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Sinais e Sintomas: EDEMA
1. EDEMAS CAVITÁRIOS
● Tórax - Hidrotórax
● Peritônio - Hidroperitônio/Ascite
● Articulações - Hidrartrose
● Pericárdio - Hidropericárdio
● Testículos - Hidrocele
● Cérebro - Hidrocefalia
2. CLASSIFICAÇÃO
2.1 - GERAL
a) EDEMA INFLAMATÓRIO – extravasamento de
líquidos, proteínas e células sanguíneas para o
interstício ou para as cavidades corporais em
consequência de uma alteração da
permeabilidade vascular normal dos pequenos
vasos sanguíneos na região da agressão. É
geralmente localizado, quente e doloroso. Ex:
flebites.
b) EDEMA NÃO INFLAMATÓRIO - causado por
alterações em forças hemodinâmicas através da
parede capilar. O líquido deste edema é pobre em
proteínas e outros colóides. Ex. desnutrição
proteica, distúrbio cardiovascular, hepático, renal.
2.2 - COMPOSIÇÃO
a) EXSUDATO – líquido turvo, rico em proteínas e
com densidade específica maior que 1.020 g/ml.
Indica processo inflamatório no qual há liberação
de mediadores químicos que aumentam a
permeabilidade vascular.
b) TRANSUDATO – líquido claro e seroso, com
baixo conteúdo de proteínas e com gravidade
específica menor que 1020 g/ml. Indica que a
permeabilidade vascular continua preservada,
permitindo a passagem de água, mas não a de
macromoléculas de proteínas.
2.3 LOCALIZAÇÃO:
a) EDEMA LOCALIZADO/REGIONAL/SEGMENTAR –
restringe-se a um segmento do corpo (MMSS,
MMII ou outra área corporal). Às vezes é
manifestação inicial de um edema generalizado.
Causas: varizes, flebites, trombose venosa,
processos inflamatórios, afecções dos linfáticos,
postura, alergias, gravidez, etc.
b) EDEMA GENERALIZADO / ANASARCA –
caracteriza-se pelo aumento de líquido em várias
cavidades do corpo. Causas: doenças renais
(glomerulonefrites, pielonefrites, etc), insuficiência
cardíaca congestiva, cirrose hepática, desnutrição
proteica, alergias, toxemia gravídica (eclâmpsia).
2.4 TIPO CLÍNICO
a) EDEMA RENAL – Associado a nefropatias. É um
edema generalizado, predominantemente facial,
acumulando-se de modo particular nas regiões
subpalpebrais. Mais evidente no período matutino.
É mole, inelástico, indolor e a temperatura varia de
normal a fria.
b) EDEMA DE ESTASE – decorre de estase e
hipertensão venocapilar. Principais causas:
Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) e as
patologias venosas dos MMII (varizes, tromboses
venosas, tromboflebites, etc).
b.1) EDEMA DA ICC – vespertino, mole, inelástico,
indolor, varia de intensidade (+ a ++++) e a pele
adjacente pode apresentar-se lisa e brilhante.
Inicia-se pelos MMII, podendo ascender para
abdome, tronco e MMSS. Decorre do aumento da
pressão hidrostática associada à retenção de
sódio e água.
b.2) EDEMA VARICOSO – localiza-se nos MMII,
preponderando em uma ou outra perna,
acentuando por longo tempo na posição de pé.
Não é muito intenso (+ a ++). À princípio é de
consistência mole e inelástico, podendo com o
tempo se tornar duro e alterar a coloração da pele,
adquirindo tonalidade castanha ou mesmo mais
escura, podendo tornar-se mais espessa e de
textura mais grosseira.
b.3) EDEMA DA TROMBOSE VENOSA – é mole,
chegando a ser intenso. A pele costuma estar
pálida, podendo adquirir coloração cianótica.
b.4) EDEMA DAS TROMBOFLEBITES – apresenta-
se quente e doloroso e a pele hiperemiada.
OBS: Os três últimos tipos se formam devido ao
aumento da pressão hidrostática, seja por
insuficiência das válvulas das veias, seja por
oclusão do próprio vaso.
c) EDEMA DOS ESTADOS HIPOPROTÉICOS/
EDEMA CARENCIAL/ NUTRICIONAL, EDEMA DE
FOME, EDEMA DAS TRINCHEIRAS – Apresenta-se,
normalmente, sob a forma de anasarca. É frio,
mole, inelástico, indolor e de pouca intensidade (+
a ++). O fator primordial da sua produção é a
diminuição da pressão osmótica das proteínas
plasmáticas, em decorrência da ingestão
diminuída de proteínas (desnutrição), perda
excessiva destas pelos rins (síndrome nefrótica) ou
tubo digestivo ou síntese inadequada ou
catabolismo exagerado (neoplasias,
hipertireoidismo).
d) EDEMA ALÉRGICO/ANGIONEURÓTICO/EDEMA
DE QUINCKE – Da reação antígeno-anticorpo
surgem diferentes substâncias (Ex: histamina e as
cininas) que, ao nível do capilar, alteram a sua
permeabilidade, permitindo a passagem da água
para o interstício. Compromete geralmente
regiões limitadas (pálpebras, lábios, etc), embora
possa ser generalizado. Instala-se de modo súbito
e rápido. A pele pode apresentar-se lisa, brilhante,
hiperemiada e temperatura aumentada. É mole e
elástico. Normalmente acompanhado de prurido e
placas urticariformes disseminadas.
e) EDEMA LINFÁTICO/LINFEDEMA – Consequente
a doenças dos vasos linfáticos (obstrução linfática),
que causa represamento da linfa e proliferação
fibroblástica intensa. É mais frequente nos MMII,
localizado, duro, inelástico, indolor, acompanhado
de alterações de textura e da espessura da pele,
que se torna grossa e áspera. Pode ser congênito
(doença de Milroy) ou adquirido (síndrome
pós-flebítica, síndrome pós-irradiação, surtos
repetidos de erisipela e filariose / elefantíase).
f) MIXEDEMA – causado por uma substância do
grupo dos mucopolissacarídeos (glicoproteínas),
que ao infiltrarem no espaço intersticial, provoca
uma certa retenção de água. Surge na
insuficiência do hormônio Tireóideo
(hipotireoidismo). Localiza-se principalmente na
face, região subpalpebral, mãos e MMII, sendo de
consistência elástica e indolor. É um edema pouco
depressível e pouco intenso.
g) EDEMA DA TOXEMIA GRAVÍDICA – Surge
primeiramente nos MMII. É quase sempre intenso
e sua explicação fisiopatológica reside nas
alterações renais – nefropatia gravídica –
combinadas com as modificações hormonais da
própria gravidez.
5. ANÁLISE SEMIOLÓGICA DO EDEMA
5.1. ANAMNESE:
● Quando começou?
● Por onde começou ou foi de início
generalizado (anasarca)?
● Em que momento, nas 24 horas, é mais
acentuado? Pela manhã (matutino), ao fim
da tarde (vespertino) ou permanente?
● Como evoluiu? Foi fugaz? Lento?
Progressivamente ascendente?
● Qual a consistência inicial? Duro? Mole?
● Houve modificações na consistência?
Quais?
● Intercorrência de outros sinais e sintomas?
Dor? Dispnéia? Oligúria? Placas
urticariformes? Ascite? Febre? Outros?
● Comprometeu outros segmentos ou
permaneceu sempre na mesma localização
inicial?
● Quais os tratamentos efetuados e os
efeitos?
● Houve remissão do quadro? Por quanto
tempo? Tornou a surgir? Quanto tempo
após a última remissão?
● Qual a duração total do edema? Horas, dias,
meses ou anos?
● Houve complicações da pele onde o edema
se localizou? Que tipos? Com que
frequência?
● Casos semelhantes na família?
5.2 EXAME CLÍNICO:
LOCALIZAÇÃO – identificar se localizado ou
generalizado. Locais onde o edema deve ser
procurado: face (região subpalpebral), MMII e
região sacra (pacientes acamados).
INTENSIDADE ou VOLUME – através da técnica de
dígito-pressão. Locais ideais: tíbia, sacro ou ossos
da face. Estabelece-se a intensidade do edema
referindo-se à profundidade da fóvea ou sinal de
cacifo em cruzes (+, ++, +++, ++++).
CONSISTÊNCIA – corresponde ao grau de
resistência encontrado ao se comprimir a região
edemaciada. Pode ser de dois tipos:
MOLE – significa que a retenção hídrica é de
duração não muito longa e o tecido celular
subcutâneo está infiltrado de água. Facilmente
depressível.
DURO – Proliferação fibroblástica que ocorre nos
edemas de longa duração ou que se acompanham
de repetidos surtos inflamatórios, como por
exemplo o linfedema (elefantíase). Percebe-se
maior resistência para se obter a formação da
fóvea.
TEMPERATURA – em casos de inflamação -
quentes, caso contrário, frios ou com temperatura
normal. Quando frios, significa que está havendo
um comprometimento circulatório naquela área.
SENSIBILIDADE – através da técnica de
digitopressão, podemos identificar se o edema é
com dor ou indolor. Doloroso - em casos de
inflamação (edema inflamatório).
ALTERAÇÕES DA PELE ADJACENTE
a) COLORAÇÃO - Palidez (edema acompanhado
de distúrbios da irrigação); cianose (indicativo de
perturbação vascular localizada, podendo ser de
origem central ou mista); vermelhidão(processo
inflamatório);
b) TEXTURA e ESPESSURA - Pele lisa e brilhante
(edema recente e intenso); pele espessa (edema
de longa duração - elefantíase); pele enrugada
(quando o edema está sendo eliminado);
c) SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE:
Fissuras epidérmicas – ocorrem em edemas
volumosos - constituindo-se em verdadeiras
portas de entradas para bactérias e fungos;
Bolhas e flictemas – quando rotas oferecem o
mesmo risco que as fissuras;
Escoriações – decorrem de pruridos intensos.
6. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
● Inspecionar a pele com frequência a fim de
identificar alterações de cor, textura,
prurido espessura, solução de
continuidade;
● Realizar mudança de decúbito em
intervalos regulares, a fim de minimizar
pressão prolongada;
● Realizar controle ponderal diariamente em
jejum;
● Promover a hidratação da pele com cremes
ou óleos;
● Medir e registrar diariamente a
circunferência abdominal em caso de
ascite;
● Oferecer dieta hipossódica e orientar
quanto a importância e necessidade do
cumprimento da mesma;
● Orientar quanto a importância da restrição
de líquidos;
● Realizar controle hídrico diário, anotando
no prontuário todo líquido ingerido e
eliminado;
● Realizar exercícios passivos ou orientar
quanto a importância da realização de
exercícios ativos;
● Manter as extremidades edemaciadas, por
vezes, elevadas (exceto em edema
cardiogênico);
● Incentivar quanto a importância de
alternância de períodos de repouso
horizontal (pernas elevadas) com atividade
vertical (posição ortostática);
● Providenciar pequenos apoios de espuma
debaixo das proeminências ósseas, visando
evitar formação de úlceras de pressão;
● Pesquisar possibilidade de formação de
edema sacral;
● Administrar medicamentos conforme
prescrição médica.