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PRÁTICA PEDAGÓGICA II - UNIDADES DE ENSINO-UNIDADE 1

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(ORGS.) 
ADELMA BARROS-MENDES 
ROSIVALDO GOMES 
WILLIAN GONÇALVES DA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIA - DEaD 
UNIDADES DE ENSINO PARA A DISCIPLINA 
PRÁTICA PEDAGÓGICA II 
 
LETRAS PORTUGUÊS – EAD/UNIFAP 
 
 
 
(ORGS.) 
ADELMA BARROS-MENDES 
ROSIVALDO GOMES 
WILLIAN GONÇALVES DA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADES DE ENSINO PARA A DISCIPLINA PRÁTICA PEDAGÓGICA II 
 
LETRAS PORTUGUÊS – EAD/UNIFAP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACAPÁ-AP 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dado bibliográfico 
Departamento de Educação a Distância da Universidade Federal do Amapá 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MENDES, Adelma da Neves Nunes Barros 
 Unidade de ensino para a disciplina prática pedagógica II/ Adelma 
Barros-Mendes; Rosivaldo Gomes; Willian Gonçalves da Costa. – 
Macapá, 2019. 
 49 p. 
 
 Material didático – Fundação Universidade Federal do Amapá, 
Coordenação do curso de Letras – Português/EAD. 
 
 1. Literatura brasileira. 2.leitura. 3.letramento. I. Barros-Mendes, 
Adelma. II. Fundação Universidade Federal do Amapá. III. Título. 
 
SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO - CONVERSA COM O ACADÊMICO ........................................ 5 
 
Unidade 1 - Quadro-síntese da historiografia da literatura brasileira ........................ 9 
 
O que orientam os documentos oficiais para o ensino de Língua Portuguesa e Literatura15 
 Consolidando e avaliando o que construímos na Unidade ............................................... 19 
 
Unidade 2 - Entendendo conceitos de Leitura ............................................................. 20 
 
O que é leitura e os tipos leitura literária ........................................................................... 21 
Letramento ......................................................................................................................... 30 
Políticas públicas para leitura ............................................................................................ 32 
Letramento escolar ............................................................................................................ 33 
Multimodalidade ................................................................................................................ 34 
Consolidando o que construímos na Unidade ................................................................... 35 
Avaliando o que construímos na Unidade ......................................................................... 39 
 
 
Unidade 3 - A leitura literária no livro didático e outras fontes ............................... 40 
 
O que os livros propõem – PNLD 2015/2017 ..................................................................... 
Eu, professor e os textos literários no LDP ......................................................................... 
 Consolidando que construímos na Unidade ..................................................................... 48 
 Avaliando o que construímos na Unidade ........................................................................ 48 
 
Unidade 4 - Elaborando meu próprio material didático ............................................. 48 
 
Construindo conhecimento ................................................................................................ 49 
Consolidando que construímos na Unidade ...................................................................... 49 
Avaliando o que construímos na Unidade ......................................................................... 49 
 
 
Apresentação 
 
“Os livros acumulam a sabedoria que os povos de toda a Terra adquiriram ao longo dos 
séculos. É improvável que a minha vida individual, em tão poucos anos, possa ter tanta 
riqueza quanto a soma de vidas representada pelos livros. Não se trata de substituir a 
experiência pela literatura, mas multiplicar uma pela outra. Não lemos para nos tornar 
especialistas em teoria literária, mas para aprender mais sobre a existência humana. 
Quando lemos, nos tornamos antes de qualquer coisa especialistas em vida. Adquirimos uma 
riqueza que não está apenas no acesso às ideias, mas também no conhecimento do ser 
humano em toda a sua diversidade. ” 
 
Entrevista dada por Torodov em http://bravonline.abril.com.br/conteudo/literatura/tzvetan-
todorov-literatura-nao-teoria-paixao-531493.shtml.(Acessado em 01 de março 2019) 
 
Caro, Acadêmico. 
É com alegria que nos encontramos nesta disciplina Prática Pedagógica II, cujo foco é a formação do 
leitor literário. Assim, convido-o já, a ler a entrevista do filósofo e crítico literário Todorov que, de 
maneira clara, nos mostra algumas reflexões de pontos sempre muito discutidos quando a questão é a 
formação de leitores no Brasil: Qual o papel da escola? E do professor? E da família? Qual o futuro 
do livro frente às tecnologias? Iremos debater, ao lado de um encaminhamento de possibilidades de 
estratégias de formação de leitores literários, sem perder de vista que tais debates somente se 
sustentam se tivermos outros aportes, outras leituras, de temas diversos desse universo. Entre esses 
temas estarão em nosso horizonte uma breve síntese da historiografia da literatura brasileira; 
orientações dos documentos oficiais para o ensino de Língua/Literatura no caminho de um ensino 
integrador da literatura/língua, além de conceitos de leitura, de letramento literário e outros que se 
relacionam ao tema em questão, encaminhando para uma fazer prático. Esperamos que, ao final da 
disciplina e das 4 Unidades aqui propostas, você possa ter em seu construto a perspectiva defendida 
por Todorov que nos explicita que “O bom crítico – e também o bom professor – deveria recorrer a 
toda sorte de ferramentas para desvendar o sentido da obra literária, de maneira ampla. Esses 
instrumentos são conhecimentos históricos, conhecimentos linguísticos, análise formal, análise do 
contexto social, teoria psicológica. São todos bem-vindos, desde que obedeçam à condição essencial 
de estar submetidos à pesquisa do sentido, fugindo da análise gratuita.” 
 
 
 
 
 
 
 
5 
http://bravonline.abril.com.br/conteudo/literatura/tzvetan-todorov-literatura-nao-teoria-paixao-531493.shtml.(Acessado
http://bravonline.abril.com.br/conteudo/literatura/tzvetan-todorov-literatura-nao-teoria-paixao-531493.shtml.(Acessado
 
UNIDADE 1: Quadro-síntese da historiografia da literatura brasileira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABRINDO A UNIDADE 
 
 
 
https://www.google.com/search?biw=1366&bih=608&tbm=isch&sa=1&ei=st1_XMPOI5im5OUPl-
6auA8&q=imagens+de+livro+abrindo&oq=imagens+de+livro+abrindo&gs_l=img.3...1570.8475..9346...0.0..6.405.7884.0j4j16j8j1....2..2....1..gws-
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Acessado em 02 de março de 2019. 
 
 
 Para ler e Comentar... 
Fonte da imagem: https://www.portovistos.com.br 
Objetivos: 
 
Nesta Unidade objetivamos apresentar a acadêmico um Quadro-
síntese da historiografia da literatura brasileira, de modo que se (re) 
construa o conhecimento basilar, que o auxilie no encaminhamento de 
formar-se e formar outrem como leitores literários. Segue-se, desse 
modo, trazendo-se ainda o que orientam os documentos oficiais para o 
ensino de Língua Portuguesa e Literatura, com a orientação por um ensino 
integrador da literatura/língua. 
 
6 
https://www.google.com/search?biw=1366&bih=608&tbm=isch&sa=1&ei=st1_XMPOI5im5OUPl-6auA8&q=imagens+de+livro+abrindo&oq=imagens+de+livro+abrindo&gs_l=img.3...1570.8475..9346...0.0..6.405.7884.0j4j16j8j1....2..2....1..gws-wiz-img.....0..0j35i39j0i67j0i131.c-krcv4r_ik#imgdii=TeJSm3li0-e0_M:&imgrc=ozh5TaEZSokw5M
https://www.google.com/search?biw=1366&bih=608&tbm=isch&sa=1&ei=st1_XMPOI5im5OUPl-6auA8&q=imagens+de+livro+abrindo&oq=imagens+de+livro+abrindo&gs_l=img.3...1570.8475..9346...0.0..6.405.7884.0j4j16j8j1....2..2....1..gws-wiz-img.....0..0j35i39j0i67j0i131.c-krcv4r_ik#imgdii=TeJSm3li0-e0_M:&imgrc=ozh5TaEZSokw5Mhttps://www.google.com/search?biw=1366&bih=608&tbm=isch&sa=1&ei=st1_XMPOI5im5OUPl-6auA8&q=imagens+de+livro+abrindo&oq=imagens+de+livro+abrindo&gs_l=img.3...1570.8475..9346...0.0..6.405.7884.0j4j16j8j1....2..2....1..gws-wiz-img.....0..0j35i39j0i67j0i131.c-krcv4r_ik#imgdii=TeJSm3li0-e0_M:&imgrc=ozh5TaEZSokw5M
https://www.portovistos.com.br/
 
"Literatura não é Teoria, é Paixão" 
Entrevista com Tzvetan Todorov 
 
 
O filósofo Tzvetan Todorov afirma que o excesso de “ismos” afasta os jovens da 
leitura, e diz que a principal função de um professor é ensinar o aluno a amar os 
livros. 
 
O filósofo e linguista Tzvetan Todorov. “As crianças não têm ideia da riqueza que 
podem encontrar num livro porque ninguém mostrou a elas” 
Nascido em 1939 em Sófia, na Bulgária, e naturalizado francês, o filósofo e linguista 
Tzvetan Todorov é um dos mais importantes pensadores do século 20. Traduzida para 
mais de 25 idiomas, sua obra inspira críticos literários, historiadores e estudiosos do 
fenômeno cultural do mundo todo. Em seu mais recente livro publicado no Brasil, A Literatura em Perigo, Todorov faz 
um mea culpa raro entre intelectuais. Ele diz que estudos literários como os seus, cheios de “ismos”, afastaram os jovens 
da leitura de obras originais – dando lugar ao culto estéril da teoria. De Paris, ele falou a BRAVO! por telefone: 
BRAVO!: Gostaria que o sr. falasse sobre o seu primeiro contato com a literatura quando criança, e como ela se 
transformou em uma paixão. 
 
Tzvetan Todorov: Eu cresci na Bulgária durante a Segunda Guerra, quando quase ninguém vivia em Sófia, sob 
constante bombardeio. A maior parte da população vivia fora da capital, em apartamentos divididos por várias famílias. 
Dentro da coletividade em que habitávamos, havia um especialista em literatura. Foi ele que me ensinou a ler, antes que 
eu atingisse a idade escolar. Ele me incentivou a praticar a leitura nos livros infantis, e logo comecei a gostar dos contos 
populares. Apreciava especialmente as histórias dos irmãos Grimm e As Mil e Uma Noites. Essas obras faziam minha 
alegria. Eu já tinha um sentimento do enriquecimento pessoal que o contato com a ficção podia proporcionar. 
 
BRAVO!: Por que o contato com a ficção é tão importante? 
Tzvetan Todorov: Os livros acumulam a sabedoria que os povos de toda a Terra adquiriram ao longo dos séculos. É 
improvável que a minha vida individual, em tão poucos anos, possa ter tanta riqueza quanto a soma de vidas representada 
pelos livros. Não se trata de substituir a experiência pela literatura, mas multiplicar uma pela outra. Não lemos para nos 
tornar especialistas em teoria literária, mas para aprender mais sobre a existência humana. Quando lemos, nos tornamos 
antes de qualquer coisa especialistas em vida. Adquirimos uma riqueza que não está apenas no acesso 
às ideias, mas também no conhecimento do ser humano em toda a sua diversidade. 
BRAVO!: E como fazer para que as crianças e os jovens tenham acesso a esse conhecimento tão 
importante? 
Tzvetan Todorov: A escola e a família têm um papel importante. As crianças não têm idéia da riqueza 
que podem encontrar em um livro, simplesmente porque eles ainda não conhecem os livros. 
Deveríamos então ser iniciados por professores e pais nessa parte tão essencial de nossa existência, que 
é o contato com a grande literatura. Infelizmente, não é bem assim que as coisas acontecem. 
BRAVO!: Por quê? 
 
Tzvetan Todorov: Quando nós professores não sabemos muito bem como fazer para despertar o interesse dos alunos 
pela literatura, recorremos a um método mecânico, que consiste em resumir o que foi elaborado por críticos e teóricos. É 
mais fácil fazer isso do que exigir a leitura dos livros, que possibilitaria uma compreensão própria das obras. Eu deploro 
essa atitude de ensinar teoria em vez de ir diretamente aos romances, por que penso que para amar a literatura – e 
acredito que a escola deveria ensinar os alunos a amar a literatura – o professor deve mostrar aos alunos a que ponto os 
livros podem ser esclarecedores para eles próprios, ajudando-os a compreender o mundo em que vivem. 
 
7 
BRAVO!: Ao comentar esse assunto no livro, o sr. fala em “abuso de autoridade”. Poderia explicar melhor? 
 
Tzvetan Todorov: É um abuso de autoridade na medida em que é o professor quem decide mostrar aos alunos o que é 
importante, com base em um programa definido previamente pelo Ministério da Educação. E isso é sempre uma decisão 
arbitrária. Não temos o direito de reduzir a riqueza da literatura. O bom crítico – e também o bom professor – deveria 
recorrer a toda sorte de ferramentas para desvendar o sentido da obra literária, de maneira ampla. Esses instrumentos são 
conhecimentos históricos, conhecimentos linguísticos, análise formal, análise do contexto social, teoria psicológica. São 
todos bem-vindos, desde que obedeçam à condição essencial de estar submetidos à pesquisa do sentido, fugindo da 
análise gratuita. 
 
BRAVO!: Como conciliar esse desejo de liberdade num sistema em que o professor tem que atribuir notas, como ocorre 
no Brasil e na França? 
 
Tzvetan Todorov: Acredito que o essencial é escolher obras literárias que sejam, por sua complexidade e temas, 
acessíveis à faixa etária a que se destinam. Cabe ao professor mostrar o que esses livros têm de enriquecedor para os 
alunos, levando em consideração a realidade deles. O importante é não ter medo de estabelecer pontos em comum entre o 
presente dos alunos e do sentido dos livros. 
 
BRAVO!: O escritor italiano Umberto Eco fala que o livro, ao lado da cadeira, é o objeto de design mais perfeito criado 
pela humanidade. Num momento em que se questiona isso, o senhor vê futuro para o livro? 
 
Tzvetan Todorov: É verdade que hoje lemos muito diante da tela, mas não acho que o livro vá desaparecer. Ele 
estabelece uma relação de possessão e de interiorização que nós não podemos estabelecer com algo tão imaterial quanto o 
texto na tela do computador. Claro que eu mesmo, quando busco uma referência, o faço facilmente diante da tela. Mas se 
eu desejo me embrenhar em um livro, se eu quiser me render a seu interior, é preciso que seja com o objeto “livro”. A 
isso ele se presta maravilhosamente. 
O LIVRO:A Literatura em Perigo, de Tzvetan Todorov. Difel, 96 págs. 
 
Fonte: Bravo! Por Anna Carolina Mello e André Nigri 
Fonte Foto: http://rascunho.com.br/com-rigor-e-com-afeto/ 
Fonte do texto: http://bravonline.abril.com.br/conteudo/ 
literatura/tzvetan-todorov-literatura-nao-teoria-paixao-531493.shtml 
 
 
Você leu a entrevista de Todorov e agora para nos motivar e nos apaixonar pelo que vamos construir 
nos próximos pontos de nossos estudos, vamos refletir?! 
Questões para refletir! 
 
1. Você diria o quê aos pais sobre o papel da família na constituição de um leitor literário? 
_________________________________________________________________________________ 
 
2. Pensando já como professor, o que você julgaria pertinente fazer para ajudar na formação de um 
leitor literário? 
________________________________________________________________________________ 
 
3.O que você enxerga para o futuro do leitor literário frente as mudanças aceleradas da tecnologia? 
_________________________________________________________________________________
4.Sintetise com suas palavras as ideias defendidas por Todorov na entrevista lida acima. 
________________________________________________________________________________ 
 
 
 
8 
1. QUADRO-SÍNTESE DA HISTORIOGRAFIA DA LITERATURA BRASILEIRA 
O livro Formação da literatura brasileira, de 
Antônio Candido (Rio de Janeiro: Ouro sobre o 
azul, 2006. 800 p.), é fundamentalmente, para a 
crítica dominante, a análise de dois movimentos ou 
períodos literários brasileiros: o Arcadismo e o 
Romantismo, que são tomados pelo autor como 
marcos da 
constituição do que 
ele chama de 
“sistema literário”. 
Esse sistema trata 
da articulação deautores, obras e 
públicos (a famosa 
tríade interativa 
"autor-obra-
público") de modo 
a criar o que se 
pode chamar de 
tradição, que, por 
sua vez, promove a 
continuidade, que oferece à produção literária a 
característica de permanente atividade, em 
associação com outros elementos culturais. 
Segundo boa parte de sua fortuna crítica, essa 
maneira de analisar é diferente daquela proposta 
pela historiografia tradicional, pois toma como 
critério de classificação literária a formação da 
literatura como prática regular no seio da 
sociedade, não como representação de algum tipo 
de sentimento nacional, como a produção 
romântica, por exemplo. Publicado pela primeira 
vez 1959, um dos pressupostos centrais de 
Formação da literatura brasileira é o de que a 
literatura é principalmente, mais do que um painel 
de autores ou fatores, um conjunto de obras. Para 
reiterar, nessa obra, o sistema literário do Brasil, 
compreendido como a interação autor-obra-
público, tem sua definição entre 1750 e 1880, na 
interface do arcadismo com o romantismo e o 
processo de independência do país. O auge desse 
processo de formação é o aparecimento de um 
autor do porte de Machado de Assis, em quem essa 
formação se consolida. Ao modo de Harold Bloom 
(ou Harold Bloom fez ao modo de Antônio 
Candido?), em O cânone ocidental, que coloca 
Shakespeare como ponto culminante da literatura 
no Ocidente, Machado de Assis é nosso cume, pois 
participava de uma linhagem com outros autores 
brasileiros, ainda que “menores”, como seus 
precursores para a construção de sua obra. É um 
sistema de regularidades, em que se integram 
autores locais vivos e mortos, em que pesem as 
influências estrangeiras, que foram assimiladas. De 
fato, para Antônio Candido, Machado pode 
florescer porque já havia sido formado um sistema 
de literatura nacional. Nesse sentido, a grande 
sacada de inovação em Formação da Literatura 
Brasileira é a apresentação tanto da literatura 
nacional quanto do próprio país como processos, 
ou seja, não como entes prontos ou dados. Apesar 
de manter certa noção de déficit literário (apenas 
um ramo de Portugal em formação), pois, em 
Formação da Literatura Brasileira, Antônio 
Candido estabelece a tese de que nossa literatura 
está situada num patamar menor em relação às 
principais matrizes do cânone ocidental, com certa 
incapacidade de estabelecer continuidade de 
grande valor estético, já ali surgia a possibilidade 
de articulação entre sociedade e literatura, que foi 
uma de suas principais contribuições. De qualquer 
modo, essa noção de déficit, que é muito severa, 
deve ser questionada na contemporaneidade, vez 
que, seja no âmbito artístico-literário, seja em seu 
aspecto comercial, a produção literária brasileira, 
em sua efetiva rede entre escritores, editores, 
obras, mídia e leitores, é suficientemente apta a 
representar a cultura brasileira no cenário global. 
Apesar das novas abordagens trazidas pelo pós-
moderno e pelo pós-colonial, entre outros pós - 
Formação da Literatura Brasileira continua sendo 
um dos principais modelos aplicados para se 
analisar o conjunto histórico da literatura do Brasil 
e no Brasil. (...) 
O essencial é o 
estudo analítico 
das obras, que o 
autor procura 
abordar em 
leituras renovadoras para o momento em que o 
livro foi preparado e redigido, isto é, de 1945 a 
1957”. 
 Leitura recomendada, se não obrigatória, para 
todos os estudantes, estudiosos e praticantes da 
arte literária brasileira e ocidental. 
 
CANDIDO, Antônio. Formação da literatura 
brasileira (volume único). Rio de Janeiro: Ouro 
sobre o azul, 2006. 800 p. 
 
Fonte:http://resumos.netsaber.com.br/resumo-
131244/formacao-da-literatura-brasileira. 
Acessado em 6 de março de 2019. 
Considerando tratar-se de um 
estudo denso, que precisa 
trazer a voz de pelos menos 
dois ou três teóricos, aqui 
vamos trabalhar em tópicos 
que encaminharão você a 
leitura integral de artigos que 
discutem a historiografia da 
literatura brasileira. 
Esses artigos são indicados 
abaixo por meio dos link em 
que poderão ser encontrados 
 
Leia antes o resumo da obra 
de Antônio Cândido, que nos 
conta um pouco da Formação 
da literatura brasileira 
 
9 
 
 
Vejamos, nas palavras de Candido, um alerta para que possamos entender melhor a formação da 
literatura nacional/brasileira: 
 
 
“Para compreender em que sentido é tomada 
a palavra formação, e porque se qualificam de 
decisivos os momentos estudados, convém 
principiar distinguindo manifestações 
literárias, de literatura, propriamente dita, 
considerada aqui um sistema de obras ligadas 
por denominadores comuns, que permitem 
reconhecer as notas dominantes duma fase. 
Estes denominadores são, além das 
características internas (língua, temas, 
imagens), certos elementos de natureza social 
e psíquica, embora literariamente organizados, 
que se manifestam historicamente e fazem da 
literatura aspecto orgânico da civilização. 
Entre eles se distinguem: a existência de um 
conjunto de produtores literários, mais ou 
menos conscientes do seu papel; um conjunto 
de receptores, formando os diferentes tipos de 
público, sem os quais a obra não vive; um 
mecanismo transmissor, (de modo geral, uma 
linguagem, traduzida em estilos), que liga uns 
a outros. O conjunto dos três elementos dá 
lugar a um tipo de comunicação inter-humana, 
a literatura, que aparece sob este ângulo como 
sistema simbólico, por meio do qual as 
veleidades mais profundas do indivíduo se 
transformam em elementos de contato entre os 
homens, e de interpretação das diferentes 
esferas da realidade. Quando a atividade dos 
escritores de um dado período se integra em 
tal sistema, ocorre outro elemento decisivo: a 
formação da continuidade literária, – espécie 
de transmissão da tocha entre corredores, que 
assegura no tempo o movimento conjunto, 
definindo os lineamentos de um todo. É uma 
tradição, no sentido completo do termo, isto é, 
transmissão de algo entre os homens, é o 
conjunto de elementos transmitidos, formando 
padrões que se impõem ao pensamento ou ao 
comportamento, e aos quais somos obrigados 
a nos referir, para aceitar ou rejeitar. Sem esta 
tradição não há Literatura, como fenômeno de 
tradição.” (CANDIDO, Antônio. Formação da 
Literatura Brasileira.p.25-26). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quem foi Antônio Candido? 
 
Antônio Candido (1918-2017) foi um sociólogo, crítico literário, ensaísta e professor brasileiro, Prêmio Jabuti 
(1965), o Prêmio Machado de Assis (1993), o Prêmio Camões (1998) e o Prêmio Alfonso Reyes (2005), no 
México. Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 24 de julho de 1918. Filho do médico Aristides Candido de Mello e 
Souza e de Clarisse Tolentino de Mello e Souza. 
 
 
 
 
Fonte: 
https://www.ebiografia.com/antonio_candido/ 
Acessado em 06 de março de 2019 
 
10 
https://www.ebiografia.com/antonio_candido/
 
 
Vamos ler também um texto sobre as fases da litertura brasileira de Sílvio Romero, retirado da 
obra: Literatura Brasileira. 
 
Fonte: Textos literários em meio eletrônico- História da 
Literatura Brasileira, de Sílvio Romero. 
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midia
s&id=143237 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FASES EVOLUTIVAS DA LITERATURA BRASILEIRA – Silvio Romero 
 
 
Fernando Wolf, em 1863, dividia a 
história da literatura brasileira nos períodos 
seguintes: 1º) do descobrimento do Brasil ao 
fim do século XVII; 2º) primeira metade do 
século XVIII; 3º) segunda metade do século 
XVIII; 4º) do princípio do século XIX ao 
ano de 1840; e 5º) de 1840 ao ano em que 
publicou seu Brésil Littéraire (1863). 
 
O defeito desta enumeração de fase é 
ser demasiado fragmentada e não atender ao 
critério do desenvolvimento das ideias em 
sua determinação. Por que fazer dos 
primeiros cinquenta anos do século XVII umperíodo literário no Brasil? Que houve então 
de especial na evolução espiritual dos 
brasileiros? Não se percebe facilmente. Que 
motivos aconselham a marcar uma fase com 
os primeiros quarenta anos do século XIX? 
Menos justificável ainda é este período. 
 
Fernandes Pinheiro, em 1872, em 
seu Resumo de História Literária, deixou 
designados este momentos, como os mais 
característicos de nossa vida nas letras: 1º) 
período da formação, abrangendo os séculos 
XVI e XVII; 2º) o 
do desenvolvimento, enchendo o século 
XVIII; 3º) o da reforma, constituído pelo 
século XIX. Divisão de fases está mais bem 
feita do que a de Fernando Wolf, porém 
ainda assaz defeituosa. O autor deixou-se 
evidentemente iludir pela separação material 
dos séculos, sem atender que o andar das 
ideias e doutrinas não obedece as mais das 
vezes às marcações exteriores do tempo. 
Que houve, por exemplo, na primeira 
metade do século XVIII no domínio do 
pensamento brasileiro, que a distinguisse em 
absoluto das últimas décadas do século 
anterior? Nada, que se saiba. E que de novo, 
acaso, representam nas doutrinas e teorias 
literárias os trinta primeiros anos do século 
XIX, que os afaste do velho classicismo do 
século antecedente? Nada por certo. A 
enumeração de Fernandes Pinheiro é, pois, 
também inaceitável. 
 
Por nossa vez, nesta História, desde 
a 1ª edição, indicamos esta divisão: período 
de formação (1500-1750); período de 
desenvolvimento autonômico (1750-
1830); período de transformação 
romântica (1830-1870); período de reação 
Silvio Romero crítico, ensaísta, folclorista, polemista, professor e 
historiador da literatura brasileira, nasceu em Lagarto, SE, em 21 de 
abril de 1851, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18 de julho de 
1914. Convidado a comparecer à sessão de instalação da Academia 
Brasileira de Letras, em 28 de janeiro de 1827, fundou a Cadeira n. 
17, escolhendo como patrono Hipólito da Costa. 
 
http://conhecendoahistoriasilvioromero.blogspot.com/p/biografi
a.html 
 
11 
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=143237
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=143237
http://conhecendoahistoriasilvioromero.blogspot.com/p/biografia.html
http://conhecendoahistoriasilvioromero.blogspot.com/p/biografia.html
crítica e naturalista, ao princípio, e, 
depois, parnasiana e simbolista (1870 em 
diante até os dias atuais). 
 
Classificação está atenta mais ao 
movimento das ideias e coadunada melhor 
com os fenômenos intelectuais da nação. 
 
Entretanto, esta mesma divisão de 
períodos pode ser melhorada, tendo-se o 
cuidado de marcar por fecho de cada fase e 
início da seguinte um fato literário 
característico como propusemos no prólogo 
à 2ª edição (retro, pág. XXXVII). 
 
Destarte, teremos: – período de 
formação (de 1592, data suposta da 1ª 
edição da Prosopopéia, de Bento Teixeira 
Pinto, a 1768, data da publicação das Obras 
poéticas, de Cláudio Manuel da 
Costa); período de desenvolvimento 
autonômico (de 1768, da mesma data 
das Obras poéticas, de Cláudio, a 1836, ano 
da publicação dos Suspiros Poéticos, de 
Gonçalves de Magalhães); período de 
reação romântica (de 1836, ano 
dos Suspiros Poéticos, a 1875, época do 
aparecimento dos Ensaios e estudos de 
filosofia e crítica, de Tobias Barreto); 
período de reação crítica e naturalista, e, 
depois, parnasiana e simbolista (de 1875, 
ano dos citados Ensaios, em diante, até os 
dias atuais). 
 
Não é tudo. É uma divisão em 
quatro períodos, cujos dois primeiros se 
escoaram, como se vê, dentro da época do 
classicismo e podem por isso, sem 
inconveniente, reduzir-se a um só, o que nos 
levaria a esta divisão tripartida: – período de 
formação ou período clássico, de 1592 a 
1835; período de 
desenvolvimento ou período romântico, de 
1875; período das reações anti-
românticas, de 1875 em diante até os dias de 
hoje. 
 
E, como nesta divisão tripartida os 
dois últimos momentos têm inúmeros pontos 
de contato, não passando, no fundo, de uma 
reação contra os velhos ideais clássicos, 
sendo a reação das novas escolas contra o 
romantismo puramente artificial, pois não 
são elas mais do que romantismo disfarçado, 
é possível, numa vista sintética, reduzir 
ainda mais a classificação, e teremos: –
 período de formação ou período 
clássico, de 1592 a 1836; período de 
desenvolvimento ou de reações ulteriores, de 
1836 até agora e a continuar pelos anos 
adiante. 
 
A primeira fase, dentro das forças do 
regímen do classicismo e do absolutismo 
régio, começa incipientemente desde quando 
se fundaram as primeiras escolas de 
Humanidades no Brasil, e espíritos, como 
Nóbrega, Anchieta, Cardim, Luís da Grã, 
Gandavo, Gabriel Soares e outros iguais, 
ensinaram ou escreveram nesta parte 
d’América, formando desde logo discípulos 
da estatura de Vicente do Salvador e 
Antônio Vieira; inicia-se de fato, no terreno 
da produção espiritual, com a publicação 
da Prosopopéia; passa pelo proto-
romantismo da escola de Minas; assiste à 
independência política do país e chega 
quando a elite intelectual da terra entra a 
interessar-se diretamente pela renovação das 
ideias que se operava então na Europa: a 
segunda segue daí, dessa nítida consciência 
que já tínhamos de nós mesmos, e desdobra-
se por todo o século XIX, ligando o proto-
romantismo mineiro ao romantismo 
propriamente dito e às escolas que 
subsequentemente o substituíram. 
 
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documento
s/?action=download&id=93052#FASESEVOLUTI
VAS. Acessado em 06 de março de 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052#FASESEVOLUTIVAS
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052#FASESEVOLUTIVAS
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052#FASESEVOLUTIVAS
PARA ENRIQUECER SEU CONHECIMENTO 
 
Acesse o site, que se segue, e você encontrará a obra em formato PDF. 
 
 Início → Documentos → História da literatura brasileira 
Título: História da literatura brasileira 
Autor: Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero 
 Parte 1 (1ª edição - volume 1 (1500 - 1830).) 19.16 MB 
 Parte 2 (1ª edição - volume 2 (1830 - 1877).) 22.86 MB 
 Parte 3 (2ª edição, de 1902, tomo primeiro.) 31.46 MB 
 Parte 4 (2ª edição, de 1902, tomo segundo.) 31.76 MB 
 Parte 5 (História da Literatura Brasileira, edição de 1902, no Rio de 
Janeiro, pela Garnier.) 3.12 MB 
Site/fonte:https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&i
d=143237 
 
 
Após situar sobre dois grandes teóricos sobre a historiografia da literatura brasileira, vamos 
ler artigos que ampliarão os conhecimentos e assistir vídeos que vão na mesma direção. 
 
1.ARTIGO: 
a) A historiografia literária e seu desejo de criar uma história da literatura - dos autores 
estrangeiros a Antônio Candido: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Web/978-85-
397-0198-8/Trabalhos/51.pdf; 
 
2.VÍDEOS 
a) Roberto Acízelo de Souza -- História e Historiografia Literária (Pt. 1): 
https://www.youtube.com/watch?v=tJZ8tyQ2Ku4; 
b) Roberto Acízelo de Souza: Historiografia literária brasileira oitocentista: um ciclo de 
estudos:1. https://www.youtube.com/watch?v=d0ExNQ7F_Wks. 
 
 
DESTAQUE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É Interessante destacar que, de acordo com Roberto Acízelo, há uma distinção entre: 
História da Literatura, que pode ser compreendida como “o fenômeno constituído 
pelos desdobramentos e transformações no tempo de uma entidade chamada 
Literatura Brasileira” (p. 10) e Historiografia da Literatura que seria “o corpo de 
obras consagradas ao estudo desse fenômeno” (p. 10) Introdução à Historiografia da 
Literatura Brasileira. 
13 
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?id=143237https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=7933
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93049
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93048
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93050
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93051
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=93052
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=143237
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=143237
http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Web/978-85-397-0198-8/Trabalhos/51.pdf
http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Web/978-85-397-0198-8/Trabalhos/51.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=tJZ8tyQ2Ku4
https://www.youtube.com/watch?v=d0ExNQ7F_Wk
Por que estudar o caráter histórico da história da Literatura Brasileira? 
 
É interessante ao professor conhecer os percursos da literatura brasileira, ou seja, como ela se 
estabeleceu e consolidou, sendo assim a historiografia e a crítica literária ao lado da história 
da literatura, fundamentais para essa compreensão. A Literatura é responsável pela difusão 
de valores crenças, realidades socioculturais, econômicas de uma dada época e tempo de um 
grupo. 
Assim, é que, ao formar-se para formar leitores, o professor precisa compreender as nuances 
que se apresentam nos conceitos de História da Literatura e Historiografia, já que, como dito 
antes, a primeira tem como escopo a cronologia /tempo de obras e estilos de época, já a 
segunda tem como escopo a crítica dessas produções, embora possam ser vistos textos que 
entrecruzam a cronologia e a crítica, indo além da linearidade muitas vezes acrítica. 
 
 
 
 
TAREFA 
 
A partir da leitura do texto “A historiografia literária e seu desejo de criar uma história da literatura - dos 
autores estrangeiros a Antônio Candido” e dos resumos apresentados a partir das obras de Silvio 
Romero e Antônio Candido, bem como dos vídeos em que Roberto Acízelo de Souza discute e 
expões sobre Historiografia literária, elabore uma síntese distinguindo as informações que mais 
cabem à cronologia da literatura brasileira dos fatos que cabem mais a crítica, apresentada, nestes 
textos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
1.2 O QUE ORIENTAM OS DOCUMENTOS OFICIAIS SOBRE A LITERATURA E 
PARA A FORMAÇÃO DE LEITOR LITERÁRIO 
 
 
Não é de hoje que a leitura literária vem sendo perseguida pelos documentos oficiais, assim, 
entendendo-se como uma politica de formação de leitores, e não são quaisquer leitores, mas sim 
leitores literários. Assim é que os PCNS já em 1998 defendiam ser 
 
 
“A Literatura é um discurso carregado de vivência íntima e profunda que 
suscita no leitor o desejo de prolongar ou renovar as experiências que veicula. 
Constitui um elo privilegiado entre o homem e o mundo, pois supre as 
fantasias, desencadeia nossas emoções, ativa nosso intelecto, trazendo e 
produzindo conhecimento. Ela é criação, uma espécie de irrealidade que 
adensa a realidade, tornando-nos observadores de nós mesmos. Ler um texto 
literário significa entrar em novas relações, sofrer um processo de 
transformação” (BRASIL, 1998. p. 22-23). 
 
E mais, que: 
“O texto literário não está limitado a critérios de observação fatual (ao que 
ocorre e ao que se testemunha), nem às categorias e relações que constituem 
os padrões dos modos de ver a realidade e, menos ainda, às famílias de 
noções/conceitos com que se pretende descrever e explicar diferentes planos 
da realidade (o discurso científico) (BRASIL, 1998. p. 26). 
 
E que, portanto, para oportunizar os sujeitos para uma formação que lhes possibilitem ser leitores na 
perspectiva da formação de um leitor literário, se faziam necessárias algumas medida entre elas que: 
 
 
 A escola deve dispor de uma biblioteca em que sejam colocados à disposição 
dos alunos, inclusive para empréstimo, textos de gêneros variados, materiais de 
consulta nas diversas áreas do conhecimento, almanaques, revistas, entre 
outros.  É desejável que as salas de aula disponham de um acervo de livros e 
de outros materiais de leitura. Mais do que a quantidade, nesse caso, o 
importante é a variedade que permitirá a diversificação de situações de leitura 
por parte dos alunos.  O professor deve organizar momentos de leitura livre 
em que também ele próprio leia, criando um circuito de leitura em que se fala 
sobre o que se leu, trocam-se sugestões, aprende-se com a experiência do 
outro.  O professor deve planejar atividades regulares de leitura, assegurando 
que tenham a mesma importância dada às demais.  Ler por si só já é um 
trabalho, não é preciso que a cada texto lido se siga um conjunto de tarefas a 
serem realizadas. 
 O professor deve permitir que também os alunos escolham suas leituras. Fora 
da escola, os leitores escolhem o que leem. É preciso trabalhar o componente 
livre da leitura, caso contrário, ao sair da escola, os livros ficarão para trás.  A 
escola deve organizar-se em torno de uma política de formação de leitores, 
envolvendo toda a comunidade escolar. Mais do que a mobilização para 
aquisição e preservação do acervo, é fundamental um projeto coerente de todo 
15 
o trabalho escolar em torno da leitura. Todo professor, não apenas o de Língua 
Portuguesa, é também professor de leitura (BRASIL, 1998. p. 71- 72). 
 
Considerando as lacunas apresentadas por alguns críticos ao PCNEM, são publicados os 
PCMEM+, que embora não resolvendo as lacunas percebidas até então, enumeram obras que 
permitem encaminhar o aluno para a leitura literária e se bem orientadas podem auxiliar na formação 
desse leitor almejado. Ou seja, inserir o estudante no mundo da literatura, 
 
 
“A Literatura, particularmente, além de sua específica constituição estética, é 
um campo riquíssimo para investigações históricas realizadas pelos estudantes, 
estimulados e orientados pelo professor, permitindo reencontrar o mundo sob a 
ótica do escritor de cada época e contexto cultural: Camões ou Machado de 
Assis; Cervantes ou Borges; Shakespeare ou Allan Poe; Goethe ou Thomas 
Mann; Dante ou Guareschi; Molière ou Stendhal. Esse exercício com a literatura 
pode ser acompanhado de outros, com as artes plásticas ou a música, 
investigando as muitas linguagens de cada período (...) (BRASIL, 2002, p. 19). 
 
 
 A defesa em prol da formação de um leitor literário vem bem mais explícita nas Orientações 
Curriculares Nacionais para o ensino Médio. Publicadas em 2006 as OCNEM, que 
 
“Embora concordemos com o fato de que a Literatura seja um modo 
discursivo entre vários (o jornalístico, o científico, o coloquial, etc.) o 
discurso literário decorre, diferentemente dos outros, de um modo de 
construção que vai além das elaborações linguísticas usuais, porque de todos 
os modos discursivos é o menos pragmático, o que menos visa a aplicações 
práticas. Uma de suas marcas é sua condição limítrofe, que outros 
denominam transgressão, que garante ao participante do jogo da leitura 
literária o exercício da liberdade, e que pode levar a limites extremos as 
possibilidades da língua [...] (BRASIL, 2006, p. 49). 
 
 
E para que essa formação seja efetivada alerta que 
 
(...) não se deve sobrecarregar o aluno com informações sobre épocas, estilos, 
características de escolas literárias, etc., como até hoje tem ocorrido, apesar 
de os PCN, principalmente o PCN+, alertarem para o caráter secundário de 
tais conteúdos: “Para além da memorização mecânica de regras gramaticais 
ou das características de determinado movimento literário, o aluno deve ter 
meios para ampliar e articular conhecimentos e competências que [...]” 
(PCN+, 2002, p. 55). Trata-se, prioritariamente, de formar o leitor literário, 
melhor ainda, de“letrar” literariamente o aluno, fazendo-o apropriar-se 
daquilo a que tem direito. (BRASIL, 2006 p. 54) 
 
 
 Por fim, o mais recente documento oficial da Educação brasileira, a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC) consolida essa defesa da literatura: 
 
16 
“A leitura literária pressupõe, mais que a capacidade de compreensão dos textos lidos, a 
condição de usufruir da forma como foram escritos. (...)Trata-se de formar um leitor mais 
ativo, menos ingênuo ao percorrer o texto literário. Importa destacar, no entanto, que esse 
exercício de análise das estratégias textuais e dos recursos linguísticos mobilizados pelos 
textos não é um fim em si mesmo” (BRASIL, 2016, p. 507) 
 
 
Essas compreensões e defesas, a princípio, são transpostas aos livros didáticos, que se não 
conseguem desenvolver um trabalho que garantam a formação do leitor literário, mas há um avanço 
na seleção dos textos desta esfera, favorecendo aos menos o contato dos alunos com textos literários. 
Além disso, não se pode perder de vista o Programa PNBE que colocou nas bibliotecas das escolas 
uma diversidade de obras, vem favorecendo acesso a milhares de crianças e jovens a obras até então 
de pouco acesso a essa grande parcela de estudantes. 
 
Como pudemos atestar, a literatura na escola não pode mais ser considerada como uma lista 
de períodos e autores que precisam ser memorizados, e nem tão pouco resumir-se a atividades de 
leituras para responder a questões sobre o que se leu, ao contrário, na busca de formar um leitor 
literário, e para isso conforme nos auxilia a BNCC: 
 
 Não se trata, pois, no eixo Educação literária, de ensinar literatura, mas de 
promover o contato com a literatura para a formação do leitor literário, capaz de 
apreender e apreciar o que há de singular em um texto cuja intencionalidade não é 
imediatamente prática, mas artística. O leitor descobre, assim, a literatura como 
possibilidade de fruição estética, alternativa de leitura prazerosa. Além disso, se a 
leitura literária possibilita a vivência de mundos ficcionais, possibilita também 
ampliação da visão de mundo, pela experiência vicária com outras épocas, outros 
espaços, outras culturas, outros modos de vida, outros seres humanos. (BRASIL, 
2016, p. 65). 
 
 
Para que saiba como fazer essa promoção, o professor precisa estar preparado e, para isso 
precisa também ser leitor para formar leitores. Essa discussão será tema de nossa próxima 
Unidade. Mas por ora, vamos desenvolver a Tarefa proposta para o tema estudado. 
 
 
“A Literatura é 
um discurso 
carregado de 
vivência 
íntima e 
profunda que 
O leitor o 
desejo de 
suscita no 
prolongar ou 
renovar as 
experiências 
que veicula.” 
17 
PARA ENRIQUECER SEU CONHECIMENTO 
 
Acesse o site: http://portal.mec.gov.br/, que você encontrará todos os documentos Oficiais, entre eles: 
 
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: 
MEC, 2016. 
BRASIL. Orientações curriculares para o ensino médio (OCNEM): 
Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da 
Educação, Secretaria de Educação Básica, volume 1. 2006. 239 p. 
BRASIL. PCN + Ensino Médio: Linguagens, códigos e suas 
tecnologias. Orientações Educacionais Complementares aos 
Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Ministério da Educação, 
Secretaria de Educação Básica, volume 1. 2002. 241 p.. 
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): 3º e 4º ciclos 
do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998 b. 
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): Ensino Médio. 
Brasília, DF: MEC/SEMTEC, 1999. 
 
TAREFA 
 
Considerando as sínteses acima descritas sobre o que os documentos oficiais defendem 
para o trabalho com a literatura em sala de aula, e após assistir a entrevista com Rildo 
Cosson (https://www.youtube.com/watch?v=MgAEvvGK9CA), elabore sua compreensão 
sobre qual o papel da literatura na escola como propulsora da formação de um leitor 
literário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
https://www.youtube.com/watch?v=MgAEvvGK9CA
 
1.3 Consolidando que construímos na Unidade 1 
 
a) Você irá sintetizar em 5 tópicos (em duas linhas) o que conseguiu apreender nesse módulo. 
 
Tópicos que descrevem, em síntese, o que o aluno construiu de conhecimento 
1. 
 
2. 
 
3. 
 
4. 
 
5. 
 
 
 “Fórum - Para tratar do item 1.4 dessa Unidade 1: Avaliando o que construímos na 
Unidade 1” vamos debater um pouco o que estudamos da Historiografia. Assim, a questão-base 
é a seguinte: 
 
Questão-base para o debate no Fórum 
 
Considerando os pontos tratados, qual é sua posição sobre a relevância ou não da historiografia para 
o ensino da literatura, em especial, da formação do leitor literário na educação básica? 
Troque suas ideias com os colegas! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19