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1 Rafaela Pamplona Imunologia Médica Revisão Eritrograma: hemoglobina → se estiver baixa representa anemia. O tipo de anemia é definido pelo VCM, HCM, CHCM, RDW. Leucograma: as células brancas fazem a proteção, neutrófilo e monócito fazem a fagocitose, linfócito e plasmócito fazem a produção de anticorpos, eosinófilo e basófilo então diretamente relacionados aos processos alérgicos - Leucocitose: resposta da fase aguda de várias doenças, relacionado a processos infecciosos, inflamatórios e leucemias - Leucopenia: resulta de maior consumo, menor produção ou menor sobrevida intravascular. Associada a infecções virais. Ex.: dengue, zika e chicungunha ▪ Neutrófilos – polimorfonucleares ou segmentados Neutrofilia ou Neutrocitose: ↑ de neutrófilos. Está relacionada a microrganismo extracelular (bactéria, fungo e processos inflamatórios) Bastonetes (desvio a esquerda) = cél jovem → infecção aguda Segmentados = cél adulta → infecção crônica Neutropenia ou Neutrocitopenia: ↓ número absoluto de neutrófilos. Deve ser sempre interpretada com cautela, considerando-se a contagem global de neutrófilos (bastonetes + segmentados). É um achado frequente no lúpus eritematoso sistêmico e na artrite reumatoide com esplenomegalia e nas hepatopatias crônicas Obs.: Neutrófilos Linfócitos Infecção extracelular bactéria e fungo ↑ = neutrofilia ↓ = linfopenia Infecção intracelular Vírus e protozoários ↓ = neutropenia ↑ = linfocitose Arboviroses, AIDS ↓ = neutropenia ↓ = linfopenia ▪ Linfócitos Linfocitose: ↑ linfócitos, relacionado a microrganismos intracelulares Linfocitopenia ou linfopenia: ↓ linfócitos, relacionado ao estresse. Quando acompanhada da neutrofilia pode indicar doenças inflamatórias ou infecciosas graves. Há significado clínico quando relacionado ao acompanhamento: pós-radioterapia, uso de drogas imunossupressoras, lúpus, HIV. ▪ Eosinófilo Eosinofilia ou eosinocitose: comum em parasitoses e alergias Eosinopenia: estresse, infecção aguda e imunossupressores ▪ Basófilo Basofilia ou basocitose: síndromes mieloproliferativas Basopenia: sem interesse clínico ▪ Monócito – precursor dos macrófagos, cél apresentadora de antígeno Monocitose: acompanha a neutrofilia nos processos inflamatórios, é mais tardia e permite a convalescência Monocitopenia: anemia aplástica ou aplasia medular Mielócitos, metamielocito e blastos são células da medula, caso estejam alteradas deve ser feito o encaminhamento para o hematologista. Imunidade inata e adaptativa são integradas pelas células dendríticas (células especializadas na apresentação de antígenos) Imunidade inata: primeira linha de defesa (macrófagos e neutrófilos) e células NK. Imediata, inespecífica e efêmera, não confere memória Está relacionado ao MHC de classe III, que ativa o sistema complemento para atuar na inflamação Imunidade adaptativa: linfócitos T (imunidade celular) e B (imunidade humoral). Os linfócitos T podem agir diretamente sobre as células infectadas (TCD8+ ou Tcitotóxico – MHC classe I) ou podem produzir citocinas (TCD4+ ou Tauxiliar – MHC classe II) Específica, diversificada e duradoura, formação de células de memória - Linfócitos B: derivados da medula óssea. Após a estimulação diferenciam-se em plasmócitos, que secretam anticorpos (imunoglobulinas) IgA Secreções IgD Ativa linfócitos B IgE Alergia, protozooses e parasitoses IgG Atravessa a placenta, facilita a fagocitose. Infecção crônica (convalescência) IgM Aglutina antígenos. Infecção aguda 2 Rafaela Pamplona - Linfócitos T: derivados do timo, reconhece apenas fragmentos peptídicos de antígenos ligados a proteínas do complexo de histocompatibilidade (MHC). Atuam interagindo com outras células: para matar a célula infectada, ativar fagócitos ou linfócitos B TCD4+: ligam-se a MHC classe II, são ativados para secretar citocinas, promovendo a inflamação e influenciam a natureza da reação inflamatória. ↳ Existem três subgrupos de células T auxiliadoras CD4+ que secretam grupos diferentes de citocinas e suscitam diferentes tipos de inflamação: ~ Células Th1: produzem a citocina IFNᵧ que ativa macrófagos na via clássica ~ Células Th2: secretam IL-4, IL-5 e IL-13, que recrutam e ativam eosinófilos e são responsáveis pela via alternativa de ativação de macrófagos ~ Células Th17: secretam IL-17 e outras citocinas que induzem a secreção de quimiocinas responsáveis pelo recrutamento de neutrófilos e monócitos para a reação. ▪ Th1 e Th17: envolvida na defesa contra muitos tipos de bactérias e vírus e nas doenças autoimunes. ▪ Th2: importante na defesa contra parasitas helmintos e na inflamação alérgica. TCD8+ ou Tcitotóxico: ligam-se a MHC classe I, são ativados para matar diretamente as células infectadas Os linfócitos T ativados, por sua vez, produzem citocinas, que recrutam e ativam macrófagos e promovem mais apresentação do antígeno e mais secreção de citocinas ⇒ Ciclo de Reações celulares que abastece e mantém a inflamação crônica. Principais mediadores da inflamação MHC classe I MHC classe II MHC classe III Linfócito TCD8+ Linfócito TCD4+ Sistema complemento Presente em todas as células CAA - Macrófagos, células dendríticas e linfócitos B IL-12 IL-4 IL-23 Th1 Th2 Th17 INFᵧ e IL-2 IL-4, IL-5, IL-10, IL13 IL-17, IL-22 Patógeno intracelular Parasita extracelular e alergia Autoimune e bactéria extracelular 3 Rafaela Pamplona Conceitos Importantes : pré-disposição genética produção anticorpos IgE de forma continua elevada, contra antígenos inócuos do meio ambiente, podendo levar a manifestações clínicas como asma, rinite, conjuntivite, alergia alimentar e dermatite atópica, ou seja, individuo com manifestação clínica de doença alérgica. : reação de hipersensibilidade, causando lesão tecidual (imunopatologia) : susceptibilidade genética + sensibilização ao alérgeno + fatores desencadeantes Definição de Alergia – Hipersensibilidade O termo hipersensibilidade está relacionado aos processos da resposta imune adaptativa que resultam em danos para o hospedeiro. É quando a resposta imune é inadequada, direcionada aos tecidos do hospedeiro ou desencadeada por microrganismos comensais ou antígenos ambientais que geralmente são inócuos. Nessas situações, a resposta imune, normalmente benéfica, torna-se a causa da doença Resposta imunológica excessiva e inapropriada do organismo a uma substância inócua (alérgeno) A primeira condição para que o sistema imunológico inicie um ataque aos agentes estranhos que penetraram no organismo é ser capaz de discernir quais estruturas devem ser consideradas diferentes das do próprio organismo Potenciais agentes agressores = antígenos Potencial de causar doença = patógeno A todo instante o organismo entra em contato com moléculas estranhas, porém não ameaçadoras a saúde Em algumas circunstâncias certos tipos de moléculas inócuas estimulam uma resposta imune adaptativa e o desenvolvimento de memória imunológica. Quando isso acontece a memória imune produz inflamação e lesão tecidual Requer um contato prévio do indivíduo com o alérgeno - sensibilização Resposta imunológica: humoral (anticorpos) ou celular (TCD4 e TCD8) Causam inflamação sistêmica ou local Fatores de Risco para Doenças Atópicas História familiar de alergia Sexo masculino Baixo peso ao nascer História de tabagismo materno Família pequena Boas condições de higiene Alto status socioeconômico dos pais Baixa incidência de infecções durante a primeira infância Falta de estímulos infecciosos acarreta a desregulação do sistema imunológico. Classificação (tipo I) -É causada por anticorpos IgE específicos para antígenos ambientais, tipo mais prevalente de doença de hipersensibilidade. - As doenças de hipersensibilidade imediata (alergia ou atopia) são normalmente causadas pela ativação de células Th2 produtoras de IL- 4, IL-5 e IL-13, e pela produção de anticorpos IgE que ativam mastócitos e eosinófilos e induzem inflamação. (tipo II) - Anticorpos IgG e IgM específicos para antígenos da superfície celular ou da matriz extracelular podem causar lesão tecidual ativando o sistema complemento, recrutando células inflamatórias e interferindo nas funções celulares normais. (tipo III) - Anticorpos IgM e IgG específicos para antígenos solúveis no sangue formam complexos com antígenos, e esses imunocomplexos podem se depositar nas paredes dos vasos sanguíneos em vários tecidos, causando inflamação, trombose e lesão tecidual. (tipo IV) - Lesão tecidual pode ser causada por linfócitos T que induzem inflamação ou matam diretamente as células-alvo. - Em muitas dessas doenças, o principal mecanismo envolve a ativação de células T auxiliares CD4+, as quais secretam citocinas que promovem inflamação e ativam leucócitos, principalmente neutrófilos e macrófagos. - Os linfócitos T citotóxicos (CTLs) contribuem para a lesão tecidual em algumas doenças. 4 Rafaela Pamplona Tipo de Reação Mecanismo Imunológico Distúrbios Tipo I imediata/anafilática IgE basófilos e mastócitos Anafilaxia Tipo II Citotóxico IgG Ags na membrana de células Citopenias Tipo III imunocomplexos IgG Ags solúveis Doenças do soro Tipo IV Tardia ou celular Células T (Th1, Th2 ou Tc) Dermatite de contato Hipersensibilidade Tipo 1 Hipersensibilidade mediada pela IgE – imediata Possui duas fases: Fase de Sensibilização: exposição ao alérgeno (antígeno envolvido em processos alérgicos) e resulta na ativação da resposta imune com a formação de linfócitos sensibilizados que interagem com os LB determinando a troca da síntese de imunoglobulina, que passa a ser da classe IgE, específica para o antígeno. As moléculas de IgE liberadas permanecem na circulação e ancoradas em receptores de alta afinidade (FcεRI), presentes nas membranas de mastócitos e basófilos. Pode durar de dias a anos, o paciente está sensibilizado, porém não apresenta sintomas. Fase de Provocação: nova exposição ao alérgeno, é representada pela reação de hipersensibilidade tipo I. Caracterizada por ser imediata, resposta rápida que ocorre minutos após a exposição alergênica, em consequência da ligação do antígeno às moléculas de IgE ancoradas nos mastócitos e basófilos. Anticorpos IgE ocupam receptores em mastócitos, que em poucos min de exposição ao alérgeno o antígeno se junta a IgE, e ativa a degranulação dos mastócitos Mediadores pré-formados ou formados na hora são liberados, causam vasodilatação, contração do músculo liso visceral, estimulação da secreção de muco pelas glândulas do corpo e aumento da permeabilidade vascular Mediadores de ácido araquidônico, citosinas e outras proteínas induzem a fase tardia da resposta inflamatória que ocorre algumas horas depois 5 Rafaela Pamplona Etapas 1) Sensibilização ao Alérgeno - Primeiro contato com o alérgeno - Apresentação do alérgeno aos linfócitos T naive, via APCs - Ativação dos linfócitos T naive a linfócitos ativados Produção de IL-4, IL-13, IL-9, IL-5 - Ativação de linfócitos B, que passam a produzir IgE - Ligação da IgE produzida à superfície de mastócitos e basófilos Via receptores de alta especificidade para a porção Fc 2) Reação Alérgica - Segundo contato com o alérgeno - Ligação do alérgeno às moléculas IgE presentes na superfície de mastócitos e basófilos - Degranulação de mastócitos e basófilos: liberação de mediadores químicos (histamina, leucotrienos e prostaglandinas), responsáveis pelos sintomas alérgicos. Resposta Imediata (segundos) Decorrente da atividade da histamina e prostaglandinas - Secreção de muco - Aumento da permeabilidade vascular - Edema - Contração da musculatura lisa/ brococonstrição - Prurido e rash (exantema) Resposta Tardia (8 a 10 horas) Decorrente da liberação de leucotrienos, quimiocinas, citocinas e enzimas pelos mastócitos - Maior produção de muco, remodelagem tecidual - Responsável pela cronicidade de doenças respiratórias alérgicas (asma) 6 Rafaela Pamplona Efeitos Biológicos dos Mediadores da Hipersensibilidade Imediata Os mediadores de mastócitos e basófilos incluem: - Aminas vasoativas: liberadas a partir do armazenamento em grânulos, contendo histamina. - Enzimas armazenadas pré-formadas nos grânulos - Citocinas e mediadores lipídicos, os quais são amplamente sintetizados de novo quando há ativação celular. Aminas biogênicas e mediadores lipídicos induzem extravasamento vascular, broncoconstrição e hipermotilidade intestinal ⇒ resposta imediata. Citocinas e mediadores lipídicos: contribuem para a inflamação ⇒ reação tardia. Enzimas: contribuem para o dano tecidual Eosinófilos ativados liberam proteínas catiônicas pré-formadas, bem como enzimas tóxicas para parasitas e células do hospedeiro. Algumas enzimas dos grânulos dos eosinófilos provavelmente contribuem para o dano tecidual nas doenças alérgicas crônicas. a) Aminas biogênicas Histamina: vasodilatação, aumento da permeabilidade capilar, contração do músculo liso e elevação da secreção de muco nas glândulas nasais, brônquicas e gástricas Adenosina: causa broncoconstrição, inibe a agregação plaquetária e fatores quimiotáticos para neutrófilos e eosinófilos Proteases (quinase, triptase): lesão tecidual, produção de quininas pela ativação dos componentes do complemente, produzindo fatores quimiotáticos e inflamatórios (C3a) Proteoglicano ácidos: heparina e sulfato de condroitina.. Função de empacotar e armazenar outros mediadores nos grânulos. b) Mediadores Lipídicos – derivados de ácido araquidônico Prostaglandina D2: gerado pela via cicloxigenase, causa broncoespasmo intenso com secreção de muco Leucotrienos: gerado pela via lipooxigenase, LTC4 e LTD4. São potentes agentes vasoativos, causam broncoconstrição prolongada (importante mediador na asma). O LTB4 é altamente quimiotático para neutrófilo, eosinófilo e basófilo Fator de ativação plaquetária (PAF) Causa agregação plaquetária, liberação de histamina, broncoespasmo, aumenta permeabilidade vascular e vasodilatação. Deficiência de PAF hidrolase aumenta o risco de asma precoce. c) Citocinas – reação tardia TNF e quimiocinas: recrutam e ativam leucócitos IL-3: proliferação de mastócitos IL-4, IL-5 e IL-13 (Th2): estimula a secreção de muco IL-6, GM-CSF e quimiocinas como proteína inflamatória de macrófagos à inflamação Ativação dos Mastócitos Ativação dos Eosinófilos 7 Rafaela Pamplona Formas Clínicas da Alergia Pode se apresentar como: - Desordem sistêmica: choque anafilático ou anafilaxia sistêmica - Desordem local: rinite alérgica, asma, alergia alimentar, eczema etc. - : mastócitos da mucosa nasal. Edema local, secreção nasal de muco, obstrução das vias aéreas e espirros. - (eczema): mastócitos da pele. Resposta inflamatória que causa exantema crônico, pruriginoso com erupções cutâneas Os vasos sanguíneos se dilatam e passam a vazar fluido e macromoléculas, produzindo vermelhidão e inchaço local (pápula). A subsequente dilatação dos vasos na borda do inchaço confere o aspecto de uma orla avermelhada (o eritema). - : mastócitos do TGI. As reações clínicas podem ocorrer alguns min a h após a ingestão do alimento e os sintomas variam de leves manifestações cutâneas, gastrintestinaisa reações anafiláticas graves com risco de morte. A contração da musculatura lisa induz vômitos e diarreia. O aumento da permeabilidade das mucosas, devido aos alérgenos na corrente sanguínea, provoca urticaria. Na alergia alimentar não-IgE-mediada, como na doença celíaca (tipo IV), há resposta celular e participação de anticorpos da classe IgG e IgA. ♥ Asma É uma doença inflamatória crônica das vias aéreas associada à hiperreatividade brônquica e limitação do fluxo aéreo, causando episódios recorrentes de tosse, aperto no peito, sibilos e dispneia. Os sintomas costumam reverter espontaneamente ou com tratamento. Epidemiologia - Afeta 7-10% da população mundial - A OMS estima que haja 150 milhões de asmáticos em todo o mundo - Cerca de 180 mil mortes por ano no mundo - No Brasil, há mais de 10 milhões de asmáticos 8 Rafaela Pamplona - Cerca de 30% das crianças brasileiras apresentam sintomas indicativos de asma - 4ª principal causa de internamento no SUS Classificação - Asma atópica (IgE) - Asma não-atópica (ex.: infecções virais) - Asma induzida por drogas (ex.: aspirina) - Asma ocupacional Fisiopatologia - Lesões irreversíveis na musculatura brônquica 1. Espessamento da membrana basal 2. Hipertrofia e hiperplasia do músculo liso 3. Elevação no número de células caliciformes 4. Aumento das glândulas submucosas 5. Alteração no depósito/degradação dos componentes de matriz extracelular - Tudo isso pode contribuir para a irreversibilidade de obstrução em alguns pacientes Fase inicial: resposta brônquica ao antígeno inalado, da qual participam basicamente mastócitos mediadores Fase tardia: inflamatória dominada por eosinófilos Tratamento: - Bloqueio de IgE e Citocinas → imunobiológicos. - Inibição das células efetoras → inibidores de ativação de mastócitos e corticosteróides tópicos - Antagonistas dos receptores → Anti-H1, B-2 agonistas, antagonistas de receptores de leucotrienos - Controladores da Inflamação → corticosteróides - Adrenalina → anafilaxia (bloqueia a resposta à histamina em órgãos alvos) ♥ Anafilaxia Sistêmica Degranulação sistêmica de mastócitos Reação IgE-mediada potencialmente fatal - : dilatação e aumento da permeabilidade vascular, causando edema da derme superficial, com aparecimento súbito de pápulas eritematosas, isoladas ou confluentes, intensamente pruriginosas que desaparecem à digitopressão e não deixam cicatrizes. - : há comprometimento dos vasos da derme profunda e do tecido subcutâneo, levando a deformações reversíveis pouco pruriginosas, podendo levar à insuficiência respiratória nos casos de obstrução da glote. - O alérgeno ativa os mastócitos em muitos tecidos, resultando na liberação de mediadores que ganham acesso aos leitos vasculares em todo o corpo. A diminuição do tônus vascular e o extravasamento de plasma causado pelos mediadores dos mastócitos podem acarretar uma significativa queda na pressão arterial, ou choque, chamado choque anafilático, que frequentemente é fatal. Tratamento: epinefrina (adrenalina) sistêmica, reverte os efeitos broncoconstritores e vasodilatadores dos mediadores dos mastócito. Anafilaxia X Reações Anafiláticas X Reações Anafilactóides Reação anafilática é a reação alérgica ou hipersensibilidade do tipo I. Reação anafilactóide: o mastócito é ativado imediatamente. Clinicamente é igual à anafilática, só que não envolve o sistema imunológico, ou seja não está relacionada a presença de IgE, o mecanismo é outro. Raramente desenvolve choque.. 9 Rafaela Pamplona Choque anafilático: choque é colapso cardiovascular,. quando a pessoa desenvolve colapso cardiovascular devido uma reação anafilática, chama- se choque anafilático. Anafilaxia é um tipo de hipersensibilidade, mas nem sempre vai levar ao choque anafilático. Reação anafilática Reação anafilactóide Sensibilização prévia Sim Não Reação na 1ºexposição Não Sim Testes alérgicos Sim Não Avaliação Laboratorial das Doenças Alérgicas Métodos de diagnostico imunológico in vivo e in vitro Prick – Teste ou Pach – Teste Gotas do Alérgeno são colocadas sobre a pele do antebraço ou das costas, numa disposição predeterminada, e a pele é então perfurada. Teste cutâneo de leitura imediata Teste cutâneo intradérmico Os alérgenos suspeitos são injetados na pele Desvantagem: são dolorosos e podem provocar reações alérgicas exacerbadas (choque anafilático) Fatores que Influenciam os resultados dos testes cutâneos - Reatividade cutânea - Qualidade e estabilidade dos extratos - Pureza e concentração dos alérgenos - Medicamentos utilizados pelo paciente nas 24 a 48 horas que precedem o teste - Resultados falso positivos devido a impurezas no alérgeno. - Resultado falso negativa devido à baixa concentração de alérgeno no extrato Diagnóstico em Doenças Alérgicas História clínica Testes cutâneos Pesquisa de IgE específico Exclusão Provocação Prevenção e Tratamento 1. O primeiro passo é identificar a causa da alergia e afastá-la 2. Para asma e rinite, recomendam-se medidas de controle ambiental contra a poeira e ácaros 3. Introduzir remédios para reduzir a inflamação e controlar os sintomas. 4. O uso de vacinas (imunoterapia) ⇒ Dessensibilização 5. Limpeza diária da casa deve ser feita com pano úmido, evitando o uso de espanadores. O ideal é que o ambiente seja arejado, sem tapetes ou cortinas 6. Deve-se evitar animais dentro de casa 7. O cigarro é proibido 8. Recomenda-se praticar esportes ao ar livre, ter alimentação saudável, com bastante líquido. O alérgico, bem orientado, pode levar uma vida normal, sem restrições 9. Acompanhamento médico Hipersensibilidade Tipo II - Citotóxico Decorrente do efeito citopático, anticorpos dirigidos contra antígenos presentes na superfície ou matriz celular Os antígenos localizam-se nas superfícies de células como hemácias ou plaquetas. A estes antígenos ligam-se imunoglobulinas da classe IgG, havendo, posteriormente, ligação de proteínas do sistema complemento. Fagócitos e células natural killer, que apresentam receptores para a porção Fc da IgG, promovem a destruição celular. Esta reação é também denominada de citotoxicidade dependente de anticorpos. Algumas drogas como a penicilina podem levar a este tipo de reação e, muito raramente, pacientes com alergia a leite de vaca podem apresentar episódios de trombocitopenia secundários à ingestão deste alimento. Mediada por anticorpos: IgM e IgG - Combinação de anticorpos da classe IgG ou IgM contra determinantes antigênicos das membranas celulares ou antígenos/haptenos circulantes que se ligam à sua superfície, geralmente resultando em destruição celular. São classificadas como reações de hipersensibilidade tipo II as respostas contra as células sanguíneas, como reações transfusionais, doença hemolítica do recém-nascido, anemias hemolíticas autoimunes e reações adversas a medicamentos que são desencadeadas pela resposta contra a droga ou seus metabólitos ligados a componentes do sangue, resultando em lise celular. Ex.: anemia hemolítica causada pelo uso de penicilinas, indinavir e sulfonamida; plaquetopenia causada pela carbamazepina; agranulocitoses associada à administração de sufametoxasol. Reação hiperaguda a enxerto, como em transplantes de rins, miastenia grave e endocrinopatias, como tireoidite de Hashimoto e doença de Graves. 10 Rafaela Pamplona Mecanismos de Ação 1) Fixação e ativação do sistema complemento pela ligação dos anticorpos com o antígeno na superfície da célula-alvo, geralmente resultando em sua lise. 2) Processo de fagocitose pela ligação da porção Fc dos anticorpos ou do fragmento C3b do complemento, que recobrem as células-alvo (opsonização), às células fagocitárias.3) Citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC), onde a lise das células-alvo, recobertas por IgG, resulta da ação de células natural killer (NK), e LTCD8+ pela ligação da porção Fc do anticorpo. 4) Destruição de eritrócitos recobertos de imunocomplexos formados por IgG ou IgM, no baço e no fígado, respectivamente. Os anticorpos opsonizam as células e podem ativar o complemento, cujos produtos também opsonizam células, levando à sua fagocitose por meio dos receptores Fc ou dos receptores para C3b nos fagócitos. Os anticorpos recrutam os leucócitos pela ligação aos receptores Fc ou pela ativação do complemento e, desse modo, liberam subprodutos que são quimiotáticos para leucócitos. Os anticorpos específicos para receptores de hormônios ou de neurotransmissores da superfície celular interferem com a fisiologia normal. Ex.: Doença de Graves: autoanticorpos específicos para o receptor do hormônio estimulador da tireoide (TSH) na glândula tireoide estimulam a atividade dos receptores mesmo na ausência de TSH, causando liberação excessiva dos hormônios da tireoide (hipertireoidismo). Ex.: Miastenia grave: autoanticorpos específicos para o receptor da acetilcolina em células musculares bloqueiam a ação da acetilcolina, levando à paralisia. Quando células circulantes, como os eritrócitos ou as plaquetas, são cobertas (opsonizadas) por anticorpos, com ou sem a ativação do complemento, elas se tornam alvo da fagocitose dos neutrófilos e macrófagos. Essas células fagocitárias expressam receptores para a porção Fc da IgG e para os produtos da degradação de C3, uma proteína do complemento, e usam esses receptores para ligar e ingerir partículas opsonizadas. As células opsonizadas costumam ser eliminadas no baço, motivo pelo qual a esplenectomia é útil na trombocitopenia autoimune e na anemia hemolítica. Os anticorpos se ligam a antígenos celulares ou teciduais e ativam o sistema complemento pela via “clássica”. Os produtos da ativação do complemento desempenham diversas funções, uma das quais é recrutar neutrófilos e monócitos, desencadeando inflamação nos tecidos. Os leucócitos também podem ser ativados pela ligação dos receptores de Fc, que reconhecem os anticorpos ligados. Ex.: Síndrome de Goodpasture: autoanticorpos contra a cadeia a 3 (IV) do colágeno tipo IV se ligam à membrana basal, alveolar e glomerular, causando glomerulonefrite progressiva e hemorragia pulmonar Ex.: Pênfigo vulgar: doença bolhosa intraepidérmica, potencialmente fatal, que afeta pele e mucosas. Os anticorpos contra hormônios ou outras proteínas podem neutralizar e bloquear as ações dessas moléculas, causando doença sem inflamação ou dano tecidual. Ex.: Miastenia Grave: anticorpos contra os receptores de ACh nas placas motoras dos músculos esqueléticos inibem a transmissão neuromuscular, causando fraqueza muscular. Os anticorpos também podem estimular a função das células de modo excessivo. Ex.: Doença de Graves: anticorpos contra o receptor do hormônio estimulante da tireoide estimulam as células epiteliais da tireoide para que secretem hormônios tireoidianos, causando o hipertireoidismo. Ex.: Anemia Perniciosa: anticorpos específicos para o fator intrínseco, necessário para a absorção de vitamina B12 Ex.: Imunodeficiências: causadas por anticorpos específicos para citocinas ❖ Reações Tipo II – Aloimunes (mesma espécie) Sistema AB0 - Em geral, relacionam-se as iso-hemaglutininas IgM, que são estimuladas por contato com antígenos da flora intestinal cuja estrutura é semelhante à dos carboidratos do grupo sanguíneo, de modo que os 11 Rafaela Pamplona anticorpos produzidos reagem de modo cruzado com o tipo correspondente de hemácia. - No caso de transfusão, hemácias incompatíveis são recobertas pelas isso-hemaglutininas, o que causa grave hemólise intravascular mediada por complemento. Sistema Rh – Doença Hemolítica do Recém-nascido ou Eritroblastose Fetal - Ocorre quando a mãe é Rh negativo e o bebê Rh positivo - A classe predominante dos anticorpos produzidos é IgG, que são capazes de atravessar a placenta nas gestações subsequentes. Que se ligam especificamente aos antígenos eritrocitários do feto, devido à incompatibilidade tratam o feto como “invasor” - A reação com o antigeno D existente nas hemácias fetais provoca sua destruição por aderência opsônica, cuja consequência é: Doença hemolítica do recém-nascido: destruição das hemácias fetais pelos anticorpos da mãe Eritroblastose fetal: o feto lança muitos eritroblastos (hemácias jovens e anucleadas) na sua circulação - No momento do parto, há troca de sangue faz com que as hemácias do bebê entrem na circulação materna e ativem a sua resposta imunológica, produzindo na resposta anticorpos IgG anti-Rh. 1ª gestação, o bebê nascerá saudável, pois não foi afetado pela resposta imunológica da mãe. 2ª gestação: a mãe sensibilizada, possui anticorpo anti-Rh. E por isso, caso o bebe seja Rh positivo novamente, a mulher transferirá, pela placenta, seus anticorpos anti-Rh para o bebê - Como os anticorpos maternos reconhecerão os eritrócitos desse bebê, dependendo da quantidade de anticorpos, ele desenvolverá a doença hemolítica, com aumento dos eritroblastos na sua circulação, que é uma forma imatura dos eritrócitos, podendo desenvolver anemia, icterícia neonatal, hepatoesplenomegalia etc. - Como forma de prevenção à eritroblastose fetal, a gestante deve tomar a imunoglobulina anti-Rh ou Anti-D, aplicada geralmente na 28ª semana de gestação e também em até 72h após o parto, para bloquear a produção dos anticorpos anti-Rh, evitando a sensibilização da mãe. - Para a profilaxia anti-Rh indica-se a administração de imunoglobulina anti- D, vacina conhecido comercialmente como rolgan ou matergam, que destrói as células Rh+ do feto, prevenindo a produção de anticorpos anti-Rh, deve ser administrado o mais cedo possível, uma vez que sua meia-vida na circulação de indivíduos de IgG é de aproximadamente, 3 a 4 semanas. Os aloenxertos estimulam a produção de anticorpos humorais no hospedeiro contra antígenos de superfície do transplante, que podem ser diretamente citotóxicos ou causar aderência das células fagocitárias ou ainda ataque por ADCC. Os anticorpos também podem causar aderência plaquetária quando se ligam a antígenos na superfície do endotélio vascular. A rejeição hiperaguda e mediada por anticorpos pré-formados no receptor do transplante. ❖ Reações Tipo II – Autoimune Principalmente IgM Produção de anticorpos contra as próprias hemácias Principalmente IgG → contra plaquetas e megacariócitos Produção de anticorpos contra as próprias plaquetas, principalmente pela eliminação de macrófagos teciduais, mediada por receptores Fcᵧ, no baço e fígado 12 Rafaela Pamplona Manifestação clínica: surgimento de equimoses, petéquias, sangramento de mucosas e aumento do baço O achado de manchas na pele de coloração eritêmato-violácea que não desaparecem à vitropressão caracteriza a púrpura ou petéquia Relacionada a infecções virais e algumas vacinas (MMR e Hepatite B) A denominação vai depender do tamanho das manchas: - Petéquia < 3mm - Purpura > 3mm - Equimose > 1cm Hemoglobina Bilirrubina Hemossiderina Vermelho-azulado Azul-esverdeado Marrom-dourado Em termos fisiopatológicos, quando encontramos purpura, petéquia ou equimose ao exame físico é, em última análise, a constatação de extravasamento de hemácias dos vasos, levando a sangramento visível na pele Tem autoanticorpos que, na presença de complemento, são diretamente citotóxicos para células tireoidianas humanas isoladas em cultura. Os autoanticorpos reconhecem o colágeno tipo IV na membrana basal alveolar e glomerular.Esses anticorpos, juntamente com componentes do complemento, ligam-se à membrana basal no local onde a ação do sistema complemento total causa lesão grave ⇒ glomerulonefrite progressiva e hemorragia pulmonar É a retirada dos receptores de acetilcolina da placa motora muscular por autoanticorpos Hipersensibilidade Tipo III – Imunocomplexos Caracterizada por ativação do sistema complemento e inflamação aguda O antígeno é solúvel e forma, com o anticorpo da classe IgG, imunocomplexos que se depositam na parede dos vasos sanguíneos e em determinados órgãos como rins, articulações e pele. O depósito nos rins e nas articulações é explicado pelas altas pressões hemodinâmicas associadas à função de filtração dos glomérulos e sinóvia. Para a deposição, é necessária a formação de imunocomplexos menores, pois, os grandes têm a capacidade de fixar complemento e são fagocitados. A lesão tecidual ocorre porque estes imunocomplexos ligam-se a receptores Fc dos leucócitos e ativam complemento liberando C5a, que aumenta o processo inflamatório e a permeabilidade vascular Os complexos imunes podem se formar na circulação e se depositar nos vasos ou se formar nos locais em que o antigeno se encontrar (complexos imunes in situ) Causas importantes para a deposição dos imunocomplexos - Infecções persistentes → Ex: Hepatites virais - Doenças autoimunes → Ex: Lúpus, artrite reumatoide - Inalação de material antigênico → Ex: Doença do criador de pombo Fases da doença sistêmica causada por imunocomplexos 1. Formação de imunocomplexos antigeno-anticorpo na circulação Os complexos mais patogênicos são formados durante o excesso de antígenos, são pequenos ou de tamanho moderado, eliminados com menos eficiência pelos macrófagos e, portanto, circulam por mais tempo 2. Depósito dos complexos imunes em vários tecidos Para que os complexos saiam da circulação e se depositem deve ocorrer um aumento na permeabilidade vascular. Esse aumento é desencadeado quando os complexos imunes se ligam aos leucócitos e mastócitos através dos receptores Fc e C3b, estimulando a liberação de mediadores que aumentam a permeabilidade vascular 3. Reação inflamatória nos locais de depósito Os complexos ativam o sistema do complemento, levando à liberação de fragmentos biologicamente ativos, como as anafilatoxinas (C3a e C5a), que aumentam a permeabilidade vascular e são quimiotáticas para os neutrófilos e monócitos. Os complexos também se ligam aos receptores Fcᵧ nos neutrófilos e mastócitos, ativando-os. A tentativa de fagocitar os complexos imunes pelos leucócitos resulta na secreção de uma variedade de substâncias inflamatórias, incluindo prostaglandinas, peptídeos vasodilatadores e substâncias quimiotáticas, assim como enzimas lisossômicas capazes de digerir 13 Rafaela Pamplona a membrana basal, colágeno, elastina e cartilagem, e espécies reativas de oxigênio, que danificam os tecidos. Os complexos imunes também causam a agregação plaquetária e ativam o fator de Hagernan; essas duas reações iniciam a formação de microtrombos que contribuem para a lesão tecidual produzindo isquemia local Febre, urticária, artralgias, linfadenopatia e proteinúria – Cerca de 5 dias após a injeção de uma proteína estranha, são produzidos anticorpos, que reagem com o antígeno presente na circulação para formar o complexo antigeno-anticorpo. Os complexos se depositam nos vasos sanguíneos do leito vascular de diversos tecidos, desencadeando uma reação inflamatória danosa subsequente. As lesões se resolvem à medida que os complexos e o antígeno remanescente são removidos e anticorpos livre aparecem na circulação Vasculite de vasos de médio calibre, que poupa arteríolas, vênulas e capilares, e não se associa com glomerulonefrite. Manifestação clínica: fadiga, astenia, febre, mialgias e artralgias. Ao exame histopatológico, a doença cutânea revela vasculite de artérias médias e arteríolas. A imunofluorescência direta na poliartrite nodosa cutânea demonstra depósitos de IgM e complemento nos vasos afetados. Tratamento: corticosteroides e IgG IV – Após injeção subcutânea de um antígeno, os anticorpos circulantes se ligam rapidamente ao antígeno injetado e formam imunocomplexos que são depositados nas paredes de pequenos vasos no local da injeção. Essa deposição dá origem a uma vasculite cutânea local, com trombose dos vasos afetados, levando à necrose tecidual. As lesões de Arthus evoluem no decorrer de algumas horas, atingindo seu pico 4 - 10h após a injeção, quando o local da injeção desenvolve edema visível com hemorragia grave, as vezes seguida por ulceração Hipersensibilidade Tipo IV – Tardia Imunidade celular mediada por células, linfócitos T, com resposta 48 a 72h após o estímulo, que pode ser cutâneo ou intradérmico. Linfócitos T ⇒ provocam lesão tecidual pela produção de citocinas que induzem inflamação ou pela destruição direta das células alvo Relacionada a alterações autoimunes, infecciosas (tuberculose, lepra, blastomicose, histoplasmose, toxoplasmose, leishmaniose etc.) e granulomas devido a infecções e antígenos estranhos. Uma outra forma de hipersensibilidade tardia é a dermatite de contato (hera venenosa, agentes químicos, metais pesados etc.) nos quais as lesões são mais papulares 14 Rafaela Pamplona Tratamento: corticosteroides, antagonistas de TNF e Anti-CD20 Dois tipos de reações das células T são capazes de causar lesão tecidual e doença: 1) Inflamação mediada por citocinas, na qual as citocinas são produzidas principalmente por células TCD4+ As células CD4+ dos subtipos TH1 e TH17 secretam citocinas, que recrutam e ativam neutrófilos, macrófagos, mastócitos, formando um infiltrado de células inflamatórias 2) Citotoxicidade celular direta mediada pelas células T CD8+ Responsáveis pelo dano tecidual Os linfócitos T citotóxicos (CD8+) desempenham um papel importante na rejeição de transplantes de órgãos sólidos e podem contribuir para doenças imunológicas, como diabetes do tipo 1 As células TCD8+ também podem secretar INFᵧ e contribuir para a inflamação mediada por citocinas, mas menos do que as células CD4+ – absorvido pela pele Os antígenos que penetram no extrato córneo são fagocitados pelas células de Langerhans e apresentados aos linfócitos TH1 específicos. Após o reconhecimento e a interação destas células, há liberação de IL-1 e IL-2 e expansão do clone específico de linfócitos T (semelhante a picada de inseto) – injetado na pele Acomete indivíduos sensibilizados com o bacilo da tuberculose Cerca de 8-12 horas após a injeção intracutânea de tuberculina, aparece uma área local de eritema e endurecimento, atingindo um pico (tipicamente de 1-2 cm de diâmetro) em 24-72h Exame histológico: a reação de HR é caracterizada pelo acúmulo perivascular (cuffing) de células T auxiliares CD4+ e macrófagos A secreção local de citocinas por essas células inflamatórias mononucleares leva a um aumento da permeabilidade microvascular, causando edema dérmico e depósito de fibrina (=responsável pela rigidez de tecido) Testes → maior a resposta indica contato prévio - Mantoux (ppd) – Tuberculina - Machado guerreiro – Chagas - Matsuda – Lepra - Montenegro – Leishmaniose 15 Rafaela Pamplona O infiltrado inicial perivascular de células TCD4+ é progressivamente substituído por macrófagos ao longo de um período de 2-3 semanas. Os macrófagos acumulados apresentam evidências morfológicas de ativação, isto é, eles se tornam grandes, lisos e eosinofílicos, e são chamados de células epitelioides ⇒ misturam- se sob influência das citocinas (INFᵧ) para formar as células gigantesmultinucleadas. Granuloma: é o agregado microscópico de células epitelioides, tipicamente rodeado por um colar de linfócitos. Granulomas mais velhos desenvolvem um envoltório capsular de fibroblastos e tecido conjuntivo O processo é essencialmente a forma crônica da inflamação mediada por Th1 e ativação de macrófagos. O reconhecimento de um granuloma é um importante diagnóstico por causa do número limitado de doenças: Ex.: Tuberculose, hanseníase, sífilis, doença da arranhadura de gato, sarcoidose e doença de Crohn Reações incontroladas que envolvem as células T, direcionadas contra as bactérias intestinais Caracterizada por inflamação granulomatosa transmural com acometimento da toda a parede intestinal, desde a mucosa até a serosa, e pela ocorrência de fibrose, microperfurações e fístulas. Pode haver inflamação em todo o TGI As células ᵦ das ilhotas pancreáticas são destruídas por uma reação autoimune das células T citolíticos Produção local de citocinas ⇒ INFᵧ, TNF e IL-1 Reação imune ao glúten, proteína de armazenamento principal do trigo Antígeno: gliadina ⇒ peptídeo resistente a degradação por proteases gástricas, pancreáticas e do intestino Capaz de interagir com HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 em células apresentadoras de antígenos e ser apresentada ao linfócito TCD4+ Além das células CD4+, há um acúmulo de células CD8+ que não são específicas para gliadina, mas podem desempenhar um papel auxiliar em causar danos nos tecidos Consequência: atrofia vilosa do intestino delgado, causando má absorção O quadro histopatológico é caracterizado por aumento do número de linfócitos T CD8+ intraepiteliais, com linfocitose intraepitelial, hiperplasia das criptas e atrofia das vilosidades 16 Rafaela Pamplona Resumo ▪ As respostas imunes que causam injúria tecidual são chamadas de reações de hipersensibilidade, e as doenças causadas por essas reações são chamadas de doenças de hipersensibilidade ou doenças inflamatórias imunomediadas. ▪ Reações de hipersensibilidade podem surgir de respostas descontroladas ou anormais a antígenos estranhos ou respostas autoimunes contra antígenos próprios. ▪ As reações de hipersensibilidade são classificadas de acordo com o mecanismo de lesão tecidual. A hipersensibilidade imediata (tipo I, comumente chamada de alergia) é causada pela produção de anticorpo IgE contra antígenos ambientais ou medicamentos (alérgenos), sensibilização dos mastócitos pela IgE e degranulação desses mastócitos na exposição subsequente ao alérgeno. ↳ As manifestações clínicas patológicas da hipersensibilidade imediata resultam das ações dos mediadores secretados pelos mastócitos: dilatação vascular, contração dos músculos lisos e inflamação. ↳ O tratamento das alergias visa inibir a produção e antagonizar as ações dos mediadores e combater seus efeitos nos órgãos terminais. Os anticorpos contra antígenos celulares e teciduais podem causar lesão tecidual e doença (hipersensibilidade tipo II). Os anticorpos IgM e IgG promovem a fagocitose das células a que se ligam, induzindo inflamação pelo recrutamento de leucócitos mediado por receptor de Fc e complemento, e podem interferir nas funções das células ao se ligarem a moléculas e receptores essenciais. Nas doenças do complexo imune (hipersensibilidade tipo III), os anticorpos podem ligar-se aos antígenos circulantes para formar os complexos imunes, que são depositados nos vasos, levando à inflamação na parede do vaso (vasculite), que provoca de maneira secundária a lesão tecidual em função do fluxo sanguíneo comprometido. Doenças mediadas por célula T (hipersensibilidade tipo IV) resultam de inflamação causada por citocinas produzidas por células CD4+ TH1 e TH17 ou pelo extermínio de células do hospedeiro por CTL CD8+. Transplante é utilizado para substituir tecidos ou órgãos que tenham ido à falência Transplante ou Enxerto: é o processo de retirada de células, tecidos ou órgãos, chamados enxertos, de um indivíduos e a sua inserção em um indivíduos (geralmente) diferente Doador Rejeição ou aceitação Enxerto Receptor Doador: aquele que fornece o enxerto Receptor ou hospedeiro: aquele que recebe o enxerto O sucesso de transplantes de tecidos e órgãos depende do complexo de antígeno leucocitário humano (HLA) do doador e receptor, codificados pelos genes HLA. Quando as proteínas HLA das células do doador diferem das células do receptor, ocorre uma resposta imune no receptor. Os genes das proteínas HLA estão agrupados no complexo principal de histocompatibilidade, que está envolvido nos mecanismos de reconhecimento celular, visando proteger o organismo de agressões externas e da regulação da resposta imune O transplante de tecidos de um indivíduo para um receptor não idêntico geneticamente leva a uma resposta imunológica específica chamada de rejeição, que pode destruir o enxerto Rejeição de aloenxerto: é a resposta a antígenos não próprios nos órgãos transplantados A rejeição é um fenômeno complexo envolvendo reações de hipersensibilidade celular e mediada por anticorpos que destroem o enxerto. Resulta de reações inflamatórias que lesam os tecidos transplantados. É mediada pelo sistema imune adquirido, porque mostra especificidade e memoria e é dependente de linfócitos. Obs.: hemácias e plaquetas expressam poucas moléculas de MHC de classe I e não expressão MCH classe II, assim, geralmente não são alvos para células T do receptor. Mas no caso de transfusões repetidas deve ser combinado de acordo com os antígenos AB0 e Rh. Obs.: as moléculas do MHC humano são chamadas de antígenos leucocitários humanos (HLA). Logo, MHC e HLA são usados indistintamente. Termos e Definições 1. Local do enxerto - Mesma localização anatômica: ortotrópico - Localização diferente: heterotrópico 17 Rafaela Pamplona 2. Doador do enxerto - Do indivíduo para ele mesmo: autólogo - De indivíduos diferentes: heterólogo 3. Enxerto transplantado de indivíduos geneticamente - Iguais: singênico - Diferentes: alogênico ou aloenxertos Aloenxertos → aloantígenos → linfócitos alorreativos 4. Enxerto transplantado de indivíduos de espécies diferentes: xenogênico ou xenoenxerto Xenoenxerto → xenoantígenos → linfócitos xenorreativos Os antígenos que servem como alvos de rejeição são chamados aloantígenos e xenoantígenos, e os anticorpos e células T que reagem contra esses antígenos são denominados alorreativos e xenorreativos. Tipos de Transplantes de Acordo com o Doador Transplantes ortotópicos: mesma localização anatômica Transplantes heterotópicos: localização anatômica diferente Autoenxerto – autólogo: transferência de tecidos do próprio indivíduo para outro sítio no corpo. É sempre permanentemente aceito Isoenxerto – singênico: transferência de tecidos entre indivíduos geneticamente idênticos (gêmeos idênticos) e quase sempre permanentemente aceito. Xenoenxerto – heterólogo: transferência de tecidos entre espécies diferentes, é sempre rejeitado por um receptor imunocompetente. Ex: valva cardíaca suína ou bovina, pele de peixes em queimados. Aloenxerto – homólogo: entre membros de uma mesma espécie, mas geneticamente diferentes. São geralmente rejeitados, a não ser que fármacos imunossupressores sejam administrados ao organismo receptor. A gravidade e rapidez da rejeição variam, dependendo da quantidade de diferenças no MHC entre doador e receptor. Base Genética da Rejeição Os genes que mais contribuem para a rejeição são os genes do complexo principal de histocompatibilidade, que se deve ao MHC ser: - Polimórfico: antígenos do enxerto diferem entre indivíduos de uma mesma espécie. Por isso, são reconhecidas comoagentes estranhos (antígenos) pelo sistema imune. - Codominante: herda e expressa moléculas de ambos os pais As moléculas de MCH tem função de antígenos que causam a rejeição do enxerto como consequência da natureza do reconhecimento antigênico pelas células T, sendo responsáveis por reações fortes e rápidas Qualquer transplante entre indivíduos geneticamente não idênticos, haverá antígenos polimórficos diferentes das moléculas do MHC contra as quais o receptor pode montar uma resposta imunológica O principal problema imunológico com o transplante é que o órgão ou tecido enxertado é visto pelo sistema imune como “estranho” sendo reconhecido e atacado – levando à rejeição do órgão O transplante é normalmente realizado entre indivíduos da mesma espécie que não são geneticamente idênticos, e as diferenças antigênicas são conhecidas por diferenças alogênicas, e o resultado, por uma resposta imune aloespecífica O sucesso do transplante depende dos antígenos leucocitários humanos do doador e receptor, codificados pelos genes HLA. Essas proteínas são aloantígenos, isto é, diferem dentre os membros de mesma espécie. Quando as proteínas HLA das células do doador diferem daquelas das células do receptor, ocorre uma resposta imune no receptor. Os genes das proteínas HLA estão agrupados no complexo principal de histocompatibilidade (MHC). Três desses genes (HLA-A, HLA-B e HLA-C) codificam proteínas do MHC de classe I e vários loci HLA-D codificam proteínas do MHC de classe II, isto é, DP, DQ e DR. Reconhecimento de Antígenos A célula T alorreativa é responsável pelo reconhecimento das diferenças polimórficas das moléculas do MHC. Dessa forma, como doador e receptor possuem geralmente MHC distintos, grande número de antígenos novos podem ser reconhecidos pela célula T, que respondem a eles. Os linfócitos T do receptor reconhecem como antígenos as células do doador. Quanto mais diferentes forem as moléculas HLA (MHC) do doador maior será a rejeição do receptor. 18 Rafaela Pamplona Os aloantígenos ativam células T, tanto auxiliares quanto citotóxicas, que carreiam receptores de células T específicas para os aloantígenos. As células T ativadas proliferam e reagem contra os aloantígenos nas células do doador. As células T citotóxicas CD8+ causam a maior parte da morte celular nas células do aloenxerto. - MHC classe 1/HLA1 – será reconhecido pelo linfócito TCD8 - MCH classe II/HLA2 – será reconhecido pelo linfócito TCD4 Os aloantígenos responsáveis pela rejeição são conhecidos como antígenos de histocompatibilidade e podem ser divididos em: - Antígenos primários de histocompatibilidade: representados pelo MHC (ou HLA), causam respostas mais fortes individualmente. - Antígenos secundários de histocompatibilidade: são os demais aloantígenos, causam respostas fracas individualmente. Porém conseguem respostas fortes se combinados. Base Imunológica da Rejeição A rejeição resulta de reações inflamatórias que lesam os tecidos transplantados. É mediada pelo sistema imunológico adquirido, porque mostra especificidade e memória e é dependente dos linfócitos. Os linfócitos T que reconhecem um enxerto como estranho e reagem contra ele As respostas imunes são as barreiras mais importantes contra a eficácia dos transplantes A resposta imune direcionada contra os aloantígenos é denominada resposta alorreativa O MHC apresenta o antigeno peptídeo para o reconhecimento pelos linfócitos T. Uma simples célula alogênica do enxerto irá expressar milhares de moléculas de MHC, cada uma pode ser reconhecida como estranha por células T do receptor ⇒ resposta imune intensa Imunidade inata: a interrupção do suprimento sanguíneo para o tecido e órgãos durante o período entre a remoção e a transferência pode causar algum dano isquêmico, que pode resultar na expressão de padrões moleculares associados ao dano no enxerto, estimulando respostas inatas mediadas tanto por células inatas do hospedeiro no interior do enxerto quanto pelo sistema imune inato do doador. Células natural killer (NK) do hospedeiro podem responder à ausência de moléculas de histocompatibilidade singênicas nas células do enxerto doado e, portanto, contribuir para a rejeição do enxerto. Respostas inatas podem causar lesão ao enxerto, mas também amplificam as respostas adaptativas pela ativação de células apresentadoras de antígenos (APCs) Leis do Transplante Enxertos de indivíduos geneticamente iguais não são rejeitados Enxertos de indivíduos geneticamente diferentes são rejeitados com uma velocidade que é dependente da localização das diferenças genéticas Há memoria na resposta ao enxerto, acelerando a rejeição, em caso de sensibilização prévia Há especificidade na resposta ao enxerto, uma vez que a aceleração foi específica ao enxerto que já havia sido transplantado previamente Um hospedeiro imunocompetente reconhece os antígenos estranhos em tecidos transplantados (ou células) e monta uma resposta imune que resulta em rejeição A capacidade de aceitar um enxerto é dependente de o receptor compartilhar todos os genes de histocompatibilidade do doador Reconhecimento dos Aloantígenos Relaciona-se com a tolerância imunológica., é importante que os linfócitos que maturam sejam uteis no reconhecimento e nas respostas contra antígenos estranhos As células T se desenvolvem no timo e migram para os órgãos linfoides periféricos, onde serão ativadas por antígenos estranhos Receptores de células T possem especificidade intrínseca por moléculas MHC, próprias ou estranhas : ocorre no timo, em que apenas as células T não- autorreativas podem amadurecer em células CD4+ ou CD8+, ou seja, seus receptores interagem fracamente com o MHC próprio e fortemente com as moléculas do MHC alogênicas. : linfócitos T altamente autorreativos devem ser eliminados, sofrendo apoptose, a fim de impedir reações autoimunes, sendo uma das maneiras pela qual o sistema imune torna-se autotolerante. As células B autorreativas sofrem ação semelhante na medula óssea.. 19 Rafaela Pamplona A seleção negativa também pode ocorrer fora do timo, nos tecidos linfoides secundários. A desativação das células T autorreativas (tolerância periférica) pode ocorrer por meio: - Redução na expressão de TCR e CD8 (nas células citotóxicas), de forma que as células são incapazes de interagir com os autoantígenos-alvo - Anergia, devido à ausência de sinais coestimuladores cruciais fornecidos pelas células-alvo, seguida pela indução da apoptose após a interação com antígenos próprios - Células T reguladoras (Tregs) O resultado é o repertorio maduro que inclui muitas células T que se ligam a moléculas de MHC alogênico com alta afinidade As células T reconhecem antígenos apresentados pelas células apresentadoras de antígenos (APCs) Vias de Apresentação de Antígenos Antes que as células T virgem alorreativas possam se desenvolver em células T efetoras que causam rejeição, elas devem ser ativadas por APCs que portem moléculas do MHC alogênicas e coestimuladoras As células T no receptor podem reconhecer diferentes aloantígenos do doador nos enxertos, dependendo de quais células no enxerto estão exibindo esses aloantígenos. A via direta pode ser mais importante para a rejeição aguda mediada por CTL, e a via indireta tem um papel maior na rejeição crônica Apresentação Direta Ocorre quando as células T alorreativas se ligam diretamente a uma molécula de MHC alogênica intacta com um peptídeo ligado presente em uma célula dendrítica ou outra APC do enxerto (doador), no interior dos linfonodos. As células TCD4+ ou TCD8+ podem reconhecer diretamente as moléculas do MHC de classe II ou de classe I do doador e sediferenciarão em células T auxiliares ou CTL. Os CTL reconhecerão diretamente o mesmo complexo MHC-peptídeo do doador exibido nas células teciduais do enxerto e destruirão essas células É uma consequência da similaridade entre as estruturas de uma molécula MHC alogênica intacta e as moléculas do MHC própria. Apresentação Indireta As moléculas de MHC do doador (alogênicas) são capturadas e processadas pelas APCs do receptor, e os peptídeos derivados dessas moléculas são apresentados em associação a moléculas de MHC próprias. As APC receptoras podem também processar e apresentar outras proteínas do enxerto, diferentes das moléculas alogênicas do MHC. 20 Rafaela Pamplona O MHC do doador é potencialmente um antígeno para o receptor – pode ser processado por células apresentadoras de antígenos (APCs) do doador e apresentado para linfócitos T alorreativos. As células T auxiliares MHC-específicas do doador podem auxiliar as células B a produzir anticorpos específicos para o MHC do doador que podem lesar as células do enxerto. Os linfócitos TCD4 podem também ser ativados no enxerto por macrófagos do receptor apresentando os mesmos peptídeos derivados do MHC do doador, levando à lesão inflamatória do enxerto Cultura Mista de Linfócitos (MLR) Baseado nos mecanismos de alorreatividade para detectar histocompatibilidade É um modelo in vitro de reconhecimento de células T de aloantígenos Os linfócitos de dois indivíduos diferentes são misturados em uma cultura celular As células T de um indivíduo se tornam ativas pelo reconhecimento das moléculas de MHC alogênicas do outros, as respostas de células T são analisadas A magnitude da resposta é proporcional à extensão das diferenças de MHC entre esses indivíduos, dando previsão superficial dos resultados das trocas de enxerto entre esses indivíduos. Doença Enxerto versus Hospedeiro (GVH) Principal acometimento após transplante de medula óssea É quando o enxerto não aceita o receptor Quando células T competentes são transferidas do doador para o receptor que não consegue rejeitá-las, as células enxertadas sobrevivem e têm tempo de reconhecer os antígenos do hospedeiro e reagir imunologicamente Consiste no reconhecimento de estruturas antigênicas do receptor como não-próprias pelos linfócitos do doador, causando febre, anemia, emagrecimento, erupção maculopapular, icterícia, hepatoesplenomegalia e diarreia. Dependendo do grau de acometimento do paciente, pode levar ao óbito, por proporcionar uma maior frequência de infecções. Citocinas e o fator de necrose tumoral (TNF) são os principais mediadores O principal mecanismo dessa reação é a resposta celular, sendo ativados linfócitos T do enxerto, podendo predominar TCD8+ ou TCD4+ Células T citotóxicas e Th1 do receptor são ativadas por HLA classe I e II, respectivamente. Os linfócitos ativados do enxerto causam lise nas células do hospedeiro: pele, intestino e fígado. Para que a reação de GVH ocorra são necessários três eventos: 1) Enxerto deve conter células T imunocompetentes 2) O hospedeiro deve estar imunocomprometido 3) O receptor deve expressar antígenos (proteínas do MHC) estranhos ao doador, isto é, as células T do doador reconhecem as células do receptor como estranhas Células linfoides histocompatíveis, quando injetadas em um hospedeiro imunocomprometido, são rapidamente aceitas Entretanto, os linfócitos T imunocompetentes entre as células enxertadas reconhecem os aloantígenos e, em resposta, elas proliferam e progressivamente causam danos aos tecidos e as células do hospedeiro Mesmo quando o doador e receptor possuem proteínas do MHC de classe I e classe II idênticas (haplótipos idênticos) pode haver uma reação de GVH, devido as diferenças nos antígenos minoritários. A reação GVH pode ser minimizada tratando-se o tecido do doador com globulina antitimócito, anticorpos monoclonais ou ciclosporina antes da realização do enxerto, para eliminar as células T maduras. 21 Rafaela Pamplona Mecanismos de Rejeição Imunológica Baseadas no tempo de aparecimento e no tipo de resposta imunológica É possível participação de linfócitos T reguladores na tolerância a transplantes, pois foi observado aumento de IL-10 na ausência de rejeição. Sabe-se que T reguladores sintetizam IL-10 e aumentam a tolerância de linfócitos efetores próximos. Obs.: nem sempre o aparecimento da rejeição coincide com o tempo sugerido. Sendo o tipo de resposta o critério mais importe. Hiperaguda Aguda Crônica Resposta humoral Resposta humoral e celular Resposta celular Rejeição Hiperaguda Caracterizada pela formação de trombos no enxerto imediatamente após o transplante. Decorrente de anticorpos pré-existentes no receptor, que podem predeterminar microtrombos no órgão transplantado, com consequente isquemia e necrose. Mediada por Anticorpos naturais (produzidos por LB) direcionados contra o MHC estranho e contra as células endoteliais do doador, com consequente ativação do complemento. A exposição do endotélio leva a ativação extensiva da cascata de coagulação e formação de trombos. Diferenças entre o MHC classe II do doador e receptor fazem com que o MCH II de células endoteliais do órgão doado estimulem diretamente Tauxiliares (CD4+) do receptor, por meio de TCR (receptor de célula T). O influxo de cálcio para T auxiliares e ativação de várias enzimas intracelulares resultam em T auxiliar ativado, que se torna apto para cooperar com linfócitos B. Os linfócitos B proliferam e apresentam a maturação final para plasmócitos, com síntese de imunoglobulinas. As imunoglobulinas secretadas são dirigidas contra as células endoteliais do enxerto, resultando no ataque desses anticorpos contra as células endoteliais do órgão transplantado. Há formação de microtrombos, seguindo-se de isquemia e necrose, com perda progressiva da função do órgão. É determinada por resposta humoral, por meio de anticorpos já existentes ou neoformados pelo receptor. O resultado é sempre: formação de microtrombos, isquemia e necrose do enxerto Rejeição Aguda Caracterizada pela lesão vascular e parenquimatosa mediada por LT e anticorpos de 3 a 5 meses após o transplante. Decorrente de quatro mecanismos imunológicos: 1. Resposta humoral, devido a anticorpos pré-existentes, resultando em vasculite, isquemia e necrose 2. Resposta celular dada por linfócitos T O MHC classe I do enxerto, apresentando pequenas diferenças ao MHC I do receptor, ativa diretamente TCR de linfócitos T citotóxicos (CD8+) e Th1 (CD4+) do receptor. Os linfócitos T citotóxicos começam a liberar perforinas de suas vesículas, impedindo a bomba Na/Cl, o que leva à lise de células do enxerto. Os T citotóxicos determinam, ainda, apoptose de células do transplante, contribuindo com a perda progressiva do órgão doado. Pode haver predomínio de células CD8+ ou de CD4+, o que direciona o tratamento, por meio de anticorpos monoclonais (anti-CD4 ou anti-CD8) ou anti-CD3, no caso de prevalecerem os dois tipos de linfócitos 3. Hipersensibilidade tipo II ou citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC), que resulta de uma produção exacerbada de anticorpos contra células do enxerto 22 Rafaela Pamplona A união do anticorpo a antígeno da superfície de células do enxerto leva a ativação de células líticas do receptor: fagócitos, células NK linfócitos T. A lise de células-alvo do enxerto acarreta perda funcional do órgão 4. Síntese de citocinas por células ativadas do receptor contribui muito para a rejeição aguda Linfócitos Th1 ativados do receptor sintetizam IL-2, IFNᵧ e IL-12. A IL-2 ativa linfócitos,. o IFNᵧ, além de ativarlinfócitos, ativa monócitos/macrófagos. IL-12 ativa as células NK, por sua vez sintetizam mais IFNᵧ. Monócitos/macrófagos (Mø) produzem IL-1, Fator de Necrose Tumoral (TNF) e IL-12, aumentando a rejeição aguda. Em consequência, mais Th1, T citotóxicos, NK e Mø do receptor serão ativados, acarretando vasculite e lise das células endoteliais do enxerto. O IFNᵧ ainda aumenta a expressão de MHC, aumentando as diferenças entre MHC do receptor e do enxerto. Rejeição Crônica Ocorre meses ou anos após o transplante Principal mecanismo é a resposta celular. Linfócitos T citotóxicos do receptor são acionados por MHC I de células nucleadas do enxerto, assim como Th1 por MHC II de células endoteliais do transplante. Esses linfócitos, por meio de lise ou apoptose, destroem células do enxerto. A destruição é seguida de proliferação das células endoteliais do enxerto, fibrose, isquemia e perda funcional progressiva do órgão. Pode haver predomínio de células CD8+ ou CD4+ Assim, a rejeição crônica é determinada por resposta adaptativa celular, por meio de células CD4+ e CD8+ que causam lise e fibrose no enxerto A fibrose vascular pode ser a expressão de citocinas estimuladoras de fibroblastos ou pela reparação de danos causados na rejeição aguda. Pode resultar em oclusão total do vaso, com proliferação de células musculares da íntima – Aterosclerose do enxerto, podendo levar a perda de função do órgão transplantado Esquema de Ativação da Resposta Imune Bactéria opsonizada (neutralizada) é incorporada pelos macrófagos, que passam a desempenhar o papel de células apresentadoras de antígenos (CAA), que ativa os linfócitos T virgens. Com a ativação, os linfócitos T virgens se transformam em Th1 (→INFᵧ), Th2 (→ IL-4) ou Th17, dependendo da citocina. Th1 libera IL-2, que estimula a diferenciação e a expansão clonal do linfócito T ⇒ resposta celular Th2 libera IL-4, que estimula os linfócitos B, que sofre proliferação (cél B de memória), diferenciação (anticorpos – cél B efetoras) ou atuar como CAA. Obs.: Mecanismo de feedback ↳ Th1 elevado inibe Th2, por meio do INFᵧ ↳ Th2 elevado inibe o Th1, por meio da IL-10 23 Rafaela Pamplona Imunossupressores São utilizados para atenuar a resposta imune dos pacientes que receberam transplantes ou com doenças autoimunes. Devem ser utilizados por toda a vida e suprimem inespecificamente todo o sistema imune, razão pela qual os pacientes ficam expostos a riscos significativamente maiores de infecção e câncer Principais Classes de Imunossupressores - Glicocorticoides (diabetogênico) → prednisona, prednisolona - Inibidores de calcineurina (nefrotóxico) → ciclosporina, tacrolimus - Agentes antiproliferativos → sirolimo - Anticorpos → anti-CD3, anti-CD25, anti-TNFα Fármaco Local de ação Glicocorticoides Elementos de resposta aos glicocorticoides no DNA (regulam a transcrição de genes) Muromonabe CD3 Complexo receptor das células T (bloqueia o reconhecimento dos antígenos) Ciclosporina Calcineurina (inibe a atividade da fosfolipase) Tacrolimo Calcineurina (inibe a atividade da fosfolipase) Azatioprina DNA (incorpora um nucleotídeo falso) Micofenolato mofetila Monofosfato de inosina desidrogenase (inibe sua atividade) Daclizumabe, basiliximabe Receptor da IL-2 (bloqueia a ação das células T mediadas pela IL-2) Sirolimo Proteinocinase envolvida na progressão do ciclo celular (mTOR) (inibe sua atividade) Princípios da Imunossupressão 1. Preparação cuidadosa dos pacientes e a seleção do melhor doador disponível com compatibilidade de grupo sanguíneo AB0 e antígenos HLA para a doação do órgão 2. Utilizar abordagem multissequencial ao tratamento imunossupressor farmacológico. Vários fármacos são utilizados simultaneamente, cada um voltado para um alvo molecular diferente da resposta ao aloenxerto. ↳ Efeitos sinérgicos permitem doses relativamente baixas, limitando os efeitos tóxicos e ampliando o efeito imunossupressor 3. O grau de imunossupressão na adaptação inicial do enxerto ou no tratamento da rejeição é maior do que o tratamento a longo prazo. Por isso, os protocolos incluem indução intensa e manutenção com doses mais baixas Ex.: ~ Indução: muromonabe CD3 (neutraliza linfócitos T e B) ~ Manutenção: inibidor de calcineurina, glicocorticoide e micofenolato ~ Rejeição: glicocorticoides (altas doses) e muromonabe CD3 4. Investigar cada episódio de disfunção do transplante, incluindo-se a avaliação das possibilidades de rejeição, toxicidade dos fármacos e infecção. 5. O agente imunossupressor deve ser reduzido ou retirado do esquema, se seus efeitos tóxicos suplantarem seus benefícios. Tratamento de Indução É utilizado para postergar o uso dos inibidores da calcineurina nefrotóxicos, ou intensificar o tratamento imunossupressor inicial dos pacientes sob risco elevado de rejeição Imunoterapia de Manutenção Inclui o uso de vários fármacos simultâneos, dirigidos para diferentes etapas de ativação dos linfócitos T Tratamento da Rejeição Estabelecida Requer a utilização de fármacos dirigidos contra os linfócitos T ativados. Isso inclui glicocorticoides em doses altas (pulsoterapia), anticorpos antilinfocitários policlonais, ou muromonabe-CD3. 24 Rafaela Pamplona Glicocorticoides ou Corticosteroides Esteroides adrenocorticais Importante por atuar na silenciação de genes pro-inflamatórios (transcrição gênica), se liga a elementos de resposta a glicocorticoides, causando uma supra ou infra regulação da expressão gênica Diminuem a concentração de TNFα, inibem a IL-1 (linfócitos T) e IL-4 (anticorpos) Ação linfolitica: induzem a lise linfocitária Diminuem a expressão de MHC e proliferação de linfócitos T, ou seja, diminuem a capacidade de ativar TCD4 e TCD8 Inibe a Imunidade celular, que é a mais afetada Tem ação imunossupressora e anti-inflamatória ~ Inibe a Imunidade Celular: reduz a proliferação de linfócitos T e aumenta a apoptose das células T ~ Inibe a Imunidade Humoral: reduz a ativação de células T, proliferação de linfócitos B e produção de imunoglobulinas, principalmente IgG ~ Inibem a migração de células mononucleares e neutrófilos, bem como sua adesão ao endotélio capilar inflamado. A capacidade dessas células inflamatórias de fagocitar e destruir microrganismos e de liberar radicais livres de oxigênio também é reduzida por meio da regulação negativa da expressão de seus receptores de superfície ~ Reduzem a síntese de prostaglandinas inflamatórias por inibição da atividade da fosfolipase A2 e da supressão da expressão de cicloxigenase ~ Suprimem a atividade fibroblástica com redução na síntese de colágeno e inibição de metaloproteinases da matriz, o que prejudica a cicatrização de feridas ~ Diminuem a permeabilidade capilar, que tem um efeito protetor no volume sanguíneo e aumenta a pressão arterial. Também aumentam a sensibilidade das paredes vasculares às ações vasoconstritoras das catecolaminas e da angiotensina II. Fosfolipase A2 quebra os fosfolipídios de membrana, formando ácido araquidônico, que é substrato dos mediadores inflamatórios, como leucotrienos e prostaglandinas Os glicocorticoides atuam inibindo a ação da fosfolipase A2, não permitindo a formação do substrato para os mediadores inflamatórios. São utilizados isoladamente e em combinação com outros agentes imunossupressores no tratamento da rejeição dos transplantes e dos distúrbios autoimunes e em reações alérgicas Succinatode metilprednisolona: utilizada para reverter a rejeição aguda do transplante e as exacerbações agudas de alguns distúrbios autoimunes Limitam reações alérgicas a outros imunossupressores Uso crônico pode gerar efeitos adversos importantes: obesidade, má cicatrização,osteoporose, hiperglicemia Interrupção abrupta: quando utilizado por longo período, a produção de ACTH hipofisária é suprimida, causando atrofia da adrenal. A retirada repentina pode levar a insuficiência adrenal aguda com hipotensão e morte. Recomenda-se a redução gradual da dose. Inibidores Específicos da Sinalização de Linfócitos Ligantes de Imunofilinas ▪ Inibidores de calcineurina - Ciclosporinas - Tacrolimus (FK506) ▪ Não inibidores de calcineurina - Sirolimus (Rapamicina) Ciclosporinas Mecanismo de Ação: inibição da síntese de IL-2 e outras citocinas com imunofilinas 25 Rafaela Pamplona A CAA expressa o MHC de classe II, que terá a proteína do antígeno. MHC II + antígeno se liga ao receptor de células T (TCR), liberando a entrada de Ca2+. Ca2+ se liga a calmodulina, ativando a calcineurina Calcineurina irá se ligar ao fator de nuclear ativador de linfócitos T (nFAT), por meio da fosforilação nFAT ativado estimula o núcleo a realizar o processo de transcrição de genes produtores de citocinas, principalmente IL-2 IL-2, atua como fator de crescimento que estimula a proliferação e diferenciação das células T (auxiliares) marcadas pelo antígeno, que subsequentemente produzem mais IL-2, IFN e TNF. Essas citocinas coletivamente ativam células natural killers, macrófagos e linfócitos citotóxicos T A ciclosporina depois de difundir para as células T, se liga a ciclofilina (=imunofilina), formando o complexo que se liga a calcineurina, prevenindo a desfosforilação do nFAT O complexo calcineurina-ciclosporina impede que o nFAT entre no núcleo e promova as reações necessárias a síntese de citocinas, incluindo IL-2 O resultado é a diminuição de IL-2, que é o estimulo primário para o aumento do número de linfócitos T, reduzindo significativamente a resposta imune e a rejeição dos transplantes Inibidor de calcineurina: inibição de Il-2 e outras citocinas Inibe ativação de Linfócitos T Alimentos reduzem absorção Disfunção hepática – ajustar a dose Pouca toxicidade medular Aumento da incidência de linfomas ~ Oral: capsulas de 25,50 e 100mg (absorção de 20 – 50%) ↳ Capsula gelatinosa x microemulsão modificada ~ Parenteral – 50mg/mL ~ Aplicação EV (endovenosa): calafrios, mialgia, febre e dispneia Mais ativa antes da exposição ao antigeno (para evitar a proliferação de linfócitos T) Depuração menor: idosos, hepatopatas Eliminação biliar (90%) e urinária (6%) ↳ Geralmente administrada com corticoides, para evitar os efeitos adversos Nefrotoxicidade é principal efeito adverso, devido a ser um antagonista de cálcio e da infusão contínua (48 ou 72 horas ) Outros efeitos aversos: hipertensão, hiperglicemia, hiperuricemia, hipercalemia, convulsões, hiperplasia gengival, hirsutismo Efeito diabetogênico: glicocorticoides em negros, hispânicos e obesos Interações medicamentosas devido ser metabolizado no fígado - Inibidores enzimáticos bloqueadores de cálcio, fluconazol, eritromicina e metilprednisolona - Daines, IECA, Anfotericina B, Furosemida - Corticoides, Diazóxido Uso terapêutico - Monoterapia ou associada a glicocorticoide – transplantes: renal, hepático, cardíaco e medula óssea - Doenças autoimunes: psoríase, glomerulopatia, artrite reumatoide (resistente a metotrexato) Tacrolimus (FK506) Mecanismo similar a ciclosporina, mas ao invés de se ligar a ciclofilina, ele se liga à imunofilina proteína de ligação FK (FKBP), que também inibe a calcineurina, necessária para a ativação do nFAT Mais potente na inibição das respostas imunes Doses orais 3 – 4 vezes maiores que EV Biodisponibilidade variável Alimentos reduzem a absorção Maior hiperglicemia (diabetogênico) Não altera ácido úrico e LDL Toxicidade similar a da ciclosporina Neuro e nefrotoxicidade Aumento de risco de tumores secundários e infecções oportunistas Menor dependência da bile O tacrolimo liga-se a uma proteína intracelular a FK506 Forma-se um complexo de tacrolimo-FKBP-12, que se liga à calcineurina Inibe a desfosforilação e a translocação nuclear do nFAT, inibindo a ativação da IL-2 e outras citocinas 26 Rafaela Pamplona Embora os receptores intracelulares sejam diferentes, a ciclosporina e o tacrolimo usam a mesma via para a imunossupressão Sirolimus (Rapamicina) e Everolimo Inibidores do sinal de proliferação Inibe a ativação e a proliferação das células T, depois dos receptores para IL-2 e outros fatores de crescimento das células T Forma um complexo com a imunofilina FKBP-12, mas não altera a atividade da calcineurina. O complexo inibe e liga-se a proteinocinase mTOR, uma enzima fundamental para a progressão do ciclo celular (bloqueio G1 → S), impedindo a transcrição do RNAm para a IL-2 Suprime a síntese proteica e a divisão celular O mTOR é um componente essencial de uma complexa via de sinalização intracelular envolvida nos processos celulares como crescimento e proliferação da célula, angiogênese e metabolismo Geram tolerância imunológica Não são nefrotoxicidade – associação com inibidores de calcineurina Efeitos adversos: mielossupressão (trombocitopenia), hepatotoxicidade, diarreia, hiperlipidemia e aumento de LDL Everolimo tem a meia-vida mais curta Tratamento preventivo de rejeição no transplante renal (em associação) Antiproliferativos e Antimetabólicos Mecanismo de ação - Interferência no DNA da célula - Inibição da proliferação clonal dos linfócitos T e B - Inibição da replicação de genes envolvidos na resposta imune ▪ Azatioprina: inibição da síntese de purinas (mecanismo competitivo) ▪ Micofenolato de mofetil: inibição da síntese de purinas (mecanismo de inibição de enzima) ▪ Ciclofosfamida: alquilação da DNA Micofenolato mofetila Pró-fármaco do ácido micofenólico, que reduz a síntese de purinas por inibição reversível não competitiva da monofosfato de inosina (IMP) desidrogenase Inibidor da monofosfato de inosina desidrogenase, impedindo novas sínteses de guanosina, inibindo a síntese de DNA e, consequentemente, reduz a proliferação celular Inibidor seletivo da proliferação e função dos linfócitos Mais efetiva na prevenção da rejeição aguda e nefropatia crônica Maior ação sobre linfócitos Recirculação entero-hepatica Toxicidade: leucopenia, febre, diarreia e maior susceptibilidade a infecções, principalmente por citomegalovírus A pró-droga possui metabolismo hemático, gerando ácido micofenólico, que inicia o mecanismo de ação ↳ Inibição da inosina monofosfato desidrogenase, envolvida na biossíntese de novo purinas nos linfócitos T e B (outras células podem gerar purinas através de outra via) ação antiproliferativos não é disseminada por todas as células do organismo ↳ Restringe a proliferação de linfócitos T e B (atinge a imunidade humoral e a imunidade mediada por células) Interações medicamentosas: aciclovir (competição por secreção tubular), antiácidos, coletiramina e tacrolimus 27 Rafaela Pamplona Azatioprina É um pró-fármaco, convertido por degradação não enzimática em 6- mercaptopurina nos eritrócitos e vários tecidos e, em seguida, convertido por enzimas, ao derivado ativo 6-tioinosina monofosfato (TIMP), um análogo de purina. TIMP é uma base instável incorporada no DNA, perturbando a função das purinas endógenas. ↳ A 6-mercaptopurina entra na vida de biossíntese de purinas no lugar da adenina e da guanina ↳ Há a formação de tio-GTP e inibição da forção de GTP ↳ O tio-GTP é incorporado na fita de DNA ↳ Como resultado, há inibição da transcrição de genes A incorporação do falso nucleotídeo inibe a proliferação celular e as funções linfocitárias são suprimidas Derivado da 6-mercaptopurina
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