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- ÍNDICE - ARTROCENTESE INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES MATERIAL UTILIZADO TÉCNICA COMPLICAÇÕES AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR CORRELACIONAR COM AS PRINCIPAIS CAUSAS RESUMO ARTROCENTESE VIDEO_01_CPMED_EXTENSIVO_APOSTILA_26 INDICAÇÕES ● Fins diagnósticos: - Suspeita de artrite séptica; - Suspeita de artrite induzida por cristais; - Artrite inexplicada. ATENÇÃO É estabelecido que toda monoartrite aguda, com sinais flogísticos, quase sempre merece ser puncionada. Como todo procedimento invasivo, a artrocentese apenas deve ser realizada se há real necessidade, isto é, se há implicação na conduta terapêutica perante o paciente. A questão é: quando ela se torna desnecessária? Na suspeita de artrite séptica, por exemplo, o derrame articular deve ser puncionado, principalmente, para evidência etiológica. Porém, se há dados suficientes para pressupor a sua etiologia (hemocultura positiva para S. aureus; swab de uretra positivo para Gonococco etc.), ela pode ser dispensada sob este aspecto. Já na artrite induzida por cristais, a artrocentese é inicialmente realizada para diferenciação entre gota e pseudogota. Com a característica repetição do quadro clinico na artrite gotosa, por exemplo, a artrocentese se torna desnecessária devido à alta suspeição clínica (tofo gotoso, localização típica, história pregressa de hiperuricemia e episódios prévios). ● Fins terapêuticos: - Drenagens de grandes derrames articulares ou hemartrose; - Avaliação de resposta terapêutica da artrite séptica; - Injeção intra-articular de corticoide e/ou anestésicos locais ou viscossuplementação com hialuronato. CONTRAINDICAÇÕES ● Infecção no local da punção (celulite, psoríase etc.). ● Bacteremia, se fora do contexto de artrite séptica. ● Coagulopatias. MATERIAL UTILIZADO ● Gorro e máscara. Óculos de proteção são opcionais. ● Capote, luvas e campo fenestrado estéreis. ● Material para degermação e antissepsia. ● Kit estéril para antissepsia com gaze, cuba e pinça própria (ex.: Foerster, Cheron). ● Anestésico local (lidocaína a 2%), agulha 22G e seringa 5–10 ml para anestesia. ● Caneta para demarcação na pele do local de punção. ● Seringas de 5 ml a 20 ml (ou até mesmo seringas de 60 ml), dependendo do volume a ser drenado. ● Agulha cuja espessura dependerá do local e volume a ser drenado. ● Bandagem elástica. ● Tubos coletores para coleta e análise do líquido sinovial. TÉCNICA → Informe ao paciente sobre o procedimento e obtenha o seu consentimento. → Posicionar o paciente adequadamente (dependerá do local a ser puncionado). → Colocar máscara, gorro e realizar a degermação e antissepsia das mãos e antebraços com material apropriado (escova contendo povidine degermante, por exemplo), secando-as com compressas estéreis (geralmente disponíveis no kit junto ao capote). Vista o capote e calce as luvas estéreis, tomando o cuidado de não contaminá-las. → Prenda a gaze estéril na ponta da pinça própria (Foerster ou Cheron) e realize a degermação do sítio de punção, com um degermante (três gazes), e, posteriormente, a antissepsia, utilizando o antisséptico tópico/alcoólico (mais três gazes). As nossas duas principais opções são o povidine degermante e tópico, e o clorexidina degermante e tópico. → Anestesiar o local de punção, inicialmente com um botão anestésico, e, posteriormente, avançar profundamente, sempre aspirando antes de infundir o anestésico, para evitar o espaço intravascular, e, surpreender-se ao adentrar o espaço intra-articular, identificando a presença de líquido sinovial na seringa. Locais possíveis para punção e respectiva técnica: 1. Joelho A primeira medida a ser tomada (como em todos os procedimentos médicos a serem realizados) é o posicionamento adequado do paciente, que neste caso consiste, preferencialmente, em colocar o mesmo em posição supina com o joelho estendido. Estando o paciente posicionado, deve-se posteriormente realizar a antissepsia do local (como descrito no tópico anterior) e, por fim, determinar o local a ser puncionado. As bordas superior e inferior da patela são os limites utilizados para a penetração da agulha, a qual é feita no ponto médio entre tais bordas. A aproximação da agulha pode ser feita tanto medialmente quanto lateralmente, sendo a primeira a mais comumente usada, principalmente nos pequenos derrames. Após a anestesia local, deve-se penetrar o joelho com uma agulha de 18–22 G e com uma seringa de 20–60 ml. É importante passar rapidamente através da pele e da cápsula articular, assim como evitar o periósteo de superfícies ósseas, com o objetivo de causar menos dor. Ao encher completamente a seringa, é mandatória a análise do aspecto do líquido obtido; caso seja purulento ou hemorrágico, é necessário tentar esvaziar a articulação, removendo mediadores inflamatórios que agem perpetuando o processo destrutivo articular. Se ainda restar líquido na articulação, mesmo com a seringa cheia, um hemostático estéril deve ser utilizado para ocluir a agulha, enquanto se executa a troca de seringas (que devem ser estéreis). Com a obtenção do material, remove-se a agulha e uma pressão é aplicada no sítio da punção com gaze estéril; não havendo sangramento local, retira-se a gaze para limpar o local com álcool e aplicar um curativo adesivo. DICA: Figura 1 - Acesso medial/lateral. Figura 2 - Exemplificação do deslocamento posterior e inferior da agulha de punção. Durante a aspiração, pode ser realizada uma manobra facilitadora que consiste em pressionar gentilmente a região suprapatelar, com a mão oposta, com movimento semelhante à “ordenha”. 2. Tornozelo 3. Ombro Figura 3 - Em um ângulo de 90º, inserir a agulha medialmente ao tendão tibial anterior e lateralmente ao maléolo medial, direcionando a agulha posteriormente. 4. Punho Figura 4 - Com o ombro em rotação externa, inserir a agulha medialmente à cabeça do úmero e lateral e inferiormente ao processo coracoide, direcionando a agulha superolateralmente. 5. Carpometacarpal Figura 5 - Inserir a agulha perpendicularmente na região distal do rádio e justaulnar a fossa radial, direcionando-a ao polegar. 6. Falange Figura 6 - Solicitar que o paciente cruze o polegar na região palmar e inserir a agulha na base do osso metacarpal, direcionando-a à base proximal do quarto osso metacarpal. 7. Cotovelo Figura 7 - Com o dedo em extensão ou discretamente flexionado, introduz-se a agulha abaixo do tendão dos extensores. → Após o término do procedimento, adequadamente colocar nos tubos coletores o líquido puncionado para análise. → Realizar curativo compressivo, sendo necessária, por vezes, a imobilização da articulação provisoriamente com bandagem elástica. Figura 8 - Posicionar o paciente em decúbito dorsal com o braço flexionado a 90º, com a mão sob a nádega. E, assim como na figura, traçar um triângulo imaginário sobre as seguintes estruturas: cabeça do rádio, epicôndilo lateral e olécrono. Inserir a agulha no centro deste triângulo, na direção perpendicular. ATENÇÃO E o “aspirado seco”, o que é? A impossibilidade em aspirar líquido sinovial consiste no chamado “aspirado seco”. Causas possíveis são: erro diagnóstico, obesidade, obstrução do lúmen da agulha por determinado material, líquido de alta viscosidade e hipertrofia da sinóvia, devido à inflamação crônica, podendo haver lipoma arborescente ou material gelatinoso. Tentar outro acesso (medial ou lateral) após falência da primeira tentativa, antes de definir o aspirado como “seco”. Figura 9 - RM exemplificando as causas de um “aspirado seco”, em que se observa a presença de um Lipoma Arborescente (LA) e material Gelatinoso (G), consistentes com inflamação crônica. Neste caso a chance de obter uma artrocentese de sucesso seria puncioná-la guiada em área Fluida (F). COMPLICAÇÕES São raras, sobretudo se respeitada a técnica, porém as principais são: ● Infecção iatrogênica (rara, porém a mais temida, ocorre em 1 a cada 3.500 punções); ● Dor (20% pós-punção, geralmente confunde com infecção); ● Drenagem persistente (mais comumse utilizadas agulhas de grosso calibre); ● Trauma local ou instabilidade articular; ● Reacumulação de líquido. DICA: Suspeitar de infecção se a dor aparecer após 48h da punção, ou dura mais que 48h pós-punção. Outros dados que falam a favor de infecção pós-punção são: dor em crescendo, sinais flogísticos, drenagem purulenta no local da punção, febre e outros sinais sistêmicos. AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR E a análise do líquido sinovial? → Gram e cultura para germes comuns Principal exame para definir artrite séptica, com sensibilidade de 50–75% no Gram e 75–95% na cultura na artrite séptica não gonocóccica. Na doença gonocócica disseminada, em contrapartida, a sensibilidade do Gram é de menos de 10% e, da cultura, de 10–50%, ressaltando a importância de, nesses casos, realizar hemocultura e swabs de orofaringe, reto e uretra. → Citometria global e específica Principal exame que diferencia um derrame articular inflamatório do não inflamatório. O ponto de corte geralmente é de 2.000 leuc/mm3 e 75% de polimorfonucleares. Porém, não é possível diferenciar as causas de derrames inflamatórios exclusivamente pela contagem de leucócitos e seu diferencial. → Pesquisa de cristais Análise através do microscópio com luz polarizada que pode revelar a presença de cristais de urato monossódico (gota) ou cristais de di-hidrato-pirofosfato de cálcio (pseudogota). A sensibilidade varia entre 80–95% e 65–80%, respectivamente. Lembrar que a presença do cristal não exclui a possibilidade de artrite séptica concomitante, uma vez que as duas patologias podem coexistir. É pesquisado, também, a presença ou não de birrefringência. Figura 10 - Cristais na Gota. Figura 11 - Cristais na pseudogota. Outros cristais importantes que podem ser encontrados e têm implicância no diagnóstico de outras patologias, são: cristais de colesterol (sinovite crônica inflamatória) e cristais lipídicos (fratura — tem aparência em “cruz de malta”, semelhante ao sedimento urinário de paciente com síndrome nefrótica). Figura 12 - Gota = birrefringência negativa. Figura 13 - Positiva. → Bioquímica Glicose, LDH, proteínas. Figura 14 - Quadrantes; superior-esquerdo: cristais de urato aspirados de um tofo gotoso, sem células inflamatórias; superior-direito: cristais de urato intra e extracelulares no contexto de artrite gotosa; inferior-esquerdo: cristais de pirofosfato intracelulares na pseudogota; inferior-direito: cristais de colesterol em uma sinovite crônica causada por artrite reumatoide. Figura 15 - Aparência “em cruz de malta” — cristais lipídicos em urinálise de paciente com síndrome nefrótica. Ajudam pouco na determinação etiológica e não devem ser solicitados de rotina. → Citologia Na suspeita de malignidade. → Outros Culturas e pesquisas específicas de determinados agentes menos usuais devem ser solicitadas mediante suspeita clínica. Exemplo: monoartrite crônica de joelho demanda investigação para artrite tuberculosa e fúngica. CORRELACIONAR COM AS PRINCIPAIS CAUSAS → Não inflamatório: Osteoatrose e trauma. → Inflamatório: Artrite reumatoide, gota, pseudogota, síndrome de Reiter, artrite psoriásica, espondilite anquilosante, artrite associada a DII, febre reumática, LES, esclerodermia. As três últimas também podem desencadear derrame articular não inflamatório. → Séptico: Bactéria, micobactéria e fungo. ATENÇÃO “Artrite pseudoséptica” é chamada a artrite não infecciosa em que a contagem de leucócitos no líquido sinovial supera 100.000/mm3, cujas principais causas são a reação à injeção intra-articular (ao hialuronato, principalmente), derrame articular da artrite reumatoide, gota e infiltração leucêmica. → Hemorrágico: Hemofilia, anticoagulação e outras discrasias sanguíneas, escorbuto, trauma e tumores. VIDEO_02_CPMED_EXTENSIVO_APOSTILA_26 RESUMO