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(ORGS.) ADELMA BARROS-MENDES ROSIVALDO GOMES WILLIAN GONÇALVES DA COSTA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - DEaD UNIDADES DE ENSINO PARA A DISCIPLINA PRÁTICA PEDAGÓGICA II LETRAS PORTUGUÊS – EAD/UNIFAP (ORGS.) ADELMA BARROS-MENDES ROSIVALDO GOMES WILLIAN GONÇALVES DA COSTA UNIDADES DE ENSINO PARA A DISCIPLINA PRÁTICA PEDAGÓGICA II LETRAS PORTUGUÊS – EAD/UNIFAP MACAPÁ-AP 2019 Dado bibliográfico Departamento de Educação a Distância da Universidade Federal do Amapá MENDES, Adelma da Neves Nunes Barros Unidade de ensino para a disciplina prática pedagógica II/ Adelma Barros-Mendes; Rosivaldo Gomes; Willian Gonçalves da Costa. – Macapá, 2019. 49 p. Material didático – Fundação Universidade Federal do Amapá, Coordenação do curso de Letras – Português/EAD. 1. Literatura brasileira. 2.leitura. 3.letramento. I. Barros-Mendes, Adelma. II. Fundação Universidade Federal do Amapá. III. Título. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO - CONVERSA COM O ACADÊMICO ........................................ 5 Unidade 1 - Quadro-síntese da historiografia da literatura brasileira ........................ 9 O que orientam os documentos oficiais para o ensino de Língua Portuguesa e Literatura15 Consolidando e avaliando o que construímos na Unidade ............................................... 19 Unidade 2 - Entendendo conceitos de Leitura ............................................................. 20 O que é leitura e os tipos leitura literária ........................................................................... 21 Letramento ......................................................................................................................... 30 Políticas públicas para leitura ............................................................................................ 32 Letramento escolar ............................................................................................................ 33 Multimodalidade ................................................................................................................ 34 Consolidando o que construímos na Unidade ................................................................... 35 Avaliando o que construímos na Unidade ......................................................................... 39 Unidade 3 - A leitura literária no livro didático e outras fontes ............................... 40 O que os livros propõem – PNLD 2015/2017 ..................................................................... Eu, professor e os textos literários no LDP ......................................................................... Consolidando que construímos na Unidade ..................................................................... 48 Avaliando o que construímos na Unidade ........................................................................ 48 Unidade 4 - Elaborando meu próprio material didático ............................................. 48 Construindo conhecimento ................................................................................................ 49 Consolidando que construímos na Unidade ...................................................................... 49 Avaliando o que construímos na Unidade ......................................................................... 49 Apresentação “Os livros acumulam a sabedoria que os povos de toda a Terra adquiriram ao longo dos séculos. É improvável que a minha vida individual, em tão poucos anos, possa ter tanta riqueza quanto a soma de vidas representada pelos livros. Não se trata de substituir a experiência pela literatura, mas multiplicar uma pela outra. Não lemos para nos tornar especialistas em teoria literária, mas para aprender mais sobre a existência humana. Quando lemos, nos tornamos antes de qualquer coisa especialistas em vida. Adquirimos uma riqueza que não está apenas no acesso às ideias, mas também no conhecimento do ser humano em toda a sua diversidade. ” Entrevista dada por Torodov em http://bravonline.abril.com.br/conteudo/literatura/tzvetan- todorov-literatura-nao-teoria-paixao-531493.shtml.(Acessado em 01 de março 2019) Caro, Acadêmico. É com alegria que nos encontramos nesta disciplina Prática Pedagógica II, cujo foco é a formação do leitor literário. Assim, convido-o já, a ler a entrevista do filósofo e crítico literário Todorov que, de maneira clara, nos mostra algumas reflexões de pontos sempre muito discutidos quando a questão é a formação de leitores no Brasil: Qual o papel da escola? E do professor? E da família? Qual o futuro do livro frente às tecnologias? Iremos debater, ao lado de um encaminhamento de possibilidades de estratégias de formação de leitores literários, sem perder de vista que tais debates somente se sustentam se tivermos outros aportes, outras leituras, de temas diversos desse universo. Entre esses temas estarão em nosso horizonte uma breve síntese da historiografia da literatura brasileira; orientações dos documentos oficiais para o ensino de Língua/Literatura no caminho de um ensino integrador da literatura/língua, além de conceitos de leitura, de letramento literário e outros que se relacionam ao tema em questão, encaminhando para uma fazer prático. Esperamos que, ao final da disciplina e das 4 Unidades aqui propostas, você possa ter em seu construto a perspectiva defendida por Todorov que nos explicita que “O bom crítico – e também o bom professor – deveria recorrer a toda sorte de ferramentas para desvendar o sentido da obra literária, de maneira ampla. Esses instrumentos são conhecimentos históricos, conhecimentos linguísticos, análise formal, análise do contexto social, teoria psicológica. São todos bem-vindos, desde que obedeçam à condição essencial de estar submetidos à pesquisa do sentido, fugindo da análise gratuita.” 5 http://bravonline.abril.com.br/conteudo/literatura/tzvetan-todorov-literatura-nao-teoria-paixao-531493.shtml.(Acessado http://bravonline.abril.com.br/conteudo/literatura/tzvetan-todorov-literatura-nao-teoria-paixao-531493.shtml.(Acessado UNIDADE 1: Quadro-síntese da historiografia da literatura brasileira ABRINDO A UNIDADE https://www.google.com/search?biw=1366&bih=608&tbm=isch&sa=1&ei=st1_XMPOI5im5OUPl- 6auA8&q=imagens+de+livro+abrindo&oq=imagens+de+livro+abrindo&gs_l=img.3...1570.8475..9346...0.0..6.405.7884.0j4j16j8j1....2..2....1..gws- wiz-img.....0..0j35i39j0i67j0i131.c-krcv4r_ik#imgdii=TeJSm3li0-e0_M:&imgrc=ozh5TaEZSokw5M: Acessado em 02 de março de 2019. Para ler e Comentar... Fonte da imagem: https://www.portovistos.com.br Objetivos: Nesta Unidade objetivamos apresentar a acadêmico um Quadro- síntese da historiografia da literatura brasileira, de modo que se (re) construa o conhecimento basilar, que o auxilie no encaminhamento de formar-se e formar outrem como leitores literários. Segue-se, desse modo, trazendo-se ainda o que orientam os documentos oficiais para o ensino de Língua Portuguesa e Literatura, com a orientação por um ensino integrador da literatura/língua. 6 https://www.google.com/search?biw=1366&bih=608&tbm=isch&sa=1&ei=st1_XMPOI5im5OUPl-6auA8&q=imagens+de+livro+abrindo&oq=imagens+de+livro+abrindo&gs_l=img.3...1570.8475..9346...0.0..6.405.7884.0j4j16j8j1....2..2....1..gws-wiz-img.....0..0j35i39j0i67j0i131.c-krcv4r_ik#imgdii=TeJSm3li0-e0_M:&imgrc=ozh5TaEZSokw5M https://www.google.com/search?biw=1366&bih=608&tbm=isch&sa=1&ei=st1_XMPOI5im5OUPl-6auA8&q=imagens+de+livro+abrindo&oq=imagens+de+livro+abrindo&gs_l=img.3...1570.8475..9346...0.0..6.405.7884.0j4j16j8j1....2..2....1..gws-wiz-img.....0..0j35i39j0i67j0i131.c-krcv4r_ik#imgdii=TeJSm3li0-e0_M:&imgrc=ozh5TaEZSokw5Mhttps://www.google.com/search?biw=1366&bih=608&tbm=isch&sa=1&ei=st1_XMPOI5im5OUPl-6auA8&q=imagens+de+livro+abrindo&oq=imagens+de+livro+abrindo&gs_l=img.3...1570.8475..9346...0.0..6.405.7884.0j4j16j8j1....2..2....1..gws-wiz-img.....0..0j35i39j0i67j0i131.c-krcv4r_ik#imgdii=TeJSm3li0-e0_M:&imgrc=ozh5TaEZSokw5M https://www.portovistos.com.br/ "Literatura não é Teoria, é Paixão" Entrevista com Tzvetan Todorov O filósofo Tzvetan Todorov afirma que o excesso de “ismos” afasta os jovens da leitura, e diz que a principal função de um professor é ensinar o aluno a amar os livros. O filósofo e linguista Tzvetan Todorov. “As crianças não têm ideia da riqueza que podem encontrar num livro porque ninguém mostrou a elas” Nascido em 1939 em Sófia, na Bulgária, e naturalizado francês, o filósofo e linguista Tzvetan Todorov é um dos mais importantes pensadores do século 20. Traduzida para mais de 25 idiomas, sua obra inspira críticos literários, historiadores e estudiosos do fenômeno cultural do mundo todo. Em seu mais recente livro publicado no Brasil, A Literatura em Perigo, Todorov faz um mea culpa raro entre intelectuais. Ele diz que estudos literários como os seus, cheios de “ismos”, afastaram os jovens da leitura de obras originais – dando lugar ao culto estéril da teoria. De Paris, ele falou a BRAVO! por telefone: BRAVO!: Gostaria que o sr. falasse sobre o seu primeiro contato com a literatura quando criança, e como ela se transformou em uma paixão. Tzvetan Todorov: Eu cresci na Bulgária durante a Segunda Guerra, quando quase ninguém vivia em Sófia, sob constante bombardeio. A maior parte da população vivia fora da capital, em apartamentos divididos por várias famílias. Dentro da coletividade em que habitávamos, havia um especialista em literatura. Foi ele que me ensinou a ler, antes que eu atingisse a idade escolar. Ele me incentivou a praticar a leitura nos livros infantis, e logo comecei a gostar dos contos populares. Apreciava especialmente as histórias dos irmãos Grimm e As Mil e Uma Noites. Essas obras faziam minha alegria. Eu já tinha um sentimento do enriquecimento pessoal que o contato com a ficção podia proporcionar. BRAVO!: Por que o contato com a ficção é tão importante? Tzvetan Todorov: Os livros acumulam a sabedoria que os povos de toda a Terra adquiriram ao longo dos séculos. É improvável que a minha vida individual, em tão poucos anos, possa ter tanta riqueza quanto a soma de vidas representada pelos livros. Não se trata de substituir a experiência pela literatura, mas multiplicar uma pela outra. Não lemos para nos tornar especialistas em teoria literária, mas para aprender mais sobre a existência humana. Quando lemos, nos tornamos antes de qualquer coisa especialistas em vida. Adquirimos uma riqueza que não está apenas no acesso às ideias, mas também no conhecimento do ser humano em toda a sua diversidade. BRAVO!: E como fazer para que as crianças e os jovens tenham acesso a esse conhecimento tão importante? Tzvetan Todorov: A escola e a família têm um papel importante. As crianças não têm idéia da riqueza que podem encontrar em um livro, simplesmente porque eles ainda não conhecem os livros. Deveríamos então ser iniciados por professores e pais nessa parte tão essencial de nossa existência, que é o contato com a grande literatura. Infelizmente, não é bem assim que as coisas acontecem. BRAVO!: Por quê? Tzvetan Todorov: Quando nós professores não sabemos muito bem como fazer para despertar o interesse dos alunos pela literatura, recorremos a um método mecânico, que consiste em resumir o que foi elaborado por críticos e teóricos. É mais fácil fazer isso do que exigir a leitura dos livros, que possibilitaria uma compreensão própria das obras. Eu deploro essa atitude de ensinar teoria em vez de ir diretamente aos romances, por que penso que para amar a literatura – e acredito que a escola deveria ensinar os alunos a amar a literatura – o professor deve mostrar aos alunos a que ponto os livros podem ser esclarecedores para eles próprios, ajudando-os a compreender o mundo em que vivem. 7 BRAVO!: Ao comentar esse assunto no livro, o sr. fala em “abuso de autoridade”. Poderia explicar melhor? Tzvetan Todorov: É um abuso de autoridade na medida em que é o professor quem decide mostrar aos alunos o que é importante, com base em um programa definido previamente pelo Ministério da Educação. E isso é sempre uma decisão arbitrária. Não temos o direito de reduzir a riqueza da literatura. O bom crítico – e também o bom professor – deveria recorrer a toda sorte de ferramentas para desvendar o sentido da obra literária, de maneira ampla. Esses instrumentos são conhecimentos históricos, conhecimentos linguísticos, análise formal, análise do contexto social, teoria psicológica. São todos bem-vindos, desde que obedeçam à condição essencial de estar submetidos à pesquisa do sentido, fugindo da análise gratuita. BRAVO!: Como conciliar esse desejo de liberdade num sistema em que o professor tem que atribuir notas, como ocorre no Brasil e na França? Tzvetan Todorov: Acredito que o essencial é escolher obras literárias que sejam, por sua complexidade e temas, acessíveis à faixa etária a que se destinam. Cabe ao professor mostrar o que esses livros têm de enriquecedor para os alunos, levando em consideração a realidade deles. O importante é não ter medo de estabelecer pontos em comum entre o presente dos alunos e do sentido dos livros. BRAVO!: O escritor italiano Umberto Eco fala que o livro, ao lado da cadeira, é o objeto de design mais perfeito criado pela humanidade. Num momento em que se questiona isso, o senhor vê futuro para o livro? Tzvetan Todorov: É verdade que hoje lemos muito diante da tela, mas não acho que o livro vá desaparecer. Ele estabelece uma relação de possessão e de interiorização que nós não podemos estabelecer com algo tão imaterial quanto o texto na tela do computador. Claro que eu mesmo, quando busco uma referência, o faço facilmente diante da tela. Mas se eu desejo me embrenhar em um livro, se eu quiser me render a seu interior, é preciso que seja com o objeto “livro”. A isso ele se presta maravilhosamente. O LIVRO:A Literatura em Perigo, de Tzvetan Todorov. Difel, 96 págs. Fonte: Bravo! Por Anna Carolina Mello e André Nigri Fonte Foto: http://rascunho.com.br/com-rigor-e-com-afeto/ Fonte do texto: http://bravonline.abril.com.br/conteudo/ literatura/tzvetan-todorov-literatura-nao-teoria-paixao-531493.shtml Você leu a entrevista de Todorov e agora para nos motivar e nos apaixonar pelo que vamos construir nos próximos pontos de nossos estudos, vamos refletir?! Questões para refletir! 1. Você diria o quê aos pais sobre o papel da família na constituição de um leitor literário? _________________________________________________________________________________ 2. Pensando já como professor, o que você julgaria pertinente fazer para ajudar na formação de um leitor literário? ________________________________________________________________________________ 3.O que você enxerga para o futuro do leitor literário frente as mudanças aceleradas da tecnologia? _________________________________________________________________________________ 4.Sintetise com suas palavras as ideias defendidas por Todorov na entrevista lida acima. ________________________________________________________________________________ 8 1. QUADRO-SÍNTESE DA HISTORIOGRAFIA DA LITERATURA BRASILEIRA O livro Formação da literatura brasileira, de Antônio Candido (Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2006. 800 p.), é fundamentalmente, para a crítica dominante, a análise de dois movimentos ou períodos literários brasileiros: o Arcadismo e o Romantismo, que são tomados pelo autor como marcos da constituição do que ele chama de “sistema literário”. Esse sistema trata da articulação deautores, obras e públicos (a famosa tríade interativa "autor-obra- público") de modo a criar o que se pode chamar de tradição, que, por sua vez, promove a continuidade, que oferece à produção literária a característica de permanente atividade, em associação com outros elementos culturais. Segundo boa parte de sua fortuna crítica, essa maneira de analisar é diferente daquela proposta pela historiografia tradicional, pois toma como critério de classificação literária a formação da literatura como prática regular no seio da sociedade, não como representação de algum tipo de sentimento nacional, como a produção romântica, por exemplo. Publicado pela primeira vez 1959, um dos pressupostos centrais de Formação da literatura brasileira é o de que a literatura é principalmente, mais do que um painel de autores ou fatores, um conjunto de obras. Para reiterar, nessa obra, o sistema literário do Brasil, compreendido como a interação autor-obra- público, tem sua definição entre 1750 e 1880, na interface do arcadismo com o romantismo e o processo de independência do país. O auge desse processo de formação é o aparecimento de um autor do porte de Machado de Assis, em quem essa formação se consolida. Ao modo de Harold Bloom (ou Harold Bloom fez ao modo de Antônio Candido?), em O cânone ocidental, que coloca Shakespeare como ponto culminante da literatura no Ocidente, Machado de Assis é nosso cume, pois participava de uma linhagem com outros autores brasileiros, ainda que “menores”, como seus precursores para a construção de sua obra. É um sistema de regularidades, em que se integram autores locais vivos e mortos, em que pesem as influências estrangeiras, que foram assimiladas. De fato, para Antônio Candido, Machado pode florescer porque já havia sido formado um sistema de literatura nacional. Nesse sentido, a grande sacada de inovação em Formação da Literatura Brasileira é a apresentação tanto da literatura nacional quanto do próprio país como processos, ou seja, não como entes prontos ou dados. Apesar de manter certa noção de déficit literário (apenas um ramo de Portugal em formação), pois, em Formação da Literatura Brasileira, Antônio Candido estabelece a tese de que nossa literatura está situada num patamar menor em relação às principais matrizes do cânone ocidental, com certa incapacidade de estabelecer continuidade de grande valor estético, já ali surgia a possibilidade de articulação entre sociedade e literatura, que foi uma de suas principais contribuições. De qualquer modo, essa noção de déficit, que é muito severa, deve ser questionada na contemporaneidade, vez que, seja no âmbito artístico-literário, seja em seu aspecto comercial, a produção literária brasileira, em sua efetiva rede entre escritores, editores, obras, mídia e leitores, é suficientemente apta a representar a cultura brasileira no cenário global. Apesar das novas abordagens trazidas pelo pós- moderno e pelo pós-colonial, entre outros pós - Formação da Literatura Brasileira continua sendo um dos principais modelos aplicados para se analisar o conjunto histórico da literatura do Brasil e no Brasil. (...) O essencial é o estudo analítico das obras, que o autor procura abordar em leituras renovadoras para o momento em que o livro foi preparado e redigido, isto é, de 1945 a 1957”. Leitura recomendada, se não obrigatória, para todos os estudantes, estudiosos e praticantes da arte literária brasileira e ocidental. CANDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira (volume único). Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2006. 800 p. Fonte:http://resumos.netsaber.com.br/resumo- 131244/formacao-da-literatura-brasileira. Acessado em 6 de março de 2019. Considerando tratar-se de um estudo denso, que precisa trazer a voz de pelos menos dois ou três teóricos, aqui vamos trabalhar em tópicos que encaminharão você a leitura integral de artigos que discutem a historiografia da literatura brasileira. Esses artigos são indicados abaixo por meio dos link em que poderão ser encontrados Leia antes o resumo da obra de Antônio Cândido, que nos conta um pouco da Formação da literatura brasileira 9 Vejamos, nas palavras de Candido, um alerta para que possamos entender melhor a formação da literatura nacional/brasileira: “Para compreender em que sentido é tomada a palavra formação, e porque se qualificam de decisivos os momentos estudados, convém principiar distinguindo manifestações literárias, de literatura, propriamente dita, considerada aqui um sistema de obras ligadas por denominadores comuns, que permitem reconhecer as notas dominantes duma fase. Estes denominadores são, além das características internas (língua, temas, imagens), certos elementos de natureza social e psíquica, embora literariamente organizados, que se manifestam historicamente e fazem da literatura aspecto orgânico da civilização. Entre eles se distinguem: a existência de um conjunto de produtores literários, mais ou menos conscientes do seu papel; um conjunto de receptores, formando os diferentes tipos de público, sem os quais a obra não vive; um mecanismo transmissor, (de modo geral, uma linguagem, traduzida em estilos), que liga uns a outros. O conjunto dos três elementos dá lugar a um tipo de comunicação inter-humana, a literatura, que aparece sob este ângulo como sistema simbólico, por meio do qual as veleidades mais profundas do indivíduo se transformam em elementos de contato entre os homens, e de interpretação das diferentes esferas da realidade. Quando a atividade dos escritores de um dado período se integra em tal sistema, ocorre outro elemento decisivo: a formação da continuidade literária, – espécie de transmissão da tocha entre corredores, que assegura no tempo o movimento conjunto, definindo os lineamentos de um todo. É uma tradição, no sentido completo do termo, isto é, transmissão de algo entre os homens, é o conjunto de elementos transmitidos, formando padrões que se impõem ao pensamento ou ao comportamento, e aos quais somos obrigados a nos referir, para aceitar ou rejeitar. Sem esta tradição não há Literatura, como fenômeno de tradição.” (CANDIDO, Antônio. Formação da Literatura Brasileira.p.25-26). Quem foi Antônio Candido? Antônio Candido (1918-2017) foi um sociólogo, crítico literário, ensaísta e professor brasileiro, Prêmio Jabuti (1965), o Prêmio Machado de Assis (1993), o Prêmio Camões (1998) e o Prêmio Alfonso Reyes (2005), no México. Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 24 de julho de 1918. Filho do médico Aristides Candido de Mello e Souza e de Clarisse Tolentino de Mello e Souza. Fonte: https://www.ebiografia.com/antonio_candido/ Acessado em 06 de março de 2019 10 https://www.ebiografia.com/antonio_candido/ Vamos ler também um texto sobre as fases da litertura brasileira de Sílvio Romero, retirado da obra: Literatura Brasileira. Fonte: Textos literários em meio eletrônico- História da Literatura Brasileira, de Sílvio Romero. https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midia s&id=143237 FASES EVOLUTIVAS DA LITERATURA BRASILEIRA – Silvio Romero Fernando Wolf, em 1863, dividia a história da literatura brasileira nos períodos seguintes: 1º) do descobrimento do Brasil ao fim do século XVII; 2º) primeira metade do século XVIII; 3º) segunda metade do século XVIII; 4º) do princípio do século XIX ao ano de 1840; e 5º) de 1840 ao ano em que publicou seu Brésil Littéraire (1863). O defeito desta enumeração de fase é ser demasiado fragmentada e não atender ao critério do desenvolvimento das ideias em sua determinação. Por que fazer dos primeiros cinquenta anos do século XVII umperíodo literário no Brasil? Que houve então de especial na evolução espiritual dos brasileiros? Não se percebe facilmente. Que motivos aconselham a marcar uma fase com os primeiros quarenta anos do século XIX? Menos justificável ainda é este período. Fernandes Pinheiro, em 1872, em seu Resumo de História Literária, deixou designados este momentos, como os mais característicos de nossa vida nas letras: 1º) período da formação, abrangendo os séculos XVI e XVII; 2º) o do desenvolvimento, enchendo o século XVIII; 3º) o da reforma, constituído pelo século XIX. Divisão de fases está mais bem feita do que a de Fernando Wolf, porém ainda assaz defeituosa. O autor deixou-se evidentemente iludir pela separação material dos séculos, sem atender que o andar das ideias e doutrinas não obedece as mais das vezes às marcações exteriores do tempo. Que houve, por exemplo, na primeira metade do século XVIII no domínio do pensamento brasileiro, que a distinguisse em absoluto das últimas décadas do século anterior? Nada, que se saiba. E que de novo, acaso, representam nas doutrinas e teorias literárias os trinta primeiros anos do século XIX, que os afaste do velho classicismo do século antecedente? Nada por certo. A enumeração de Fernandes Pinheiro é, pois, também inaceitável. Por nossa vez, nesta História, desde a 1ª edição, indicamos esta divisão: período de formação (1500-1750); período de desenvolvimento autonômico (1750- 1830); período de transformação romântica (1830-1870); período de reação Silvio Romero crítico, ensaísta, folclorista, polemista, professor e historiador da literatura brasileira, nasceu em Lagarto, SE, em 21 de abril de 1851, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18 de julho de 1914. Convidado a comparecer à sessão de instalação da Academia Brasileira de Letras, em 28 de janeiro de 1827, fundou a Cadeira n. 17, escolhendo como patrono Hipólito da Costa. http://conhecendoahistoriasilvioromero.blogspot.com/p/biografi a.html 11 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=143237 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=143237 http://conhecendoahistoriasilvioromero.blogspot.com/p/biografia.html http://conhecendoahistoriasilvioromero.blogspot.com/p/biografia.html crítica e naturalista, ao princípio, e, depois, parnasiana e simbolista (1870 em diante até os dias atuais). Classificação está atenta mais ao movimento das ideias e coadunada melhor com os fenômenos intelectuais da nação. Entretanto, esta mesma divisão de períodos pode ser melhorada, tendo-se o cuidado de marcar por fecho de cada fase e início da seguinte um fato literário característico como propusemos no prólogo à 2ª edição (retro, pág. XXXVII). Destarte, teremos: – período de formação (de 1592, data suposta da 1ª edição da Prosopopéia, de Bento Teixeira Pinto, a 1768, data da publicação das Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa); período de desenvolvimento autonômico (de 1768, da mesma data das Obras poéticas, de Cláudio, a 1836, ano da publicação dos Suspiros Poéticos, de Gonçalves de Magalhães); período de reação romântica (de 1836, ano dos Suspiros Poéticos, a 1875, época do aparecimento dos Ensaios e estudos de filosofia e crítica, de Tobias Barreto); período de reação crítica e naturalista, e, depois, parnasiana e simbolista (de 1875, ano dos citados Ensaios, em diante, até os dias atuais). Não é tudo. É uma divisão em quatro períodos, cujos dois primeiros se escoaram, como se vê, dentro da época do classicismo e podem por isso, sem inconveniente, reduzir-se a um só, o que nos levaria a esta divisão tripartida: – período de formação ou período clássico, de 1592 a 1835; período de desenvolvimento ou período romântico, de 1875; período das reações anti- românticas, de 1875 em diante até os dias de hoje. E, como nesta divisão tripartida os dois últimos momentos têm inúmeros pontos de contato, não passando, no fundo, de uma reação contra os velhos ideais clássicos, sendo a reação das novas escolas contra o romantismo puramente artificial, pois não são elas mais do que romantismo disfarçado, é possível, numa vista sintética, reduzir ainda mais a classificação, e teremos: – período de formação ou período clássico, de 1592 a 1836; período de desenvolvimento ou de reações ulteriores, de 1836 até agora e a continuar pelos anos adiante. A primeira fase, dentro das forças do regímen do classicismo e do absolutismo régio, começa incipientemente desde quando se fundaram as primeiras escolas de Humanidades no Brasil, e espíritos, como Nóbrega, Anchieta, Cardim, Luís da Grã, Gandavo, Gabriel Soares e outros iguais, ensinaram ou escreveram nesta parte d’América, formando desde logo discípulos da estatura de Vicente do Salvador e Antônio Vieira; inicia-se de fato, no terreno da produção espiritual, com a publicação da Prosopopéia; passa pelo proto- romantismo da escola de Minas; assiste à independência política do país e chega quando a elite intelectual da terra entra a interessar-se diretamente pela renovação das ideias que se operava então na Europa: a segunda segue daí, dessa nítida consciência que já tínhamos de nós mesmos, e desdobra- se por todo o século XIX, ligando o proto- romantismo mineiro ao romantismo propriamente dito e às escolas que subsequentemente o substituíram. https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documento s/?action=download&id=93052#FASESEVOLUTI VAS. Acessado em 06 de março de 2019. 12 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052#FASESEVOLUTIVAS https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052#FASESEVOLUTIVAS https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052#FASESEVOLUTIVAS PARA ENRIQUECER SEU CONHECIMENTO Acesse o site, que se segue, e você encontrará a obra em formato PDF. Início → Documentos → História da literatura brasileira Título: História da literatura brasileira Autor: Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero Parte 1 (1ª edição - volume 1 (1500 - 1830).) 19.16 MB Parte 2 (1ª edição - volume 2 (1830 - 1877).) 22.86 MB Parte 3 (2ª edição, de 1902, tomo primeiro.) 31.46 MB Parte 4 (2ª edição, de 1902, tomo segundo.) 31.76 MB Parte 5 (História da Literatura Brasileira, edição de 1902, no Rio de Janeiro, pela Garnier.) 3.12 MB Site/fonte:https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&i d=143237 Após situar sobre dois grandes teóricos sobre a historiografia da literatura brasileira, vamos ler artigos que ampliarão os conhecimentos e assistir vídeos que vão na mesma direção. 1.ARTIGO: a) A historiografia literária e seu desejo de criar uma história da literatura - dos autores estrangeiros a Antônio Candido: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Web/978-85- 397-0198-8/Trabalhos/51.pdf; 2.VÍDEOS a) Roberto Acízelo de Souza -- História e Historiografia Literária (Pt. 1): https://www.youtube.com/watch?v=tJZ8tyQ2Ku4; b) Roberto Acízelo de Souza: Historiografia literária brasileira oitocentista: um ciclo de estudos:1. https://www.youtube.com/watch?v=d0ExNQ7F_Wks. DESTAQUE É Interessante destacar que, de acordo com Roberto Acízelo, há uma distinção entre: História da Literatura, que pode ser compreendida como “o fenômeno constituído pelos desdobramentos e transformações no tempo de uma entidade chamada Literatura Brasileira” (p. 10) e Historiografia da Literatura que seria “o corpo de obras consagradas ao estudo desse fenômeno” (p. 10) Introdução à Historiografia da Literatura Brasileira. 13 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/ https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?id=143237https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=7933 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93049 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93048 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93050 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93051 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=143237 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=143237 http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Web/978-85-397-0198-8/Trabalhos/51.pdf http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Web/978-85-397-0198-8/Trabalhos/51.pdf https://www.youtube.com/watch?v=tJZ8tyQ2Ku4 https://www.youtube.com/watch?v=d0ExNQ7F_Wk Por que estudar o caráter histórico da história da Literatura Brasileira? É interessante ao professor conhecer os percursos da literatura brasileira, ou seja, como ela se estabeleceu e consolidou, sendo assim a historiografia e a crítica literária ao lado da história da literatura, fundamentais para essa compreensão. A Literatura é responsável pela difusão de valores crenças, realidades socioculturais, econômicas de uma dada época e tempo de um grupo. Assim, é que, ao formar-se para formar leitores, o professor precisa compreender as nuances que se apresentam nos conceitos de História da Literatura e Historiografia, já que, como dito antes, a primeira tem como escopo a cronologia /tempo de obras e estilos de época, já a segunda tem como escopo a crítica dessas produções, embora possam ser vistos textos que entrecruzam a cronologia e a crítica, indo além da linearidade muitas vezes acrítica. TAREFA A partir da leitura do texto “A historiografia literária e seu desejo de criar uma história da literatura - dos autores estrangeiros a Antônio Candido” e dos resumos apresentados a partir das obras de Silvio Romero e Antônio Candido, bem como dos vídeos em que Roberto Acízelo de Souza discute e expões sobre Historiografia literária, elabore uma síntese distinguindo as informações que mais cabem à cronologia da literatura brasileira dos fatos que cabem mais a crítica, apresentada, nestes textos. 14 1.2 O QUE ORIENTAM OS DOCUMENTOS OFICIAIS SOBRE A LITERATURA E PARA A FORMAÇÃO DE LEITOR LITERÁRIO Não é de hoje que a leitura literária vem sendo perseguida pelos documentos oficiais, assim, entendendo-se como uma politica de formação de leitores, e não são quaisquer leitores, mas sim leitores literários. Assim é que os PCNS já em 1998 defendiam ser “A Literatura é um discurso carregado de vivência íntima e profunda que suscita no leitor o desejo de prolongar ou renovar as experiências que veicula. Constitui um elo privilegiado entre o homem e o mundo, pois supre as fantasias, desencadeia nossas emoções, ativa nosso intelecto, trazendo e produzindo conhecimento. Ela é criação, uma espécie de irrealidade que adensa a realidade, tornando-nos observadores de nós mesmos. Ler um texto literário significa entrar em novas relações, sofrer um processo de transformação” (BRASIL, 1998. p. 22-23). E mais, que: “O texto literário não está limitado a critérios de observação fatual (ao que ocorre e ao que se testemunha), nem às categorias e relações que constituem os padrões dos modos de ver a realidade e, menos ainda, às famílias de noções/conceitos com que se pretende descrever e explicar diferentes planos da realidade (o discurso científico) (BRASIL, 1998. p. 26). E que, portanto, para oportunizar os sujeitos para uma formação que lhes possibilitem ser leitores na perspectiva da formação de um leitor literário, se faziam necessárias algumas medida entre elas que: A escola deve dispor de uma biblioteca em que sejam colocados à disposição dos alunos, inclusive para empréstimo, textos de gêneros variados, materiais de consulta nas diversas áreas do conhecimento, almanaques, revistas, entre outros. É desejável que as salas de aula disponham de um acervo de livros e de outros materiais de leitura. Mais do que a quantidade, nesse caso, o importante é a variedade que permitirá a diversificação de situações de leitura por parte dos alunos. O professor deve organizar momentos de leitura livre em que também ele próprio leia, criando um circuito de leitura em que se fala sobre o que se leu, trocam-se sugestões, aprende-se com a experiência do outro. O professor deve planejar atividades regulares de leitura, assegurando que tenham a mesma importância dada às demais. Ler por si só já é um trabalho, não é preciso que a cada texto lido se siga um conjunto de tarefas a serem realizadas. O professor deve permitir que também os alunos escolham suas leituras. Fora da escola, os leitores escolhem o que leem. É preciso trabalhar o componente livre da leitura, caso contrário, ao sair da escola, os livros ficarão para trás. A escola deve organizar-se em torno de uma política de formação de leitores, envolvendo toda a comunidade escolar. Mais do que a mobilização para aquisição e preservação do acervo, é fundamental um projeto coerente de todo 15 o trabalho escolar em torno da leitura. Todo professor, não apenas o de Língua Portuguesa, é também professor de leitura (BRASIL, 1998. p. 71- 72). Considerando as lacunas apresentadas por alguns críticos ao PCNEM, são publicados os PCMEM+, que embora não resolvendo as lacunas percebidas até então, enumeram obras que permitem encaminhar o aluno para a leitura literária e se bem orientadas podem auxiliar na formação desse leitor almejado. Ou seja, inserir o estudante no mundo da literatura, “A Literatura, particularmente, além de sua específica constituição estética, é um campo riquíssimo para investigações históricas realizadas pelos estudantes, estimulados e orientados pelo professor, permitindo reencontrar o mundo sob a ótica do escritor de cada época e contexto cultural: Camões ou Machado de Assis; Cervantes ou Borges; Shakespeare ou Allan Poe; Goethe ou Thomas Mann; Dante ou Guareschi; Molière ou Stendhal. Esse exercício com a literatura pode ser acompanhado de outros, com as artes plásticas ou a música, investigando as muitas linguagens de cada período (...) (BRASIL, 2002, p. 19). A defesa em prol da formação de um leitor literário vem bem mais explícita nas Orientações Curriculares Nacionais para o ensino Médio. Publicadas em 2006 as OCNEM, que “Embora concordemos com o fato de que a Literatura seja um modo discursivo entre vários (o jornalístico, o científico, o coloquial, etc.) o discurso literário decorre, diferentemente dos outros, de um modo de construção que vai além das elaborações linguísticas usuais, porque de todos os modos discursivos é o menos pragmático, o que menos visa a aplicações práticas. Uma de suas marcas é sua condição limítrofe, que outros denominam transgressão, que garante ao participante do jogo da leitura literária o exercício da liberdade, e que pode levar a limites extremos as possibilidades da língua [...] (BRASIL, 2006, p. 49). E para que essa formação seja efetivada alerta que (...) não se deve sobrecarregar o aluno com informações sobre épocas, estilos, características de escolas literárias, etc., como até hoje tem ocorrido, apesar de os PCN, principalmente o PCN+, alertarem para o caráter secundário de tais conteúdos: “Para além da memorização mecânica de regras gramaticais ou das características de determinado movimento literário, o aluno deve ter meios para ampliar e articular conhecimentos e competências que [...]” (PCN+, 2002, p. 55). Trata-se, prioritariamente, de formar o leitor literário, melhor ainda, de“letrar” literariamente o aluno, fazendo-o apropriar-se daquilo a que tem direito. (BRASIL, 2006 p. 54) Por fim, o mais recente documento oficial da Educação brasileira, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) consolida essa defesa da literatura: 16 “A leitura literária pressupõe, mais que a capacidade de compreensão dos textos lidos, a condição de usufruir da forma como foram escritos. (...)Trata-se de formar um leitor mais ativo, menos ingênuo ao percorrer o texto literário. Importa destacar, no entanto, que esse exercício de análise das estratégias textuais e dos recursos linguísticos mobilizados pelos textos não é um fim em si mesmo” (BRASIL, 2016, p. 507) Essas compreensões e defesas, a princípio, são transpostas aos livros didáticos, que se não conseguem desenvolver um trabalho que garantam a formação do leitor literário, mas há um avanço na seleção dos textos desta esfera, favorecendo aos menos o contato dos alunos com textos literários. Além disso, não se pode perder de vista o Programa PNBE que colocou nas bibliotecas das escolas uma diversidade de obras, vem favorecendo acesso a milhares de crianças e jovens a obras até então de pouco acesso a essa grande parcela de estudantes. Como pudemos atestar, a literatura na escola não pode mais ser considerada como uma lista de períodos e autores que precisam ser memorizados, e nem tão pouco resumir-se a atividades de leituras para responder a questões sobre o que se leu, ao contrário, na busca de formar um leitor literário, e para isso conforme nos auxilia a BNCC: Não se trata, pois, no eixo Educação literária, de ensinar literatura, mas de promover o contato com a literatura para a formação do leitor literário, capaz de apreender e apreciar o que há de singular em um texto cuja intencionalidade não é imediatamente prática, mas artística. O leitor descobre, assim, a literatura como possibilidade de fruição estética, alternativa de leitura prazerosa. Além disso, se a leitura literária possibilita a vivência de mundos ficcionais, possibilita também ampliação da visão de mundo, pela experiência vicária com outras épocas, outros espaços, outras culturas, outros modos de vida, outros seres humanos. (BRASIL, 2016, p. 65). Para que saiba como fazer essa promoção, o professor precisa estar preparado e, para isso precisa também ser leitor para formar leitores. Essa discussão será tema de nossa próxima Unidade. Mas por ora, vamos desenvolver a Tarefa proposta para o tema estudado. “A Literatura é um discurso carregado de vivência íntima e profunda que O leitor o desejo de suscita no prolongar ou renovar as experiências que veicula.” 17 PARA ENRIQUECER SEU CONHECIMENTO Acesse o site: http://portal.mec.gov.br/, que você encontrará todos os documentos Oficiais, entre eles: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2016. BRASIL. Orientações curriculares para o ensino médio (OCNEM): Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, volume 1. 2006. 239 p. BRASIL. PCN + Ensino Médio: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, volume 1. 2002. 241 p.. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): 3º e 4º ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998 b. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): Ensino Médio. Brasília, DF: MEC/SEMTEC, 1999. TAREFA Considerando as sínteses acima descritas sobre o que os documentos oficiais defendem para o trabalho com a literatura em sala de aula, e após assistir a entrevista com Rildo Cosson (https://www.youtube.com/watch?v=MgAEvvGK9CA), elabore sua compreensão sobre qual o papel da literatura na escola como propulsora da formação de um leitor literário. 18 https://www.youtube.com/watch?v=MgAEvvGK9CA 1.3 Consolidando que construímos na Unidade 1 a) Você irá sintetizar em 5 tópicos (em duas linhas) o que conseguiu apreender nesse módulo. Tópicos que descrevem, em síntese, o que o aluno construiu de conhecimento 1. 2. 3. 4. 5. “Fórum - Para tratar do item 1.4 dessa Unidade 1: Avaliando o que construímos na Unidade 1” vamos debater um pouco o que estudamos da Historiografia. Assim, a questão-base é a seguinte: Questão-base para o debate no Fórum Considerando os pontos tratados, qual é sua posição sobre a relevância ou não da historiografia para o ensino da literatura, em especial, da formação do leitor literário na educação básica? Troque suas ideias com os colegas! 19