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Gestão Contemporânea

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1 
 
 
 
 
GESTÃO 
CONTEMPORÂNEA: 
 
Estudo de Casos & Reflexões 
 
 
Alexandra Mastella (org.) 
Geisse Martins (org.) 
 
 
 
Ana Lucia Rocha Soares 
Camila Julien Reginato 
Débora Ornellas de Almeida 
Thiago Paulo da Silva 
 
 
 
 
 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser 
utilizada ou reproduzida sem a expressa autorização dos organizadores e 
autores. 
copyright©2022. 
Divulgação gratuita. Venda proibida. 
 
Administração Contemporânea: Estudo de Casos & Reflexões 
 
Organizadores: Dra. Alexandra Mastella e Me. Geisse Martins 
 
Autores 
Ma. Ana Lucia Rocha Soares 
Ma. Camila Julien Reginato 
Ma. Débora Ornellas de Almeida 
Me. Thiago Paulo Silva 
 
Produção/Direção Editorial/Preparação 
Geisse Martins e Ilda Cristina de Borba Zakovicz 
 
Capa/Projeto Gráfico/Diagramação 
Geisse Martins 
 
Revisão 
Ilda Cristina de Borba Zakovicz 
 
Ilustrações 
Os autores 
 
Editora 
Letra e Forma. CNPJ 36.247.686/0001-67. 
Contato: (41)999148163. E-mail: letraeforma.editora@gmail.com 
 
 
 
mailto:letraeforma.editora@gmail.com
 
 
 
 
 
Breve currículo dos organizadores1 
¹ O breve currículo dos autores foi elaborado a partir das informações coletadas no 
currículo Lattes na data de 30 de dezembro de 2021. 
Doutora em Administração 
pela USP, São Paulo, mestre 
em Engenharia de Produção 
pela UFSC/SC, 
Administradora pela 
UDESC/SC. Experiência de 
28 anos no mundo 
corporativo e gestão 
educacional, atuando em 
Instituição de Ensino como 
Superintendente Regional, 
Pró-Reitora Acadêmica e 
Diretora de Unidades da 
Anhanguera Educacional; 
Coordenadora de Cursos de 
Graduação e Pós-Graduação 
na Área de Administração em 
Instituições como: 
FACAMP(SP), UNIBERO 
(SP) e UNIVALI(SC. 
Atualmente é Professora e 
Coordenadora dos 
Programas de Mestrado em 
International Business e 
Business Administration da 
MUST University. 
 
 Professora. Dra. Alexandra Silveira Mastella 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
 
Dedico a organização deste livro a todos os meus 
alunos orientandos, que através do despertar para a 
investigação científica, me fazem aprender todos os 
dias, com seus temas de pesquisa. Dedico também 
ao meu filho Lucas, que está no início da sua 
caminhada escolar, empolgado com a leitura de 
livros. 
 
 
 Agradecimentos 
 
Agradeço à Deus pelo dom da vida, meu esposo 
Sérgio e meu filho Lucas, por serem a base da minha 
caminhada e a MUST University, nas figuras do 
Prof. Antônio Carbonari Neto, Profa. Maria Elisa 
Carbonari e Giuliana Carbonari, por serem 
inspiração e incentivo na minha caminhada 
acadêmica. 
 
 
 
 
Doutorando em Educação pela 
Eikon University. Mestre em 
Tecnologias Emergentes em 
Educação. 
Especialista em Neurociência e 
Aprendizagem, Psicopedagogia, 
Coordenação/Supervisão 
Escolar, Inspeção Escolar com 
 
Doutorando em Educação. 
Mestre em Tecnologias 
Emergentes em Educação. 
Especialista em Neurociência e 
Aprendizagem, 
Psicopedagogia, 
Coordenação/Supervisão 
Escolar, Inspeção Escolar com 
ênfase em Educação Especial 
Inclusiva e Pedagogia 
Empresarial. É graduado em 
Pedagogia e Telecomunicações. 
Atuou como professor em 
disciplinas na graduação e na 
pós-graduação entre os anos de 
2010 e 2015. Dispõe de 
trabalhos desenvolvidos no 
Brasil e no Exterior. Atua 
como consultor de projetos de 
tecnologia educacional e 
tecnologia assistiva, premiados 
em países como EUA, Canadá, 
China, Chile e Emirados 
Árabes Unidos. Autor de livros 
e artigos científicos publicados 
nos EUA e no Brasil, foco de 
pesquisas é Educação e 
Tecnologia 
 
Professor Me. Geisse Martins 
 
 
Dedicatória 
 
Dedico a organização deste livro a todas as pessoas 
que me ajudaram a alcançar meus objetivos pessoais 
e profissionais. Em especial aos meus pais Moacir 
Martins (in memoriam) e a minha mãe Helena Martins 
mulher guerreira e lutadora pessoa pela qual eu 
tenho profunda admiração, respeito e amor infinito. 
Aos meus filhos pelo amor incondicional que tenho 
por eles. 
 
 
 
Agradecimentos 
 
Agradeço a Professora Alexandra pela oportunidade 
em fazer parte dessa jornada sensacional em reunir 
trabalhos de incomensurável valor científico, 
produzidos por autores que são verdadeiros 
expoentes na atualidade; também a Must University, 
através das pessoas que integram toda a direção e 
coordenação pela acolhida e desafios propostos, que 
cada vez me engrandecem como pessoa e 
profissional. Não poderia deixar de agradecer a Ilda 
da Editora Letra e Forma pela parceria em realizar 
esse projeto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 GESTÃO 
CONTEMPORÂNEA: 
 
Estudo de Casos & Reflexões 
 
 
 Breve currículo dos Autores1 
¹ O breve currículo dos autores foi elaborado a partir das informações coletadas no 
currículo Lattes na data de 30 de dezembro de 2021. 
 
 
Publicitária, especialista em 
Gestão de Negócios Digitais 
e Mestre em Business 
International pela Must 
University, Camila Julien 
Reginato é CEO da Franquia 
de lingerie Frida Underwear. 
A marca é franqueadora de 
lingeries, presentes em todas 
regiões do Brasil e está 
iniciando a 
internacionalização para 
expansão ainda maior a partir 
de 2022. A empresa se 
originou para ajudar mulheres 
no empoderamento feminino, 
valorizando-as como são, 
suas marcas, seu corpo e sua 
história; ainda dar espaço e 
construir sua carreira 
empreendedora, 
conquistando a tão sonhada 
independência financeira. 
 
 
Camila Julien Reginato 
 
 
Dedicatória 
 
Dedico a todas as mulheres que buscam o 
empoderamento feminino, que se colocam à disposição 
de serem ajudadas para conseguirem liderarem suas 
vidas. A todas que já foram subestimadas, rebaixadas e 
abusadas, seja no aspecto físico ou moral. A todas que 
não deixaram de acreditar, que tiveram esperanças de 
um mundo mais justo e igualitário para todas nós. As 
que não se adaptam aos modelos antigos e querem 
fazer diferente. A todas que já foram caladas. A todas 
que se sentiram culpadas por ir atrás dos seus sonhos. 
São tantas mulheres, tantas de nós que precisam do 
empoderamento e este capítulo da Frida é para vocês 
se sentirem representadas. 
 
 
 Agradecimentos 
 
Agradeço aos meus pais que investiram no meu 
conhecimento e apostaram nos meus projetos mesmo 
sem entender a maioria deles, aos meus avós por todo 
amor e acolhimento, meus amigos que acreditaram em 
mim, meu sócio por me impulsionar, minha equipe por 
dar todo o suporte com dedicação e a todas 
franqueadas e clientes da Frida Underwear que fazem a 
história acontecer. 
 
Administradora com 
habilitação em Comércio 
Exterior (PUC Campinas), 
Especialista em Psicologia 
Organizacional e Gestão de 
Pessoas (UMESP) e Mestre 
em Administração 
(UNIMEP). Atuação na área 
administrativa e gestão a 9 
anos nos setores da indústria 
de Varejo, Química e 
Educação. Atuação como 
professora nos Grupos 
Anhanguera/Kroton, PUC 
Campinas e como tutora na 
Must University Atualmente 
atua como coordenadora de 
relacionamento assistente no 
curso de International 
Business na MUST 
University, e como docente 
na PUC de Campinas. 
 
Débora Ornellas de Almeida 
 
Dedicatória 
 
Para Deus, 
“Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada 
do que foi feito se fez”. 
(João 1. 3) 
 
 Agradecimentos 
 
Agradeço primeiramente a Deus, pois Ele é o dono da 
minha vida, e tudo o que eu faço, não é por mim nem 
para mim, e sim para honra e Glória do Senhor. Agradeço 
ao meu esposo Dallas por sua dedicação incondicional, 
por estar sempre do meu lado me dando total suporte em 
todas as ocasiões, por compreender meus momentos de 
dificuldades e me apoiar independentemente de qualquer 
coisa. 
À minha família, minha avó Zeti e meu avô Benigno por 
investirem e acreditarem tanto em mim, meus pais 
Wallace e Simone por sempre me destinar apoio, 
confiança e motivação. E à minha irmã Ana Clara, que 
sempre me incentiva com todo seu amor. 
Agradeço à minha amiga Eduarla, que me inspirou a 
seguir a área acadêmica esempre me ajudou quando eu 
mais precisei. Agradeço à prefeitura objeto de estudo, em 
especial ao Prefeito, ao Wagner, ao Nicola e a Juliana por 
acreditarem no projeto e permitirem que a pesquisa fosse 
feita, além de ajudarem de todas as maneiras imagináveis 
que esse projeto pudesse ser concluído. 
Agradeço aos merendeiros que com toda alegria e 
disponibilidade responderam à pesquisa dessa dissertação. 
Foi um prazer enorme estar com cada um. 
 
Mestre em International 
Business pela Must 
University e Mestre em 
Administração pela 
Universidade da 
Amazônia, MBA em 
Negócios Financeiros pela 
UNISINOS/FIA e 
Graduação em 
Administração de 
Empresas pela 
Universidade Paulista 
Objetivo. Há 16 anos 
trabalhando no Banco do 
Brasil S.A., sendo os 
últimos 4 focados em 
agronegócio e títulos 
verdes, sociais e 
sustentáveis. 
Ana Lucia Rocha Soares 
 
 
 
Dedicatória 
 
Dedico este trabalho a todos que se preocupam com o 
mundo em que vivemos e qual legado deixar para as 
futuras gerações. 
 
 
Agradecimentos 
 
A meu bom Deus e Nossa Senhora de Fátima, que 
nunca me desampararam. A meus pais Antônio 
Augusto dos Santos Soares e Maria José Rocha Soares, 
e minha irmã Maria Cecilia Rocha Soares por todo 
amor, incentivo e apoio incondicional. 
Graduado em 
Administração de 
Empresas com ênfase em 
Sistemas de Informação 
pelo Centro Universitário 
Uninassau (2008). 
Especialista em Gestão de 
TI (2010), Gestão de 
Projetos (2016) e em Alta 
Gestão de IES (2020), 
ambas pelo Centro 
Universitário Uninassau. 
Mestrado Profissional em 
Negócios Internacionais 
pela MUST University 
(2020). Ingressou em 2020 
simultaneamente em duas 
graduações tecnológicas: 
CST em Data Science e 
Inteligência Artificial. 
Atualmente é Gerente de 
Operações no Grupo Ser 
Educacional, com carreira 
desenvolvida na área de 
Tecnologia da Informação 
e Gestão Empresarial 
 
Thiago Paulo Silva 
 
Dedicatória 
 
Dedico esta obra primeiramente a Deus, que me 
presenteia todos os dias com a energia da vida, que 
provê força e determinação para o atingimento das 
minhas metas e objetivos, e principalmente àquele que, 
em todos os momentos, foi a minha base incondicional 
para a superação, ao meu filho amado Guilherme 
Koblitz, minha fonte de inspiração diária, minha 
motivação e acima de qualquer coisa, o meu verdadeiro 
amor e propósito de existência. 
 
 Agradecimentos 
 
Meu agradecimento especial às inúmeras pessoas que, 
direta ou indiretamente, participaram da realização 
desse projeto: família, amigos, profissionais da MUST e 
colegas de mestrado. 
À minha professora e orientadora Alexandra Mastella, 
pela dedicação, disponibilidade, confiança e paciência 
ao longo de um processo de dissertação, ao qual 
conduziu com teor de maestria admirável, e nos 
presenteou com a oportunidade de participar desse 
projeto fantástico. 
Por fim, agradeço a todos que contribuíram para o meu 
processo de desenvolvimento e formação. Certamente 
seriam muitos os nomes daqueles que deixaram 
contribuições inenarráveis e significativas na biografia 
da minha vida.
Apresentação 
 
 
 
Este livro foi idealizado a partir das pesquisas realizadas 
por estudantes, nos seus trabalhos de conclusão final de Mestrado 
Internacional na Must University. 
 
O despertar do pesquisador, o aprendizado e a curiosidade, 
fizeram parte desta jornada e impulsionaram a organização desta 
obra. Trata-se da realização de um sonho coletivo, no qual cada 
autor colocou suas investigações e vivências, através da proposição 
de um determinado tema. 
 
Diante da riqueza de informações e da motivação de cada 
autor, foi realizada a organização deste livro, que traz em cada 
capítulo, a pesquisa de um tema atual e diferenciado. A ideia de 
Gestão Contemporânea está refletida em cada um dos casos 
estudados, explicitando a amplitude do tema e suas possibilidades, 
a partir de diferentes perspectivas e abordagens. 
 
Um dos temas importantes da Gestão Contemporânea diz 
respeito à economia circular e aos negócios de impacto social, 
pois, a sustentabilidade econômica evidencia a necessidade de 
criação de novas cadeias produtivas, em que possam ser 
promovidas ações de uso mais efetivo dos recursos disponíveis ao 
mesmo tempo em que se promove um combate frontal à pobreza 
e a divisão mais equânime de riqueza. 
 
Neste livro, também será abordado o tema da gestão 
estratégica de uma franquia digital, desenvolvida ao longo do 
período de pandemia. E que está trazendo possibilidades para 
novas empreendedoras, no ramo de lingeries, trabalhando de forma 
diferenciada o conceito de empoderamento feminino. 
 
Também será abordado o tema do impacto do conflito intragrupal 
sobre as dimensões da síndrome de burnout, um estudo de caso 
realizado com merendeiras de escolas públicas do interior do 
estado de São Paulo. Que traz importantes reflexões a respeito 
desta síndrome, de fundo psicológico, que se dá a partir da 
exaustão relacionada ao trabalho do indivíduo. 
 
Por fim, o tema tratará da importância do Big Data, como 
tecnologia da Informação, a ser utilizado para identificar o 
comportamento do consumidor, de uma instituição de ensino, 
visando auxiliar o processo de tomada de decisão dos gestores. 
 
Desejamos que desfrutem da leitura, a partir dos diferentes 
prismas e suas abordagens que os autores propõem, através do 
eixo central do tema Gestão Contemporânea e, que os estudos de 
casos e pesquisas aqui presentes, possam suscitar a curiosidade do 
leitor, na busca de mais informações a respeito. 
 
Profa. Dra. Alexandra Mastella (org.) 
Prof. Me. Geisse Martins (org.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prefácio 
 
 
Gestão Contemporânea 
 
Esta obra foi realizada por alunos dos cursos de mestrado, 
a partir do resultado de suas investigações sobre temas 
relacionados às disciplinas do seu curso e, principalmente, temas 
de interesse pessoal. Cada um dos autores juntou as suas 
experiências através da realização de um sonho: a publicação de 
um livro. 
 
Trata-se de uma publicação com o objetivo de deixar um 
legado, uma contribuição a todos os profissionais que consideram 
importante o compartilhamento de pesquisas para o 
aperfeiçoamento das melhores práticas. Sabemos que o tempo de 
validade do conhecimento e das inovações tecnológicas, que hoje 
fazem parte de qualquer área profissional, está sendo reduzido à 
medida que os avanços tecnológicos impõem novas maneiras de se 
fazer as mesmas coisas. 
 
A partir dessas considerações, é imprescindível, em todas 
as áreas do desenvolvimento social, a leitura de trabalhos recentes, 
sobre inovações tecnológicas, voltados para a Gestão 
Contemporânea, cuja concepção aparece refletida em todos os 
artigos aqui apresentados. 
 
Esses artigos contemplam vários temas e suas 
possibilidades, de acordo com a vivência e pesquisa de cada um 
dos autores, que vão desde tecnologia, comportamento do 
consumidor, tomada de decisão de gestores, economia e os 
negócios de impacto social, sustentabilidade, até as novas cadeias 
produtivas, propondo ações a partir da utilização dos modernos 
recursos disponíveis. 
 
É importante apontar também, os temas de destaque na 
atualidade, como: Big Data, Franquia Digital e a tão temida e 
silenciosa Síndrome de Burnout. 
 
Sabemos que quem se antecipa na busca do conhecimento, 
está preparado para superar, com mais facilidade, os grandes 
desafios do atual mercado de trabalho. Este livro vem contribuir 
com conteúdo atual e rico em insights, facilmente aplicáveis por 
gestores e profissionais em geral. 
 
Por fim, vale também ressaltar que a leitura desse livro 
com foco na Gestão Contemporânea, engloba desde o pequeno 
negócio até uma multinacional. Apresentando uma governança 
que consegue mudar a direção de um negócio, a partir de um 
objetivo ou meta que promovam ações capazes de concretizar 
resultados. 
 
“Quem compartilhao que sabe transforma a vida de quem aprende” 
 
Boa Leitura! 
 
Giulianna Meneghello Carbonari 
MUST University – Florida USA 
Boca Raton, novembro/2021 
 
 
 
Sumário 
 
Capítulo 1 ................................................................................................................ 28 
ECONOMIA CIRCULAR: OS NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL .. 29 
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 29 
Metodologia ........................................................................................................ 35 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 37 
Economia Linear x Economia Circular ......................................................... 41 
Indicadores de Economia Circular ................................................................. 47 
Economia Circular no Mundo e no Brasil .................................................... 49 
Barreiras à economia circular ...................................................................... 54 
Environmental, Social and Governance (ESG) e Os Investimentos Focados em 
Sustentabilidade .................................................................................................. 55 
Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável.................................. 57 
Negócios de Impacto Positivo .................................................................... 59 
Modelos de Financiamento – Títulos de Impacto Social ....................... 62 
Um Novo Foco – Negócios Inclusivos ......................................................... 65 
Exemplo Ilustrativo da Economia Circular – na Vertente Social ............. 67 
CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO EXEMPLO: INSTITUTO 
JÔ CLEMENTE – SÃO PAULO ...................................................................... 68 
Novas Formas de Captação de Recursos para a Organização: Exemplos 
da Empresa Social Finance Ltda ..................................................................... 72 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 78 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 85 
Capítulo 2 ................................................................................................................ 93 
file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908694
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A GESTÃO E AS ESTRATÉGIAS DE UMA FRANQUIA: ESTUDO 
DE CASO FRIDA UNDERWEAR .................................................................. 94 
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 94 
Metodologia da Pesquisa ................................................................................ 101 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................. 104 
Funções da Administração ............................................................................. 104 
Áreas Funcionais de uma Organização ........................................................ 109 
Planejamento e Gestão Estratégica............................................................... 116 
Marketing Digital ............................................................................................... 124 
Áreas Funcionais de uma Franquia ............................................................... 131 
Planejamento estratégico ............................................................................ 132 
Capacitação da rede..................................................................................... 134 
Treinamentos em gestão ............................................................................ 135 
Padrões comerciais ...................................................................................... 136 
Canais de vendas ......................................................................................... 137 
O Franchising no Mundo .................................................................................. 139 
O Franchising no Brasil ..................................................................................... 142 
ESTUDO DE CASO: O CONCEITO FRIDA UNDERWEAR ............. 145 
A Organização do Negócio ............................................................................ 153 
O surgimento do negócio .......................................................................... 153 
As áreas funcionais da Frida Underwear ................................................. 157 
Liderança da Frida Underwear .................................................................. 158 
Monitoramento dos resultados e plano de crescimento ....................... 160 
Análise estratégica da Frida Underwear................................................... 161 
A gestão estratégica ..................................................................................... 163 
Entrevista com Franqueadas .......................................................................... 171 
ANÁLISE DE RESULTADOS DA PESQUISA ......................................... 181 
Elaboração de Checklist simplificado para Auxiliar novos Empreendedores
 ............................................................................................................................ 186 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 189 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 193 
Capítulo 3 .............................................................................................................. 197 
O IMPACTO DO CONFLITO INTRAGRUPAL NA SÍNDROME DE 
BURNOUT EM MERENDEIROS(AS) DE ESCOLAS PÚBLICAS DO 
INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO ............................................. 197 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 198 
Metodologia ...................................................................................................... 206 
Estrutura do Trabalho .................................................................................... 207 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 208 
Modalidades de Conflitos ............................................................................... 221 
Conflito intragrupal ..................................................................................... 225 
Estresse ......................................................................................................... 235 
Estresse laboral ............................................................................................ 245 
Síndrome de Burnout.................................................................................... 253 
ORGANIZAÇÃO ENVOLVIDA NO ESTUDO ...................................... 266 
METODOLOGIA .............................................................................................. 267 
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 275 
Confiabilidade dos Instrumentos .................................................................. 276 
Análise Descritiva das Variáveis .................................................................... 278 
Análise e descrição das dimensões da MBI ................................................. 283 
Sobre a Correlação das Variáveis .................................................................. 288 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 293 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................301 
Capítulo 4 .............................................................................................................. 313 
A IMPORTÂNICA DO BIG DATA COMO TECNOLOGIA DA 
INFORMAÇÃO NO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DO 
file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908745
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file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908746
file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908747
file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908747
file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908748
file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908769
file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908768
file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908768
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR PARA TOMADA DE 
DECISÕES EMPRESARIAIS ......................................................................... 313 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 314 
Big Data: Conceitos e Definições ................................................................. 319 
Os 5V’s do Big Data ................................................................................... 321 
As visualizações de dados promovidos pelo Big Data .......................... 323 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................. 329 
Breve Histórico da Evolução da Análise de Dados ................................... 329 
O BI e ERP no Processo Decisório ............................................................. 332 
O Business Intelligence como oportunidade de inovação organizacional.... 335 
Marketing digital e redes sociais ................................................................ 339 
Comportamento do consumidor e seu poder de influência ................ 341 
Estratégias de marketing e seus fatores de influência: pessoais, sociais, 
culturais e psicológicos ............................................................................... 343 
METODOLOGIA .............................................................................................. 346 
CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ......................................................... 351 
Resultados da Pesquisa e Estudo das Informações ................................... 352 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 365 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 375 
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ECONOMIA CIRCULAR: OS NEGÓCIOS 
DE IMPACTO SOCIAL 
 Capítulo 1 
ECONOMIA CIRCULAR: OS 
NEGÓCIOS DE IMPACTO 
SOCIAL 
 
 Capítulo 1 
ECONOMIA CIRCULAR: OS 
NEGÓCIOS DE IMPACTO 
SOCIAL 
29 
 
 ECONOMIA CIRCULAR: OS 
NEGÓCIOS DE IMPACTO 
SOCIAL 
 
Ma. Ana Lucia Rocha Soares 
Colaboradora: Profª. Dra. Alexandra Mastella 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
pós a Revolução Industrial, ocorrida no período de 1760 a 
1840, a economia global seguiu em crescimento acentuado, 
iniciando sua trajetória por uma série de avanços tecnológicos 
(HIEMINGA, 2015). Essa trajetória de negócios era pautada 
exclusivamente na extração, produção, consumo e descarte. A 
utilização, principalmente, de combustíveis fósseis no processo 
produtivo impactou de forma bastante expressiva o meio 
ambiente, já que apesar de fornecer uma maior quantidade de 
insumos, trouxe por outro lado, uma geração de resíduos nocivos 
para a sobrevivência humana, como por exemplo os resíduos 
industriais e o aumento de dejetos humanos. 
Logo em seguida, após a Segunda Guerra Mundial, o 
movimento ambientalista ganhou novo impulso em 1962 com a 
publicação do livro “A Primavera Silenciosa” de Rachel Carson 
A 
30 
 
(1962). Que trouxe debates em saúde pública, médicos, cientistas 
ambientais e agentes de saúde, alertando sobre as ameaças que os 
poluentes químicos orgânicos causam ao ambiente e à população. 
Segundo a autora, havia uma necessidade de respeitar o 
ecossistema em que se vive, para proteger a saúde humana e o 
meio ambiente. 
Efetivamente, no fim da década de 60, alguns ideais e 
visões ambientais começaram a ser colocados em prática, e em 
1972 a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas para o 
Ambiente Humano. O evento foi um marco das discussões sobre 
o meio ambiente e em sua Declaração Final constam 19 princípios, 
que abordam a necessidade de guiar a população mundial para a 
preservação e melhoria do ambiente humano. 
 Em 1992, durante a “Cúpula da Terra” foi elaborado um 
diagrama para a proteção do planeta e seu desenvolvimento 
sustentável, conhecido como “Agenda 21” (ONU, 1992). Nesse 
documento, os governos delinearam um programa detalhado para 
migrar do então modelo insustentável de crescimento econômico, 
para novas atividades que protejam e renovem os recursos 
ambientais. 
O ano de 2015, apresentou-se uma oportunidade histórica 
de reunir os países para decidir sobre os novos caminhos, visando 
31 
 
melhorar a vida das pessoas ao redor do mundo. Essas decisões 
nortearam ações para acabar com a pobreza, promover a 
prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o meio ambiente e 
enfrentar as mudanças climáticas. 
Não obstante as ações tomadas em 2015 resultaram nos 
novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, baseados em 
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que visavam o combate 
à pobreza. 
 
Figura 1 | Objetivos de desenvolvimento sustentável 
 
Fonte: Nações Unidas (2019). 
 
32 
 
Conforme figura acima, são eles: 1) Erradicação da 
Pobreza; 2) Fome Zero; 3) Boa Saúde e Bem-Estar; 4) Educação 
de Qualidade; 5) Igualdade de Gênero; 6) Água Limpa e 
Saneamento; 7) Energia Acessível e Limpa; 8) Emprego Digno e 
Crescimento Econômico; 9) Indústria, Inovação e Infraestrutura; 
10) Redução das Desigualdades; 11) Cidades e Comunidades 
Sustentáveis; 12) Consumo e Produção Responsáveis; 13) 
Combate às Alterações Climáticas; 14) Vida Debaixo D’Água; 15) 
Vida Sobre a Terra; 16) Paz, Justiça e Instituições Fortes e; 17) 
Parcerias em Prol das Metas. 
Na 21ª Conferência das Partes (COP21) da United Nations 
Framework Convention on Climate Change (UNFCCC, 2009), em 
Paris, foi adotado um novo acordo com o objetivo de fortalecer a 
resposta global à ameaça da mudança de clima e de reforçar a 
capacidade dos países de lidar com os impactos promovidos por 
essas mudanças. 
O acordo aprovado pelos 195 países participantes da 
UNFCCC, teve como meta a redução das emissões de gases de 
efeito estufa (GEE). O Brasil, em 2016, aprovou o processo de 
ratificação do Acordo de Paris, em que se comprometeu a reduziras emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 
2005; até 2025, e 43% abaixo dos níveis de 2005 até 2030. 
33 
 
Espera-se que em 2030, cerca de 3 bilhões de pessoas 
façam parte da classe média, e, como consequência, haja uma 
maior utilização de recursos naturais (SALTERBAXTER, 2014). 
Uma maior pressão pública, através de órgãos governamentais, ou 
até mesmo do mercado, fará com que as empresas melhorem o 
desempenho no fornecimento de bens de consumo, expandindo 
sua gestão ambiental para toda a cadeia do negócio (DARNALL; 
JOLLEY; HANDFIELD, 2008). A minimização dos impactos 
ambientais pode ser integrada em diferentes práticas, nas diversas 
áreas do negócio (GROSSMANN, 2004). 
Para 2050, estima-se que a população mundial chegue a 
nove bilhões de pessoas (ONU, 2019), e isso deve representar um 
aumento de aproximadamente 110% na demanda por alimentos 
(MEYFROIDT, 2018). A competição global por recursos e a 
concentração da oferta tem aumentado, o que torna a indústria e a 
sociedade dependentes de um modelo de abastecimento 
vulneráveis à volatilidade do mercado e instabilidades políticas. 
A relevância da sustentabilidade para a sobrevivência do 
planeta faz com que, a partir da perspectiva circular, se tenha a 
intersecção entre os negócios, o meio ambiente e a sociedade com 
a conscientização de que os recursos naturais são finitos, e é 
necessário ter sistemas produtivos de forma mais eficientes. 
34 
 
A economia circular não pode ser confundida somente 
com reciclagem, o conceito é mais amplo e envolve uma série de 
estratégias, como o design de métodos de produção, sistemas de 
logística reversa, desenvolvimento de tecnologias para transformar 
resíduos em novas matérias primas, parcerias entre diferentes 
setores econômicos, impacto socioambiental onde a empresa está 
inserida e a saúde da comunidade impactada pelo modelo 
econômico. 
Os sistemas econômicos são a principal fonte de pressão 
sobre o meio ambiente. E são esses sistemas que necessitam de 
uma análise mais profunda, de modo a apresentarem propostas 
para sua relação com os recursos naturais; um novo modelo 
estimula novas práticas em busca de alternativas ao atual modelo 
linear. 
 O objetivo deste estudo é desenvolver uma visão 
abrangente do conceito da economia circular e identificar 
iniciativas que permitirão o desenvolvimento sustentável para as 
futuras gerações. 
 Para o atingimento deste objetivo, além da pesquisa 
bibliográfica, foi demonstrada a aplicabilidade do conceito de 
economia circular, através da pesquisa em uma Instituição que 
35 
 
apoia pessoas com deficiência intelectual, a partir de novas fontes 
de recursos para seus projetos. 
 
Metodologia 
 
 
O método utilizado para a realização deste trabalho é a 
pesquisa exploratória, com foco na análise de textos, coleta de 
dados e trabalhos anteriormente elaborados nacional e 
internacionalmente. 
De acordo com Gil (2008), a pesquisa exploratória 
proporciona maior familiaridade com o problema e pode envolver 
levantamento bibliográfico, entrevistas e estudos de caso. Uma 
pesquisa é considerada de cunho exploratório quando visa 
proporcionar uma visão geral de determinado tema ou fato. O 
objetivo deste tipo de estudo é realizar descobertas a partir da 
investigação de várias fontes de informações. 
Numa primeira etapa, foram analisadas as literaturas 
existentes, através de livros, artigos e pesquisas a sites como 
método de ampliar o entendimento sobre economia circular e o 
desenvolvimento sustentável. Dessa forma, foi possível avaliar os 
benefícios da transição do modelo econômico atual linear, para o 
modelo circular. 
36 
 
De acordo com Chiara (2008), a pesquisa bibliográfica visa 
levantar um conhecimento disponível sobre as várias teorias, para 
analisar ou explicar um objeto que está sendo investigado A 
pesquisa bibliográfica analisa as principais teoria do tema e pode 
ser realizada com diferentes finalidades. 
Após a análise das publicações, identificou-se no 
referencial teórico uma forma de descrever o conceito estudado, 
explorando situações em que possa ser aplicado. Partiu-se então, 
para a análise de um exemplo prático, utilizando o conceito da 
economia circular, no contexto de uma instituição que trabalha a 
inclusão social. 
Para a pesquisa do exemplo prático, identificou-se as 
principais características da economia circular e como a mesma 
poderia ser analisada contrapondo a teoria estudada e a prática de 
uma organização social. 
A organização, objeto deste estudo, é o Instituto Jô 
Clemente, reconhecido por desenvolver estudos e pesquisas sobre 
a deficiência intelectual, inserida em um contexto social que atinge 
toda a comunidade ao seu redor. Com a aplicabilidade da 
economia circular, empresas como a estudada, podem se beneficiar 
com a ampliação de suas pesquisas, internacionalização de 
conhecimento e abrangência de atendimento aos que necessitam 
37 
 
de apoio. Para a realização da pesquisa no Instituto Jô Clemente, 
foi utilizada a análise documental, além da revisão de bibliografias 
sobre o tema. 
 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 Ao longo de sua história, o ser humano progrediu para 
sanar suas necessidades, buscando melhorar a economia e o bem-
estar social (O’SULLIVAN; SHEFFRIN, 2003). A abundância de 
recursos naturais, até agora existentes, para a produção de bens de 
consumo produzidos pelo sistema industrial passou a ser vista de 
forma negativa, pois alguns grupos representativos da sociedade 
passaram a avaliar, além do impacto ambiental pela extração, o 
modelo de descarte de forma incorreta. 
 A partir do século XX, os impactos ambientais começaram 
a ser percebidos pelas diferentes classes sociais, entendendo-se que 
os recursos eram finitos e fundamentais para a manutenção do 
planeta, impactando na qualidade de vida da sociedade. Com esse 
novo olhar, surgiram dentro da economia do meio ambiente duas 
formas de pensamento, a economia ambiental e a economia 
ecológica. A primeira tem influência da economia neoclássica, 
onde o meio ambiente é o fornecedor de recursos e receptor de 
resíduos. 
38 
 
O sistema econômico é visto como a principal fonte de 
pressão sobre o meio ambiente, não o vislumbrando como um 
fator limitador do crescimento econômico. Segundo Mueller 
(2007), sistema econômico, considerado como um organismo vivo 
e complexo, não atua independentemente do sistema natural que 
lhe sustenta. Ao contrário, o sistema econômico interage com o 
meio ambiente, extraindo recursos naturais e devolvendo resíduos. 
 Já a economia ecológica lança um novo olhar sobre o 
processo econômico e ambiental. Este pensamento entende que os 
problemas ambientais estão na forma como está desenvolvida a 
sociedade. Um olhar crítico sobre a ótica da economia ambiental, 
entende a importância dos mercados, defendendo a necessidade de 
regulamentação para alocação melhor dos bens e serviços 
ambientais. 
O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu a partir 
do entendimento que o crescimento econômico não pode ser 
conduzido nos moldes de destruição dos ambientes naturais, 
exclusão social, concentração de renda nem dilemas socioculturais 
(SOIBERT; OLIVEIRA, 2011). 
 Em 1972, foi publicado o relatório “Limites do 
Crescimento” onde foi apresentado um cenário de esgotamento 
dos recursos naturais decorrente do modelo de desenvolvimento 
39 
 
tradicional (MEADOW et al., 1978). A proposta central do 
relatório era para o crescimento econômico e populacional 
(RATTNER, 1979), norteando o conceito de desenvolvimento 
sustentável por anos. 
Em 1979, durante a Conferência de Estocolmo, foi 
construído o Relatório de Brundtland intitulado “Nosso Futuro 
Comum”. O relatório apontava o momento em que o planeta se 
encontrava em termos socioeconômicos e ambientais, apresentado 
uma proposta hegemônica entre o desenvolvimento sustentávele 
o neoliberalismo econômico. 
No final dos anos 80, começou a circular o termo 
globalização, como uma ideia de unificação do mundo 
(HOBSBAWAN, 1995). A nominação como globalização foi a 
partir de um olhar sobre um processo de intensificação das 
relações entre os países do mundo, podendo acontecer nos setores 
econômico, social, cultural ou político. 
Resultado de uma política, implementada por governos 
nacionais e instituições internacionais, a globalização trouxe uma 
abertura do mercado de capitais e de bens e serviços. A abertura 
das fronteiras fez expandir negócios para mercados ainda 
emergentes, fazendo expandir o sistema do capitalismo, 
40 
 
Segundo o Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento (PNUD, 2005), a globalização traz algumas 
desvantagens que devem ser levadas em consideração: 
• Concentração de riqueza: as nações com melhores 
condições financeiras e produção de bens e serviços em 
maior escala se beneficiariam com a globalização em 
relação aos países em desenvolvimento. 
• Exploração de países mais pobres: países desenvolvidos 
se instalam em países mais pobres poderiam explorar da 
matéria prima e mão de obra mais baratas. 
• Especulação financeira: a abertura dos mercados 
mundiais fez com que o fluxo de capital aumentasse, com 
isso a especulação financeira também cresceu. 
• Crises financeiras mundiais: com uma economia 
interligada, problemas financeiros de países podem acabar 
se tornando globais. Um exemplo foi a crise de 2008, que 
iniciou com problemas nos financiamentos imobiliários 
dos Estados Unidos, e acabou atingindo a economia 
global. 
O mercado financeiro é o mais globalizado dos mercados. 
Com a liberação dos fluxos de capitais, aliada a inovação 
tecnológica nas telecomunicações, ocorreu o deslocamento de 
41 
 
grandes somas de capital, sendo considerado o centro da 
globalização. 
 Na década de 90, com advento da globalização, ocorreu 
um crescimento da produtividade econômica. Por conseguinte, as 
sociedades construíram grandes abismos sociais e tecnológicos, o 
que exigiu do planeta um consumo ainda maior dos bens naturais. 
Surgiram problemas ambientais globais como a destruição da 
camada de ozônio, contaminação radioativa, mudanças climáticas, 
perda da biodiversidade, poluição dos oceanos, dentre outros. 
 O primeiro país a implantar o conceito de economia 
circular foi a Alemanha, em 1996, quando sancionou a lei de 
gestão de substâncias tóxicas, e a gestão de resíduos em ciclo 
fechado. O Japão foi o segundo a promover a economia circular 
em 2000 (SEHNEM; PEREIRA, 2019). Em 2008, a China institui 
a Lei de Promoção da Economia Circular e a adota como modelo 
de desenvolvimento nacional (SUÁREZ-EIROA et al., 2019). 
 
Economia Linear x Economia Circular 
 
 A economia linear vem sendo considerada uma forma de 
organização inviável, já que, no longo prazo, os limites do planeta 
terão chegado a um nível insustentável. 
42 
 
 
 
Figura 2 | Economia linear 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborada pela autora (2021). 
 
Para exemplificar, são algumas desvantagens do modelo linear: 
a) Limitação de Recursos: a incerteza sobre a 
disponibilidade de recursos naturais para a manutenção do 
sistema é cada vez mais crescente. 
b) Volatilidade de Preços: a flutuação nos preços das 
commodities aumenta significativamente os preços médios. 
Essa flutuação impacta não somente os produtores e 
compradores de matérias primas, mas aumenta o risco do 
mercado fazendo com que os investimentos se tornem 
menos atraentes. 
43 
 
c) Materiais Críticos: a dependência de materiais críticos faz 
com que empresas como indústrias metalúrgicas, 
automotivas e de componentes eletrônicos, fiquem 
dependentes das flutuações de preços dos materiais, e 
consequentemente podem se tornar menos competitivas. 
d) Interdependência: atualmente, a produção de muitos 
produtos depende de água e combustíveis. Essa 
interdependência pode gerar um impacto generalizado pela 
escassez de matéria prima, podendo gerar ainda a 
indisponibilidade de bens de consumo. 
e) Aumento de Externalidades: as externalidades são 
efeitos sociais, econômicos e ambientais indiretamente 
causados pela venda de produtos ou serviços. Elas incluem 
danos aos ecossistemas, redução de vida útil do produto e 
uma elevação na demanda por produtos. 
 
 Figura 3 | Modelo da economia linear 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Luz e Echevengua (2015). 
44 
 
Na figura acima, podemos ilustrar melhor o modelo de 
economia linear e suas características. 
Já a economia circular, é restaurativa e regenerativa por 
princípio (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2017), parte 
do pressuposto que não haja fim, nem do produto, nem de seus 
componentes. A ideia de fim é substituída pelo conceito de 
restauração e menor geração de impacto, utilizando-se de energia 
renovável, evitando o uso de produtos químicos nocivos, 
eliminação da geração de resíduos e uma melhoria dos negócios e 
das indústrias. 
O modelo circular propõe fechar o ciclo (extrair, 
transformar, produzir, utilizar e descartar), no qual as práticas 
econômicas e sociais são repensadas de forma a aproximar o 
funcionamento do sistema, que seja capaz de reduzir a quantidade 
de novos recursos necessários para a produção, assim como a 
quantidade de resíduos descartados (ELLEN MACARTHUR 
FOUNDATION, 2012). 
A economia circular está sustentada em três princípios: o 
primeiro tem o objetivo de preservar e aumentar o capital natural, 
monitorando e equilibrando os recursos renováveis. O segundo 
princípio, baseia-se em otimizar a produção de recursos, fazendo 
com que os produtos, componentes e materiais circulem com alta 
45 
 
utilidade, tanto no ciclo técnico quanto no biológico. Por fim, o 
terceiro princípio tem o objetivo de fomentar a eficácia do sistema, 
revelando os projetos negativos e excluindo-os. 
Baseando-se nesses princípios, pode-se destacar outras 
cinco características que trazem o conceito de economia circular à 
prática (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2013): 
a) Diversidade Valorizada: a economia circular valoriza 
economias, em que negócios de diferentes portes 
coexistam com ambientes naturais biodiversos e resilientes. 
b) Utilização de Fontes Renováveis: com o uso de fontes 
renováveis, principalmente as de fontes energéticas, 
aumentam a resiliência e reduzem a dependência de 
recursos que podem ser influenciados por crises. 
c) Exclusão de Perdas: em uma economia circular, não há 
geração de resíduos, sendo os produtos projetados 
especialmente. Os nutrientes biológicos são biodegradáveis 
e facilmente retornam ao ecossistema. 
d) Visão Sistêmica: a economia circular traz uma visão ampla 
sobre o mercado, empresas, consumidores e recursos 
naturais. 
e) Preços que Refletem a Realidade: os movimentos do 
mercado, tanto positivo quanto negativamente são 
46 
 
internalizados, além dos custos dos serviços ambientais 
prestados, refletindo assim o custo real dos produtos e 
serviços. 
Há dois ciclos importantes que fundamentam o conceito 
de economia circular, os biológicos e os técnicos. Os ciclos 
biológicos são os regenerativos e acontecem quando as matérias 
primas são projetadas para retornar ao sistema por meio de 
processos como compostagem e digestão anaeróbica. Por esses 
ciclos regenerarem os sistemas vivos, como o solo, são 
responsáveis por fornecer recursos renováveis para a economia. Já 
os ciclos técnicos são responsáveis por restaurar produtos, 
componentes e materiais por meio de estratégias como 
reutilização, reparo, remanufatura e, em último caso, a reciclagem. 
Para que o reuso de recursos e maior produtividade se 
tornem algo comum, alguns mecanismos de mercado deverão 
desempenhar um papel de apoio a políticas públicas, instituições 
de ensino e formadores de opinião. A fim de viabilizar esse 
modelo, algumas condições devem surgir, como a colaboração,incentivos, estabelecimento de regras ambientais internacionais 
adequadas e acesso a financiamentos. 
 Além dessas condições, habilidades adicionais serão 
necessárias para o aproveitamento dos ciclos até o retorno final 
47 
 
dos materiais ao solo, ou ao sistema de produção industrial. Para 
isso, estão envolvidas as cadeias de entrega, separação, 
armazenamento, gestão de risco e geração de energia. Com 
sistemas de coleta e tratamento melhores, o descarte de materiais 
para fora do sistema será reduzido, reforçando o racional 
econômico da economia circular. 
 
Indicadores de Economia Circular 
 
 Os indicadores devem ser um caminho para se atingir um 
mundo mais sustentável. Na literatura, os pesquisadores têm 
buscado questionar esses indicadores de sustentabilidade. Para a 
obtenção dos dados é necessário um procedimento específico de 
medição (GALLOPIN, 1996), e devem ser fáceis de usar. 
 Os indicadores de economia circular ainda são escassos, 
não existe uma padronização mundialmente usada para mensurar 
os ciclos dos produtos e serviços (LINDER; SARASINI; LOON, 
2017). Atualmente, para auxiliar as organizações na transição para 
a economia circular, há duas frentes que estão cada vez mais 
conhecidas. 
A primeira delas, elaborada pela Ellen MacArthur 
Foundation (2010), traz o escopo dos indicadores, avaliando os 
48 
 
materiais reutilizados, reciclados, origem e destino da matéria 
prima. A segunda frente é representada por empresas de 
certificação, consultoria e pesquisa, que têm buscado desenvolver 
práticas e métricas mensuráveis da economia circular. 
Uma dessas empresas é a Climate Bonds Initiative, 
organização que trabalha para mobilizar o mercado de capitais, 
promovendo investimentos em projetos e ativos necessários para a 
transição rápida e efetiva para a economia circular. A Climate 
Bonds Initiative, vem elaborando indicadores e padrões para a 
certificação de títulos com rotulagem sustentável. A ferramenta é 
de fácil acesso tanto para investidores, quanto para governos, e 
auxilia na priorização de investimentos que realmente contribuem 
para enfrentar as mudanças climáticas. 
 Outra empresa que elaborou normas para a economia 
circular foi o BSI Group, que realizou uma pesquisa em meados de 
2013 com áreas correlatas da gestão e prevenção de resíduos. Em 
2017, o BSI Group elaborou um guia, chamado BS 8001, com 
princípios, estratégias, aplicação e controle de questões sobre a 
economia circular, podendo ser aplicado em qualquer tipo, 
tamanho e localização da organização (BSI, 2017). 
 
49 
 
Economia Circular no Mundo e no Brasil 
 
 Segundo a ONU (2014), até 2050, 66% da população 
mundial residirá em centros urbanos. Esse percentual representa 
2,5 bilhões de pessoas que necessitarão de serviços que tendem a 
impactar de forma expressiva o meio ambiente. Apesar do tema 
economia circular estar muito ligado à sustentabilidade, na 
proposta do desenvolvimento ambiental e propor ações em 
consonância com as demandas ambientais, não existe um único 
caminho, já que se entende que uma série de iniciativas vem sendo 
criadas para que o conceito seja implantado, principalmente dentro 
dos negócios das empresas, complexos industriais, cidades e 
cadeias globais de abastecimento. 
 O modelo predominante europeu ainda é a economia 
linear. Segundo estudos da Ellen MacArthur Foundation (2015), 
em conjunto com as consultorias SUN e McKinsey, demonstram 
os impactos positivos do modelo de economia circular na União 
Europeia, criando enormes oportunidades de renovação, 
regeneração e inovação na indústria. 
A inserção do modelo de economia circular pode, ainda, 
trazer uma revolução tecnológica gerando um benefício líquido de 
€ 1,8 trilhão até 2030. Esse valor é superior ao estimado na 
50 
 
economia linear, de € 0,9 trilhão. Ainda segundo o estudo, a 
transição da Europa para a economia circular poderia contribuir € 
900 bilhões adicionais ao PIB europeu até 2030, aumentar a renda 
domiciliar em € 3.000 por ano e cortar as emissões de CO2 pela 
metade em comparação aos níveis atuais. 
 Já nos países asiáticos, responsáveis por 60% da população 
mundial, a China e a Índia experimentaram um crescimento, 
urbanização e industrialização acelerados, produzindo impactos 
ambientais negativos. Porém, a China percebendo esses impactos, 
desde 2003 vem desenvolvendo políticas públicas promulgando 
leis como a Lei de Produção Limpa e, em 2009 implementou a Lei 
de Promoção da Economia Circular com o objetivo de, nos 
próximos 50 anos, sejam resolvidos problemas como tratamento 
de resíduos domésticos, eficiência energética e redução de 
emissões atmosféricas (WORLD ECONOMIC FORUM, 2014). 
No início dos anos 2000, o Japão iniciou um processo de 
circularização econômica, apoiado em políticas públicas de gestão 
de resíduos e suprimentos, e mudanças no sistema educacional. 
Para essa região, há grandes oportunidades de geração de valor e 
crescimento, quando da transição para uma economia linear. 
 Na América do Norte, tanto o Canadá como os Estados 
Unidos são grandes vetores da economia circular por meio das 
51 
 
empresas de tecnologia, principalmente nas áreas de finanças e 
inovação. 
 O continente africano assinou durante a 17ª. Conferência 
dos Ministros Africanos do Ambiente, ocorrida em novembro de 
2019, um documento para a implantação da economia circular. 
Um projeto que chama atenção é o Desenvolvimento Econômico 
e Reciclagem da África do Sul criado em 2012 para resolver o 
problema crescente de pneus usados. Essa iniciativa se mostra 
como o principal exemplo de economia circular em ação na África. 
 A América Latina é rica em recursos naturais, 
biodiversidade e inovação social. O continente possui elementos 
regionais únicos, como as reservas naturais abundantes, além de 
ser uma região grande exportadora de recursos, tendo um papel 
importante na transição global para a economia circular. Em 
relação ao Brasil, percebe-se uma série de ações sendo traçadas 
com o objetivo de difundir o conceito nos negócios. 
Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria 
– CNI (2018), 76,4% das indústrias do país desenvolvem algum 
tipo de economia circular, como reuso de água, reciclagem de 
materiais e logística reversa. Ainda segundo a pesquisa, 60% das 
indústrias entendem que as práticas que envolvem a economia 
circular podem contribuir para a geração de emprego. 
52 
 
 Em 2018, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) 
desenvolveu o Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022, onde a 
economia circular é vista como uma oportunidade para o uso mais 
eficiente dos recursos podendo gerar um aumento da 
competitividade da indústria. Dentre os objetivos centrais do 
documento está a gestão de resíduos como recursos de valor, 
como exemplo a cadeia do plástico que teve um aumento na 
proporção de reciclagem de 9,8% para 12,5% até 2022. 
Na figura abaixo, podemos ver a proporção de material reciclado 
em atividades selecionadas no Brasil. 
 
Figura 4| Proporção de material reciclado em atividades selecionadas 
no Brasil 
 
Fonte: CNI (2018, apud IBGE 2017). 
 
53 
 
Segundo pesquisa da Ellen McArthur Foundation (2017), 
há várias oportunidades no país, que podem auxiliar a transição 
para a economia circular: 
• Agricultura e Biodiversidade: a aplicação de modelos 
regenerativos na agricultura poderia restaurar as reservas 
naturais, aumentar a diversidade biológica, fechar ciclos de 
nutrientes, aumentar a produção agrícola concentrando 
esforços para aumentar o conteúdo nutricional dos 
alimentos. O uso sistemático de resíduos orgânicos 
disponíveis por meio do processo de compostagem, 
devolve ao solo os nutrientes necessários, reduzindo a 
necessidade de reposição através de fertilizantes químicos. 
• Construção e Edificações: integrar conceitos como da 
flexibilidade e modularidade para dar mais eficiênciano 
uso dos recursos e reduzir o desperdício estrutural. 
• Equipamentos Eletroeletrônicos: unir a eficiência e a 
capacidade operacional com a agilidade e escala. Uma vez 
estabelecidas as condições sistêmicas adequadas, os 
modelos de serviços e produtos podem oferecer um custo 
mais acessível ao consumidor, porém com mais valor e 
mais modernos. 
54 
 
• Responsabilidade Social: ações de responsabilidade 
social mostram que a empresa está preocupada com o 
impacto que ela causa no ambiente em que ela está 
inserida, e suas ações podem diminuir os danos que podem 
ter causado. 
 
Barreiras à economia circular 
 
 Não está claro se a economia circular pode de fato 
promover o crescimento econômico sem degradar o meio 
ambiente, e melhorar a equidade social para esta e para as futuras 
gerações (MILLAR; MCLAUGHLIN; BÖRGER, 2018). Em um 
estudo feito por Ritzén e Sandstrom (2017), levantaram-se cinco 
tipos de barreiras para a adoção da economia circular, que são 
financeira, estrutural, operacional, comportamental e tecnológica. 
Em relação a barreira financeira, o desconhecimento dos 
benefícios econômicos proporcionados pela transição para a 
economia circular, como exemplo a redução da extração de 
matéria prima pela incorporação de resíduos pela reciclagem. 
A barreira estrutural está relacionada com a falta de clareza 
na distribuição da responsabilidade entre os setores das empresas. 
55 
 
Na barreira operacional, as particularidades que envolvem 
a infraestrutura e a cadeia de suprimento de cada tipo de produto e 
sua rede de fornecedores. 
A barreira comportamental refere-se a baixa percepção da 
sustentabilidade e o não conhecimento dos riscos ambientais por 
parte de todos os envolvidos. 
Já na barreira tecnológica, o desenvolvimento de produtos 
e processos de produção alinhados a economia circular tem pouca 
clareza na integração com o conceito. 
 O desenvolvimento da economia circular é um resultado 
de políticas governamentais e da atuação de outros agentes, como 
as agências de desenvolvimento de negócios (KORHONEN et al., 
2018). 
No campo do desenvolvimento de novas tecnologias, os 
governos têm papel essencial, financiando pesquisas nas áreas 
chave para promover o consumo e a produção sustentável, como 
reciclagem, economia de energia, entre outras. 
 
Environmental, Social and Governance (ESG) e Os 
Investimentos Focados em Sustentabilidade 
 
 A crescente preocupação com a sustentabilidade faz com 
que informações sobre práticas ambientais, sociais e de governança 
56 
 
das empresas (ESG), passem a ser levadas, cada vez mais, em 
consideração no mundo dos investimentos (BARBOSA, 2019). 
Segundo uma pesquisa realizada em 2016 pela Cone 
Communications, 75% dos millenials estão dispostos a ter um corte 
no salário para trabalhar em uma empresa socialmente 
responsável. Outra pesquisa realizada em 2016 pela Nielsen (2016), 
73% dos millenials pagariam mais por produtos ou soluções 
sustentáveis. 
 Para o mundo dos investimentos, abriu-se uma nova rota, 
a dos investimentos que levam em conta critérios de 
sustentabilidade. É possível ver, cada vez mais, as companhias e 
fundos estrangeiros se posicionando para definir seus critérios de 
investimentos. A empresa do mercado financeiro BlackRock, 
maior gestora de índices comercializados como ações do mundo, 
passou a considerar indicadores de sustentabilidade na hora de 
divulgar informações sobre seus fundos de investimentos 
(BLACKROCK, 2020). Também informou que selecionará seus 
futuros investimentos em companhias adeptas ao ESG. 
 Para entender melhor, o ESG é um índice que avalia as 
melhores práticas nos três eixos da sustentabilidade: (BARBOSA, 
2019). 
 
57 
 
Figura 5|Pilares do ESG 
 
Fonte: Elaborada pela autora (2021). 
 
Pelo lado do investidor, o interesse em ESG geralmente é 
impulsionado por objetivos como alinhar investimentos com 
valores pessoais, impacto na sociedade e melhora no perfil de risco 
dos investimentos. 
 
Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável 
 
 Os recursos disponíveis para o financiamento do 
desenvolvimento sustentável disponível, são insuficientes para que 
os objetivos da comunidade sejam alcançados. Canalizar os 
recursos necessários por meio da combinação de medidas, como 
58 
 
atrair financiamento privado, mobilizar receitas públicas e apoiar o 
desenvolvimento do setor financeiro, podem tornar possível o 
atingimento dos ODS - Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável (IPEA, 2018). 
 Em seu sentindo amplo, o financiamento sustentável apoia 
direta ou indiretamente, os Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável (ODS) com arranjos de mercado que contribuem para 
um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo da 
sociedade. Em 2018, os membros do G20 durante encontro 
realizado na Argentina, identificaram opções voluntárias para 
expandir o investimento privado em atividades sustentáveis, que 
obtenham impacto ambiental positivo e benefícios sociais e 
econômicos, como criação de emprego, desenvolvimento 
tecnológico, redução da pobreza e inclusão social. 
Segundo estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), 
realizado em 2019, estima-se que seriam gastos até 2030 US$ 2,6 
trilhões para que os mercados emergentes e de baixa renda 
ofereçam às populações cada vez mais educação, saúde, energia, 
estradas, água e saneamento (FMI, 2019). 
 O capital privado é, muitas vezes, uma importante fonte 
de financiamento sustentável, já que o financiamento público pode 
não ser suficiente, para atender as demandas de uma economia 
59 
 
global em crescimento. Empresas em fase inicial, ou de pequeno e 
médio porte, que tenham como foco impactos ambientais, sociais 
e econômicos positivos são cruciais para o desenvolvimento do 
crescimento sustentável, porém enfrentam dificuldades para obter 
o capital de investimento para seus projetos. 
O crescimento das estratégias de investimento sustentável 
oferece uma oportunidade para endereçar as captações, para 
modelos de negócio e tecnologias que visam a sustentabilidade. 
 
Negócios de Impacto Positivo 
 
 O empreendedorismo focado em negócios de impacto 
pode gerar transformações profundas em áreas fundamentais 
como cidadania, educação, finanças, saúde, tecnologia verde, entre 
outros. 
 Segundo a Força Tarefa de Finanças Sociais1, em sua Carta 
de Princípios para Negócios de Impacto no Brasil (2015), os 
empreendedores possuem a missão de impactar com resultado 
financeiro de forma sustentável a sociedade como um todo. 
 
1 A Força Tarefa de Finanças Sociais (FTFS) foi lançada em 2013 e seu 
propósito é ampliar o capital privado e público para o desenvolvimento de 
mecanismos e negócios de impacto que contribuam para a solução de 
problemas sociais brasileiros. 
60 
 
Acredita-se na ideia de que o alcance dos Negócios de Impacto, 
pode contribuir para a conquista de uma série de realizações, 
dentre elas: 
 
Figura 6|Conquistas possibilitadas por negócios de impactos 
 
Fonte: Elaborada pela autora baseada na FTFS (2015). 
 
Para ilustrar, a Carta de Princípios para Negócios de 
Impacto, traz uma composição básica do ecossistema, conforme 
figura a seguir. 
 
61 
 
Figura 7|Composição Básica do Ecossistema de Finanças Sociais 
Fonte: FTFS (2015). 
 
No Brasil, não há uma estrutura jurídica específica voltada 
para os Negócios de Impacto. Dessa forma, para que uma 
empresa, com ou sem fins lucrativos, seja enquadrada como 
Negócio de Impacto, deve possuir quatro princípios (FTFS, 2015): 
• missão social e ambiental: com o propósito de gerar 
impacto socioambiental positivo; 
62 
 
• impacto social e ambiental monitorado: em que o 
impacto é periodicamente mensurado e avaliado; 
• lógica econômica: com o desenvolvimento de 
mecanismos para gerar receita própria; 
• governança: levando em consideração os interesses de 
investidores, clientes e comunidade.Modelos de Financiamento – Títulos de Impacto Social 
 
Os títulos sociais se referem a uma estrutura desenvolvida 
por um Comitê Executivo da Associação Internacional do 
Mercado de Capitais (ICMA, sigla em inglês) que visa a captação 
de recursos para a conclusão de projetos com objetivo social. 
Esses títulos exigem que os emissores demonstrem, com o maior 
grau de transparência, a sua aplicabilidade para os investidores e 
público em geral (ICMA, 2018). 
 A IMCA é uma associação que reúne emissores, 
investidores, subscritores e outras partes interessadas do mercado 
de capitais, promovendo a harmonização dos mercados globais de 
títulos de dívida, incentivando a colaboração e o diálogo entre as 
partes. Para isso, a IMCA publica informações sobre práticas e 
estruturas de mercado para padronização. 
63 
 
Em 2014, a associação publicou os Green Bonds Principles 
(GBP) com diretrizes para o processo de emissão de títulos verdes, 
voltados, principalmente, à agricultura de baixo carbono e o uso da 
terra. Em 2017, foi publicado os Social Bonds Principles (SBP) 
para regulamentar a emissão de obrigações visando projetos de 
impacto social (ICMA, 2018). 
 Os Títulos Sociais, também conhecidos como Títulos de 
Impacto Social, são uma nova maneira de impulsionar a inovação 
para a solução de problemas sociais que ainda hoje trazem impacto 
na vida da população. 
Os Social Bonds Principles propõem algumas categorias de 
projetos que podem ser apoiadas: 
• Infraestrutura básica acessível: água potável, esgoto, 
saneamento, transporte etc. 
• Acesso à serviços básicos: saúde, educação, assistência 
médica, financiamentos etc. 
• Habitação a preços acessíveis. 
• Criação de emprego. 
• Comida Segura. 
• Avanço socioeconômico e empoderamento. 
Podem ser beneficiários os projetos sociais ligados a: 
• Pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. 
64 
 
• Populações, comunidades excluídas e/ou marginalizadas. 
• Grupos vulneráveis, inclusive em decorrência de desastres 
naturais. 
• Pessoas com deficiência. 
• Imigrantes e migrantes. 
• População sub educada. 
• População carente, devido à falta de acesso à serviços 
essenciais de qualidade. 
• Pessoas desempregadas. 
Uma amostra da importância desses títulos, segundo 
levantamento da Natixis, Green & Sustainable Hub, Market Data 
(2018), em 2018, o volume global de emissões aumentou para 16,5 
bilhões de dólares em maio de 2018. O grande destaque para as 
emissões foram os setores públicos com 77%. 
Do ponto de vista financeiro dos investidores, os títulos 
sociais oferecem um retorno semelhante à um título convencional 
de renda fixa. Segundo Simon Bond (2010), da European Social 
Bond Fund, não é preciso comprometer o lucro dos investidores 
para se ter um impacto social, e com isso não há motivos para 
relutar em investir nesse tipo de título. Os títulos sociais reúnem o 
retorno social e o retorno financeiro, além de representar uma 
oportunidade de diversificação de portfólio. 
65 
 
O mercado dos investimentos de impacto tem ganhado 
notoriedade, com o maior número de investimentos nos setores de 
tecnologia da informação e comunicação, saúde, educação e 
conservação da biodiversidade. 
 
Um Novo Foco – Negócios Inclusivos 
 
 A luta para acabar com a pobreza não é fácil. Criar 
modelos inovadores, apoiar empresas de grande e pequeno porte, 
podem beneficiar suas comunidades, enquanto todos podem 
aumentar seus resultados. Os negócios inclusivos têm um papel 
significativo na implementação da Agenda 2030, com ações como 
a redução da pobreza, diminuição das desigualdades e o 
crescimento econômico sustentável. Podem, ainda, contribuir para 
alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 
 Os negócios inclusivos impulsionam as forças do mercado 
de maneira a integrar a “base da pirâmide” econômica. Segundo o 
International Finance Corporation (2014), 4,5 bilhões de pessoas 
na “base da pirâmide” gastam cerca de 5 trilhões de dólares, o que 
representa mais da metade de tudo que é consumido nos países em 
desenvolvimento e mercados emergentes. 
 Na América Latina, de acordo com o Banco 
Interamericano de Desenvolvimento (2013) a “base da pirâmide” 
66 
 
tem mais de 400 milhões de pessoas com menos de 10 dólares por 
dia. Segundo o Relatório do G20 para a Cúpula de 2016, sobre 
negócios inclusivos, o Brasil tem cerca de 100 milhões de pessoas 
vivendo na base da pirâmide. Existem grandes desafios para 
superar as barreiras dos negócios inclusivos, como a ampliação da 
oferta de capital e a promoção de um ambiente favorável à 
disseminação e incentivo do ecossistema. 
Os negócios inclusivos podem criar oportunidades de 
emprego e empreendedorismo para essas pessoas que vivem na 
“base da pirâmide”, sendo direta ou indiretamente, como as 
cadeias de valor das empresas, sendo fornecedores, distribuidores 
ou parceiros de negócio. Os negócios inclusivos podem promover 
o desenvolvimento sustentável nos três pilares: econômico, social 
e ambiental. 
 Segundo Hart e Milstein (2004), a melhoria das condições 
de vida é alcançada através do acesso a bens e serviços que 
anteriormente estavam disponíveis apenas para a classe 
privilegiada. Segundo Sen (2000), o problema da pobreza extrema 
é que priva as pessoas da liberdade e que, para reverter isso, é 
necessário estabelecer condições de acesso à educação, saúde, 
habitação e geração de renda. 
67 
 
 Em 2013, foi formada pelos países do G7 e pela Austrália 
uma Força Tarefa de Finanças Sociais (FTFS), com o intuito de 
envolver profissionais como catalizadores e articuladores para 
levar os temas mais críticos sobre negócios inclusivos, à campo. O 
propósito dessa ação é disseminar e mobilizar as pessoas para a 
crença de modelos de negócios que envolvam problemas sociais. 
(FTFS, 2015) 
 Em 2015, essa Força Tarefa foi sucedida pela organização 
Global Social Impact Investment Steering Group (GSG), onde o 
Brasil passou a fazer parte, e essa organização passou a ser uma 
referência global para as melhores práticas e na construção das 
finanças sociais nos países membros. 
 Pode-se perceber que há inúmeras formas de se aplicar a 
economia circular dentro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável, principalmente no campo de negócios inclusivos, 
como o melhor acesso à assistência médica e ampliação da rede de 
atendimento. 
 
Exemplo Ilustrativo da Economia Circular – na 
Vertente Social 
 
 Segundo Ricardo Abromovai (FTFS, 2015), “Não é 
possível haver transformação social, se não houver transformação 
68 
 
nos modelos de negócios das empresas. Por isso é fundamental 
que os movimentos sociais cobrem das empresas os valores que 
queremos ver em toda a sociedade”. Ainda segundo o autor, a 
economia circular somente terá impacto, caso consiga se apoiar em 
muita ciência e tecnologia. 
 O relacionamento é essencial para qualquer organização. Se 
relacionar com apoiadores, fornecedores, financiadores, governo, 
parceiros e outras organizações é uma necessidade permanente, 
principalmente nos casos de negócios de impacto social. É 
importante se lembrar que os negócios de impacto social, por 
serem uma inovação disruptiva, estão inseridos em mercados ainda 
não estruturados. 
 Tendo como ponto de partida esses elementos, o estudo 
que se segue tem como objetivo central dar concretude a uma ideia 
genérica, como o financiamento de estudos e pesquisas, em 
negócios de impacto social. 
 
CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO 
EXEMPLO: INSTITUTO JÔ CLEMENTE – SÃO 
PAULO 
 
No Brasil, a primeira instituição voltada a deficiência 
intelectual foi criada em 1926, chamada Sociedade Pestalozzi. Em 
69 
 
1954 surgia a primeira APAE, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a 
APAE foi fundada em 1961, com o intuito de promover a 
prevenção e a inclusão da pessoa com Deficiência Intelectual, 
disseminando conhecimento do diagnóstico no nascimento,até o 
envelhecimento, e o desenvolvimento de habilidades que 
favoreçam o aprendizado, a empregabilidade, a inclusão social e a 
defesa dos direitos. 
Em 1976, a APAE de São Paulo trouxe para o Brasil o 
Teste do Pesinho, que a partir de gotas de sangue coletadas do 
calcanhar do recém-nascido, consegue detectar doenças e dá a 
chance do tratamento correto ao paciente. Atualmente, o teste é 
credenciado pelo Ministério da Saúde como Serviço de Referência 
em Triagem Neonatal. 
Romper o ciclo do desconhecimento e cessar a falta de 
perspectivas e oportunidades, é a maior motivação da APAE de 
São Paulo, uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, 
que encontra apoio em programas públicos de assistência e nas 
diretrizes da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência, Programa Nacional de Direitos Humanos, Plano 
Viver Sem Limites e Relatório Mundial sobre a Deficiência, por 
exemplo. 
70 
 
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 
13.146/2015), a pessoa com deficiência intelectual deve viver na 
comunidade, nos mesmos ambientes escolares e profissionais que 
qualquer outra pessoa, mesmo que necessite de suporte. Em 2010, 
a APAE de São Paulo fechou uma das maiores escolas do Brasil, a 
Escola Especial, e em 2013 fechou suas oficinas de trabalho. 
Adotou então, a Metodologia do Emprego Apoiado, criado nos 
Estados Unidos no final dos anos 70. 
O novo modelo de trabalho trazia um novo conceito, de 
que todas as pessoas, independente do grau de severidade de sua 
deficiência, podem trabalhar, desde que sejam oferecidos os apoios 
necessários. Esse movimento fez com que centenas de pessoas 
com deficiência intelectual fossem incluídas em empresas públicas 
e privadas. 
 Em novembro de 2019, o Instituto Jô Clemente passou a 
ser responsável pelas atividades da APAE São Paulo, e do 
Instituto de Ensino e Pesquisa APAE DE SÃO PAULO. O nome 
foi inspirado na dona Jô Clemente, uma das principais defensoras 
dos direitos das pessoas com deficiência intelectual no Brasil. 
O Instituto Jô Clemente atua do nascimento ao processo 
de envelhecimento, desenvolvendo habilidades e potencialidades 
que favoreçam a escolaridade, o Emprego Apoiado e assessoria 
71 
 
jurídica às famílias sobre os direitos das pessoas com deficiência 
intelectual. 
Segundo informações do Instituto Jô Clemente, o projeto 
Emprego Apoiado incluiu oito jovens com síndrome de down em 
empresas parceiras no ano de 2019. No mesmo ano, o Instituto 
incluiu 507 pessoas com deficiência intelectual em 50 empresas e 
órgãos públicos em São Paulo. 
Ainda, no sentido de fortalecer a Causa da Deficiência 
Intelectual, foi criado o Instituto de Ensino e Pesquisa com o 
intuito de produzir e disseminar conhecimento que permitam 
estimular discussões, e possam evoluir e compartilhar as práticas 
de atendimento entre as demais instituições que trabalham com 
Deficiência Intelectual, ampliando seu impacto social. 
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados 
Unidos, em 2014, o custo estimado para criar uma criança, do 
nascimento aos 18 anos, seria cerca de US$13.333,00 por ano. 
Quando se trata de uma criança com deficiência intelectual, esse 
custo pode chegar a US$ 17.000,00 por ano, com terapias 
ocupacionais, comportamentais e de habilidades, dentre outras 
despesas. 
 
72 
 
Novas Formas de Captação de Recursos para a 
Organização: Exemplos da Empresa Social Finance 
Ltda 
 
A dependência financeira do Instituto Jô Clemente por 
recursos do governo, tem sido reduzida com a criação de novas 
formas de captação e sustentabilidade. O instituto conta com 
diversos parceiros e bem feitores que todos os meses aportam 
recursos na instituição, com o intuito de financiar as pesquisas no 
campo da Deficiência Intelectual. 
Mas é possível ajudar mais, o Instituto possui diversas 
frentes de pesquisa que, ao evoluírem, podem trazer grandes 
benefícios não só para a comunidade onde está inserida, mas gerar 
um grande impacto social global. Diversas poderiam ser as 
respostas de como ajudar mais, e neste trabalho serão 
apresentados os instrumentos dos Títulos de Impacto Social, 
como forma de ampliar a atuação do Instituto Jô Clemente. 
Para demonstrar como utilizar esses recursos no Instituto 
Jô Clemente, utilizou-se informações da empresa Social Finance 
Ltd., uma organização sem fins lucrativos, baseada em Londres, 
que possui parcerias com o governo, o setor social e a comunidade 
financeira, e tem como objetivo encontrar melhores maneiras de 
lidar com problemas sociais no Reino Unido. 
73 
 
A Social Finance Ltd. definiu seis áreas para ajudar pessoas 
com problemas graves de saúde mental a voltar ao trabalho. Em 
2015, foi criada uma Parceria de Saúde e Emprego visando inserir 
pessoas com problemas de saúde mental e outros grupos com 
condições de deficiências, em empregos apoiados de qualidade. 
Essa parceria é suportada por um conjunto de capital de 
investimento com motivação social, com contratos flexíveis e 
baixo risco. 
Segundo levantamento da Social Finance Ltd. (2017), 
apenas 37% das pessoas com problemas de saúde mental possuem 
emprego remunerado. Para pessoas com doenças mentais mais 
graves, esse percentual cai para 7%. A Parceria de Saúde e 
Emprego visa ampliar o modelo de empregos de qualidade, 
combinados com financiamento nacional e privado. 
Apoiado por investimentos socialmente motivados, 
baseiam-se em resultados para ampliar os serviços de emprego 
apoiados. Segundo a Social Finance Ltd. (2017) já foram captados 
2,2 milhões de libras em financiamento, com fundos provenientes 
do Big Lottery Fund e do Social Outcomes Fund do governo. 
Uma abordagem baseada em resultados, onde se pagam 
apenas por resultados demonstráveis, está se tornando, cada vez 
mais, atraente no campo dos Títulos de Impacto Social. Nessas 
74 
 
operações, o governo, ou empresa que necessite de financiamento, 
concordam em recompensar os investidores, caso os objetivos 
definidos sejam alcançados e apresentem resultados sociais. Pelo 
lado dos investidores, ajudam a supervisionar as atividades 
propostas na emissão dos títulos. 
Os investidores sociais buscam retorno financeiro e social, 
e podem ser fundos de caridade, fundações, indivíduos e fundos 
de investimento social. Nesse desafio, o governo do Reino Unido 
lançou em 2012 o Social Outcomes Fund, com capital inicial de 
£20 milhões, com o intuito de fornecer fundos adicionais ao 
desenvolvimento de Títulos de Impacto Social. Em 2013, lançou 
um novo fundo chamado de Big Lottery Fund com capital de £40 
milhões. 
Seguindo o modelo do governo do Reino Unido, surgiu 
em 2012 o Big Society Capital, uma instituição financeira 
independente, que tem como missão conectar capital, ferramentas 
e ideias para melhorar a qualidade de vida das pessoas no Reino 
Unido. Trata-se de um investidor social com intuito de investir em 
fundos e apoiar o crescimento do mercado de investimento de 
impacto social. Um dos seus projetos é a prevenção de problemas 
de saúde mental. Com a combinação de pesquisas acadêmicas, 
inovação tecnológica e investimento, acreditam que há um grande 
75 
 
potencial para abrir novas oportunidades na prevenção de 
problemas de saúde mental e poder ajudar muitas pessoas. 
A colaboração levou a um projeto piloto, cujo 
financiamento subsidiou 12 pesquisas para testar o impacto dos 
produtos e serviços que poderiam ser oferecidos. Essas pesquisas 
trabalham com ferramentas digitais e podem ajudar a resolver 
problemas de saúde mental desde o nascimento à infância, e 
durante a vida laboral, com soluções como o bem-estar dos 
funcionários. 
Os Títulos de Impacto Social foram desenvolvidos como 
uma resposta aos desafios impostos pela falta de cultura de 
rentabilidade em projetos e programas preventivos. O 
financiamento de risco e o capital de giro são fornecidos por 
investidores socialmente

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