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EFEITOS RESCISÓRIOS SOBRE OS CONTRATOS DE TRABALHO PARTE I - Efeitos rescisórios nos contratos a termo Maurício Godinho Delgado explica que “os contratos a termo propiciam parcelas rescisórias mais restritas em favor do empregado, se comparadas àquelas características aos contratos indeterminados no tempo”. Na classificação proposta pelo autor, as modalidades principais de ruptura contratual são: a. extinção normal, em face do cumprimento do prazo; b. extinção anormal, em face de dispensa antecipada pelo empregador (resilição unilateral por ato empresarial); c. extinção anormal, em face de pedido de demissão antecipada pelo empregado (resilição unilateral por ato obreiro); d. extinção anormal, em face de pedido de demissão ou dispensa antecipadas, havendo no contrato cláusula assecuratória do direito recíproco de antecipação rescisória. As parcelas rescisórias devidas propostas pelo autor, em conformidade a cada um dos tipos de ruptura contratual, seriam as seguintes: a) extinção normal do contrato (cumprimento do prazo prefixado): 13º salário proporcional; férias proporcionais com um terço (Súmula 328 do TST); liberação de FGTS (sem 40%); b) extinção contratual em face da dispensa antecipada pelo empregador – as mesmas verbas acima mencionadas (13º salário proporcional, férias proporcionais com 1/3 e liberação de FGTS). A tais parcelas acresce-se a indenização do art. 479 da CLT (valor no importe da metade dos salários que seriam devidos pelo período restante do contrato). São cabíveis, também, os 40% de acréscimo sobre o FGTS. Há entendimentos de que esses 40% se compensariam com a indenização do art. 479 da CLT por atenderem as duas parcelas à mesma causa e objetivos jurídicos: a reparação pela dispensa imprevista. Entende Maurício Godinho que tal posição choca-se, contudo, com texto expresso do diploma regulamentador do Fundo de Garantia, que determina o pagamento, nos contratos a termo, dos 40% sobre o Fundo, em situações de dispensa antecipada por ato empresarial, e dos 20% de acréscimo fundiário, em situações de dispensa antecipada por culpa recíproca, com base na Súmula 125 do TST: O art. 479 da CLT aplica-se ao trabalhador optante do FGTS admitido mediante contrato por prazo determinado, nos termos do art. 30, § 3º, do Decreto n. 59.820, de 20/12/1966. c) extinção contratual em face do pedido de demissão antecipada pelo empregado – as parcelas devidas serão o 13º salário proporcional, as férias proporcionais com um terço (Súmulas 328 e 261 do TST). Aqui, o trabalhador não saca o FGTS. O empregado poderá ser compelido a indenizar o empregador pelos prejuízos resultantes da ruptura antecipada; d) extinção contratual em face de pedido de demissão ou dispensa antecipadas, havendo no contrato cláusula assecuratória do direito recíproco de antecipação rescisória – incidem todas as parcelas rescisórias típicas de contratos de duração indeterminada, caso se trate de dispensa efetivada pelo empregador (inclusive aviso prévio, com projeção no contrato); 13º salário proporcional; férias proporcionais com um terço; FGTS com 40%. Modalidade de extinção Verbas rescisórias Extinção normal do contrato Saldo salarial, 13º salário proporcional; férias proporcionais com um terço; liberação de FGTS (sem multa do FGTS de 40%); Extinção contratual em face da dispensa antecipada pelo empregador As mesmas verbas acima mencionadas (13º salário proporcional, férias proporcionais com 1/3 e liberação de FGTS). A tais parcelas acresce-se a indenização do art. 479 da CLT (valor no importe da metade dos salários que seriam devidos pelo período restante do contrato). São cabíveis, também, os 40% de multa sobre o FGTS. Extinção contratual em face de pedido do empregado antes do final do contrato 13º salário proporcional, férias proporcionais com 1/3. Deste valor, poderá ser descontada a indenização dos prejuízos causados ao empregador, limitada à mesma indenização do art. 479 da CLT que o empregador teria que pagar ao empregado. Extinção contratual em face de pedido de demissão ou dispensa antecipadas, havendo no contrato cláusula assecuratória do direito recíproco de antecipação rescisória Incidem todas as parcelas rescisórias típicas de contratos de duração indeterminada, caso se trate de dispensa efetivada pelo empregador (inclusive aviso prévio, com projeção no contrato); 13º salário proporcional; férias proporcionais com um terço; FGTS com 40%. PARTE II - Efeitos rescisórios nos contratos por prazo determinado A doutrina trabalhista adota também esta forma de classificar a extinção do contrato de trabalho: 1. por iniciativa do empregador (dispensa com ou sem justa causa); 2. por iniciativa do empregado (pedido de demissão, dispensa indireta e aposentadoria espontânea); 3. por iniciativa de ambas as partes (culpa recíproca ou acordo de comum acordo entre as partes); 4. por desaparecimento de uma das partes (morte do empregado, morte do empregador ou extinção da empresa); 5. pela expiração do contrato por prazo determinado; e 6. por força maior. A Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017) criou uma nova modalidade de rescisão contratual: acordo comum entre empregado e empregador (art. 484-A da CLT). Cada modalidade de rescisão do contrato de trabalho implica o pagamento específico de certas verbas rescisórias. Em todas as hipóteses de rescisão contratual de contrato por prazo indeterminado serão devidos os seguintes pagamentos: saldo salarial e férias vencidas. Verbas rescisórias devidas em caso de contrato por prazo indeterminado: Modalidade de extinção Verbas rescisórias Despedida sem justa causa **ATENÇÃO: a partir da Lei n. 13.932/2019 foi extinta a contribuição social de 10% sobre FGTS, a que se referia o art. 1º da Lei Complementar n. 110, de 29 de junho de 2001, sendo assim a multa do FGTS não é mais 50% e sim 40%. Saldo de salário, aviso prévio; férias vencidas e proporcionais com 1/3; gratificação natalina proporcional, FGTS com indenização de 40% e liberação das guias de levantamento do FGTS e do seguro-desemprego. Pedido de demissão Saldo salarial, férias vencidas e proporcionais com 1/3 e gratificação natalina proporcional. O empregado deverá conceder o aviso prévio ao empregador para recebê-lo. Comum acordo entre empregado e empregador (art. 484-A, introduzido pela Lei n. 13.467/2017) • saldo salarial; • férias vencidas; • férias proporcionais com 1/3; e • gratificação natalina proporcional. O empregado tem direito a metade do aviso prévio e do FGTS (multa de 20%). Pode movimentar 80% do saldo do FGTS, mas não tem direito ao seguro desemprego. Justa causa Nenhum direito rescisório. O empregado terá direito a receber saldo salarial e férias vencidas, se houver. Despedida indireta Os mesmos pagamentos rescisórios devidos na rescisão sem justa causa, inclusive aviso prévio. Culpa recíproca 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso prévio, do 13º salário e das férias proporcionais. O empregado terá direito a receber saldo salarial e férias vencidas de forma integral, se houver. Além disso, tem direito à metade da multa do FGTS (20%). Extinção da empresa ou do estabelecimento Os mesmos pagamentos rescisórios devidos na rescisão sem justa causa, inclusive aviso prévio. Morte do empregado Somente saldo salarial, férias vencidas e proporcionais com 1/3 e gratificação natalina proporcional. Não cabe aviso prévio. Os depósitos do FGTS são liberados para os dependentes previdenciários do falecido. Morte do empregador pessoa física ou empresa individual com extinção da empresa Os mesmos pagamentos rescisórios devidos na rescisão sem justa causa, inclusive aviso prévio. Morte do empregador pessoa física ou empresa individual com continuidade da empresa pelos sucessores Saldo salarial, fériasvencidas e proporcionais com 1/3 e gratificação natalina proporcional. O empregado tem direito ao saque do FGTS, mas sem a multa de 40%. Não tem obrigação de cumprir aviso prévio. Por fim, vale lembrar que o empregado pode ter direito a indenização adicional estipulada na Lei n. 7.238/84 a título de verbas rescisórias. A instituição da indenização adicional teve como objetivo impedir ou tornar mais onerosa a dispensa do empregado demitido nos trinta dias que antecedem a data-base da sua categoria profissional (art. 9º da Lei n. 6.708/79, reproduzido pela Lei n. 7.238/84). O empregado faria jus à indenização equivalente a um salário, desde que fosse demitido sem justa causa dentro dos trinta dias que antecedem a sua data-base. Fonte: CALVO, Adriana. Manual de Direito do Trabalho, 7ª edição, São Paulo: Ed. Saraiva, 2023.
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