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Interrogatório e Confissão •Obrigatoriedade do interrogatório • Art. 185 – “será interrogado” • Condução coercitiva do acusado? Art. 260 do CPP • “Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que lhe for aplicável.” • STF – Pleno – ADPF 395/DF • O Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado em arguições de descumprimento de preceito fundamental para declarar a não recepção da expressão ‘para o interrogatório’ constante do art. 260 (1) do CPP, e a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado (Informativo 905). O Tribunal destacou que a decisão não desconstitui interrogatórios realizados até a data desse julgamento, ainda que os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. Prevaleceu o voto do ministro Gilmar Mendes (relator).” (STF, Pleno, ADPF 395/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 13 e 14.06.18). Professor Guilherme Madeira •Local do interrogatório – •Regra – em juízo •Exceção videoconferência – 185, p. 2 e 3 • a) “prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento”. • b) “viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal”. • c) “impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código”. • d) “responder à gravíssima questão de ordem pública”. Professor Guilherme Madeira •Momento do interrogatório na audiência • CPP – art. 400 – (a) oitiva do ofendido; (b) inquirição das testemunhas de acusação; (c) inquirição das testemunhas de defesa; (d) esclarecimentos dos peritos; (e) assistente técnico; (f) acareação; (g) reconhecimento de pessoas e coisas; (h) interrogatório do acusado. • Exceções legais quanto a este momento do interrogatório: • a) Lei 8.038/1990 – Institui normas procedimentais para a competência originária, entre outros procedimentos – art. 7.º – interrogatório como primeiro ato; • b) Lei 11.343/2006 – Lei de Drogas – art. 57 – interrogatório como primeiro ato. • c) Código de Processo Penal Militar – art. 302 – interrogatório como primeiro ato. •STF – prevalece o CPP – posterior e mais benéfico Professor Guilherme Madeira •Procedimento do interrogatório – 186 e seguintes •Entrevista reservada com o advogado •Qualificação e cientificação da acusação • Súmula 522 do STJ – A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa •Direito ao silêncio • Interrogatório sobre a pessoa do réu • Interrogatório sobre os fatos •Esclarecimentos das partes Professor Guilherme Madeira •Silêncio seletivo – é possível? • Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. Professor Guilherme Madeira • STJ e silêncio parcial • 1. O artigo 186 do CPP estipula que, depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas 2. O interrogatório, como meio de defesa, implica ao imputado a possibilidade de responder a todas, nenhuma ou a apenas algumas perguntas direcionadas ao acusado, que tem direito de poder escolher a estratégia que melhor lhe aprouver à sua defesa. • 3. Verifica-se a ilegalidade diante do precoce encerramento do interrogatório do paciente, após manifestação do desejo de não responder às perguntas do juízo condutor do processo, senão do seu advogado, sendo excluída a possibilidade de ser questionado pelo seu defensor técnico. • STJ, T6, HC 703978 / SC, Rel. Min. Olindo Menezes, DJe 07.04.22 Professor Guilherme Madeira •Confissão – Arts. 197 a 200 – •Conceito – •Admissão do fato imputado contra si •Modalidades – •Simples – pura admissão do fato •Qualificada – admissão do fato com oposição de outro Professor Guilherme Madeira •Características da confissão – art. 200 do CPP •Retratável •Divisível •Atenção – efeito da confissão – atenuante •Súmula 545 do STJ – • Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do CP. •Súmula 630 do STJ – • “A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio”. Professor Guilherme Madeira •Texto Viéses Cognitivos e o problema das condenações errôneas: ou o incrível caso do serial killer que nunca mantou ninguém •Caso Thomas Quick – maior erro judiciário da Suécia •Thomas Quick •Mentiroso compulsivo •Crime para sustentar vício em drogas • Internado em clínica para tratamento após roubo mal sucedido Professor Guilherme Madeira •Atendido por psiquiatras; Passou a confessar uma série de crimes; Descobriu-se que os policiais encarregados do caso não toleravam objeções as suas conclusões •O que houve? •Vieses cognitivos – distorções comumente ocorridas nos processos de tomada de decisão em condições de incerteza •Tunnel vision – compêndio de heurísticas comuns e falácias lógicas por meio do qual direciona-se o foco exclusivamente em determinado suspeito, o que leva à seleção e filtragem das provas que construirão um caso suscetível de condenação, ignorando e suprimindo as provas capazes de conduzir a hipóteses e suspeitos alternativos Professor Guilherme Madeira Professor Guilherme Madeira •ANPP – Acordo de não persecução penal – •Art. 28A do CPP – •Requisitos objetivos – Professor Guilherme Madeira •Requisitos objetivos – •Crime com pena mínima menor do que 4 anos •Não sendo caso de arquivamento •Não cabe • For cabível a transação penal • Violência doméstica e familiar contra mulher • Se for reincidente ou conduta habitual • Se recebeu nos 5 anos anteriores ANPP ou sursis processual • Violência ou grave ameaça •Confissão formal e circunstanciada Professor Guilherme Madeira •Requisitos subjetivos •necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime Professor Guilherme Madeira •Condições - • I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; • II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; • III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do CP Professor Guilherme Madeira •Condições - • IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do CP, a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou • V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. Professor Guilherme Madeira •Homologação do acordo – •28 A, p. 4 – Para a homologação do acordo de não persecuçãopenal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade Professor Guilherme Madeira •Confissão •2. O pretendido acordo deixou de ser ofertado em razão do Ministério Público ter considerado estarem ausentes os requisitos objetivos e subjetivos para a proposição, tendo sido destacado que a ré não confessou a infração. 3. Outrossim, descumprido um dos requisitos objetivos do ANPP (a confissão, neste caso), não é cabível a remessa para o órgão superior do Ministério Público. STJ, AgRg nos Edcl no Resp 2048216/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 12.05.23 Professor Guilherme Madeira •Texto – Limites à utilização da confissão do imputado realizada como requisito ao acordo de não persecução penal – Vinicius Vasconcellos – •ANPP – caracteriza-se como facilitador da persecução penal por meio de incentivo à não resistência do acusado com sua conformidade à acusação em troca de benefício •ADI 6304 – questiona a constitucionalidade da exigência da confissão Professor Guilherme Madeira •Não se confunde com o plea bargaining – •Não acarreta condenação •Não permite o cumprimento de pena privativa de liberdade •Não caracteriza maus antecedentes •28A – gera banalização da assunção de culpa • Ignoram-se os impactos que a confissão pode causar na vida de uma pessoa Professor Guilherme Madeira •Presunção de inocência pode ser •Regra de tratamento do acusado • Sem formação de culpa definitiva o imputado será tratado como culpado •Regra probatória • É fragilizada na medida em que o texto legal desincumbe o MP do seu ônus probatório •Regra de julgamento • É fragilizada na medida em que o juiz se limita a homologar o acordo Professor Guilherme Madeira •Competência para homologação é do juiz das garantias - o termo com a assinatura e a confusão não deve ser levado ao conhecimento do juiz da ação penal •Confissão não é finalidade do acordo mas seu pressuposto •Qual a diferença? •Não pode ser utilizada para fundamentar eventual condenação se houver o descumprimento do acordo Professor Guilherme Madeira •Pode ser compartilhada esta confissão para outros processos? •Não pode ser utilizada salvo se houver cláusula expressa no acordo, por exemplo, sobre assunção de responsabilidade civil. Pela proibição da autoincriminação a confissão para fins de acordo deve ser limitada Professor Guilherme Madeira Slide 1: Interrogatório e Confissão Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24
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