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AVALIAÇÃO CLÍNICA E FORMULAÇÃO DIAGNÓSTICA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Os transtornos mentais infantis resultam em sofrimento para crianças e adolescentes e para aqueles com quem convivem e interferem no desempenho psicossocial e educacional, podendo gerar consequências até na vida adulta. ASPECTOS DA AVALIAÇÃO INICIAL: Formular hipótese diagnóstica, levando em consideração seu funcionamento na família, na escola e em seu grupo de amigos; Hipótese não são fixas e devem ser revisadas ao longo do tratamento; Estar atento ao fato de que a criança, como ser em desenvolvimento, apresentará mudanças e ajustes em suas manifestações psicopatológicas, graças aos processos de maturação e de desenvolvimento; Buscar uma compreensão para as queixas apresentadas e suas possíveis causas, determinar se há psicopatologia, e, se houver,informar aos pais sobre prognóstico e necessidade de tratamento; Avaliar as dificuldades apresentadas pelos pais e pelo sistema familiar, em vez de focar exclusivamente nos problemas apresentados pela criança; Estar atento ao fato de que algumas vezes, o sintoma da criança é apenas o reflexo de um ajuste inadequado entre ela e os pais ou entre ela e a escola, ou é sua reação a um ambiente estressantes e adverso; Buscar uma compreensão para as queixas apresentadas e suas possíveis causas, determinar se há psicopatologia, e, se houver,informar aos pais sobre prognóstico e necessidade de tratamento; Avaliar o funcionamento do paciente de forma global, levando em consideração os diversos ambientes experimentados pelo indivíduo; Saber se as dificuldades estão presentes em diferentes contextos ou apenas em alguns específicos; Se possível, estabelecer contatos com outros profissionais e pessoas envolvidos nos cuidados com o paciente (avós, professores, médicos, etc); Estar atento à ocorrência de relatos conflitantes entre as diversas fontes; Lembrar que o paciente é o melhor informante para os sintomas internalizantes ( ansiedade, medo, tristeza); ENTREVISTA COM OS PAIS (CUIDADORES, RESPONSÁVEIS LEGAIS) Momento fundamental da avaliação clínica, no qual são colhidas informações necessárias para a formulação das hipóteses diagnósticas estabelecida uma relação de confiança entre o médico e a família. Psicólogo deve deixar claro que possui responsabilidade profissional em relação ao paciente, implicando no sigilo das informações que lhe são passadas; Esse sigilo poderá ser rompido em situações especiais onde a integridade do paciente está em risco ou daqueles ao seu redor; Obter o motivo da consulta, explorando as dificuldades do paciente e o impacto dessas dificuldades na família como um todo; Obter um relato detalhado do desenvolvimento prévio do paciente, incluindo histórico médico e tratamentos; Avaliar as interações entre os pais, os filhos, a família e a escola, incluindo dados sobre o ambiente em que vivem e o contexto cultural; Obter histórico familiar completo em relação a doenças e transtornos psiquiátricos que podem estar associados com as dificuldades apresentadas pela criança; Avaliar o grau de entendimento dos pais acerca das dificuldades de seu filho, quais as expectativas em relação ao tratamento e a motivação para se envolverem no tratamento do filho; Técnica da entrevista com os pais deve alternar o discurso livre e as questões sobre pontos particulares; Estabelecimento de uma relação de confiança e não de cumplicidade, entre a família e o psicólogo; Observar níveis de comunicação de trocas familiares: NÍVEL INFRAVERBAL E NÍVEL VERBAL – aproveitar todas as situações para observar a reação da criança e de seus acompanhantes. Agendar entrevistas posteriores, com o consentimento da criança, evitando conversas com os pais em todas as sessões com a criança. PONTOS DELICADOS NA ENTREVISTA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: Verificar junto à criança se ela sabe o motivo pelo qual está sendo levada ao psicólogo; Caso ela diga que não saiba, esclarecer sobre a “queixa / preocupação” dos seus pais; Consultar a criança sobre o seu desejo de estar em tratamento; Criança deve ser prevenida do caráter confidencial das trocas entre ela e o psicólogo; Pedir autorização à criança para comunicar algum conteúdo das sessões aos pais; Iniciar o contato com a criança com assuntos neutros ou agradáveis e oportunamente abordar os assuntos delicados ou difíceis; NA ENTREVISTA COM ADOLESCENTES... ...deixar que ele inicie por assuntos que se sinta à vontade para falar; Na avaliação dos sintomas, investigar com detalhes sua evolução, intensidade e frequência; Avaliar o grau de autonomia da criança e sua facilidade de interação com estranho; ASPECTOS PRINCIPAIS NA AVALIAÇÃO INICIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: ASPECTOS A SEREM ABORDADOS NA ENTREVISTA O QUE OBSERVAR / ESTRATÉGIA DE INVESTIGAÇÃO Observação do comportamento da criança durante a entrevista Atividade e atenção Qualidade do contato social Reação ao exame Nível de desenvolvimento Sintomas emocionais Menores de 7 anos:perguntar aos pais Maiores de 7 anos:conversar com a criança, observar comportamentos de exploração, irritabilidade e sintomas de ansiedade na entrevista Investigar abusos e traumas Pode-se perguntar de forma genérica ou por meio de brincadeiras com bonecos e jogos Investigar vida social Perguntar sobre amigos, turmas, atividades de lazer, visitas à casa de amigos e dormir fora de casa. Explorar a percepção da criança sobre a sua própria vida Perguntar sobre sua rotina, sobre como são feitos os cuidados pessoais (quem a ajuda, grau de autonomia) e responsabilidade na dinâmica familiar Observar a parte física da criança Estatura, peso, tônus muscular, coordenação motora e, em caso de dúvida, encaminhar para avaliação pediátrica. PERGUNTAS ESSENCIAIS DA AVALIAÇÃO PSÍQUICA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: Qual é o problema ? Quanta angústia, estresse ou prejuízo esse problema causa ? Quais os fatores que desencadearam e mantém o problema ? Quais os pontos fortes que podem ser utilizados no tratamento ? Quais as crenças e expectativas que a família traz consigo ? SINTOMAS: devem ser descritos de forma detalhada, com dados de sua temporalidade. SINTOMAS EMOCIONAIS: medos, sintomas ansiosos, depressivos. SINTOMAS COMPORTAMENTAIS: agressividade, comportamentos desafiadores e antissocial. ALTERAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO: psicólogo deve ter um profundo conhecimento do desenvolvimento infantil normal. A observação direta da criança pelo psicólogo é um dos aspectos mais importantes e que deve ser privilegiado. AVALIAÇÕES DAS DIFICULDADES: dificuldades de relacionamento devem levar em conta o estágio do desenvolvimento da criança. Dificuldades de relacionamento podem mascarar outros fatores causais ( discriminação, bulliyng). IMPACTO: investigar o impacto que os sintomas e dificuldades causam sobre a vida da criança, quais prejuízos traz nas diversas áreas de funcionamento (vida familiar, aprendizagem, amizades, lazer), sofrimento para a criança e perturbação para os outros. FATORES DE RISCO: determinação da presença de fatores que possam acarretar um quadro de vulnerabilidade para a criança. CAPACIDADES: contemplar as capacidades e pontos fortes da criança, seus interesses, hobbies e habilidades. Isto fornece pontos para intervenções terapêuticas. MODELO EXPLICATIVO: desmistificar ideias, modelos causais, que possam comprometer o tratamento. Avaliar as expectativas da família quanto ao tratamento, evitando expectativas de melhoras súbitas e “milagrosas”. EXPLORAÇÕES COMPLEMENTARES ( quando necessária) EXPLORAÇÕES SOMÁTICAS: Eletroencefalografia Tomodensitometria por raios x (tdm: scanner) Imagens por ressonância magnética nuclear (rmn) Técnicas da exploração da audição Testes de nível mental; Testes de personalidade; Testes projetivos (rorschach, tat,cat,pata negra); Figura humana, família, árvore. TESTES PSICOLÓGICOS: MODOSDE COMUNICAÇÃO ENTRE O PSICÓLOGO E A CRIANÇA: Oferecer à criança um contexto e uma atmosfera onde a comunicação (troca afetiva positiva) possa se estabelecer. O jogo – até 11/12 anos. O diálogo imaginário – até 11 anos O desenho- 3 a 11 anos O diálogo tradicional- a partir de 6 anos Livros de história – qualquer idade Linguagem do psicólogo acessível à criança (idade/nível de desenvolvimento). Atenção aos modos de comunicação infraverbais . CLASSIFICAÇÕES DIAGNÓSTICAS: Usar as classificações diagnósticas para propor terapêuticas e não para patologizar a criança e o adolescente; Usar as classificações diagnósticas com critérios e criticidade; Uso de uma linguagem universal. image1.jpeg image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image9.jpeg image10.jpeg image11.jpeg image12.jpeg image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.jpeg image18.jpeg image19.jpeg image20.jpeg image21.jpeg image22.jpeg image23.jpeg image24.jpeg image25.jpeg image26.jpeg image27.jpeg image28.jpeg image29.jpeg image30.jpeg image31.jpeg image32.jpeg image33.jpeg image34.jpeg image35.jpeg image36.jpeg