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Ecossistemas Terrestres e Solos

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POLUIÇÃO DOS ECOSSISTEMAS 
TERRESTRES, AQUÁTICOS E DA 
ATMOSFERA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Kelly Dayane Aguiar 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Vamos estudar a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas 
terrestres, aprofundar os conhecimentos acerca dos biomas brasileiros e 
estabelecer a relação entre a conservação e um de seus principais 
componentes, o solo, analisando a influência da poluição na qualidade 
socioambiental. 
 
TEMA 1 – ECOSSISTEMAS TERRESTRES: BIOMAS BRASILEIROS 
A composição das comunidades está relacionada diretamente às 
condições e aos recursos, dentre os quais, o clima é um dos fatores 
determinantes, em escala continental, para a distribuição geográfica das plantas. 
A história geológica da Terra influencia, em escala regional, a composição de 
rochas e solos dos ecossistemas terrestres, originando mosaicos de ambientes 
e espécies que coocorrem em função da heterogeneidade e da interação 
complexa entre condições e recursos, chamados biomas (Townsend, Begon e 
Harper, 2006). 
Os biomas funcionam como um sistema de classificação das 
comunidades biológicas e dos ecossistemas de acordo com a vegetação 
dominante. Portanto, refletem a coexistência de seres vivos em locais cuja 
sobrevivência está limitada por diversos fatores, tais como pluviosidade e 
temperatura. São agrupamentos complexos, que evoluíram ao longo do tempo 
em função de processos ecológicos muito específicos. No Brasil, é possível 
distinguir seis biomas terrestres, conforme mostrado na Figura 1: 
 
 
 
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Figura 1 – Representação da distribuição dos biomas no território brasileiro 
 
Fonte: IBGE, 2004. 
 
Dica 
Assista ao vídeo da USP que apresenta uma viagem pelos biomas brasileiros, 
com a localização, as características e as suas principais espécies vegetais e 
animais, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0dlXce3s4mo>. 
 
Saiba mais 
Para obter mais informações e acesso aos conteúdos interativos, acesse os 
seguintes links: 
 <http://www.biomasdobrasil.com/>; 
 <http://vamoscontar.ibge.gov.br/images/pdf/vamoscontar/texto_biomas.pdf>; 
 <http://www.mma.gov.br/biomas>. 
 
 
 
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Figura 2 – Mapa de biomas do Brasil 1: 5 000 000 
 
Fonte: IBGE, 2003. 
 
As mudanças na distribuição dos biomas através do tempo são causadas 
por processos em grande escala, como a deriva continental e os períodos de 
glaciação. Entretanto, alterações sutis na composição dos biomas podem indicar 
condições ecológicas vulneráveis, como as zonas de transição entre biomas 
(ecótonos), decorrentes de diversas ações, inclusive de atividades humanas. O 
desmatamento de floresta tropical para pecuária, por exemplo, ocasiona uma 
fronteira abrupta no bioma, afetando a temperatura, a umidade, a luz e o vento 
na área de transição pasto-floresta (Ricklefs, 2003). 
O monitoramento dos biomas, contemporaneamente conhecido por 
ecologia da paisagem, auxilia na análise de impactos ambientais, como a 
fragmentação das áreas, a perda de solo por erosão, a lixiviação e a 
 
 
5 
contaminação por poluentes, contribuindo para o planejamento de ações 
direcionadas à conservação dos ecossistemas. 
 
TEMA 2 – CARACTERIZAÇÃO GERAL DO SOLO 
Nos ecossistemas terrestres, o solo é um dos principais componentes, 
pois fornece substrato para o desenvolvimento das plantas, além de fatores de 
disseminação e crescimento, tais como: suporte, água, oxigênio e nutrientes. 
Com relação aos serviços ecossistêmicos, o solo também tem papel 
fundamental na natureza, pois: 
 regula a distribuição, o armazenamento, o escoamento e a infiltração da 
água da chuva e da irrigação; 
 é responsável pelo armazenamento de combustíveis fósseis e pela 
ciclagem de nutrientes para plantas e outros organismos; 
 tem ação filtrante de poluentes, atuando na proteção da qualidade da 
água; 
 é utilizado para fundação de edificações, aterros, estradas, disposição de 
resíduos; 
 torna-se elemento de extração de matéria-prima para construção e 
manufatura, como cerâmica e artesanato. 
 
Diante de todos os “serviços do solo”, aqueles provenientes das 
atividades humanas podem provocar alterações que afetam o equilíbrio 
ambiental e a qualidade de vida nos ecossistemas terrestres. Assim, é 
imprescindível reconhecer as características do solo que possibilitam maior 
vulnerabilidade/resistência aos danos causados pela poluição (Derisio, 2012). 
O solo resulta da ação simultânea e integrada do clima e de organismos 
que atuam sobre um material de origem (geralmente rocha), que ocupa 
determinada paisagem ou relevo, durante certo período de tempo. Os dois 
processos, alteração da rocha-mãe (material de origem) e a contribuição da 
matéria orgânica dos seres vivos, combinam-se, fragmentando e decompondo 
as rochas, por meio do transporte, da sedimentação e da evolução pedogênica. 
Assim, forma-se de modo único, com propriedades que dependem de 
características físicas, químicas e biológicas. 
A textura (tamanho dos elementos) e a estrutura (arranjo) do solo 
configuram propriedades notáveis para a avaliação da poluição, uma vez que a 
 
 
6 
permeabilidade e a capacidade de absorção do solo são conhecimentos 
essenciais para a gestão ambiental (Derisio, 2012). 
 
Saiba mais 
Descubra mais sobre o solo, assistindo ao vídeo “Conhecendo o solo. Programa 
Solo na Escola”, disponível em: <https://vimeo.com/54306301>. 
 
TEMA 3 – POLUIÇÃO AGRÍCOLA E OS EFEITOS DE POLUENTES DA 
PECUÁRIA E AGRICULTURA INTENSIVAS 
O uso indiscriminado de fertilizantes na agricultura amplia a 
disponibilidade de nutrientes nos solos, os quais se tornam poluentes pelo 
excesso de elementos que fluem para rios e lagos por meio da infiltração no solo 
e da lixiviação. O aumento da concentração de nitratos, superior à capacidade 
de absorção pelas plantas, por exemplo, é lixiviado com a água da chuva e atinge 
os cursos d’água, alcançando inclusive as águas potáveis, com consequências 
para a saúde humana, como o câncer (Townsend, Begon e Harper, 2006). 
Os defensivos agrícolas, inseticidas, fungicidas e herbicidas, foram 
utilizados amplamente ao longo do tempo, tornando-se importantes poluentes 
ambientais. Os principais problemas são a concentração de produtos químicos 
e a falta de especificidade para controlar as pragas e as ervas daninhas. A 
pulverização não seletiva e a toxicidade persistente desses poluentes 
prejudicam as cadeias alimentares, em um processo conhecido por 
bioacumulação ou biomagnificação, conforme já analisado em vídeo na aula 1. 
 
Dica 
Consulte as informações disponíveis no livro-base (Kluczkovski, 2015, p. 136-
149) acerca da legislação de fertilizantes e de defensivos agrícolas. 
 
A pecuária intensifica a degradação dos ecossistemas terrestres, pois 
aumenta a erosão dos solos e a compactação pela concentração de animais nos 
pastos. Porcos, gado e aves domésticas são os principais responsáveis pela 
base alimentar proteica humana, entretanto, os resíduos dos animais são 
produzidos em larga escala, superando a capacidade de decomposição natural, 
o que libera maior quantidade de compostos orgânicos nas águas. 
 
 
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A drenagem e a lixiviação transportam os poluentes advindos das 
atividades agrícola e pecuária para os oceanos, concentrando elementos que 
podem causar perda de diversidade, afetar a saúde dos seres vivos e influenciar 
toda a dinâmica dos ecossistemas. 
 
TEMA 4 – POLUIÇÃO URBANA 
A pressão ambiental exercida pelo crescimento acentuado da população 
humana, concentrada principalmente nas cidades, torna-se fonte potencial de 
poluição ambiental. A ocupação desordenada do solo, sua impermeabilização e 
a disposição inadequada de resíduos compõem o foco do problema. 
As fezes e a urina são fontes importantes de poluição urbana, uma vez 
que os resíduos necessitam de disposição adequada para evitar a infiltração de 
poluentes no solo e, consequentemente,a contaminação das águas. Portanto, o 
saneamento básico é uma das estratégias mais importantes para a 
sustentabilidade das cidades. 
O sepultamento e a cremação dos cadáveres somam-se às fontes 
poluidoras nas cidades. A decomposição dos corpos libera compostos que 
podem se infiltrar no solo e contaminar os lençóis freáticos, aumentar a matéria 
orgânica carreada nos ecossistemas aquáticos, levando a processos de 
eutrofização, conforme descrito no texto da aula 1, além de disseminar 
microrganismos causadores de doenças (Townsend, Begon e Harper, 2006). 
 
Saiba mais 
Aprofunde seus conhecimentos a respeito da poluição nos centros urbanos, por 
meio da leitura do livro-base (Kluczkovski, 2015, p. 121-136). 
 
TEMA 5 – GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
A geração crescente de resíduos e a destinação inadequada de rejeitos 
são uns dos principais problemas ambientais relacionados aos ecossistemas 
terrestres. Os rejeitos alocados diretamente nos solos (lixões) ou em sistemas, 
como os aterros sanitários, representam um dos maiores impactos do ser 
humano na Terra. 
Diante dessa preocupação, no Brasil, em 2010, foi promulgada a Lei n. 
12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos, dispondo sobre a gestão integrada e o gerenciamento de resíduos 
 
 
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sólidos, as responsabilidades dos geradores e do poder público e os 
instrumentos econômicos aplicáveis. 
 
Saiba mais 
Conheça a Lei n. 12.305/2010. Acesse o link: 
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=636> e leia a 
respeito. 
 
Essa lei permite uma visão mais sistêmica na gestão dos resíduos sólidos, 
voltada à sustentabilidade socioambiental, pois considera as variáveis ambiental, 
social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública. 
De modo geral, o conceito de resíduos sólidos compreende material, 
substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas, cujas 
particularidades tornem inviável o seu lançamento em corpos d’água. Esse 
descarte pode contaminar o solo e as águas por meio da decomposição da 
matéria orgânica e da liberação de substâncias potencialmente poluentes. O 
chorume, resíduo líquido, escuro e de odor nauseante, é resultado dessa 
decomposição. Por meio dos processos de infiltração no solo e de lixiviação 
pelas águas das chuvas, o chorume torna-se um dos principais problemas 
ambientais de lixões e aterros sanitários. 
 
Saiba mais 
Conheça mais sobre a problemática do lixo (resíduo) no livro-base (Kluczkovski, 
2015, p. 130-136). 
 
NA PRÁTICA 
Suponha que você seja um gestor público municipal e que, na sua cidade, 
há um conflito entre a indústria relacionada à construção civil, as empresas 
contratadas que realizam o recolhimento e o destino dos resíduos, os carroceiros 
e os coletores de resíduos, além de pessoas desempregadas. 
Considere que os resíduos das obras oriundas da construção civil não são 
recolhidos pelas empresas contratadas, ficando sob responsabilidade individual. 
Entretanto, o destino, na maioria das vezes, é clandestino e resulta em 
degradação ambiental. Há um problema de inclusão social dos carroceiros e 
 
 
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coletores de resíduos e ainda um déficit na geração de empregos e renda para 
a população. 
Como fazer a gestão ambiental desse resíduo, respeitando a legislação 
ambiental, a questão dos direitos humanos, por meio da equidade e da justiça 
social? 
Saiba mais 
Consulte o artigo “Práticas de gestão de resíduos da construção civil: uma 
análise da inclusão social de carroceiros e cidadãos desempregados”, disponível 
em: <http://www.scielo.br/pdf/gp/v13n3/14.pdf>, e amplie seus conhecimentos 
acerca da nova perspectiva da gestão ambiental de resíduos. 
 
FINALIZANDO 
Nesta aula, definimos os biomas como unidades importantes dos 
ecossistemas terrestres e relacionamos a poluição do solo à diminuição da 
qualidade ambiental das águas. Para compreender os impactos da poluição nos 
ecossistemas terrestres, é necessário reconhecer a complexidade dos 
processos ecológicos e a estreita relação do solo com a água, refletindo sobre o 
papel do gestor ambiental para a conservação dos recursos naturais e a 
promoção da justiça socioambiental. 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ANDRADE, D. C.; ROMEIRO, A. R. Serviços ecossistêmicos e sua importância 
para o sistema econômico e o bem-estar humano. Texto para discussão. 
IE/UNICAMP, Campinas, n. 155, fev. 2009. Disponível em: 
<http://www.eco.unicamp.br/docprod/downarq.php?id=1785&tp=a>. Acesso em: 
2 mar. 2017. 
DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed atual. 
São Paulo: Oficina de textos, 2012. 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Biomas continentais do 
Brasil, 2003. Disponível em: 
<http://vamoscontar.ibge.gov.br/images/pdf/vamoscontar/mapa_biomas.pdf>. 
Acesso em: 5 mar. 2017. 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapas de biomas e 
vegetação, 2004. Disponível em: 
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm>. 
Acesso em: 5 mar. 2017. 
KLUCZKOVSKI, A. M. R. G. Introdução ao estudo da poluição dos 
ecossistemas. 1. ed. Curitiba: InterSaberes, 2015. 
METZGER, J. P. O que é ecologia de paisagens? Instituto virtual da 
biodiversidade, Campinas, v. 1, n. 1-2, p. 1-9, 2001. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-
06032001000100006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 6 jul. 2017. 
RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2003. 
TOWNSEND, C. R.; BEGON, M.; HARPER, J. L. Fundamentos em ecologia. 
Porto Alegre: Artmed, 2006.