Prévia do material em texto
1 Movimento translacional A partícula em uma caixa Uma partícula de massa m, confinada em uma caixa, entre duas paredes em x = 0 e x = L. A energia potencial é zero dentro da caixa, mas aumenta abruptamente até infinito, nas paredes. A partícula em uma caixa - Soluções aceitáveis A equação de Schrödinger para a região entre as paredes (onde V = 0) é a mesma que para uma partícula livre, então, as soluções gerais também são as mesmas. Absorvendo-se todos os fatores numéricos em dois novos coeficientes C e D, as soluções gerais são: B7- IQM - Módulo 2 - 13 de maio de 2024 Revisão do final da última aula, movimento translacional, evoluindo para o movimento em 2D, 3 D e o efeito túnel 2 Movimento translacional Se considerarmos que cada função de onda é uma onda de Broglie que deve caber dentro do recipiente, os comprimentos de onda permitidos devem satisfazer as relações: A partícula só possui energia cinética dentro da caixa (onde V = 0), então, as energias permitidas são: Normalização Ao se derivar as funções de onda para encontrar a constante de normalização (N, considerada real, ou seja, não contém i), procura-se o valor de N no qual a integral de ψ2 cubra todo o espaço disponível para a partícula. A solução é: Isto significa que deve ser igual a 1 (isto é, de x = 0 a x = L), para qualquer n : Níveis de energia permitidos para uma partícula em uma caixa 3 Movimento translacional As funções de onda e energias são rotuladas com o 'número quântico' n. Um número quântico é um número inteiro que define o estado do sistema. Para uma partícula em uma caixa há um número infinito de soluções aceitáveis, e o número quântico n especifica aquela de interesse. Além de atuar como um rótulo, um número quântico muitas vezes pode ser usado para calcular a energia correspondente ao estado e para escrever a função de onda de forma explicita. Observe-se que os níveis de energia aumentam em termos de n2, e a separação aumenta à medida que o número quântico aumenta. Como n não pode ser zero (n ≠ 0), a energia mais baixa da partícula é diferente de zero (como seria permitido pela mecânica clássica, correspondendo a uma partícula estacionária). Essa energia mais baixa e irremovível é o ponto zero de energia. 4 Propriedades das soluções a) Pelo princípio da incerteza uma partícula deve ter Ek se estiver confinada a uma região finita; a localização da partícula não é completamente indefinida, de modo que seu momento não pode ser precisamente zero. Portanto, tem Ek ≠ 0. A origem física da energia do ponto zero pode ser explicada de duas maneiras. b) Como a função de onda deve ser zero nas paredes, mas suave, contínua e não zero em todos os outros lugares, então, ela deve ser curva, e a curvatura em uma função de onda implica em que há energia cinética. A separação entre níveis de energia adjacentes com números quânticos n e n + 1 é: Movimento translacional Cinco primeiras funções de onda normalizadas de uma partícula em uma caixa . Cada função de onda é uma onda estacionária. Funções sucessivas possuem uma meia onda a mais e um comprimento de onda correspondentemente menor. 5 Movimento translacional (a) As duas primeiras funções de onda; (b) probabilidade correspondente às distribuições; (c) representação da distribuição de probabilidade. A densidade de probabilidade para uma partícula em uma caixa é: 6 Para se calcular, com precisão, a energia de confinamento de uma partícula, a equação de Shrödinger é necessária e, para se calcular um átomo mais realista, é necessário limitar seu deslocamento, não somente em x mas, também, nas outras direções. A partícula confinada Uma melhor aproximação pode ser obtida pela análise de partículas em caixa de três dimensões. Comecemos por uma caixa bidimensional. Movimento em duas ou mais direções Poço quadrado bidimensional. Suas paredes são impenetráveis. A partícula está confinada em uma superfície retangular de comprimento L, em que L1 corresponde à direção x e L2, à direção y. A Ep (ou V) é zero para qualquer ponto, exceto nas paredes, onde é infinita. Griffiths, David J. (2004). Introduction to Quantum Mechanics (2nd ed.). Prentice Hall. ISBN 0-13-111892-7. de x e y. Escreve-se ψ = ψ (x,y) Ver simulação em: http://www.quantumphysics.polytechnique.fr/fr/pages/p0404.html 7 Movimento em duas e em três dimensões A equação de Schrödinger é , em que ψ é função http://pt.wikipedia.org/wiki/Especial:Fontes_de_livros/0131118927 As eq. diferenciais parciais podem ser resolvidas pelo método de separação de variáveis. 8 Dividindo-se por XY: na qual d2X/dx2 = X" e d2Y/dy2= Y"e Pode-se, então, escrever a função de onda como o produto de funções, uma dependente de x, outra de y. e A eq. completa é dividida em uma ou mais eq. diferenciais ordinárias, cada uma, com uma variável. Separação de variáveis e X"/X é independente de y, portanto, uma variação em y somente poderá mudar o termo Y"'/Y. No entanto, pela equação variações em Y"/Y, sem se alterar X"/X, mudará a E. 9 Separação de variáveis e Observe-se que E é constante, então Y"/Y deverá, também, ser uma constante, independente de Y. O mesmo raciocínio pode ser utilizado para mostrar que X"/X é independente de X. Como X"/X e Y"/Y são constantes, pode-se escrever: , em que Ex + Ey = E. Pela notação precedente para X" e Y" obtém-se: e Observe-se que a forma é a mesma da equação de Schrödinger unidimensional. 10 Como ψ = XY e E = Ex + Ey, as soluções são : e Como e Separação de variáveis Degenerescência da solução No caso em que as dimensões da caixa são idênticas, isto é, L1 = L2 = L, tem- se: em que n1 =1, 2, . . . e n2 =1, 2, . . . 11 Caso n1 = 1 e n2 = 2 Caso n1 = 2 e n2 = 1 Caso n1 = 1 e n2 = 1 Degenerescência da solução 12 Caso n1 = 2 e n2 = 2 Observe-se que, quando dois ou mais comprimentos são iguais (p. ex. Lx = Ly), há várias funções de onda com a mesma energia total. No exemplo, a função com onda nx = 2, ny = 1 tem a mesma energia que a função com onda nx = 1, ny = 2. Isso é chamado de degenerescência. Para o caso de duas funções de onda degeneradas terem a mesma energia, o nível de energia é dito duplamente degenerado. A degenerescência resulta da simetria do sistema: no caso da página anterior (pg. 13), dois comprimentos são iguais, o sistema é, portanto, simétrico, com uma rotação de 90°. E, por exemplo, se a onda for Ψ1,2,4, quando nx = 1, ny = 2 e nz = 4, a energia será 13 Resumo - Separação de variáveis Resumo - Degenerescência da solução 14 Para n1 = 1, n2 = 2 e n1 = 2, n2 = 1 (a) n1 = 1, n2 = 1, estado de mais baixa energia; (b) n1 = 1, n2 = 2; (c) n1 = 2, n2 = 1; (d) n1 = 2, n2 = 2. 15 Uma partícula incide sobre a barreira, a partir da esquerda, e tem uma função de onda oscilatória. Dentro da barreira de altura constante, V > 0 e é constante. Efeito túnel Se a Ep dentro da barreira for tão grande que V se torna maior do que E, tem-se (V - E) > 0, a partícula decairá exponencialmente para E < V. Se a barreira não for muito espessa, a ψ é diferente de zero na face oposta e, então, oscila, o que corresponde à partícula penetrando na barreira. Quando uma partícula está nas paredes do recipiente e sua energia não aumenta até o infinito, a função de onda não decai abruptamente a zero. Se as paredes forem finas, o decaimento exponencial de ψ vai parar e a oscilação recomeçará. Portanto, a partícula poderá ser encontrada no exterior da caixa. Pela M.Clássica, a partícula não teria energia suficiente para escapar da parede. Tal fuga através das zonas proibidas classicamente é chamada de “efeito túnel”. Ver demonstração em http://en.wikipedia.org/wiki/Quantum_tunneling Efeito túnel 16 Na mecânica clássica, a bola solta após o ponto A não pode subir mais alto do que o ponto B (Lei da dinâmica). Na mecânica quântica, o elétron, ao chegarao ponto B pode, pelo efeito túnel, atingir o ponto C situado do outro lado da colina. Efeito túnel. O decaimento da ψ dentro da barreira. • Pode-se calcular a probabilidade do efeito túnel, e sua degenerescência, tendo-se a massa da partícula. • Dentro da barreira, região em que V > 0, a eq de Schrödinger é: • A solução geral para essa função é: • Ψ = A ekx + B e–kx em que k = [2m (V-E) / ħ2]1/2 17 A solução é obtida diferenciando-se Ψ duas vezes, em relação a x. Observe-se que os exponenciais, agora, são funções reais (funções oscilatórias dentro da caixa). Se V não retoma o valor zero, o primeiro termo cresce sem valor limite com o aumento de x, e se aproximará do infinito. O único caminho que poderá garantir que a ψ não será infinita será aquele em que A = 0. Ψ = A ekx + B e–kx Por isto, dentro de uma longa barreira, a ψ é: Ψ = B e–kx , o decaimento é exponencial e tende a zero, com o aumento de x. 18 Como ψ decresce exponencialmente dentro da parede, e isto com uma razão de massa m½, partículas de baixa massa estão mais aptas a formar o túnel através de barreiras mais pesadas. O efeito túnel é mais importante para elétrons, moderadamente importante para prótons e pouco importante para partículas pesadas. Efeito túnel. O decaimento da ψ dentro da barreira. 19 Uma partícula incide sobre uma barreira, vindo da esquerda, com uma função de onda oscilatória. Dentro da barreira não há oscilações (para E <V). Soluções gerais são: Efeito túnel como podemos verificar, diferenciando ψ duas vezes em relação a x. Se a barreira não for muito espessa, a função de onda é diferente de zero, na face oposta. Assim começa a oscilar novamente. A figura mostra somente o componente real da função de onda. 20 Vamos ver novamento o Efeito túnel A característica importante a ser observada é que as duas funções exponenciais agora são funções reais, distintas das funções complexas e oscilantes para a região onde V = 0 (funções oscilantes seriam obtidas se E > V). À direita da barreira (x > L), em que V = 0, novamente, as funções de onda são: 21 Resumo. Movimento em 2D e 3D O componente reflexo representa o momentum para a esquerda. O componente varia, mas não oscila dentro da barreira, e uma onda fraca representa o movimento para a direita do outro lado da barreira. Soluções gerais são: Quando uma partícula vem da esquerda e incide sobre uma barreira, a função de onda consiste em uma onda que representa o momentum linear para a direita. 22 O elétron não perde nenhuma energia ao cruzar uma barreira. O elétron tem exatamente a mesma energia depois de cruzar a barreira e antes de atravessá-la, uma vez que a energia potencial é exatamente a mesma em cada lado. Como a amplitude varia conforme a probabilidade de encontrar o elétron neste local, a amplitude é menor porque poucos elétrons conseguem atravessar a barreira, não porque a energia dos elétrons seja menor. Isso não quer dizer que não haja conexão entre energia e amplitude. Notamos, com o oscilador harmônico, que a amplitude aumenta quando a energia potencial aumenta (porque a energia cinética então é menor, o que significa que a partícula está indo mais devagar naquele local e que, portanto, é mais provável que esteja naquele local). Esta ligação é geralmente verdadeira, a menos que haja uma barreira, como no caso do tunelamento. Neste caso, as amplitudes poderiam ser diferentes em cada lado da barreira, mesmo que as energias potenciais fossem as mesmas. Observações complementares 23 O efeito túnel, ou tunelamento, é a base do microscópio de tunelamento de varredura (é deste jeito!), dispositivo de precisão inigualável, inventado em 1981. Uma ponta muito afiada (há apenas um átomo na extremidade) passa sobre uma superfície. A ponta está carregada de elétrons e a superfície está carregada positivamente. Microscópio de tunelamento de varredura Os elétrons são atraídos para a superfície. Pela MC não poderiam se dirigir para esta superfície, por não terem energia suficiente para atravessar o espaço entre a ponta e a superfície. Porém, com o efeito túnel, alguns elétrons conseguem atravessar o espaço e chegar à superfície. Quanto menor for o espaço entre a ponta e a superfície, mais elétrons podem atravessá-lo. 24 Superfície de silício O número de elétrons que passa é medido facilmente pela corrente que passa pela ponta (a corrente aumenta à medida que mais elétrons passam). Quanto maior a corrente, mais próxima a superfície está da ponta. Ao digitalizar a superfície, pode-se determinar a forma da superfície. A imagem abaixo foi feita em abril de 1990. É o resultado da primeira manipulação de átomos com o microscópio fabricado na IBM. Os átomos foram movidos para escrever as letras IBM em uma superfície metálica. www.youtube.com/watch?v=oSCX78-8-q0 Microscópio de tunelamento de varredura 25 Informações suplementares Os três slides a seguir são para vocês lerem, depois que tiverem estudado a Separação de variáveis e a Degenerescência da solução, certo? Caso contrário, não dá para entender. 26 Como seria um diagrama de energia? Vejamos um exemplo. Se uma partícula tem uma energia, para a qual existem vários níveis, a partícula está em todos os níveis ao mesmo tempo. Por ex., com uma energia de 6h²/8mL², a partícula estará nos três estados denotados por Ψ1,1,2; Ψ1,2,1 e Ψ2,1,1. Somente se medirmos o estado da partícula é que o nível será determinado 27 No estado estável, os elétrons se encontram sempre no nível de energia o mais baixo possível. Em caso de empate, podemos escolher qualquer nível. Se precisarmos colocar 2 elétrons nos 3 níveis Ψ1,2,2, Y2,1,2 e Y2,2,1, não importa qual a escolha, os dois elétrons estão, na verdade, em um estado que é uma superposição de todos os três níveis. Vejamos, a seguir, um exemplo da caixa tridimensional para ilustrar o Princípio de Pauli (spin, veremos no módulo 3). Princípio de exclusão de Pauli Vamos colocar 10 elétrons na caixa. Os níveis de energia serão descritos por nx, ny e nz, mas a energia dos níveis será diferente daquela de quando há um único elétron na caixa (Isto não está sendo indicado, no diagrama da próxima página). A repulsão entre os elétrons adiciona energia potencial, o que eleva um pouco os níveis de energia em comparação com o que tínhamos com um único elétron. O Princípio de Exclusão nos diz que não podemos colocar os 10 elétrons no nível mais baixo, porque eles estariam no mesmo estado. Isso é proibido por este princípio. Cada elétron deve ter um estado distinto. 28 Princípio de exclusão de Pauli Configuração que possui a energia mais baixa para 10 elétrons na caixa. No diagrama abaixo podemos observar a configuração que possui a energia mais baixa para os 10 elétrons da caixa. Com um spin ½, um elétron tem 2 estados distintos, dependendo da orientação do spin. Isso significa que podemos colocar 2 elétrons em cada nível de energia. B7- IQM - Módulo 2 - 13 de maio de 2024 Número do slide 2 Número do slide 3 Número do slide 4 Número do slide 5 Número do slide 6 Número do slide 7 Número do slide 8 Número do slide 9 Número do slide 10 Degenerescência da solução Degenerescência da solução Resumo - Separação de variáveis Resumo - Degenerescência da solução Número do slide 15 Número do slide 16 Efeito túnel. O decaimento da y dentro da barreira. Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 Número do slide 21 Número do slide 22 Número do slide 23 Número do slide 24 Número do slide 25 Número do slide 26 Número do slide 27 Número do slide 28