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SUPORTE BÁSICO DE VIDA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA E ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA NA PEDIATRIA E GERIATRIA UNIDADE III ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA Atualização Fernanda Abrahão Stoliar Elaboração Alexandre Ramos Braga Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE III ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA ..............................................................................................5 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO, PREVENÇÃO E HIGIENE ............................................................................................................................... 5 CAPÍTULO 2 URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS ............................................................................................................................................... 12 CAPÍTULO 3 ALTERAÇÕES BUCAIS DE MAIOR INTERESSE .................................................................................................................. 16 CAPÍTULO 4 DOENÇAS SISTÊMICAS ............................................................................................................................................................ 19 CAPÍTULO 5 PREMATUROS, ODONTOLOGIA NA MATERNIDADE E TESTE DA LINGUINHA ................................................... 30 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................33 4 5 UNIDADE III ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO, PREVENÇÃO E HIGIENE Introdução Odontologia Hospitalar é uma especialidade odontológica que visa à realização de cuidados e de procedimentos bucais em âmbito hospitalar. Os primeiros serviços odontológicos, estabelecidos em um hospital, aconteceram em 1901, no Hospital Geral da Filadélfia, e tiveram, como função, o cuidado dental dos pacientes e o treinamento de estudantes da área. De acordo com o Código de Ética Odontológico, compete ao cirurgião dentista, especializado em Odontologia Hospitalar, internar e assistir pacientes em hospitais públicos e privados, com ou sem caráter filantrópico, respeitando as normas técnico-administrativas das instituições. Nos países latino-americanos, a experiência começa na graduação, e os alunos iniciam a vivência no hospital ainda na faculdade. No Brasil, a presença do cirurgião-dentista é lei desde 2013 (Projeto de Lei n. 2.776/2008), a qual, prevê, também, a presença de dentistas nas unidades de terapia intensiva. Entretanto, não faz parte da formação universitária brasileira a capacitação para atuar em hospitais, o que já é uma realidade em outros países da América Latina. Os centros cirúrgicos e as UTIs brasileiras possuem dentistas especialistas em cirurgia bucomaxilofacial, pois esses profissionais recebem capacitação para atuar em centros cirúrgicos. A hospitalização infantil é considerada uma experiência traumática que leva a criança aos sentimentos diversos, como a angústia, a ansiedade e o medo. A criança terá que lidar com ambientes diferenciados e de muito ruído, luzes, procedimentos constantes de rotina, expondo-a a grande estresse. A sociabilidade da criança diminui e isso leva a uma diminuição da comunicação com o meio ambiente, o 6 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA que causa instabilidade de comportamentos. A equipe precisa conhecer o caso a fundo para a condução do tratamento, visto que crianças têm comportamentos diferenciados em cada fase da vida. Sousa et al. (2015) relatam que a hospitalização infantil é um evento estressante e traumatizante para a criança, pois há um rompimento com seu meio social, seus costumes e seus hábitos e são condicionadas a um ambiente cheio de rotinas novas com pessoas que não fazem parte do seu convívio e, muitas vezes, sendo submetidas a procedimentos de dor e de medo. Segundo Vasques, Bousso e Mendes-Castillo (2011), a criança hospitalizada passa por diversos sofrimentos além do desconforto da própria doença, como separação, manipulação constante e dor; o que gera uma série de problemas de ordem psicológica, afetiva e emocional. É importante que os profissionais reconheçam esses sentimentos. Por isso, é essencial ouvir a criança com atenção e verificar qual a dimensão do processo de doença em sua vida. A equipe multidisciplinar deve ter conhecimento e destreza para saber lidar com as queixas da criança, conduzindo o tratamento com carinho e paciência. A criança hospitalizada possui direitos que devem ser respeitados, tais como o de brincar, de receber visitas, de ter acompanhantes e de minimizar o máximo possível os procedimentos dolorosos. Os pais e/ou responsáveis devem fazer parte do processo, estando sempre a par do diagnóstico e do tratamento ao qual a criança será submetida. A família, também, deve ser auxiliada de modo que possa se adaptar à nova condição e ser capaz de ajudar a criança no processo de tratamento. Elias (2003) ressaltou o fato de o hospital ser um ambiente desconhecido para a criança, sendo um local, muitas vezes, de solidão, de tristeza, de saudade dos familiares e dos colegas. A família, também, passa por diversos sentimentos, como culpa e perda. Por isso, a família, também, merece atenção por parte de toda equipe multidisciplinar. O atendimento integrado e humanizado, incluindo a família do paciente, interfere de maneira positiva no tratamento. O profissional deve ver a criança com um ser capaz de entender o que acontece, sempre a olhando de forma empática. As atividades lúdicas devem ser introduzidas com o objetivo de humanizar o tratamento, aliviar dores e desenvolver o lado afetivo e cognitivo da criança. O desenho tem sido utilizado como um método terapêutico para redução do estresse infantil em ambiente hospitalar e pode ser praticado pelos profissionais sem nenhum treinamento especial, devido à sua fácil realização. 7 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III Barros e Victoria (2008) afirmam que situações de internação são vistas de formas diversas por crianças. Algumas entendem esse processo como algo doloroso e que causa um estresse quase incontrolável, enquanto outras continuam a exploração ativa de um ambiente novo. Por isso, o profissional tem que estar preparado para detectar tais situações e conduzir da melhor forma possível a situação. Devemos imaginar a criança hospitalizada como uma transição entre um ser totalmente saudável e uma pessoa falecida, sendo que nesse intervalo, podemos ter uma criança doente ou gravemente doente. Quanto mais próxima a criança está do óbito, maior é o conjunto de mudanças que ocorrem no seu organismo, principalmente em relação à imunidade, o que torna seu estado mais grave. A imunidade pode ser específica ou inespecífica, sendo que a segunda é mais primitiva e pode ser entendida como aquela que responde contra qualquer patógeno, sem necessidade do seu reconhecimento específico. A imunidade específica é aquela que envolve um combate específico através de moléculas e de células contra um patógeno. O cirurgião-dentista, na condição de examinar crianças em ambiente hospitalar, deve verificar a real necessidade e a melhor oportunidade para intervir na cavidade bucal com o intuito de manter seu estado clínico saudável como um todo. A saúde geral poderá estar em risco caso a saúde bucal esteja comprometida, o que pode interferir no processo de recuperação. O tratamento deve contemplar todas as especialidades odontológicas, considerando a condição clínica do paciente. O paciente pode ser submetido aos procedimentos emergências no caso de traumas e de procedimentos preventivos, quando ao agravamento da condição sistêmica ou no acometimento por infecção hospitalar. Prevenção e higiene A educação, para a saúde, deve ser incorporada à filosofia de tratamento para melhor qualidade de vida dos pacientes. A importância da Odontologiaé reconhecida nos dias de hoje nos locais onde há pacientes internados, tanto para exercer o papel de educador de saúde de seus familiares, como para realizar avaliação clínica dos fatores considerados de risco. Os fatores, considerados de risco em um paciente internado, podem ser: presença de biofilme bucal, doença periodontal, cáries, lesões bucais precursoras de infecções virais e fúngicas sistêmicas, lesões traumáticas, entre outras lesões que podem causar desconforto e a piora do quadro do paciente internado. O hospital deve ter 8 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA uma equipe capacitada e treinada para promover práticas de higiene entre pacientes internados com o intuito de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. No caso da criança, um protocolo adequado deve ser indicado para cada situação, visando resolver as urgências, focos de infecção e dor. Em seguida, a etapa preventiva deve ser implantada, quando são feitas orientações de saúde bucal, orientação de dieta alimentar adequada e aplicação tópica de flúor. A preservação da estrutura dental deve ser prioridade por intermédio da adequação do meio bucal, remoção do tecido cariado com uso de instrumentos manuais e emprego de cimento provisório ou definitivo. O ionômero de vidro deve ser o material de escolha para preenchimento das cavidades. A placa dentária é um biofilme complexo e dinâmico associado às bactérias aeróbias, anaeróbias e microrganismos filamentosos envoltos em uma matriz extracelular que recobre a superfície sub e supragengival dos dentes, a mucosa bucal e as próteses. Lotufo (2004) salientou que a boca, também, sofre contínua colonização, ao apresentar uma vasta microbiota. Nela, encontra-se, praticamente, a metade da microbiota presente no corpo humano, representada por várias espécies de bactérias, fungos e vírus. Nas crianças, os microrganismos cariogênicos têm um importante papel na evolução da cárie. A transmissão vertical de microrganismos ocorre via saliva, principalmente das mães ou de cuidadores com altos níveis de Streptococcus Mutans, contaminando os filhos precocemente e aumentando prevalência de cárie. Durante a internação, como as crianças estão completamente dependentes da equipe profissional e da família ou de acompanhantes, esses cuidados devem ser redobrados de modo que a contaminação seja evitada. A enorme quantidade de placa bacteriana, nos dentes e na mucosa, e a saburra lingual, em crianças intubadas, podem levar à alta prevalência de colonização por leveduras do tipo cândida, o que favorece o aparecimento de doenças infecciosas como pneumonias nosocomiais. Pneumonias, associadas à ventilação pulmonar mecânica (VPM), também, conhecidas como PAV, representam alta morbidade e mortalidade em UTIs. Define-se como uma inflamação causada por agentes infecciosos, manifestando-se 48 horas após a VPM em paciente intubados. O principal fator, que seria considerado o causador da doença, advém da colonização de microrganismos na orofaringe. 9 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III Infelizmente, os pacientes, internados em hospitais por longo período, não recebem os cuidados necessários para a manutenção da higiene bucal. Por isso, é importante ter uma equipe capacitada, juntamente com um cirurgião-dentista, que preste assistência à criança internada. Devem fazer parte das atribuições, desse cirurgião-dentista, a facilitação do conhecimento e a capacitação do grupo no diagnóstico. As intervenções mecânicas podem incluir escovação dos dentes e o enxague da cavidade bucal, o que pode ter ou não a associação de aplicação de agentes antimicrobianos. A escovação bucal é a forma mais eficaz e simples para remover o biofilme em formação e produzir estimulação gengival para uma cavidade bucal saudável. A boca deve ser dividida em quadrantes para realização da escovação. Algumas medidas podem ser incorporadas pelo cirurgião-dentista na rotina hospitalar, de modo que seja mantida a saúde bucal do paciente infantil. » A higienização bucal deve ser incorporada à rotina da enfermaria pediátrica do hospital, na mesma importância que brincar, tomar banho e alimentar-se. » A motivação dos familiares e das crianças deve ser promovida por intermédio de atividades lúdicas. » Aplicar soro fisiológico ou hidratante nos lábios. » Aplicar gel dental, com ou sem flúor, com escova de dente umedecida. » Escovar os dentes adequando a técnica à idade da criança. A preferência, entre escova ou dedeira, deve ficar a critério do profissional, avaliando a condição de cada criança. A higienização deve ser feita a cada 12 horas. » Irrigar a área limpa com água e aspirar antes de prosseguir com a limpeza do próximo quadrante. Essas medidas não livram o paciente dos riscos, pois deslocam os microrganismos fixos na placa dentária. Uma vez livres da aderência, podem ser conduzidos pela traqueia caso não sejam aspirados corretamente. A administração tópica de um agente bactericida, como digluconato de clorexidina a 0,12%, não altera de forma significativa a presença de microrganismos, porém há uma grande redução do número de bactérias na orofaringe em crianças. As crianças, internadas nos setores de oncologia, apresentam, devido aos cuidados bucais preconizados em pacientes em processo de quimioterapia, redução de mucosites bucais e lesões ulcerativas induzidas pela quimioterapia. No caso de 10 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA pacientes intubados, existem escovas adaptadas aos sistemas de aspiração que permitem remoção e sucção da placa dentária, simultaneamente. Figura 8. Escova de dente com sucção para pacientes intubados. Fonte: https://www.politecsaude.com.br/lojavirtual/produto/escova-com-succao-/520/. Em crianças intubadas, deve-se usar abridores de boca, borrachas siliconadas para apoiar o arco superior e inferior, facilitando o acesso. Cuidados com o creme dental, também, devem ser preconizados, a quantidade excessiva de espuma pode gerar sensação de asfixia no paciente, por isso, a quantidade de creme deve ser controlada. O creme deve ser fluoretado e é necessário evitar a ingestão para que não ocorra fluorose em dentes permanentes. A aplicação do verniz fluoretado está indicada apenas uma vez no período da internação, podendo ser repetida novamente após 3 meses. A rotina da criança, em relação à alimentação, sofre mudanças de hábitos e horários, muitas vezes, sendo introduzidos medicamentos nesses horários. Muitas vezes, são inseridos biscoitos, bolachas e doces na alimentação, contudo o risco de doença periodontal e cárie aumenta sem uma higienização. O aumento de placa, também, elevará, consideravelmente, o risco de infecções sistêmicas e, por isso, a prevenção é tão importante. No Brasil, a maioria dos medicamentos infantis apresenta alta concentração de sacarose (de 11,21% a 62,46%), o que representa grande potencial cariogênico. Por isso, recomenda-se que sejam administrados durante as refeições, caso não haja contraindicação médica. Informar o paciente que deve reduzir a ingestão de açúcar sólido, uma vez que os alimentos preferenciais de crianças apresentam consistência pegajosa e de fácil adesão à estrutura dentária. https://www.politecsaude.com.br/lojavirtual/produto/escova-com-succao-/520/ 11 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III A atenção à saúde do paciente deve ser global como preconiza o Sistema Único de Saúde (SUS), em seu princípio da integralidade. Nesse sentido, o cirurgião-dentista deve ter como um dos objetivos fazer com que a criança e os familiares compreendam que a saúde bucal faz parte da saúde integral. O processo de entendimento facilitará que esses indivíduos funcionem como agentes promotores de saúde bucal no ambiente familiar. A família deve ser sensibilizada e motivada a manter a saúde bucal da criança, pois, após o período deinternação, esses cuidados deverão ser continuados no lar. Desse modo, os ensinamentos sobre prevenção devem ter tanta importância quanto os cuidados clínicos. 12 CAPÍTULO 2 URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS Urgências Existem algumas causas comuns de hospitalização em crianças e cuidados odontológicos específicos. O atendimento das urgências odontológicas, em crianças internadas, apresenta um percentual semelhante ao da procura por esse procedimento em ambiente ambulatorial. A maioria dos casos se apresenta por dor ou por desconforto, tendo como principal causa a cárie dentária seguido de trauma, de problemas de irrupção dentária e de lesão em tecidos moles. As lesões, por causas externas, são muito prevalentes em crianças de até 4 anos, representando mais de 80% do atendimento odontológico em geral e incluem ferimentos na cabeça, cortes, ferimentos por perfuração, laceração, mordidas de animais. A partir de os 5 anos, esse percentual diminui e fica em torno dos 66%. Lesões de origem dental Ao desenvolver lesões de cárie, a criança apresenta um quadro de infecção, dor, dificuldade de mastigar, de trauma e de possível perda prematura de elementos dentários. A consequência mais comum de lesões de origem dentária é a dor que pode apresentar localização difusa e refletir em dois ou mais dentes. Em crianças entre 2 e 5 anos, existe uma dificuldade em identificar a dor, uma vez que, nessa idade, a criança não consegue demonstrar a origem do incômodo, sentindo apenas os efeitos, como dificuldade de mastigação, e ficando irritada ou chorosa. O profissional deve estar preparado para identificar e fazer um diagnóstico diferencial entre traumatismos e dor originada por lesões de cárie. A interpretação da queixa principal está intimamente ligada ao sucesso do tratamento. Pulpite reversível A pulpite reversível acomete dentes fraturados ou destruídos e/ou lesionados por cárie. Essa inflamação pode ser reversível e restrita à câmara pulpar, ela é detectada na imagem radiográfica. A dor provocada é do tipo intermitente, aguda e rápida. Surge com estímulos frios e doces, e desaparece após a remoção do estímulo. O tratamento inclui remoção da cárie e realização da pulpotomia, o que consiste na remoção da polpa coronária, mantém o dente decíduo, respeita sua época de esfoliação e preserva suas funções. 13 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III Pulpite irreversível A pulpite irreversível acontece quando o processo evolui para necrose pulpar. A dor é espontânea e persiste após a remoção do estímulo. Alguns sinais e sintomas devem ser observados, tais como a criança reclamar que a dor está aumentando quando está deitada já que a pressão vascular aumenta. O estímulo com frio poderá apresentar alívio. O tratamento é a pulpectomia ou a remoção do dente afetado caso não haja possibilidade de reabilitação. A cronologia de erupção deve ser observada e, uma vez sendo feita a remoção do elemento dentário fora da época, deve-se encaminhar o paciente para um ortodontista, após a internação, de modo que esse profissional veja a necessidade de instalar um mantenedor de espaço até que o dente permanente erupcione. Pulpite crônica hiperplásica Esse tipo de lesão ocorre em dentes jovens, principalmente decíduos, e não apresenta sintoma de dor. Apresenta, ao toque, um pólipo com sangramento. A indicação de tratamento, também, é o procedimento de pulpectomia ou de exodontia, caso não haja estrutura para a reabilitação. O encaminhamento deve ser feito ao ortodontista em alguns casos pelos motivos já relatados acima. Abscesso dentoalveolar agudo O agravamento da condição pulpar não tratada pode evoluir para um abscesso dental apical e a infecção dos tecidos. Esse abcesso pode ocasionar reflexos em todo organismo. O curso evolutivo de uma doença depende da resistência do corpo e da quantidade de microrganismos envolvidos. Os sintomas consistem em dor, em mobilidade dentária, em febre e em mal-estar. Apresenta fístula e tumefação no local com enfartamento ganglionar. O tratamento deve ser rápido e bem conduzido, pois, caso contrário, a infecção pode disseminar-se pelo tecido ósseo adjacente, o que gera osteomielite ou acomete os tecidos moles, assim, causando celulite. Nos casos mais severos, está indicado o uso de antibióticos e, em crianças, o cuidado deve ser redobrado, uma vez que é maior o risco de disseminação da infecção. 14 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA As infecções, localizadas na região de maxila, acometem, preferencialmente, crianças com menos de 4 anos e não se sabe a sua origem específica, variando o tipo de microrganismo. Acima dos 5 anos, as infecções, geralmente, ocorrem na região de mandíbula, com causas identificadas, como traumas ou lesões cariosas em estágio evoluído. Infecções periodontais podem agravar quadros de saúde dos pacientes ou favorecer o aparecimento de novas doenças, em especial as doenças respiratórias, as quais são bastante comuns em pacientes intubados ou internados. No caso da celulite, o tratamento é feito com base na exodontia ou na terapia pulpar do dente responsável com administração de antibiótico intravenoso. O tempo de internação, nesse caso, será calculado de acordo com a estabilidade médica. Figura 9. Celulite facial de origem odontogênica. Fonte: http://www.revistacirurgiabmf.com/2012/v12.n3/Artigo%2007.pdf. Traumatismo dentoalveolar O trauma dentário representa um problema frequente durante a dentição decídua. A lesão mais frequente em dentes decíduos é a luxação. Existe uma grande dificuldade em prevenir tal lesão e a maior incidência envolve a arcada superior, principalmente, os incisivos centrais. Os traumas com deslocamentos são muito comuns, tendo em vista a plasticidade do osso alveolar infantil. Há poucos relatos de lesões dentárias atendidas em ambientes hospitalares, mas estudos mais abrangentes mostram que as quedas são a principal causa. No caso de as crianças, lesões nos tecidos periodontais são evidentes e a avulsão é mais comum, seguida da luxação extrusiva. Alguns fatores devem ser considerados para planejar um tratamento, como direção e severidade do trauma, tempo em que a lesão ocorreu, maturidade do dente e se houve fratura coronária ou do osso alveolar. O reimplante não está indicado na maioria de os casos em dentes decíduos. Há algumas contraindicações para http://www.revistacirurgiabmf.com/2012/v12.n3/Artigo%2007.pdf 15 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III o reimplante, como: reabsorção acelerada do dente e tempo de ocorrência da avulsão acima de 30 minutos. O trauma, no dente decíduo, pode causar diversos problemas, como danos ao dente do germe permanente, impactação e dilaceração da coroa ou da raiz. A idade mais comum, para os traumas, segundo estudos, gira em torno dos 2,5 anos de idade, geralmente, com lesões em lábio, podendo ocorrer cortes no freio labial. As raízes dos dentes decíduos estão muito próximas dos dentes permanentes e qualquer trauma trará consequências ao germe do dente permanente, inclusive, causando infecções. A intrusão do dente decíduo, para o interior do alvéolo, pode afetar o desenvolvimento do germe do permanente, causando a deslocação de sua posição. Pode, inclusive, manifestar-se como ausência de uma porção de esmalte e, nesse caso, dá-se o nome de hipoplasia de Turner. A necrose pulpar, também, é uma consequência que pode ser observada em traumas de dentes de decíduos. Ela pode evoluir para um cisto dentígero associado ao germe de um dente permanente. Hemorragia pós-extração ou trauma As discrasias sanguíneas são hemorragias pós-operatórias de dentes decíduos que podem ser provocadas ou espontâneas. Alguns sintomas são observados nessa ocorrência, como tontura, queda de pressão e dificuldade de respiração. O caso deve ser priorizado com emergência e, geralmente, apresenta, como causas: doenças de coagulação,uso de anticoagulantes, abuso de analgésicos, pressão alta e até excesso de exercícios físicos pelo paciente. Alguns métodos são utilizados no combate das hemorragias, como o uso de hemostáticos locais, compressão, suturar e medicamentos. Caso o sangramento persista, a equipe médica deve estar presente para resolver possíveis problemas sistêmicos. Mais uma vez, a anamnese é de suma importância, pois a internação do paciente é, quase sempre, um quadro crítico. 16 CAPÍTULO 3 ALTERAÇÕES BUCAIS DE MAIOR INTERESSE Dentes natais e neonatais A prevalência dessa alteração é pequena e cerca de 85% dos casos tratam de incisivos inferiores da série normal, não de supranumerários. Podem estar presentes na cavidade bucal, logo, no nascimento ou aparecem em seguida. A causa é desconhecida, porém algumas teorias são aceitas, como origem familiar e distúrbios endócrinos ou síndromes. O cirurgião-dentista que atua no ambiente hospitalar deve estar atendo, pois, normalmente, esse dente nasce sem estrutura radicular, ficando quase sem sustentação no rebordo e pode, assim, ser aspirado ou deglutido pelo bebê. O fato de o bebê posicionar a língua, sobre esses dentes para amamentar, pode gerar ulcerações traumáticas na superfície desse órgão. Esse tipo de lesão é chamado de úlcera de Riga-Fede. O tratamento dos dentes natais depende da avaliação do cirurgião-dentista e, em caso de mobilidade, opta-se pela exodontia. Nos casos em que não há mobilidade, o dente pode ser preservado, apenas tendo o cuidado de se aparar as bordas pontiagudas como meio de prevenir as ulcerações. Figura 10. Dentes natais. Fonte: http://www.mundosemcaries.com.br/wp-content/uploads/2015/10/dentenatalclinico.jpg. Figura 11. Úlcera de Riga-Fede. Fonte: http://oqueeissodoutor.blogspot.com/2017/04/riga-fede.html. http://www.mundosemcaries.com.br/wp-content/uploads/2015/10/dentenatalclinico.jpg http://oqueeissodoutor.blogspot.com/2017/04/riga-fede.html 17 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III Cisto de erupção Cisto de erupção está associado a um dente em erupção e, também, é chamado de hematoma de erupção. É assintomático e se localiza sob a gengiva. Ocorre dilatação do espaço folicular e, geralmente, apresenta cor azulada, em decorrência do trauma causado pela mastigação. Apesar de indolor, pode infeccionar, tornando-se ulcerado e dolorido. Acomete, normalmente, dentes decíduos e seu tratamento consiste: no acompanhamento e em massagem na gengiva; na introdução, na dieta, de alimentos mais consistentes, o que estimula sua erupção espontânea; e na realização de incisão cirúrgica para retirada do capuz fibromucoso. Merece atenção especial do cirurgião-dentista que atua no ambiente hospitalar, considerando que é um cisto em que pode ocorrer infecção e comprometimento sistêmico. Figura 12. Cisto de erupção. Fonte: https://www.odontoblogia.com.br/cisto-de-erupcao-tire-suas-duvidas/. Granuloma piogênico O granuloma piogênico é mais conhecido como lesão gengival em crianças ou em granuloma periférico de células gigantes. É causado, geralmente, por trauma e apresenta um aumento do tecido papilar ou marginal. Pode reaparecer após a excisão, o que deixa mais evidente a necessidade de conhecer sua causa exata. É importante não confundir essa lesão com o tumor de células gigantes, o qual é uma lesão neoplásica. Figura 13. Granuloma piogênico. Fonte: https://www.odontoblogia.com.br/granuloma-piogenico/. https://www.odontoblogia.com.br/cisto-de-erupcao-tire-suas-duvidas/ https://www.odontoblogia.com.br/granuloma-piogenico/ 18 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA Rânula A rânula seria uma formação de cisto de retenção de muco, no assoalho bucal, e define-se com uma obstrução do ducto da glândula sublingual salivar. Causada, normalmente, por hábitos traumáticos, o tratamento inclui a drenagem do cisto, o qual apresenta grande possibilidade de reaparecimento. As chances de infecção são pequenas, mas existentes, de modo que se faz necessário conhecer as suas características. Figura 14. Rânula. Fonte: http://dentopolis.blogspot.com/2015/08/o-que-e-ranula-ou-mucocele-sublingual.html. http://dentopolis.blogspot.com/2015/08/o-que-e-ranula-ou-mucocele-sublingual.html 19 CAPÍTULO 4 DOENÇAS SISTÊMICAS Doenças sistêmicas crônicas Cardiopatias As doenças cardiovasculares são aquelas que alteram o funcionamento do sistema circulatório, composto pelo coração, pelos vasos sanguíneos e pelos vasos linfáticos. As cardiopatias são responsáveis por 29% das mortes mundiais. O tratamento odontológico do paciente cardiopata deve ser criterioso. A coronariopatia é predominante no adulto, porém, em crianças, o grupo é bem heterogêneo e se divide em cardiopatias adquiridas e congênitas. As cardiopatias adquiridas são as que ocorrem após o nascimento, e apresentam febre reumática, cardiomiopatias, endocardite infecciosa e doença de Kawasaki. A causa mais comum de cardiopatias adquiridas infantis é a febre reumática, e sua prevalência é maior em países em desenvolvimento, uma vez que sua etiologia está ligada à pobreza, em grande parte por condições de habitação precárias e cuidados médicos inadequados. No caso das cardiopatias congênitas, existe uma grande quantidade de malformações anatômicas e funcionais presentes desde o nascimento. Estudos mostram que 1% das crianças nascidas vivas apresentam malformação cardiovascular. Fatores genéticos e fatores ambientais podem estar ligados às causas das cardiopatias congênitas. De forma geral, a Odontologia está ligada ao tratamento de pacientes cardiopatas, essencialmente em profilaxias antibióticas prévias aos procedimentos cirúrgicos, de modo que seja possível evitar a endocardite infecciosa. Em contrapartida, grande parte dos casos de endocardite, desencadeados por microrganismos da cavidade bucal, não tem início em procedimentos odontológicos, mas, nas bacteremias espontâneas, como escovação dental e mastigação. Sendo assim, os antibióticos podem impedir a endocardite infecciosa, porém não evitam a bacteremia que seria a contaminação da corrente sanguínea por bactérias. A American Health Association, atenta a esse fato, solicitou que especialistas avaliassem de forma crítica o protocolo para profilaxia de endocardite infecciosa. Segundo a avaliação, a profilaxia indicada previne um número muito pequeno de casos de endocardite e o uso de antibióticos expõe os pacientes ao risco de 20 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA efeitos adversos que podem superar seus benefícios. Ainda nessa avaliação, os especialistas acrescentam que a manutenção da saúde bucal é bem mais importante que a profilaxia antibiótica para reduzir a incidência de bacteremias diárias e minimizar o risco de endocardite. Dessa forma, fica evidente a importância do odontopediatra na equipe multidisciplinar para acompanhar a criança cardiopata fora e dentro do ambiente hospitalar. Outro ponto importante, no tratamento de crianças cardiopatas, é o acompanhamento na prevenção, visando eliminar os focos infecciosos dentários. O profissional deve estar preparado para dificuldades, visto que a criança cardiopata apresenta histórico de internações frequentes, o que as tornam pouco receptivas ao tratamento. Além disso, o estresse, sofrido no tratamento, pode gerar aumento da pressão arterial e taquicardia, o que pode ser intensificado por medicamentos, o que torna o tratamento arriscado. Normalmente, crianças cardiopatas tomam medicamentos contendo açúcar, o que aumenta o risco de cárie. Os familiares podem negligenciar a saúde bucal da criança, devido à gravidade da doença cardíaca, levando à precariedade por falta de higienização, de hábitos alimentares e de baixa assiduidade a consultas odontológicas. Por muitos anos, cirurgiões-dentistas se sentiram desconfortáveis em tratar pacientes cardiopatas. Em consultórios, era muito comum os pacientes omitirem essainformação. Com o avanço da medicina, a sobrevida desses pacientes tem aumentado e os cuidados bucais são de grande importância, sobretudo no ambiente hospitalar. Mais uma vez, é importante ressaltar que é indispensável a presença do odontopediatra para realizar educação em saúde dos pacientes e dos familiares e as intervenções invasivas quando necessário. Nefropatias Em algumas nefropatias, manifestações bucais específicas são encontradas. Na Insuficiência Renal Crônica, existem algumas manifestações típicas, como defeitos de esmalte, atrasos na cronologia de erupção e sensação de boca seca. As inflamações gengivais e as lesões de cárie podem ocorrer com frequência em casos de hipossialia prolongada. O uso de medicamentos comuns, por pacientes nefropatas, provoca efeitos secundários na cavidade oral, como manchas nos dentes, hipossalivação e cárie. Os medicamentos, mais utilizados pelos nefropatas, incluem carbonato de cálcio, sulfato ferroso, vitaminas, antibióticos, anti-hipertensivos e corticosteroides. A higiene 21 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III bucal pode apresentar-se deficiente em indivíduos que passam por tratamento de hemodiálise. As infecções oportunistas merecem grande atenção no ambiente hospitalar. O paciente transplantado renal é considerado um dos mais críticos nesse sentido, visto que sua resistência está reduzida pela terapia imunossupressora. Assim, o tratamento de crianças nessa condição deve objetivar a eliminação de focos infecciosos, realizando condicionamento prévio. A microbiota oportunista tem nenhuma ou pouca importância em um indivíduo saudável. Porém, pode causar infecções fatais em indivíduos imunossuprimidos. O transplante e o tratamento de hemodiálise podem ser comprometidos por infecções, sendo assim, necessária a eliminação de focos infecciosos, logo, no início do tratamento, pois a hemodiálise é indicada, normalmente, antes mesmo da cirurgia. No caso de pacientes nefropatas, os protocolos de biossegurança devem ser aplicados de forma rigorosa, durante o atendimento odontológico, em virtude da grande incidência de hepatite B, de hepatite C e de infecção pelo HIV, causadas pela transfusão de sangue durante a cirurgia de transplante. Na fase imediata pós-transplante, os procedimentos eletivos odontológicos não são indicados e devem ser protelados. Após essa fase, descartada a rejeição de transplantes, os médicos determinam o momento para o início dos procedimentos odontológicos. Pacientes transplantados renais, com histórico de hemodiálise, apresentam mais risco de infecções do tipo endarterite e endocardite bacteriana pela criação do shunt ou fístula intravenosa, considerada porta de entrada para bacteremia e pelo esvaziamento cardíaco ser maior. A bacteremia transitória, via hematogênica ou linfogênica, pode, também, ocorrer pela disseminação de microrganismos ou de suas toxinas, a partir de um foco infeccioso, em decorrência de procedimentos odontológicos que produzam sangramento. Lesões periapicais, dentes com canais infectados, doenças periodontais, cirurgias, intubação orotraqueal, laringoscopia, mastigação e inclusive escovação podem produzir bacteremia assintomática. A antibioticoterapia deve ser empregada em procedimentos invasivos que envolvam sangramento. Os procedimentos protocolares, como exames radiográficos, testes pulpares, métodos preventivos (aplicação tópica de flúor e orientação da higiene bucal), tratamento periodontais, endodônticos e cirúrgicos, devem ser realizados quando necessário. Dentes, com prognóstico questionável, devem ser extraídos antes 22 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA mesmo do transplante renal. Nesse contexto, destaca-se que a adesão do paciente e dos familiares, aos cuidados bucais, é fundamental para evitar bacteremia fatal de origem bucal. Doenças hematológicas A anemia, que é umas das doenças hematológica mais comuns em crianças, afeta o transporte de oxigênio e, em consequência, os tecidos recebem quantidades deficientes de oxigênio. Pode acontecer pela diminuição do número de eritrócitos, pela diminuição da quantidade de hemoglobina ou por defeitos na molécula de hemoglobina. Dentre as anemias, cabe destacar a anemia falciforme que é uma doença hereditária mais prevalente no gênero feminino e ocasionada por uma mutação no gene da globina beta da hemoglobina original, a qual se transforma em uma hemoglobina anormal denominada Hbs. A incidência da anemia falciforme atinge de 0,1 % a 0,3% da população negra brasileira, com a tendência de um aumento significativo a cada ano, devido à miscigenação. O tratamento odontológico deve ser realizado durante a fase crônica da anemia falciforme, pois, nos casos de uma crise aguda, o risco de complicação é maior devido ao grau de estresse que o tratamento odontológico causa no paciente. As crises dolorosas são as complicações mais frequentes da anemia falciforme e, geralmente, são sua primeira manifestação devido à obstrução do fluxo sanguíneo pelas hemácias falcizadas. Alguns estudos mostram que o paciente, com anemia falciforme, pode relatar experiências de dor no dente sem nenhuma patologia específica. Durante uma crise de anemia, uma vasoclusão na polpa dental pode resultar em pulpite ou necrose assintomática. O estresse, causado pelo tratamento odontológico, pode ser um fator causador das crises álgicas. Anestésicos locais, aplicados de forma infiltrativa ou regional, não são problema para o paciente com anemia falciforme, porém o uso de vasoconstritores, ainda, é bastante discutido no âmbito literário odontológico. O uso de vasoconstritores deve ser definido juntamente com a equipe médica, levando em consideração o comprometimento sistêmico do paciente e o procedimento odontológico a ser realizado. A anemia falciforme tem sido relatada como importante fator associado às alterações bucais, dentre elas, atraso na erupção dentária, periodontite, língua lisa, descorada e despapilada, hipomaturação e hipomineralização de esmalte e dentina, hipercementose, osteomielite e necrose pulpar. Essas alterações podem, também, ser encontradas em outros tipos de anemia. 23 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III Dentre as alterações hematológicas, as que mais trazem dificuldades para a realização de procedimentos odontológicos são as discrasias sanguíneas que se caracterizam por uma falha na hemostasia. Existem três grupos de discrasias: vascular, plasmática e trombocitopênica. A doença hemorrágica congênita plasmática é muito mais rara que os defeitos de coagulação adquiridos, sendo a hemofilia a mais comum. As formas mais comuns de hemofilia são as do tipo A (clássica, deficiência de fator VIII ou doença de Stuart) e do tipo B (deficiência do fator IX ou doença de Christmas) que apresentam caráter recessivo. Existe, também, a doença de Von Willebrand ou pseudo-hemofilia. Estudos, realizados comparando a saúde bucal de indivíduos hemofílicos e indivíduos saudáveis, mostram uma prevalência de dentes cariados, perdidos e obturados na população com hemofilia A e B severa. Uma possível causa relatada está ligada à deficiência na higiene oral de hemofílicos para evitar o sangramento gengival. O atendimento odontológico da criança hemofílica deve ser focado no fator preventivo com o objetivo de evitar extrações dentais e procedimentos invasivos que possam resultar em complicações hemorrágicas. No entanto, exames periódicos, orientações aos pacientes e familiares sobre a saúde bucal e a dieta devem ser introduzidos, de modo que seja possível minimizar a necessidade de procedimentos invasivos, custosos e difíceis em pacientes hospitalizados. As discrasias trombocitopênicas, em que há alteração da contagem de plaquetas, podem ser avaliadas por um hemograma pré-cirúrgico. Qualquer intervenção deve ser planejada junto à equipe médica. Em caso de trombocitopenia inferiora 40.000 plaquetas, é necessário que seja feita a transfusão do concentrado de plaquetas. Pacientes oncológicos A promoção de saúde deve ser a base da odontologia hospitalar em pacientes oncológicos. O tratamento odontológico desempenha um papel de aumento de qualidade de vida para as crianças nessas condições. A leucemia é a alteração maligna mais prevalente que afeta crianças. A quimioterapia isolada ou associada à radioterapia é um método utilizado no tratamento de crianças com câncer. A destruição das células malignas é a principal função do tratamento antineoplásico, preferencialmente atuando nessas células 24 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA na fase de mitose. Portanto, as células da mucosa bucal podem apresentar efeitos secundários, pois demonstram um grau semelhante de atividade de mitose. Na cavidade bucal, os efeitos secundários à quimioterapia e à radioterapia são: a mucosite, a xerostomia temporária, a imunodepressão; o que gera infecções oportunistas, hemorragia gengival derivada da plaquetopenia e distúrbios de formação dos germes dentários. Mucosite bucal A mucosite bucal é uma modificação na cavidade bucal que o paciente desenvolve durante a terapia antineoplásica. Tendo uma incidência alta, acomete cerca de 40% dos pacientes pediátricos submetidos ao tratamento quimioterápico. A mucosite tem etiologia multifatorial, podendo, nesses casos, ser causada pelo efeito citotóxico dos agentes quimioterápicos e da radioterapia, ou, indiretamente pela neutropenia. A mucosite bucal deve receber bastante atenção em pacientes pediátricos, uma vez que interfere no prognóstico desses indivíduos. A presença dessas lesões torna o paciente mais suscetível às infecções locais e sistêmicas, menos tolerante à alimentação oral, o que prolonga o tempo de internação. A atuação do cirurgião-dentista pode dar mais qualidade de vida a tais pacientes, contribuindo para a melhora de suas condições bucais por meio de instruções de higiene bucal, de profilaxia e de controle de biofilme bucal. A crioterapia tem sido aplicada em alguns casos, como terapia alternativa, e tem apresentado ótimos resultados. A crioterapia é caracterizada pela aplicação de gelo na cavidade oral, ou bochecho com água gelada, durante a aplicação de fármacos quimioterápicos. A redução da função metabólica basal, causada pelo frio aplicado às células da mucosa oral, impede que o agente quimioterápico chegue em grandes quantidades aos tecidos bucais e, assim, diminuem os danos à mucosa. O uso de anestésicos tópicos pode amenizar a dor temporariamente em casos de mucosites com pouca gravidade. Os agentes mais utilizados nesses casos são: lidocaína e benzocaína. Os analgésicos de uso interno, também, podem ser utilizados em alguns casos. A crioterapia tem sido indicada de forma alternativa. Os bochechos, com gluconato de clorexidina em solução aquosa, são indicados, considerando que proporcionam a recuperação da mucosa por diminuir a infecção secundária. A solução de clorexidina diminui a mucosite e a ulceração nos pacientes que passaram por quimioterapia. 25 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III O laser de baixa intensidade, como o de Hélio-Neônio (He/Ne) e de diodo (Ga-Ar-Al), também, estão tornando-se uma opção de tratamento atraumática. Figura 15. Laserterapia. Fonte: https://www.cemoi.com.br/laserterapia-para-tratamento-da-mucosite-passa-a-ser-coberta-por-planos-de-saude/. Xerostomias A xerostomia é uma das sequelas mais frequentes, sendo caracterizada pela redução do fluxo salivar. No paciente submetido à radioterapia, o qual, muitas vezes, é aplicada na região das glândulas salivares, principalmente, a glândula parótida, observa-se uma diminuição na produção salivar. A xerostomia altera a capacidade tampão, aumenta a desmineralização, modifica a quantidade de mucina e, assim, deixa a mucosa desprovida de proteção contra traumas e infecções; o que altera, também, a lubrificação e dificulta a formação do bolo alimentar e, consequentemente, a deglutição. Isso, ainda, interfere na fonação, gerando, inclusive, a sensação de queimação, alterando a sensibilidade gustativa e halitose. Alguns procedimentos podem aliviar os sintomas da xerostomia radioinduzida, com uso de flúor tópico para prevenção de lesões cariosas, substitutos de saliva, com aumento da ingestão de água e uso de sialogogos, como limão para melhorar a função salivar e diminuir o desconforto bucal. Algumas crianças relatam alívio sintomático ao ingerir balas ou mascar chiclete sem açúcar. https://www.cemoi.com.br/laserterapia-para-tratamento-da-mucosite-passa-a-ser-coberta-por-planos-de-saude/ 26 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA Infecções oportunistas Algumas infecções preexistentes na cavidade bucal, de origem periodontal e endodôntica, podem manifestar-se devido à imunodepressão induzida pelo tratamento oncológico. O tratamento das infecções bacterianas requer o uso de antibióticos específicos para microbiota local ou receitados de acordo com a hemocultura. As infecções herpéticas são as lesões mais comuns em pacientes com neoplasia maligna e podem aparecer em qualquer área da mucosa bucal. A infecção pelo herpes simples deve ser tratada de forma sistêmica com Aciclovir (30 mg/kg/dia), divididas em três tomadas, associado ao laser de baixa potência. Recomenda-se, também, a aplicação de Aciclovir tópico de 4 em 4 horas, durante 7 dias, com omissão de dose noturna. A candidose constitui a infecção fúngica oportunista mais comum em pacientes pediátricos oncológicos. A sua forma bucal ocorre frequentemente, porém pode ser eliminada significativamente com medidas profiláticas adequadas. No caso de pacientes neutropênicos, a candidose pode causar infecção sistêmica a partir de lesões ulcerativas da mucosa ou pelo comprometimento do trato gastrointestinal. Um número grande de casos de óbito em pacientes com câncer resulta de uma septicemia fúngica, sendo a maioria deles por infecções preexistentes. O tratamento da candidose deve ser feito com suspensão oral de Nistatina, cinco vezes ao dia, e com bochecho com 5 ml da solução durantes 15 dias, sendo necessário o tratamento por mais 7 dias, mesmo após o desaparecimento das lesões. Deve-se aplicar, na comissura labial, nos casos de queilite angular, Nistatina em creme cinco vezes ao dia, durante 15 dias. Ademais, é necessário, também, a extensão do tratamento por mais 7 dias após o desaparecimento das lesões. Distúrbios de formação de germe dentário O câncer representa a segunda causa mais frequente de morte em crianças com idade inferior a 15 anos de idade, sendo a incidência maior de Leucemia Linfoblástica aguda. Os avanços da medicina retiraram a leucemia linfoblástica do patamar de doença rapidamente fatal e a transformaram em uma doença em que mais de 70% dos pacientes sobrevivem por, pelo menos, 5 anos. 27 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III Dickerman (2007) relatou que o número de sobreviventes de câncer infantil continuará a aumentar e que 75% apresentará algum problema crônico decorrente do tratamento oncológico. Com o aumento da expectativa de vida do paciente, os efeitos, causados na cavidade bucal pelo tratamento oncológico, tornam-se cada vez mais significativos. A cavidade bucal de crianças, em terapia antineoplásica, é frequentemente afetada, o que gera a necessidade da familiarização do cirurgião-dentista com suas consequências. A leucemia é a mais predominante em crianças menores de 5 anos de idade e alguns dentes permanentes nessa faixa etária estão em desenvolvimento, de modo que podem ocorrer alterações na formação dentária. Os dentes podem ser afetados pela doença em si, pela quimioterapia, por trauma e por terapia de radiação em qualquer ponto antes da maturação completa, o que significa que a idade e as doses administradas são muitoimportantes. Anormalidades dentárias, observadas em crianças durante o tratamento do câncer, incluem: modificações na forma (microdontia, macrodontia, taurodontia), alterações no número (anodontia), alterações na formação de raízes (encurtamento, afilamento, interrupção), hipoplasia e alargamento da câmara pulpar. A formação dentária pode ser usada como um indicador de maturidade, porém está sujeita à alteração do meio externo, o que é comum em pacientes com leucemia. Não está totalmente esclarecido na literatura se as alterações na formação dental ocorrem em virtude do tratamento proposto ou da própria doença. Cárie de radiação A cárie de radiação surge entre dois meses e um ano após o início do tratamento radioterápico, caracterizando sua manifestação ao redor das margens cervicais dos dentes. Muito agressiva, toda dentição pode ser destruída em questão de meses. Como fatores etiológicos, apresenta má higienização bucal em virtude da dificuldade que o paciente tem em se alimentar devido à mucosite associada a uma dieta cariogênica. A união da mudança da dieta, a perda de capacidade tampão da saliva e a dificuldade de higienização, provocada pela dor na boca, propiciam um ambiente ideal para doença, mesmo em superfícies lisas ou em pontas de cúspides. Alguns autores relatam que a radiação pode alterar o esmalte dentário. Embora em crianças seja observado esse fato no momento da quimioterapia e radioterapia, em adultos esse fato permanece controverso. 28 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA Alguns cuidados podem prevenir a cárie de radiação, como aplicação de flúor diário e avaliações odontológicas periódicas. O tratamento da cárie já instalada consiste na aplicação de cariostáticos ou na remoção do tecido cariado com curetas, o que evita o uso de caneta de alta rotação. O material de escolha, para restauração, deve ser o ionômero de vidro. Devem ser feitos bochechos diários de fluoretos de sódio não acidulado a 0,05%, com um minuto de duração. Géis de flúor acidulado não devem ser prescritos, pois facilitam a descalcificação do esmalte sem que ocorra remineralização em virtude da hipossalivação instalada. Osteorradionecrose A osteorradionecrose é a doença mais grave que pode ocorrer, logo, após o procedimento radioterápico, ou muitos anos após sua conclusão. Caracteriza-se por um processo inflamatório crônico e leva à formação de uma lesão infiltrativa em virtude da morte celular causada por energia radiante. Tem início na parte central do osso e segue com formação tardia de sequestro e necrose em virtude da trombose dos vasos sanguíneos. Ocorre em pacientes que receberam radioterapia na região da cabeça e do pescoço e que necessitam de tratamento odontológico (extrações, tratamento periodontal, cáries extensas) na região irradiada. Podem ocorrer, também, em pacientes vítimas de infecção e trauma na porção irradiada da face. Pacientes fumantes e consumidores de bebidas alcoólicas estão mais susceptíveis a essa condição. O tratamento da osteorradionecrose requer do paciente uma higiene bucal rigorosa, seguido de posterior debridamento de tecido mole e remoção de espículas ósseas (osso com necrose). O uso de antibióticos (ciprofloxacino) está indicado em alguns casos, associado à terapia com oxigênio hiperbárico. A necrose óssea está diretamente ligada à dosagem de radiação, embora o volume de osso irradiado e a proximidade da dose máxima exerçam, ambos, seus efeitos. O risco de necrose aumenta na presença de dentes em mau estado de conservação, de trauma, de doença periodontal e de quimioterapia combinada. A exodontia, conhecido fator de risco para osteorradionecrose, deve ser evitada após radioterapia. Alguns anos atrás, os cirurgiões-dentistas adiaram as exodontias para seis meses após a conclusão do tratamento, pois se imaginava que a revascularização diminuísse as complicações, porém, hoje, sabe-se que a espera não traz benefícios, 29 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III uma vez que a revascularização não acontecesse na região e, com o tempo, o suprimento sanguíneo é reduzido. Em alguns casos, a osteorradionecrose pode ocorrer de forma espontânea, sem causa evidente. A osteorradionecrose não apresenta dor como sintoma comum, e pode ser controlada por meio de analgésicos e anestésicos tópicos aplicados com cotonetes. Antibióticos, também, são utilizados e reduzem a infecção e o desconforto em poucos dias e devem ser usados de 2 a 3 semanas. Oxigênio hiperbárico, com antibioticoterapia e debridamento local, colaboram para a cicatrização. A ressecção mandibular deve ser reservada, como último recurso para o paciente com dor intratável, nos casos de recorrência de infecções e trismo. Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) Crianças portadoras do vírus HIV e com a síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV) desenvolvem imunossupressão grave. Há várias manifestações nos tecidos bucais que se desenvolvem mais rapidamente em crianças do que em adultos e facilitam o desenvolvimento de infecções oportunistas, principalmente causadas por fungos. A progressão da doença é mais grave e mais rápida em crianças, em virtude de o estágio de desenvolvimento e da imaturidade do seu sistema imunológico. O diagnóstico precoce das lesões é de grande importância na gestão e no tratamento das crianças infectadas. Os pacientes precisam de cuidados multidisciplinares que envolvam a participação do cirurgião-dentista. O aparecimento de infecções oportunistas e de neoplasias que podem se manifestar na cavidade bucal ocorrem devido à imunossupressão causada pelo vírus HIV. Desse modo, por meio de anamnese e de exame clínico, o cirurgião-dentista pode deparar-se com sinais e sintomas sugestivos de infecção por HIV, o que contribui para o diagnóstico precoce. Nos casos em que o paciente já possui o diagnóstico, o papel do cirurgião-dentista é, igualmente, importante na manutenção da saúde bucal, melhorando a qualidade de vida. As crianças com HIV apresentam lesões brancas transitórias e persistentes, como candidíase pseudomembranosa aguda e líquen plano, raros na infância. As lesões brancas persistentes são menos frequentes do que as transitórias. No caso de as turgescentes, temos as benignas (mucoceles e hemangiomas) e as malignas (condições neoplásicas). 30 CAPÍTULO 5 PREMATUROS, ODONTOLOGIA NA MATERNIDADE E TESTE DA LINGUINHA Prematuros O nascimento prematuro é causa de Aparecimento de Defeitos do Esmalte (DDE), das alterações temporárias ou permanentes na morfologia do palato, na oclusão dentária, nas dimensões da coroa dentária e no atraso da erupção dentária. Os ameloblastos são células sensíveis e qualquer estímulo sistêmico ou local pode interromper sua função temporariamente e responder com defeitos no esmalte; o que justifica o fato do dente ser conhecido como “quimógrafo biológico”. Como o esmalte, depois de formado, não sofre remodelação como os outros tecidos duros, qualquer lesão traumática ou enfermidade sistêmica, que provoque deficiência nutritiva, será potencialmente capaz de produzir defeitos. Levando-se em conta que os prematuros de muito baixo peso e idade gestacional menor que 28 semanas, na maioria das vezes, necessitam de ventilação mecânica, torna-se imperativo recomendar às equipes de atendimento neonatal que o uso de laringoscópio seja menos traumático. Além disso, o uso de suporte de proteção para tubo orotraqueal, feito de material resiliente, deve fazer parte do protocolo da intubação orotraqueal. Relato de experiência do cirurgião-dentista na maternidade Dentro do complexo hospitalar, o cirurgião-dentista que atua na Maternidade pode atuar em diversos cenários. » Pré-natal. › Educação das gestantes estratificadas em alto risco sobre a importância do pré-natal odontológico na prevenção de alterações bucais e sistêmicas, benefícios do aleitamentomaterno exclusivo, mudanças de hábitos alimentares, orientações de higiene bucal, bem como o atendimento ambulatorial odontológico propriamente dito. » Puerpério imediato. › Acompanhamento materno com o intuito de auxiliar o contato pele a pele (criação de vínculo afetivo entre a mãe e o bebê). Estimular a sucção imediata, enfatizando a importância do aleitamento materno exclusivo. 31 ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA | UNIDADE III › A presença do cirurgião-dentista, no pré e pós-parto imediato, é essencial para a formação do vínculo profissional-indivíduo, visto que, logo, após o nascimento, o profissional pode auxiliar na identificação dos reflexos orais e, consequentemente, no aleitamento materno. » Puerpério mediato. › Triagem, para o diagnóstico de alterações bucais, realização do teste da linguinha (TL), cirurgia de frênulo lingual (frenotomia) e condução no manejo da pega correta para a amamentação, visando à prevenção de fissuras mamárias e do desmame precoce. › No puerpério mediato, ou seja, no leito, é realizado o exame físico extra e intrabucal do RN, visando diagnosticar, principalmente, alterações bucais e de inserção do frênulo lingual, os quais podem influir sobre a efetivação da amamentação. » Ambulatório odontológico. › Avaliações odontológicas agendadas e acompanhamento do recém-nascido até a faixa etária de dois anos de idade, visando, sobretudo, à promoção de saúde bucal. › O ambulatório, como parte integrante da Residência Multiprofissional em Neonatologia, centra suas ações na atenção primária em saúde oral e busca ampliar o atendimento dos bebês nascidos no hospital, sendo o acompanhamento realizado até os 24 meses de idade. » UTI neonatal (UTIneo) e pediátrica (UTIped). › Protocolos de higiene bucal, via bundle, para redução dos índices de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), diagnóstico de anormalidades do sistema estomatognático e auxílio no aleitamento materno. Teste da linguinha O Teste da Linguinha (TL) é um exame simples e rápido muito importante para o bebê. Esse teste verifica se há alterações no frênulo lingual, ou freio lingual, desde o nascimento. O diagnóstico precoce evita possíveis problemas para amamentar, deglutir, mastigar e falar. O freio lingual alterado gera dificuldades na sucção e na deglutição, o que aumenta o gasto de energia para a amamentação 32 UNIDADE III | ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR NA PEDIATRIA e, consequentemente, reflete no ganho de peso do bebê. No futuro, caso não seja identificada e corrigida, essa alteração pode provocar alterações no crescimento e no desenvolvimento crânio-facial, muscular e cognitivo da criança. O teste deve ser realizado nas primeiras 72h de vida, até 30 dias no máximo. Deve ser avaliado clinicamente o tamanho do frênulo, a forma como mama e a pega no seio materno. O Projeto de Lei n. 4.832/2012, de autoria do Deputado Federal Onofre Santo Agostini, que “[...] obriga a realização do protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês, em todos os hospitais e maternidades do Brasil.”, foi sancionado pela Presidência da República e converteu-se na Lei n. 13.002, de 20 de junho de 2014. Figura 16. Teste da Linguinha. Fonte: https://secom.to.gov.br/noticias/pacientes-do-hospital-de-miracema-contam-com-servicos-de-odontologia- hospitalar-301672/. Considerações finais O imaginário infantil não combina com o fato de estar doente. Porém, uma enormidade de crianças vivencia a realidade hospitalar desde muito cedo. Cabe ao cirurgião-dentista, dentro de sua atuação, minimizar os efeitos secundários na cavidade oral. A intervenção do cirurgião-dentista deve ser completa, respeitando os limites de cada patologia, orientando a higiene bucal e a adoção de uma dieta menos cariogênica. É importante realizar procedimentos eletivos e de urgência, sempre em sintonia com a equipe médica, com o intuito de melhorar a qualidade de vida das crianças. https://secom.to.gov.br/noticias/pacientes-do-hospital-de-miracema-contam-com-servicos-de-odontologia-hospitalar-301672/ https://secom.to.gov.br/noticias/pacientes-do-hospital-de-miracema-contam-com-servicos-de-odontologia-hospitalar-301672/ 33 REFERÊNCIAS ARAÚJO, R. J. G.; VINAGRE, N. P. L.; SAMPAIO, J. M. S. Avaliação sobre a participação de cirurgiões-dentistas em equipes de assistência ao paciente. Acta sci., Health sci., Maringá, v. 31, n. 2, pp. 153-157, 2009. AULA DE ANATOMIA. Posição anatômica. Rio Grande do Sul, 2001. Disponível em: https:// www.auladeanatomia.com/novosite/generalidades/posicao-anatomica. Acesso em: 15 jun. 2019. BARROS, F. C.; VICTORIA, C. G. Maternal-child health in Pelotas, Rio Grande do Sul State, Brazil: major conclusions from comparisons of the 1982, 1993, and 2004 birth cohorts. Cad. 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