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A DITADURA MILITAR NO BRASIL (1) CONTEXTO E IMPACTOS 1954/1964 OS ANTECEDENTES arnaldolemos@uol.com.br arnaldolemos@uol.com.br 1 “Ali onde os historiadores tentam se defrontar com um período para o qual existem testemunhas oculares vivas, dois conceitos de história bem diferentes se chocam ou, no melhor dos casos, completam-se mutuamente; a acadêmica e a existencial, o arquivo e a memória pessoal. Pois todo mundo é historiador de sua própria vida passada consciente, na medida em que elabora uma versão pessoal dela: um historiador nada confiável, sob a maioria dos pontos de vista, como bem sabem todos os que se aventuraram pela “história oral”. Mas um historiador cuja contribuição é essencial” (Eric Hobsbawn, A era dos impérios)_ “Por ser mero protagonista secundário do momento histórico, tornei-me mais testemunha do que ator, e, se ator,, irrelevante, o que me deu condição de ver como observador menor. Justamente aquele que tem menos compromisso com as técnicas de mascaramento e de maquilação da narrativa. Aquele que, por ser menos, acaba compreendendo mais porque compreende na perspectiva da margem, que é mais abrangente” (José de Sousa Martins, A Sociologia como aventura) arnaldolemos@uol.com.br I 1964/1969 PERÍODO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DA NOVA ORDEM Castelo Branco(1964-1967) Costa e Silva (1967-1969 II 1969/1974 – O MILAGRE ECONÔMICO OS ANOS DE CHUMBO Médici 1969/1974 III 1974/1979 - A CRISE – O FIM DO MILAGRE A ABERTURA Geisel (1974-1978) IV 1979- 1984 - ABERTURA E TRANSIÇÃO Figueiredo (1979-1985) ETAPAS DA DITADURA MILITAR ANTECEDENTES 1954 1964 arnaldolemos@uol.com.br 3 ANTECEDENTES Após a Segunda Guerra Mundial, as duas grandes forças que se uniram para vencer Hitler acabam dividindo o mundo em dois grandes blocos Guerra da Coreia (1951/1953 MUNDO Guerra do Vietnam (1955/1975) Guerra Fria Revolução Cubana (1959) Estados Unidos Capitalismo União Soviética Socialismo arnaldolemos@uol.com.br BRASIL 1954 1964 A longa armação do Golpe A polarização do mundo se reflete no Brasil em todas as esferas, mas especialmente na política. POLITICA PTB mais à esquerda, era o herdeiro do trabalhismo varguista. PSD era uma legenda de centro, muito forte no interior do país. UDN partido liberal/conservador que tinha nas classes médias urbanas sua principal base política arnaldolemos@uol.com.br Getulio Vargas 1950/1954 Juscelino Kubitschek 1956/1960 Janio Quadros 1961 quando Café Filho, tão logo assumiu o governo, aliou-se à UDN, estimulando as forças golpistas. Com a vitória nas eleições de Juscelino Kubitschek e de seu vice, João Goulart, herdeiros políticos de Vargas, surge uma nova tentativa de golpe. Poucos dias após Juscelino assumir a presidência, mais especificamente em 10 de fevereiro de 1956, oficiais da Aeronáutica antigetulistas insatisfeitos com o resultado das eleições, e temendo represálias à atuação do quase golpe de novembro do ano anterior organizaram um quartel-general na base aérea de Jacareacanga, no Pará. No final do seu governo, em 2 de dezembro de 1959, ocorreu uma nova tentativa de golpe com a participação do líder da Revolta de Jacareacanga, porém, dessa vez, na cidade de Aragarças, Goiás. Poucos meses após assumir o poder, no dia 25 de agosto de 1961, Jânio renuncia ao cargo de presidente da República. A solução paliativa para acalmar os ânimos durante a crise instaurada pela renúncia foi o parlamentarismo, sendo que o primeiro ministro nomeado foi Tancredo Neves . O suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, inviabiliza a primeira das várias tentativas de golpe ocorridas nos anos seguintes. arnaldolemos@uol.com.br OS ANTECEDENTES – 1954/1964 No fim dos anos 50 e início de 60 houve uma série de transformações sociais e políticas que repercutem na efervescente produção cultural brasileira do período Uma forte politização no discurso artístico, tanto na MPB (a geração de protesto e dos grandes festivais, o resgate do samba de raiz e do choro, a maturidade da bossa nova), na pintura (pop art), no cinema (o cunho social da revolução estética proposta pelo Cinema Novo BRASIL CULTURA arnaldolemos@uol.com.br Foi também um período de efervescência cultural e de fortalecimento de um nacionalismo de caráter democrático e popular. Ocorreu uma crescente politização, organização e mobilização dos trabalhadores da cidade e do campo. OS ANTECEDENTES - 1954/1964 arnaldolemos@uol.com.br O Teatro de Arena caracterizou-se como teatro “revolucionário”, propondo a discussão da realidade brasileira, levantando inúmeras questões em suas peças. O operário, o negro, a empregada doméstica, em suma, o trabalhador, eram os personagens principais, sendo encenadas suas vidas, contadas suas histórias Eles não usam black-tie Arena conta Zumbi Arena conta Tiradentes Liberdade, Liberdade https://youtu.be/Bb4-x9D5RIw Acesse OS ANTECEDENTES - 1950/1960 BRASIL CULTURA arnaldolemos@uol.com.br UNE CPC (Centro Popular de Cultura) Teatro Música Canção do Subdesenvolvido, Carlos Lira e Francisco de Assis Critica à dependência cultural, política e econômica do pais desde o “Descobrimento” Cinema Oduvaldo Viana Filho Augusto Boal Ferreira Gullar Eduardo Coutinho Carlos Diegues https://youtu.be/opFt_gLoA5A arnaldolemos@uol.com.br 10 “O Brasil é uma terra de amores, Alcatifada de flores, Onde a brisa fala amores, Nas lindas tardes de abril. Correi pras bandas do Sul. Debaixo de um céu de anil, Encontrareis um gigante deitado: Santa Cruz, hoje o Brasil. Mas um dia o gigante despertou (ooaahhh!). Deixou de ser gigante adormecido. E dele um anão se levantou. Era um país subdesenvolvido Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido (bis) E passado o período colonial, O país passou a ser um bom quintal. E depois de dada a conta a Portugal Instalou-se o latifúndio nacional .. (Ai) Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido Então o bravo brasileiro (iehéé), Em perigos e guerras esforçados (iehéé), Mais que prometia a força humana Plantou couve, colheu banana. Bravo esforço do povo brasileiro Mandou vir capital lá do estrangeiro. Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido. As nações do mundo para cá mandaram Seus capitais tão desinteressados. As nações coitadas só queriam ajudar, não é? Aquela ilha velha não roubou ninguém, País de poucas terras só nos fez um bem Um Big Ben Um big ben , bom, bem, bom Nos deu luz (ah) Tirou ouro (oh) Nos deu trem (ah) Mas levou o nosso tesouro Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido arnaldolemos@uol.com.br 11 Mas data houve em que se acabaram os tempos duros e sofridos Porque um dia aqui chegaram os capitais dos países amigos. País amigo, desenvolvido, País amigo, país amigo, Amigo do subdesenvolvido País amigo, país amigo. E os nossos amigos americanos Com muita fé, com muita fé, Nos deram dinheiro e nos plantamos Só café, só café. É uma terra em que se plantando tudo dá. Pode-se plantar tudo que quiser Mas eles resolveram que nos devíamos plantar Só café, só café Bento que bento o frade, frade. Na boca do forno, forno. Tirai um bolo, bolo Fareis tudo que seu mestre mandar? Faremos todos, faremos todos, faremos todos. Começaram a nos vender e nos comprar. Comprar borracha, vender pneu. Comprar minério, vender navio. Pra nossa vela, vender pavio. Só mandaram o que sobrou de lá: Matéria plástica, que entusiástica, Que coisaelástica, que coisa drástica, Rock balada, filme de mocinho, Ar refrigerado e chiclete de bola (pop) E coca cola. Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido. arnaldolemos@uol.com.br 12 O povo brasileiro tem personalidade. Não se impressiona com facilidade Embora pense como americano “Uuuuuuu, I’m going to kill that indian before he kills me (pinim...) Embora dance como americano Ta-ta-ta-ta, ta-ta-ta-ta Embora cante como americano Eh boi, lá, lá, lá, Eh roçado bão, lá, lá, lá, O melhor do meu sertão, lá, lá, lá Comeram o boi. O povo brasileiro, embora pense, cante e dance como americano Não come como americano, Não bebe como americano, Vive menos, sofre mais Isso é muito importante Muito mais do que importante Pois difere o brasileiro dos demais Personalidade, personalidade, personalidade sem igual, Porém, Subdesenvolvida, subdesenvolvida, Essa é que é a vida nacional.” arnaldolemos@uol.com.br 13 OS ANTECEDENTES - 1954/1964 A QUESTÃO AGRÁRIA Década de 40 a 60 : transformações econômicas e sociais no mundo rural brasileiro Crise da estrutura agraria em diversos pontos do país. Grilagem nas terras devolutas Conflitos sociais: despejos de posseiros, expulsão de camponeses Dissolução do colonato Estatuto do Trabalhador Rural-1963 Extensão dos direitos trabalhistas Trabalhadores temporarios ou boias-fria Movimenos de resistências dos trabalhadores rurais. Formação das Ligas Camponesas na região canavieira no Nordeste. arnaldolemos@uol.com.br Divergências sobre a Reforma Agraria Reforma Agraria Radical Ligas Camponesas Reforma Agraria por etapas Eliminar o latifúndio semi-feudal Modernizar a estrutura fundiária PCB e grupos nacionalistas Apoio à burguesia nacional OS ANTECEDENTES - 1954/1964 arnaldolemos@uol.com.br DECADA DE 60 Debate entre dois projetos políticos que começou no governo Getulio Projeto Nacional-Desenvolvimentista Projeto Desenvolvimentista ANTECEDENTES ECONOMIA E POLÍTICA arnaldolemos@uol.com.br Projeto Nacional-Desenvolvimentista Projeto Desenvolvimentista O DEBATE SOBRE O DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO modernização conservadora alinhamento aos interesses norte-americanos - repressão a participação popular. desenvolvimento autônomo e soberano do país Papel do Estado Papel do Mercado arnaldolemos@uol.com.br 17 Projeto Nacional-Desenvolvimentista População Distribuição de Renda 50% 30% 15% 5% 17,91% 27,92% 26,66% 27,69% 80% dos consumidores salários Mercadoria de bens não duráveis sindicatos greves alimentos Para isso: lei - eleições - partidos Pequenas propriedades arnaldolemos@uol.com.br 18 Projeto Desenvolvimentista 20% dos consumidores Modernização do país 2ª abertura dos portos Brasília Indústria automobilística JK Mercado exterior Latifúndio exportação mecanização arnaldolemos@uol.com.br 19 Para isso Ideologia do automóvel Estradas de rodagem Dinheiro do Estado Emissão Empréstimo externo Inflação Aumento da dívida 20% dos consumidores Aumentar o salário da classe media Achatar o salário dos 80% Imobilizar politicamente os 80% arnaldolemos@uol.com.br 20 Projetos Aliados ideológicos do 1º projeto 80% CGT Sindicatos Trabalhadores Movimentos Sociais ISEB UNE – AP FMP Aliados ideológicos da 2º projeto Classe média e alta (20%) Adeptos da ordem e segurança Forças Armadas (ESG) Anticomunistas Povo: inimigo interno IBAD IPES arnaldolemos@uol.com.br 21 CRISE POLÍTICA Renuncia de Janio Quadros 25 de agosto de 1961 Parlamentarismo Plebiscito Presidencialismo Reformas de Base João Goulart Seria preciso fazer reformas sociais capazes de diversificar a produção (para controlar a inflação) e ampliar o mercado interno (para retomar o crescimento). arnaldolemos@uol.com.br arnaldolemos@uol.com.br O Governo Jango A sua abertura às organizações sociais: as organizações populares e trabalhadores ganharam espaço, O seu apoio a sindicatos e a sargentos que apoiavam a tentativa de sindicalização, A não repressão às greves O apoio às Ligas Camponesas de Francisco Julião. A sua proposta de aumento de 100% no salario mínimo quando ministro de Getulio, A lei de remessa dos lucros do capital estrangeiro As Reformas de Base O comício de 13 março Jango era subversivo pois tinha apoio dos comunistas O desejo de implantar uma ditadura sindicalista no Brasil A quebra da disciplina e da hierarquia das Forças Armadas. A preocupação entre setores conservadores , empresários, banqueiros do estilo populista do governo O medo de alguns governadores de um golpe de estado comunista A preocupação do governo dos Estados Unidos, juntamente com as classes conservadoras brasileiras, de o Brasil virar mais do que uma nova Cuba, uma nova China Setores conservadores da Igreja Católica - A marcha da Família com Deus pela Liberdade A favor Contra arnaldolemos@uol.com.br 13 de março comício pelas reformas ou Comício da Central, organizado pela CGT Reforma Agrária » Decreto assinado naquele dia considerava como passíveis de desapropriação as terras às margens de rodovias, ferrovias, açudes públicos federais e terras beneficiadas por obras de saneamento da União. “Ainda não é a carta de alforria do camponês abandonado”, disse Jango, prometendo avançar em uma das principais bandeiras de governo. Estatização de refinarias » Jango anunciou a “encampação” das refinarias de petróleo privadas. “A partir deste instante, as refinarias (...) passam a pertencer ao povo, passam a pertencer ao patrimônio nacional.” Poucos dias depois, o presidente mirava a estatização das companhias aéreas, quando foi deposto. arnaldolemos@uol.com.br arnaldolemos@uol.com.br 19 de março Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Uma reação ao discurso do ex-presidente João Goulart, na Central do Brasil na semana anterior Alguns setores da sociedade acreditavam que o governo Jango caminhava para o comunismo. As Marchas contaram, em sua organização, com o patrocínio e financiamento de empresários reunidos no grupo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais - Ipês, representantes da ala mais tradicional da Igreja Católica, segmentos do conservadorismo político e grupos femininos, como a Campanha da Mulher pela Democracia do Rio de Janeiro, e União Cívica Feminina, de São Paulo. arnaldolemos@uol.com.br Golpe de 31 de março de 1964 vitória do segundo projeto 30 de março : discurso de Jango no Automóvel Clube do Rio “Não admitirei o golpe das reacionários” 31 de março: tropas do General Olimpio Mourão Filho( 4ª região militar- MG) movimentam-se para o Rio arnaldolemos@uol.com.br Auro Moura de Andrade: “Declaro vaga a presidência da republica” http://youtu.be/B-3Ng_eaG2I arnaldolemos@uol.com.br image1.jpeg image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.png image7.jpeg image8.jpeg image9.jpeg image10.jpeg audio1.wav image11.jpeg image12.jpeg image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.jpeg image18.jpeg image19.jpeg image20.jpeg