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Insuficiência Cardíaca Congestiva 1. Fundamentos do Diagnóstico • Insuficiência do ventrículo esquerdo (VE): Caracterizada por disfunção sistólica ou diastólica. Sintomas predominantes incluem baixo débito cardíaco e congestão, como dispneia. • Insuficiência do ventrículo direito (VD): Sintomas predominantes de sobrecarga de volume. Geralmente secundária à insuficiência do VE. • Avaliação do VE: Parte essencial do diagnóstico e tratamento da insuficiência cardíaca. • Manejo ideal para insuficiência cardíaca crônica: Inclui tratamentos clínicos como inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), antagonistas da aldosterona e β-bloqueadores. 2. Considerações Gerais • A insuficiência cardíaca é uma síndrome comum e crescente em incidência e prevalência, afetando cerca de 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos, com quase 500 mil novos casos a cada ano. • A maioria dos casos ocorre em pessoas com mais de 65 anos, com a prevalência aumentando para quase 10% na faixa etária acima de 80 anos. • A insuficiência cardíaca pode ser direita ou esquerda, ou uma combinação de ambas. Pacientes com insuficiência cardíaca esquerda apresentam sintomas de baixo débito cardíaco e pressão venosa pulmonar elevada, com dispneia predominante. Os sinais de retenção de líquido predominam na insuficiência cardíaca direita. • Cerca de metade dos pacientes com insuficiência cardíaca tem função sistólica do VE preservada, mas com disfunção diastólica. A disfunção sistólica é frequentemente causada por doença arterial coronariana (DAC) com infarto do miocárdio (IM), enquanto a disfunção diastólica é comumente associada à hipertrofia ventricular esquerda (HVE) devido à hipertensão. • Diversos processos podem levar à miocardiopatia dilatada ou congestiva, como miocardiopatia alcoólica, miocardite viral, miocardiopatia idiopática, além de causas menos comuns, como doenças infiltrativas e cardiotoxinas. • Cardiopatias valvares, especialmente estenose aórtica degenerativa e insuficiência aórtica ou mitral crônicas, também podem causar insuficiência cardíaca. • A hipertensão é uma causa importante de insuficiência cardíaca, sendo um fator agravante em muitos casos de insuficiência cardíaca associada a outras etiologias. • A fibrilação atrial pode contribuir para a disfunção do enchimento do VE e para a insuficiência cardíaca. 3. Achados Clínicos A. Sintomas • Insuficiência cardíaca esquerda: Dispneia causada por esforços, evoluindo para ortopneia, dispneia paroxística noturna e dispneia em repouso. • Insuficiência cardíaca direita: Sinais de retenção hídrica, como edema, congestão hepática, perda de apetite, náusea, e ascite. • Pacientes com insuficiência cardíaca aguda por IM, miocardite ou regurgitação valvar aguda geralmente se apresentam com edema agudo de pulmão. • Os sintomas podem ser categorizados pela classificação da NYHA, que vai de classe I (assintomático) a classe IV (sintomático em repouso). B. Sinais • Muitos pacientes com insuficiência cardíaca parecem confortáveis em repouso, mas podem apresentar sinais vitais alterados, como taquicardia, hipotensão e pressão de pulso reduzida. • Pode haver sinais de atividade simpática aumentada, como extremidades frias e sudorese. • No exame cardíaco, podem ser detectados estertores nas bases pulmonares, derrames pleurais, galope cardíaco, sopros e sinais de hipertensão pulmonar. C. Achados Laboratoriais • O hemograma pode revelar anemia e aumento no índice de anisocitose dos eritrócitos, ambos associados a pior prognóstico. • Provas de função renal e eletrólitos são importantes para avaliar complicações associadas. • O BNP sérico é um marcador prognóstico útil na diferenciação da dispneia por insuficiência cardíaca de outras causas. • A elevação da troponina sérica pode ser observada na insuficiência cardíaca aguda e crônica, associando-se a pior prognóstico. D. ECG e Radiografia de Tórax • O ECG pode revelar arritmias, intervalos QT prolongados, baixa voltagem, entre outros sinais. • As radiografias de tórax fornecem informações sobre o tamanho do coração e evidências de hipertensão venosa pulmonar, como dilatação relativa das veias do lobo superior, edema perivascular e derrames pleurais. E. Exames Adicionais • O ecocardiograma é o exame mais útil para avaliar tamanho e função dos ventrículos, valvas cardíacas, e outras anormalidades cardíacas. • A angiografia com radionuclídeo pode ser utilizada para medir a fração de ejeção ventricular esquerda e analisar o movimento regional da parede. • O cateterismo cardíaco é útil para definir a presença e extensão da DAC, além de avaliar pressões cardíacas para tratamento. 4. Tratamento • O tratamento ideal para a insuficiência cardíaca crônica inclui uma combinação de tratamentos clínicos como IECA, antagonistas da aldosterona e β-bloqueadores. • O tratamento visa aliviar sintomas, melhorar a qualidade de vida, evitar hospitalizações e aumentar a sobrevida. • A implementação de um plano de tratamento pode incluir restrições dietéticas, exercícios controlados, controle de medicamentos, e, quando necessário, dispositivos médicos, como marca-passos ou desfibriladores implantáveis. 5. Estágios da Insuficiência Cardíaca A insuficiência cardíaca é dividida em quatro estágios evolutivos: 1. Estágio A: Pacientes em risco para desenvolver insuficiência cardíaca, como hipertensão arterial ou DAC sem sintomas atuais ou prévios. 2. Estágio B: Pacientes com cardiopatia estrutural, mas sem sintomas atuais ou prévios de insuficiência cardíaca. 3. Estágio C: Pacientes com insuficiência cardíaca clinicamente evidente. 4. Estágio D: Pacientes refratários aos tratamentos usuais. Tratamento para Insuficiência Cardíaca Congestiva A. Correção das Causas Reversíveis As principais causas reversíveis da insuficiência cardíaca crônica incluem: • Lesões valvares, isquemia miocárdica, hipertensão arterial descontrolada, arritmias persistentes (principalmente taquicardias), depressão miocárdica induzida por álcool ou medicamento, shunts intracardíacos e estados de alto débito. • Medicamentos como bloqueadores dos canais de cálcio, especialmente verapamil ou diltiazem, antiarrítmicos, tiazolidinedionas e AINEs podem agravar a insuficiência cardíaca. • Algumas miocardiopatias metabólicas e infiltrativas, como hemocromatose, sarcoidose e amiloidose, podem ser parcialmente reversíveis ou retardar sua evolução. B. Tratamento Farmacológico 1. Tratamento Diurético • Diuréticos são cruciais para aliviar sintomas em pacientes com insuficiência cardíaca moderada a grave. • Tiazídicos (como hidroclorotiazida, metolazona, clortalidona) são eficazes para casos leves. Diuréticos de alça (furosemida, bumetanida, torsemida) são usados para casos mais graves. • Diuréticos poupadores de potássio (triamtereno, amilorida, espironolactona, eplerenona) podem ser usados em combinação com diuréticos de alça ou tiazidas para reduzir a hipopotassemia. • Combinações de diuréticos podem ser necessárias para pacientes com edema refratário. 2. Inibidores do Sistema Renina-Angiotensina- Aldosterona • IECA (captopril, enalapril, ramipril, lisinopril) são fundamentais para o tratamento da insuficiência cardíaca, reduzindo a mortalidade e a necessidade de hospitalização. • Bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRA), como valsartana e candesartana, são uma alternativa ou complemento aos IECA. • Espironolactona e eplerenona, inibidores da aldosterona, também são importantes para a redução da mortalidade e das hospitalizações por insuficiência cardíaca. 3. β-bloqueadores • Os β-bloqueadores (carvedilol, succinato de metoprolol, bisoprolol) reduzem a mortalidade e melhoram a função ventricular em pacientes com insuficiência cardíaca. • A administração de β-bloqueadores deve ser graduale monitorada para evitar agravamento da insuficiência cardíaca. 4. Glicosídeos Digitálicos • A digoxina é eficaz para reduzir sintomas e hospitalizações em pacientes com insuficiência cardíaca. Deve ser usada com cautela, pois pode causar arritmias ventriculares. 5. Vasodilatadores • Nitratos e hidralazina podem ser usados como alternativa para pacientes que não toleram IECA ou BRA, ou como terapia adicional em pacientes com sintomas persistentes. 6. Ivabradina • A ivabradina reduz a frequência cardíaca e pode ser benéfica para pacientes com insuficiência cardíaca sintomática e ritmo sinusal elevado. 7. Combinação de Tratamentos Clínicos • O tratamento eficaz para insuficiência cardíaca crônica envolve uma combinação de IECA, β-bloqueadores, BRAs, antagonistas do receptor de mineralocorticoide, e hidralazina com dinitrato de isossorbida. 8. Tratamentos a Evitar • Certos tratamentos devem ser evitados em pacientes com insuficiência cardíaca, como tiazolidinedionas, bloqueadores dos canais de cálcio (exceto anlodipina e felodipina), AINEs, e combinação de IECA, BRA e espironolactona, devido ao risco de hiperpotassemia. 9. Anticoagulação • Anticoagulação com varfarina é indicada para pacientes com insuficiência cardíaca com risco elevado de tromboembolismo, como fibrilação atrial ou IM recente. 10. Terapia Antiarrítmica • Os β-bloqueadores são a primeira escolha para controlar arritmias em pacientes com insuficiência cardíaca. A amiodarona pode ser usada em casos de fibrilação atrial sintomática refratária. 11. Terapia com Estatinas • O uso de estatinas para pacientes com insuficiência cardíaca crônica não mostrou benefícios significativos em estudos clínicos. C. Tratamento Não Farmacológico 1. Cardioversores-desfibriladores Implantáveis (ICDs) • Os ICDs são indicados para pacientes com insuficiência cardíaca crônica e disfunção sistólica do VE para reduzir o risco de morte súbita. 2. Marca-passo Biventricular (Terapia de Ressincronização) • A terapia de ressincronização é indicada para pacientes com insuficiência cardíaca crônica, LVEF reduzida e condução intraventricular anormal. 3. Acompanhamento, Dieta e Condicionamento Físico • Acompanhamento multidisciplinar, dieta de baixa ingestão de sal, monitoramento do peso e exercícios controlados são componentes importantes do tratamento da insuficiência cardíaca. 4. Revascularização Coronária • A revascularização coronária pode ser indicada para pacientes com insuficiência cardíaca crônica devido à DAC, especialmente quando há angina significativa. 5. Transplante Cardíaco • O transplante cardíaco é uma opção para pacientes com insuficiência cardíaca avançada que não respondem a outras formas de tratamento. 6. Dispositivos de Assistência Ventricular • Dispositivos de assistência ventricular podem ser usados como ponte para o transplante cardíaco ou como terapia paliativa para pacientes com insuficiência cardíaca avançada. 7. Cuidados Paliativos • Os cuidados paliativos são essenciais para pacientes com insuficiência cardíaca crônica terminal, focando no controle de sintomas e qualidade de vida. Prognóstico • A insuficiência cardíaca tem um prognóstico reservado, com mortalidade em cinco anos de aproximadamente 50%. • Os fatores associados a pior prognóstico incluem idade avançada, menor LVEF, sintomas graves, doença renal crônica e diabetes. Quando Encaminhar • Pacientes com sintomas recentes de insuficiência cardíaca sem causa evidente devem ser encaminhados ao cardiologista. Quando Internar • Pacientes com sintomas recentes ou agravados sem explicação evidente, hipoxia, sobrecarga hídrica ou edema pulmonar que não respondam a tratamento ambulatorial devem ser internados. REFERÊNCIA: CURRENT MEDICINA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Insuficiência Cardíaca Congestiva 1. Fundamentos do Diagnóstico 2. Considerações Gerais 3. Achados Clínicos A. Sintomas B. Sinais C. Achados Laboratoriais D. ECG e Radiografia de Tórax E. Exames Adicionais 4. Tratamento 5. Estágios da Insuficiência Cardíaca Tratamento para Insuficiência Cardíaca Congestiva A. Correção das Causas Reversíveis B. Tratamento Farmacológico 1. Tratamento Diurético 2. Inibidores do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona 3. β-bloqueadores 4. Glicosídeos Digitálicos 5. Vasodilatadores 6. Ivabradina 7. Combinação de Tratamentos Clínicos 8. Tratamentos a Evitar 9. Anticoagulação 10. Terapia Antiarrítmica 11. Terapia com Estatinas C. Tratamento Não Farmacológico 1. Cardioversores-desfibriladores Implantáveis (ICDs) 2. Marca-passo Biventricular (Terapia de Ressincronização) 3. Acompanhamento, Dieta e Condicionamento Físico 4. Revascularização Coronária 5. Transplante Cardíaco 6. Dispositivos de Assistência Ventricular 7. Cuidados Paliativos Prognóstico Quando Encaminhar Quando Internar