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alvenaria estrutural projetos 1

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Aula 9 – Projetos I 
 
ALVENARIA 
 
 
 
 
 
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Aula 9: Projetos I 
 
A Alvenaria Estrutural pode ser considerada como um sistema formado por materiais distintos 
que interagem para responder às cargas às quais são solicitados durante a sua vida útil. O 
comportamento do conjunto depende não somente da qualidade de cada material 
empregado, mas também e principalmente das interações físico-químicas que se processam 
entre os mesmos. 
 
1. Comportamento Estrutural 
O desempenho estrutural de paredes de alvenaria não pode ser estimado sem a 
realização de testes com paredes ou prismas dos materiais que serão utilizados. Do ponto 
de vista estrutural, as principais propriedades mecânicas que devem apresentar as paredes 
de alvenaria são a resistência à compressão, à tração, à flexão, ou ao cisalhamento. De 
todas essas propriedades, a mais importante é a resistência à compressão, porque, 
geralmente, as paredes de alvenaria estão submetidas a carregamentos verticais, de 
características compressivas, muito mais intensos que os carregamentos horizontais. 
A alvenaria estrutural, como todo o material frágil, tem boa resistência à compressão e 
baixa resistência à tração. Quando o projetista previr a existência de tração, deve buscar 
soluções que minimizem ao máximo esse tipo de tensão. As normas nacionais e 
internacionais, destinadas ao cálculo da alvenaria estrutural, não recomendam a admissão 
de tensões de tração, permitindo apenas a consideração de valores muito pequenos. Cada 
diferente combinação dos materiais para alvenaria responde com um fator de eficiência 
próprio. Esse fator de eficiência da alvenaria é dado pela razão entre a resistência dos 
prismas e a resistência da unidade. Trabalhos experimentais realizados por pesquisadores 
de vários países mostraram que o fator de eficiência pode variar entre 10 e 70 % para 
materiais cerâmicos e entre 50 e 90 % para blocos de concreto. Esta variabilidade comprova 
a importância da realização de ensaios antes da utilização dos materiais em prédios de 
alvenaria estrutural. 
Alguns cuidados devem ser tomados em obra para que a alvenaria tenha o 
desempenho e a resistência estimada. A resistência dos elementos de alvenaria (paredes, 
por exemplo) depende de uma série de fatores. Esses, podem ser divididos em dois grupos. 
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O primeiro relacionado com a resistência básica da alvenaria, a qual inclui as características 
físicas e mecânicas dos materiais empregados e a técnica construtiva utilizada na 
construção. E o segundo grupo decorrem da concepção dos elementos da alvenaria, como, 
por exemplo, a taxa de esbeltez, a excentricidade do carregamento, dentre outros. Alguns 
destes fatores se destacam, tais como: 
• Resistência do bloco: a resistência à compressão do bloco é função da 
matéria-prima empregada, do processo de fabricação, da forma e do 
tamanho, sendo o bloco o elemento de maior influência na resistência final da 
alvenaria; 
• Geometria da unidade: de maneira geral, quanto maior a altura do bloco em 
relação à espessura da junta, maior a resistência da parede. O bloco deve 
ainda ter as dimensões mais homogêneas possíveis e suas superfícies devem 
ser planas e sem fissuras. Com isto evitam-se juntas de concentração de 
tensões que podem ocasionar a ruptura da parede; 
• Resistência da argamassa: a influência da resistência à compressão da 
argamassa aumenta com o aumento da qualidade do bloco e, 
conseqüentemente, aumento das tensões admissíveis. As propriedades 
mecânicas do material de assentamento são muito importantes para a 
resistência à compressão da alvenaria, visto que o mecanismo de ruptura da 
parede está diretamente ligado à interação entre junta e unidade; 
• Espessura da junta: diversas pesquisas indicam que a espessura ótima para as 
juntas de alvenaria, tanto horizontais como verticais, é de 1cm. Valores 
menores, que teoricamente levariam a alvenarias mais resistentes, não são 
recomendáveis, pois a junta não conseguiria absorver as imperfeições que 
ocorrem nas unidades; 
• Técnica construtiva e qualidade da mão de obra: a resistência da alvenaria 
depende não só da escolha adequada do material utilizado, mas também de 
fatores decorrentes dos procedimentos construtivos adotados. Estes 
procedimentos podem ser a técnica construtiva e a qualidade da mão-de-obra 
empregada. A mão de obra tem grande influência na qualidade da alvenaria. 
A falta de treinamento e motivação pode trazer prejuízos ao desenvolvimento 
dos serviços. Os problemas mais comuns nas construções de alvenaria, 
relacionados com a mão de obra são: 
✓ Preenchimento das juntas inadequado: as juntas horizontais devem 
ser completamente preenchidas. Juntas incompletas podem reduzir 
a resistência da alvenaria em até 33%. O não preenchimento das 
juntas verticais tem pouco efeito na resistência à compressão, mas 
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afeta a resistência à flexão e ao cisalhamento. A espessura das juntas 
deve ser controlada. Quando a mão de obra não é adequada, é 
comum que as juntas sejam mais grossas do que o desejável, pois 
estas facilitam o processo de assentamento das unidades e 
aumentam a produtividade; 
✓ Exposição a condições climáticas adversas logo após o assentamento: 
perda excessiva de umidade por evaporação em clima quente pode 
impedir a hidratação completa do cimento, ocasionando redução na 
resistência da argamassa; 
✓ Ferramentas inadequadas: as utilizações de ferramentas 
inadequadas durante o assentamento da alvenaria podem refletir em 
alvenarias desaprumadas, sem esquadro e fora de nível. Paredes fora 
de prumo, com reentrâncias ou não alinhadas com as paredes 
inferiores ou superiores, produzem cargas excêntricas com 
consequente redução da resistência. Um defeito de 12 a 20mm 
implica num enfraquecimento da parede entre 13 a 15%. Paredes 
aprumadas, niveladas e em esquadro são necessárias para o bom 
desempenho da alvenaria estrutural; 
✓ Ritmo da construção acelerado: quando se constrói em um ritmo 
exagerado, pode-se estar assentando um número excessivo de fiadas 
sobre uma argamassa que ainda não tenha adquirido uma resistência 
adequada à compressão gerando deformações. 
2. Projetos 
Alguns conceitos adotados em projeto são fundamentais para o desempenho 
adequado da alvenaria estrutural. Ao se optar pelo processo construtivo de alvenaria 
estrutural, deve-se preparar o projeto desde o início da concepção do mesmo, a fim de 
otimizar as imensas vantagens do sistema. Procedimentos comuns na construção 
tradicional, principalmente com relação à desvinculação dos projetos complementares, 
devem ser evitados. 
Assim, no anteprojeto devem ser definidas as paredes estruturais e de vedação e os 
tipos de blocos a serem utilizados. Esta escolha é importante para a modulação do projeto. 
Com a modulação não há necessidade de ajustes na obra, refletidas em quebras de blocos 
para a adequação das dimensões. Nesta etapa deve também ser definido o tipo de laje a ser 
utilizada. 
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Depois de concluído o anteprojeto, deve-se elaborar os projetos complementares 
(hidráulico, elétrico, dente outros). É importante que os responsáveis pelos projetos tenham 
em mãos o anteprojeto com todas as informações relevantes e sejam coordenados por um 
profissional responsável pelo projeto global. Desta forma, serão ajustadas as interferências 
de um projeto sobre o outro, como, por exemplo, passagens de eletrodutos por paredes 
estruturais. 
Dispondo-se de todos os projetos complementares, devem-se preparar os projetos 
executivos, com o detalhamento das elevações das paredes internas e externas. 
2.1.Coordenação de Projetos 
A coordenação dos projetos eleva a qualidade do projeto global e, conseqüentemente, 
melhora a qualidade da construção. Muitas medidas de racionalização e praticamente todas 
as medidas de controle da qualidade dependem de uma clara especificação na sua fase de 
concepção. Não é possível controlar uma atividade ou produto, se suas características não 
se encontram definidas. Da mesma forma, a execução somente poderá ser planejada de 
forma eficiente se o projeto apresentar todas as informações necessárias para o 
planejamento. 
O processo construtivo de alvenaria estrutural deve ser concebido, sempre que 
possível, a partir da coordenação dos projetos. Os principais objetivos da coordenação são: 
• Promover a integração entre os participantes do projeto, garantindo a 
comunicação e a troca de informações entre os integrantes e as diversas 
etapas do empreendimento; 
• Controlar as etapas de desenvolvimento do projeto, de forma que este seja 
executado conforme as especificações e requisitos previamente definidos 
(custos, prazos, especificações técnicas); 
• Coordenar o processo de forma a solucionar as interferências entre as partes 
do projeto elaborado pelos distintos projetistas; 
• Garantir a coerência entre o produto projetado e o modo de produção, com 
especial atenção para a tecnologia do processo construtivo utilizado. 
A implantação de um sistema de coordenação de projetos aumenta a confiabilidade do 
processo e diminui as incertezas em todas as atividades, principalmente na execução. Por 
esta razão, recomenda-se que o projetista busque a integração dos diversos projetos. Os 
principais requisitos necessários para uma perfeita coordenação dos projetos são: 
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• Definição clara dos objetivos e parâmetros a serem repassados aos diversos 
profissionais como requisitos do projeto; 
• Definição clara de todas as partes que constituem os projetos, bem como o 
seu conteúdo; 
• Definição e padronização da forma de apresentação das informações 
(padronização da representação gráfica); 
• Criação de uma sistemática de avaliação e retroalimentação dos problemas 
enfrentados durante a execução dos projetos, de forma a aumentar o 
aprendizado da tecnologia da empresa através da experiência; 
• Integração intensa entre projeto e obra, inclusive durante a execução do 
empreendimento, de forma a dar suporte a possíveis alterações a serem 
realizadas; 
• Definir antecipadamente a quem caberá o detalhamento executivo de cada 
projeto complementar. 
2.2. Projeto Arquitetônico 
Com todos os condicionantes em mãos, expostos anteriormente, pode-se iniciar a fase 
de elaboração do projeto arquitetônico. Para projetar uma edificação em alvenaria 
estrutural, o projetista deve pensar nos princípios do processo, devido às suas 
particularidades. 
Além das condicionantes usuais, geralmente provenientes dos códigos de obra 
municipais, um projeto em alvenaria estrutural impõe restrições específicas aos projetistas. 
Entre essas, destacam-se as seguintes restrições estruturais: 
• A limitação no número de pavimentos que é possível alcançar por efeito dos 
limites dos materiais disponíveis no mercado; 
• O arranjo espacial das paredes e a necessidade de amarração entre os 
elementos; 
• As limitações quanto à existência de transição para estruturas em pilotis no 
térreo ou em subsolos; 
• A impossibilidade de remoção posterior de paredes estruturais. 
O projeto arquitetônico é quem estabelece o partido geral do edifício, e, assim, 
condiciona o desenvolvimento de todos os demais. Por este motivo, o sucesso do 
empreendimento dependerá da cuidadosa elaboração deste projeto, pois influenciará todos 
os demais. Caso o partido arquitetônico não seja adequado, será muito difícil compensá-lo 
através de medidas tomadas nos projetos complementares ou intervenções na obra. 
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Os principais fundamentos do projeto arquitetônico, para edificações de alvenaria 
estrutural, são: (a) verificar condicionantes do projeto; (b) objetivar o máximo de simetria; 
(c) utilizar modulação; (d) compatibilizar os projetos arquitetônicos com o estrutural e com 
os de instalações; (e) prever os pontos de passagem dos shafts para as tubulações. Em caso 
de não ser possível o uso destes; (f) prever as paredes que podem funcionar como vedação, 
utilizando-as para passagem de tubulações; (g) apresentar os detalhes construtivos de 
forma clara e objetiva; e, (h) usar escalas diferentes para planta e detalhes. Apresentar 
detalhes em escalas adequadas. 
2.2.1. Condicionantes do Projeto 
Os principais fatores condicionantes do projeto são o arranjo arquitetônico, a 
coordenação dimensional, a otimização do funcionamento estrutural da alvenaria e a 
racionalização do projeto e da produção. 
São também importantes as necessidades dos clientes, os custos (incluindo aqueles de 
utilização e de tempo de execução), os requisitos de desempenho e os aspectos de 
segurança e de confiabilidade. 
A dificuldade de remoção de paredes, que limita a flexibilidade do processo 
construtivo em alvenaria estrutural, pode ser também satisfatoriamente resolvida. O 
projetista estrutural, trabalhando em conjunto com o arquiteto, pode especificar paredes 
passíveis de serem eliminadas. 
2.2.2. Simplificação do projeto 
A simplificação do projeto é uma das principais formas de melhorar a 
construtibilidade. Para se obter um projeto simplificado, recomenda-se considerar os 
seguintes aspectos: 
• Utilizar o menor número de tipos diferentes de componentes possíveis; 
• Utilizar materiais facilmente encontrados no mercado, com tamanho e 
configuração padrões; 
• Concentrar atenção nas juntas entre os componentes e entre os elementos 
construtivos; 
• Priorizar prumo, nível e esquadro (evitar projetos angulados, inclinações e 
superfícies curvas); 
• Usar grandes componentes, para que cubram grandes áreas, volumes, 
metragens lineares, não esquecendo, entretanto, de limitar seu tamanho para 
não dificultar o manuseio. 
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2.2.3. Simetria 
O projetista deve procurar um equilíbrio na distribuição das paredes resistentes por 
toda a área da planta. Caso contrário, os carregamentos podem concentrar-se em uma 
determinada região do edifício. Esta concentração, pode levar a necessidade de utilização 
de materiais com resistências diferenciadas ou do grauteamento de determinadas paredes, 
o que não é recomendável em relação ao custo e a construtibilidade. 
O projetista deve buscar distribuir igualmente as paredes estruturais em ambas as 
direções, para garantir a estabilidade do edifício em relação às cargas horizontais. Também 
devido às cargas horizontais, é importante a criação de plantas as mais simétricas possíveis 
para diminuir o surgimento de tensões devido à torção. 
2.2.4. Modulação 
A coordenação modular cumpre um importante papel na obtenção da qualidade da 
alvenaria estrutural. Entende-se por coordenação modular um sistema dimensional de 
referência que, a partir de medidas com base num módulo de referência predeterminado, 
compatibiliza e organiza tanto a aplicação racional de técnicas construtivas, como o uso de 
elementos em projeto e obra, sem sofrer modificações (LUCINI, 2001). 
No Brasil, segundo Zechmeister (2005), a coordenação modular é muitas vezes 
simplificada pela coordenação dimensional, também chamada de modulação. Segundo a 
mesma autora, a modulação da alvenaria tem como base as dimensões das unidades da 
alvenaria. Segundo Roman et al. (1999), a modulação é um dos fundamentos do projeto 
arquitetônico em alvenaria estrutural. O arquiteto deve trabalhar desde os primeiros traços 
sobre uma malha modular. 
O módulo de referênciaestá relacionado com a unidade (bloco) a ser utilizada na 
construção da edificação. Uma unidade será sempre definida por três dimensões padrões – 
comprimento, largura e altura. O comprimento e a largura definem o módulo horizontal (ou 
módulo em planta), enquanto a altura define o módulo vertical a ser adotado nas elevações 
das paredes. Para se racionalizar o projeto é importante que o comprimento e a largura 
sejam iguais ou múltiplos, de maneira que efetivamente se possa ter um único módulo em 
planta, simplificando a amarração das paredes. 
A coordenação modular deve ser estendida à maioria dos projetos da edificação. Estes, 
devem ser integrados entre si (DUARTE, 1999). 
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A coordenação modular pode representar acréscimos de produtividade de cerca de 
10%. Consegue-se evitar cortes e outros trabalhos de ajuste no canteiro que representariam 
perda de tempo, material e mão de obra. Além disso, os projetos arquitetônicos, estruturais 
e de instalação devem ser compatibilizados, bem como deve-se ter um adequado controle 
da execução das juntas (SANTOS, 1998). 
Na prática, diversos parâmetros construtivos nos obrigam a acomodar algumas 
dimensões. As lajes, por exemplo, têm sua espessura determinada pelo seu 
dimensionamento econômico que raramente coincide com o módulo. Nessas condições a 
preocupação de modulação vertical se restringirá à medida de piso a teto, tomando-se o 
cuidado de utilizar uma espessura constante de laje em todo o pavimento a fim de se obter 
um único nível de respaldo na última fiada e um único nível de saída para a primeira fiada 
do andar superior. 
2.2.5. Amarração das Paredes 
A modulação da alvenaria exige o estudo paralelo da forma de amarração das 
unidades de alvenaria, nas interseções de paredes. Assim, deve constar no projeto de 
execução o tipo de amarração das paredes a serem utilizadas. 
A união das paredes estruturais deve ser realizada preferencialmente por 
interpenetração com os blocos contra-fiados. A figura abaixo apresenta dois tipos desta 
amarração, “L” e “T”, com blocos de largura e comprimento de iguais unidades base de 
modulação. 
 
Caso este tipo de união não seja possível, admite-se a união por reforço metálico, 
desde que seja eficiente para evitar fissuras e permita a distribuição de esforços entre as 
paredes. Para estas uniões são possíveis duas soluções: telas de aço galvanizadas 
eletrosoldadas ou estiradas, posicionada nas juntas de argamassa, ou grampos metálicos 
em “U” imersos em pilaretes totalmente grauteados, obtidos pelo preenchimento completo 
dos vazios contíguos. 
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2.2.6. Juntas de Controle ou de Movimentação 
Nos edifícios com estrutura aporticada de concreto armado o uso de juntas de 
dilatação é usual, mas o mesmo não ocorre com as juntas de controle, recomendadas em 
edifícios de alvenaria estrutural. As juntas de controle ou de movimentação se diferem das 
juntas de dilatação, pois são verticais e existentes somente nas paredes de alvenaria, não 
necessitando interromper lajes ou vigas sobre as quais as paredes estão construídas. 
As juntas de controle têm por função limitar as dimensões dos painéis de alvenaria 
com o objetivo de eliminar elevadas concentrações de tensões devido às deformações 
intrínsecas do mesmo. A figura apresenta de maneira esquemática as juntas de dilatação e 
de controle, evidenciando suas principais diferenças. 
 
As distâncias máximas (representadas na figura como L1, L2, L3 e L4) são variáveis nas 
juntas de controle em função da altura das paredes e dos tipos de unidades utilizados. 
Segundo o mesmo autor, as juntas de controle ou movimentação podem ser classificadas de 
três tipos: 
• Juntas de contração ou retração: são juntas utilizadas na alvenaria para 
acomodar movimentos devido à retração das paredes. As juntas podem ser 
construídas com argamassa fraca, de baixo módulo de elasticidade, pois a 
maior parcela da movimentação ocorre logo após o assentamento dos blocos 
devido à perda de umidade. Todavia, para dar estanqueidade às juntas, deve-
se considerar que uma parcela substancial da retração também se estende ao 
longo do tempo, acrescida pelas movimentações causadas pelas variações de 
temperatura; 
• Juntas de expansão: são necessárias para alvenaria de blocos ou tijolos 
cerâmicos não revestidas com argamassa na face externa. As juntas de 
expansão são utilizadas para acomodar às expansões do material cerâmico 
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pela incorporação da umidade da chuva na face externa da parede. São juntas 
que se fecham e devem ser construídas com material flexível e elástico para 
evitar seu esmagamento. Esta junta não é necessária se as paredes forem 
revestidas externamente, pois a absorção de umidade pela alvenaria cerâmica 
pode ser bastante reduzida pela utilização de revestimento externo de 
argamassa; 
• Juntas horizontais (ou deslizantes): são juntas empregadas nas uniões de lajes 
com paredes para permitir que as deformações e movimentações das lajes 
não transmitam esforços para as paredes nas quais estão apoiadas. 
Recomenda-se o emprego destas em todos os pavimentos nas edificações de 
alvenaria estrutural, especialmente nos apoios das lajes nos últimos 
pavimentos, onde os efeitos da movimentação por variações de temperatura 
e retração são maiores. A figura a seguir apresenta um exemplo da utilização 
desta junta deslizante. 
 
2.2.7. Lajes 
O sistema em alvenaria estrutural é um sistema laminar, já que tanto as paredes 
estruturais como as lajes atuam como lâminas. As lajes devem ser projetadas e executadas 
considerando não apenas o desempenho estrutural, mas os efeitos de suas deformações. 
As lajes podem ser moldadas no local, parcialmente pré-fabricadas ou totalmente pré-
fabricadas. No entanto, qualquer um destes casos impõe a adoção de execução prévia da 
cinta de respaldo. Segundo Duarte (1999), as lajes maciças armadas nas duas direções são 
as mais indicadas pela rigidez que conferem na distribuição das pressões devidas ao vento e 
cargas verticais. O mesmo autor argumenta ainda que, como apoiam em mais de duas 
paredes, possuem o benefício adicional de apresentar maior resistência no caso de uma 
parede resistente de apoio seja retirada pelo usuário da edificação. 
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As lajes de cobertura podem se movimentar por efeito de deformações térmicas. Esta 
movimentação pode ocasionar manifestações patológicas caso não se adote algumas 
medidas preventivas, tais como a inserção de juntas de movimentação horizontal ou a 
adoção de apoios deslizantes (neoprene, teflon, manta asfáltica, camada dupla de manta de 
PVC, dentre outros) entre a interface da laje de cobertura com a alvenaria. Os mesmos 
autores comentam que outros cuidados podem minimizar a ocorrência de problemas nesta 
situação, tais como a ventilação dos áticos, a isolação térmica das lajes, juntas de dilatação 
das lajes de cobertura e outros detalhes técnicos pertinentes a cada edificação. 
2.2.8. Vergas e Contravergas 
Devem ser introduzidas vergas e contravergas, detalhadas no projeto executivo. 
Considera-se verga o elemento estrutural colocado sobre os vãos de aberturas não maiores 
do que 1,20 m, com finalidade de transmitir cargas verticais para os trechos adjacentes ao 
vão. O mesmo autor comenta que, para vãos maiores do que 1,20 m, deve-se considerar o 
elemento estrutural como uma viga, dimensionado para suportar as cargas verticais e 
transmiti-las para as paredes ou pilares. Este conceito é arbitrário, tendo em vista que 
podem existir componentes para vãos menores que 1,20 m submetidos acargas elevadas, 
para os quais é necessário o seu dimensionamento. 
As contravergas são os elementos estruturais colocados sob o vão das aberturas, com 
finalidade de absorver tensões de tração. As contravergas devem ultrapassar a lateral do 
vão em pelo menos “d/5” ou 30 cm (o mais rigoroso dos dois), sendo “d” o comprimento do 
vão. 
2.2.9. Cintas de Respaldo 
Segundo a NBR8798, cinta é o elemento estrutural apoiado continuamente na parede, 
ligado ou não às lajes ou às vergas dos vãos de aberturas, com a finalidade de transmitir 
cargas uniformes à parede que lhe dá apoio ou ainda servir de travamento e amarração. 
Este elemento estrutural é considerado fundamental3 para obras em alvenaria 
estrutural. Segundo o mesmo autor, a cinta pode ser executada com blocos especiais tipo 
canaleta e deve preceder a montagem das formas de laje ou do posicionamento das peças 
pré-fabricadas (quando a laje incorporar elementos pré-fabricados). 
 
Baseado e adaptado de 
Cristiano Richter. Edições sem 
prejuízo de conteúdo.