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IANI SOARES LUZ XIII MED EXAME NEUROLÓGICO E AVC 1. Acidente vascular cerebral ou encefálico (AVC ou AVE) - Surgimento de um déficit neurológico súbito devido à interrupção do fluxo sanguíneo no SNC. Início súbito; • Déficit neurológico focal. - Caracteriza a 2ª causa de morte e a principal causa de incapacidade do adulto no mundo. - Classificação: • Isquêmico (80% dos casos): Episódio de disfunção neurológica causada por estenose ou oclusão vascular que resulta em infarto focal no cérebro, na medula espinal ou na retina sem um território vascular específico. • Hemorrágico (20% dos casos): Sangramento abrupto no encéfalo em razão da ruptura de um vaso sanguíneo. - Fatores de risco: • Não modificáveis: ◦ Idade: Incidência de AVC dobra a cada 10 anos; ◦ Sexo masculino: Homens são afetados 1,2x a mais que mulheres; ◦ Raça/etnia negra; ◦ Hereditariedade. Modificáveis: ◦ HAS; ◦ Tabagismo; ◦ Sedentarismo; ◦ Dislipidemia; ◦ Diabetes; ◦ Abuso de álcool; ◦ Obesidade. - Quadro clínico: • AVC isquêmico: • AVC hemorrágico: ◦ Rebaixamento do nível de consciência mais rápido; ◦ Cefaleia de forte intensidade; ◦ Alteração do nível de consciência; ◦ Náuseas ou vômitos. - “Time is brain” (tempo é cérebro): Um AVCs de grandes vasos desencadeia a morte de cerca de 1,9 milhão de neurônios perdidos/minuto, o equivalente a envelhecer 36 anos. Exame físico neurológico - Avalia funções corticais superiores, nervoscranianos, função motora, reflexos, função sensitiva, coordenação/equilíbrio e marcha. Sistema motor - Ao avaliar o sistema motor, enfoque a posição do corpo, movimentos involuntários, características dos músculos (volume, tônus e força) e coordenação. - Posição do corpo: Observe a posição do corpo do paciente durante o movimento e em repouso. • Posições anormais alertam para condições como monoparesia ou hemiparesia decorrente de AVC. • Pacientes com doença de Parkinson podem apresentar um tremor lento, de “rolar pílula” em repouso. IANI SOARES LUZ XIII MED - Movimentos involuntários: Preste atenção a movimentos involuntários como tremores, tiques, coreia ou fasciculações. • A observação de sua localização, característica, frequência, ritmo e amplitude pode ajudar a caracterizar o tipo de movimento. Observe sua relação com a postura, atividade, fadiga, emoções e distração. • Atrofia: Sinal de patologia do neurônio motor inferior e pode ser observada em doenças do neurônio motor, doenças que afetem as raízes nervosas que saem da medula espinal (radiculopatia) ou neuropatia periférica. - Volume muscular: Inspecione o tamanho e os contornos dos músculos. • Os músculos parecem planos ou côncavos, sugerindo perda do volume muscular decorrente de atrofia ou perda de massa? Nesse caso, o processo é unilateral ou bilateral? Proximal ou distal? • A formação de um sulco entre os ossos metacarpais e a retificação das eminências tenar e hipotenar sugerem atrofia. • Hipertrofia: Aumento do volume muscular com força normal ou aumentada. OBS: Pesquisa de atrofia: Preste atenção em particular às mãos, aos ombros, às coxas e às panturrilhas. Os espaços entre os ossos metacarpais, onde ficam situados os músculos interósseos dorsais, devem estar cheios ou apenas discretamente deprimidos. • Atrofia leve dos músculos da mão ocorre no envelhecimento normal. • Pesquise fasciculações, outro sinal de patologia do neurônio motor inferior, em músculos atrofiados. Ausência de atrofia | Atrofia interóssea - Tônus muscular: Discreta tensão residual quando um músculo normal com um suprimento nervoso intacto é relaxado voluntariamente. Avaliado mais facilmente ao sentir a resistência do músculo ao estiramento passivo. • MMSS: Incentive o paciente a relaxar. Segure uma das mãos com a sua e, enquanto apoia o cotovelo, flexione e estenda os dedos, punhos e cotovelos do paciente, e aplique uma amplitude do movimento moderada ao ombro. ◦ Em cada lado, observe o tônus muscular (a resistência oferecida a seus movimentos). ◦ Se você suspeitar de diminuição da resistência, segure o antebraço e chacoalhe a mão solta para frente e para trás. Em condições normais, a mão move-se livremente para frente e para trás, mas não fica completamente flácida. ◦ Pesquise qualquer contração espasmódica na resistência. • MMII: Apoie a coxa do paciente com uma das mãos, segure o pé com a outra e, então, flexione e estenda o joelho e o tornozelo do paciente em cada lado. ◦ Observe a resistência à movimentação do membro. IANI SOARES LUZ XIII MED • Anormalidades: ◦ Hipotonia ou flacidez muscular: Relaxamento acentuado, em geral, decorrente de um distúrbio do sistema motor periférico. ◦ Espasticidade: Aumento do tônus dependente da velocidade, que piora nos extremos da amplitude do movimento. ▪ A resistência aumenta com movimentos mais rápidos. ◦ Rigidez: Aumento do tônus, que permanece igual durante toda a amplitude do movimento e não é dependente da velocidade. ▪ Observada em distúrbios centrais que afetam os núcleos da base, como a doença de Parkinson. Teste do desvio pronador: Solicite que o paciente sustente os 2 braços retos, esticados para frente, com as palmas para cima. ◦ Desvio pronador: Quando um antebraço e a palma da mão ficam voltados para dentro e para baixo. ▪ Sensível e específico para uma lesão do trato corticospinal no hemisfério contralateral. ▪ Um desvio do braço para baixo com flexão dos dedos e cotovelo também pode ser observado. ▪ Na perda da propriocepção, os braços exibem um desvio para o lado ou para cima, às vezes com movimentos contorcidos das mãos. ▪ Na incoordenação cerebelar, o braço sobe além da posição original e, então, volta. ◦ Em seguida, oriente o paciente a manter os braços abertos e os olhos fechados, e empurre os braços rapidamente para baixo. Os braços normalmente retornam à posição horizontal sem interrupções. - Força muscular: A força normal varia muito, por isso seu padrão de normalidade deve considerar fatores como idade, sexo e treinamento muscular. - • O lado dominante do paciente costuma ser discretamente mais forte que o lado não dominante, embora possa ser difícil detectar as diferenças. • Classificação da força (0 a 5): • Teste a força muscular pedindo que o paciente resista ativamente a seu movimento. ◦ Não se esqueça de isolar o grupo muscular que pretende testar. • Teste a abdução do ombro (C5, C6 – deltoide): Peça que o paciente levante o braço do lado do corpo até o nível do ombro. Em seguida, empurre a parte superior do braço do paciente para baixo com firmeza, com o ombro abduzido. IANI SOARES LUZ XIII MED ◦ Os 2 braços podem ser testados ao mesmo tempo para ajudar na comparação entre os lados. • Teste a flexão (C5, C6 – bíceps e braquiorradial) e a extensão (C6, C7, C8 – tríceps) do cotovelo: Peça que o paciente faça movimentos de puxar e empurrar contra sua mão. • Teste a extensão do punho (C6, C7, C8, nervo radial – extensor radial longo do carpo e extensor radial curto do carpo, extensor ulnar do carpo): Peça que o paciente feche o punho e ofereça resistência enquanto você pressiona para baixo. Ou peça que o paciente estenda os antebraços com os dedos retos e as palmas das mãos para cima e, então, empurre as palmas para baixo. • Teste a extensão do dedo (C7, C8, nervo radial – extensor dos dedos): Segure o antebraço ou a palma da mão do paciente com uma das mãos. Use os dedos de sua outra mão para empurrar para baixo os dedos esticados do paciente. • Teste aabdução do dedo (C8, T1, nervo ulnar – 1º interósseo dorsal e abdutor do dedo mínimo): Posicionar a mão do paciente com a palma para baixo ou de lado, com os dedos abertos. Oriente o paciente a não deixar que você mova qualquer dedo enquanto tenta uni-los à força. • Teste a abdução do polegar (C8, T1, nervo mediano – abdutor curto do polegar): Coloque o antebraço em uma posição de supinação completa. Peça que o paciente aponte o polegar reto para cima, na direção do dedo. Tente empurrar o polegar para baixo, na direção da palma da mão. IANI SOARES LUZ XIII MED • Teste a flexão do quadril (L2, L3, L4 – iliopsoas): Com o paciente sentado ou em decúbito dorsal, coloque sua mão sobre a região média da coxa do paciente e peça que ele levante a perna contra sua mão. • Teste a adução dos quadris (L2, L3, L4 – adutores): Coloque suas mãos com firmeza no leito, entre os joelhos do paciente. Peça que o paciente aproxime as 2 pernas. • Teste a abdução dos quadris (L4, L5, S1 – glúteo médio e mínimo): Coloque suas mãos com firmeza na superfície externa dos joelhos do paciente. Peça que o paciente afaste as 2 pernas contra suas mãos. ◦ Para testar contra a gravidade, faça o paciente deitar-se de lado e levantar a perna localizada acima. • Teste a extensão dos quadris (S1 – glúteo máximo): Faça o paciente deitar- se de bruços e levantar a perna da cama. Empurre para baixo na superfície posterior da coxa. • Teste a extensão do joelho (L2, L3, L4 – quadríceps): Com o paciente em decúbito dorsal, apoie o joelho em flexão e peça ao paciente para estender a perna contra sua mão. ◦ Essa manobra também pode ser realizada com o paciente sentado. • Teste a flexão do joelho (L5, S1, S2 – músculos isquiotibiais): Com o paciente em decúbito dorsal, posicione a perna do paciente de modo que o joelho fique flexionado, com o pé repousando no leito. Solicite que o paciente mantenha o pé abaixado enquanto você tenta esticar a perna. • Teste a dorsiflexão do pé (L4, L5 – tibial anterior) e flexão plantar (S1 – gastrocnêmio, sóleo): No tornozelo pedindo que o paciente puxe para cima e empurre para baixo contra sua mão. ◦ Andar sobre os calcanhares e nas pontas dos pés também avalia a dorsiflexão do pé e a flexão plantar, respectivamente. OBS: Conceitos importantes: • Paresia: Comprometimento da força ou fraqueza; ◦ Hemiparesia: Fraqueza em um lado do corpo. • Paralisia/plegia: Ausência de força. IANI SOARES LUZ XIII MED Hemiplegia: Paralisia de um lado do corpo; ◦ Paraplegia: Paralisia das pernas; ◦ Quadriplegia: Paralisia dos 4 membros. OBS: Provas deficitárias: • Prova de Mingazzini: Utilizada para identificar paresia nos MMII . Pede-se ao paciente fique em decúbito dorsal, com as coxas dispostas verticalmente e fletidas sobre a bacia, em ângulo de 90° e as pernas também fletidas sobre as coxas em ângulo reto. Normalmente, o indivíduo mantém essa posição, sem dificuldade, durante algum tempo (teste negativo). O teste é positivo quando, ao mandar o doente elevar em paralelo os MMII, o membro afetado cai; • Prova de Barré: Paciente em decúbito ventral, com pernas fletidas sobre as coxas, em ângulo reto. Esta posição, em situações de normalidade, é mantida por alguns minutos sem maior esforço. Caso haja deficit dos músculos flexores das pernas, o paciente não consegue manter a posição por muito tempo e há a queda deste segmento; • Prova dos braços estendidos: Paciente sentado ou em pé mantém os MMSS estendidos para frente no plano horizontal, com os dedos afastados entre si. Essa posição deve ser mantida por 2 minutos e permite constatar déficits distais, proximais ou globais; • Manobra de Raimiste: Paciente em decúbito dorsal, antebraços fletidos a 90°, mãos estendidas e dedos separados deve manter a posição por 1 min. Avalia a força dos músculos dos MMSS. Em caso de déficit motor, a mão e o antebraço do lado comprometido caem sobre o tronco de modo rápido ou lento. • Prova da queda do MMII em abdução: Paciente em decúbito dorsal, as pernas são fletidas sobre as coxas, mantendo- se o apoio plantar bilateral sobre o leito, de tal sorte que os MMII formem com o tronco um ângulo reto. Em caso de déficit motor em um dos lados, surge queda do membro em abdução, de maneira progressiva ou imediata. Identifica déficit de força da musculatura adutora e de psoas. - Coordenação: Junção dos sistemas motor, vestibular e sensorial. • Ataxia: Perda de controle de movimentos voluntários coordenados. • Movimentos rápidos alternados: IANI SOARES LUZ XIII MED ◦ Braços: Mostre ao paciente como bater uma das mãos na coxa, levantar a mão, virá-la e bater no mesmo local com o dorso da mão. Solicite que o paciente repita esses movimentos alternados o mais rápido possível. ▪ Observe a velocidade, o ritmo e a continuidade dos movimentos. ▪ Repita com a outra mão. ▪ Disdiadococinesia: Na doença cerebelar, em vez de alternados com rapidez, esses movimentos são lentos, irregulares e desajeitados. ◦ Polegar: Mostre ao paciente como bater na articulação distal do polegar com a ponta do dedo indicador, novamente o mais rápido possível. Pernas: Peça que o paciente encoste alternadamente a porção acolchoada da planta de cada pé em sua mão ou no chão, o mais rápido possível. ▪ Observe qualquer lentidão ou incoordenação. Movimentos de ponto a ponto: ◦ Teste dedo-nariz (índex-nariz): Peça que o paciente toque seu dedo indicador e, então, o próprio nariz alternadamente várias vezes. Mova seu dedo para que o paciente precise mudar a direção e estender totalmente o braço para alcançar seu dedo. ▪ Dismetria: Dedo do paciente não atinge ou ultrapassa seu dedo. ◦ Teste calcanhar-canela: Com o paciente em decúbito dorsal, peça que ele coloque um calcanhar no joelho oposto, descendo-o então pela canela até o hálux. ▪ Observe a continuidade e a precisão desse movimento. Marcha: Peça ao paciente que: ◦ Levante-se de uma posição sentada sem usar os braços como impulso; ◦ Atravesse a sala ou ande em um corredor, vire e retorne; ◦ Caminhe em linha reta, encostando os dedos do pé no calcanhar (marcha em tandem); ◦ Caminhe nas pontas dos pés e, em seguida, sobre os calcanhares. ◦ Teste de Romberg: Inicialmente, o paciente deve ficar em pé com os pés juntos e olhos abertos e então fechar os olhos por cerca de 30 seg sem apoio. ▪ Observe se o paciente é capaz de manter uma postura ereta. SISTEMA SENSORIAL - Sensibilidade superficial: Sensibilidades táteis, térmicas e dolorosas. • Sensibilidade tátil: Utiliza-se o pedaço de algodão ou o pequeno pincel macio, os quais são roçados de leve em várias partes do corpo. Peça que o paciente responda quando sentir o toque. ◦ Anestesia: Ausência de sensibilidade do tato; ◦ Hipoestesia: Diminuição da sensibilidade ao tato; ◦ Hiperestesia: Aumento da sensibilidade. IANI SOARES LUZ XIII MED • Sensibilidade térmica: Requer 2 tubos de ensaio, um com água gelada e outro com água quente, com que se tocam pontos diversos do corpo, alternando-se os tubos. • Sensibilidade dolorosa superficial: Use a porção pontiaguda de uma haste de algodão quebrada ou outra ferramenta adequada. Em alguns momentos, substitua a ponta pela extremidade arredondada. Pergunte ao paciente: “É pontiagudo ou arredondado?”. ◦ Analgesia: Ausência de sensibilidade dolorosa; ◦ Hipalgesia: Diminuição da sensibilidade à dor; ◦ Hiperalgesia: Aumento da sensibilidade dolorosa. - Sensibilidade profunda: Sensibilidades vibratória,pressórica, cinético- postural e dolorosa. • Sensibilidade vibratória (palestesia): Pesquisada com o diapasão de 128 vibrações por segundo (Hz). Bata as hastes na palma da sua mão e coloque a base com firmeza sobre saliências ósseas. ◦ Comece pela articulação interfalângica distal de um dos dedos da mão do paciente, articulação interfalângica do hálux e proeminências ósseas mais proximais (punho, cotovelo, maléolo medial, canela, patela, espinha ilíaca anterossuperior e clavículas). ◦ Se não tiver certeza se o paciente está sentindo a pressão ou a vibração, peça que ele informe quando a vibração parar. ◦ A percepção vibratória é a primeira a ser perdida em uma neuropatia periférica. • Sensibilidade à pressão (barestesia): Verificada mediante compressão digital ou manual em qualquer parte do corpo, especialmente, de massas musculares. • Sensibilidade cinético-postural ou propiocepção (batiestesia): Explorada deslocando-se suavemente qualquer segmento do corpo em várias direções (flexão, extensão). Em dado momento, fixase o segmento em uma determinada posição, que deverá ser reconhecida pelo paciente (“para cima” ou “para baixo”). Para facilitar o exame, elegem-se algumas partes do corpo, como o hálux, o polegar, o pé ou a mão. ◦ A perda da percepção vibratória é observada na sífilis terciária, esclerose múltipla ou deficiência de vitamina B12 com uma lesão da coluna posterior e na neuropatia diabética. • Sensibilidade dolorosa profunda: Compressão moderada de massas musculares e tendões, o que, normalmente, não desperta dor. ◦ Se o paciente acusar dor, é sinal de que há neurites e miosites. ◦ De modo contrário, os pacientes com tabes dorsalis não sentem dor quando se faz compressão, mesmo forte, de órgãos habitualmente muito dolorosos, como é o caso dos testículos. IANI SOARES LUZ XIII MED - Sensações discriminativas: Técnicas que testam a capacidade do córtex sensorial de correlacionar, analisar e interpretar as sensações. Os olhos do paciente devem permanecer fechados durante todos esses testes. • Estereognosia: Capacidade de identificar um objeto pelo tato. Coloque um objeto familiar na mão do paciente, como uma moeda, um grampo de papel, uma chave, um lápis ou um chumaço de algodão, e peça que o paciente diga o que é. Em condições normais, o paciente manipula o objeto com destreza e consegue identificálo corretamente dentro de 5 seg. ◦ Astereognosia: Incapacidade de reconhecer objetos colocados na mão. • Identificação de número (grafestesia): Com a ponta arredondada de um lápis ou uma caneta, desenhe um grande número na palma da mão do paciente. Normalmente, uma pessoa consegue identificar a maioria desses números. • Localização de ponto: Toque um ponto na pele do paciente por um breve momento. Em seguida, peça que o paciente abra os 2 olhos e aponte o local que foi tocado. Em condições normais, a pessoa consegue fazer isso corretamente. • Extinção: Toque cada braço individualmente e depois toque áreas correspondentes nos 2 braços, ao mesmo tempo. Pergunte onde o paciente sente seu toque em cada estímulo. Normalmente, os 2 estímulos são percebidos. ◦ A face e as pernas também podem ser testadas da mesma maneira. - Dermátomos: Faixa de pele inervada pela raiz sensitiva de um único nervo espinal. IANI SOARES LUZ XIII MED Reflexos Reflexos de estiramento muscular - A estimulação dos reflexos de estiramento muscular requer o manuseio especial do martelo de reflexo. - Classificação dos reflexos (0 a 4): OBS: Hiper-reflexia e hiporreflexia: • Reflexos hiperativos (hiper- reflexia): Ocorrem em lesões do SNC que afetam o trato corticospinal descendente. ◦ A chados associados relacionados ao neurônio motor superior (fraqueza, espasticidade e/ou a sinal de Babinski positivo). • Reflexos hipoativos ou ausentes (hiporreflexia): Ocorrem em lesões do SNP que afetem as raízes dos nervos espinais, o plexo braquial ou lombossacral ou os nervos periféricos. ◦ A chados associados relacionados ao neurônio motor inferior (fraqueza, atrofia e/ou fasciculações). - Técnica de reforço: Se um reflexo parecer diminuído ou ausente, use um reforço, uma técnica que envolve a contração isométrica de outros músculos por até 10 seg e pode aumentar a atividade reflexa. Se houver necessidade de reforço para obter um reflexo, classifique a resposta como “1”. • Para reforçar os reflexos do braço, peça ao paciente para ranger os dentes ou apertar os 2 joelhos um contra o outro. Se os reflexos da perna estiverem diminuídos ou ausentes, peça que o paciente feche os dedos e puxe as mãos em sentidos opostos contra a outra. - Reflexo bicipital (C5, C6): O cotovelo do paciente deve estar parcialmente flexionado, com o antebraço em pronação e as palmas para baixo. Coloque seu polegar ou outro dedo com firmeza sobre o tendão do bíceps. Aplique o golpe com o martelo de reflexo diretamente pelo seu dedo, na direção do tendão do bíceps. - Reflexo tricipital (C6, C7): O paciente pode estar sentado ou em decúbito dorsal. Flexione o braço do paciente no nível do cotovelo, com a palma da mão voltada para o corpo, e empurre-o discretamente na direção do tórax. Atinja o tendão do tríceps com um golpe direto atrás e logo acima do cotovelo. Observe a contração do músculo tríceps e a extensão do cotovelo. IANI SOARES LUZ XIII MED - Reflexo braquiorradial (C5, C6): A mão do paciente deve repousar no abdome ou no colo, com o antebraço em pronação parcial. Atinja o rádio com a extremidade pontiaguda ou plana do martelo de reflexo, cerca de 5 a 10 cm acima do punho. Observe a flexão do cotovelo e a supinação do antebraço. - Reflexo do quadríceps (patelar) (L2, L3, L4): O paciente pode estar sentado ou deitado, desde que o joelho esteja flexionado. Golpeie o ligamento da patela com energia, logo abaixo da patela. Observe a contração do quadríceps com extensão do joelho. • O posicionamento de sua mão na coxa do paciente permite que você sinta esse reflexo. - Reflexo aquileu (tornozelo) (S1): Se o paciente estiver sentado, efetuar uma dorsiflexão parcial do pé no tornozelo. Golpeie o tendão do calcâneo e observe e palpe a flexão plantar no tornozelo. Observe também a velocidade do relaxamento após a contração muscular. A fase de relaxamento mais lenta dos reflexos no hipotireoidismo muitas vezes é detectada com mais facilidade durante o reflexo aquileu. - Clônus: Se os reflexos parecerem hiperativos, pesquisar clônus no tornozelo. Apoie o joelho em uma posição de flexão parcial. Com a outra mão, efetue a dorsiflexão e a flexão plantar do pé algumas vezes enquanto encoraja o paciente a relaxar e, então, efetue uma dorsiflexão súbita do pé, mantendo-o em dorsiflexão. Procure e palpe oscilações rítmicas entre a dorsiflexão e a flexão plantar. • Em condições normais, o tornozelo não reage a esse estímulo e permanece em dorsiflexão. • Pode haver alguns batimentos clônicos se o paciente estiver tenso ou tiver se exercitado. • Um clônus mantido indica uma doença do SNC que afeta o trato corticospinal. 2.3.2. Reflexos de estimulação cutânea ou superficial - Reflexos abdominais: Teste os reflexos abdominais tocando cada lado do abdome com leveza, mas de modo vigoroso, acima e abaixo do umbigo nas direções ilustradas. Use uma chave, a extremidade de madeira de um aplicador com ponta de algodão ou o cabo do seu martelo de reflexo. IANI SOARES LUZ XIII MED Observe a contração dos músculos abdominaise o movimento do umbigo na direção do estímulo. - Resposta plantar/cutâneo-plantar: Usando uma chave ou a extremidade de madeira de um aplicador, percorra a superfície lateral da sola do pé, do calcanhar até a porção metatarsal, terminando em uma curva que cruze o metatarso. Observe com atenção o movimento do hálux, normalmente em flexão plantar. A dorsiflexão do hálux (extensão do hálux) constitui uma resposta de Babinski positiva, originada de uma lesão no SNC que afeta o trato corticospinal. Resposta plantar Babinski positivo - Reflexo anal (anocutâneo): Usando a extremidade quebrada de um aplicador, toque levemente o ânus nos 2 lados . Observe a contração reflexa do músculo esfíncter externo do ânus. IANI SOARES LUZ XIII MED Nervos cranianos - Nervo Olfatório (NC I); - Nervo Óptico (NC II); - Nervo Oculomotor (NC III); - Nervo Troclear (NC IV); - Nervo Trigêmeo (NC V); - Nervo Abducente (NC VI); - Nervo Facial (NC VII); - Nervo Vestibulococlear (NC VIII); - Nervo Glossofaríngeo (NC IX); - Nervo Vago (NC X); - Nervo Acessório (NC XI); - Nervo Hipoglosso (NC XII). - Os 12 nervos cranianos têm origem no tronco encefálico ou se dirigem para ele. • Com exceção dos 2 primeiros (nervo olfatório e nervo óptico), que, por sinal, não têm características morfológicas de nervo, e sim de tecido cerebral e do ramo externo do XI, cuja origem se encontra na medula cervical. 2.1. Nervo olfatório (I) - Teste o sentido do olfato apresentando ao paciente odores familiares e não irritantes. • As impressões olfatórias são recolhidas pelos receptores da mucosa nasal e conduzidas aos centros corticais da olfação, situados nos hipocampos, após atravessarem os 2 lobos frontais. - Técnica: • Inicialmente, verifique se cada passagem nasal está patente, comprimindo um lado do nariz e pedindo que o paciente respire pela outra. • Em seguida, peça que o paciente feche os 2 olhos. • Examinar primeiro o lado com suspeita de anormalidade. • Oclua uma narina e teste o olfato na outra com substâncias como café, sabonete ou baunilha. ◦ Evite odores desagradáveis como amônia, que podem estimular o NC V (nervo trigêmeo). ◦ As vias nasais são ricamente supridas por terminações nervosas livres do NC V, que respondem a muitas substâncias. • Peça que o paciente identifique cada odor. • Teste o olfato do outro lado. ◦ Normalmente, o paciente percebe os odores em cada lado e consegue identificá-los corretamente. - Perda do olfato ocorre em condições sinusais,TCE, tabagismo, envelhecimento, uso de cocaína e doença de Parkinson. OBS: Antes do exame, afastar as condições que impeçam o reconhecimento do odor (resfriado comum, atrofia de mucosa), as alterações deficitárias (hiposmia e anosmia) ganham maior significado clínico, pois dependem de distúrbios neurológicos, como sífilis nervosa, fratura do andar anterior da base do crânio e neoplasia da goteira olfatória. IANI SOARES LUZ XIII MED - Alterações da olfação por lesões corticais: • Parosmia: Perversão do olfato (percepção alterada do olfato que leva a modificação de determinados cheiros); • Alucinações olfatórias; • Cacosmia: Sensação olfatória desagradável constante na ausência de qualquer substância capaz de originar odor; • Anosmia: Perda parcial ou total do olfato. 2.2. Nervos oculomotor, troclear e abducente (III, IV e VI) - Esses 3 nervos são examinados em conjunto, poisinervam os vários músculos que têm por função a motilidade dos globos oculares. • Músculos inervados pelo nervo oculomotor: Reto medial, reto superior, reto inferior e oblíquo inferior. Além da musculatura elevadora da pálpebra; ◦ Movimentos “para dentro”, para cima e para baixo. • Músculos inervados pelo nervo troclear: Oblíquo superior; • Músculos inervados pelo nervo abducente: Reto lateral. ◦ Movimento “para fora” do globo ocular. - Motilidade extrínseca: Teste os movimentos extraoculares nas 6 direções cardinais do olhar e pesquise uma perda dos movimentos conjugados em qualquer uma das seis direções. • Estrabismo: Predomínio de um músculo ocular (por paresia ou paralisia de seu antagonista). ◦ Ocorre o que se chama (desvio do olho de seu eixo normal), que pode ser horizontal (convergente ou divergente) ou vertical (superior ou inferior), e isso vai depender se o desvio é em uma ou em outra direção. • O exame é feito em cada olho separadamente e, depois, simultaneamente, da seguinte maneira: ◦ Estando o paciente com a cabeça imóvel, o examinador solicita a ele que desloque os olhos nos sentidos horizontal e vertical. ◦ No exame simultâneo, acrescenta-se a prova da convergência ocular (aproximando gradativamente um objeto dos olhos do paciente). - Pesquisa de diplopia (percepção de 2 imagens de um único objeto): Pergunte aos pacientes se apresentam diplopia durante o teste. • Pergunte qual direção do olhar piora a diplopia e inspecione os olhos com atenção para detectar um desvio assimétrico do movimento. • Determine se a diplopia é monocular ou binocular pedindo que o paciente cubra um dos olhos, e depois o outro. ◦ Diplopia monocular (olhar não conjugado): Encontrada em problemas com óculos ou lentes de contato ou em problemas oculares, como catarata ou astigmatismo; ◦ Diplopia binocular: Ocorre em neuropatias do NC III, IV e/ou VI (40% dos pacientes), oftalmoplegia internuclear, miastenia gravis e distúrbios dos músculos oculares, incluindo trauma e oftalmopatia tireóidea. - Pesquisa de nistagmo (movimento espasmódico involuntário dos olhos com componentes rápido e lento): Observe a direção do olhar em que ele aparece, o plano IANI SOARES LUZ XIII MED do nistagmo (horizontal, vertical, rotatório ou misto) e a direção dos componentes rápido e lento. • A nomenclatura do nistagmo é baseada na direção do componente rápido (p. ex., nistagmo de batimento à esquerda). • Peça que o paciente fixe a visão em um objeto distante e observe se o nistagmo aumenta ou diminui. • Observado na doença cerebelar (aumenta com a fixação retiniana, pode ser acompanhado por ataxia e disartria), distúrbios vestibulares (diminui com a fixação retiniana) e oftalmoplegia internuclear. - Pesquise ptose (queda das pálpebras superiores): Observando em que ponto do olho a pálpebra desce em relação à íris e à pupila. • Uma discreta diferença na amplitude das fissuras palpebrais constitui uma variação do normal. • A ptose é observada na paralisia do nervo oculomotor (NC III), na síndrome de Horner (ptose, miose, anidrose na testa) ou na miastenia gravis. - Motilidade intrínseca: Dinamicamente, a pupila é examinada por meio de um feixe luminoso e pela convergência ocular. Em ambiente de pouca luminosidade, o paciente deve olhar para um ponto mais distante. O examinador incide o feixe de luz em uma pupila e observa a resposta nos 2 lados. - Chama-se reflexo fotomotor direto a contração da pupila na qual se fez o estímulo, e de reflexo fotomotor consensual a contração da pupila oposta. • Discoria: Irregularidade do contorno pupilar; • Midríase: Diâmetro pupilar se acha aumentado (dilatado) excessivamente; • Miose: Diâmetro pupilar se acha diminuído (contraído) excessivamente; • Isocoria: Igualdade de diâmetros das 2 pupilas; • Anisocoria: Desigualdade de diâmetros das 2 pupilas. 2.3. Nervo trigêmeo (V) - Raiz motora (nervo mastigador): Inerva os músculos destinados à mastigação (temporal, masseter e pterigóideos). • Pedir ao pacientepara abrir a boca; • Durante a palpação dos músculos temporal e masseter, peça ao paciente que cerre com firmeza a mandíbula. ◦ Observe a força da contração muscular. • A seguir, peça ao paciente para abrir e mover a mandíbula, primeiro para a direita e depois para a esquerda; ◦ Abertura da boca promove desvio da mandíbula para o lado da lesão e, ao trincar os dentes, nota-se debilidade do lado paralisado; ◦ Observar se há dificuldade do movimento de lateralização da mandíbula. IANI SOARES LUZ XIII MED OBS: Os padrões de AVC no SNC incluem perda sensorial ipsilateral na face e corpo em decorrência de lesões corticais ou talâmicas contralaterais e perda sensorial ipsilateral na face, mas contralateral no corpo, em lesões do tronco encefálico. - Raízes sensitivas (nervos oftálmico, maxilar e mandibular): Responsabilizam- se pela sensibilidade geral da metade anterior do segmento cefálico. • Verifique a sensibilidade superficial (dolorosa, tátil e térmica) na testa, nas regiões malares (parte superior as maçãs do rosto) e na mandíbula (bilateralmente). • Olhos do paciente devem estar fechados e peça que o ele responda sempre que você tocar a pele. • Pesquisa da sensibilidade corneana (reflexo corneano): Mecha de algodão que toca suavemente entre a esclera e a córnea. O paciente deve estar com os olhos virados para o lado oposto, a fim de perceber o menos possível a prova. A resposta normal é a contração do orbicular das pálpebras, daí a denominação de reflexo córneopalpebral. - Alterações do trigêmeo podem ser consequênciade herpes-zóster, traumatismo e neoplasias. OBS: Neuralgia/nevralgia do trigêmeo ou Trigeminalgia: Quando a raiz nervosa está comprometida e o paciente vai referir dor, limitada à área correspondente à distribuição do nervo trigêmeo. 2.4. Nervo facial (VII) - Do ponto de vista semiológico, interessa a partemotora do nervo facial, a qual se divide anatomoclinicamente em 2 ramos: temporofacial e cervicofacial, os quais se distribuem para a musculatura da mímica facial. - Inspecione a face em repouso e durante aconversa com o paciente. • Observe qualquer assimetria, com frequência visível nos sulcos nasolabiais, e procurar tiques ou outros movimentos anormais. - Técnica: Peça ao paciente para: • Levantar as 2 sobrancelhas; • Franzir a testa; • Fechar os 2 olhos com força para que você não consiga abri-los; ◦ Teste a força muscular tentando abrir os olhos do paciente. • Mostrar os dentes das arcadas superior e inferior; • Sorrir ou assobiar; ◦ Na paralisia facial unilateral, a boca desce no lado paralisado quando o paciente sorri ou faz uma careta. • Inflar as 2 bochechas; • Contrair o platisma ou músculo cutilar do pescoço. IANI SOARES LUZ XIII MED Tipos de paralisia facial: • Paralisia periférica: Lesão periférica do NC VII (nervo facial), em qualquer ponto de sua origem na ponte até a periferia na face; ◦ Ex: Paralisia de Bell. ◦ Quadro clínico: Toda a hemiface homolateral é comprometida. • Paralisia central: Lesão central envolvendo o sistema do neurônio motor superior entre o córtex e a ponte. Ocorre paralisia devido a lesão da via corticonuclear (piramidal) ou feixe geniculado. ◦ Ex: AVC/AVE, neoplasias cerebrais. ◦ Quadro clínico: Somente a metade inferior da face contralateral se mostra alterada. Nervo vestibulococlear (VIII) - Constituído por 2 raízes: a coclear, incumbida da audição, e a vestibular, responsável pelo equilíbrio. - Avaliação da raiz coclear: • Diminuição gradativa da intensidade da voz natural; • Voz cochichada; • Atrito suave das polpas digitais próximo à orelha; • Prova de Rinne: Aplicar o diapasão na região mastoide (atrás da orelha). Quando o paciente deixar de ouvir a vibração, colocase o aparelho próximo ao conduto auditivo. Em condições normais, o paciente acusa a percepção do som (Rinne positivo). ◦ Transmissão óssea mais prolongada que a aérea (Rinne negativo) significa deficiência auditiva de condução. • Prova de Weber: O diapasão é colocado no topo do crânio do paciente (em igual distância das orelhas). O paciente é questionado a dizer em qual orelha o som é escultado com mais intensidade. ◦ Problemas na condução: Ouvido lesado ouve melhor; ◦ Problemas neurossensoriais: Ouvido saudável ouve melhor. • Afastadas as causas de diminuição ou a abolição da acuidade por transmissão aérea (tamponamento por cerume, otosclerose), as causas mais comuns de lesão da raiz coclear são a rubéola, o neurinoma no nervo acústico, a fratura do rochedo, a intoxicação medicamentosa e a síndrome de Ménière. O BS: IANI SOARES LUZ XIII MED - Avaliação da raiz vestibular: Inicia-se pela pela anamnese, quando se reconhece queixas como estado vertiginoso, náuseas, vômitos e desequilíbrio. Compreende, também, a pesquisa de nistagmo, desvio lateral durante a marcha, desvio postural, sinal de Romberg e provas calórica e rotatória. • Quando há desvio postural durante a marcha, observa-se lateropulsão (queda) para o lado da lesão. • Sinal de Romberg: Solicita-se ao paciente ficar na posição vertical, com os pés juntos, olhando para frente. Nessa postura, ele deve permanecer alguns segundos. Em seguida, ordena- se a ele que feche as pálpebras. ◦ Prova de Romberg negativa: No indivíduo normal, nada se observa, ou apenas ligeiras oscilações do corpo são notadas. ◦ Prova de Romberg positiva: Na vigência de determinadas alterações neurológicas (labirintopatias, tabes dorsalis, degeneração combinada subaguda e polineuropatia periférica), ao cerrar as pálpebras, o paciente apresenta oscilações do corpo, com desequilíbrio e forte tendência à queda. A tendência para a queda pode ser: ▪ Para qualquer lado e imediatamente após interromper a visão, indicando lesão das vias de sensibilidade proprioceptiva consciente; ▪ Sempre para o mesmo lado, após transcorrer pequeno período de latência, traduzindo lesão do aparelho vestibular. • Provas calórica e rotatória: Realizadas em gabinete de neurootologia, pois requerem equipamento especializado. Pelo estímulo dos labirintos com água quente e fria (prova calórica) e uma cadeira giratória (prova rotatória), é possível diagnosticar comprometimento do nervo vestibular e de suas vias. Nervo glossofaríngeo (IX) e vago (X) - Ouça a voz do paciente. • É rouca ou tem uma característica anasalada? • Há dificuldade na deglutição? ◦ Dificuldade de deglutição sugere fraqueza da faringe ou palato. - Peça ao paciente para dizer “ah” ou bocejar enquanto você observa os movimentos do palato mole e da faringe. • Em condições normais, o palato mole apresenta uma elevação simétrica, a úvula permanece na linha média e cada lado da porção posterior da faringe move-se medialmente, como uma cortina. • Uma úvula discretamente curva, observada em algumas ocasiões como uma variação normal, não deve ser confundida com um desvio da úvula causado por uma lesão de NC IX ou X. - Reflexo faríngeo/de engasgo - Contração involuntária dos músculos da faringe, provocada ao tocar-se a úvula ou o palato mole. • Evita que algo entre na garganta, exceto como parte da deglutição normal, o que previne o engasgo. - Na lesão unilateral dos IX e X nervos, observam-se: IANI SOARES LUZ XIII MED • Desvio do véu palatino para o lado normal, quando o paciente pronuncia as vogais “a” ou “e”; • Desvio da parede posterior da faringe para o lado normal (sinal da cortina) pela cuidadosa estimulação (reflexo do vômito/engasgo); • Disfagia com regurgitação de líquidos pelo nariz; •Diminuição ou abolição do reflexo velopalatino. Nervo acessório (XI) - Essencialmente motor e inerva os músculos esternocleidomastóideo e a porção superior do trapézio. - • A lesão do acessório por traumatismo, esclerose lateral amiotrófica ou siringomielia tem como consequência atrofia desses músculos, deficiência na elevação do ombro (trapézio) e na rotação da cabeça para o lado oposto (esternocleidomastóideo) do músculo comprometido. - Teste do trapézio: Fique atrás do paciente e verifique se há atrofia ou fasciculações nos músculos trapézios, e compare um lado com o outro. • Fasciculações: Movimentos oscilantes finos e irregulares em pequenos grupos de fibras musculares. • Solicite que o paciente encolha os ombros (movimento para cima) contra a resistência imposta pelas suas mãos. ◦ Verifique, assim, a força e a contração dos músculos trapézios. - Teste do esternocleidomastóideo: Peça ao paciente que gire a cabeça para um lado e para o outro contra a resistência imposta pelas suas mãos. • Observe a contração do músculo esternocleidomastóideo oposto e a força do movimento contra a mão do examinador. Nervo hipoglosso (XII) - Nervo exclusivamente motor, o qual se origina no bulbo e se dirige para os músculos da língua. - Ouça como o paciente articula as palavras. • Essa ação depende dos NCs V, VII, IX e X, assim como do XII. - Inspecione a língua do paciente enquanto ela repousa no assoalho da boca. • Procure atrofia ou fasciculações. • Alguns movimentos grosseiros são normais. - Inspeção com a protrusão da língua do paciente. • Pesquise assimetria, atrofia ou desvio da linha média. • Peça que o paciente mova a língua de um lado para o outro e observe a simetria do movimento. - Em casos duvidosos, peça que o paciente empurre a língua contra a parte interna de cada bochecha alternadamente enquanto você realiza a palpação externa para verificar a força. - Lesões do hipoglosso: • Unilaterais: Observam-se atrofia e fasciculação na metade comprometida. IANI SOARES LUZ XIII MED Às vezes, ocorre disartria para as consoantes linguais. ◦ Ao ser exteriorizada, a ponta da língua se desvia para o lado da lesão. Bilaterais: Há atrofia, fasciculação, paralisia, acentuada disartria e dificuldade para mastigar e deglutir (a língua auxilia esses atos).
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