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Programas de qualidade, implicações com controle e estrutura divisionada SST Vieira, Patrícia Programas de qualidade, implicações com controle e estrutura divisionada / Patrícia Vieira Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 12 3 Programas de qualidade, implicações com controle e estrutura divisionada Apresentação Nesta unidade, estudaremos sobre os programas de qualidade e as suas implicações com controle e estrutura divisionada. Você já pensou no quanto uma empresa gasta para manter a qualidade dos seus produtos ou serviços? Ao longo de nossos estudos, veremos, então, o quanto custa para manter os processos com a devida qualidade. Na sequência, analisaremos quais os impactos que a falta de qualidade pode gerar para as empresas e o quanto isso custa. Por fim, compreenderemos como a controladoria pode auxiliar a controlar os custos gerados pela busca da qualidade nos processos das empresas. Bons estudos! Programas de qualidade Para se manter competitiva no mercado, uma empresa deve primar pela qualidade de seus produtos e/ou serviços, ou seja, tomar a qualidade como um componente de prevenção do aumento dos custos devido a retrabalhos, insatisfação dos clientes e perdas. Nesse sentido, a qualidade é entendida como uma conformidade com padrões, normas e especificações de um determinado produto ou serviço. É necessário então que exista, nas organizações, um setor ou uma equipe que cuide do controle de qualidade. Tal área ou setor de qualidade: [...] deve atuar no momento que precede a entrada dos materiais na empresa, através de suas inspeções físicas diretamente nas instalações dos fornecedores correspondentes, durante todo o processo produtivo e em seu final, sempre buscando a garantia de que o índice de produtos acabados defeituosos seja mínimo, preservando a empresa quanto à anulação de vendas já realizadas, devido à falta de qualidade de produtos, e a sua própria imagem e, por conseguinte, a sua marca. (NASCIMENTO; REGINATO, 2015. p. 321) 4 Se o controle de qualidade falhar, haverá inúmeras consequências, gerando maiores gastos e influenciando na imagem de mercado da empresa. Deve haver, portanto, um fluxo de controle de qualidade em cada um dos processos de produção, seguindo todas as etapas e verificando os possíveis gargalos para que se procedam as correções antes da finalização do produto e da sua remessa para os pontos de vendas. As empresas utilizam indicadores de desempenho em diversos processos. A partir desses indicadores, constroem-se relatórios para prestar informações sobre o desempenho dos processos. Atenção A fim de que o controle da qualidade seja satisfatório, é preciso medir o alcance dos padrões determinados, bem como verificar os gargalos existentes por meio de indicadores, determinando assim se há qualidade ou não. A indicação do desempenho decorre da análise de valores mensuráveis, quantificados ao se fazer a comparação entre o que ocorre (o real) e o que foi estipulado (o ideal). Veja na figura a seguir o esquema desses indicadores. Indicadores para a área de qualidade, relacionados à dimensão do preço CLIENTES PREÇOS ÁREA DE QUALIDADE Meta para rejeição de material na linha - em $ ÷ índice Real Real Meta 0,30 0,30 0,40? ? ? Meta em $ devolução de materiais por defeito ÷ índice Real Outros indicadores Real alcançado versus metaIndicadores P e s o s Fonte: Adaptada de Nascimento e Reginato (2015). 5 A qualidade é fundamental e sua falta prejudica as empresas. Considera-se custo de qualidade um gasto gerado pelas falhas incorridas nos processos, sendo também a falta de conformidade com os padrões estabelecidos e em consideração. Em outras palavras, é uma forma de medir a gestão da qualidade das empresas. No quadro a seguir, encontramos alguns dos termos mais utilizados referentes a esse processo, bem como a sua definição. Terminologia a. Refugo: produção que não corresponde aos padrões dimensionais ou de qualidade, sendo, portanto, refugado e vendido por seu valor de disposição. O custo líquido do refugo é a diferença entre os cus- tos acumulados até́ o ponto de rejeição menos o valor de disposição. b. Unidade defeituosa: produção que não corresponde aos padrões dimensionais ou de qualidade; subsequentemente, é retrabalhada e vendida por meio dos canais normais, como uma mercadoria de primeira ou de segunda, dependendo das características do produto e das alternativas disponíveis. c. Desperdício: material que se perde, evapora ou encolhe; é resíduo que não tem valor de recuperação mensurável (gases, poeira, fuma- ça, resíduos invendáveis). Às vezes, a disposição do desperdício ain- da obriga a empresa a custos adicionais, como o desperdício com materiais radioativos. d. Sobras: resíduo de materiais de certas operações fabris que têm valor mensurável, mas de importância relativamente pequena. Por exemplo, o metal que sobra em uma operação de estampagem, apa- ras, limalha, serragem, resíduos de algodão e pequenos pedaços de material resultante de operações de corte. As sobras podem ser ven- didas ou reaproveitadas. e. Reclamações: no genérico “Reclamações”, estão acumulados todos os custos e as despesas relacionadas às reclamações dos clientes. Tais custos e despesas também podem estar associados à garantia assegurada aos produtos vendidos. Entretanto, é possível receber reclamações de clientes após transcorridos os prazos de garantia. Assim, esse custo vai depender de a decisão empresarial-comercial assumir ou não os encargos dos reparos autorizados após o prazo da garantia. Fonte: Robles Jr. (2009, p. 30). 6 Nascimento e Reginato (2015) nos dão uma boa visão desse tipo de custo. Segundo os autores: Os processos de fabricação e os de prestação de serviços recebem inputs na forma de recursos físicos, humanos e monetários. Os outputs desses processos, à primeira vista, deveriam ser produtos ou serviços. Todavia, nem todos os inputs se transformam em produtos e serviços. Os processos encerram outros tipos de outputs; essas saídas consistem em refugos, unidades defeituosas, desperdícios e sobras. (NASCIMENTO; REGINATO, 2015, p. 321) De acordo com o processo de produção, são gerados “produtos” (output) que nas mais diversas empresas levam a indicadores preocupantes de desperdícios de produtos, processos, tempo e pessoas, conforme ilustrado na figura a seguir. Sistema de produção Input Insumos Sistema produtivo ou de prestação de serviços Devoluções Output Produtos Refugos Unidades defeituosas Desperdícios Sobras Fonte: Adaptada de Robles Jr. (2009). Nesse sentido, as entradas de insumos, além de seguirem o curso original, também acabam gerando “produtos” indesejados que acarretarão outros gastos que não os custos necessários e planejados para fabricação. No quadro a seguir, encontramos alguns tipos de gastos e suas definições. 7 Tipos de gastos Gastos Definição Custos Desembolso feito para gerar a atividade fim da empresa, isto é, a sua atividade principal. Na produção, temos como exemplo os gastos com a matéria-prima utilizada e a mão de obra dos operários. Despesas Desembolso com recursos para a atividade meio, a qual dá suporte para a atividade principal da empresa. Na produção, são a administração, as vendas etc. Como exemplo, temos o salário pago ao pessoal do administrativo e o combustível utilizado para o transporte dos produtos aos pontos de vendas. Desperdícios Gasto que ocorre por falta de controle, por má qualidade na produção ou no manuseio incorreto, entre outros diversos fatores que geram mais gastos para a empresa. Perdas Gasto que não gera retorno, mas sim um gasto adicional; ocorre de forma inesperada, sem possibilidade de previsão. Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Os custos de qualidade serão, portanto, os gastos que não estão na previsão do processo de produção da empresa, ou seja, são gerados por descaracterização dos padrões e normas estipuladas, incidindo em custos que a empresa computará, mas que não servirão para gerar um retorno dos insumos envolvidos. Custos da qualidade Os custos de qualidade são classificados em dois tipos: de controle e das falhas dos controles. O primeiro tem origem nos controles necessários aos processos (prevenção e avaliação); o segundo deriva da falha nos controles (falhas internas e externas), fazendo com que os custos sejam determinados pela conformidade ou pela não conformidade com os procedimentos. Tipos de custo de controle Custos de prevenção Custos de controle Custos das falhas dos controles Custos de avaliação Custos das falhas internas Custos das falhas externas Fonte: Adaptada de Robles Jr. (2009, p. 58). 8 A seguir, vejamos, então, a que se referem os custos de controle – isto é, os custos de prevenção e de avaliação – e os custos das falhas dos controles – ou seja, os custos das falhas internas e externas. 1. Custos de prevenção: são determinados pelos gastos utilizados para evitar não conformidades, problemas na produção, possíveis ações outras, análise de processos, avaliação de causas e efeitos. “São gastos com atividades no intuito de se assegurar que produtos, componentes ou serviços insatisfatórios ou defeituosos não sejam produzidos” (ROBLES JR., 2009, p. 63). 2. Custos de avaliação: no processo produtivo, há custos que são gerados para avaliar a qualidade daquilo que foi produzido. Caso o produto esteja de acordo com as especificações, se não houver falhas e tudo estiver em conformidade, ele pode seguir para a venda. 3. Custos das falhas internas: são custos que ocorrem devido a falhas nos processos da empresa – “[...] associados às atividades decorrentes de falhas internas, como falhas de projetos, compras, suprimentos, programação e controle da produção e falhas na própria produção” (ROBLES JR., 2009, p. 63) – , que devem ser verificados e resolvidos para diminuir a ocorrência de custos. 4. Custos das falhas externas: são os custos que ocorrem quando o produto ou serviço é posto no mercado, ou seja, disponível para a aquisição do cliente, podendo comprometer a imagem da empresa, o que gera não só o custo pela falha, mas também da perda de mercado. Temos ainda outro custo a considerar, pois se relaciona com a existência de qualidade nas empresas: o custo de oportunidade. Este se refere ao custo incorrido no fator decisório, na tomada de decisão entre investir em um produto ou processo no lugar de outro e o que se perde com essa escolha. No caso, a decisão tomada pode resultar em perda de mercado, de produto ou de outro tipo que gere custos. 9 As consequências dos desperdícios e a gestão da qualidade Ao abordar os tipos de custo incidentes da qualidade necessária para a empresa, inferimos que as falhas são componentes danosos aos resultados almejados e podem comprometer a imagem da empresa, prejudicar seu aspecto competitivo frente aos concorrentes, além de aumentar os custos. Nesse sentido, é fundamental para toda empresa identificar, analisar, valorar e obter informações sobre falhas ou possíveis falhas. Na figura a seguir, analisamos as consequências do desperdício de recursos. Tipos de custo de controle O valor criado é menor que a soma de todos os recursos usados pela companhia No comando de uma organização, o desperdí- cio reduz permanente- mente os recursos disponíveis e o lucro potencial Valor criado Recursos disponíveis Produtos Dinheiro Edifícios Pessoas Rede de informações Equipamentos Água, gás, eletricidade Computadores ProcessosMercados Conhecimento de mercado Estoques Reputação da empresa Cultura Patentes e marcas Conhecimento especializado em gerenciamento Pesquisa e desenvolvimento Canais de distribuição Cadeia de valor da organização Desperdício Fonte: Adaptada de Padoveze (2013). Como consequência, as falhas nos processos de qualidade levam ao aumento dos custos e às alterações desfavoráveis nos resultados das empresas. Por esse motivo, a análise de gastos deve ser feita continuamente, possibilitando a identificação de gargalos e pontos críticos, que merecem um olhar cuidadoso. Com o intuito de manter a qualidade dos seus procedimentos, as empresas seguem normas (nacionais e internacionais) de processos que viabilizam uma padronização, o que consequentemente facilita o controle da qualidade. A norma ISO 9004 recomenda que medições são importantes para se tomarem decisões com base em fatos. Exemplos de medições de desempenho dos processos da organização incluem: medição e avaliação de seus produtos; 10 capacidade dos processos; alcance dos objetivos do projeto; e satisfação dos clientes e de outras partes interessadas (ABNT, 2000). Segundo Padoveze (2013, p. 437), “[...] a redução de custos busca o maior controle possível sobre esses elementos internos, objetivando reduzir as imperfeições existentes no processo interno de geração de produtos e serviços para venda”. Na figura a seguir, podemos observar um modelo de sistema de gestão da qualidade. Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo Melhoria contínua do sistema de gestão da qualidade Partes interessadas Satisfação Partes interessadas Responsabilidade da direção Responsabilidade do produto Gestão de recursos Medição, análise e melhoria Requisitos Produto Legenda Entrada Saída Atividades que agregam valor Fluxo de informação Fonte: ABNT (2000, p. 3). Nesse contexto, é importante observar que a qualidade das informações que servem de base para a análise dos custos de qualidade é fornecida pela controladoria. A partir desses dados, pode-se verificar como e onde ocorre o volume desses custos nos gastos gerais das empresas. A controladoria tem de assumir um papel de parceria, possibilitando que a informação crie um fluxo contínuo e ágil até os gestores. Ou seja, a controladoria, dentro de um ambiente de competitividade: precisa estar envolvida no processo decisório/operacional da empresa. Para tanto, um de seus instrumentais deve ser o da gestão estratégica de custos (CMS), principalmente quando a empresa está adotando ou pretendendo adotar o controle da produção por meio de sistemas integrados por computador (CIM). A CMS tem como ponto de apoio a contabilidade por atividades (ABC). (ROBLES JR., 2009, p. 150) 11 Ao determinar o papel da controladoria, Robles Jr. (2009) vê a necessidade de participação nos atos administrativos de forma proativa, passando a exercer uma efetiva parceria com as demais áreas funcionais da empresa. Essa posição levará a uma evolução das funções da controladoria, definidas anteriormente pelo “Controller Institute of America”, das quais destacamos as que estão relacionadas ao sistema de custos da qualidade, representadas na figura a seguir. Funções da controladoria relacionadas ao sistema de custos da qualidade Implantação e supervisão do plano contábil da empresa. Preparação e interpretação dos relatórios financeiros da empresa. Compilação dos custos de produção. Compilação dos custos de distribuição. Preparação e interpretação de estatísticas e relatórios para decisão administrativa. Fonte: Elaborada pelo autor (2020). As ações da controladoria são, portanto, percursoras de atitudes em prol da melhoria da qualidade e da redução dos custos com a falta de qualidade. Fechamento Nesta unidade, vimos a importância dos programas de qualidade, bem como as suas implicações com controle e estrutura divisionada. Vimos que a falta do controle da qualidade pode acarretar inúmeros prejuízos para a organização. Também conhecemos a lógica do sistema de produção, o qual considera os insumos e os produtos. Na sequência, vimos que os custos da qualidade podem ser classificados em custos de controle e custos das falhas dos controles, observando também qual o impacto desses custos nas organizações. Por fim, analisamos as consequências dos desperdícios e a relevância de haver uma controladoria em conjunto com a gestão da qualidade. 12 Referências Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9004: sistemas de gestão da qualidade: requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2000. NASCIMENTO, A. M.; REGINATO, L. Controladoria: instrumento de apoio ao processo decisório. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional: conceitos, estrutura, aplicação. 3. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2013. ROBLES JR., A. Custos da qualidade: aspectos econômicos da gestão de qualidade e da gestão ambiental. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Ferramentas da Qualidade SST Laurentino, Ana Claudia de Moura Ferramentas da Qualidade / Ana Claudia de Moura Lau- rentino Ano: 2020 nº de p.: 11 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Ferramentas da Qualidade 3 Apresentação Diversas ferramentas podem ser utilizadas para a gestão da qualidade de processos de empresas dos mais diferentes setores, inclusive o processo de software. Conheceremos, agora, cinco delas: fluxograma, diagrama de Ishikawa (espinha de peixe), folhas de verificação, diagrama de Pareto e histograma. Na sequência, compreenderemos as normas da qualidade de software, que facilitam o processo de padronização, dentre outros itens, relacionadas à qualidade de processos, serviços e produtos, como é o caso da ISO 9000, 9126 e 25010. Fluxograma, Diagrama Ishikawa e Folhas de Verificação O fluxograma é um recurso gráfico que auxilia na visualização das etapas do processo, possibilitando o uso de símbolos para marcar e identificar operações. Pode ser aplicado para mapeamento de fluxo geral ou específico, desmembrando as etapas existentes em etapas menores. As fases devem ser previamente analisadas, para que sejam delineadas na sequência. A figura a seguir apresenta um fluxograma de testes de rotinas de software, que identifica as atividades e o fluxo em que elas devem ser executadas. Fluxograma de Testes e Rotinas Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 4 Esse recurso facilita a compreensão do processo, simplificando-o em etapas bem divididas. Ele funciona bem como ferramenta de aprendizado do funcionamento geral do sistema e torna fácil a identificação de quais momentos e etapas apresentam as maiores dificuldades de execução do projeto. Vejamos algumas ferramentas da qualidade: a) Diagrama de Ishikawa: foi proposto para ajudar a lidar com a relação problema versus causa e trabalha com o formato de espinha de peixe. Mapeando os problemas e as causas, é possível identificar a causa raiz do problema observado. “Essa técnica gráfica que identifica muitas ações ou causas possíveis, exigidas para se atingir uma meta arquitetural desejada” (PRESSMAN, 2011, p. 278). A utilização desse recurso é feita por meio da escolha de um problema, que deve ser inserido no vértice da espinha de peixe, devendo ser dividido em categorias. Em geral, faz-se um brainstorm para que as possíveis causas sejam enumeradas. Nesse ponto, é necessário que sejam utilizadas definições operacionais para a identificação das causas. Os pontos positivos do uso dessa ferramenta estão no seu formato visual, que, ao fornecer uma perspectiva global e ao mesmo tempo em partes menores, facilita a percepção do problema, a detecção de suas causas e possíveis resoluções por meio de novas perspectivas. Diagrama de Ishikawa Fonte: Elaborada pelo autor (2020). b) Folhas de verificação: é um recurso importante no monitoramento de processos, pois agrupa informações que podem demonstrar desvios no padrão de comportamento apresentado pelo processo. A ferramenta funciona com base em dados de registros históricos coletados e que podem ser combinados para o estabelecimento de padrões numéricos, que são 5 frequentes ou indicativos da presença de algum erro. Para cada uma das finalidades propostas, deve ser elaborada uma folha de verificação. Essa ferramenta propõe uma forma estruturada e organizada para a análise de dados. De fácil compreensão, pode ser adaptada a diferentes propósitos. Exemplo de Folha de Verificação Problema Verificação Total Erro de Software II 2 Falha de Hardware IIII 5 Falha de Especificação III 3 Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Diagrama de Pareto e Histograma O Diagrama de Pareto busca demonstrar a validade da regra preestabelecida de 80/20, que define que 80% dos defeitos existentes em um produto estão concentrados em apenas 20% dos processos. Para sua utilização, os dados precisam ser coletados, registrados e classificados, podendo ser representados em gráficos dos mais diferentes formatos, inclusive no de pizza, conforme a figura a seguir. Os dados devem ser calculados e transpostos devidamente para o gráfico, segundo o formato escolhido. Gráfico 80/20 do diagrama de Pareto Fonte: Plataforma Deduca (2020). 6 a) Histograma: o uso de gráficos do tipo histograma é bastante frequente por causa de sua facilidade em representar informações sobre distribuição ou frequência de valores em formatos de barras. É necessário contar o número de ocorrências do evento que será demonstrado em forma de histograma, verificando o intervalo em que elas estão e aplicando os dados para a criação de um histograma. Essa ferramenta facilita a visualização de tendências e desvios inesperados. É um instrumento que pode ser aplicado a valores discretos e contínuos, sendo interessante também para a aplicação em grandes amostras de dados. Ferramenta de Qualidade Histograma Histograma é um gráfico amplamente conhecido e aplicável a diversas situações, inclusive auxiliando no sistema de gestão da qualidade de diversas empresas. Normas de Qualidade de Software A garantia da qualidade em diversos setores, assim como no desenvolvimento de software, é fundamental, por isso surgem normas que facilitam o processo de padronização, dentre outros itens, relacionadas à qualidade de processos, serviços e produtos. 7 A seguir, apresentaremos normas focadas no estabelecimento de um bom sistema de gestão da qualidade: as normas da família ISO 9000. Também serão abordadas normas específicas a respeito da qualidade de softwares ISO/IEC 9126-1 e ISO/IEC 25010. Para Sommerville (2011, p. 460), […] as normas ISO 9000 podem ser aplicadas a uma variedade de organizações, desde a produção até a indústria de serviços. A ISO 9001, a mais geral desses padrões, aplica-se a organizações que projetam, desenvolvem e mantêm produtos, incluindo software. Originalmente, a norma ISO 9001 foi desenvolvida em 1987 […]. A norma ISO 9001 não é propriamente um padrão para o desenvolvimento de software, mas é um framework para o desenvolvimento de padrões de software. Normas ISO 9000 Lançada em 2005, a ISO 9000 trata da gestão da qualidade de modo genérico, sendo aplicável a empresas de diferentes setores de comércio e serviços. 9126 A ISO 9126, definida em 2003, estabelece diretrizes para a garantia da qualidade de software, tendo sido substituída em 2011 por outra norma. 8 25010 A ISO 25010 foi divulgada em 2011 para substituir a 9126, agregando aspectos importantes sobre a compatibilidade e a segurança em produtos de software. As normas da família ISO 9000, compreendendo a ISO 9000 e a 9004, são todas direcionadas à garantia da qualidade nas fases de projeto, desenvolvimento, produção e prestação de serviços. Todos os esforços desse conjunto de normas são dedicados à prevenção de não conformidades, a fim de garantir um resultado satisfatório para os clientes. Além dessas, outras normas também dizem respeito a especificações relacionadas à qualidade: • ISO 8402 – Conceitos e Terminologia sobre Qualidade. • ISO 10011 – Diretrizes para Auditoria em Sistemas da Qualidade. • ISO 14000 – Qualidade Aplicada à Gestão Ambiental. A ISO 9000 pode ser aplicada por todo o tipo de empresa, de qualquer porte, atuante em qualquer setor. Mas é importante perceber que essa ISO trata apenas do sistema de gestão de qualidade, não se referindo ao produto ou serviço prestado em momento algum. Isso significa que essa norma não é capaz de melhorar a qualidade do produto da empresa, mas apenas de padronizá-la, garantindo que todos tenham um mesmo padrão de qualidade. Uma das grandes responsabilidades advindas da implantação dessa ISO é a necessidade constante de promover processos de auditoria interna, validando a conformidade dos processos internos. Ao contrário do que se pensa, não basta somente a parte de produção ou prestação do serviço se adequar às características propostas pela norma. A aplicação da família ISO 9000 requer o envolvimento de toda a empresa, especialmente da alta administração. 9 As normas preveem, além de regras para sua implantação, uma realimentação constante do sistema de gestão da qualidade, o que significa que ele deve ser frequentemente revisado, por meio de uma rotina de autoaperfeiçoamento. Curiosidade Toda a empresa necessitará trabalhar com a documentação das atividades relacionadas ao sistema, para consulta e verificação sempre que necessário. A documentação também é fundamental para a participação em processos de auditoria. A hierarquia dos documentos deve respeitar a seguinte ordem: • 1º Nível – Manual da Qualidade. • 2º Nível – Procedimentos. • 3º Nível – Instruções. • 4º Nível – Registros. No manual, é comum que estejam registradas as informações acerca do compromisso da empresa com a qualidade, suas políticas, seus princípios, suas responsabilidades e a própria descrição do sistema de gestão da qualidade. Nele, pode haver referência a especificidades dos procedimentos, sempre que se desejar relatar tais funcionalidades do sistema. 10 Fechamento Estudamos que a garantia da qualidade de software é primordial para o desenvolvimento de software, facilitando os processos de padronização, dentre outros itens, relacionadas à qualidade de processos, serviços e produtos. Para isso, são necessárias ferramentas da qualidade e normas de padronização. Dentre as ferramentas da qualidade conhecemos os fluxogramas, que auxiliam na visualização das etapas do processo; o diagrama de Ishikawa, que mapeia os problemas e as causas, identificando a causa raiz do problema observado; as folhas de verificação, importantes recursos no monitoramento de processos, agrupando informações que podem demonstrar desvios no padrão de comportamento. Estudamos também o diagrama de Pareto, que valida defeitos em produtos pela regra preestabelecida de 80/20, e a ferramenta histograma, que representa informações sobre distribuição ou frequência de valores em formatos de barras. Finalmente identificamos as principais normas que podem ser utilizadas para a garantia da qualidade do desenvolvimento de software, através da padronização dos processos, produtos e serviços, como a ISO 9000, que atua de modo genérico, a 9126, que estabelece diretrizes para a garantia da qualidade de software, e a 25010, que agrega aspectos importantes sobre a compatibilidade e a segurança em produtos de software. 11 Referências PRESSMAN, R. S.; MAXIM, B. R. Engenharia de software: uma abordagem profissional. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. SOMMERVILLE, I. Engenharia de software. Tradução de Kalinka Oliveira e Ivan Bosnic. 9. ed. São Paulo: Pearson, 2011. Gestão da qualidade sistema ISO 9000 SST Cabral, Elisabete Gestão da qualidade sistema ISSO 9000 / Elisabete Cabral Ano: 2020 nº de p.: 12 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 3 Gestão da qualidade sistema ISO 9000 Apresentação Nesta unidade iremos abordar a relação entre qualidade e produtividade, os principais fatores que influenciam a gestão da qualidade nas organizações, onde a qualidade é vista como ponto de partida para a sobrevivência da organização no mercado competitivo. Iremos destacar que os principais programas de qualidade relacionados a seus objetivos estão relacionados ao sistema ISO 9000 e seus agrupamentos relativos aos requisitos e às diretrizes, compreendendo a certificação ISO 9000 como um fator essencial para as organizações em termos de competitividade internacional. Fatores da qualidade Sobre gestão da qualidade, Chase, Jacobs e Aquilano (2006) definem o conceito como a gestão de toda a organização, com objetivos claros e que sobressaiam às dimensões dos produtos e serviços importantes para o cliente. Quadro 1 – Fatores principais da gestão da qualidade Fatores Significados Envolvimento da liderança Manter um envolvimento de longo prazo por parte da gerência com a filosofia da gestão da qualidade. Adoção e comunicação da gestão da qualidade Adotar ferramentas com o estabelecimento da missão, dos temas e dos slogans da companhia. Relacionamento mais próximo com o cliente Determinar as necessidades dos clientes. Relacionamento mais próximo com os fornecedores Trabalhar de forma mais próxima e cooperativa com os fornecedores. Benchmarking Adotar as melhores práticas dos concorrentes. Aumento do treinamento Incluir as habilidades das equipes para a solução de problemas. Organização aberta Conservar uma equipe com autonomia e comunicações horizontais abertas. 4 Poder de decisão delegada ao empregado Aumentar o envolvimento do empregado no projeto e dar maior autonomia a ele no poder de decisão. Mentalidade zero defeito Utilizar um sistema para eliminar as causas dos defeitos para que não haja retrabalho. Manufatura flexível Incluir produção just in time e outras ferramentas. Melhoria do processo Reduzir o desperdício de tempo dos ciclos em todas as áreas por meio de análise de processos interdepartamentais. Medidas Realizar orientações a constantes medidas de desempenho. Fonte: Adaptado de Moreira (2011) Com essa perspectiva, existem dois objetivos operacionais fundamentais: o primeiro se refere à elaboração cuidadosa do projeto do produto ou serviço; já o segundo se refere à garantia de que os sistemas organizacionais podem realizar o projeto de maneira consistente. Para que esses dois objetivos sejam alcançados, é necessário que toda a organização esteja engajada na gestão da qualidade total de seus produtos ou serviços. De acordo com Moreira (2011), a implantação de programas de qualidade traz histórias de sucesso e insucesso. Os programas de qualidade mais utilizados nas organizações visam o aumento de sua produtividade e eficiência. No quadro a seguir, acompanhe os principais programas e seus objetivos. Atente para a importância do just in time (JIT), ou operação enxuta, uma filosofia e método de produção bastante aplicado. Esse termo tem como base princípios disciplinados, a fim de melhorar a produção e eliminar os desperdícios, tanto de tempo como de recursos físicos, humanos e financeiros. Acesse e acompanhe também as vantagens e desvantagens da aplicação do JIT – cujo objetivo principal é produzir a quantidade demandada com qualidade perfeita – por meio do artigo “Just in time: conceito, definição e objetivos”, disponível em: https:// www.citisystems.com.br/just-in-time-conceito-significado/. Acesso em: 21 set. 2020. Saiba mais 5 Figura 1 – Just in time Fonte: Deduca, 2020 A exemplo da imagem, no JIT o aparelho se movimenta, e o operador fica em seu posto de trabalho desenvolvendo sempre a mesma tarefa. Isso gera especialização de mão de obra e redução de tempo, o chamado trabalho em linha. Quadro 2 – Principais programas de qualidade Programas de qualidade Objetivos Programa 5S Mobilizar, conscientizar e motivar a organização na busca da qualidade total por meio da disciplina no ambiente de trabalho. O nome desse programa foi originado das iniciais de cinco palavras japonesas: seiri (descarte), seiton (arrumação), seiso (limpeza), seiketsu (higiene) e shirsuke (disciplina). Programa de gerência da rotina diária Controle de produção que orienta e delimita a ação de todos em função da missão da empresa. Programa de gerência pelas diretrizes Planejamento estratégico fundamentado na visão dos gestores da organização em relação às expectativas. Programa de melhoria contínua A base da melhoria contínua está na utilização do método PDCA. Por meio do ciclo Plan, Do, Check, Act, é possível consolidar a padronização das práticas. Fonte: Elaborado pela autora (2020) 6 Os programas de qualidade total possuem pontos importantes que devem ser observados para que possam alcançar os objetivos propostos. Segundo Moreira (2011), esses fatores foram apresentados em um trabalho realizado por Tolovi Jr. (1994), que apontava os principais obstáculos aos programas de qualidade total. Não envolvimento da alta direção: preocupação da gerência em relação à qualidade de forma a acompanhar o modismo existente, sem focar na realidade e nas necessidades para o cumprimento real do programa. Ansiedade por resultados: os programas de qualidade total podem levar algum tempo para obter resultados satisfatórios. Isso se deve a mudanças comportamentais que devem ser efetuadas na organização. Desinteresse da gerência média: como um programa de qualidade total envolve todos os colaboradores de uma organização, se não for bem conduzido pode trazer resistências da média gerência, pois os colaboradores da área operacional exercem papel fundamental no programa. Planejamento inadequado: permitir sobressair uma tendência muito humana pode acontecer, a de passar à execução antes de ser efetuado um bom planejamento de todas as etapas de implantação do programa. Isso acarreta incertezas, indefinições e ambiguidades, que podem levar ao insucesso do programa. Treinamento malfeito: os programas de qualidade total envolvem todos os colaboradores, dando liberdade a opiniões em relação à execução das tarefas. Para isso, é fundamental que façam parte do planejamento e sejam feitos treinamentos para as áreas técnicas de solução de problemas, técnicas estatísticas simples, domínio de técnicas de reuniões e outros específicos das áreas. 7 Falta de apoio técnico: implantar programas de qualidade requer a utilização de técnicas de análise de dados, e isso acarreta em programas de treinamentos específicos, que darão suporte à utilização de ferramentas adequadas. Sistema de remuneração inconsistente: um programa de qualidade requer um sistema de remuneração adequado. O programa faz com que os colaboradores se envolvam, procurem melhorar suas atividades e, também, com que haja um processo participativo na administração. Em consequência, há a exigência de uma remuneração justa. Escolha inadequada de multiplicadores: o programa de qualidade demanda a disseminação de novas práticas e novos processos. Para isso, há a necessidade de multiplicadores, que irão fazer com que os conhecimentos adquiridos nos treinamentos sejam compartilhados com outros colaboradores. Isso requer que os multiplicadores sejam escolhidos com certos critérios, não só pela capacidade de comunicação, mas também pela motivação e pelo dinamismo necessário. Descuido com a motivação: o papel da motivação é fundamental nos programas de qualidade. Como são comportamentais, necessitam de reconhecimento pelo trabalho realizado. Os obstáculos relatados devem ser permanentemente observados para que a implantação de programas de qualidade total tenha sucesso e possa alcançar os objetivos propostos. A GQT não é apenas uma coleção de atividades e procedimentos; é baseada em uma política inabalável, que requer o cumprimento de acordos com requisitos claros, treinamentos contínuos, atenção aos relacionamentos e envolvimento dos colaboradores com a gerência, para que possam seguir com procedimentos padrão de melhoria contínua. 8 Sistema ISO 9000 O propósito da ISO é desenvolver e promover normas e padrões mundiais que traduzam o consenso sobre qualidade nos diferentes países do mundo, de forma a facilitar o comércio internacional. A ISO tem, em sua representação, 130 países-membros, sendo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a representante brasileira. A ISO 9000 é uma série de normas internacionais que foram desenvolvidas pela International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização), órgão europeu para a qualidade. A ideia é que os defeitos sejam evitados por meio de um planejamento, e que a aplicação das melhores práticas seja efetuada em cada estágio dos processos da organização, desde o projeto e a produção até a venda do produto ou prestação do serviço. O desenvolvimento dessas normas corresponde à identificação de critérios que atendam às exigências de seus clientes. Em um primeiro momento, as normas requerem que a organização implante seus sistemas para a gestão da qualidade para, na sequência, verificar sua conformidade por meio de auditorias confiáveis e independentes. São duas as categorias em que as normas são agrupadas: por requisitos e por diretrizes. As normas por requisitos são obrigatórias e ditam o que uma empresa deve fazer. Assim, as organizações se tornam certificadas ou em conformidade com as normas de requisitos. Acompanhe, no quadro a seguir, essa referência. Quadro 3 – ISO 9000: normas e seus agrupamentos Requisitos Diretrizes ISO 9001 Modelos para a garantia da qualidade: projeto, desenvolvimento, produção, instalação e prestação de serviços ISO 8402 Gestão e garantia da qualidade ISO 9002 Modelos para a garantia da qualidade: produção, instalação e prestação de serviços ISO 9000 Diretrizes para seleção e uso 9 ISO 9003 Modelos para a garantia da qualidade: inspeção e testes finais ISO 9004 Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade ISO 10012 Requisitos para equipamentos de medição ISO 10011 Diretrizes para a auditoria de sistemas da qualidade ISO 10013 Diretrizes para os manuais da qualidade Fonte: Adaptado de Chase, Jacobs e Aquilano (2006) As principais normas dentro do grupo são a ISO 9001, 9002, 9003 e 9004. As mais abrangentes são a 9001 e 9004, que se baseiam nas oito melhores práticas de gerenciamento da qualidade (MARTINS; ALT, 2009). Acompanhe cada uma dessas melhores práticas: • foco no cliente; • liderança; • envolvimento dos funcionários; • administração por processos; • visão sistemática para o gerenciamento; • melhoria contínua; • tomada de decisão baseada em fatos; • relação cliente-fornecedor mutuamente benéfica. Ao adotarem as normas ISO, as organizações aumentam sua produtividade e, por consequência, sua competitividade. Entretanto, para que haja reconhecimento tanto do mercado nacional como do internacional, as organizações precisam ser certificadas e, para isso, é necessário serem auditadas por auditoria externa independente, que esteja habilitada para creditar essa certificação. No próximo item você pode conferir como esse processo de certificação acontece. 10 Para compreender melhor a importância da implantação das normas ISO, acesse e acompanhe alguns estudos de caso de várias organizações que, após a sua implementação, aumentaram seus lucros, fizeram economia e foram fidelizados por seus clientes com a melhoria de seus produtos e serviços. A sugestão de leitura é o artigo “Estudos de caso da ISO 9001 – Gestão da qualidade”, disponível em: https://www.bsigroup.com/pt-BR/ISO- 9001-Gestao-da-Qualidade/Estudos-de-caso-da-ISO-9001/. Acesso em: 21 set. 2020. Saiba mais Certificação ISO 9000 A certificação é importante para as organizações em termos de competitividade no mercado internacional. O certificado pode servir de referência quando da escolha de um fornecedor ou, mesmo, quando esse fornecedor é novo para o cliente. Vamos supor que você trabalha em uma indústria e precisa comprar peças que estão faltando para a produção de um dos produtos. Você pesquisa no mercado e encontra, pelo menos, três fabricantes diferentes do está procurando. Esses fornecedores estão oferecendo o mesmo produto, com as mesmas facilidades para pagamento e as mesmas especificações. Mas você observa que uma dessas empresas é certificada pela ISO 9000. Sua tomada de decisão tenderá para esse fornecedor, pois a ISO 9000 garante, por meio de padrões estabelecidos, como esse fornecedor opera, seus cumprimentos de prazo, padrões de qualidade e níveis de serviço. Segundo Chase, Jacobs e Aquilano (2006), há três formas de certificação: • uma empresa audita a si própria em relação às normas ISO 9000; • um cliente audita seu fornecedor; • uma agência qualificada nacional ou internacionalmente fornece a certifica- ção. 11 A melhor opção é ser auditada por uma agência de qualidade, pois a certificação efetuada é reconhecida internacionalmente. Para que haja essa certificação, é necessário que sejam cumpridas fases de elaboração de procedimentos e de manuais, de realização de auditorias em toda a empresa, com ações corretivas necessárias e, em uma fase final de certificação, auditorias para a certificação final. Após a certificação, há a necessidade de realizar auditorias a cada seis meses com acompanhamento no período de um ano, de acordo com o que foi contratado junto à empresa que efetuou a auditoria. Nesse período, caso sejam observadas não conformidades pelas auditorias e não haja correção das falhas apontadas, a organização poderá perder sua certificação. Fechamento Nesta unidade você pôde compreender a relação entre qualidade e produtividade, as abordagens dos principais fatores que influenciam a gestão da qualidade nas organizações, em que a qualidade é vista como ponto de partida para a sobrevivência da organização no mercado competitivo. Os principais programas de qualidade em conjunto aos seus objetivos estão relacionados ao sistema ISO 9000, e seus agrupamentos relacionados aos requisitos e às diretrizes. A certificação ISO 9000 atua hoje como um fator essencial para as organizações em termos de competitividade internacional. 12 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9000: sistema de gestão da qualidade: fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9001: sistema de gestão da qualidade: requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Administração da produção e operações para vantagens competitivas. 11. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. ESTUDOS de caso da ISO 9001: gestão da qualidade. São Paulo, [s. n.], 2020. Disponível em: https://www.bsigroup.com/pt-BR/ISO-9001-Gestao-da-Qualidade/ Estudos-de-caso-da-ISO-9001/. Acesso em: 21 set. 2020. MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009. MOREIRA, D. Administração da produção e operações. São Paulo: Saraiva, 2012. (Série Temas essenciais de administração). SILVEIRA, C. B. Just in time: conceito, definição e objetivos. Citisystems, São Paulo, 2017. Disponível em: https://www.citisystems.com.br/just-in-time-conceito- significado/. Acesso em: 21 set. 2020. TOLOVI, J. R. Por que os programas de qualidade falham? Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 34, n. 6, p. 6-11, nov./dez. 1994. Disponível em: https:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901994000600002. Acesso em: 21 set. 2020. https://www.bsigroup.com/pt-BR/ISO-9001-Gestao-da-Qualidade/Estudos-de-caso-da-ISO-9001/ https://www.bsigroup.com/pt-BR/ISO-9001-Gestao-da-Qualidade/Estudos-de-caso-da-ISO-9001/ https://www.citisystems.com.br/just-in-time-conceito-significado/ https://www.citisystems.com.br/just-in-time-conceito-significado/ https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901994000600002 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901994000600002 Princípios e Requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9000 SST Schirigatti, Jackson Princípios e Requisitos do Sistema de Gestão da Quali- dade ISO 9000 / Jackson Schirigatti Ano: 2020 nº de p. : 12 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Princípios e Requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9000 3 Apresentação Nessa unidade, veremos a importância da ISO 9000, bem como, os princípios e os requisitos para esse sistema. ISO 9000 está relacionada com a satisfação de requisitos pelas características dos produtos e serviços, sendo um grupo de normas técnicas que vão estabelecer um modelo de gestão da qualidade para organizações em geral, seja ela qualquer dimensão existente. Essas normas, portanto, tem como papel fundamental definir as condições mínimas de gestão de produtos e serviços. Também iremos estudar os princípios da ISO 9000, que são oito: redução de custos, aumento de produtividade, satisfação do cliente, responsabilidade social e redução do impacto ambiental, bem como, abordagem por processos e envolvimento de pessoas. Princípios e requisitos do sistema de gestão da qualidade ISO 9000 Você já observou que o gerenciamento se tornou um círculo virtuoso e importante para a medição e análise de resultados de ações de melhoria? Curiosidade O gerenciamento da qualidade é entendido como uma estratégia que possui os objetivos de conquistar mercados e reduzir desperdícios. Sabemos que atingir esses dois objetivos não é uma tarefa fácil, e requer um grande esforço de gestão para a racionalização e padronização do trabalho, pois exige melhorias em todo o processo de planejamento, produção, entrega e assistência do produto, e também para os serviços. A conquista de mercado se refere a atender à necessidade do cliente que, ao adquirir um produto ou serviço, tem em mente a relação “custo-benefício”. Oferecer um produto de menor preço e maior desempenho é um desafio para todas as empresas. 4 É nesse sentido que as organizações procuram implantar um sistema de gestão da qualidade que consiga atender ao segundo objetivo, reduzindo desperdícios e aumentando o faturamento. É possível, ainda, acrescentar dois outros fatores que, na atualidade, estão se tornando um diferencial para o consumidor: a responsabilidade social e o impacto ambiental, ou seja, as relações da empresa com os seus trabalhadores e com a comunidade local, e a interferência ambiental causada pela produção e utilização do produto. Atenção Gerenciamento da qualidade Podemos concluir que o gerenciamento da qualidade é uma combinação dessas cinco premissas, que são princípios norteadores de um sistema de gestão da qualidade: Requisitos do produtor, do cliente, trabalhador e comunidade Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Percebeu que os princípios são interconectados e que o resultado dessa aplicação será uma maior produtividade e, consequentemente, uma maior competitividade? Aumento de Produtividade 5 ISO 9000 Com a preocupação generalizada e uma onda de globalização, incentivada a partir da década de 1970, tornaram-se necessárias a formalização, a formatação e a padronização dos conceitos e princípios da qualidade pela sistematização da gestão da qualidade (normalização). Para Oliveira (2012, p. 57), [...] a normalização é a atividade que estabelece, em relação aos problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em determinado contexto. Reflita Esses conceitos e princípios consistem em um conjunto de elementos que permitem a orientação dos objetivos empresariais, por intermédio da garantia da confiabilidade no fornecimento de produtos e serviços. Oliveira (2012) ressalta também que, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, são objetivos da normalização: • Realizar a economia, ou seja, proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos; 6 • Realizar a comunicação, ou seja, proporcionar meios eficientes na troca de informação entre os stakeholders; • Proporcionar segurança, protegendo a vida humana e saúde; • Proporcionar proteção ao consumidor, provendo a sociedade de meios eficazes para aferir qualidade aos produtos e eliminação de barreiras técnicas e comerciais; • Evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos ou serviços em diferentes países. As normas ISO 9000 surgiram na década de 1980, após o amadurecimento da preocupação com a qualidade e da crescente globalização dos mercados, tornando- se uma referência de reconhecimento de qualidade, um padrão internacional para as organizações de produtos e serviços. 7 Especificamente em 1987, foi publicada a série de normas ISO 9000 e o padrão BS5750 (British Standards Institution – BSI), primeiro padrão comercial para sistemas de qualidade, incorporado ao padrão ISO 9001, uma das séries da ISO 9000. Curiosidade O conceito da ISO 9000 está relacionado, portanto, com a satisfação de requisitos pelas características dos produtos e serviços. Oliveira (2012, p. 57) comenta que [...] essas normas são acordos feitos entre duas partes (fornecedor e cliente) e possuem o papel fundamental de definir sob quais condições mínimas de gestão os produtos e serviços devem ser produzidos e comercializados, de maneira a se garantir sua padronização e, consequentemente, levar garantias de qualidade para os clientes. A ISO 9000 preconiza oito princípios, apresentados no quadro a seguir com as devidas descrições, que são extensões dos cinco princípios apresentados anteriormente (redução de custos, aumento de produtividade, satisfação do cliente, responsabilidade social e redução do impacto ambiental), pois focam nos requisitos do cliente e dos funcionários, na forma como trabalham, ou seja, nos processos (abordagem por processos), e se estão satisfeitos e motivados (envolvimento de pessoas). Princípios de gestão da ISO 9000 Princípios da ISO 9000 (NBR ISO 9000:2005) Princípios Descrição Foco no cliente (por que focar?) • As empresas dependem de seus clientes. • Deve-se compreender as necessidades dos clientes. • Conhecer melhor o seu cliente para superar suas expectativas em relação a produtos e serviços. • Gerenciar a realização do produto para o atendimento dos clientes e reduzir os desperdícios e custos de não qualidade. • Comunicar e entender quais são os requisitos do cliente. • O cliente é a preocupação central da empresa no presente e futuro. 8 Liderança • Estabelecer uma visão a longo prazo de comprometimento com a qualidade. • Os colaboradores devem compreender os propósitos da liderança para que haja envolvimento e cultura de qualidade. • Os princípios de qualidade devem ser repetidos, reforçados e estimulados na prática pela influência e habilidade do líder. • Os princípios de liderança são fundamentais para aplicar os princípios da qualidade. • A liderança deve estimular e motivar a equipe para atingir os princípios da qualidade. Envolvimento de pessoas • Para alcançar um nível de excelência, a liderança deve envolver a equipe no processo de tomada de decisões. • Fazer com que os colaboradores acreditem no trabalho, espírito de colaboração e iniciativa por meio da sinalização da liderança com relação à importância da qualidade para a empresa. • Propiciar o desenvolvimento das pessoas traz benefícios a empresa. Abordagem por processo • Utilizar a abordagem por processo (modelo de processo). • Considerar que cada atividade da empresa é um processo e todos estão interconectados. • Os processos ajudam a visualizar, controlar, mensurar e melhorar o desempenho das atividades organizacionais. • Um processo é constituído de entrada, processamento e saída de informação, produto ou serviço. Entretanto, também é constituído de regras, políticas, normas e recursos, como máquinas, tecnologia, financeiro e pessoas. • Em empresas com visão por processos, os resultados podem ser alcançados com maior eficiência. • Quando se trabalha com processos, é necessário definir uma matriz de responsabilidades, ou seja, quem é responsável pelo processo, quem deve ser consultado, quem deve ser informado e quem deve prestar contas no processo. • Uma empresa baseada em processos promove a análise da organização mediante uma visão funcional e departamental, interação entre os processos e na identificação de conformidades e não conformidades e os seus responsáveis. Abordagem sistê- mica para gestão • Compreender a empresa como um sistema, ou seja, é necessária uma visualização de todas as atividades inter-relacionadas que integram a organização. • Devido às inter-relações entre as atividades, uma ação que atua em uma das conexões do sistema pode afetar parte ou todo o sistema. Melhoria contínua • Refere-se à racionalização das atividades. • Incorporação de qualidade aos processos. • Estabelece uma visão sistêmica do negócio e a integração de todos os princípios. • Está relacionada ao ciclo de melhoria contínua PDCA (clientes possuem desejos contínuos, líderes devem verificar esses requisitos e transmitir aos funcionários). • A melhoria contínua do desempenho global deve ser permanente, e não temporária. • A padronização das atividades visa ao atendimento dos requisitos do cliente, colaboradores, produtores e fornecedores, e à redução dos desperdícios 9 Abordagem por fatos para a tomada de decisões • Baseada em informações quantitativas e qualitativas decorrentes da análise atual, por meio dos indicadores de desempenho e auditorias (fatos), para a tomada de decisões corretas. • A padronização por processos ajuda a criar indicadores de desempenho para a tomada de decisão correta. • Monitoramento constante das situações para a melhoria do processo e atingimento da meta estabelecida. Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores • Utilizar o princípio do “ganha-ganha” estreitando laços de confiança. • A qualidade dos produtos e serviços de uma empresa depende da qualidade e serviços dos fornecedores. • Criar uma relação mútua benéfica com fornecedores. Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Além desses, os princípios compreendem a relação mútua com os fornecedores, melhoria contínua (PDCA – Plan, Do, Check e Act) e uma visão de gestão sistêmica. Tais princípios estão estabelecidos até a última série da ISO 9000, a ISO 9001:2015. Vamos aprender agora o conjunto de normas da qualidade publicadas pela ISO, conhecido como séries da ISO 9000: ISO 9000:2005 Trata dos fundamentos e vocabulário, apresenta os princípios de gestão que fundamentam o sistema, além dos termos da ISO. ISO 9000:2015 Trata dos requisitos e confere a formalização de processos, normas e métodos da empresa; sua principal finalidade é a certificação de sistemas da qualidade segundo seus requisitos. A NBR ISO 9001:2015 é sua versão brasileira, divulgada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Algumas normas se assemelham à ISO 9001, como veremos na sequência: 10 ISO TS/16949 Especificação técnica fundamentada na ISO 9001, desenvolvida pela IATF (International Automotive Task Force), que define os requisitos do sistema de qualidade para a cadeia de fornecedores da indústria automotiva, proporcionando melhoria contínua e evitando a prevenção de defeitos e a redução de desperdícios. Alinhada às certificadoras internacionais, como a norte-americana (AIAG), a alemã (VDA), a francesa (FIEV), a italiana (AVSQ) e a inglesa (SMMT). TS significa Technical Specification (Especificação Técnica). TL 9000 Para a indústria de telecomunicações, foi desenvolvida em 1998 pela Quality Excellence for Supplier of Telecommunications (QuEST), como uma extensão da ISO 9001. Essa norma é dividida em dois componentes: gestão e medição. Promove melhoria contínua nas relações com o cliente e obtém benefícios como a redução de riscos e custos no estágio inicial. ISO/IEC 90003 Destinada à indústria de software de computadores. ISO 13485 Define os requisitos da qualidade do sistema de gestão da qualidade para os fabricantes e fornecedores de dispositivos e serviços médicos. AS 9000 Destinada à indústria aeroespacial. ISO/TS 29001 Regula o sistema de gestão da qualidade da indústria petrolífera, satisfazendo os requisitos de prevenção e gestão de riscos operacionais, obtenção e continuidade dos negócios em cenários adversos, redução de custos, segurança pessoal, proteção do meio ambiente e redução de desperdícios. 11 Perceba que as normas descritas, além de atenderem aos requisitos da ISO 9001, atendem a requisitos específicos de cada área ou setor das indústrias automotiva, de telecomunicações, de software, aeroespacial e petrolífera. Digamos que a norma ISO 9001 é uma norma que atende aos requisitos principais e genéricos como foco no cliente, gestão, processos e pessoal. Temos também a norma 9004:2010, que fornece diretrizes fundamentais para uma organização se manter de maneira sustentável. Fechamento Essa unidade, portanto, que o gerenciamento da qualidade é uma estratégia que possui o objetivo de conquistar mercados – que significa atender à necessidade do cliente, que tem a visão do custo-benefício , reduzindo desperdícios, buscando melhorias em todo o processo de planejamento, produção, entrega e assistência do produto, bem como, para os serviços prestados. Também estudamos que o gerenciamento da qualidade é uma combinação de cinco premissas: redução de custos, aumento de produtividade, satisfação do cliente, responsabilidade social e redução do impacto ambiental. Bem como, salientou que as normas ISO 9000 surgiram na década de 1980, devido a diversas discussões sobre a qualidade e crescente globalização dos mercados, sendo referência de reconhecimento de qualidade – um padrão internacional. 12 Referências OLIVEIRA, O. J. Gestão da qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Cengage, 2012. Como implantar um sistema de gestão da qualidade SST SCHIRIGATTI, J. Como implantar um sistema de gestão da qualidade / Jackson Schirigatti Ano: 2020 nº de p.: 9 páginas Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 3 Como implantar um sistema de gestão da qualidade Apresentação Nessa unidade, trabalharemos o passo a passo de como implantar um sistema de gestão da qualidade em uma organização. Para tal, ressaltaremos as etapas usadas para que se possa implantar de forma efetiva esse sistema, sendo: Avaliação preliminar de gestão da qualidade; Levantamento de necessidades; Projeto do sistema de qualidade e Auditoria de certificação. Também serão discutidos os modelos de qualidade ISO de referência da qualidade CMMI e modelo de melhoria de processo de software MPS-BR e, além do mais, as características dos projetos, entendendo que são entregues dois tipos de projetos, os produtos chamados de tangíveis e os produtos que são chamados de intangíveis. Como implantar um sistema de gestão da qualidade A implantação de um sistema de gestão da qualidade é definida em quatro etapas. Contudo, é necessário realizar uma avaliação preliminar das práticas de gestão da qualidade na organização, para uma visão mais clara do processo. Etapas de avaliação Etapa I Avaliação preliminar de gestão da qualidade; Etapa II Levantamento de necessidades; Etapa III Projeto do sistema de qualidade; Etapa IV Implantação e execução do sistema de qualidade Etapa V Auditoria de certificação. Fonte: Organizado pelo autor 4 Vejamos, agora, o que são cada uma dessas etapas: Primeira etapa: definir coordenador e comitê de qualidade. A formação dos envolvidos deve ser realizada com um representante da direção da organização e outro funcionário que represente a direção da qualidade. Após a definição dos representantes, é necessária uma avaliação da gestão da qualidade existente na organização, sobre as práticas de qualidade nas estruturas de processos existentes etc. Segunda etapa: identificar as atividades críticas para a garantia da qualidade por meio do mapeamento de processos críticos da organização (visto no estudo de modelagem e mapeamento de processos). Terceira etapa: definir a política e os objetivos da qualidade (comunicação e conscientização dos funcionários). Também é realizada a estruturação do sistema documental, ou seja, a padronização de documentação do sistema da qualidade, critérios de codificação dos documentos e outros critérios para a elaboração, aprovação, validação e distribuição. Depois, devem-se definir os procedimentos e as instruções do sistema de qualidade em uma primeira versão do manual, contendo o propósito e conteúdo da normalização. Tais procedimentos seguem a sequência: (1) realização do produto; (2) produto não conforme; (3) gestão de recursos físicos; (4) gestão de recursos humanos; (5) procedimento de auditoria interna; (6) análise crítica para a melhoria contínua do sistema; (7) ação corretiva e ação preventiva. Quarta etapa: implantação do sistema, que envolve treinamentos nos procedimentos e instruções de trabalho, implantação dos sistemas e instruções, revisão dos procedimentos e documentação, treinamento dos auditores e auditoria interna, e análise das auditorias e definição dos planos de ação, bem como o acompanhamento das ações de melhoria. 5 Quinta etapa: concluído o processo de implantação do sistema de qualidade mediante certificação, deve-se definir o organismo certificador, o planejamento e a realização da auditoria externa e as devidas ações para a melhoria do sistema. Já compreendidas quais são as etapas do processo de implantação do sistema de gestão da qualidade, veremos agora que existem alguns modelos específicos para a integração de metodologias e boas práticas de desenvolvimento de software. Modelos de qualidade ISO de referência da qualidade CMMI e modelo de melhoria de processo de software MPS-BR Além dos modelos ISO 9126 e ISO 12207, que tratam da qualidade do processo de desenvolvimento do produto de software, outros modelos surgiram nas últimas décadas com uma série de melhores práticas para a tecnologia da informação. Dentro do escopo de modelos de referência para o desenvolvimento de software, estão o CMMI (Capability Maturity Model Integration) e o MPS-BR-SW (modelo brasileiro do processo de software). Antes de estudarmos as melhores práticas de processo de software, vejamos os conceitos de gestão de projetos e as metodologias tradicionais e ágeis de software. Assim, poderemos compreender os modelos de referência de boas práticas de desenvolvimento de produtos e projetos de sistema de software. Atualmente, as organizações estão preocupadas com as execuções de suas atividades rotineiras e com os seus projetos de sistemas, negócios, infraestrutura, linhas de produção, softwares etc. Por isso, hoje são imprescindíveis o entendimento e a utilização das boas práticas e métodos eficientes de gerenciamento de projetos, em diversos segmentos de mercado e negócios, adaptando e combinando as diferentes metodologias 6 e orientações, como a do PMI (Project Management Institute), PRINCE2, ISO 21500:2012 e outras orientações de gerenciamento de projetos. A norma ABNT ISO 21500:2012 fornece diretrizes para o gerenciamento de projetos e pode ser usada por qualquer tipo de organização, incluindo públicas, privadas ou organizações comunitárias, e para qualquer tipo de projeto, independentemente de complexidade, tamanho ou duração. Já o PRINCE2 é um método de gerenciamento de projetos não proprietário genérico. É um framework completo para o projeto, isolando o gerenciamento com o esforço do projeto. Curiosidade Característica dos projetos Na administração moderna de projetos, são realizadas entregas de produtos tangíveis e intangíveis. As entregas tangíveis são de produtos físicos, como construção civil, fabricação de produtos e equipamentos, implantação de redes de comunicação com relação à infraestrutura cambiável e de equipamentos. Setor Industrial, que produz máquinas, equipamentos, e bens de consumo Fonte: Plataforma Deduca (2020). 7 E chamamos de intangíveis os produtos que estão relacionados ao conceito da informação, como pesquisa e desenvolvimento, consultoria, software, projetos de análise de sistemas e banco de dados (parte lógica do projeto, como a modelagem e diagramação). Conhecimento a partir de pesquisa e desenvolvimento Fonte: Plataforma Deduca (2020). Apesar das definições de projetos que apresentam características de temporariedade e singularidade, existem outros aspectos que caracterizam os projetos: Complexidade: quantidade de variáveis que contém, como as relações humanas (complexidade relacional, ligada ao comportamento); Incerteza: desconhecimento sobre os objetivos, escopo, prazos e métodos (falta de informação necessária). Quanto maior o desconhecimento desses componentes, maiores são os riscos e as incertezas; 8 Grau de familiaridade: ou de maturidade, está ligado à familiaridade com projetos, ferramentas e requisitos para a administração dos projetos. O grau de familiaridade é o componente que aumenta o grau de complexidade e incerteza em um projeto na organização; Contexto e dificuldade: questões técnicas (grau de dificuldade de construção de um produto). Fechamento Concluímos que, para que se possa produzir um projeto, são necessárias quatro etapas: avaliação da gestão da qualidade já existente na organização ; identificação dos requisitos do cliente; definição da política e dos objetivos da qualidade, treinamentos nos procedimentos e instruções de trabalho, e a certificação. Quanto aos modelos de qualidade, destacam-se, além dos modelos ISO 9126 e ISO 12207 que são referência para o desenvolvimento de software, o CMMI (Capability Maturity Model Integration) e o MPS-BR-SW (modelo brasileiro do processo de software). Para finalizar, estudamos que o projeto necessita de determinadas características para ser válido, entendendo que é possível entregar produtos tangíveis e produtos intangíveis. 9 Referências FERNANDES, A. R.; ABREU, V. F. de. Implantando a governança de TI: da estratégia à gestão de processos e serviços. 4. ed. [S.l.]: Editora Brasport, 2014. OLIVEIRA, O. J. Gestão da qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Cengage, 2012. ISO 9000 SST Laurentino, Ana Cláudia de Moura ISO 9000 / Ana Cláudia de Moura Laurentino nº de p.: 11 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. ISO 9000 3 Apresentação Em nosso estudo, compreenderemos que a norma ISO é um importante diferencial do mercado e que pode ser utilizada como uma abordagem de garantia da qualidade através da garantia de regulamentação nacional, internacional e interna da organização. Compreenderemos também as formas de implantação da ISO, os itens a serem validados para a emissão da certificação e os objetivos da família da normas ISO 9000, além de comentários da norma ISO 25010 substituta da ISO 9126, que trata da qualidade de produção de software. Vantagens e benefícios da implementação da Norma ISO As empresas implementam as normas ISO porque essa certificação indica serviços ou entrega de produtos de qualidade, sendo, portanto, um importante diferencial de mercado. A certificação garante que elas estarão de acordo com: • regulamentações e normas brasileiras; • normas internacionais; • normas internas. Concluímos que a certificação ISO oferece credibilidade à empresa frente a concorrentes que não a possuem. Isso faz com que muitas empresas busquem adquirir o certificado ISO 9000. Atenção 4 Ao aderir à ISO, a empresa poderá observar todas ou algumas das seguintes vantagens: • boa reputação; • reconhecimento como empresa organizada e responsável; • redução de danos e perdas; • diminuição de reparos e manutenção; • maior produtividade; • padronização dos produtos ou serviços. Os clientes também podem observar importantes benefícios ao se relacionarem com empresas certificadas. Algumas dessas vantagens podem ser representadas por: • mais segurança ao contratar a empresa; • garantia de que a empresa se preocupa com o meio ambiente; • redução do risco de problemas na relação entre empresa e consumidor; • valorização da satisfação do cliente. Embora o processo de implementação da ISO possa ser extremamente trabalhoso e exigente para os colaboradores, estes poderão também colher os frutos da certificação, tais como: • diminuição de conflitos e não conformidades; • qualificação individual e da equipe; • maior controle e conhecimento sobre o preço de produção ou prestação de serviços; • melhoria da segurança no trabalho. Como implantar a ISO? A implantação da ISO pode ser feita de três formas diferentes: • 1ª forma: é possível aderir à ISO 9000 contratando-se uma empresa especia- lizada para fornecer toda a consultoria necessária para a certificação. Essa empresa é responsável por definir, registrar e incorporar a norma à empresa. Essa é a forma mais rápida de se realizar a implantação, não comprometendo a mão de obra dos próprios funcionários. O grande empecilho dessa forma está relacionado ao alto custo de contratação de uma empresa especializada 5 e ao fato de que, sem a participação dos funcionários, o engajamento deles tende a ser pouco. • 2ª forma: outra possibilidade para a implantação da ISO é escolher um fun- cionário ou um pequeno grupo para se responsabilizar por todo o processo de adequação da empresa. Essa é uma opção barata e que não compromete o tempo de trabalho de todos os funcionários. Porém, com essa opção, a im- plantação tende a ser muito demorada e rejeitada pelos demais funcionários que não participaram do processo de implantação. • 3ª forma: a última opção é envolver toda a empresa no processo de adequa- ção às propostas da norma. Assim, todos os futuros envolvidos no sistema de gestão farão parte de sua construção, o que produz interesse e engajamento. O processo pode levar a conflitos internos, principalmente ao longo das toma- das de decisão. Como alcançar a ISO Fonte: Plataforma Deduca (2020). Uma empresa só se torna certificada ISO 9000 após passar por um processo rigoroso de auditoria. Esse processo é feito por auditores, que vão até a empresa para verificar aquilo que está sendo aplicado. Os auditores emitem, então, um relatório, que é enviado a um órgão certificador que, por sua vez, emite o certificado validando os seguintes itens: • responsabilidade da administração: as políticas de qualidade devem ser de- finidas, documentadas, implementadas e constantemente melhoradas. Tam- bém é necessário que seja definido um responsável pelo sistema de gestão da qualidade; • sistema de gestão da qualidade: além de ser implementado, deve ser total- mente registrado no manual; 6 • análise dos contratos: em contratos, a empresa deve se comprometer apenas com as exigências cujos recursos possui para poder cumpri-las; • controle de documentos: deve haver forma para que os documentos sejam sempre controlados, mantidos, modificados e revisados; • controle de projetos: as atividades de todas as fases do projeto devem ser documentadas; • controle de processos: todas as fases do processo de produção devem ser documentadas; • controle de produtos: a qualidade do produto deve ser controlada e aqueles que estão fora do padrão não podem ser utilizados sem a devida informação de seu estado; Processo de auditoria. Fonte: Plataforma Deduca (2020). • entrada de matéria-prima: a qualidade das matérias-primas que serão utiliza- das na produção deve ser validada; • identificação e rastreabilidade dos produtos: os produtos devem ser identifi- cados com informações como item, lote etc., para que seja possível identifi- cá-los e rastreá-los; • ação corretiva: sempre que um produto não conforme for encontrado, a causa disso deve ser identificada, bem como formas para evitar que isso aconteça novamente; • manuseio e armazenamento: devem ser estabelecidas formas de manuseio, armazenamento, embalagem e envio dos produtos; 7 • registros de qualidade: toda a qualidade, ao longo do processo de produção, deve ser documentada; • auditorias internas: a empresa deve propor formas internas de autoavaliar o seu sistema de gestão da qualidade; • treinamento: os funcionários devem ser treinados e atualizados sempre que for necessário; • assistência técnica: a empresa deve estabelecer como será ofertada a assis- tência técnica ao produto da empresa. As normas da família Dentre as cinco normas da família ISO 9000, algumas destinam-se apenas ao oferecimento de uma espécie de guia, enquanto outras oferecem modelos que devem ser implementados. Apenas as do segundo tipo geram certificados para as empresas. São normas guias: • 9000; • 9004. São normas modelos: • 9001; • 9002; • 9003. A norma ISO 9000 fornece a conceituação da qualidade, apresentando um direcionamento sobre o que deve ser feito para a implementação das demais normas presentes na família. ISO 9001 Define diretrizes que devem ser seguidas para a garantia da qualidade em projetos, produção, instalação, assistência técnica etc. Suas especificações dizem respeito a todos os processos da empresa. 8 ISO 9002 Trata apenas da garantia de qualidade nas etapas de produção, instalação e fornecimento de assistência técnica. ISO 9003 Fornece diretrizes para a garantia da qualidade na inspeção e no ensaio final de produtos. ISO 9004 Traz diretrizes para a implantação do sistema de gestão da qualidade, abordando aspectos técnicos e humanos que podem impactar a qualidade dos produtos e/ou serviços que a empresa oferece. ISO/IEC 9126-1 Trata especificamente da qualidade em produtos de software, recebendo o título de “Engenharia de Software – Qualidade do Produto”. Durante muito tempo, essa foi a norma estabelecida especificamente para softwares, tendo sido substituída em 2011 pela ISO 25010. Para Sommerville (2011, p. 5) a Engenharia de Software “se preocupa com todos os aspectos de produção de software, desde os estágios iniciais da especificação do sistema até a sua manutenção, quando o sistema já está sendo usado”. De acordo com Pressman e Maxim (2011, p. 418), […] o padrão ISO 9126 foi desenvolvido com uma tentativa de identificar os atributos fundamentais de qualidade para software de computador. O padrão identifica seis atributos fundamentais de qualidade, como a [funcionalidade, confiabilidade, usabilidade, eficiência, facilidade de manutenção e portabilidade]. O seu conteúdo pode ser dividido em quatro partes fundamentais: modelo de qualidade, métricas externas, métricas internas e métricas de qualidade em uso. 9 As definições estabelecidas por essa norma são aplicáveis aos mais diferentes tipos de software, programas etc. São fornecidas terminologia e estrutura para o tratamento da qualidade e os requisitos de software. Dentro da ISO, há recursos para especificar e avaliar a qualidade do produto de software a partir de diferentes pontos de vista: aquisição; requisitos; desenvolvimento; utilização; avaliação; apoio; manutenção. Avaliação da qualidade. Fonte: Plataforma Deduca (2020). Desenvolvedores, analistas e gestores, entre outros, podem utilizar as informações contidas na ISO para: identificar e validar requisitos; levantar objetivos do projeto de software; conhecer critérios da garantia de qualidade; definir objetivos para os testes de software; estabelecer critérios de aceitação do produto. Com relação ao processo de avaliação, o primeiro passo para implementá-lo é estabelecer as características que serão aplicadas ao software em questão. Isso deve ser feito antes do seu desenvolvimento. Depois disso, devem ser definidas as métricas de qualidade que serão utilizadas no processo de avaliação. Para cada um dos atributos, devem ser associados valores numéricos. 10 É possível que algumas métricas sejam mais relevantes em determinadas etapas do desenvolvimento do software do que em outras. A pontuação deve ser definida e devem ser verificados que critérios estão dentro do que se esperava deles. A partir da pontuação obtida, determina-se a aceitação ou não da qualidade apresentada pelo produto. Atenção Já a ISO 25010 foi proposta em 2011 para substituir a ISO 9126, proposta em 2003, mantendo suas características, mas acrescentando novos aspectos importantes de qualidade da segurança e compatibilidade. Essa norma revisou a nomenclatura e organização de alguns indicadores e propôs a inserção da compatibilidade. São estabelecidas, pela respectiva norma, oito características de qualidade: adequação funcional; eficiência de desempenho; compatibilidade; usabilidade; confiabilidade; segurança; manutenção; portabilidade. Fechamento Estudamos que a organização que implementa a norma ISO assegura a qualidade em seus processos, obtendo vantagens e benefícios, como boa reputação, reconhecimento como empresa organizada e responsável, reduzindo os danos e perdas, diminuindo os reparos e manutenção e aumentando a sua produtividade e padronização dos produtos ou serviços. Compreendemos que toda empresa que obtém a certificação ISO reduz os seus conflitos e não conformidades; qualifica as equipes e obtém um maior controle e conhecimento sobre o preço de produção ou prestação de serviços. Estudados também as formas de implantação da ISO, as famílias da norma ISO 9000 e sobre a ISO 25010, que trata da qualidade de produção de software. 11 Referências PRESSMAN, R. S.; MAXIM, B. R. Engenharia de software: uma abordagem profissional. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. SOMMERVILLE, I. Engenharia de software. Tradução de Kalinka Oliveira e Ivan Bosnic. 9. ed. São Paulo: Pearson, 2011. _Hlk52819758 _Hlk52819832 _Hlk52819232