Buscar

1 INTRODUÇÃO AO DIREITO MARÍTIMO-8-15

Prévia do material em texto

2/8/24, 3:30 PM wlldd_221_u1_leg_adu_mar
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3935386&ativ… 8/33
INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo, o mar tem se revelado grande fonte de riquezas e importante via de transporte,
contribuindo para o desenvolvimento dos povos desde a Antiguidade, quando o comércio marítimo e o
estabelecimento de suas rotas navegáveis mostraram-se peça primordial. Com o passar do tempo, a evolução
tecnológica permitiu a so�sticação dos navios, agora dotados de modernos equipamentos. Contudo, no
percurso histórico, acidentes marítimos geraram enormes prejuízos e chamaram a atenção para a
necessidade de criação de normas especiais destinadas à regulamentação do tráfego de embarcações, para a
segurança da navegação e proteção do meio marinho.
Assim, temos a Organização Marítima Internacional e seu conjunto de normas internacionais para cumprirem
com os objetivos anteriormente citados. Destacamos seus três principais instrumentos normativos: a
Convenção SOLAS, a MARPOL e a Convenção STCW.
ORGANIZAÇÃO MARÍTIMA INTERNACIONAL (IMO)
A Importância da Organização Marítma Internacional
Uma das atividades industriais mais perigosas do mundo talvez seja o transporte marítimo. Diante da
necessidade de aumentar a segurança no mar, optou-se pela adoção de regulamentos internacionais, de
forma a envolver e vincular o maior número possível de Estados. Para assumir a responsabilidade de criação
desses regulamentos, criou-se a Organização Marítima Internacional (IMO, sigla em inglês para International
Maritime Organization).
Como agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), a IMO é a autoridade global para
de�nição de padrões para segurança, proteção e desempenho ambiental do transporte marítimo. Seu
principal papel é criar uma estrutura regulatória justa e efetiva para o setor, que seja universalmente adotada
e implementada. Dispõe o artigo 64 da Convenção de criação da IMO que ela é uma instituição especializada
nos campos da atividade marítima e dos efeitos do transporte no meio ambiente marinho.
ORGANIZAÇÕES E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
Organização Marítima Internacional; 
SOLAS, MARPOL e STCW; 
Segurança da navegação.
43 minutos
2/8/24, 3:30 PM wlldd_221_u1_leg_adu_mar
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3935386&ativ… 9/33
O transporte marítimo é uma indústria verdadeiramente global. Assim, só pode funcionar efetivamente
de forma harmônica se os próprios regulamentos e normas forem acordados, adotados e
implementados em uma base internacional.
Mais de 95% do comércio internacional brasileiro é transportado pelo modal marítimo. Em escala mundial,
esse índice cai para 80%. Mesmo assim, é signi�cativamente elevado. Indiscutivelmente, o transporte
marítimo é o método mais e�ciente e rentável para o transporte de mercadorias. Com meios con�áveis – os
navios – e baixo custo operacional, se comparado a outros modais, facilita o comércio e ajuda a criar
prosperidade entre povos e nações.
Figura 1| Símbolo da IMO
Fonte: Shutterstock.
Diante desse cenário, é certo que o mundo depende de um setor de transporte marítimo internacional seguro
e e�ciente, e isso é proporcionado pela estrutura regulatória desenvolvida e mantida pela IMO. As medidas
adotadas pela IMO abrangem todos os aspectos do transporte marítimo internacional, incluindo projetos de
navios, construção, equipamentos, tripulação e operação das embarcações, a �m de garantir que esse setor
vital permaneça seguro, ambientalmente sustentável, energicamente e�ciente e con�ável.
O transporte marítimo é um componente essencial de qualquer programa para o desenvolvimento
sustentável. Através da IMO, Estados-membros, sociedade civil e indústria naval estão trabalhando para
assegurar contribuição contínua e fortalecida para uma economia verde.
2/8/24, 3:30 PM wlldd_221_u1_leg_adu_mar
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3935386&ati… 10/33
E�ciência energética, inovação tecnológica, formação marítima, gestão do tráfego e desenvolvimento da
indústria shipping estão sempre na pauta de ações da IMO. A formação de padrões globais de
regulamentação servirá de base para o seu compromisso com a comunidade internacional.
Criação da IMO
A IMO foi criada em 1948 como um organismo especializado da ONU. Seu nome inicial era Organização
Consultiva Intergovernamental Marítima (IMCO), tendo assumido a nomenclatura atual em 1982. Embora
criada em 1948, a Convenção da IMO entrou em vigor internacionalmente em 17 de março de 1958.
Figura 2| Sede da IMO em Londres
Fonte: Shutterstock.
Todos os membros da ONU podem ser membros da IMO, bastando aderir à Convenção. Qualquer território
ou grupo de territórios pode também se tornar membro da IMO, desde que a Convenção tenha se tornado
aplicável ao Estado-membro responsável por suas relações internacionais. Para tanto, este deverá enviar uma
noti�cação escrita ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Um membro associado tem os mesmos direitos e obrigações que um Estado signatário da Convenção, exceto
o direito de voto ou de se eleger para o conselho da organização. A IMO tem sua sede em Londres, e conta
atualmente com 174 Estados-membros, além de 3 membros associados.
2/8/24, 3:30 PM wlldd_221_u1_leg_adu_mar
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3935386&ati… 11/33
VIDEOAULA: ORGANIZAÇÃO MARÍTIMA INTERNACIONAL (IMO)
No vídeo, complementamos o assunto do bloco com a composição da IMO, destacando as funções da
assembleia, do conselho e dos cinco comitês principais: O Comitê de Segurança Marítima (MSC), o Comitê de
Proteção do Meio Marinho (MEPC), o Comitê Jurídico (LEG), o Comitê de Facilitação (FAL) e o Comitê de
Cooperação Técnica (TCC).
PRINCIPAIS CONVENÇÕES DA IMO – SOLAS, MARPOL E STCW
Explorando o Conteúdo das Convenções
Dentre as diversas normas que foram adotadas no âmbito da IMO – destinadas a evitar abalroamentos no
mar, padronizar a formação de marítimos, prevenir a poluição no meio marinho, regulamentar o transporte
de mercadorias perigosas, regulamentar o serviço de busca e salvamento, entre outras atribuições –, três
merecem destaque: Convenção SOLAS, Convenção MARPOL e Convenção STCW.
Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar
(SOLAS)
A primeira tarefa da IMO, após sua criação, foi a atualização da Convenção Internacional para a Salvaguarda
da Vida Humana no Mar (SOLAS), cuja versão inicial surgiu após o naufrágio do Titanic. Até os dias atuais, a
Convenção SOLAS é o mais importante tratado internacional relacionado à segurança marítima. Ela trata de
inúmeros assuntos relacionados ao padrão seguro para construção de navios, a equipamentos para combate
a incêndio e a dispositivos salva-vidas, essenciais à sobrevivência humana no mar.
Convenção Internacional sobre Padrões de Instrução, Certi�cação e Serviço
de Quarto para Marítimos (STCW)
Outro instrumento importante da IMO é a Convenção Internacional sobre Padrões de Instrução, Certi�cação e
Serviço de Quarto para Marítimos (STCW). Adotada em Londres, em 7 de julho de 1978, a International
Convention on Standards of Training, Certi�cation and Watchkeeping for Seafares (STCW) estabelece normas
padronizadas de formação, emissão de certi�cados e serviço de quarto para marítimos.
Rati�cada atualmente por 165 países, a Convenção STCW é um instrumento fundamental para a promoção da
segurança marítima e da preservação do meio ambiente marinho, além da salvaguarda da vida humana no
mar. Coma Convenção STCW, a IMO procurou afastar a possibilidade da ocorrência de tripulantes de navios
insu�cientemente quali�cados, e, por outro lado, estabelecer e garantir níveis mínimos e harmonizados de
formação dos marítimos, em especial para efeitos de reconhecimento mútuo de certi�cados. Ao estabelecer
Videoaula: Organização Marítima Internacional (IMO)
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
2/8/24, 3:30 PM wlldd_221_u1_leg_adu_mar
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3935386&ati… 12/33
normas mínimas em matéria de formação, certi�cação e serviço de quarto para marítimos, os países
signatários são obrigados a atingir esses requisitos, ou até excedê-los, mas nunca atuar abaixo do mínimo
estabelecido.
Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por Navios, conhecida
como MARPOL 73/78
Criada em 1973 e alterada pelo Protocolo de 1978 e por uma série de emendas a partir de 1984, a Convenção
Internacional para Prevenção da Poluição por Navios, conhecida como MARPOL 73/78, introduziu regras
especí�cas sobre a prevenção da poluição no mar por cargas perigosas ou equivalentes às dos
hidrocarbonetos. É a mais importante convenção marítima ambiental.
A MARPOL não foi a primeira tentativa de implementação de regras para a prevenção de poluição no
ambiente marinho. O primeiro instrumento legal que teve por objetivo a proteção do meio ambiente marinho
foi a Convenção Internacional para Prevenção da Poluição do Mar por Óleo, de 1954, que veio a reconhecer o
potencial de poluição decorrente das operações rotineiras a bordo dos navios, tais como a lavagem de
tanques e o despejo da mistura de água e óleo diretamente no mar. Para minimizar os prejuízos causados por
esses atos de poluição, a OILPOL 54 proibiu o despejo de resíduos de petróleo até certa distância da terra ou
em áreas especiais.
VIDEOAULA: PRINCIPAIS CONVENÇÕES DA IMO – SOLAS, MARPOL E STCW
No vídeo, abordamos a estruturação das Convenções SOLAS, MARPOL e STCW, destacando os principais
assuntos por elas abordados.
SEGURANÇA DA NAVEGAÇÃO
Critérios de Segurança para Navegação
Como vimos no primeiro bloco, a IMO surgiu com o objetivo de garantir a segurança da navegação, a
salvaguarda da vida humana no mar e a prevenção da poluição no meio marinho.
Buscando implementar a regulamentação adequada a garantir um transporte marítimo seguro, protegido e
e�ciente sobre oceanos cada vez mais limpos, ela atua sempre em torno desses três pilares. Garantindo a
segurança da navegação, é possível preservar os demais pilares, e para fazer isso, a IMO tem os seguintes
propósitos:
Videoaula: Principais convenções da IMO – SOLAS, MARPOL e STCW
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
2/8/24, 3:30 PM wlldd_221_u1_leg_adu_mar
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3935386&ati… 13/33
Figura 3| Processos de segurança
Fonte: Shutterstock.
1 – Instituir mecanismos de cooperação entre governos no domínio da regulamentação e
das práticas governamentais relacionados com assuntos técnicos de todos os tipos que
interessem à atividade marítima relacionada ao comércio internacional, a �m de incentivar
e facilitar a adoção geral dos mais altos padrões em matéria de segurança marítima,
e�ciência da navegação e controle da poluição marinha causada por navios.
2 – Encorajar o abandono de medidas discriminatórias e restrições desnecessárias por
governos afetando a atividade marítima relacionada ao comércio internacional, de modo a
promover a disponibilidade de serviços relacionados à atividade marítima.
3 – Examinar questões relativas a práticas desleais relativas à atividade marítima.
4 – Examinar questões relativas à atividade marítima que poderão ser trazidas a seu
conhecimento por qualquer órgão ou instituição especializada da ONU.
5 – Permitir a troca de informações entre governos sobre questões em apreciação pela
Organização. 
— (OCTAVIANO MARTINS, 2013, p. 29)
2/8/24, 3:30 PM wlldd_221_u1_leg_adu_mar
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3935386&ati… 14/33
De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que estudaremos mais adiante, todos
os navios devem, obrigatoriamente, possuir registro em algum país e navegar sob sua bandeira. Esse registro
cria obrigações para o navio, mas gera também direitos.
Como direitos, podemos citar o de ostentar o pavilhão do país, usufruindo de alguns benefícios criados por
ele, como a exclusividade para o exercício de alguma atividade. No Brasil, por exemplo, atualmente somente
navios de bandeira brasileira podem fazer o transporte de mercadorias entre os portos nacionais (navegação
de cabotagem). Mas, como obrigações, podemos citar o dever dos navios de cumprir com todas as normas
criadas pelo seu país de registro, e ainda, com as normas internacionais rati�cadas por ele, principalmente
aquelas voltadas à segurança da navegação, salvaguarda da vida humana no mar e prevenção da poluição no
meio marinho.
 Atenção!
Alguns países não cumprem o compromisso de fazer com que seus navios obedeçam a essas regras.
Esses países concedem os registros a seus navios sem fazer qualquer exigência. Assim, tais navios
passam a se submeter a um regime mais �exível, em que não há cobrança das obrigatoriedades. A esses
países e navios damos o nome da bandeira de conveniência. Os países que mais concedem esses
registros são Panamá, Costa Rica, Honduras e Libéria.
Os navios da BDC, por não cumprirem as regras voltadas à segurança da navegação, acabam por se tornar um
grande risco à atividade. Nos maiores acidentes registrados ao longo da história, a maioria dos navios
envolvidos navegavam sob bandeira de conveniência.
VIDEOAULA: SEGURANÇA DA NAVEGAÇÃO
No vídeo, explicaremos de forma detalhada as espécies de sistemas de registro de navios (sistema
fechado/nacional e sistema aberto – bandeira de conveniência). Falamos dos critérios adotados pelos países
para a concessão dos registros e dos malefícios causados pelas bandeiras de conveniência.
ESTUDO DE CASO
Olá estudante, o estudo de caso é uma oportunidade para você aplicar os conhecimentos diante do que você
já estudou. Bons estudos!
Videoaula: Segurança da navegação
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
2/8/24, 3:30 PM wlldd_221_u1_leg_adu_mar
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3935386&ati… 15/33
O transporte de mercadorias pela via marítima aumenta a cada ano no Brasil, e a empresa de navegação na
qual você trabalha, que tem expertise na operação de apoio marítimo, quer ampliar sua área de atuação,
passando a operar na cabotagem.
Aproveitando o aquecimento do mercado, com tendências de crescimento ainda maior, a empresa
encomenda a construção de um navio porta-contêineres em um estaleiro nacional.
Após a construção desse navio, ele deverá ser levado a registro, e você, que trabalha no departamento
jurídico, é consultado sobre a possibilidade de registrá-lo no Panamá, já que é sabido que lá os custos são
consideravelmente inferiores aos do Brasil. Todos os navios da empresa, que operam no apoio marítimo,
estão registrados no Panamá.
Diante desse cenário e considerando o que estudamos nesta aula, pergunta-se: esse novo navio, que irá
operar no transporte de contêineres na costa brasileira, juntamente com os demais navios da empresa,
poderá ser registrado no Panamá?
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
De acordo com a Legislação Brasileira vigente, sendo a Lei Nº. 14.301/2022 – para os processosde cabotagem,
poderão ser utilizados navios de bandeira brasileira ou com suspensão de bandeira, de acordo com o Art. 10º
§ 1º, 2º e 3º.
Saiba mais, clicando aqui.
 Saiba mais
Após o acidente com o petroleiro Torrey Canyon, no dia 18 de março de 1967, quando foram derramadas
120.000 toneladas de óleo cru no mar, medidas drásticas de prevenção da poluição marítima foram
tomadas. Esse foi o maior incidente de poluição por descarga de óleo registrado à época.
Esse acidente levantou questões sobre medidas que deveriam ser adotadas para prevenir a poluição do
ambiente marinho por derramamento de óleo e expôs as falhas do então sistema de prevenção de
acidentes.
Após uma sessão extraordinária realizada pela IMO, um plano de ação com base em aspectos técnicos e
legais do acidente do Torrey Canyon foi elaborado, e então, em 1969, a assembleia da IMO decidiu
convocar uma conferência internacional, que se realizaria em 1973, para preparar uma convenção que
fosse aceita internacionalmente, na qual seriam apresentadas restrições quanto à contaminação do
ambiente marinho. Essa conferência deu origem à Convenção Marpol.
Resolução do Estudo de Caso
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
https://www.in.gov.br/web/dou/-/lei-n-14.301-de-7-de-janeiro-de-2022-372761122

Continue navegando