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Desenvolvimento Vida Adulta Intermediária II Desenvolvimento Psicossocial na Vida Adulta Intermediária Mudança da meia-idade: abordagens teóricas � Em termos psicossociais, a vida adulta intermediária já ́ foi considerada um período relativamente estável. � Freud (1906-1942) acreditava que a personalidade está permanentemente bem formada antes dessa idade. � Teóricos humanistas (Maslow e Rogers) viam a meia-idade como uma oportunidade para mudança positiva. � De acordo com Maslow (1968), a realização plena do potencial humano, que ele chamava de autorrealização, pode vir apenas com a maturidade. � Rogers (1961) afirmava que o funcionamento humano pleno exige um processo constante, por toda a vida, para conduzir o self em harmonia com a experiência. MODELOS DE TRAÇO � Pesquisa - modelo de traços de Costa e McCrae - alegava originalmente continuidade ou consistência da personalidade após os 30 anos nos agrupamentos dos Cinco Grandes traços ou fatores – neuroticismo (ansiedade, hostilidade, instabilidade), extroversão, abertura a experiência, conscienciosidade e amabilidade (socialização) – reconhece agora uma mudança mais lenta também durante os anos da meia-idade e da velhice. MODELOS DO ESTÁGIO NORMATIVO Teóricos: Carl G. Jung e Erik Erikson. � Psicólogo suíço Carl Jung - desenvolvimento saudável da meia-idade requer individuação - surgimento do self verdadeiro por meio do equilíbrio ou integração das partes conflitantes da personalidade. � Até aproximadamente os 40 anos - os adultos estão concentrados nas obrigações com a família e com a sociedade e desenvolvem aspectos da personalidade que os ajudarão a alcançar objetivos externos. � Na meia-idade, as pessoas voltam suas preocupações para o self interior, espiritual. � Duas tarefas difíceis, porém necessárias, na meia-idade são: abrir mão da imagem jovem e reconhecer a mortalidade. MODELOS DO ESTÁGIO NORMATIVO � De acordo com Jung (1966), a necessidade de reconhecer a mortalidade exige uma busca por significado dentro de si mesmo. � Esse movimento de interiorização pode ser inquietante. � Contudo, as pessoas que evitam essa transição e não reorientam suas vidas adequadamente perdem a chance de crescer psicologicamente. Erik Erikson: Generatividade versus estagnação � Ao contrário de Jung, que via a meia-idade como um momento de interiorização, Erikson descreveu-a como um movimento para o exterior. � Erikson (40 anos) - época em que as pessoas entram em seu sétimo estágio normativo, generatividade versus estagnação. Generatividade - preocupação de adultos maduros em estabelecer e orientar a próxima geração, perpetuando-se através da influência sobre aqueles que o sucedem. � As pessoas que não encontram uma saída para a generatividade tornam-se centradas em si mesmas, autoindulgentes ou estagnadas (inativas ou sem vida). Como surge a generatividade? Os desejos internos de imortalidade simbólica, ou uma necessidade de ser necessário, se somam às demandas externas (expectativas e responsabilidades crescentes) para produzir um interesse consciente na próxima geração. Esse interesse, juntamente com o que Erikson chamou de “crença nas espécies”, conduz a compromissos e ações generativos. Formas de generatividade � Pode ser expressa não apenas por meio de cuidados paternos e maternos ou de cuidados pelos avós – mas também pelo ensino ou aconselhamento, produtividade ou criatividade ou autodesenvolvimento. � Pode se estender ao mundo do trabalho, à política, à religião, aos passatempos, à arte, à música e a outras esferas – ou, como Erikson chamava, à “manutenção do mundo”. � Oferecer-se como voluntário para serviços comunitários ou para uma causa politica é uma expressão de generatividade � A generatividade - pode derivar do envolvimento em múltiplos papéis. O MOMENTO DOS EVENTOS: O RELÓGIO SOCIAL A meia-idade - reestruturação de papéis sociais: -separar-se dos filhos, -se torna avô ou avó, -mudar de trabalho ou de carreira e, eventualmente, -aposentar-se. Antigamente - a ocorrência e o momento desses eventos importantes eram razoavelmente previsíveis. Hoje, os estilos de vida são mais diversificados, e as fronteiras da vida adulta intermediária tornaram-se menos claras. EXISTE A CRISE DA MEIA-IDADE? � A crise da meia-idade foi conceituada como uma crise de identidade; � Também já ́ foi chamada de segunda adolescência. Segundo Elliott Jaques (1967), o psicanalista que criou o termo, o que a traz é a consciência da mortalidade. -Muitas pessoas agora percebem que não poderão realizar seus sonhos de juventude ou que a realização deles não lhes trouxe a satisfação que esperavam. -Elas sabem que, se desejam mudar de direção, devem agir rapidamente. � O termo crise da meia-idade é agora considerado uma representação imprecisa do que a maioria das pessoas vivencia na meia-idade. � Algumas pessoas de meia-idade podem vivenciar crises ou tumultos, mas outras se sentem no auge de suas capacidades. � Outras, ainda, podem estar em uma posição intermediária – nem no auge, nem em crise – ou podem vivenciar crise e competência em momentos diferentes ou em diferentes áreas da vida. � Aparentemente, a meia-idade é apenas um dos momentos decisivos da vida – transições psicológicas que envolvem mudanças ou transformações significativas na percepção do significado, propósito ou direção da própria vida. � Os momentos decisivos frequentemente envolvem uma revisão e reavaliação introspectiva de valores e prioridades. � Esta revisão - momento de balanço geral, gerando novas descobertas sobre si mesmo e estimulando correções no projeto e na trajetória da própria vida. � Pode trazer arrependimento por ter falhado em alcançar um sonho ou a consciência clara dos prazos evolutivos – limites de tempo para, digamos, a capacidade de gerar um filho ou fazer as pazes com um amigo ou um membro da família distante. � Se um momento decisivo se tornará uma crise pode depender menos da idade do que das circunstâncias e recursos pessoais do individuo. DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE Para Erikson - a identidade continua a se desenvolver. Considerava a generatividade um aspecto da formação da identidade. Pesquisas apoiam essa associação. Identidade de gênero e papéis de gênero � Para Erikson - a identidade está intimamente ligada aos papéis e compromissos sociais (“sou pai”, “sou professor”, “sou um cidadão”). A mudança de papéis e relacionamentos na meia-idade pode afetar a identidade de gênero � Jung considerava essas mudanças parte do processo de individuação ou equilíbrio da personalidade. � O psicólogo David Gutmann – outra explicação: Os papéis de gênero tradicionais, evoluíram para assegurar o bem-estar dos filhos durante seu desenvolvimento. Os homens, agora livres para explorar o seu lado feminino anteriormente reprimido, tornam-se mais passivos; as mulheres, livres para explorar seu lado masculino, tornam-se mais dominantes e independentes. BEM ESTAR PSICOLÓGICO E SAÚDE MENTAL POSITIVA � Saúde mental - não apenas a ausência de doença mental. � Sentido de bem-estar psicológico que anda de mãos dadas com uma percepção saudável de si mesmo. Esse sentido subjetivo de bem-estar, ou de felicidade, é a avaliação de uma pessoa de sua própria vida (Diener, 2000). � Como os cientistas do desenvolvimento medem o bem-estar e quais fatores o afetam na meia-idade? As tendências gerais na emotividade positiva e negativa parecem sugerir que, à medida que as pessoas envelhecem, elas tendem a ter aprendido a aceitar o que lhes ocorre e a regular suas emoções efetivamente. Satisfação com a vida e idade � Inúmeros estudos – diferentes técnicas - bem- estar subjetivo, a maioria dos adultos de todas as idades, de ambos os sexos e de todas as raças relatam estar satisfeitos com suas vidas. � A maioria das pessoas apresenta boas habilidades de enfrentamento.� Após eventos especialmente felizes ou estressantes, como casamento ou divórcio, elas geralmente se adaptam e o bem-estar subjetivo retorna praticamente ao seu nível anterior. � O apoio social – amigos e cônjuges – e a religiosidade são contribuintes importantes para a satisfação com a vida. � Igualmente importantes são determinadas dimensões da personalidade – extroversão e conscienciosidade – e a qualidade do trabalho e do lazer. Relacionamentos na meia-idade � É difícil generalizar o significado dos relacionamentos na meia-idade hoje. � Para a maioria das pessoas na meia-idade – eles são muito importantes – talvez de maneira diferente do que quando eram jovens. TEORIAS DO CONTATO SOCIAL De acordo com a teoria do comboio social, as pessoas se movimentam pela vida cercadas por comboios sociais: círculos de amigos e de membros da família de graus variados de intimidade, com quem elas podem contar para assistência, bem-estar e apoio social, e para quem elas se voltam também para oferecer cuidado, preocupação e apoio. � Embora os comboios geralmente mostrem uma estabilidade de longo prazo, a sua composição pode se alterar. � Em um momento, as ligações com os irmãos podem ser mais significativas; em outro, as relações com os amigos. Relacionamentos consensuais Como são esses relacionamentos na meia-idade? CASAMENTO � O casamento na meia-idade é muito diferente do que costumava ser. � Antigamente - expectativas de vida mais curtas, casais que permaneciam juntos por 25, 30, ou 40 anos eram raros. O padrão comum - interrompidos por morte e os sobreviventes casarem-se novamente. � Não era comum o marido e a esposa na meia-idade ficarem juntos e sozinhos. � Atualmente, mais casamentos terminam em divórcio, mas os casais que permanecem juntos podem frequentemente esperar por 20 anos ou mais de vida em comum após o último filho sair de casa. DIVÓRCIO � Embora o divórcio na meia-idade seja mais comum do que no passado, a ruptura pode ser traumática. � Estudos descrevem a experiência como emocionalmente devastadora quanto perder um emprego ou ter uma doença grave. ESTADO CIVIL, BEM ESTAR E SAÚDE � Como no período adulto jovem, o casamento oferece benefícios importantes: apoio social, encorajamento de comportamentos saudáveis e recursos socioeconômicos bem para mulheres nessas situações. RELACIONAMENTOS HOMOSSEXUAIS �Os homossexuais masculinos e femininos que hoje estão na meia-idade cresceram em uma época em que a homossexualidade era considerada uma doença mental. � Um fator que parece afetar a qualidade do relacionamento nos homossexuais é se eles têm internalizadas ou não visões negativas da sociedade sobre homossexualidade. � Aqueles homossexuais que internalizaram as atitudes homofóbicas mantidas pelos outros são mais propensos a apresentar sintomas de depressão, presumivelmente porque essas atitudes afetam seu autoconceito geral. AMIZADES � As redes sociais - menores e mais íntimas na meia-idade. � São a fonte mais poderosa de apoio emocional e bem-estar. � Os conflitos com amigos geralmente se originam das diferenças de valores, crenças e estilos de vida; contudo, os amigos geralmente podem falar sobre esses conflitos, embora mantendo a dignidade e o respeito mútuos. Relacionamentos com filhos maduros � Com as tendências contemporâneas a adiar o casamento e a paternidade, algumas pessoas de meia-idade agora se veem diante de outras questões. � Quando os filhos se tornam adultos e têm seus próprios filhos, a família intergeracional se multiplica em número e em conexões. FILHOS ADOLESCENTES: PROBLEMAS PARA OS PAIS � Duas épocas da vida popularmente ligadas a crises emocionais – adolescência e meia-idade – frequentemente vivem na mesma casa. � Enquanto lidam com suas próprias preocupações, os pais têm de lidar diariamente com jovens que estão passando por grandes mudanças físicas, emocionais e sociais. QUANDO OS FILHOS VÃO EMBORA: O NINHO VAZIO � As pesquisas têm questionado ideias populares sobre o ninho vazio – uma transição supostamente difícil, especialmente para as mulheres, que ocorre quando o filho mais jovem deixa a casa dos pais. � Algumas mulheres - problemas de ajustamento ao ninho vazio, são superadas em número por aquelas que consideram essa partida libertadora. � Quando os filhos não são realizados - este processo pode ser mais difícil. � Os efeitos do ninho vazio sobre um casamento dependem de sua qualidade e duração. CUIDANDO DE FILHOS CRESCIDOS � Pais ainda são pais. � Mudança de papéis - novas atitudes e comportamentos por parte de ambas as gerações. � A maioria dos adultos jovens e de seus pais de meia-idade aprecia a companhia uns dos outros e se dão bem. PROLONGAMENTO DA PARENTALIDADE: O “NINHO ATRAVANCADO” � Prolongamento da função dos pais - tensão intergeracional quando ela contradiz as expectativas normativas dos pais. � Os pais esperam que eles se tornem independentes, e os filhos esperam fazê-lo. � A autonomia de um filho adulto é um sinal de sucesso dos pais. RELACIONAMENTOS COM PAIS IDOSOS � Mudanças dramáticas – inversão de papéis (cuidado) � Com o aumento da expectativa de vida, alguns cientistas do desenvolvimento propuseram um novo estágio de vida chamado de maturidade filial, quando filhos de meia-idade “aprendem a aceitar e a atender às necessidades de dependência de seus pais” Tensões provocadas pelo cuidar � Cuidar de outra pessoa pode ser estressante. � Sobrecarga física, emocional e financeira. � A tensão emocional – pode originar-se não apenas do papel de cuidador, mas da necessidade de equilibrá-lo com as muitas outras responsabilidades da meia-idade. TORNANDO-SE AVÓS � O papel de avô ou avó começa antes de terminar as suas funções como pais. � O papel dos avós hoje é diferente em outros aspectos daquele no passado. � Muitos avós são os principais ou únicos cuidadores de seus netos. � Os avós podem ser fontes de orientação, companhias para brincar, vínculos com o passado e símbolos de continuidade familiar. � Você teve um relacionamento próximo com uma avó ou um avô? Neste caso, de que formas específicas aquele relacionamento influenciou seu desenvolvimento? REFERÊNCIAS PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin.(2013) Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre: Artmed.
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