação de Responsabilidade dos Proprietários de Embarcações
(Bruxelas, 1924), a Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS, 1974/1988) e a
Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL, 1973/1978).
Não podemos deixar de mencionar a existência de normas expedidas pela Marinha do Brasil (que é a
autoridade marítima nacional), pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e por outros órgãos governamentais.
Como se percebe, o número de normas aplicáveis ao Direito Marítimo é muito amplo, o que requer do
pro�ssional que atuará na área um vasto conhecimento e constante atualização.
VIDEOAULA: FONTES DO DIREITO MARÍTIMO
O Direito Marítimo tem um vasto arcabouço jurídico pautado em normas de caráter nacional e internacional.
Diferentemente de alguns países, que possuem seus Códigos de Navegação, o Brasil tem normas esparsas, de
cunho constitucional e infraconstitucional, que por vezes trazem di�culdades ao aplicador do Direito.
ESTUDO DE CASO
Olá estudante! O estudo de caso é uma sua oportunidade de por em prática os conhecimentos adquiridos.
Con�ra!
Videoaula: Fontes do Direito Marítimo
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Você trabalha em uma empresa de navegação, no setor de gerenciamento de embarcações. Certo dia, você é
informado de que uma embarcação foi autuada pela Capitania dos Portos, sob a alegação de não estar
cumprindo uma determinada regra da Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por Navios,
conhecida como MARPOL.
Ao se inteirar sobre o assunto, você descobre que a autuação está relacionada com a inexistência de
procedimentos e planos para o manuseio de lixo a bordo. Assim, você questiona a autuação, sob o argumento
da validade da norma utilizada para fundamentar a suposta infração.
Ao encaminhar o caso ao departamento jurídico da empresa, você pergunta se as embarcações, por
operarem exclusivamente em águas brasileiras, precisariam cumprir as disposições de uma convenção
internacional, pois não concorda com o posicionamento da autoridade marítima.
Será que o departamento jurídico concordará com seu argumento ou dirá que a autuação está correta e a
embarcação deverá cumprir as disposições da convenção internacional?
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Como a Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por Navios foi rati�cada pelo Brasil, o seu
cumprimento é obrigatório. Assim, devem os navios que arvoram a bandeira brasileira cumprir todos os
tratados e convenções internacionais rati�cados pelo Brasil.
 Saiba mais
Você sabia que uma importante convenção internacional aplicada à navegação surgiu em
decorrência do acidente com o navio Titanic?
A maioria de nós conhece a história, contada no cinema em um �lme muito famoso, no início dos anos
2000. Você deve lembrar que as consequências fatais daquele naufrágio se deram pela ausência de botes
salva-vidas. Depois desse acidente, foi criada a Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida
Humana no Mar, conhecida como SOLAS, por conta de sua sigla em inglês (Safety of Life at Sea). Nessa
convenção, foram estabelecidos padrões seguros para construção de navios, até então inexistentes, e a
obrigatoriedade de arranjos e dispositivos que pudessem garantir a integridade daqueles envolvidos em
um incidente marítimo.
Resoluçãodo Estudo de Caso
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Aula 2

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