Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
© Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 Marketing Relacional de vários autores A L Z I R A M A R Q U E S E D I Ç Õ E S S Í L A B O M arke tin g R e lacio n al Marketing Relacional Alzira Marques é professora coordenadora na área de Marketing na Escola Supe- rior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria, doutora em Organi- zação e Gestão de Empresas na especialidade em Estratégia e Comportamento Organizacional, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. É coor- denadora do curso de mestrado em Marketing Relacional e da pós-graduação em Web Marketing. Tem várias publicações e comunicações na área do Marketing Relacional e da Estratégia. Para além da atividade académica, faz consultoria na área do planeamento estratégico. O marketing é, na sua essência, relacional. Até há pouco tempo as práticas do marketing privilegiavam o lado da oferta (vendedor) em detrimento do lado da procura (cliente). Todavia, devido à saturação dos mercados, à intensificação da concorrência e ao facto de os consumidores e/ou clientes serem hoje mais infor- mados e exigentes e menos recetivos e tolerantes à promoção intensiva das marcas, exige-se hoje uma urgente e profunda revisão das práticas de marketing de forma a equilibrar a relação de força fornecedor-cliente. Reinvente-se o Marketing! Os pês, mesmo que bem definidos, já não são sufi- cientes para responder à crise de lealdade dos clientes. É necessário a criação de valor, ou melhor, a cocriação de valor, uma vez que a era dos clientes passivos acabou. Agora procuram ativamente informação, desenvolvem um espírito negocial pode- roso e pretendem contribuir para cocriarem as ofertas de valor que lhes são dirigidas. Os clientes querem participar, eles sabem que têm poder. Eis porque o marketing que, na sua essência é relacional, passou a ser «marketing relacional». É neste quadro que se insere este livro. Foge à tirania dos , procura tirar partido das capacidades e competências das empresas para estarem mais próximas e cons- truírem relações estáveis, duradouras e reciprocamente vantajosas com os seus clientes. O livro, agora em terceira edição, adota uma abordagem simultaneamente didática e objetiva que o torna obrigatório para um amplo leque de utilizadores, desde gestores e profissionais do marketing a professores e estudantes do ensino superior. Os estudos de caso propostos ilustram bem o âmbito, a importância e os resultados suscetíveis de serem alcançados quando a empresa abandona uma abor- dagem transacional com os seus clientes e passa a adotar uma estratégia relacional. 4P 424 Como transformar a fidelização de clientes numa vantagem competitiva 18 estudos de caso Como transformar a fidelização de clientes numa vantagem competitiva Inclui 3ª Edição 0 5 25 75 95 100 0 5 25 75 95 100 0 5 25 75 95 100 0 5 25 75 95 100 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 À minha filha Mariana e aos meus alunos com amizade. © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 MARKETING RELACIONAL Como transformar a fidelização de clientes numa vantagem competitiva ALZIRA MARQUES 3ª EDIÇÃO EDIÇÕES SÍLABO © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer forma ou meio gráfico, eletrónico ou mecânico, inclusive fotocópia, este livro. As transgressões serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor. Não participe ou encoraje a pirataria eletrónica de materiais protegidos. O seu apoio aos direitos dos autores será apreciado. Visite a Sílabo na rede www.si labo.pt FICHA TÉCNICA: Título: Marketing Relacional Autora: Alzira Marques Edições Sílabo, Lda. Capa: Pedro Mota 1ª Edição – Lisboa, março de 2012 3ª Edição – Lisboa, fevereiro de 2023 Impressão e acabamentos: Europress, Lda. Depósito Legal: 511151/23 ISBN: 978-989-561-291-8 Editor: Manuel Robalo R. Cidade de Manchester, 2 1170-100 Lisboa Tel.: 218130345 e-mail: silabo@silabo.pt www.silabo.pt © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 Índice Agradecimentos 11 Prefácio 13 Capítulo 1 Do marketing transacional ao marketing relacional 1. Da revolução tecnológica à revolução dos clientes 19 1.1. A «revolução» tecnológica 19 1.2. A «revolução» dos clientes 20 1.3. A lealdade vs. fidelização de clientes como prioridade estratégica do marketing 23 2. Conceitos e fundamentos do marketing relacional 27 2.1. Síntese evolutiva do marketing 27 2.2. O conceito de marketing relacional 29 2.3. Marketing de permissão versus marketing one-to-one 31 2.4. Marketing viral 32 2.5. Marketing experiencial 33 2.6. Marketing tribal 34 2.7. Technologicalship marketing 34 2.8. Customer Relationship Management (CRM) 35 2.9. Marketing contratual 36 2.10. O marketing relacional como disciplina 37 3. As Implicações do marketing relacional 38 3.1. A segmentação de clientes baseada na lealdade 39 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 3.2. Da segmentação à personalização 42 3.3. A operacionalização do marketing relacional 42 3.4. Dos produtos aos relacionamentos 48 3.5. A reconfiguração do marketing mix 50 Capítulo 2 As fontes de valor para o cliente 1. Criação de valor para o cliente 63 1.1. Criação de valor no âmbito de programas de fidelização 63 1.2. Criação de valor para o cliente no âmbito das estratégias de fidelização 66 2. O papel do conhecimento organizacional na criação de valor para o cliente 69 2.1. Orientação de mercado versus para o cliente 69 2.2. Orientação para aprendizagem: a criatividade e inovação 72 3. Do compromisso relacional à lealdade dos clientes 76 3.1. Dimensões do compromisso 78 4. Os determinantes e modelos da lealdade 79 4.1. Da satisfação à lealdade 80 4.2. A qualidade 83 4.3. Os serviços como fonte de diferenciação para satisfazer e fidelizar clientes 84 4.4. O papel da tecnologia na relação qualidade-valor-lealdade 85 4.5. Da confiança ao compromisso: a qualidade da relação 87 4.6. A comunicação como antecedente da satisfação e da confiança 91 4.7. A gestão de reclamações como antecedente da satisfação e da confiança 93 4.8. O valor relacional como determinante da lealdade 94 4.9. A gestão dos recursos humanos como determinante da lealdade 95 5. Anexos 99 5.1. Anexo I – Escala MARKOR – Orientação para o mercado 99 5.2. Anexo II – Escala SOCO – A orientação para o cliente dos colaboradores 100 5.3. Anexo III – Escala SERVQUAL – Qualidade 102 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 Capítulo 3 A gestão dos relacionamentos 1. O investimento nos relacionamentos 105 1.1. Lifetime value dos clientes 105 1.2. Das fases aos estádios de uma relação 106 1.3. Tipos de relacionamentos 110 2. A gestão dos relacionamentos no contexto B2B e B2C: os atores-chave 114 2.1. Business-to-Business: as relações fornecedor-cliente 115 2.2. Business-to-Business: as relações entre concorrentes 117 2.3. Business-to-Consumer: relações de valor acrescentado 119 2.4. Campo de aplicação do marketing relacional 121 3. A tecnologia ao serviço das estratégias de lealdade: o CRM 125 3.1. Customer Relationship Management 126 3.2. Descoberta de conhecimento de bases dados 133 3.3. DCBD em projetos de CRM orientado ao ciclo de vida do cliente 135 4. Metodologia para selecionar os clientes-alvo das estratégias relacionais 142 4.1. Seleção de candidatos para o marketing relacional 142 4.2. Planificação estratégica de clientes 146 Capítulo 4 Do marketing relacionalao marketing organizacional 1. As vantagens competitivas no âmbito do marketing relacional 151 1.1. Perspetivas de abordagem 151 1.2. A importância da competição e da cooperação na criação de vantagens competitivas: as alianças estratégicas 155 1.3. O papel das TIC na criação de vantagens competitivas 157 1.4. O papel dos recursos humanos na criação de vantagens competitivas 162 2. A convergência estratégica: a competição através de estratégias relacionais 164 2.1. A gestão estratégica no contexto do marketing relacional: revisão de algumas ideias 166 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 2.2. A convergência entre estratégias de marketing e estratégia empresarial: o marketing relacional total 172 2.3. Rumo a um marketing organizacional ou integrado 176 Capítulo 5 A implementação e avaliação de uma estratégia relacional: a mudança organizacional 1. A implementação de uma estratégia relacional 183 1.1. O impacto da implementação de uma estratégia relacional na satisfação e lealdade dos clientes 183 1.2. Fatores críticos na implementação do marketing relacional 185 1.3. Mudança organizacional na implementação do marketing relacional 192 1.4. Das organizações em rede às organizações virtuais 194 1.5. A reestruturação organizacional 198 2. Avaliação de uma estratégia relacional: Performance 205 2.1. O desempenho como medida de controlo e avaliação 205 2.2. Do plano estratégico ao plano de marketing 212 2.3. Modelos de avaliação estratégica: o balanced scorecard 218 Capítulo 6 Estudos de caso 235 Bibliografia 313 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 Agradecimentos O meu interesse pelo marketing relacional já não é de agora, conta com mais de 20 anos de investigação na área. O Professor Arnaldo Coelho que acompanhou esse despertar para o estudo da temática do Marketing Relacional e me deu a honra de prefaciar este livro, agradeço o incentivo e a partilha de conhecimento. À Alcina Gaspar que, com a sua minúcia e rigor, fez a revisão do livro, agradeço todos os comentários e sugestões que contribuíram para melhorar o livro e para fomentar novos projetos. Ao Filipe Pinto e à Cláudia Costa agradeço o contributo que deram para os capí- tulos 3 e 5 respetivamente. Um agradecimento muito especial para todos os colegas, estudantes e empre- sas, que através dos seus colaboradores, aceitaram o desafio de ilustrar com um estudo de caso um tema do livro, permitindo a sua utilização para fins pedagógicos. Por ordem alfabética identifico os autores dos estudos de caso. Alicia Dimas Carlos Esteves Cláudia Barata Cláudia Costa Cláudia Vala Cristina Barros Damião Dias Diogo Brandão Erica Rodrigues Gonçalo Martins Jacinta Moreira João Oliveira João Tiago Oliveira José Carlos Gomes Júlia Fonseca Licínia Leitão Luís Pereira Luis Rocha Márcia Viegas Marcelo Freitas Margarida Campos Maria Manuel Silva Nuno Leite Paulo Faustino Paulo Félix Paulo Lourenço Ricardo Cavadas Rita Marcelino Vânia Serra Victoria Sirghi Por fim, agradeço a todos os colegas as palavras de incentivo na produção de instrumentos pedagógicos que contribuam para o ensino do marketing relacional em Portugal. A todos muito obrigada! © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 Prefácio O marketing é, na sua essência relacional. Todas as definições de marketing enfatizam a proximidade da empresa aos seus públicos, levando-a a criar laços estáveis com eles. O facto de hoje haver tanta insistência à volta do marketing rela- cional, o facto de se repensar o marketing em termos relacionais, pode até ser visto como uma redundância, uma forma pleonástica de estar no mercado. Mas não... de facto não é! Ele deve-se, antes de mais, à necessidade de uma urgente e profunda revisão das práticas de marketing que, historicamente, têm privilegiado um dos lados da equação, a empresa, em detrimento do cliente. A verdade é que os clientes mudaram nos últimos anos e as empresas... nem por isso. Os clientes estão mais informados, são mais exigentes e têm mais poder. Não são consumidores passivos, procuram ativamente informação, desenvolveram um espírito negocial poderoso e querem ativamente contribuir para co-criarem as ofertas de valor que lhes são dirigidas. As empresas, por sua vez, continuam presas aos seus 4Ps, a segmentar os seus mercados e a desenvolver ofertas baseadas num cliente médio, de um segmento médio que, na realidade, não existe. E quando afinal nos surge a oferta miraculosa, a que mais nos fará poupar, a que mais valor nos vai dar, a que melhor vai resolver a nossa necessidade, quase sempre desco- brimos que ela não passa da solução que garante maior retorno à empresa. Não deixa de ser curioso que numa época em que a informação é tão fluida e os investimentos em comunicação atingiram valores sem precedentes, o cliente perma- neça tão profundamente desconhecido e adote um comportamento a todos os títulos imprevisível e não monitorável. Assiste-se assim a uma crise ímpar da lealdade dos clientes. As promoções, a multiplicação e indiferenciação das ofertas, a par de um aumento da informação disponível sobre as ofertas presentes no mercado, produzi- ram um cliente que alguns designam de «camaleónico» e nada predisposto à leal- dade. Esta nova realidade tem vindo a apresentar um impacto demolidor na atividade das empresas. É um impacto não só ao nível dos custos, mas também ao nível da instabilidade e da imprevisibilidade nas atividades de planeamento das empresas. Analogamente, o passa-palavra de clientes satisfeitos mostra-se relativamente redu- zido, mas o passa-palavra de um cliente insatisfeito pode até ser destrutivo. Assim, os esforços com o recrutamento de novos clientes e os gastos com promoções e © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 novos incentivos à adesão, estão a deixar as empresas à beira de um ataque de nervos. Eis porque o marketing que, na sua essência é relacional, passou a ser «marke- ting relacional»! É neste quadro que se insere a obra que aqui se apresenta. Um livro que, fora da «tirania dos 4Ps», procura tirar partido das capacidades e competências das empre- sas para estarem mais próximas e construírem relações estáveis, duradouras e reciprocamente vantajosas com os seus clientes. O livro está organizado em 6 capítulos. O primeiro aborda a transição de uma abordagem transacional para uma abordagem relacional do marketing, com todas as implicações que daí decorrem. O segundo capítulo explora as fontes de valor para o cliente e a importância do seu conhecimento na formulação de uma estratégia de marketing relacional. O terceiro capítulo aborda a natureza e o campo de atuação do marketing relacional desta- cando a gestão dos relacionamentos quer nos mercados business-to-business quer nos mercados business-to-consumer. O quarto capítulo mostra como o marketing relacional não pode dissociar-se de um marketing organizacional: ele aborda por isso as vantagens competitivas no âmbito do marketing relacional e a convergência entre a estratégia de marketing e a estratégia global da organização. O quinto capí- tulo mostra como utilizar as competências da empresa e os instrumentos de marke- ting relacional na construção, implementação e avaliação de uma estratégia relacio- nal, com destaque para as mudanças organizacionais que um enfoque no cliente exige. Finalmente, no sexto e último capítulo são apresentados um conjunto de estudos de caso adaptados de trabalhos de estudantes de marketing, outros elabo- rados por docentes e outros ainda propostos por empresas através dos seus colabo- radores. O livro adota uma abordagem simultaneamente didática e objetiva que o torna obrigatóriopara um amplo leque de utilizadores. O livro dirige-se por isso às empre- sas e aos seus gestores. E aqui, quando falamos dos gestores não estamos apenas a pensar na área de marketing: uma abordagem relacional do marketing só se con- segue com o envolvimento de toda a organização, dando ao marketing um caráter transversal e organizacional. Aqui encontrarão desde uma perspetiva, digamos, mais filosófica do Marketing Relacional, até uma abordagem mais concreta e instrumental que discute as estratégias e os instrumentos que permitirão o desenvolvimento e gestão, mais apurados, dos relacionamentos com os clientes. O livro dirige-se igualmente à academia, aos seus docentes e estudantes. Ape- sar de ser hoje um tema de grande atualidade, muito apelativo e de incontornável alcance, não abundam as publicações que se aproximem da estrutura de um manual de marketing relacional de âmbito universitário. Este livro é mais um passo para resolver essa lacuna. Para além do caráter didático que apresenta, o livro percorre o âmbito do marketing relacional desde os aspetos mais conceptuais aos aspetos mais © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 técnicos e instrumentais, dando um amplo espaço à sua utilização no quadro de uma estratégia relacional. Os estudos de caso propostos ilustram bem o âmbito, a importância e os resultados suscetíveis de serem alcançados quando a empresa abandona uma abordagem transacional com os seus clientes e passa a adotar uma estratégia relacional. Espera-se pois que o utilizador deste livro possa encontrar nele uma experiência prazeirosa e gratificante. Espera-se que possa tirar partido de uma abordagem de marketing que, afastando-se de uma perspetiva mais tradicional, plasmada nos manuais da área, procura responder a um das preocupações mais absorventes das empresas e dos profissionais de marketing da atualidade: como criar e gerir relações sólidas e duradouras com clientes cada vez mais informados mais exigentes e menos propensos à lealdade. Arnaldo Coelho Professor e coordenador dos programas de MBA da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 Capítulo 1 Do marketing transacional ao marketing relacional © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 D O M A R K E T I N G T R A N S A C I O N A L A O M A R K E T I N G R E L A C I O N A L 19 1. Da revolução tecnológica à revolução dos clientes O problema da infidelidade dos clientes está fortemente associado às tecnologias de informação e comunicação e decorre, principalmente, da democratização da informação, da evolução das tecnologias que permitem experiências personalizadas, da customização como forma de valorização dos produtos, e do surgimento de novas e cada vez mais agressivas formas de concorrência entre as empresas, nomeadamente, através da aplicação das tecnologias de informação na produção de produtos e de técnicas de publicidade mais agressivas. A resolução do problema da infidelidade dos clientes vem conferir um status de prioridade estratégica ao marketing. E é com a ajuda das tecnologias de informação e comunicação que o marketing procura resolver esse problema, aproveitando as potencialidades proporcionadas pela Web e pela evolução dos sistemas de informa- ção orientados para o indivíduo para justapor as práticas transacionais às práticas relacionais. 1.1. A «revolução» tecnológica As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), em especial a Internet, têm um papel importante nas transformações que caracterizaram o ambiente competitivo da década de noventa e condicionaram o arranque do século XXI. A elas se juntam as transformações de caráter político, económico, social e geoestratégico, que fize- ram da entrada neste século uma aventura de contornos desconhecidos e ampla- mente imprevisíveis. Essas transformações associadas à necessidade de busca de diferenciais sustentáveis pelas empresas, conferiram um status prioritário ao marke- ting e ao mercado na gestão contemporânea. A revolução tecnológica dotou os media eletrónicos de potencialidades inigualá- veis em termos de interatividade, personalização e estimulação sensorial. A Internet é disso exemplo. Inicialmente utilizada como meio de comunicação eletrónica e, posteriormente, como espaço negocial (marketspace), a Internet está na origem de mudanças profundas no mundo empresarial. Aparecem novos negócios, reestrutu- ram-se os existentes, emerge o e-business e o e-commerce e, consequentemente, novas categorias de clientes, fornecedores e intermediários. Mudam as relações entre parceiros de negócio, com os clientes a ganharem poder em prejuízo dos pro- dutores e distribuidores. © Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 20 M A R K E T I N G R E L A C I O N A L As alterações no funcionamento dos mercados, tendencialmente mais globais, mas também as que resultam de mudanças de caráter societal e civilizacional, vêm explicar as novas tendências de consumo e as mudanças no comportamento dos consumidores, as quais ajudam a explicar a intensificação da competição e a altera- ção das suas próprias regras. Sendo assim, as TIC não representam apenas vantagens para as empresas. Para além de significarem mais informação para a tomada de decisão, mais oportu- nidades negociais que se traduzem no alargamento dos mercados existentes, assim como no aparecimento de novos mercados e modelos de negócio, elas têm subja- cente aspetos que se podem tornar ameaçadores se não forem estrategicamente geridos. Um deles tem a ver com o excesso de informação disponível e com a falta de tempo e de filtros para avaliar a sua qualidade, assim como com a possibilidade de, por vezes, se transformar em invasão da privacidade. Outro está relacionado com a tendência que a Internet tem para alterar as estruturas das indústrias com formas que diminuem a rentabilidade geral e têm um efeito nivelador nas práticas de negócio, reduzindo a possibilidade de qualquer empresa estabelecer uma vantagem operacional que possa ser sustentada. E, por último, não se pode esquecer que graças às TIC e à globalização das ofertas, os clientes têm hoje mil e uma razões para adotar um comportamento de «camaleão», explorando a diversidade de ofertas que o mercado lhe apresenta e exigindo a personalização da sua experiência e a customização de produtos e serviços. A indústria 4.0, que envolve um amplo sistema de tecnologias avançadas como a Internet das coisas, inteligência artificial, compu- tação na nuvem, etc., veio tornar possível atender às exigências dos clientes. A con- vergência destas tecnologias afetou fortemente a pática do marketing, que passou a ser relacional de convergência entre o marketing on-line e o marketing off-line, ou seja um marketing 4.0, como é designado por Kotler. 1.2. A «revolução» dos clientes Para além das transformações referidas, também o aparecimento de novos canais de distribuição e a renovação dos existentes, a consolidação das grandes superfícies e dos produtos com marca do distribuidor, a proliferação das promoções de vendas, o aumento do consumo, o aumento do endividamento dos particulares e a forte sensibilidade aos preços, resultante de um orçamento cada vez mais dispu- tado, têm capacidade para explicar a infidelidade dos clientes. O destino de uma empresa já não está só nas mãos dos seus executivos. Gra- ças à Internet, aos telefones móveis e a toda uma infinidade de possibilidades, os clientes estão hoje equipados com novas ferramentas que permitem um melhor acesso às atividades comerciais de uma empresa (bem como às da concorrência), a ©Ed iç õe s Sí la bo Al m ed in a 20 23 -0 2- 06 Marketing Relacional de vários autores A L Z I R A M A R Q U E S E D I Ç Õ E S S Í L A B O M arke tin g R e lacio n al Marketing Relacional Alzira Marques é professora coordenadora na área de Marketing na Escola Supe- rior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria, doutora em Organi- zação e Gestão de Empresas na especialidade em Estratégia e Comportamento Organizacional, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. É coor- denadora do curso de mestrado em Marketing Relacional e da pós-graduação em Web Marketing. Tem várias publicações e comunicações na área do Marketing Relacional e da Estratégia. Para além da atividade académica, faz consultoria na área do planeamento estratégico. O marketing é, na sua essência, relacional. Até há pouco tempo as práticas do marketing privilegiavam o lado da oferta (vendedor) em detrimento do lado da procura (cliente). Todavia, devido à saturação dos mercados, à intensificação da concorrência e ao facto de os consumidores e/ou clientes serem hoje mais infor- mados e exigentes e menos recetivos e tolerantes à promoção intensiva das marcas, exige-se hoje uma urgente e profunda revisão das práticas de marketing de forma a equilibrar a relação de força fornecedor-cliente. Reinvente-se o Marketing! Os pês, mesmo que bem definidos, já não são sufi- cientes para responder à crise de lealdade dos clientes. É necessário a criação de valor, ou melhor, a cocriação de valor, uma vez que a era dos clientes passivos acabou. Agora procuram ativamente informação, desenvolvem um espírito negocial pode- roso e pretendem contribuir para cocriarem as ofertas de valor que lhes são dirigidas. Os clientes querem participar, eles sabem que têm poder. Eis porque o marketing que, na sua essência é relacional, passou a ser «marketing relacional». É neste quadro que se insere este livro. Foge à tirania dos , procura tirar partido das capacidades e competências das empresas para estarem mais próximas e cons- truírem relações estáveis, duradouras e reciprocamente vantajosas com os seus clientes. O livro, agora em terceira edição, adota uma abordagem simultaneamente didática e objetiva que o torna obrigatório para um amplo leque de utilizadores, desde gestores e profissionais do marketing a professores e estudantes do ensino superior. Os estudos de caso propostos ilustram bem o âmbito, a importância e os resultados suscetíveis de serem alcançados quando a empresa abandona uma abor- dagem transacional com os seus clientes e passa a adotar uma estratégia relacional. 4P 424 Como transformar a fidelização de clientes numa vantagem competitiva 18 estudos de caso Como transformar a fidelização de clientes numa vantagem competitiva Inclui 3ª Edição 0 5 25 75 95 100 0 5 25 75 95 100 0 5 25 75 95 100 0 5 25 75 95 100
Compartilhar