Buscar

8 - Cateterização Nasogástrica


Prévia do material em texto

- ÍNDICE -
INDICAÇÕES
CONTRAINDICAÇÕES
MATERIAL
TÉCNICA
COMPLICAÇÕES
A cateterização nasogástrica (sondagem nasogástrica) consiste na inserção de um
cateter até o estômago, através das vias aéreas superiores e esôfago. Trata-se de um
procedimento simples e bastante comum nas unidades hospitalares e que, nas provas
práticas, aparece com frequência relacionado aos quadros de obstrução intestinal.
INDICAÇÕES
● Administração de drogas, líquidos e dieta em pacientes que não toleram recebê-los via
oral.
● Descompressão do trato gastrointestinal em pacientes com obstrução ou em casos
mais graves de pancreatite.
● Hemorragia digestiva alta.
● Lavagem gástrica em intoxicações (em casos selecionados).
CONTRAINDICAÇÕES
● Trauma maxilofacial extenso, em especial com fratura de base do crânio (preferir
cateter orogástrico).
● Coagulopatia grave (preferir cateter orogástrico).
● Anormalidades esofagianas: ingestão recente de substância cáustica, estenoses,
divertículos (risco de perfuração). A presença de varizes, a princípio, não contraindica o
procedimento.
● Rebaixamento de consciência em pacientes não intubados (pode precipitar vômitos e
broncoaspiração, devendo ser precedidos pela intubação orotraqueal).
MATERIAL
● Máscara, óculos e capote para sua proteção (não precisa ser estéril).
● Luvas de procedimento.
● Copo com água.
● Cateter nasogástrico – CNG de 12 a 20F*. O mais conhecido é o de Levine, de polivinil,
utilizado para drenagem gástrica e uso recomendado por períodos menores que 30
dias. Utiliza-se normalemente Levine Nº12 ou 14 para gavagem (alimentação) e Nº16
ou 18 para sifonagem (esavaziamento).
● Anestésico tópico em forma de spray e gel.
● Gaze.
● Solução de oximetazolina ou fenilefrina (opcional).
● Seringa 20 ml.
● Estetoscópio.
● Esparadrapo ou fita adesiva para fixação.
● Frasco coletor universal (para sifonagem).
*1 French = 0,33 mm.
TÉCNICA
A cateterização nasogástrica não obedece um esquema protocolar e homogêneo entre
as diferentes instituições. Por isso, selecionamos alguns pontos de destaque, sabendo
que podem ser adotados ou modificados de acordo com a preferência local. Após
informarmos o procedimento ao paciente, obter seu consentimento e realizarmos a
higienização das mãos, devemos:
→ Elevar a cabeceira da cama a 45° (posição semi-sentada de Fowler).
→ Limpar as narinas e a testa do paciente com gaze.
→ Medir o comprimento a ser inserido do CNG: distância da ponta do nariz até o ângulo
da mandíbula (ou lóbulo da orelha) e daí até a base do apêndice xifoide 
Marcar o comprimento do CNG a ser inserido com esparadrapo ou fita adesiva.
(FIGURA 1).
→ Calçar luvas.
→ Caso disponível, aplicar solução de oximetazolina ou fenilefrina na narina do paciente
(efeito vasoconstritor, reduzindo risco de epistaxe).
→ Se possível, aplicar anestésico tópico em spray na orofaringe do paciente (ex.:
benzocaína), para reduzir o reflexo do vômito.
→ Aplicar anestésico tópico em gel (ex.: lidocaína) na narina do paciente usando uma
seringa e na extremidade do cateter a ser inserida, tornando-o lubrificado. Ele
também pode ser umedecido.
→ Inserir o cateter em uma das narinas (preferencialmente sem obstáculos e com menor
Figura 1.
risco de lesão), lentamente, enquanto o paciente mantém flexão cervical (queixo no
tórax). Esta posição, sobretudo no paciente com reflexos de proteção reduzidos,
permite que a glote se feche e proteja as vias aéreas. Deve-se solicitar a deglutição
durante sua passagem pela faringe, a fim de fechar a epiglote e reduzir o risco de
introdução traqueal. Continue inserindo até que a marcação feita atinja a narina do
paciente.
→ Recuar em caso de tosse intensa, dispneia ou cianose desencadeadas pela passagem
do CNG (provável localização na traqueia).
→ Pedir que o paciente cooperativo beba água, por um canudo, pode ajudar a passagem
do CNG.
→ Confirmar o posicionamento do CNG, além de observar se o paciente apresenta
dispneia, cianose, prostração ou ainda dificuldade para falar, uma das manobras a
seguir pode ser realizada:
● Inserir extremidade do cateter em copo com água: se houver borbulhamento,
provavelmente o CNG está na traqueia;
● Injetar 20 ml de ar no cateter com a seringa e auscultar o epigástrio, a fim de
confirmar a presença de ruídos hidroaéreos (borborigmos);
● Avaliar o pH da secreção aspirada pelo cateter (se compatível com suco gástrico - pH
< 6);
● Se houver qualquer dúvida ou se houver necessidade de algum tipo de instilação
pelo cateter (ex: dieta, carvão ativado etc.), o melhor exame é o RX de tórax, que
deverá mostrar a extremidade do cateter abaixo do diafragma.
→ Fixar e fechar o cateter ou conectá-lo ao tubo extensor de látex com frasco coletor
universal (ex.: Taylor), de acordo com o uso pretendido para o mesmo.
VIDEO_01_CPMED_EXTENSIVO_APOSTILA_08
COMPLICAÇÕES
● Menores: sinusite, epistaxe, dor ou desconforto referido na orofaringe.
● Graves (raras): perfuração esofagiana, inserção traqueal, pneumotórax, inserção
intracraniana (em caso de fratura da base do crânio).
SAIBA MAIS
Outro cateter utilizado na prática médica é o nasoenteral de DobbHoff (fabricado por
Dobbie e Hoffmeister na década de 70). Entre suas propriedades, eles não sofrem
alteração física em contato com o pH ácido do estômago (material de poliuretano e
silicone), possuem um calibre mais fino e uma ogiva distal (de tungstênio) com 2-3 g de
peso, que possibilita seu posicionamento além do piloro. A introdução se faz com o
auxílio de um fio-guia e deve ser solicitada radiografia de tórax/abdome para
confirmar o posicionamento adequado antes de iniciar o suporte nutricional. Em
termos práticos, para o posicionamento na segunda/terceira porção do duodeno ou
jejuno, o cateter deve migrar espontaneamente com a peristalse 25 cm ou mais. Assim,
após confirmado o posicionamento gástrico, o cateter é fixado na face do paciente, o
fio-guia é retirado e deixa-se uma alça que vai sendo desfeita de acordo com a
peristalse. Para que a chegada da sonda no intestino seja mais rápida, pode-se colocar
o paciente em decúbito lateral direito, estimular deambulação ou ainda administrar
drogas estimulantes da motilidade gástrica.

Mais conteúdos dessa disciplina