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Dominação e Resistência

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349Relações de dominação e resistência na sociedade ocidental moderna
História
• Compare as permanências e mudanças entre os fatos apresentados no documento 12 com a re-
alidade em que vivem os pequenos agricultores do Brasil dos séculos XX e XXI. Considere seus res-
pectivos contextos históricos. 
 ATIVIDADE
Nas cidades européias não havia trabalho para todos e, com a che-
gada da industrialização mecanizada na Inglaterra, no século XVIII, a 
situação, que já era ruim para os trabalhadores, piorou ainda mais de-
vido ao processo de substituição da mão-de-obra. 
 Em conseqüência dessa falta de trabalho, da miséria e da explora-
ção, homens e mulheres do campo e da cidade iniciaram sua luta con-
tra os responsáveis pela situação: as classes nobres e burguesas apoia-
das pelo Estado. Camponeses, artesãos e operários deram origem aos 
movimentos sociais contemporâneos, tanto no campo como na cidade, 
onde reivindicavam seus direitos e melhores condições de vida. 
Como exemplo, no final da década de 1780, durante a Revolução 
Francesa, os camponeses franceses se armaram e iniciaram uma gran-
de revolta conhecida com o nome de “O Grande Medo”. Eles invadi-
ram os castelos e queimaram os títulos de propriedade de terra. Du-
rante a revolta, 72 castelos foram incendiados. O medo de perder suas 
terras levou os burgueses a se unirem aos nobres e a organizarem tro-
pas armadas para repreenderem as invasões.
Na Inglaterra, os camponeses expropriados de suas terras pelos 
cercamentos encontraram dificuldades para se adaptar à nova vida. 
Devido às dificuldades, muitos se transformaram em bandidos, saltea-
dores, mendigos. O filósofo e pensador alemão Karl Marx (1818-1883), 
em sua obra O capital (1867), enfatiza que as leis criadas após as ex-
propriações, proibindo a mendicância e a vagabundagem, foram es-
senciais no sentido de disciplinar essa massa e constituiu em impor-
tante elemento para a formação do proletariado. Leia um fragmento da 
obra O capital para que você compreenda este processo.
Documento 13
Movimentos sociais: tenta-
tivas coletivas de promover 
um interesse comum ou de 
assegurar uma meta comum 
por meio de uma ação fora 
da esfera das instituições es-
tabelecidas.
(Adaptado de GIDDENS, 2005, 
n
Documento 14
Depois de serem violentamente expropriados e expulsos de suas terras e convertidos em vagabun-
dos, encaixavam-se os antigos camponeses, através de leis grotescamente terroristas, na disciplina 
exigida pelo sistema de trabalho assalariado. Não é suficiente que as condições de trabalho cristalizem 
num dos pólos como capital e no pólo contrário como homens que não têm nada para vender além de 
sua força de trabalho. Não basta, tampouco, obrigar a estes a vender-se voluntariamente. No transcur-
so da produção capitalista, vai-se formando uma classe trabalhadora que, pela força da educação, da 
tradição, do costume, submete-se às exigências desde regime de produção como se fossem as mais 
lógicas leis naturais. (Adaptado de Karl MARX, O capital [1867] apud MARQUES et al., 1994, p.47.).
350 Relações Culturais
Ensino Médio
Escreva sobre as permanências apontadas entre os documentos 12 e 13, produzidos por Tho-
mas Morus e Karl Marx, respectivamente. Note que as datas de sua produção diferem em aproximada-
mente 350 anos. 
 ATIVIDADE
A classe operária inglesa passou a se opor à máquina, primeiro alvo 
de sua rebeldia, e, depois, à classe burguesa. Logo no início do movi-
mento industrial, no século XVIII, os primeiros inventores foram perse-
guidos e suas máquinas destruídas. No século XIX, o número de re-
voltas aumentou, porém, essa forma de oposição também era isolada 
e limitada a certas localidades e, portanto, não reverteu a situação de 
miséria em que estavam vivendo e a máquina continuou a ser utilizada 
na indústria. Leia o que a historiografia relata sobre as origens do mo-
vimento operário inglês no texto 8. 
Texto 8
Os operários, longe de serem os “filhos primogênitos da revolução industrial”, tiveram nascimento 
tardio. Muitas das suas idéias e formas de organização foram antecipadas por trabalhadores domésti-
cos, como os que trabalhavam com a lã em Norwich e em regiões do oeste, ou os tecelões de avia-
mentos de Manchester. É indiscutível se os operários, exceto nos distritos algodoeiros, “formaram o nú-
cleo do Movimento Trabalhista” antes do final da década de 1840 (e, em algumas cidades do norte e da 
região central, nos anos de 1823-1824, conduzindo às grandes dispensas coletivas). Em muitas cida-
des, o verdadeiro núcleo de onde o movimento trabalhista retirou suas idéias, organização e liderança 
eram constituídas por: sapateiros, tecelões, seleiros e fabricantes de arreios, livreiros, impressores, pe-
dreiros e pequenos comerciantes. A vasta área da Londres radical, entre 1815 e 1850, não extraiu sua 
força das principais indústrias pesadas (a construção de navios tendia a declinar, e os mecânicos cau-
sariam impacto somente no final do século), mas das fileiras dos pequenos ofícios e ocupações. (Adap-
tado de THOMPSON, 1987, p.16.). 
Era necessário encontrar uma nova forma de oposição e essa nova 
forma veio através das associações. A princípio estas associações eram 
secretas. Só a partir de 1824, na Inglaterra, os operários conseguiram o 
direito de participarem legalmente dessas associações. Diante do caos 
que estavam passando e para atender suas próprias necessidades, co-
mo acidentes de trabalho, doenças ou mesmo o desemprego, os ope-
rários criaram as primeiras associações de auxílio mútuo, que funcio-
navam através de cotizações, ou seja, os trabalhadores fabris passaram 
a se reunir para contribuir com outro. Dessas associações, nasceram os 
sindicatos de trabalhadores, os quais reuniam operários de um mes-
mo ofício. 
Por meio dos sindicatos, essas associações se fortaleceram e con-
quistaram melhorias trabalhistas. Mesmo com todas as dificuldades im-

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