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Aula 26 - Momento de Inércia e Área Objetivos da Aula: ✓ Calcular o momento de inércia de uma lâmina com densidade variável; ✓ Calcular a área de uma região usando integrais duplas. 1 Momento de Inércia Veremos agora mais duas aplicações da integral dupla, começando com o Momento de Inécia, que é uma grandeza f́ısica que estima a dificuldade de alterar o estado de movimento de um corpo em rotação. Ou seja, quanto maior for o momento de inércia de um corpo, maior será a dificuldade de fazê-lo girar ou alterar a sua rotação. O momento de inércia I de uma part́ıcula de massa m em relação a um eixo é calculado pela expressão I = mr2, onde r é a distância da part́ıcula ao eixo. Suponha agora que uma lâmina ocupe uma região D do plano xy e que sua densidade em um ponto (x, y) ∈ D é dada por uma função cont́ınua ρ(x, y). Seguindo os mesmos passos da aula passada, é posśıvel calcular o momento de inércia em relação ao eixo x. De fato, dividindo D em pequenos retângulos, aproximando o momento de inércia de cada sub-retângulo em relação ao eixo x e tomando o limite da soma quando o número de sub-retângulos aumenta indefinidamente, obtemos: Ix = lim m,n→∞ m∑ i=1 n∑ j=1 [y∗ij] 2ρ(x∗ ij, y ∗ ij)∆A = ∫∫ D y2ρ(x, y)dA. De forma análoga, obtemos o momento de inércia em relação ao eixo y: Iy = lim m,n→∞ m∑ i=1 n∑ j=1 [x∗ ij] 2ρ(x∗ ij, y ∗ ij)∆A = ∫∫ D x2ρ(x, y)dA. Por fim, é ainda importante considerar o momento de inércia em relação à origem, também chamado de momento polar de inércia: I0 = lim m,n→∞ m∑ i=1 n∑ j=1 [(x∗ ij) 2 + (y∗ij) 2]ρ(x∗ ij, y ∗ ij)∆A = ∫∫ D (x2 + y2)ρ(x, y)dA. 1 Universidade Federal do Pará Cálculo II - 2023-4 2 Note que I0 = Ix + Iy. Exemplos (01) Determine os momentos de inércia Ix, Iy e I0 de um disco D com densidade ρ(x, y) = c, centro na origem e raio a. Solução: O disco D pode ser descrito pela inequação x2 + y2 ≤ a2. Em coordenadas polares, 0 ≤ r ≤ a e 0 ≤ θ ≤ 2π. Sendo assim, obtemos: I0 = ∫∫ D (x2 + y2)ρ(x, y)dA = c ∫ 2π 0 ∫ a 0 r3drdθ = c π a4 2 Note que, pela simetria do disco, Ix = Iy. Logo, Ix = I0 2 = c π a4 4 = Iy. □ (02) Determine o momento de inércia em relação ao eixo y de uma lâmina com densidade ρ(x, y) = c y ocupando uma região limitada pelas curvas y = 1− x2 e y = 0. Solução: Neste caso, temos uma região do tipo I: D = {(x, y) ∈ R2; −1 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ 1− x2}. Sendo assim, obtemos: Iy = ∫∫ D x2ρ(x, y)dA = c ∫ 1 −1 ∫ 1−x2 0 yx2dydx = c 2 ∫ 1 −1 x2(1− x2)2dx = c 2 ∫ 1 −1 (x2 − 2x4 + x6)dx. Logo, pela paridade da função, segue que Iy = c ∫ 1 0 (x2 − 2x4 + x6)dx = c ( x3 3 − 2 x5 5 + x7 7 ) ∣∣∣∣1 0 = 8 105 c UFPA Cálculo II 3 2 Área de uma Região Uma aplicação geométrica importante das integrais duplas consiste no cálculo de áreas. Com efeito, considere um sólido com altura unitária e seção transversal constante, conforme a figura a seguir. Neste caso, o volume pode ser calculado pelo produto da base pela altura, isto é, V = A(D) · 1. Por outro lado, este volume também pode ser calculado por uma integral dupla: V = ∫∫ D 1 dA. Portanto, A(D) = ∫∫ D dA. Em outras palavras, quando integramos a função constante f(x, y) = 1 sobre uma região D, obtemos a área de D. 4 Exemplos (01) Calcule a área da região delimitada pelas curvas x = y2 e x = 4. Solução: Fazendo um esboço da região, obtemos: Considerando uma região do tipo II, temos: D = {(x, y) ∈ R2; y2 ≤ x ≤ 4 e − 2 ≤ y ≤ 2}. Sendo assim, A = ∫∫ D dA = ∫ 2 −2 ∫ 4 y2 dxdy = ∫ 2 −2 (4− y2)dy. Logo, pela paridade da função, segue que A = 2 ∫ 2 0 (4− y2)dy = 2 ( 4y − y3 3 ) ∣∣∣∣2 0 = 32 3 □ UFPA Cálculo II 5 (02) Calcule a área de um cardioide, dado pela curva polar r = 1 + sen θ. Solução: Fazendo um esboço da região, obtemos: Em coordenadas polares, 0 ≤ r ≤ 1 + sen θ e 0 ≤ θ ≤ 2π. Sendo assim, A = ∫∫ D dA = ∫ 2π 0 ∫ 1+sen θ 0 r drdθ = 1 2 ∫ 2π 0 (1 + sen θ)2dθ = 1 2 ∫ 2π 0 (1 + 2 sen θ + sen 2θ)dθ. Sabendo que ∫ 2π 0 sen θdθ = 0 e sen 2θ = 1 2 − 1 2 cos(2θ), conclúımos que A = 1 2 ∫ 2π 0 ( 1 + 1 2 − 1 2 cos(2θ) ) dθ = 3 4 ∫ 2π 0 dθ − 1 4 ∫ 2π 0 cos(2θ)dθ = 3 2 π □ 6 (03) Calcule a área de uma rosácea de quatro pétalas, dada pela curva polar r = cos(2θ). Solução: Fazendo um esboço da região, obtemos: Em coordenadas polares, 0 ≤ r ≤ cos(2θ) e 0 ≤ θ ≤ 2π. Entretanto, pela simetria da região, vamos calcular a área da metade de uma pétala e depois multiplicar o resultado por 8 para obter a área total. Sendo assim, considerando 0 ≤ θ ≤ π 4 , A8 = ∫∫ D dA = ∫ π 4 0 ∫ cos(2θ) 0 r drdθ = 1 2 ∫ π 4 0 cos2(2θ)dθ = 1 2 ∫ π 4 0 ( 1 2 + 1 2 cos(4θ) ) dθ = 1 2 ( θ 2 + 1 8 sen (4θ) ) ∣∣∣∣π4 0 = π 16 Logo, A = 8 · A8 = π 2 □ UFPA Cálculo II 7 Aprofundando o Contéudo Leia mais sobre o contéudo desta aula nas Seções 15.3 e 15.5 do livro-texto. Sugestões de Exerćıcios Resolva os exerćıcios das Seções 15.3 e 15.5 do livro-texto. Fonte: STEWART, James. Cálculo. São Paulo: Cengage Learning, 2010 (Volume 2). Momento de Inércia Área de uma Região