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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

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1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
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Direito Previdenciário 
 
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Olá! Boas-Vindas! 
 
Cada material foi preparado com muito carinho para que você 
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade! 
Lembre-se de que o seu sonho também é o nosso! 
Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! 
 
Com carinho, 
Equipe Ceisc ♥ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
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1ª FASE OAB | 39° EXAME 
Direito Previdenciário 
Prof. Guilherme Volpato de Souza 
 
 
 
Sumário 
 
1. Seguridade Social .................................................................................................................... 4 
2. Previdência Social ................................................................................................................. 10 
3. Benefícios em Espécie........................................................................................................... 40 
4. Assistência Social .................................................................................................................. 67 
5. Prescrição e Decadência ....................................................................................................... 71 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para 
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, reco-
menda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. 
 
Bons estudos, Equipe Ceisc. 
Atualizado em julho de 2023. 
 
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Direito Previdenciário 
 
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1. Seguridade Social 
Prof. Guilherme Volpato 
@guilhermevsouza 
 
1.1 Conceito Constitucional 
No decorrer das aulas você verá que o direito previdenciário é parte de uma grande en-
grenagem chamada seguridade social. A seguridade social é composta por previdência social, 
assistência social e saúde. Cada uma destas partes tem suas particularidades na Constituição 
Federal a partir do artigo 194: 
 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa 
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à sa-
úde, à previdência e à assistência social. 
 
A seguridade social na forma como está disposta na CF/1988 é uma adaptação a reali-
dade brasileira do modelo de seguridade social proposto por William Beveridge, na Inglaterra, 
em 1942. Foi construída em um contexto entre as duas grandes guerras mundiais, de uma soci-
edade industrial e com uma série de problemas, entre eles os sociais, inerentes àquele momento 
histórico. 
Este modelo de seguridade social protege tanto os trabalhadores que contribuem para o 
sistema previdenciário, quanto às pessoas que pelas mais variadas razões não contribuem, mas 
preenchem outros requisitos legais, para obtenção de um benefício. Por esta razão, é reconhe-
cido como um “sistema” de repartição/universalização de proteção social. 
Surgiu em contraposição ao “sistema” de capitalização proposto pelo Chanceler alemão 
Otto Von Bismarck, na Alemanha, no ano de 1883. Neste modelo, a proteção era exclusiva ao 
trabalhador, proporcionalmente contribuição do trabalhador para o sistema previdenciário. Em 
síntese, quem contribuía tinha proteção e quem não contribuía ficava sem qualquer proteção 
Estatal em matéria de seguridade social. Foi uma forma que o Chanceler Alemão encontrou para 
responder aos anseios da classe trabalhadora na fase final da revolução industrial e no começo 
da transição do Estado Liberal para o Estado Social. 
Importante aqui referir que não se trata de modelos necessariamente excludentes, mas 
que surgem em momentos distintos, tendo, então, respostas distintas, em razão das contingên-
cias das respectivas épocas. 
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Logo, afirmar que a seguridade social brasileira tem como modelo o sistema de re-
partição/universalização não significa excluir o sistema de capitalização, afinal, como será 
visto a seguir, a seguridade social brasileira divide-se em um tripé composto por: previ-
dência social, assistência social, e, saúde. A primeira exige contribuição, e as duas últimas 
não. 
 
*Para todos verem: esquema 
 
1.2 Previdência Social e Assistência Social 
Tendo em vista uma possível sobreposição de disciplinas (previdenciário e constitucional), 
nesta disciplina o enfoque será sobre a previdência social (de caráter contributivo) e a assistência 
social (de caráter não contributivo) 
Comecemos pela previdência social, disposta no artigo 201 da CF/1988: 
 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdên-
cia Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que pre-
servem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei. 
 
O caput do artigo 201 possui muitas informações importantes para a disciplina. A primeira, 
que a previdência social será organizada em forma de Regime Geral de Previdência Social, 
o que é representado pela sigla (RGPS). Esta menção é feita, pois os servidores públicos, em 
sua maioria, terão um Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). E, quando não houver 
regime próprio para garantia do servidor público, este será protegido pelo regime geral, o que se 
aplica aos cargos de confiança, de livre nomeação e exoneração, por exemplo. O grande obje-
tivo da Seguridade Social é não deixar o trabalhador desprotegido. 
A segunda informação importante trazida pelo caput do artigo 201 é que o Regime Geral 
de Previdência Social será de caráter contributivo. Isso significa dizer que quem contribui 
financeiramente para o sistema previdenciário estará protegido, e, quem não contribui não terá 
Seguridade 
Social 
Previdência 
Social
Assistência 
Social
Saúde
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proteção previdenciária, com exceção aos que se encontram no período de graça, que será visto 
adiante. 
A terceira informação colhida do caput é que a previdência social é de filiação obrigató-
ria. Isto quer dizer que qualquer pessoa que tenha uma fonte de renda decorrente de atividade 
laborativa, seja ela qual for, deverá obrigatoriamente contribuir para a previdência social. Não é 
uma faculdade/escolha. É uma obrigação, nos termos do artigo 5º, inciso II da CF/1988, que, ao 
prescrever o princípio da legalidade para particular, determina que “ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
Por fim, quando a CF/1988 menciona o equilíbrio financeiro e atuarial, isso significa que 
um dos objetivos da seguridade social brasileira é ser autossustentável, quando comparados as 
contribuições e os benefícios pagos pelo sistema. Nesse sentido, as reformas, como a realizada 
no ano de 2019, justificam-se na medida em que neste momento histórico se vivencia uma redu-
ção de natalidade, que é somada ao aumento da expectativa de sobrevida (período computado 
entre a aposentadoria e a data do óbito) em razão, entre outros, dos avanços tecnológicos vi-
venciados, como na saúde, por exemplo. 
Os incisos I à V do artigo 201 da CF/1988 trazem o que chamamos em direito previdenci-
ário de riscos sociais protegidos pela previdência social, tanto aos segurados quanto aos seus 
dependentes. Aos segurados, os riscos sociais protegidos são: a incapacidade temporária ou 
permanente para o trabalho, a idade avançada, à maternidade e a adoção, e, o desemprego 
involuntário. Aos dependentes, a morte do segurado, e, aos segurados que se enquadram como 
sendo de baixa renda, que terão acesso a benefícios específicos nesta condição. 
Previdência 
Social
Regime Geral 
(RGPS)
CaráterContributivo
Filiação 
Obrigatória
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Art. 201. 
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e 
idade avançada; 
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa 
renda; 
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e de-
pendentes, observado o disposto no § 2º. 
 
Far-se-á um parágrafo para falar sobre a previdência privada, a qual, ao contrário da 
previdência social, será de filiação facultativa (ou seja, é uma escolha da pessoa), terá um caráter 
contributivo complementar à previdência social, e será organizado de forma autônoma ao Re-
gime Geral de Previdência Social, sendo regulado por lei complementar, tal qual previsto no 
artigo 202 da CF/1988: 
 
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de 
forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, base-
ado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei 
complementar. 
 
Por seu turno, a assistência social tem previsão constitucional no artigo 203 da CF/1988: 
 
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente 
de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: 
 
 Na assistência social, é importante perceber que não se faz menção a qualquer regime. 
A garantia constitucional é que será prestada a quem dela necessitar, sem qualquer contribuição 
à seguridade social. Como anteriormente referido, protege, quando implementados os demais 
requisitos previstos em lei, as pessoas que, por quaisquer razões, não contribuem para a segu-
ridade social. 
Para o objeto de estudo de seguridade social, o único inciso a ser estudado na disciplina 
será o inciso V, o qual estabelece: 
 
Art. 203. (...) 
V - a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência 
e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-
la provida por sua família, conforme dispuser a lei. 
 
Isto significa que o benefício da assistência social, que será chamado de Benefício de 
Prestação Continuada (BPC), será devido a quem dele necessitar, independentemente de con-
tribuição, será no valor de um salário mínimo mensal, e será pago em duas hipóteses: quando 
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se tratar de pessoa com deficiência, nos termos do artigo 2º da Lei nº 13.146/2015, e, ao idoso 
com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, desde que, em ambas as condições, a pessoa com 
deficiência e o idoso não tenham condições de prover a própria manutenção, ou de tê-la provida 
por sua família. Mais adiante haverá um tópico específico sobre o benefício de prestação conti-
nuada (benefício da assistência social), no qual será detalhada do que se trata essa condição de 
impossibilidade de sustento próprio. 
 
*Para todos verem: esquema 
 
1.3 Princípios Constitucionais Previdenciários 
Vistos os conceitos constitucionais de seguridade social, previdência social, previdência 
complementar e assistência social, passa-se ao estudo dos princípios constitucionais previden-
ciários, previstos nos incisos I à VII do parágrafo único do artigo 194 da CF/1988: 
 
Art. 194. (...) 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento. 
 
Por universalidade da cobertura e do atendimento deve ser compreendida a cobertura 
de contingência sociais, em modalidades distintas, para os casos nos quais existe, ou não, con-
tribuição para a seguridade social. Lembrem-se de que a seguridade social é formada pelo tripé 
previdência social, assistência social e saúde. 
 
Art. 194. (...) 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
Assistência 
Social
Não contributivo
A quem dela 
necessitar
1 Salário 
Mínimo (BPC)
Idoso
 (65 anos ou 
mais)
Pessoa com 
Deficiência
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II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e ru-
rais. 
 
Por uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas 
e rurais, entenda-se aplicação por analogia ao que dispõe o artigo 7º da CF/1988 que confere 
tratamento uniforme a trabalhadores urbanos e rurais. Importante referir que tratamento uniforme 
não significa que os benefícios previdenciários serão necessariamente no mesmo valor para a 
população urbana e rural. Para os benefícios previdenciários, os valores terão como base de 
cálculo os valores efetivamente contribuídos. Logo, o valor do benefício dependerá de cada caso 
especificadamente. 
 
Art. 194. (...) 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços. 
 
A seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços são em al-
guma medida expressão do modelo democrático em que vivemos, por meio do qual o legislador, 
representante do povo, regulamentará quem terá direito a algum benefício ou serviço, quando 
isso ocorrerá, por quanto tempo isso ocorrerá e qual valor será pago. Para além disso, a distri-
butividade diz respeito também como garantia ao bem-estar e justiça social. 
 
Art. 194. (...) 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios. 
 
A irredutibilidade do valor dos benefícios significa que os benefícios previdenciários e 
assistencial não podem ter seu valor nominal reduzido. Na prática, o que ocorre é que os bene-
fícios são corrigidos por índices que via de regra são inferiores a inflação. Isso faticamente acar-
reta uma perda de valor real do benefício (poder de compra), mas não significa redução do valor 
nominal. 
Art. 194. (...) 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
V - equidade na forma de participação no custeio. 
 
A equidade na forma de participação do custeio deve ser entendida como contribuição 
conforme a capacidade contributiva. Como será visto adiante, o pequeno produtor rural contribui 
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com um percentual muito inferior ao empresário, por exemplo. Entretanto, a seguridade social 
protegerá a ambos, na proporção da contribuição de cada um deles. 
 
Art. 194. (...) 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
VI – diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis espe-
cíficas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdên-
cia e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social. 
 
Como anteriormente exposto, a seguridade social brasileira adota o modelo de reparti-
ção/universalização, alcançando proteção social à contribuintes e não contribuintes. Entretanto, 
para que isto seja possível, existem várias fontes pagadoras. Tanto é assim que o caput do artigo 
194 da CF/1988 aponta a seguridade social como resultado de um conjunto integrado de ações, 
de iniciativa pública e privada. Logo, há contribuição da iniciativa pública e privada para a segu-
ridade social. Isso faz com que a diversidade da base de financiamento seja um princípio 
constitucional da seguridade social. 
 
Art. 194. (...) 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público,nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripar-
tite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Go-
verno nos órgãos colegiados. 
 
O caráter democrático e descentralizado da administração guarda relação a existên-
cia de intermediação e discussão de toda a sociedade quando se trata de gestão de recursos, 
programas, planos, serviços e ações em matéria de previdência social, assistência social, e, 
saúde. Em outras palavras, os conselhos possuem composição paritária e são integrados por 
representantes do Governo, dos trabalhadores, dos empregadores, e, dos aposentados. 
 
2. Previdência Social 
2.1 Conceito 
A previdência social antes de qualquer outra coisa é um direito fundamental. Essa afirma-
ção decorre da positivação constitucional no caput do artigo 6º da CF/1988. Trata-se de um di-
reito fundamental em sentido tanto formal, por constar expressamente no texto constitucional, 
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quanto material, na medida em que contribui decisivamente para a concretização da dignidade 
da pessoa humana. Em verdade, a previdência social se revela fundamental em especial nos 
momentos nos quais o cidadão tem, de forma temporária ou permanente, sua força laboral afe-
tada, por quaisquer razões que se possa cogitar. 
Entretanto, a proteção do cidadão pela previdência social dependerá da observância do 
caráter contributivo que ela possui. Essa obrigatoriedade no recolhimento de contribuições im-
plica restrição no acesso à cobertura previdenciária. Dessa realidade se percebe a intenção do 
legislador em estabelecer uma relação de direitos e deveres do cidadão e da Administração Pú-
blica. É em razão desse vínculo estabelecido entre capacidade contributiva do cidadão e as 
prestações previdenciárias ofertadas que se materializa a expectativa jurídica legítima de prote-
ção social em momentos previstos na legislação. 
Distingue-se fundamentalmente da proteção social oferecida pela Assistência Social e da 
Saúde, as quais são caracterizadas pelas prestações não contributivas, que asseguram, com 
fundamento no princípio da universalidade da cobertura e do atendimento, direitos a quem delas 
necessitar, observados os requisitos legais de cada uma das espécies. 
Importante ainda mencionar que a previdência social é moldada na solidariedade, na 
medida em que é organizada de forma coletiva compulsória, com o objetivo de proteger os tra-
balhadores e seus dependentes, no período de tempo e no valor determinado em lei, contra 
ameaça ou efeitos decorrentes dos riscos sociais estabelecidos nos incisos I à V do artigo 201 
da CF/1988. 
Em termos conceituais, a previdência social pode ser classificada como um direito pres-
tacional, na medida em que gera o dever de atuação protetiva da Administração Pública, e é 
distribuída em benefícios e serviços, como aposentadorias, pensão por morte, salário-materni-
dade, salário-família, auxílio-reclusão, reabilitação profissional, entre outros. 
Isso posto, a previdência social pode ser entendida como técnica proteção que objetiva 
reduzir o máximo possível os efeitos nocivos dos riscos sociais previstos em lei e na CF/1988, 
estruturada a partir da forma econômica de um seguro obrigatório, financiado por toda a socie-
dade (trabalhadores, empresas e o Estado). 
 
2.2 Aplicação da Lei Previdenciária no Tempo 
A discussão sobre a aplicação da lei previdenciária no tempo surge em razão da sucessão 
de leis destinadas a disciplinar fenômenos sociais idênticos em momentos distintos. Alguns dou-
trinadores utilizam a expressão direito intertemporal, no qual deve ser definida, em razão da 
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alteração legislativa e do conflito de leis no tempo, qual é a norma aplicável a determinado fato 
ou relação jurídica. 
Pode-se afirmar que a questão da aplicação da lei previdenciária no tempo guarda estrita 
relação com o princípio constitucional da segurança jurídica, previsto no artigo 5º, inciso XXXVI 
da CF/1988, condicionando a solução do conflito de leis de modo que “a lei não prejudicará o 
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
Em matéria previdenciária, a existência do direito e as condições para sua concessão 
deverão ser determinadas conforme a lei vigente quando da reunião dos requisitos para 
sua concessão, e, não necessariamente, quanto da formalização do requerimento. Isto porque, 
a lei em vigor quando do requerimento pode ser menos favorável ao segurado, seja por alterar 
os pressupostos legais, ou ainda, que empregue metodologia de cálculo que implique em bene-
fício de menor valor se comparado com a lei anterior. 
Neste sentido já se manifestou reiteradas vezes o Supremo Tribunal Federal (STF): 
 
Em matéria previdenciária, a lei de regência é a vigente ao tempo em que reunidos os re-
quisitos para a concessão do benefício (princípio tempus regit actum). Precedentes. 
(STF, RE 577827 AgR/RJ, 2ª TURMA, Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJe-112 DIVULG 10-
06-2011 PUBLIC 13-06-2011) 
O Supremo Tribunal Federal tem orientação firmada no sentido de que, em matéria previ-
denciária, se aplica a lei vigente ao tempo da reunião dos requisitos para a conces-
são do benefício. Aplicação da máxima tempus regit actum. (STF, ARE 1172975 AgR/RJ, 
2ª TURMA, Rel. Min. EDSON FACHIN, DJe-191 DIVULG 02-09-2019 PUBLIC 03-09-
2019) 
 
Em outras palavras, a lei que disciplinará a relação jurídica é a lei vigente ao tempo em 
que foram preenchidos os requisitos legais para a concessão do benefício previdenciário, ou 
seja, a lei vigente no tempo em que o direito foi adquirido, pois, o tempus regit actum impede a 
retroação da lei nova mais restritiva de direito à proteção social. 
*Para todos verem: quadro 
 
 
2.3 Regime Geral de Previdência Social 
Regime geral de previdência social é o meio pelo qual se concretiza o direito fundamental 
à previdência social. Pode ser entendido como o conjunto de normas que disciplinam as relações 
Aplicação da Lei Previdenciária no Tempo
TEMPUS REGIT ACTUM
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jurídicas entre a instituição responsável pela concessão e manutenção das prestações previden-
ciárias e o grupo de pessoas protegidas, os beneficiários. 
Deve levar em consideração as condições particulares decorrentes de fatores econômi-
cos, sociais, políticos e ideológicos, os quais contribuem de forma decisiva na implementação e 
efetivação do regime geral de previdência social. Por exemplo, em países que adotam o sistema 
de repartição/universalização, a projeção populacional é fator determinante nas decisões a se-
rem tomadas, levando-se em consideração o número de contribuintes, o número de beneficiá-
rios, a expectativa de sobrevida, e, os índices de natalidade. 
A justificativa para que sejam levados em consideração tantos fatores decorre do compro-
misso estatal de estimar, avaliar e quantificar o montante de recursos financeiros frente a prote-
ção previdenciária devida. Tem-se então que em um regime geral de previdência social são re-
alizadas economias forçadas ao trabalhador, para além das outras fontes de receitas, de modo 
que a instituição responsável possa efetivar a redistribuição no tempo das rendas arrecadadas, 
de modo a permitir uma vida digna aos trabalhadores nos momentos de necessidade social. 
No Brasil, o regime geral de previdência social é regulamentado pela Lei 8.213/91, a lei 
de benefícios da previdência social (LBPS), sendo a responsável por sua gestão o Instituto Na-
cional do Seguro Social (INSS). Importante também mencionar o Decreto 3.048/99, o regula-
mento da previdência social, sendo esta a legislação que atualmente está em conformidade com 
a última grande reforma previdenciária, decorrente da Emenda Constitucional 103/19.Merece destaque aqui o campo de aplicação do regime geral de previdência social. Ele 
abrange não somente as pessoas que exercem atividade remunerada, mas pode abranger pes-
soas que não tem atividade remunerada que escolhem contribuir e ter proteção previdenciária. 
São os segurados facultativos, que serão estudados em um tópico específico adiante. 
Além destes o regime geral de previdência social abrange “ao agente público ocupante, 
exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, de 
outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público”, nos termos do artigo 
40, parágrafo 13º da CF/1988. 
O regime geral de previdência social destina-se ainda ao servidor público civil ocupante 
de cargo efetivo ou militar que não dispuser de Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), 
afinal, um dos objetivos da previdência social é proteger o trabalhador, mediante contribuição 
compulsória, quando acometido por algum dos riscos sociais previstos em lei. Por exemplo, o 
município de Canela, na região da Serra Gaúcha, não possui regime próprio de previdência. 
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Neste caso, os servidores públicos efetivos contribuem compulsoriamente e são protegidos pelo 
regime geral de previdência social. 
Por fim, o regime geral de previdência social é destinado ao servidor ou o militar que “ve-
nham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de 
Previdência Social”. Por exemplo, um médico que é servidor público em um hospital, e, conco-
mitantemente possui uma clínica particular. Da remuneração na clínica particular será devida 
contribuição previdenciária obrigatória ao regime geral de previdência social, havendo como con-
trapartida a proteção caso o médico seja acometido por algum risco social previsto em lei. 
Com isto, pode-se concluir que é inverídica a afirmação de que o regime geral de pre-
vidência social é destinado exclusivamente aos trabalhadores da iniciativa privada. Como 
visto nos parágrafos anteriores, em algumas hipóteses haverá proteção ao servidor público 
ou militar, a depender do caso. 
*Para todos verem: esquema 
 
2.4 Segurados do Regime Geral de Previdência Social 
Tratar de segurados do regime geral de previdência social significa falar sobre as 
pessoas que são protegidas pelo seguro social. Entre eles, sua grande maioria estará 
Alcance do RGPS
Iniciativa Privada
Com Atividade 
Remunerada
Sem Atividade 
Remunerada
Agente Público Cargo de Confiança
Servidor Público 
Efetivo ou Militar
Sem Regime 
Próprio de 
Previdência Social 
(RPPS)
Que exerça 
atividade 
concomitante do 
RGPS
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protegido em razão da contribuição obrigatória a que são submetidos, seja da iniciativa privada, 
ou ainda, nos casos específicos, da iniciativa pública. Além dos que contribuem de forma obri-
gatória, o legislador autorizou que pessoas que não têm fonte de renda decorrente de atividade 
laborativa que queiram participar do regime geral de previdência social o façam, por meio de 
contribuição, que será facultativa. 
Por uma questão metodológica, os segurados serão apresentados a partir do Decreto 
3048/99, o Regulamento da Previdência Social, uma vez que esta legislação, em matéria previ-
denciária, é a que está atualizada com a última grande reforma da previdência, a Emenda Cons-
titucional 103/19. 
O artigo 9º do Decreto 3048 traz em seus incisos os segurados obrigatórios (empregado, 
empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso, e, segurado especial), e, o 
segurado facultativo. Comecemos pelo segurado empregado: 
 
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: 
I - como empregado: 
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não even-
tual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; 
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, na forma prevista em le-
gislação específica, por prazo não superior a cento e oitenta dias, consecutivos ou não, 
prorrogável por até noventa dias, presta serviço para atender a necessidade transitória de 
substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço de 
outras empresas; 
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como em-
pregado no exterior, em sucursal ou agência de empresa constituída sob as leis brasileiras 
e que tenha sede e administração no País; 
d) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como 
empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante perten-
cente a empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no 
País e cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indi-
reta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidade de direito público 
interno; 
e) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de 
carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e 
repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro 
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou re-
partição consular; 
f) o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais internaci-
onais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo 
se amparado por regime próprio de previdência social; 
g) o brasileiro civil que presta serviços à União no exterior, em repartições governamentais 
brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de que tratam os arts. 56 
e 57 da Lei no 11.440, de 29 de dezembro de 2006, este desde que, em razão de proibição 
legal, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local; 
h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei 
no 11.788, de 25 de setembro de 2008; 
i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e 
fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre 
nomeação e exoneração; 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
16 
j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autar-
quias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja 
amparado por regime próprio de previdência social; 
l) o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas 
respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade 
temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Consti-
tuição Federal; 
m) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e 
fundações, ocupante de emprego público; 
n) (Revogada pelo Decreto nº 3.265, de 1999) 
o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a 
partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de 
Previdência Social, em conformidade com a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994; e 
p) aquele em exercício de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou municipal, desde 
que não seja vinculado a regime próprio de previdência social; 
q) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no 
Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; 
r) o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, na forma do art. 14-A da 
Lei no 5.889, de 8 de junho de 1973, para o exercício de atividades de natureza temporária 
por prazo não superior a dois meses dentro do período de um ano; 
s) aquele contratado como trabalhador intermitente para a prestaçãode serviços, com 
subordinação, de forma não contínua, com alternância de períodos de prestação de servi-
ços e de inatividade, em conformidade com o disposto no § 3º do art. 443 da Consolidação 
das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. 
 
Em que pese existirem muitas variações dentro da classificação do segurado empregado, 
o importante é que você guarde bem os quatro requisitos caracterizadores da relação de 
emprego: pessoalidade, habitualidade/não eventualidade, subordinação, e, remuneração. 
Além destas características, é importante que você lembre, em especial das alíneas “b” e 
“s”, ambas acrescidas pelo Decreto 10.410/2020, que tratam do contrato de trabalho temporário, 
e do trabalhador intermitente. Por serem novidades, têm probabilidade de serem cobrados em 
prova. 
Por fim, vale reforçar o cuidado com as alíneas "i, j, l, m" que tratam de servidores ligados 
à União, Estados, Distrito Federal e Municípios que possuem vínculo com o RGPS. 
Veja esquema na página a seguir... 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art37ix
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art37ix
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3265.htm#art4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8935.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art443%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art443%C2%A73
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
17 
*Para todos verem: esquema 
 
A segunda categoria de segurado trazida pela legislação é o empregado doméstico. 
 
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: 
(...) 
II - como empregado doméstico - aquele que presta serviço de forma contínua, subordi-
nada, onerosa e pessoal a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividade 
sem fins lucrativos, por mais de dois dias por semana. 
 
Faz-se esta ressalva, pois na hora da prova você precisará fazer esta distinção entre as 
duas categorias a partir do que o enunciado da questão trouxer. Por exemplo: um cozinheiro, a 
depender do caso, poderá ser empregado ou empregado doméstico. O cozinheiro que trabalha 
em um restaurante terá finalidade lucrativa. Logo, será empregado. Agora, se o cozinheiro tra-
balhar para uma família, sem que exista finalidade lucrativa com o trabalho do cozinheiro, ele 
será empregado doméstico, obviamente, se a prestação de serviço ocorrer por mais de dois dias 
na semana. 
Empregado
Pessoalidade
Habitualidade/
Não 
Eventualidade
Subordinação
Remuneração
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
18 
*Para todos verem: esquema 
A terceira categoria de segurado trazida pela legislação é o contribuinte individual. Nesta 
modalidade, estão os que têm atividade remunerada sem a existência da relação de emprego. 
Entre eles estão os profissionais liberais (advogados, engenheiros, médicos, contadores, etc), 
os empresários, em suas diversas modalidades, entre outros elencados no inciso “V” do artigo 
9º do Decreto 3048/99, a saber: 
 
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: 
(...) 
V - como contribuinte individual: 
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer 
título, em caráter permanente ou temporário, em área, contínua ou descontínua, superior 
a quatro módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a quatro módulos fiscais ou 
atividade pesqueira ou extrativista, com auxílio de empregados ou por intermédio de pre-
postos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 8o e 23 deste artigo; 
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo 
-, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com 
ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não 
contínua; 
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de con-
gregação ou de ordem religiosa; 
d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o 
Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por 
regime próprio de previdência social; 
e) desde que receba remuneração decorrente de trabalho na empresa: 
1. o empresário individual e o titular de empresa individual de responsabilidade limitada, 
urbana ou rural; 
2. o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anô-
nima; 
3. o sócio de sociedade em nome coletivo; e 
4. o sócio solidário, o sócio gerente, o sócio cotista e o administrador, quanto a este último, 
quando não for empregado em sociedade limitada, urbana ou rural; 
f) (Revogado pelo Decreto nº 10.410, de 2020). 
g) (Revogado pelo Decreto nº 10.410, de 2020). 
Empregado
Doméstico
Âmbito 
Residencial
Sem Finalidade 
Lucrativa
Mais de 2 dias 
na semana
Empregado
Doméstico
Pessoalidade
Habitualidade/
Não eventualidade
Subordinação
Remuneração
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Decreto/D10410.htm#art6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Decreto/D10410.htm#art6
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Direito Previdenciário 
 
19 
h) (Revogado pelo Decreto nº 10.410, de 2020). 
i) o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de 
qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer 
atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; 
j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais 
empresas, sem relação de emprego; 
l) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, 
com fins lucrativos ou não; 
m) o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista tem-
porário da Justiça do Trabalho, na forma dos incisos II do § 1º do art. 111 ou III do art. 
115 ou do parágrafo único do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado magistrado 
da Justiça Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do § 1º do art. 120 da Consti-
tuição Federal; 
n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à socie-
dade cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado; 
o) (Revogado pelo Decreto nº 7.054, de 2009) 
p) o Microempreendedor Individual - MEI de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei Com-
plementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte pelo recolhimento dos impostos 
e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais; 
q) o médico participante do Projeto Mais Médicos para o Brasil, instituído pela Lei nº 
12.871, de 22 de outubro de 2013, exceto na hipótese de cobertura securitária específica 
estabelecida por organismo internacional ou filiação a regime de seguridade social em seu 
país de origem, com o qual a República Federativa do Brasil mantenha acordo de 
seguridade social; 
r) o médico em curso de formação no âmbito do Programa Médicos pelo Brasil, instituído 
pela Lei nº 13.958, de 18 de dezembro de 2019. 
 
Em relação ao contribuinte individual, é preciso ter o cuidado de não confundir a alínea 
“b”, que tratará do garimpeiro, com o seringueiro. O seringueiro, como será visto adiante, se 
enquadra como segurado especial. 
Outro ponto de atenção está na alínea “c”, que trata do ministro de confissão religiosa. 
Nesta categoria entram o padre, o pastor, rabinos, pai de santo, entre outros. 
A quarta categoria de segurado trazida pela legislação é o trabalhador avulso. Estes tam-
bém podem prestar serviços a uma ou mais empresas, sem relação de emprego, com uma ob-
servação importantíssima: a atividade será intermediada obrigatoriamente por um órgão gestor 
de mão de obra ou sindicato de categoria. 
São trabalhadores avulsos: 
 
Art. 9º São segurados obrigatóriosda previdência social as seguintes pessoas físicas: 
(...) 
VI - como trabalhador avulso - aquele que: 
a) sindicalizado ou não, preste serviço de natureza urbana ou rural a diversas empresas, 
ou equiparados, sem vínculo empregatício, com intermediação obrigatória do órgão gestor 
de mão de obra, nos termos do disposto na Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013, ou do 
sindicato da categoria, assim considerados: 
1. o trabalhador que exerça atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e con-
serto de carga e vigilância de embarcação e bloco; 
2. o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e miné-
rio; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Decreto/D10410.htm#art6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art111%C2%A71ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art115piii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art115piii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art116p
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art119ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art120%C2%A71iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#art120%C2%A71iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7054.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12871.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12871.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13958.htm
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
20 
3. o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios); 
4. o amarrador de embarcação; 
5. o ensacador de café, cacau, sal e similares; 
6. o trabalhador na indústria de extração de sal; 
7. o carregador de bagagem em porto; 
8. o prático de barra em porto; 
9. o guindasteiro; e 
10. o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos; e 
b) exerça atividade de movimentação de mercadorias em geral, nos termos do disposto 
na Lei nº 12.023, de 27 de agosto de 2009, em áreas urbanas ou rurais, sem vínculo em-
pregatício, com intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de acordo 
ou convenção coletiva de trabalho, nas atividades de: 
1. cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embala-
gem, enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, re-
paração de carga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamento, trans-
porte com empilhadeiras, paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em fei-
ras livres e abastecimento de lenha em secadores e caldeiras; 
2. operação de equipamentos de carga e descarga; e 
3. pré-limpeza e limpeza em locais necessários às operações ou à sua continuidade. 
 
Observação: Quando a questão tratar do trabalhador avulso, aparecerá, inevitavelmente, 
a INTERMEDIAÇÃO POR ÓRGÃO GESTOR DE MÃO DE OBRA OU SINDICATO DE CATE-
GORIA! 
A quinta categoria de segurado trazida pela legislação é o segurado especial. 
 
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: 
(...) 
VII - como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado 
urbano ou rural próximo que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda 
que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: 
a) produtor, seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro 
outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 
1. agropecuária em área contínua ou não de até quatro módulos fiscais; ou 
2. de seringueiro ou extrativista vegetal na coleta e extração, de modo sustentável, de 
recursos naturais renováveis, e faça dessas atividades o principal meio de vida; 
b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou 
principal meio de vida; e 
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos de idade ou a este 
equiparado, do segurado de que tratam as alíneas “a” e “b” deste inciso, que, comprova-
damente, tenham participação ativa nas atividades rurais ou pesqueiras artesanais, res-
pectivamente, do grupo familiar. 
 
Nunca é demais lembrar: os segurados do RGPS serão sempre pessoa física. Logo, 
o segurado especial não será diferente. A primeira informação que o inciso VII nos traz é que o 
segurado deve ser residente em imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural. A segunda 
informação é que a atividade pode ser desenvolvida de forma individual ou em regime de eco-
nomia familiar. O parágrafo quinto explicita o que se trata este instituto: 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12023.htm
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
21 
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: 
(...) 
VII – (...) 
§ 5o Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos 
membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioe-
conômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colabo-
ração, sem a utilização de empregados permanentes. 
 
Assim, no regime de economia familiar, todos os membros do grupo trabalham em condi-
ção de mútua dependência e colaboração. Não há empregados permanentes. A existência de 
empregado permanente retira a condição de segurado especial. O que a legislação autoriza é o 
auxílio eventual de terceiros, previsto no parágrafo 6º: 
 
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: 
(...) 
VII – (...) 
§ 6º Entende-se como auxílio eventual de terceiros o que é exercido ocasionalmente, em 
condições de mútua colaboração, não existindo subordinação nem remuneração. 
 
O parágrafo 21 trará ainda a possibilidade do que vamos denominar de “safrista”, que é 
aquele que trabalha na proporção de 1x120 dias no ano civil. Trata-se de uma fórmula matemá-
tica. Um safrista por cento e vinte dias, dois safristas por sessenta dias, podendo chegar a 120 
safristas em um dia no ano. Neste sentido: 
 
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: 
(...) 
VII – (...) 
§ 21. O grupo familiar poderá utilizar-se de empregado contratado por prazo determinado, 
inclusive daquele referido na alínea “r” do inciso I do caput, ou de trabalhador de que trata 
a alínea “j” do inciso V do caput, à razão de, no máximo, cento e vinte pessoas por dia no 
mesmo ano civil, em períodos corridos ou intercalados, ou, ainda, por tempo equivalente 
em horas de trabalho, à razão de oito horas por dia e quarenta e quatro horas por semana, 
hipóteses em que períodos de afastamento em decorrência de percepção de auxílio por 
incapacidade temporária não serão computados. 
 
 
A atividade do segurado especial admite várias formas de formalização. Poderá ser reali-
zada em área própria, em área de usufruto, em área onde se tenha a posse, onde seja assen-
tado, com contrato de parceria, contrato de comodato, ou ainda, com arrendamento rural. Pode 
ser atividade relacionada a agricultura, pecuária, extrativismo vegetal (seringueiro) ou pescador 
artesanal. 
Em se tratando de atividade agropecuária, a legislação limita o segurado especial em área 
de até quatro módulos fiscais. Não confundir módulo fiscal com hectare. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
22 
Atenção: módulo fiscal é uma unidade de medida do INCRA que leva em consideração 
fatores como localização da área, população economicamente ativa, produtividade do solo, dis-
tância de grandes centros e portos etc. Por exemplo: em Santa Cruz do Sul (RS), um módulo 
fiscal corresponde a 20 hectares. Já em São Paulo (SP), um módulo fiscal corresponde a 5 hec-tares. Pode acontecer de um módulo fiscal ser em algum caso igual a um hectare, mas esta não 
é uma regra. 
Por sua vez, o seringueiro ou extrativista vegetal não tem limites quanto a área explorada. 
Entretanto, a legislação determina que essas atividades sejam o principal meio de vida. 
O pescador artesanal ou assemelhado também encontra na legislação requisitos especí-
ficos para enquadramento nesta condição. Precisa ser profissão habitual ou principal meio de 
vida, e, além disso, o parágrafo 14 do inciso VII estabelece que o pescador artesanal é aquele 
que não utiliza embarcação, ou, que utilize embarcação de pequeno porte, que são as que pos-
suem arqueação bruta igual ou menor que 20. Neste sentido: 
 
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: 
(...) 
VII – (...) 
§ 14. Considera-se pescador artesanal aquele que, individualmente ou em regime de eco-
nomia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que: 
I - não utilize embarcação; ou 
II - utilize embarcação de pequeno porte, nos termos da Lei nº 11.959, de 29 de junho de 
2009. 
 
Importante frisar que o assemelhado ao pescador artesanal está previsto no parágrafo 14-
A do inciso VII, sendo aquele que “realiza atividade de apoio à pesca artesanal, exercendo tra-
balhos de confecção e de reparos de artes e petrechos de pesca e de reparos em embarcações 
de pequeno porte ou atuando no processamento do produto da pesca artesanal.” 
Ainda em relação ao segurado especial, a alínea “c” do inciso VII enquadra como segu-
rado especial o cônjuge ou companheiro(a) e o filho maior de dezesseis anos ou equiparado que 
comprovem participação ativa na atividade agropecuária, de seringa, de extrativismo vegetal ou 
de pesca artesanal. 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
23 
*Para todos verem: esquemas 
 
 
Finalizando o tema dos segurados, é preciso estudar o segurado facultativo. O segurado 
facultativo é a pessoa física, maior de 16 anos, que não tem fonte de renda de atividade labora-
tiva, ou seja, não trabalha na iniciativa pública ou privada. Se trabalhasse na iniciativa privada 
seria segurado obrigatório do RGPS, e, se trabalhasse no serviço público seria segurado obriga-
tório do RPPS. Mesmo que não tenha fonte de renda de atividade laborativa, faz a opção em 
contribuir para a previdência social para fins de proteção em caso de risco social protegido por 
lei. 
O segurado facultativo está no artigo 11 do Decreto 3048/99: 
 
Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Re-
gime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que 
não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório 
da previdência social. 
 
Vale o destaque que, como regra geral, quem é servidor público (segurado obrigatório do 
RPPS) não pode ser segurado facultativo do RGPS. Neste sentido é o parágrafo 2º do artigo 11, 
prescrevendo que “É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social, na qualidade de 
segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência social, salvo na 
hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribui-
ção ao respectivo regime próprio.” 
Por sua vez, o parágrafo 1º do artigo 11 traz uma relação exemplificativa de quem pode 
ser segurado facultativo, do qual destacaremos a pessoa que se dedique exclusivamente ao 
Segurado 
Especial
Agricultura
Pecuária
Seringueiro
Extrativista 
Vegetal
Pescador 
Artesanal
Regime de Economia 
Familiar
Sem Empregados 
Permanentes
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
24 
trabalho doméstico no âmbito de sua residência, o síndico de condomínio não remunerado, o 
estudante, e o presidiário que não exerça atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer 
regime de previdência social. Neste sentido: 
 
§ 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros: 
I - aquele que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua resi-
dência; 
II - o síndico de condomínio, quando não remunerado; 
III - o estudante; 
IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior; 
V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social; 
VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho 
de 1990, quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; 
VII - o estagiário que preste serviços a empresa nos termos do disposto na Lei nº 11.788, 
de 2008; 
VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, 
pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja 
vinculado a qualquer regime de previdência social; 
IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer 
regime de previdência social; 
X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior 
XI - o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semi-aberto, que, nesta condi-
ção, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou 
sem intermediação da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade 
artesanal por conta própria. 
XII - o atleta beneficiário da Bolsa-Atleta não filiado a regime próprio de previdência social 
ou não enquadrado em uma das hipóteses previstas no art. 9º. 
 
Ainda em relação ao segurado facultativo, o parágrafo 5º autoriza que o segurado obriga-
tório que estiver afastado de sua atividade laborativa que o enquadra como segurado obrigatório, 
poderá contribuir na modalidade facultativa, condicionando esta possibilidade ao não recebi-
mento de remuneração ou exercício de outra atividade que o vincule ao regime geral ou próprio 
de previdência social. 
Veja o esquema na página a seguir... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm#art132
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm#art132
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11788.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11788.htm
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Direito Previdenciário 
 
25 
Revisando: SEGURADOS DO RGPS 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.5 Manutenção e Perda da Qualidade de Segurado 
Como visto anteriormente a previdência social é de caráter contributivo. Logo, é segu-
rado e mantém esta condição quem contribui para a previdência social. 
Entretanto, o fato de deixar de contribuir para a previdência social não necessariamente 
implica perda da qualidade de segurado. O legislador previu o que se chama em direito previ-
denciário de período de graça. Neste período, cujos prazos estão determinados em lei, o segu-
rado mantém a condição de segurado independentemente de contribuir para a previdência so-
cial. 
Isso significa que neste período o segurado mantém a qualidade mesmo sem contribuir 
(período de graça). Em outras palavras, ele está protegido pela previdência social caso seja 
acometido por algum dos riscos sociais previstos em lei. Neste sentido é o disposto no parágrafo 
terceiro do artigo 13: “Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus 
direitos perante a previdência social.” 
O período de graça está previsto no artigo 13 do Decreto 3048/99: 
 
Art. 13. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: 
I - sem limite de prazo, o segurado que estiver em gozo de benefício, exceto na hipótese 
de auxílio-acidente; 
C
A
D
E
S
F
Contribuinte 
Individual
Trabalhador Avulso
Empregado 
Doméstico
Empregado
Segurado Especial
Facultativo
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
26 
II - até doze meses após a cessação de benefício por incapacidade ou das contribuições, 
observado o disposto nos § 7º e § 8º e noart. 19-E 
III - até doze meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de se-
gregação compulsória; 
IV - até doze meses após o livramento, o segurado detido ou recluso; 
V - até três meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para 
prestar serviço militar; e 
VI - até seis meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. 
 
O inciso primeiro estabelece que mantém a qualidade de segurado quem está recebendo 
benefício previdenciário. Só não manterá a qualidade de segurado, independentemente de con-
tribuições quem estiver recebendo o auxílio acidente. E, isto tem sua razão de ser: o auxílio-
acidente, como será abordado adiante, é um benefício previdenciário que possui caráter indeni-
zatório e é recebido de forma cumulativa ao salário. A pessoa retorna ao trabalho com perda ou 
redução da capacidade laborativa e recebe uma indenização em razão desta condição, que será 
o auxílio-acidente. 
Os incisos II, III e IV estabelecem a manutenção da condição de segurado, até doze me-
ses para o segurado que tiver cessado o benefício por incapacidade (temporária ou permanente), 
para o segurado que por quaisquer razões deixar de contribuir para a previdência social, para o 
segurado que tiver a segregação compulsória em razão de doença cessada, e, para o segurado 
detido ou recluso, após o livramento. 
Para o segurado que preste serviço militar, o período de graça será de até três meses 
após o licenciamento, e, para o segurado facultativo, seis meses após a cessação das contribui-
ções. 
Os parágrafos do artigo 13 possuem algumas informações importantes e que podem ser 
cobradas em prova. 
O parágrafo primeiro prevê um adicional de 24 meses de manutenção da qualidade de 
segurado (período de graça) para o segurado que tiver cessado o benefício por incapacidade ou 
que deixe de contribuir para a previdência social, desde que ele possua mais de 120 contribui-
ções sem perder a qualidade de segurado. Não precisa que as 120 contribuições sejam ininter-
ruptas. Elas precisam tão somente que sejam realizadas sem interrupção que acarrete a perda 
da qualidade de segurado. Neste sentido: 
 
Art. 13. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: 
II - até doze meses após a cessação de benefício por incapacidade ou das contribuições, 
observado o disposto nos § 7º e § 8º e no art. 19-E. 
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até vinte e quatro meses, se o segurado já 
tiver pago mais de cento e vinte contribuições mensais sem interrupção que acarrete a 
perda da qualidade de segurado. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
27 
O parágrafo segundo também prevê um adicional de 24 meses de manutenção da quali-
dade de segurado (período de graça) para o segurado que tiver cessado o benefício por incapa-
cidade ou que deixe de contribuir para a previdência social, mas com outra condição. O prazo 
de até 12 meses passará para 24 meses se o segurado comprovar a condição de desemprego 
involuntário. A legislação prevê que essa comprovação se fará por registro em órgão próprio do 
Ministério do Trabalho e Emprego. Neste sentido: 
 
Art. 13. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: 
II - até doze meses após a cessação de benefício por incapacidade ou das contribuições, 
observado o disposto nos § 7º e § 8º e no art. 19-E. 
§ 2º O prazo do inciso II ou do § 1º será acrescido de doze meses para o segurado de-
sempregado, desde que comprovada essa situação por registro no órgão próprio do Mi-
nistério do Trabalho e Emprego. 
 
A jurisprudência entende que esta comprovação pode ser feita com outros meios de prova, 
como cadastro no SINE (Sistema Nacional de Emprego), cadastros em agencias de recruta-
mento e seleção de pessoas, entre outros. 
Ainda da leitura do parágrafo segundo extrai-se que o segurado que possui mais de cento 
e vinte contribuições sem a perda da qualidade de segurado (período de graça de 24 meses) 
pode ter o acréscimo de mais 12 meses, caso comprove o desemprego involuntário por meio de 
registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Emprego. Neste caso, o período de graça 
pode chegar a 36 meses. 
Por fim, o parágrafo oitavo faz menção ao segurado que teve a contribuição abaixo do 
limite mínimo legal. Nestes casos, como a contribuição abaixo do limite mínimo não conta como 
tempo de contribuição, deverá o segurado realizar a complementação, o agrupamento, ou ainda, 
os valores maiores ao limite mínimo dentro do mesmo ano para que mantenha a qualidade de 
segurado. 
Art. 13. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: 
§ 8º O segurado que receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário de 
contribuição somente manterá a qualidade de segurado se efetuar os ajustes de comple-
mentação, utilização e agrupamento a que se referem o § 1º do art. 19-E e o § 27-A do 
art. 216. 
 
Relembrando: período de graça. Manutenção da qualidade de segurado mesmo sem 
contribuição. 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
28 
*Para todos verem: tabela 
 
Regra geral Exceção 1 Exceção 2 Exceção 3 
 
12 meses 
24 meses 
(+ de 120 contribuições 
sem a perda da qualidade 
de segurado) 
24 meses 
(- de 120 contribuições + 
prova desemprego invo-
luntário) 
36 meses 
(+ de 120 contribuições + 
prova desemprego invo-
luntário) 
 
2.6 Dependentes do Segurado 
Os benefícios previdenciários têm a função de substituir a renda do trabalhador no mo-
mento em que ele estiver acometido por um risco social. Entretanto, em alguns riscos sociais, 
os protegidos são os dependentes do segurado, mais especificadamente quando houver morte 
ou reclusão do segurado. 
Os dependentes estão elencados no artigo 16 do Decreto 3048/99, sendo divididos em 
três classes. Neste sentido: 
 
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de de-
pendentes do segurado: 
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer con-
dição, menor de vinte e um anos de idade ou inválido ou que tenha deficiência intelec-
tual, mental ou grave; 
II - os pais; ou 
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos de idade 
ou inválido ou que tenha deficiência intelectual, mental ou grave. 
 
A primeira classe é composta por cônjuge, companheiro(a), filho não emancipado, de 
qualquer condição, menor de vinte e um anos, ou filho inválido, ou com deficiência intelectual, 
mental ou grave, enquanto permanecer nesta condição. Cuidado para não confundir a relação 
de dependência com a praxe no direito de família, que em muitos casos reconhece um filho como 
dependente até os 24 anos, ou, enquanto cursa o ensino superior. Para o direito previdenciá-
rio, filho é dependente tão somente até completar 21 anos. 
O parágrafo sétimo garante ao dependente de primeira classe a permanência nesta con-
dição sem a necessidade de comprovar dependência econômica. Em outras palavras, para o 
dependente de primeira classe a dependência econômica é presumida. A primeira exceção 
fica por conta do enteado e do menor tutelado, que são equiparados a filho, mas precisam com-
provar dependência econômica, conforme previsão do parágrafo terceiro do artigo 16. A segunda 
exceção fica por conta do(a) ex-cônjuge/companheiro(a), que serão considerados dependentes 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
29 
desde que exista dependência econômica, o que será provado por meio do pagamento de pen-
são alimentícia, conforme previsto nos incisos I e II do artigo 17 do Decreto 3048/99. 
Antes de tratar da segunda e terceira classe, algumas observações são importantes. O 
parágrafo primeiro garante que os dependentes “de uma mesma classe concorrem em igualdade 
de condições.” Isso significa, por exemplo, que havendo cônjuge e três filhos, o benefício será 
dividido em quatro partes iguais.Outra observação importante está no parágrafo segundo do artigo 16, ao afirmar que a 
“existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações 
os das classes seguintes.” Isto significa que havendo dependente de primeira classe, os depen-
dentes de segunda e terceira classe, se existirem, não terão direito ao benefício. 
Com relação a união estável, a comprovação está condicionada ao disposto no parágrafo 
6-A do artigo 16, ao prescrever que “As provas de união estável e de dependência econômica 
exigem início de prova material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior 
aos vinte e quatro meses anteriores à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, 
não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior 
ou caso fortuito, observado o disposto no § 2º do art. 143.” 
Importante também referir que o parágrafo nono do artigo 16 prevê a possibilidade de 
exclusão da condição de dependente para os casos em que o dependente “tiver sido condenado 
criminalmente por sentença transitada em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio 
doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os 
absolutamente incapazes e os inimputáveis.” 
Isto posto, os dependentes de segunda classe são os pais. A partir do que foi visto, os 
pais, para terem reconhecida a condição de dependente previdenciário, dependerá da inexistên-
cia de dependente de primeira classe. Além disso, os pais precisam provar a dependência eco-
nômica em relação ao filho. Em relação a dependência econômica, a prova deve observar o 
previsto no parágrafo 6-A, no sentido de ser necessário “início de prova material contemporânea 
dos fatos, produzido em período não superior aos vinte e quatro meses anteriores à data do óbito 
ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, 
exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, observado o disposto no § 2º do 
art. 143.” 
Ao seu turno, o dependente de terceira classe é o irmão não emancipado, de qualquer 
condição, menor de vinte um anos de idade ou inválido ou que tenha deficiência intelectual, 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
30 
mental ou grave. Para que o irmão ostente a condição de dependente, dependerá da inexistência 
de dependente de primeira e segunda classe. Assim como os dependentes de segunda classe, 
precisam provar a dependência econômica em relação ao irmão. Deverá também observar o 
previsto no parágrafo 6-A, no sentido de ser necessário “início de prova material contemporânea 
dos fatos, produzido em período não superior aos vinte e quatro meses anteriores à data do óbito 
ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, 
exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, observado o disposto no § 2º do 
art. 143.” 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
2.7. Salário de Contribuição e Salário de Benefício 
Sendo a previdência social de caráter contributivo e integrante de um sistema de seguri-
dade social pautado na solidariedade, com equidade na participação do custeio, é um impera-
tivo que o segurado, para ter direito a proteção social, contribua para o sistema. Por essa 
Dependentes do Segurado
1ª Classe
Cônjuge/Companheiro(a), 
Filho menor 21 anos, ou 
inválido, ou com deficiência 
intelectual, mental ou grave.
Dependencia econômica 
presumida
2ª Classe
Pais
Prova Dependencia 
Econômica
3ª Classe
Irmão menor 21 anos, ou 
inválido, ou com deficiência 
intelectual, mental ou grave.
Prova Dependencia 
Econômica
Dependentes concorrem em 
igualdade de condições
Dependente de uma classe 
anterior exclui o direito das 
classes seguintes
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
31 
razão, neste ponto, serão estudadas as alíquotas e formas de contribuição dos segurados do 
regime geral de previdência social. 
Antes de abordar as contribuições, é importante mencionar que os segurados do Regime 
de Previdência Social têm a contribuição, e, consequentemente, os benefícios, limitados 
a um teto máximo, que será indicado por portaria do Ministério do Trabalho e Previdência 
nos primeiros dias de cada ano. Em 2023, o teto de contribuição e de benefícios foi fixado em 
R$ 7.507,49 (sete quinhentos e sete reais e quarenta e nove centavos). Assim, se uma pessoa 
recebe, a título exemplificativo, R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a contribuição dela para o Regime 
Geral de Previdência Social incidirá somente sobre R$ 7.507,49 (sete quinhentos e sete reais e 
quarenta e nove centavos). R$ 7.507,50 (sete quinhentos e sete reais e cinquenta centavos) e 
R$ 20.000,00 (vinte mil reais) não haverá contribuição previdenciária do trabalhador para o Re-
gime Geral de Previdência Social. 
Em relação a valor mínimo de contribuição, a Emenda Constitucional 103/19 fez uma 
adaptação das contribuições previdenciárias, muito em razão do que se chama no direito de 
trabalho de “uberização” das relações de trabalho, bem como da regulamentação de novas for-
mas de trabalho pela Reforma Trabalhista de 2017, que criou, entre outros, o trabalho intermi-
tente, modelo no qual o trabalhador pode, a depender do caso concreto, receber valores inferio-
res ao salário-mínimo. Assim, o artigo 145, § 14º da Constituição Federal estabeleceu que, para 
fins previdenciários, só será computado como tempo de contribuição que for igual ou superior à 
contribuição mínima mensal exigida para a categoria, que, com exceção do segurado especial, 
será de um salário-mínimo mensal. Neste sentido: 
 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indi-
reta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
(...) 
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao Regime Geral 
de Previdência Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição 
mínima mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de contribuições. 
 
A parte final do § 14º contempla a solução para quem, porventura, contribua com valor 
abaixo do salário-mínimo. É possível que o segurado opte pela complementação, pelo agrupa-
mento, ou ainda, pela utilização de valores superiores ao mínimo exigido em outras competên-
cias do mesmo ano, o que foi regulamentado de forma infraconstitucional no § 27-A do artigo 
216, do Decreto 3048/99: 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
32 
Art. 216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias de-
vidas à seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do 
Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguintes normas gerais: 
(...) 
§ 27-A. O segurado que, no somatório de remunerações auferidas no período de um mês, 
receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição poderá 
solicitar o ajuste das competências pertencentes ao mesmo ano civil, na forma por ele 
indicada, ou autorizar que os ajustes sejam feitos automaticamente, para que o limite mí-
nimo mensal do salário de contribuição seja alcançado, por meio da opção por: 
 
O inciso I do § 27-A trata da possibilidade de complementação da contribuição. Isso sig-
nifica que o segurado, por iniciativa própria, contribui para a Previdência Social com o valor que 
falta entre o que foi recebido no mês e valor da contribuição mínima. 
Por exemplo, um empregado intermitente teve seu salário de contribuição de R$ 800,00 
(oitocentos reais). Sobre este valor, já houve contribuição. Entretanto, como o salário-mínimo a 
partir de maio de 2023 é de R$ 1.320,00 (mil trezentos e vinte reais), o trabalhador deverá com-
plementar a contribuição sobre o valor de R$ 520,00 (quinhentose vinte reais), que é a diferença 
entre o que ele recebeu, e, a contribuição mínima exigida. Neste sentido: 
 
Art. 216. 
(...) 
§ 27-A. 
I - complementar a sua contribuição, observado que: 
a) o recolhimento da complementação deverá ser efetuado pelo próprio segurado até o 
dia quinze do mês seguinte ao da competência de referência e, após essa data, com inci-
dência dos acréscimos legais de que tratam os art. 238 e art. 239; 
b) para o empregado, o empregado doméstico e o trabalhador avulso, a complementação 
será efetuada por meio da aplicação da alíquota de sete inteiros e cinco décimos por cento, 
inclusive para o mês em que exista contribuição concomitante na condição de contribuinte 
individual; e 
c) para o contribuinte individual que preste serviço a empresa, de que trata o § 26, e que 
contribua exclusivamente nessa condição, a complementação será efetuada por meio da 
aplicação da alíquota de vinte por cento. 
 
O inciso II do § 27-A trata da possibilidade de utilização de valor excedente ao limite mí-
nimo de outra competência. Em outras palavras o segurado utiliza o valor da contribuição acima 
do limite mínimo em um mês para aproveitamento em um mês onde a contribuição seja inferior 
ao limite mínimo legal, realizando uma espécie de compensação. 
Sigamos com o exemplo do empregado intermitente. No mês “x/2023”, o salário de con-
tribuição foi R$ 1.820,00 (mil oitocentos e vinte reais). No mês “y/2023”, o salário de contribuição 
foi R$ 820,00 (oitocentos e vinte reais). Para que a contribuição no mês “y/2023” seja conside-
rada como tempo de contribuição, ele utiliza o valor superior ao mínimo legal do mês “x/2023”, 
ficando as contribuições da seguinte forma: “x/2023” R$ 1.320,00, e, “y/2023” R$ 1.320,00. Em 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
33 
outras palavras, ele desloca os R$ 500,00 que excederam o limite mínimo no mês “x/2023” para 
o mês “y/2023”. Neste sentido: 
 
Art. 216. 
§ 27-A. 
II - utilizar o valor da contribuição que exceder o limite mínimo de uma competência em 
outra, observado que: 
a) para efeito de utilização da contribuição, serão considerados os salários de contribuição 
apurados por categoria, consolidados na competência de origem; 
b) o salário de contribuição poderá ser utilizado para complementar uma ou mais compe-
tências com valor inferior ao limite mínimo, mesmo que em categoria distinta; (Incluída 
pelo Decreto nº 10.410, de 2020) 
c) poderão ser utilizados valores excedentes ao limite mínimo do salário de contribuição 
de mais de uma competência para compor o salário de contribuição de apenas uma com-
petência; e 
d) utilizado o valor excedente, caso o salário de contribuição da competência favorecida 
ainda permaneça inferior ao limite mínimo, esse valor poderá ser complementado nos ter-
mos do disposto no inciso I; ou 
 
Por fim, o inciso III do § 27-A trata da possibilidade de agrupar valores inferiores ao limite 
mínimo legal. Isto significa que o segurado somará uma ou mais contribuições inferiores ao limite 
mínimo legal, de forma a conseguir que ao menos em uma competência/mês tenha considerada 
a contribuição como tempo de contribuição. 
Sigamos com o exemplo do empregado intermitente. No mês “x/2023” o salário de contri-
buição foi R$ 620,00 (seiscentos e vinte reais). No mês “y/2023”, o salário de contribuição foi R$ 
700,00 (setecentos reais). Tanto no mês “x/2023” quanto no mês “y/2023”, as contribuições não 
são contadas como tempo de contribuição, conforme previsão do art. 195, § 14º da CF/1988. A 
partir disso, o segurado faz o agrupamento, deixando as contribuições da seguinte forma: no 
mês “x/2023” R$ 1.320,00, e, mês “y/2023” R$ 00,00. No mês “x/2023”, ele tem o cômputo do 
tempo de contribuição, e, no mês “y/2023” ele permanece sem o computo do tempo de contri-
buição, o que poderá ser posteriormente regularizado, caso o trabalhador assim deseje. Neste 
sentido: 
Art. 216. 
§ 27-A. 
III - agrupar contribuições inferiores ao limite mínimo de diferentes competências, para 
aproveitamento em contribuições mínimas mensais, observado que: 
a) as competências que não atingirem o valor mínimo do salário de contribuição poderão 
ser agrupadas desde que o resultado do agrupamento não ultrapasse o valor mínimo do 
salário de contribuição; 
b) na hipótese de o resultado do agrupamento ser inferior ao limite mínimo do salário de 
contribuição, o segurado poderá complementar na forma prevista no inciso I ou utilizar 
valores excedentes na forma prevista no inciso II; e 
c) as competências em que tenha havido exercício de atividade e tenham sido zeradas em 
decorrência do agrupamento poderão ser objeto de recolhimento pelo segurado, respei-
tado o limite mínimo. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Decreto/D10410.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Decreto/D10410.htm#art1
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
34 
Feitas estas considerações preliminares, passemos para as contribuições dos segurados. 
Os segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso contribuem da mesma 
forma, conforme disposto no artigo 198 do Decreto 3048/99. A contribuição ocorre de forma 
progressiva. Quanto maior o valor, maior o percentual de contribuição. Para isto, foram criadas 
pelo legislador faixas incidentes sobre o salário de contribuição. As faixas são alteradas anual-
mente, juntamente com o salário-mínimo, por meio de portaria do Ministério do Trabalho e Pre-
vidência. Depois será feito um exemplo, mas é importante que fique claro desde já que o per-
centual incidirá sobre a faixa de salário de contribuição, sendo os percentuais de 7,5%, 9,0%, 
12,0% e 14%. Neste sentido: 
 
Art. 198. A contribuição do segurado empregado, inclusive o doméstico, e do trabalhador 
avulso é calculada por meio da aplicação da alíquota correspondente, de forma progres-
siva, sobre o seu salário de contribuição mensal, observado o disposto no art. 214, de 
acordo com a seguinte tabela, com vigência a partir de 1º de março de 2020. 
 
 
*Para todos verem: quadro 
 
Por exemplo: uma pessoa é contratada por uma empresa e recebe salário de contribuição 
fixo de R$ 3.000,00 (três mil reais) por mês. Neste caso, tendo em visto o valor do salário de 
contribuição, o cálculo da contribuição incidirá nas faixas de 7,5%, 9,0%, e, 12%. Esta conclusão 
se chega a partir da tabela que faz parte do artigo 198 do Decreto 3048/99. 
A contribuição da pessoa do exemplo, na faixa de 7,5%, será até um salário-mínimo (em 
2023 = R$ 1.320,00). Logo, 7,5% de R$ 1.320,00 totaliza R$ 99,00. 
*Para todos verem: esquema 
 
 
Salário de Contribuição (R$) Alíquota para Fins de Recolhimento ao INSS 
Até R$ 1.320,00 7,5% 
de 1.320,01 até 2.571,29 9% 
de 2.571,30 até 3.856,94 12% 
de 3.856,95 até 7.507,49 14% 
Até R$ 
1.320,00
7,5%
R$ 
99,00
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Previdenciário 
 
35 
Na faixa de 9,0%, a contribuição será calculada sobre o salário de contribuição entre R$ 
1.320,01 à 2.571,29. Diminuindo esses valores, tem-se R$ 1.251,28. Este valor deverá ser mul-
tiplicado por 9,0%. Assim, a contribuição nesta faixa de salário de contribuição será de R$112,61. 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
Na faixa de 12%, a contribuição será calculada sobre o salário de contribuição entre R$ 
2.571,30 à R$ 3.000,00, que é o salário de contribuição da pessoa do exemplo. Diminuindo esses 
valores, tem-se R$ 428,70, que será o valor a ser multiplicado por 12,0%. Assim, a contribuição 
nesta faixa de salário de contribuição será de R$ 51,44. 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
Assim, a contribuição será o resultado da soma dos valores apurados em cada uma das 
faixas de percentuais sobre o salário de contribuição, totalizando, neste exemplo, em R$ 263,05. 
 
R$ 
1.251,28
9,0%
R$ 
112,61
R$ 
3.000,00
R$ 
2.571,30
R$ 
428,70
R$ 
428,70
12,0% R$ 51,44
R$ 
2.571,29
R$

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