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AULA 2 INOVAÇÃO ABERTA E REDES COLABORATIVAS PARA INOVAÇÃO INTRODUÇÃO Aqui, você observará que a prática da inovação aberta é de longa data, que vivenciamos e compartilhamos informações constantemente para construir algo melhor. Veremos os seguintes tópicos. 1. Inovação aberta: o que é? 2. Open Innovation: uma nova forma de pensar 3. Inovação interativa: conectando empresas e usuários 4. Criação de valor na inovação 5. Inovação aberta: a origem na cultura maker TEMA 1 – INOVAÇÃO ABERTA: O QUE É? O aumento da competitividade, a globalização, os avanços das tecnologias, as redes sociais mostram que busca da inovação extrapolou os limites físicos da organização. No início do século, o surgimento das indústrias tinha uma preocupação em desenvolver novos produtos dentro do limite físico da empresa. No decorrer do século XX, o desenvolvimento de novos produtos, a criação e as novas ideias eram originárias especificamente dos chamados “gênios da empresa”, do setor conhecido por Pesquisa e Desenvolvimento, chamados por nós como P&D, era de lá que surgiam as novidades e inovações que seriam lançados pela empresa. Entretanto, a competitividade e os desafios contemporâneos que a empresa enfrenta para sobreviver impulsionaram diferentes maneiras para buscar a inovação. O setor de P&D não consegue mais sozinho acompanhar as inovações do mercado concorrente e as demandas dos clientes. Esse modelo, na qual a inovação está focada em um único departamento, é chamado inovação fechada. As mudanças nos fatores estruturais da sociedade estimularam e possibilitaram o surgimento da inovação aberta, que é a capacidade de os setores de P&D conduzirem um processo de inovação com a participação de pessoas de dentro e de fora da organização. O modelo de inovação aberta pode contar com as mais variadas colaborações, como os clientes, os fornecedores, os especialistas etc. Em suma, todas as ideias são consideradas na inovação. Da mesma forma, a empresa também é mais flexível, disponibilizando e compartilhando seu conhecimento a outros. Scherler e Carlomagno (2016) 2 apresentam alguns fatores estruturais que estimularam a potencialização da inovação aberta. • Globalização que se fortaleceu com a abertura do mercado, a ascensão da economia dos países emergentes, o fortalecimento do comércio internacional e o aumento de empresas transnacionais atuando globalmente. • Conhecimento acessível pela mobilidade, pelo uso de informações e conhecimentos que transpassam as fronteiras nacionais, como a empresa brasileira Embraer pode aproveitar e usar o conhecimento desenvolvido por uma Universidade Indiana (EUA). • Tecnologia, com o avanço da Internet e o fortalecimento da tecnologia, é possível o compartilhamento de informações e o surgimento de ideias através de sites, redes sociais, portais de compartilhamentos, conhecimentos técnicos, entre outros. • Limitações do P&D, o setor de P&D não tem conseguido atender a demanda para ofertar inovação da empresa, mostrando sua limitação na capacidade inovadora. Podemos acrescentar a esses dados a mudança cultural, um novo modo de vida, na qual a sociedade compartilha mais informações; os dados estão mais disponíveis através de multiplataformas, um conceito de economia que gera benefícios a todos, como exemplos, podemos citar a economia colaborativa1 e a economia criativa2. TEMA 2 – OPEN INNOVATION: UMA NOVA FORMA DE PENSAR O conceito de inovação aberta tem como objetivo melhorar o desenvolvimento de produtos e serviços através do aumento da eficiência dos processos, no que se refere ao desenvolvimento e à inovação. Ela foi proposta e propagada pelo professor Henry Chesbrough, no seu livro Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology (Inovação Aberta: Como criar e lucrar com a tecnologia), lançado em 2003. Hoje ele é diretor 1 Para saber mais sobre Economia Colaborativa, veja: <https:// www.iugu.com/blog/o-que-e- economia-colaborativa>. Acesso em: 2 set. 2022. 2 Para saber mais sobre Economia Criativa, veja: <https:// www.bancopan.com.br/blog/publicacoes/entenda-o-que-e-economia- criativa-e-conheca- exemplos.htm>. Acesso em: 2 set. 2022. 3 executivo do Center for Open Innovation da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos3. Segundo Chesbrough4, a sociedade contemporânea oportuniza o conhecimento em todos os lugares, por isso ser aberto permite poupar dinheiro, tempo e compartilhar riscos. A inovação aberta incentiva a entrada e a saída de ideias. Ainda, segundo entrevista de Chesbrough, o compartilhamento deve ocorrer através de parceiros que ajudam a criar valor para seus produtos. Um exemplo é a IBM que doa algumas patentes de software, mas licencia outras, ganhando, com isso, muito dinheiro. Outro exemplo é a Intel, que atual com pesquisa de semicondutores nas universidades, mas a tecnologia dos chips pertence basicamente a ela. Ainda, um outro exemplo que vale citar, é P&G (Procter & Gamble) que compartilha a maioria das suas tecnologias, depois de três anos de ofertar seus produtos no mercado, ficando sempre a frente da concorrência. Segundo o professore Chesbrough, a decisão do que deve ser aberto ou fechado na organização vai depender da estratégia organizacional, da criação de valor para o mercado e da retenção de uma parte desse conhecimento. Podemos entender que a empresa compartilha e retém conhecimento conforme seus direcionamentos estratégicos. Chesbrough define de modo preciso que a inovação aberta é o oposto ao modelo tradicional, que é uma integração vertical, ou seja, as definições estratégicas são decididas hierarquicamente de cima para baixo e de modo fechado. Ainda, o pesquisador relata que no modelo fechado, a empresa tinha que buscar a autossuficiência, sendo responsável por todas as etapas do processo. Em exemplo de integração vertical, tradicional, é uma montadora de automóvel que comprava a fábrica de motores, de pneus e demais fornecedores, integrando no seu processo e sua estrutura. Atualmente, neste modelo, as empresas fazem suas parcerias, não sendo mais necessários fazer integração ou fazer tudo sozinho. 3 Época Negócios. 2009. Entrevista. Disponível em: <https://leaneagil.com.br/ inovacao-aberta- henry-chesbrough/>. Acesso em: 2 set. 2022. 4 Época Negócios. 2009. Entrevista. Disponível em: <https://leaneagil.com.br/ inovacao-aberta- henry-chesbrough/>. Acesso em: 2 set. 2022. 4 A seguir, duas imagens que refletem os dois modelos de inovação. Figura 1 – Processo do modelo de inovação fechada Fonte: Grizendi, 2011, p. 50. Figura 2 – Processo do modelo de inovação aberta Fonte: Grizendi, 2011, p. 51. 2.1 Inovação fechada e aberta: princípios e diferenças A diferença entre a inovação fechada com relação a inovação aberta, é que, na primeira, o sucesso é de responsabilidade da empresa, através de suas próprias ideias, ações e estratégias, enquanto, na segunda, a construção de 5 ideias, ações estratégias é discutida coletivamente, mantendo o espírito de colaboração, compartilhando novos conhecimentos. Segundo Rodrigues et al (2010), na inovação aberta, todas as ações permitem utilizar o máximo de potencial da organização e aumentam o retorno financeiro das partes envolvidas. Observe, a seguir, conforme nos mostra Chesbrough (citado por Grizendi, 2011, p. 52), os princípios da inovação aberta são muito diferentes da inovação fechada. O que se destaca é que a organização reconhece que tem necessidade de buscar novas ideias, levando conhecimentos internos para fora e trazendo os de fora para dentro. Para lucrar com o P&D, nós devemos pesquisar e desenvolver nós mesmos. Se nós mesmos realizarmos nossas pesquisas, conseguiremos chegar primeiro ao mercado. A empresa que levar primeiro a inovação para o mercado, será vencedora. Se criarmos as maiores e melhores ideias no nosso setor, seremos vencedores. Fonte: Grizendi,2011, p. 52. P&D externo pode criar valor significativo. P&D interno é necessário para garantir uma porção desse valor. Nós não temos que, necessariamente, originar a pesquisa para obter lucro com ela. Construir um melhor modelo de negócio é melhor que levar primeiro para o mercado. Se nós fizermos o melhor uso de ideias internas e externas, seremos vencedores. TEMA 3 – INOVAÇÃO INTERATIVA: CONECTANDO EMPRESAS E USUÁRIOS Princípios da inovação fechada Princípios da inovação aberta As pessoas talentosas do setor trabalham para nós Nem todas as pessoas talentosas do setor trabalham para nós. Necessitamos trabalhar com pessoas talentosas dentro e fora da empresa. Devemos proteger nossa Propriedade Intelectual (PI) de maneira que os nossos competidores não se beneficiem com as nossas ideias. Devemos nos beneficiar de outros usos de nossas Propriedade Intelectual (PI) e devemos adquirir PI sempre que for vantajoso para nosso modelo de A transformação de ideias em produtos, serviços ou mesmo processos permitem o aprimoramento, passando por vária etapas organizacionais. Desta forma, a inovação não é um ato único, isolado, mas uma ação colaborativa que perpassa vários ambientes da empresa e transcorre diversas instituições. Bessan e Tidd (2013) destacam que a inovação é realizada conforme o ambiente social (uma influência direta do ambiente externo) e provocam alterações sociais, trazendo mudanças de comportamento. Kolbe (2021) esclarece que as inovações de produtos, serviços e processos são denominadas inovações tecnológicas, pois são utilizados recursos científicos, baseados no conhecimento e na tecnologia. Estes, normalmente, são 6 desenvolvidos pelas universidades, institutos de pesquisa ou mesmo as empresas. A palavra inovação normalmente nos remete a inovação produtos, algo tangível, que o mercado e o consumidor conseguem reconhecer e identificar que houve mudanças. Entretanto, observe na tabela a seguir, apresentada por Rocha et al (2019), que a inovação aberta na organização pode ocorrer de diversas maneiras: Autor Tipologia Descrição Inovação radical Inovações produzem 7 de novos mercados, promoção e preço Schumpeter (1988); OCDE (2006); Akcigit (2010); Imbuzeiro (2014); Koc e Bozdag (2017). Inovação incremental Inovações produzem fundamentais atividades organização e grandes desvios nas práticas existentes, ao passo que as inovações incrementais representam um menor grau de desvio das atuais práticas de uma Christensen, Johnson e Rigby (2002); Besanko et al (2010) Inovação disruptiva Inovações que permitem a entrada de novos participantes no mercado, a partir de soluções simples, com Schumpeter (1988); OCDE (2006); Silva, Weschenfelder e Esteves (2014); Heidenreich e Kraemer Inovação de produto/ serviço Introdução de produtos/ serviços novos ou significativamente melhorados em termos de suas características OCDE (2006); Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Forsman (2011); Ruzzier, Hojnik e Lipnik (2013); Inovação de processos Referem-se às mudanças na forma em que os produtos ou serviços são criados e entreguesKimberly (1981); Evan (1996); Aravind (2012); Ayhan e Oztemel (2014); Hamidi e Benabdeljlil, (2015); Jacobs et al, (2016) Inovação organizacional/ gerencial/ administrativa Criação e implementação de novas práticas, processos, estruturas e/ou técnicas de gestão, que contribuem OCDE (2006); Takahashi (2012); Imbuzeiro (2014). Inovação Inovação de marketing Mudanças na concepção e promoção do produto, seja por alterações significativas no desenho ou Fonte: Rocha et al, 2019. 3.1 Inovação aberta: tecnologia e processo É mais visível para a sociedade, e o mercado consumidor, identificar quando a empresa oferece um produto inovador (palpável), algo que possa ser consumido diretamente. Porém, essa inovação permeia por diversos setores da organização, se destacando no marketing, que apresenta o resultado para a sociedade. Entretanto, diversas são as demandas e as possibilidades de realizar a inovação. Podemos citar como exemplo a inovação na melhora de processo, que otimiza o tempo dos colaboradores, e aprimoram a produtividade ofertando mais resultados financeiros. Essa melhora demanda um estudo do tempo, do processo, e registro das ações. Ainda, a inovação pode atender uma demanda específica do cliente, com a participação dele no encontro da solução. Melhorar o processo, agilizar as formas de arquivar informações, pensar em novos produtos, ofertar novas e diferenciadas embalagem por meio de um material inovador e sustentável, propor modelos de mapas mentais com a equipe para mudar o mindset, são alguns dos exemplos que podem ocorrer na inovação aberta. O importante é identificar oportunidades para inovar e obter melhorias. A tecnologia tem avançado significativamente, trazendo mudanças ao cotidiano. A Internet, com as redes sociais, é uma fonte de ideias para a inovação aberta, por meio do intenso compartilhamento de conhecimento e informação. No contexto interno, na gestão da organização, a tecnologia pode auxiliar no TI, nos treinamentos, na comunicação, no controle. É necessário ter Tidd, Bessant e Pavitt (2008) Inovação de posição Introdução de mudanças no contexto em que produtos ou serviços são lançados Tidd, Bessant e Pavitt (2008) Inovação de paradigma Mudanças nos modelos mentais implícitos que orientam o que a empresa faz.Agarwal e Brem (2012); Radjou e Prabhu (2013); Tiwari; Kalogerakis; Herstatt Inovação frugal Produzir, redesenhar e desenvolver produtos e processos a um custo mínimo. objetividade no que se pretende inovar e qual resultado alcançar, para que não seja “mais do mesmo”, uma repetição sem resultado efetivo da organização. 8 Saiba mais Para saber mais assista o vídeo a seguir. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=d9oAIsEBclI>. Acesso em: 2 set. 2022. TEMA 4 – CRIAÇÃO DE VALOR NA INOVAÇÃO A pesquisadora digital Martha Gabriel5 fala que o Brasil é um país conhecido por ser muito criativo. Entretanto, ela também relata que somos um país pouco inovador. Significa que somos criativos, mas poucos inovadores, porque a criatividade é uma inspiração, um momento de uma ideia maravilhosa. Mas para essa ideia dar resultado e ser inovadora, ela precisa ser lapidada, trabalhada, por meio de uma estratégia, com determinação e persistência para alcançar o resultado desejado. “Talento é 1% inspiração e 99% transpiração” (Thomas Edison), então, somente uma boa ideia não resolve, ela tem que criar valor. O professor Philip Kotler6, referência em marketing, diz que a inovação deve ser inalcançável, pois se a empresa inovar terá muitos fracassos, mas se não inovar estará fora do mercado, como aconteceu com a Kodak, Blockbuster entre outros. E, ainda, ele orienta que a empresa chame seus consumidores (clientes e usuários) para produzir o produto com a empresa. Ele defende a cocriarão dos produtos da empresa junto com os consumidores, que são os que mais entendem da necessidade do produto ofertado. Essa realidade já é praticada pela Harley Davison, Lego, GM entre outras, e essas já são empresas referências. Dentro dessa realidade, observamos que o século XXI tem sido marcado pelas mudanças no comportamento do consumidor, fazendo as empresas buscarem novas oportunidades de criação de valor com a inovação em seus produtos. Há um “conceito estabelecido” que inovar algo é criar alguma coisa totalmente do zero. Isso não é verdade! A inovação não é um processo embrulhado, fechado, que ninguém tem acesso, como se fosse uma caixa preta 5 TEDx Talks. A lagarta e a borboleta: da criatividade à inovação – Martha Gabriel at TEDxJardim das Palmeiras. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=d9oAIsEBclI>. Acesso em: 2 set. 2022. 6 PORTAL Administradores. Três lições de Marketing de Philip Kotler. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qYsifboNgS8>.Acesso em: 2 set. 2022. 9 que de lá saem várias soluções. Ao contrário, a inovação é um processo claro, compreensível e entendível. Por isso, observa-se que a inovação vem de uma transformação e uma combinação do que já existe. Não é simplesmente uma cópia, mas é combinar produtos/serviços já existentes, adaptando aos novos contextos e demandas sociais, agregando novos valores aos produtos existentes. Retomando Kotler (2021), o pai do marketing, para o cliente, a criação de valor é a solução que a empresa oferece para atender às suas expectativas. É agregar resultados que devem ser percebidos nos produtos ou nos serviços, trazendo um efeito financeiro significativo. Para trazer resultado eficazes, esse diferencial competitivo deve ser identificado pelos consumidores. A criação de valor na inovação empresarial pode ser facilitada através de algumas etapas a seguir7. • Analise os concorrentes e descubra seus diferenciais competitivos: observar o que os concorrentes fazem e identificar possibilidades do que implantar na sua empresa (copiar o que é bom). Lembre-se que “o diabo mora nos detalhes”, então pense nos pequenos detalhes que podem melhorar a sua relação com seu consumidor (oferecer brindes, prazos de entregas, processo mais ágil...). • Identifique e tenha aderência às tendências do mercado: identificar oportunidades nas tendências do mercado para promover sua marca, através de campanhas de saúde (outubro rosa, novembro azul), feriados e festas nacionais, entre outros. • Acompanhe seu cliente no pós-venda: pesquisas demonstram que 80% dos clientes que tiveram suas reclamações atendidas voltam a comprar na empresa. Cuide do seu cliente! • Identifique as necessidades e os problemas do seu consumidor: ao comprarmos algo, buscamos resolver um problema. Quando a empresa oferta solução, ela agrega valor ao produto e/ou serviço. • Diferencie sua marca: dê personalidade a sua marca com aderência ao público consumidor. Cuide da tipologia, das cores e mensagem proposta. 7 CASA Da Consultoria. Criação de valor empresarial: valor percebido no produto e serviço. Disponível em: <https://casadaconsultoria.com.br/ criacao-de-valor-empresarial/>. Acesso em: 2 set. 2022. 10 • Tenha um plano estratégico para a criação de valor: tenha um cronograma envolvendo todos os colaboradores no processo. Lembrando que a inovação demanda trabalho. TEMA 5 – INOVAÇÃO ABERTA: A ORIGEM NA CULTURA MAKER Para identificar o que hoje é chamado de inovação aberta, vamos resgatar alguns movimentos culturais e sociais que permitiram o avanço desse modelo de inovação, que teve seus primórdios na cultura maker. Kolbe (2021) relata que a cultura maker teve sua origem no DIY (Do It Yourself), na linha do faça você mesmo, que iniciou na década de 1950 através de pequenos consertos residenciais. Nos anos 1970, essa cultura se espalhou através da arte. Aqui se destaca a arte dos punks, movimento artístico contracultura que foi fundamental para a disseminação do DIY. A cultura punk se difundiu através da música e da sua ideologia, que era contra o autoritarismo, era a favor da liberdade anárquica e contra o consumismo8. Esse movimento na contracultura estimulou as bandas punks a produzirem seus próprios discos e shows, saindo do controle das grandes produtoras musicais, nasce então a cultura zine9. O movimento maker é uma extensão do DIY. As pessoas sempre tiveram vontade de fazer as coisas com as mãos, por conta própria, mas faltava um elemento transformador, as ferramentas digitais. A diferença entre cultura maker e DIY são os recursos. A cultura maker começou e surgiu na indústria da tecnologia, através das feiras makers no início de 2006. Esses eventos reuniam engenheiros, cientistas e estudantes, todos os que desejavam realizar algo com as mãos. 8 PUNK. O que é o punk. Disponível em: <https://www.significados.com.br/punk/ >. Acesso em: 2 set. 2022. 9 É uma proposta para artistas independentes poderem através da autopublicação expandir sua criatividade, conhecer pessoas e principalmente, dizer o que precisa ser dito através das diversas formas de expressar a arte como forma de resistência! Saiba mais Para saber mais, assista ao vídeo a seguir. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=IhpTfJ6e0Cg>. Acesso em: 2 set. 2022. 11 Tanto a cultura maker como o DIY se destacam pela autonomia e permitem realizar desejos pelas próprias mãos. As ferramentas tecnológicas têm impulsionado essas transformações culturais pelas impressoras 3D, softwares, entre outros, que não estão mais limitados as grandes organizações. Um aspecto importante na cultura maker é o fator colaborativo Aevo (citado por Kolbe, 2021). A cooperação é vital para impulsionar novas ideias, aliado ao cenário digital, através de arquivos, esquemas e códigos que podem ser compartilhados e modificados online. Face a essa nova realidade, as empresas começaram a encontrar dificuldade no controle do capital intelectual. A solução encontrada foi se adaptar para gerenciar os novos projetos, saindo da inovação fechada para a inovação aberta. Dentro desse novo contexto, podemos entender que a cultura maker é a nova revolução industrial. 5.1 Inovação aberta: permeando pela ciência Além das situações citadas anteriormente, outros movimentos culturais, artísticos e tecnológicos também compartilham da abertura e disseminação de conhecimento, comunicação e informação. No campo da pesquisa cientifica, o movimento ciência aberta10 é um termo guarda-chuva que engloba as práticas de abertura e compartilhamento de dados científicos, estimulando e favorecendo a vida do pesquisador. Ainda, tem o projeto ciência cidadã11, que consiste em uma parceria entre os amadores e os cientistas na coleta de dados para a pesquisa científica. Há uma colaboração entre os pesquisadores profissionais para aumentar a participação do público em geral. Esse projeto envolve muito “curiosos e amantes” da área ambiental, onde “qualquer pessoa em qualquer lugar pode submeter as suas informações através de internet mediante aplicativos e celulares. Uma ferramenta científica eficiente, que gera muitos dados com pouco investimento” (SIBBR). Esse modelo de pesquisa possibilita desenvolver os chamados cidadãos cientistas, que são os voluntários que documentam e registram ao redor do mundo 10 RNP. O que é Ciência Aberta e como ela pode facilitar a vida de cientistas. Disponível em: <https://www.rnp.br/noticias/o-que-e-ciencia-aberta-e-como-ela-pode-facilitar- vida-de-cientistas>. Acesso em: 2 set. 2022. SIBBr. Ciência cidadã. Disponível em: 11 <https://sibbr.gov.br/cienciacidada/oquee.html?lang=pt_BR>. Acesso em: 2 set. 2022. 12 os padrões ecológicos, como o monitoramento das espécies, a propagação de doenças infecciosas, as tendências populacionais, alteração climáticas. Projetos, como na observação de pássaros, os dados informacionais são alimentados por não especialistas, permitindo a todos os interessados ter acesso às informações. 5.2 Exemplo prático: picolés do Brasil12 A Lowko Sorvetes foi uma das participantes do Programa Scale-Up Endeavor13, na edição de 2020. Ela se juntou com as empresas Ambev, Cargil e GPA, parceiras da Endeavor, para lançar um picolé de frutas de sabores inovadores e baixa caloria – a linha Lowko Pops14, picolé feito em parceria com a Do Bem15 (uma marca da Ambev). A parceria aconteceu através de compartilhamento de dados e de pesquisa de mercado. A GPA ofereceu à Lowko os seus dados (informações) referente à categoria de mercado, em relação a sabores, hábitos de consumo e o perfil dos consumidores. E dispôs uma equipe para auxiliar na ideação, na proposta de valor e testes com futuros consumidores para analisar a intenção de compra. A Cargil também participou do processo, viabilizou uma equipe de colaboradores com know-how para auxiliar tecnicamente na escolha dos principais ingredientes.A Ambev também apoiou desde o início, através da sua marca Do Bem. E forneceu apoio na fase técnica para encontrar fornecedores parceiros e os canais de entrega do produto. Segundo o site da Endeavor, essa história é a prova que a colaboração entre players gera eficiência e redução de custos, diminuindo o tempo de entrada de novas tecnologias no mercado. E, como consequência, revoluciona indústrias tradicionais, acelerando o crescimento do país. 12 ENDEAVOR. Inovação Aberta para revolucionar o mercado de picolés do Brasil. Disponível em: <https://endeavor.org.br/open-innovation/inovacao-aberta- para-revolucionar-o- mercado-de-picoles-do- brasil/? gclid=CjwKCAjw3qGYBhBSEiwAcnTRLglgEl33gHt2_3sz_ATBOC0zW1bRx_dR0 D75N4b 7HFWVvTU-uNMj6RoCfEEQAvD_BwE>. Acesso em: 2 set. 2022. 13 O Scale-Up Endeavor é o programa de aceleração das empresas que mais crescem no Brasil. 14 LOWKO Sorvetes. Disponível em: <https:// www.lowko.com.br/>. Acesso em: 2 set. 2022. 15 AMBEV. Disponível em: <https://www.ambev.com.br/marcas/sucos/do-bem/>. Acesso em: 2 set. 2022. 13 Saiba mais Para saber mais assista ao vídeo a seguir. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=4WN3qOpAzd4>. Acesso em: 2 set. 2022. 14 REFERÊNCIAS BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J. Redes de Cooperação Empresarial. Porto Alegre: Grupo A, 2016. BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e Empreendedorismo. Porto Alegre: Grupo A, 2019. BRAGA, A. C. et al. 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Inovação Aberta e Inovação Distribuída em Empresa de Alta Tecnologia. XXVI Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica, 2010. SCHERER, F. O.; CARLOMAGNO, M. S. Gestão da Inovação na Prática. São Paulo: Grupo GEN, 2016. 15
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