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Saiba mais na prática – Lista de exercícios Título da disciplina: Escrita Criativa Que tal colocar em prática o conteúdo aprendido? Resolva os exercícios a seguir e desenvolva ainda mais os conhecimentos adquiridos na disciplina. Exercício 1 Especialistas afirmam que a criatividade não é uma característica inata do ser humano e sim um processo. Paniza (2004) explica o processo de criação em quatro etapas: (1) Delimitação do Problema; (2) Acúmulo de Dados; (3) Incubação; (4) Verificação. Em qual dessas quatro etapas acontece o chamado “eureca” ou a chamada “iluminação”? Justifique sua resposta. Exercício 2 Leia o texto a seguir: Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou. Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata. Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora. Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva. Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão. MORAL DA HISTÓRIA: Uma boa ação ganha outra. FÁBULAS DE ESOPO. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1994, p. 38. Responda: a que tipo de gênero corresponde o texto apresentado? E a qual subgênero? Justifique suas respostas. Exercício 3 Gancho (2002) destaca que o conflito - seja entre dois personagens ou entre o personagem e o ambiente - permite que o leitor crie expectativas frente aos eventos do enredo. Os conflitos podem envolver questões religiosas, morais e psicológicas (essas, consideradas como crises emocionais vividas pela personagem). A autora ainda propõe que é o conflito que estrutura o enredo por meio de 4 etapas. Responda quais são essas 4 etapas e explique cada uma delas. Utilizando-se da narrativa de Chapeuzinho Vermelho, exemplifique cada etapa, ilustrando-a com um trecho desse texto. GANCHO, Cândida Vilares. Como Analisar Narrativas. Série Princípios, São Paulo: Ática, 2002. Exercício 4 A conceituação dicotômica narrador como personagem e narrador como observador foi proposta por Greimas (1973) e Moisés (2006). A partir daí, Martins (2022) propõe as seguintes bifurcações: Narrador em 1ª pessoa: a) Narrador-protagonista: a personagem principal conta sua história. b) Narrador-testemunha: uma personagem coadjuvante comenta os eventos, que testemunhou, vividos pela personagem protagonista. Narrador em 3ª pessoa: a) Narrador-onisciente: conta a história da posição de quem sabe tudo sobre os eventos, incluindo até mesmo os pensamentos dos personagens. b) Narrador-observador: conta a história estando na posição de um observador que, embora interessado pelos eventos que viu, consegue comunicar apenas o que está ao seu alcance. GREIMAS, A. J. Semântica estrutural. São Paulo: Cultrix, 1973. MOISÉS, Massaud. A Análise Literária. 19ª ed. São Paulo: Cultrix, 2014. MARTINS, Denis P. et al. Escrita literária. São Paulo: Grupo A, 2022. Partindo dessas conceituações, leia os 3 trechos de texto a seguir e classifique os narradores, justificando sua resposta. Texto 1 "A voz era a mesma de Escobar, o sotaque era afrancesado. Expliquei-lhe que realmente pouco diferia do que era, e comecei um interrogatório para ter menos que falar e dominar assim a minha emoção. Mas isto mesmo dava animação à cara dele, e o meu colega do seminário ia ressurgindo cada vez mais do cemitério. Ei-lo aqui, diante de mim, com igual riso e maior respeito; total, o mesmo obséquio e a mesma graça. (Trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis)" ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. NBL Editora, 1964. Texto 2 "Passando os olhos na série um tanto incoerente de casos com que procurei ilustrar algumas das peculiaridades mentais de meu amigo Sherlock Holmes, impressionou-me a dificuldade que tive em escolher exemplos que atendessem a meu propósito sob todos os aspectos. Pois naqueles casos em que Holmes realizou algum tour de force de raciocínio analítico e demonstrou o valor de seus métodos peculiares de investigação, os próprios fatos foram muitas vezes tão insignificantes ou banais que não pude me sentir justificado em expô-los perante o público. (Trecho de O paciente residente, de Arthur Conan Doyle)" DOYLE, Arthur C. O paciente residente: Um caso de Sherlock Holmes. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Expresso Zahar, 2014. Texto 3 "O rosto de Spade estava calmo. Quando seu olhar encontrou o dela, seus olhos amarelo-pardos brilhavam por um instante com malícia e depois tornaram-se de novo inexpressivos — Foi você que fez isso? — perguntou Dundy à moça, mostrando com a cabeça a testa ferida de Cairo. Ela olhou de novo para Spade, que não correspondeu absolutamente ao apelo dos seus olhos. Encostado ao batente, observava os circunstantes com ar educado e desprendido de um espectador desinteressado. (Trecho de O falcão maltês, de Dashiel Hammett aqui)" HAMMETT, Dashiel. O falcão maltês. São Paulo: Editora Abril Cultura, 1984. Exercício 5 Podemos dizer que, seja qual for o foco de um empreendedor, a criatividade é um fator sempre presente. De qualquer forma, as definições de empreendedor cultural; empreendedor artístico e empreendedor criativo têm algumas particularidades. Defina cada um desses três tipos de empreendedorismo e exemplifique-os. Exercício 6 A expressão Indústria Cultural surgiu na obra Dialética do Esclarecimento de Adorno e Horkheimer (1985). Quanto à expressão Indústria Criativa, surge bem depois quando a Austrália propõe seu conceito de Creative Nation. Explique os conceitos de Indústria Cultural e Indústria Criativa, destacando suas diferenças. ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. Resolução dos exercícios Veja a seguir a resolução dos exercícios propostos. Resolução do exercício 1 É durante a 3ª etapa que se espera acontecer o momento “eureca” ou momento de “iluminação”. Na etapa 1, é importante que o problema para o qual se deseja uma solução seja conhecido. Depois, na etapa 2, é importante levantar informações e dados a respeito de tudo o que cerca tal problema. Na etapa 3, dá-se um tempo para que a mente possa cruzar os dados e informações que foram levantados a respeito do problema. Durante esse descanso mental, são produzidas novas conexões mentais inconscientes que resultam no surgimento de soluções que são detectadas pelo consciente. Esse momento pode ser comparado à garimpagem de pedras preciosas, isto é, a mente consciente (da cognição) seleciona a ideia mais adequada, lapida essa ideia até torná-la a solução ideal para o problema detectado. Quando essa solução vem à tona, é o que chamamos de “eureca” ou de “iluminação”. Resolução do exercício 2 O texto apresentado é do gênero narrativo porque conta uma história. Quanto ao subgênero, trata-se de uma fábula, pois a história contada é fantasiosa e tem um ensinamento quando termina (moral da história). Resolução do exercício 3 Um enredo conta com 4 etapas: 1. Exposição: momento em que a narrativa situa o leitor diante da história que será contada. Exemplo: No conto da Chapeuzinho Vermelho, estão nessa etapa: o motivo para o apelido da menina; a necessidade de atravessar a floresta; as instruções da mãe para a jornada da filha. 2. Complicação: ocasião do enredo em que surge o conflito (ou conflitos, pois pode haver mais de um na mesma narrativa). Exemplo: No conto da Chapeuzinho Vermelho, a complicação se dá quando a garota encontra o Lobo e, por ingenuidade, se deixa levar pela conversa dele, contando o motivo de carregar a cesta e indicando o local em que sua avó mora. 3. Clímax: parte do enredoem que se encontra o ponto máximo do conflito. Trata- se do ponto de referência para todos os outros momentos do enredo. Exemplo: o clímax da história da Chapeuzinho Vermelho é um dos momentos mais popularizados da história. Acontece quando o Lobo está na cama da vovozinha, vestido com as roupas de dormir dela e tenta ludibriar a Chapeuzinho Vermelho para comê-la. Quem nunca ouviu este trecho célebre: [...] — Ó avó, que olhos grandes você tem! — É para melhor te enxergar! — Ó avó, que boca grande, assustadora, você tem! — É para melhor te comer! [...] 4. Desfecho: quando surge a solução para o(s) conflito(s). O desfecho pode assumir diversas formas: trágicas; cômicas; surpreendentes; felizes etc. Exemplo: No desfecho do conto da Chapeuzinho vermelho, ela e a sua avó escapam do lobo mau, sendo salvas por caçadores que acabaram matando o lobo e a história fecha com um final feliz. Resolução do exercício 4 No Texto 1, percebemos um narrador em 1ª pessoa: a identificação se encontra nos pronomes utilizados: “Expliquei-lhe”; “e o meu colega”; “Ei-lo aqui, diante de mim”. Trata-se de trecho da obra Dom Casmurro de Machado de Assis, em que Bentinho, o narrador-protagonista nesse trecho e em toda a narrativa, demonstra seus pensamentos angustiantes ao imaginar-se em conversa com o amigo a respeito da possível traição dele com sua esposa Capitu. No Texto 2, percebemos um narrador em 1ª pessoa: a identificação se dá pela conjugação de alguns verbos e pela marcação de pronomes, como: “procurei”; “impressionou-me”; “meu propósito”. No trecho de texto apresentado, o personagem Watson apresenta características de Sherlock Holmes, testemunhando como o detetive tem raciocínio analítico e métodos particulares. As histórias das peripécias de Sherlock Holmes são contadas pelo Watson que se demonstra um narrador-testemunha. No Texto 3, percebemos uma narração em 3ª pessoa (não há, no texto, qualquer indício de 1ª pessoa). O narrador se mostra onisciente dos sentimentos dos personagens quando, a partir de fisionomias e olhares, descreve a calma (“Spade estava calmo”) e a malícia (“seus olhos amarelo-pardos brilhavam por um instante com malícia”). Resolução do exercício 5 Segundo Laraia et al. (2018), um empreendedor cultural é aquele que utiliza as manifestações culturais como fonte de inspiração e inovação para criar negócios que promovam experiências culturais que são distribuídas como produtos de massa. Por exemplo: cinemas, óperas, teatros, shows de rock etc. Para alguns autores, como Santos (2016), um empreendedor artístico seria aquele que utiliza seus talentos e habilidades artísticas para criar e gerir negócios relacionados à arte, como galerias de arte, escolas de arte, estúdios de gravação, entre outros. Para isso, ele deve ter conhecimento técnico e habilidades gerenciais para garantir o sucesso do seu empreendimento. Segatto et al. (2018) define o empreendedor criativo como aquele que utiliza a criatividade e a inovação para criar e gerir negócios com a preservação da propriedade intelectual e distribuição apropriada a cada segmento que pode ocupar os diversos setores econômicos como design, propaganda e marketing, literatura e outros. LARAIA, Rafael et al. Empreendedorismo Cultural: Um Estudo sobre o Impacto da Economia Criativa na Gestão de Organizações Culturais. XXXVIII Encontro Nacional da ANPAD, 2018, Rio de Janeiro. SANTOS, Edilson Costa. Empreendedorismo artístico: reflexões sobre empreendedorismo no mercado de artes. Brazilian Business Review, v. 13, n. 1, p. 116-135, 2016. SEGATTO, L. V. et al. Empreendedorismo criativo: conceitos, práticas e perspectivas. Revista de Administração Mackenzie, São Paulo, v. 19, n. 6, p. 1-22, 2018. Resolução do exercício 6 A indústria cultural é um termo cunhado por Adorno e Horkheimer (1985) em sua obra Dialética do Esclarecimento para se referir ao conjunto de atividades econômicas que produzem e distribuem produtos culturais em massa, tais como filmes, músicas, livros, revistas, entre outros. A indústria criativa é um setor econômico baseado na geração de valor a partir da criatividade e da propriedade intelectual. Essa indústria inclui atividades como design, publicidade, arquitetura, moda, software, jogos eletrônicos, entre outras (FLORIDA, 2002, apud SANTOS, 2016). Uma das principais diferenças entre o conceito de indústria cultural e o conceito de indústria criativa é que a primeira se concentra na produção e na distribuição em massa de bens culturais, enquanto a segunda abrange um conjunto mais amplo de atividades econômicas que geram valor a partir da criatividade e da propriedade intelectual. Além disso, a indústria criativa é frequentemente associada a processos de inovação, enquanto a indústria cultural tende a ser mais tradicional e voltada para a reprodução de produtos culturais já estabelecidos.