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Giovanna dos Santos Jesus (giovanna.s.j@hotmail.com) É sabido que o caminho da política nem sempre pode ser tratado como um modo de colocar no poder aqueles que desejam trabalhar pela sociedade, já que, de certo modo, muitas vezes esses desejos acabam por se traduzir como pessoais e não sociais. Porém, o mais importante a se pensar nesse contexto não está ligado somente ao governante, em um primeiro momento, e sim no sentimento que faz um eleitor confiar a ele um voto claro e confiante. É certo que, o visual de uma campanha é precisamente o que intriga as pessoas que nem sempre estão ligadas ao cenário político, de modo que, o demonstrado a elas, um slogan de campanha, um cartaz, ou uma imagem chamativa. Trabalhar uma campanha de acordo com o sentimento e o perfil dos eleitores. O que eles gostam? O patriotismo? Trazer uma imagem de um messias, um salvador que trabalha pela palavra de Deus, que tenta tirar tudo o que afasta as chamadas pessoas de bem de caminhos considerados por eles: errados. Com os tempos de hoje, é claro, esses mecanismos possuem um alcance muito maior do que apenas midiático, visto que cada pessoa, cada eleitor em potencial existe num mundo rodeado pela tecnologia e informação. Verídicas ou não. Isso, muitas vezes podem tornar-se não apenas invasivo, como também criminoso. Ao assistir o documentário sugerido: Privacidade Hackeada; foi possível entender alguns caminhos que a política tem tomado nos últimos anos em diversas partes do mundo por diferentes líderes mundiais. O documentário demonstrou, sobretudo, que o olhar no comportamento dos eleitores é vital para o sucesso político. Mas, quais limites um governante respeita para conquistar aquilo que almeja? Seu discurso maquiado por ideologias não são suficientes, visto que cada pessoa pensa de uma maneira e podem formar suas opiniões da maneira que bem entenderem, certo? Dessa forma, recai-se na necessidade da criação de um personagem de campanha, e de todo um mecanismo de repetições, que, no caso demonstrado no documentário apresentou-se como uma clara violação de direitos da população por onde ocorria o fenômeno. A empresa debatida no documentário denominada como Cambridge Analytica trabalhava com mineração e análise de dados obtidos em comunicação, e fora responsável pela ascensão do atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bem como o Brexit. Sobretudo, na campanha de Donald Trump, ficou claramente demonstrado a violação de direitos de 50 milhões de pessoas por meio de acesso a dados pessoais disponíveis em plataformas como o facebook sem conhecimento desses usuários de modo que fosse possível operar como uma eficaz ferramenta para conquistar eleitores ao então candidato. O que há de se falar então é que tal violação ocorreu durante um longo período por pessoas que trabalhavam na campanha de Donald. O que fora visto lá, porém, não se restringiu ao país. No Brasil, vive-se constantemente essa realidade, especialmente um pouco antes do início da campanha eleitoral do atual Presidente do país. A forma invasiva com que usuários nas redes sociais recebiam frequentemente vídeos manipulados, imagens, textos, ou seja, as chamadas fake news, em anúncios em aplicativos ou em trocas de mensagens, demonstrou uma importante estratégia de campanha que nos coloca hoje em posse do fascismo que trabalhou com mentiras não meramente midiáticas, e sim de uma forma mais eficaz. Ao criarem esse personagem de campanha como o messias, o cidadão devoto, busca colocar um país sob uma bandeira ilustrada de um patriotismo falso resultou nas pessoas que tinham o mesmo pensamento o medo de que o oposto a esse líder trouxesse tudo aquilo que fora contra aos costumes de uma sociedade protegida por Deus. E não somente isso é visto na campanha do Presidente. Diversos políticos brasileiros adotaram a estratégias das fake news, já que a todo momento temos contato com alguma notícia falsa, alguma distorção de lei e imagem de candidatos opostos geralmente articuladas com coisas abomináveis pela sociedade. E isso tem ocorrido justamente por conta do alcance massivo de informações pessoais que são disponibilizadas de maneira absurda que os usuários de serviços de internet nem ao menos sabem. O que não é, claramente, uma desculpa para a violação, uma vez que o esperado de um líder seria zelar por interesses do Estado e principalmente dos cidadãos que a ele pertencem. O que isso demonstra é que essa manipulação coloca em risco sobretudo a democracia, visto que, não só estão trabalhando como uma forma natural de induzir um voto em determinado candidato, mas sim, com uma arma direcionada justamente para colocar na cabeça do outro que a realidade que ele menos quer ver, será concretizada caso o opositor ganhe, e da pior maneira possível já que trata-se de uma violação de privacidade que buscou a fundo um perfil determinado induzindo a um sentimento de medo e ódio nas pessoas. Visto que estamos diante dessa realidade somente no começo, é preciso pensar, como sugeriu o documentário que existam regras que conduzam a uma maior proteção à democracia com base no que se propôs o professor David Carrol presente no documentário que visa demonstrar a necessidade de se considerar que a privacidade dos dados seja um direito humano, para que só assim possamos desfrutar de eleições, pelo menos nesse aspecto, minimamente seguras.