Prévia do material em texto
Ambiente Terapêutico 1. INTRODUÇÃO CONCEITO: Ambiente onde a pessoa se sente confortável, segura, ou seja, com omínimo de bem estar para poder realizar suas atividades diárias. CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A MANUTENÇÃO DE UM AMBIENTE TERAPÊUTICO: ● Espaço, segurança e conforto. 2. CONDIÇÕES DE ESPAÇO ● Toda pessoa tem necessidade de espaço e assim se comporta em função dele; ● Toda instituição de saúde deve considerar as necessidades de espaço do paciente e do profissional que nele atua; ● Deve ser respeitado o desejo do paciente de se expressar dentro do seu espaço. CONFORME RDC 50/2002 – resolução que trata de normas arquitetônicas para o setor saúde (PRADO; GELBECKE, 2002), toda instituição hospitalar deve possuir: ● Biblioteca; ● Sala para realização de treinamentos ou educação permanente com os funcionários; ● Sala de reuniões religiosas (templo religioso); ● Áreas de lazer (1 por unidade: pediatria, psiquiatria, crônicos - 1,2 metros quadrados/usuário); ● Posto de Enfermagem (local onde ficam os impressos/prontuários) - 1 para cada 30 leitos); ● Salas independentes para preparo de medicamentos; ● Sanitários separados para pacientes, funcionários e visitantes – Masculino e Feminino; ● Cada unidade de internação deve ter no mínimo 1 quarto de isolamento (1 para cada 30 leitos); ● Corredores amplos; ● 1 banheiro para cada quarto ou enfermaria; ● Quartos de 2 leitos - 7 m2/leito; ● Enfermarias - máximo 6 leitos, sendo 6 m2/leito; ● Distância entre cada leito paralelo - 1 metro; ● Distância entre o leito e paredes: cabeceira (inexistente), lateral (0,5 metro) e pé dos leitos (1,2 metros). 3. CONDIÇÕES DE SEGURANÇA Ambiente seguro é aquele que é livre de danos ou perigos, não existindo ambiente 100% seguro; Conforme o Conselho Nacional de Segurança, o domicílio é um dos lugares mais perigosos que existem. É quase impossível uma instituição de saúde totalmente livre de riscos. ASPECTOS GERAIS E LEGAIS DA SEGURANÇA DO PACIENTE Portaria MS/GM no 529/2013 apresenta conceitos de cultura de segurança do paciente Elaboração do Protocolo básico de segurança do paciente: ● Identificação correta do paciente; ● Melhoria da comunicação entre os profissionais de saúde; ● Melhoria da segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos; ● Assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e pacientes corretos; ● Higienização das mãos para evitar infecções; ● Reduzir o risco de quedas e lesão por pressão, medidos a partir das Escalas de Morse e Escalas de Braden (> 18 anos) ou Braden-Q (21 dias a 18 anos), respectivamente (Risco mínimo, moderado ou elevado). 3.1. MEDIDAS DE SEGURANÇA QUE DEVEM SER ADOTADAS PELAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE: ● Identificação do paciente; ● Prevenção de acidentes mecânicos; ● Prevenção de acidentes químicos, térmicos, elétricos; ● Prevenção de acidentes relacionados à disseminação de microrganismos (controle de infecção hospitalar). 3.1.1. MEDIDAS DE IDENTIFICAÇÃO ● Nº. de Registro obtido no 1o. Internamento ou atendimento na instituição; ● Uso de pulseiras à prova d`água: nome, no. registro, médico responsável, unidade, no. do leito, data e hora do internamento; ● Leito identificado com nome e número, correspondendo com a numeração do prontuário: ○ Jejum e restrição hídrica – branco ○ Alergia – vermelho ○ Alergia a látex – verde ○ Risco de queda – Amarelo ○ Preservação de membro - azul ● Leito identificado com nome e número, correspondendo com a numeração do prontuário; ● Sala de parto/SO – 3 pulseiras, sendo 2 no RN (uma no punho E e no tornozelo D) e 1 na mãe (punho), contendo: nome e número do registro da mãe, sexo, data do nascimento, hora, nome do profissional que fez o parto; ● Colher as impressões plantares do RN e digital da mãe ao nascer 3.1.2 PREVENÇÃO DE ACIDENTES MECÂNICOS (QUEDAS): ● Assoalhos antiderrapantes; ● Corrimãos nos corredores; ● Andadores para pacientes debilitados; ● Barras para apoio das mãos e cadeira no box do banheiro; ● Barras de apoio próximo ao vaso sanitário; ● Elevadores para uso dos pacientes; ● Construção de rampas com corrimãos ao invés de degraus; ● Iluminação adequada do ambiente; ● Organização dos equipamentos e materiais do setor, incluindo o mobiliário; ● Realização da limpeza da unidade, se com água e sabão, em horário de pouco tráfego; ● Limpeza imediata do assoalho ao molhar; ● Em dias de limpeza - colocar avisos em locais visíveis, notificando que o chão está molhado e escorregadio; ● Uso de GRADIS LATERAIS nos leitos, principalmente em casos de desorientação, insônia, confusão mental, inconsciência, cegueira, sedação, convulsões, astenia. ● Acionar o freio da cadeira de rodas ou maca quando parar com o paciente. Uso apropriado de Medidas de Contenção: ● Coletes de Segurança; ● Faixas de Posey; ● Contenção de Pernas e Braços ou Correias de Mãos ● Tornozelos e Mitenes. 1) COLETE DE SEGURANÇA – veste semmangas com longas amarras que podem ser presas a altura de cada lado da cama ou no encosto da cadeira de rodas. 2) FAIXA POSEY – faixa colocada em volta do corpo do paciente e as amarras são presas a estrutura do leito. OBS: Permitem que o paciente se mova relativamente e impedem que passe por cima dos gradis laterais ou saia da cadeira. CONTENÇÃO DE PERNAS E BRAÇOS OU CORREIAS DE MÃO OU TORNOZELOS Devem ser usadas como último recurso. Objetivam evitar que o cliente (crianças ou adultos agitados) arranque o soro, cateteres, curativos. OBS: Devem permitir a mobilidade dos membros - o cliente poderá girá-los e elevá-los até certo ponto. CUIDADOS COM AS CONTENÇÕES DE PERNAS E BRAÇOS ● Usar uma flanela ou material semelhante para proteger a pele (não usar algodão); ● Manter o braço ligeiramente fletido; ● Conter os membros pelo tempo estritamente necessário; ● Soltar a cada 4 horas e exercitar os membros; ● Em caso de cianose, palidez, frio ou queixa de formigamento nas extremidades, folgar a contenção e restaurar a circulação por meio de exercícios e massagens. 4) MITENES Semelhante a uma luva que impede os movimentos das mãos, evitando que curativos, tubos ou gradis sejam arrancados. Ex: pacientes com lesões cerebrais (AVE, TCE), agitados e confusos. CUIDADOS ESPECIAIS: ● Manter a mão naturalmente flexionada. ● Remover as mitenes a cada 24 horas, lavar e exercitar as mãos. 3.1.3. PREVENÇÃO DE ACIDENTES ● Por substâncias químicas; ● Térmicos; ● Envolvendo o uso de equipamentos terapêuticos; ● Incêndios. A) ACIDENTES POR SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS CAUSAS: CAUSAS: Inalação ou contato de clientes e/ou funcionários com gases anestésicos, soluções desinfetantes, medicações, etc, que podem causar reações alérgicas diversas. ★ MEDIDAS PREVENTIVAS PARA ACIDENTES COM SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS ● Uso de máscaras e luvas pelos funcionários ao manipular ou entrar em contato com determinadas soluções; ● Saber se o cliente tem alergia a determinada substância antes de usá-la; ● Ao guardar os medicamentos, separar os de uso tópico dos de uso oral ou parenteral; ● Não administrar medicações cujos rótulos não estejam em condições de serem lidos; ● Observar a data de validade dos medicamentos no momento do preparo; ● Guardar medicamentos controlados (narcóticos – Ex: codeína e morfina) em armários fechados, contá-los ao final de cada turno de trabalho e registrá-los em livro especial; ● Estar atento aos nove certos relacionados à administração dos medicamentos: paciente certo, medicamento certo, dose certa, via certa, hora certa, tempo certo, validade certa, abordagem certa, registro certo. OS 9 CERTOS DA ADMINISTRAÇÃO DA MEDICAÇÃO B) ACIDENTES TÉRMICOS: CAUSAS: equipamentos elétricos ou instalação elétrica defeituosa ou em estado de má conservação. ★ MEDIDAS PREVENTIVAS: A instituição deve: ● Verificar regularmente seus aparelhos elétricos; ● Verificar regularmente os objetos elétricos pertencentes aos pacientes (rádio, barbeadores, ventiladores, etc); ● Primar pelo uso adequado de objetos térmicos (garrafas térmicas, bolsas de água quente ou fria, temperaturada água do banho do RN, etc.) C) ACIDENTES ENVOLVENDO EQUIPAMENTOS TERAPÊUTICOS: CAUSAS: Equipamentos de uso terapêutico defeituosos (aparelho de sucção com saída do vácuo, bomba de infusão, equipos de soro, etc). ★ MEDIDAS PREVENTIVAS: A instituição deve: ● Inspecionar frequentemente os equipamentos terapêuticos para correção prévia de defeitos; ● Testar tais equipamentos antes de usá-los no paciente. D) INCÊNDIOS CAUSAS: ● Substâncias altamente combustíveis ou inflamáveis nas instituições de saúde: álcool, éter, oxigênio, gases anestésicos, etc; ● Instalação elétrica defeituosa ou em má condição de conservação; ● Aparelhos elétricos defeituosos. ★ MEDIDAS PREVENTIVAS: ● Proibição quanto ao fumo, principalmente próximo a equipamentos de O2, sala de cirurgia (gases combustíveis), setor de manutenção (armazenamento de substâncias combustíveis - óleos, tintas, solventes, etc); ● Conservação e manutenção adequada das instalações e equipamentos elétricos; ● Dispor de extintores de incêndios em vários setores, em boas condições de uso e com prazo de validade em dias; ● Implementar programas educativos de prevenção de incêndios para funcionários, orientando-os sobre: Como manipular extintores; Como socorrer vítimas de um incêndio; Como escolher o extintor adequado ao tipo de incêndio: ○ Pó Químico (bicarbonato de sódio), líquidos ou gases inflamáveis e eletricidade; H2O – madeira, papel, mato seco; Espuma – madeira, papel, mato seco; Gases (CO2 e Nitrogênio) – eletricidade. 3.1.4. PREVENÇÃO DE ACIDENTES POR DISSEMINAÇÃO DE MICRORGANISMOS EXIGE DO PROFISSIONAL DE SAÚDE O MÍNIMO DE CONHECIMENTO SOBRE: ● O que é um vetor e um hospedeiro; ● Porta de entrada e saída de microrganismos; ● Os tipos de microrganismos causadores de doenças; ● Condições ambientais que favorecem a proliferação dos microrganismos; ALÉM DISSO, DEVE-SE PRIMAR POR: Atender à Portaria Federal nº. 2.616/MS – 12/05/1998 – estabelece normas para prevenção e controle da Infecção Hospitalar, especialmente: Obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) em toda instituição de saúde, composta por: 1 médico, 1 enfermeiro, 1 farmacêutico, 1 bioquímico e 1 membro da administração (nível superior); E MAIS... ● Emprego adequado da técnica de lavagem das mãos; ● Uso adequado dos EPIs; ● Realização apropriada da limpeza da unidade; ● Emprego adequado das técnicas de esterilização e desinfecção; ● Uso de desinfetantes apropriados para limpeza do chão e mobiliários; ● Paredes pintadas com tinta lavável ou a óleo; Cantos de encontro das paredes com o assoalho arredondados para facilitar a limpeza; ● Não utilizar papéis de parede, carpetes, tapetes, quadros nas paredes, cortinas de tecidos, etc; ● Nunca usar pano seco para limpar os móveis ouchão; ● Nunca usar vassoura para varrer o chão. 4. CONDIÇÕES DE CONFORTO ➔ Decoração ➔ Iluminação ➔ Temperatura, umidade e ventilação ➔ Mobiliário/objetos de uso pessoal ➔ Privacidade e silêncio ➔ Disponibilidade de espaço para realização de atividades recreacionais 4.1. DECORAÇÃO ● Planejar cuidadosamente o uso de cores e estilo; ● Tetos com cores agradáveis e suaves; ● Não utilizar papéis de parede, carpetes, tapetes, quadros nas paredes, cortinas de tecidos por favorecerem a infecção hospitalar; ● Evitar desenhos chamativos ou figuras geométricas no chão ou teto → desconforto, tontura, acidente mecânico; 4.2. ILUMINAÇÃO ● Não deve ser ofuscante e deve produzir o mínimo de sombra; ● Pode ser artificial e/ou natural; ● Janelas amplas e de vidro → lazer ao paciente; ● Manter uma luz na cabeceira da cama → facilita a leitura e facilita a prestação do cuidado; ● Manter luz no rodapé ou uma luz suave à noite, como medida de conforto e segurança; 4.3. TEMPERATURA, UMIDADE E VENTILAÇÃO ● Temperatura (20/25 graus) e Umidade (30/60%) ideal; ● Ventilação natural - abertura de portas e janelas; ● Uso de aparelho de ar condicionado ou aquecedores, embora questiona-se o uso do primeiro; ● Evitar aglomeração de pessoas, se o ambiente não for bem ventilado; ● Oferecer cobertas e roupas adequadas ao clima, principalmente crianças ou idosos. 4.4. MOBILIÁRIO ● Leito ● Colchão ● Travesseiro ● Mesinha de cabeceira ● Estante ● Cadeiras ● Objetos de uso pessoal. 4.4.1. LEITO Os leitos hospitalares são mais altos que os do domicílio; Caso o leito não tenha o dispositivo que movimenta cama para cima e para baixo, usar o escabelo; Leitos com dispositivo eletrico ou manivela para a mudança de posição: elevação da cabeça, flexionar os joelhos, elevar MMII, etc; Caso possuam rodízios, acionar os freios para evitar que rolem acidentalmente; 4.4.2. COLCHÃO Deve ser forrado com cobertura plastificada, embora provoque o deslizamento do lençol; Quando necessário, usar colchão para prevenção de lesão por pressão: caixa de ovo ou colchão d`água. 4.4.3. TRAVESSEIRO Possibilitam conforto, bem como manutenção de uma boa postura do paciente; Devem ser forrados com plástico ou encerado para facilitar a limpeza. 4.4.4. MESINHA DE CABECEIRA Possibilita ao paciente: comer, ler, escrever, etc; Utilizada pelos profissionais como suporte para realização do cuidado; Serve para guardar objetos pessoais do paciente; 4.4.5. ESTANTE/ARMÁRIO Guardar: lençóis, roupas, material de tratamento (bacia, comadre, papagaio, escarradeira) e objetos pessoais do paciente. 4.4.6. CADEIRA Na unidade do paciente deve dispor, no mínimo, 1 cadeira; Deve ser confortável; ter apoio de braços e costas e se possível, um sistema de regulagem conforme a altura do paciente. 4.4.7. OBJETOS DE TRATAMENTO PESSOAL ● Responsabilidade do cliente: sabonete, creme dental, pente, escova, chinelos. ● Responsabilidade da instituição: urinol, papagaio, jarra,etc. ● Descartáveis ou inox - podendo ser esterilizados ou submetidos ao processo de desinfecção. 4.5. PRIVACIDADE E SILÊNCIO ● Deve ser preservada, independente do nível de consciência do cliente; ● Meios de manutenção da privacidade: uso de biombos, portas fechadas, uso de lençóis. Os ruídos devem ser evitados, sendo os seguintes os mais relatados em hospitais: ● Manuseio de pratos e bandejas nos carrinhos de servir refeições; ● Conversas altas ao telefone; ● Pessoas chamando por outras nos corredores; ● Conversas de visitantes nas enfermarias e corredores; ● Aparelhos de rádio, televisão e telefone de alto som; ● Serviço de som alto e com músicas agitadas, etc. 4.6. DISPONIBILIDADE DE ESPAÇO PARA REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES RECREACIONAIS Especialmente clientes internados em pediatria, psiquiatria e portadores de doenças crônicas; Tais espaços são: biblioteca, espaço para atividade religiosa, área de lazer (1,2 metros quadrados/usuário); 5. CONCLUSÃO O meio ambiente tanto pode ajudar como prejudicar o bem-estar do cliente. Cabe a enfermagem promover um ambiente cada vez mais seguro e confortável, para que alcance o mais rápido possível sua independência.