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Protocolo Sepse Materna 2020


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Protocolos e diretrizes clínicas 
 
 
 
 
 
 
Sepse Materna 
julho/2020 
 
 
 
 
 
 
 
SEPSE MATERNA 
julho/2020 
Esta é a última versão deste protocolo e é válida até ser atualizada 
SUMÁRIO 
ESCOPO E OBJETIVOS ............................................................................................................................................................................. 3 
Objetivos gerais .......................................................................................................................................................................... 3 
Objetivos específicos ................................................................................................................................................................... 3 
A quem esse Protocolo se destina .............................................................................................................................................. 3 
Profissionais/usuários do Protocolo ........................................................................................................................................... 3 
METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO ............................................................................................................................................................. 4 
Quem elaborou este Protocolo ................................................................................................................................................... 4 
Processo para elaboração deste Protocolo ................................................................................................................................. 4 
FLUXOGRAMA DE AVALIAÇÃO E MANEJO DA SEPSE MATERNA ........................................................................................................................ 8 
DEFINIÇÃO DE SEPSE MATERNA ............................................................................................................................................................... 9 
RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................................................................................ 9 
Triagem e Diagnóstico da Sepse Materna .................................................................................................................................. 9 
Triagem Inicial .............................................................................................................................................................................................. 9 
Pontos importantes do processo de Triagem para Sepse: ........................................................................................................................ 10 
Confirmação da Sepse ............................................................................................................................................................................... 11 
Papel do lactato no período periparto ...................................................................................................................................................... 13 
Avaliação e Tratamento da Sepse Materna: Pacotes de Cuidado ............................................................................................ 14 
Avaliação e Monitoração ........................................................................................................................................................................... 14 
Culturas ...................................................................................................................................................................................................... 15 
Ressuscitação Volêmica ............................................................................................................................................................................. 15 
Outras Intervenções .................................................................................................................................................................................. 16 
Trabalho em equipe e comunicação .......................................................................................................................................................... 17 
Organização, coordenação escalonamento do cuidado ............................................................................................................................ 17 
Distinção entre Corioamnionite e Sepse ................................................................................................................................................ 18 
Avaliação e Tratamento da Sepse Materna: Antibioticoterapia e Controle da Fonte .............................................................. 20 
Antibióticos ............................................................................................................................................................................................. 20 
Infecções pelo Estreptococo do Grupo A (EGA) ........................................................................................................................................ 24 
Controle da Fonte ...................................................................................................................................................................................... 26 
Considerações Obstétricas na Sepse Materna .......................................................................................................................... 28 
Indicações para o Parto ............................................................................................................................................................................. 28 
Considerações Anestésicas ........................................................................................................................................................................ 28 
ELABORAÇÃO .................................................................................................................................................................................... 29 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................................................... 30 
ANEXO I – TRABALHO EM EQUIPE E COMUNICAÇÃO .................................................................................................................................. 32 
Reuniões de Planejamento (“Briefs”): ....................................................................................................................................... 32 
Reuniões de Avaliação do Processo e Melhoria (“Debriefs”): .................................................................................................. 32 
Técnicas de Comunicação que poderão ser utilizadas e que auxiliarão no reconhecimento e tratamento rápido da Sepse 
Materna .................................................................................................................................................................................... 32 
“Pedir Tempo” e SCAR ............................................................................................................................................................................... 33 
Uso do PDS para advogar em defesa da paciente: PDS (Preocupado, Desconfortável, questão de Segurança) ....................................... 34 
Comunicação em Alça Fechada ................................................................................................................................................................. 34 
Passagem ................................................................................................................................................................................................... 35 
ANEXO II – SISTEMADE ALERTA PRECOCE PARA MORBIDADE MATERNA GRAVE – SISMOM ........................................................................... 37 
ANEXO III – LISTA DE CHECAGEM SEPSE MATERNA ................................................................................................................................... 38 
 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
3 
 
Escopo e objetivos 
Objetivos gerais 
Este Protocolo tem como finalidades principais: 
Sintetizar, avaliar e sumarizar a informação científica disponível em relação às práticas mais comuns 
na assistência a mulheres com suspeita ou diagnóstico de sepse na gravidez, puerpério e pós-
aborto, fornecendo subsídios e recomendações a todos os envolvidos no cuidado. 
Objetivos específicos 
• Uniformizar e padronizar as práticas mais comuns utilizadas na assistência a mulheres com 
suspeita ou diagnóstico de sepse na gravidez, puerpério e pós-aborto; 
A quem esse Protocolo se destina 
Esse Protocolo deverá servir de referência e orientação para a assistência a: 
• Mulheres com suspeita ou diagnóstico de sepse na gravidez, puerpério e pós-aborto; 
As seguintes situações não serão cobertas pelo Protocolo: 
• Diagnóstico e manejo de outras situações infecciosas onde não há suspeita ou diagnóstico de 
sepse. 
Os tópicos clínicos relacionados à assistência aparecem nas seções do Protocolo de acordo com a 
relevância definida pelo Grupo Elaborador e os achados da busca na literatura. 
Profissionais/usuários do Protocolo 
Audiência primária : 
• Todos os profissionais envolvidos diretamente na assistência às mulheres com suspeita ou 
diagnóstico de sepse na gravidez, puerpério e pós-aborto no Hospital Sofia Feldman, tais como 
médicos obstetras, pediatras, neonatologistas, anestesiologistas, enfermeiras obstétricas, 
obstetrizes, enfermeiras assistenciais, técnicos de enfermagem etc. 
• Todos os profissionais em processo de treinamento no Hospital Sofia Feldman, envolvidos 
diretamente na assistência, tais como especializandos e residentes de enfermagem obstétrica e 
neonatal e médicos residentes de obstetrícia, neonatologia e anestesiologia. 
4 
Sepse Materna 
 
Audiência secundária: 
• Todos os profissionais envolvidos indiretamente na assistência no Hospital Sofia Feldman como 
fisioterapeutas, psicólogos etc. 
• Estudantes de graduação na prática de estágio curricular ou extra-curricular no Hospital Sofia 
Feldman envolvidos no processo de assistência; 
• As mulheres, seus familiares ou representantes, usuários da assistência no Hospital Sofia 
Feldman; 
• Doulas, educadores perinatais, etc. em atividade no Hospital Sofia Feldman 
Metodologia de elaboração 
Quem elaborou este Protocolo 
Esse Protocolo foi elaborado por um médico obstetra, um médico intensivista, e uma enfermeira 
obstétrica da equipe do Hospital Sofia Feldman, os nomes dos mesmos se encotram ao final do 
documento. 
Processo para elaboração deste Protocolo 
Esse Protocolo foi elaborado a partir de diretrizes e/ou protocolos já elaborados por outros grupos 
ou instituições e adaptados ao contexto do HSF. 
Foi realizada uma busca por protoclos e diretrizes publicadas entre 2015 e 05/02/2020, em inglês, 
espanhol, francês e português, para análise e potencial adaptação para este protocolo. Outras 
publicações secundárias, cujas evidências tenham sido analisadas e sintetizadas através de 
metodologia padronizada, também foram incluídas na pesquisa. A combinação dos termos gerais 
utilizados para busca foram: sepse, sepsis, maternal, materna, puerpério, puerperium, puerperal, 
pregnant, pregnancy, gravidez, grossesse, embarazo, post-partum, septicémie. Esses termos foram 
adaptados para os diferentes idiomas e bases de dados eletrônicas. A busca foi realizada nas 
seguintes bases de dados eletrônicas e sítios da internet: 
Tripdatabase - http://www.tripdatabase.com 
GIN - http://www.g-i-n.net 
GPC Colômbia - http://gpc.minsalud.gov.co/gpc/SitePages/default_gpc.aspx 
NICE - http://www.nice.org.uk 
SIGN - http://www.sign.ac.uk 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
5 
 
ICSI - https://www.icsi.org 
HAS (França) - http://www.has-sante.fr 
Collège National des Gynécologues et Obstétriciens Français - http://www.cngof.fr/pratiques-
cliniques/recommandations-pour-la-pratique-clinique?folder=RPC%2BCOLLEGE 
Bilbioteca de Guías de Práctica Clínica del Sistema Nacional de Salud (Espanha) - 
http://portal.guiasalud.es/web/guest/catalogo-gpc 
Projeto Diretrizes/Brasil - http://www.projetodiretrizes.org.br 
BIGG – Base Internacional de Guías GRADE - http://sites.bvsalud.org/bigg/biblio/ 
CMQCC – California Maternal Quality Care Collaborative - https://www.cmqcc.org 
UpToDateâ – https://www.uptodate.com/contents/search 
O processo de busca identificou as seguintes publicações que são listadas em ordem alfabética: 
BEST PRACTICE ADVOCACY CENTRE NEW ZEALAND (New Zealand). Sepsis: recognition, 
diagnosis and early management. A bpacnz contextualisation of NICE Guideline NG51 © 
NICE 2016. Dunedin: Best Practice Advocacy Centre New Zealand, 2018. 44 p. Disponível em: 
https://bpac.org.nz/guidelines/4/docs/Sepsis.pdf. Acesso em: 14 abr. 2020. 
BOWYER, Lucy; ROBINSON, Helen L.; BARRETT, Helen; CROZIER, Timothy M.; GILES, 
Michelle; IDEL, Irena; LOWE, Sandra; LUST, Karin; MARNOCH, Catherine A.; MORTON, Mark R.. 
SOMANZ guidelines for the investigation and management sepsis in pregnancy. Australian And 
New Zealand Journal Of Obstetrics And Gynaecology, [s.l.], v. 57, n. 5, p. 540-551, 3 jul. 2017. 
Wiley. http://dx.doi.org/10.1111/ajo.12646. 
GIBBS, R et al. Improving Diagnosis and Treatment of Maternal Sepsis: A Quality 
Improvement Toolkit. Stanford, CA: California Maternal Quality Care Collaborative, 2020. 67 p. 
Disponível em: https://www.cmqcc.org/resource/improving-diagnosis-and-treatment-maternal-
sepsis. Acesso em: 14 abr. 2020. 
INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE (Brasil). IMPLEMENTAÇÃO DE PROTOCOLO 
GERENCIADO DE SEPSE PROTOCOLO CLÍNICO: Atendimento ao paciente adulto com 
sepse / choque séptico: [São Paulo]: Instituto Latino Americano de Sepse, 2018. 14 p. Disponível 
em: https://www.ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/protocolo-de-tratamento.pdf. Acesso em: 
6 
Sepse Materna 
 
14 abr. 2020. 
LEVY, Mitchell M.; EVANS, Laura E.; RHODES, Andrew. The Surviving Sepsis Campaign Bundle: 
2018 update. Intensive Care Medicine, [s.l.], v. 44, n. 6, p. 925-928, 19 abr. 2018. Springer 
Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s00134-018-5085-0. Disponível em: 
https://link.springer.com/article/10.1007/s00134-018-5085-0. Acesso em: 14 abr. 2020. 
NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CARE EXCELLENCE (United Kingdom). Sepsis: 
recognition, assessment and early management: [London]: National Institute For Health And 
Care Excellence, 2016. 584 p. (NICE guideline 51). Atualizações menores em: setembro/2017, 
novembro/2017 e abril/2019. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/ng51/evidence/full-
guideline-pdf-2551523297. Acesso em: 14 abr. 2020. 
PERU. Instituto de Evaluación de Tecnologías en Salud e Investigación – IETSI. Guía de Práctica 
Clínica para el Reconocimiento y Manejo Inicial de Sepsis en Adultos: Guía en Versión 
Extensa: Lima: EsSalud, 2018. 63 p. (GPC N°15). Disponível em: 
http://www.essalud.gob.pe/ietsi/pdfs/guias/GPC_Sepsis_Version_extensa.pdf. Acesso em: 14 abr. 
2020. 
PLANTE, Lauren A.; PACHECO, Luis D.; LOUIS, Judette M. SMFM Consult Series #47: sepsis 
during pregnancy and the puerperium: Sepsis during pregnancy and the puerperium. American 
Journal Of Obstetrics And Gynecology, [s.l.], v. 220, n. 4, p. 2-10, abr. 2019. Elsevier BV. 
http://dx.doi.org/10.1016/j.ajog.2019.01.216. Disponível em: https://www.ajog.org/article/S0002-
9378(19)30246-7/fulltext. Acesso em: 14 abr. 2020. 
RHODES, Andrew et al. Surviving Sepsis Campaign. Critical Care Medicine, [s.l.], v. 45, n. 3, p. 
486-552, mar. 2017. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). 
http://dx.doi.org/10.1097/ccm.0000000000002255.Disponível em: https://sci-
hub.tw/10.1097/CCM.0000000000002255 . Acesso em: 14 abr. 2020. 
SOUTH AUSTRALIA. SA Maternal Neonatal & Gynaecology Community of Practice. Department 
of Health, Government of South Australia. Sepsis in Pregnancy. [Adelaide]: Department of 
Health, Government of South Australia, 2017. 22 p. (South Australian Perinatal Practice 
Guidelines). Disponível em: 
https://www.sahealth.sa.gov.au/wps/wcm/connect/31b0af004eeddd9eb4c6b76a7ac0d6e4/Sepsis+i
n+Pregnancy_PPG_v3.0.pdf?MOD=AJPERES&CACHEID=ROOTWORKSPACE-
31b0af004eeddd9eb4c6b76a7ac0d6e4-n4L9yas. Acesso em: 14 abr. 2020. 
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Statement on maternal sepsis. Geneva: World Health 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
7 
 
Organization, 2017. 4 p. Disponível em: 
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254608/WHO-RHR-17.02-
eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 14 abr. 2020. 
ZHANG, Zhongheng; SMISCHNEY, Nathan J.; ZHANG, Haibo; VAN POUCKE, Sven; 
TSIRIGOTIS, Panagiotis; RELLO, Jordi; HONORE, Patrick M.; KUAN, Win Sen; RAY, Juliet June; 
ZHOU, Jiancang. AME evidence series 001—The Society for Translational Medicine: clinical 
practice guidelines for diagnosis and early identification of sepsis in the hospital. Journal Of 
Thoracic Disease, [s.l.], v. 8, n. 9, p. 2654-2665, set. 2016. AME Publishing Company. 
http://dx.doi.org/10.21037/jtd.2016.08.03. Disponível em: 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5059246/. Acesso em: 14 abr. 2020. 
Após a avaliação das 12 diretrizes/protocolos encontrados, os desenvolvedores deste protocolo 
decidiram utilizar como fonte inicial de consulta 5 diretrizes/protocolos que tratam especificamente 
de sepse na gravidez e puerpério (BOWYER, 2017; GIBBS, 2020; PLANTE, 2019; SOUTH 
AUSTRALIA, 2017; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017.) Dessas 5, foi escolhida como fonte 
principal para adapatação ao contexto do Hospital Sofia Feldman, o pacote de ferramentas 
Improving Diagnosis and Treatment of Maternal Sepsis. A CMQCC Quality Improvement Toolkit 
(GIBBS, 2020), devido à data da sua publicação e, principalmente às suas recomendações para a 
identificação de sepse na gravidez e puerpério, com dados vitais ajustados às adaptações 
fisiológicas do período grávido-puerperal. Outras recomendações das outras diretrizes e protocolos 
também foram consideradas. Neste protocolo, apenas as recomendações, com algumas 
modificações apropriadas ao contexto, sem no entanto contrariar as evidências das fontes, foram 
consideradas para adaptação. Os desenvolvedores deste protocolo recomendam aos usuários do 
mesmo a consulta às diretrizes e outras publicações fonte da adaptação para análise das evidências 
que embasaram as recomendações e para aprofundamento no tema. 
 
8 
Sepse Materna 
 
Fluxograma de avaliação e manejo da sepse materna
Ação: Como para sepse; transferir para CTI; se 
hipotensão persiste após aporte hídrico, avaliar 
estado hemodinâmico e considerar vasopressores 
Suspeita de Infecção 
Passo 1 – Triagem inicial 
•Temp. Oral < 36 ou > 38º C 
•Frequência cardíaca > 110 bpm 
•Frequência respiratória > 24 ipm 
•Leucócitos > 15.000 OU < 4.000 OU > 10% bastonetes 
Positivo se 2 presentes 
Ação: Iniciar ATB 
dirigido à fonte se ainda 
não realizado, amplo 
espectro se fonte 
desconhecida; fluidos a 
30 mL/Kg; hemocultura 
se ainda não coletada, 
monitoração rigorosa, 
repetir lactato. 
Escalonar, sn. 
•Coletar exames (hemocultura, plaquetas, coagulação, 
bilirrubina, creatinina, lactato, gasometria) 
• Iniciar ATB direcionado à fonte 
• Iniciar 1-2 L de solução salina 
• Ir p/ fase de confirmação 
NOTA 
Uma PAM < 65 mmHg 
persistente após 30 mL/Kg de 
infusão rápida de fluidos na 
vigência de infecção define 
diretamente CHOQUE 
SÉPTICO 
 
Dados vitais de rotina/Leucograma 
Passo 2 – Confirmação de Sepse 
• Respiratório: necessidade de ventilação mecânica OU PaO2/FiO2 < 300 
• Coagulação: Plaquetas < 100 x 109/L, OU RNI > 1.5, OU TTP > 60” 
• Fígado: Bilirrubina > 2 mg/dL 
• Cardiovascular: PAS < 85 mmHg OU PAM < 65 mmHg OU > 40 mm Hg de queda da PAS 
(após fluidos) 
• Rim: Creatinina > 1,2mg/dL OU dobro de medida anterior OU Oligúria = < 0.5 mL/kg/hr x 
2 hs 
• Estado mental: Agitação, confusão mental ou não responsiva 
• Lactato: > 18 mg/dL na ausência de trabalho de parto 
Confirmado se 1 ou mais presentes 
≥ 1 critério 
POSITIVO 
define SEPSE 
 
Lactato elevado 
APENAS no 
trabalho de 
parto 
 
PAM < 65 mmHg 
(confirmada) 
define CHOQUE 
SÉPTICO 
 
Ação: Esse grupo 
permanece de alto 
risco para sepse e 
requer supervisão 
rigorosa e reavaliação 
Ação: No mínimo manter supervisão 
rigorosa; considerar aumentar aporte 
hídrico para reduzir o lactato; repetir 
lactato; ver texto 
Todos 
NEGATIVOS 
 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
9 
 
 
Definição de sepse materna 
Segundo a Organização Mundial de Saúde define-se a “Sepse Materna como uma 
condição ameaçadora à vida definida como disfunção orgânica resultante de infecção 
durante a gravidez, parto, pós-aborto ou período pós-parto”. 
Recomendações 
 
Triagem e Diagnóstico da Sepse Materna 
Triagem Inicial 
• A triagem inicial da sepse materna deve se basear nos critérios definidos na Caixa 1. 
Tabela 1 – Principais causas de Sepse Materna 
Anteparto Intraparto/Pós-parto 
imediato Puerpério 
Aborto infectado Corioamnionite/Infecção 
intra-amniótica Pneumonia/Influenza 
Corioamnionite/Infecção 
intra-amniótica Endometrite Pielonefrite 
Pneumonia/Influenza Pneumonia/Influenza 
Infecção de ferida 
cirúrgica/fasciíte 
necrotizante 
Pielonefrite Pielonefrite Mastite 
Apendicite 
Infecção de ferida 
cirúrgica/fasciíte 
necrotizante 
Colecistite 
Caixa 1 – Passo 1: Triagem Inicial para Sepse para Todas as Pacientes 
com Suspeita de Infecção (POSITIVO se dois (2) ou mais critérios 
estiverem presentes) 
• Temperatura oral < 36°C ou ≥ 38°C 
• Frequência Cardíaca > 110 bpm e mantida por 15 minutos 
• Frequência Respiratória > 24 ipm e mantida por 15 minutos 
• Leucócitos > 15.000/mm3 ou < 4.000/mm3 ou > 10% bastonetes 
10 
Sepse Materna 
 
Pontos importantes do processo de Triagem para Sepse: 
• Um leucograma deve ser solicitado em qualquer situação onde se suspeita de infecção; 
• Diante da suspeita de infecção, uma pressão arterial média (PAM) < 65 mm Hg é suficiente para 
iniciar o protocolo de sepse, mesmo se os outros critérios não estiverem presentes; 
• Se na triagem inicial um valor anormal dos critérios da Caixa 1 for detectado, realizar uma nova 
avaliação completa dos sinais vitais, incluindo saturação de O2, 15 minutos após; 
• A triagem é considerada positiva se dois ou mais valores anormais listados na Caixa 1 estiverem 
presentes. Uma contagem de leucócitos que tenha sido obtida dentro de 24 horas pode ser 
utilizada para a triagem inicial; 
• O limite superior da normalidade de 110 bpm para a frequência cardíaca é baseado em dois 
desvios padrão do normal; 
• A temperatura anormal e a frequência cardíaca elevada pode ser a combinação mais comum, 
mas notar que nem todas as mulheres com sepse terão febre ≥ 38,0°C. 
o Se houver suspeita de infecção (e.x. dor no ângulo costovertebral mais temperatura elevada 
em baixo grau ou ruptura prematura de membranas prolongada com taquicardia materna ou 
fetal), deve-se proceder a uma avaliação laboratorial complementar para descartar disfunção 
orgânica e uma avaliação direta da paciente na beira do leito, como no Passo 2; 
• O uso de corticóides pela mãe geralmente aumenta a contagem de leucócitos, mas a suspeita 
de infecção não pode ser descartada sem uma avaliação complementar. 
o A contagem de leucócitos atinge um pico 24 horas após administração de corticóides para 
maturação pulmonar fetal (dois desvios padrão da média = 20.800/mm3) e volta ao basal cerca 
de 96 horas após; 
• Os critérios de triagem devem ser avaliados continuamente em todos os estágios do trabalho de 
parto e no puerpério, até a alta da mulher. 
 Todosos membros da equipe clínica têm que ter alto 
índice de suspeição e adotar maneiras de comunicação não 
hierárquica para detectar os casos de sepse iminente. 
Todos devem se sentir empoderados para expor suas 
preocupações e saber que as mesmas são valorizadas 
pelos outros. Uma comunicação efetiva entre os membros 
permite uma troca de informações relevantes de forma clara 
e compreensível. Por exemplo, se uma enfermeira suspeita 
de infecção em uma paciente que é positiva para dois ou 
mais critérios da triagem, é o suficiente para que a mesma 
proceda ao Passo 2 para avaliação complementar, 
comunicando de forma assertiva com o restante da equipe. 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
11 
 
o Os sinais vitais não devem ser aferidos durante as contrações para evitar a obtenção de 
valores aberrantes 
Confirmação da Sepse 
• Se a triagem inicial for positiva (dois ou mais elementos da Caixa 1 com suspeita ou evidência de 
infecção), proceder imediatamente à avaliação de disfunção orgânica (vide Caixa 2); 
• Um médico obstetra ou um médico residente de nível III com comunicação ao médico obstetra, 
deve avaliar prontamente a paciente e definir sobre o escalonamento do cuidado; 
• Enquanto aguarda pelos resultados de exames laboratoriais iniciar prontamente o manejo para 
infecção (dentro de 1 hora) com administração de antibióticos de acordo com o foco presumido 
e ressuscitação volêmica com 1-2L de cristaloides; 
• Os critérios para a confirmação da sepse se encontram na Tabela 2. 
Caixa 2 – Passo 2: Confirmação da Sepse – Avaliação de Disfunção 
Orgânica 
• Avaliação laboratorial 
• Hemograma completo (incluindo % bastonetes, plaquetas) 
• Coagulação (tempo de protrombina/RNI/tempo de tromboplastina parcial) 
• Bilirrubina 
• Creatinina 
• Lactato 
• Gasometria 
Avaliação à beira do leito 
• Diurese (cateter de Foley) 
• Oximetria de pulso 
• Nível de consciência 
12 
Sepse Materna 
 
 
 
Tabela 2 – Critérios de Disfunção Orgânica para o diagnóstico de Sepse Materna 
(apenas um critério é suficiente para o diagnóstico) 
Medidas de Disfunção 
Orgânica 
Critérios 
(um critério positivo é suficiente para o 
diagnóstico) 
Função Respiratória • Insuficiência respiratória aguda evidenciada por 
necessidade de ventilação mecânica invasiva ou 
não invasiva OU 
• PaO2/FiO2 < 300 
Coagulação • Plaquetas < 100 x 109/L, OU 
• RNI > 1,5, OU 
• Tempo de Tromboplastina Parcial (TTP) > 60 
segundos 
Função Hepática • Bilirrubina > 2 mg/dL 
Função Cardiovascular • Hipotensão persistente após ressuscitação 
volêmica: 
o PAS < 85 mm Hg, OU 
o PAM < 65 mm Hg, OU 
o > 40 mm Hg de queda na PAS 
Função Renal • Creatinina > 1,2 mg/dL, OU 
• Duplicação de valor anterior da creatinina, OU 
• Diurese < 0,5 mL/kg/hr (por 2 horas) 
Avaliação do Estado 
Mental 
• Agitação, confusão ou não responsiva 
Lactato • > 18 mg/dL na ausência de trabalho de parto (O 
aumento do lactato isolado no trabalho de parto não 
é usado para diagnóstico, mas permanece 
importante para o tratamento. Ver texto) 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
13 
 
Papel do lactato no período periparto 
• O correto papel do lactato no diagnóstico de sepse, mesmo fora da gravidez, tem sido reavaliado; 
• A gravidez complica a interpretação dos nívies séricos de ácido lático; 
• O trabalho de parto está associado a altos níveis de lactato, devido ao metabolismo anaeróbio, 
na ausência de infecção; 
• Fora do trabalho de parto, os níveis de lactato em grávidas são similares à mulheres não grávidas; 
• Níveis elevados de lactato em mulheres grávidas com infecção, fora do trabalho de parto, são 
preocupantes; 
• O lactato pode ser um indicador importante para seguimento do tratamento da hipoperfusão 
tecidual em pacientes com sepse; 
• Em mulheres grávidas fora do trabalho de parto com triagem positiva inicial e suspeita de 
infecção, um nível de lactato > 18 mg/dL confirma o diagnóstico de sepse; 
• Mulheres em trabalho de parto, com suspeita de infecção e níveis elevados de lactato, 
isoladamente, i.e, sem outros critérios de disfunção orgânica, devem ser monitoradas 
rigorosamente, com infusão adicional de cristalóides e repetição do exame posteriormente; 
• Ver caixa 3 para recomendações em relação à coleta adequada de sangue para análise do 
lactato. 
 
Caixa 3 – Recomendações para uma coleta adequada de sangue para 
análise do lactato 
• Evitar dificuldade na coleta com escolha adequada do local de punção; 
• Evitar torniquete prolongado; 
• Minimizar hemólise durante a coleta; 
• Utilizar tubo de tampa cinza ou uma seringa para coleta de sangue para 
gasometria; 
• Em coletas múltiplas, coletar o sangue para o lactato primeiro; 
• A amostra deve ser colocada em gelo e encaminhada imediatamente ao 
laboratório; 
• A análise deve ser realizada dentro de 20-30 minutos. 
14 
Sepse Materna 
 
Avaliação e Tratamento da Sepse Materna: Pacotes de Cuidado 
Avaliação e Monitoração 
Tabela 3 – Recomendações para Avaliação e Monitoração Após uma Triagem Inicial Positiva 
para Sepse no Passo 1 
Essas recomendações de avaliação e monitoração são baseadas no ‘Tempo Zero’. Assim que um gatilho for disparado na 
triagem inicial, o ‘Tempo Zero’ começa. 
Monitoração Intervalo de Tempo Outras Considerações 
Monitoração Fetal Contínua Anteparto/intraparto 
Oximetria de Pulso Contínua Até normalização dos dados vitais 
Pressão Arterial (PAM) Cada 30 minutos a 
partir do ‘Tempo Zero’ 
Até lactato < 18 mg/dL, depois a 
cada 2 h para pacientes fora do 
trabalho de parto 
Temperatura Cada 30 minutos a 
partir do ‘Tempo Zero’ 
Até lactato < 18 mg/dL, depois a 
cada 2 h para pacientes fora do 
trabalho de parto 
Diurese Cada 1 hora a partir 
do ‘Tempo Zero’ 
Cateter de Foley 
Estado Mental Contínuo Atenção para agitação, confusão ou 
ausência de resposta ao estímulo 
 
PRINCÍPIOS CHAVE: 
 
 
 
 
 
1 
2 
3 
4 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
15 
 
Culturas 
• Não há necessidade de hemocultura para infecções não complicadas; 
• Diante da suspeita de Sepse, a hemocultura deve ser coletada, de preferência antes de iniciar a 
antibioticoterapia; 
• O início rápido da antibioticoterapia (dentro de 1 hora) não deve ser atrasado para obtenção da 
hemocultura; 
• Para a maioria das causas de sepse materna, a cultura do sítio de infecção pode não ser possível 
ou não tem valor clínico (ex. corioamnionite, endometrite, aborto séptico, pneumonia); 
• Sempre que possível, material para cultura também deve ser coletado dos sítios prováveis e 
possíveis tais como, urina e infecção de ferida operatória/fasciíte necrotizante; 
• Caso a hemocultura não tenha sido obtida no momento da suspeita, a mesma deve ser coletada 
diante da confirmação de sepse/choque séptico dentro de 3 horas, mesmo que a 
antibioticoterapia já tenha sido iniciada até 24 horas antes; 
• Dois frascos para hemocultura devem ser utilizados. Se o mesmo organismo for identificado em 
ambos, a probabilidade de ser o agente causador aumenta. 
Ressuscitação Volêmica 
• A ressuscitação volêmica objetiva otimizar o volume circulante, melhorar o débito cardíaco e a 
perfusão tecidual; 
• Um volume de 30 mL/kg de cristaloides (solução salina ou ringer lactato) deve ser administrado 
dentro de 3 horas do reconhecimento da sepse; 
• Após a ressuscitação volêmica inicial, a necessidade de volume adicional dependerá do estado 
hemodinâmico da paciente; 
• Avaliar a resposta à ressuscitação hídrica através da PAM, frequência cardíaca, diurese, pressão 
venosa central (PVC), saturação venosa central de oxigênio (ScvO2) e clareamento/normalização 
do lactato 
o Um acesso venoso central deve ser providenciado para uma monitoração adequada; 
A hemocultura, se possível, deve ser 
obtida antes da antibioticoterapia ser 
iniciada, mas também pode ser 
coletada depois, diante da confirmação 
de sepse/choque séptico. 
16 
Sepse Materna 
 
o A medida de lactato deve serrealizada 2 a 3 horas após o início da ressuscitação tendo como 
meta uma redução de ≥ 10% da medida inicial. 
Outras Intervenções 
Tabela 4 – Intervenções Complementares para Sepse Materna 
Intervenção Comentários 
Vasopressores A norepinefrina deve ser iniciada se PAM < 65 mm Hg não 
responsiva à ressuscitação inicial1 
Inotrópicos A dobutamina é recomendada para disfunção miocárdica ou 
hipoperfusão apesar do aporte hídrico e vasopressores2 
Controle glicêmico Evitar hiperglicemia > 180 mg/dl. 
Controle da 
temperatura 
Reduzir o consumo de oxigênio e a taquicardia fetal com 
paracetamol/dipirona e compressas frias. A hipertermia 
materna está associada a comprometimento neurológico 
fetal 
Maturidade 
pulmonar fetal 
Considerar corticóide se idade gestacional = 23-36 semanas 
Profilaxia de TVP Compressão sequencial de membros inferiores 
Notas 
1. Dose de norepinefrina: Choque Séptico (dose baseada no peso): Inicial: 0,6 a 9 
mcg/kg/hora; manutenção usual: 1,5 a 18 mcg/kg/hora; choque refratário: 30 a 198 
mcg/kg/hora. Pode ser usada em acesso periférico. 
 
Preparação prática para uma paciente de 70 Kg: 
Diluir 2 ampolas de 4 mL (1 mg de norepinefrina/mL, total 8 mg) + 242 mL de SF 
(concentração: 32 mcg/mL) e iniciar a infusão a 3 ml/h e aumentar gradativamente de 
acordo com a resposta, tendo como meta PAM ≥ 65 mmHg. Infusão de manutenção: 7 
a 40 mL/h. Choque refratário: 65 a 430 mL/h (nesses casos aumentar a concentração 
da droga para permitir menos volume). Ao anotar as doses no prontuário, registrar 
sempre em mcg/Kg/hora e nunca em mL/h. 
 
2. Dose de dobutamina: Dose inicial usual: 60 a 300 mcg/kg/hora aumentada a intervalos de 5-
10 minutos, dependendo da resposta (máximo: 3.000 mcg/kg/hora; entretanto, doses >1.200 
mcg/kg/hora podem não ter efeito benéfico na pressão arterial e aumentar o risco de taqui-
arritmias). 
 
Preparação prática para uma paciente de 70 Kg: 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
17 
 
Trabalho em equipe e comunicação 
• Uma comunicação clara, direta e assertiva é essencial para um cuidado efetivo a pacientes com 
sepse suspeita ou confirmada; 
• Técnicas padronizadas de comunicação contribuem efetivamente para a melhoria dos resultados; 
• Um plano de tratamento deve ser estabelecido precocemente e todos devem participar da sua 
elaboração de maneira não hierárquica, além de ter conhecimento claro e preciso do mesmo; 
• Ver Anexo I para técnicas e exemplos de comunicação. 
Organização, coordenação escalonamento do cuidado 
• O cuidado de pacientes com sepse suspeita ou confirmada deve ficar a cargo da equipe médica 
de obstetrícia lideradas por médico obstetra plantonista com suporte da equipe de anestesiologia, 
além da equipe de enfermagem da UGAR, liderada por uma enfermeira intensivista ou enfermeira 
obstétrica com treinamento adequado para cuidados de pacientes graves; 
o Caso a paciente com suspeita inicial de sepse for descartada no Passo 2, o cuidado poderá 
ser de-escalonado e a mesma poderá ser assistida em outro local, dependendo do seu estado 
(grávida fora do trabalho de parto, em trabalho de parto, pós-parto e pós-aborto); 
o A equipe de anestesiologia deve ficar a cargo principalmente do manejo de drogas 
vasopressoras e inotrópicas, vias aéreas e acesso vascular profundo; 
o Pode ser necessário também o suporte da fisioterapia respiratória da UTI neonatal em caso 
de necessidade de via aérea avançada; 
o O médico intensivista consultor deve ser consultado em caso de sepse confirmada; 
o O cirurgião geral consultor deve ser consultado em casos de infecção intra-abdominal com 
possibilidade de intervenção cirúrgica; 
o O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar deve ser consultado em algumas situações para 
orientar na antibioticoterapia. 
• Essa equipe, após ter uma liderança designada, deve: 
o Avaliar continuamente a paciente; 
o Detectar e comunicar precocemente sinais de deterioração (utilizar SISMOM – Anexo II); 
o Realizar intervenções precoces; 
o Fazer recomendações para os exames laboratoriais e tratamento; 
• Utilizar lista de checagem do Anexo III para orientação do cuidado; 
Diluir 2 ampolas de 20 mL (2,5 mg de dopamina/mL, total 100 mg) + 210 mL de SF 
(concentração: 400 mcg/mL) iniciar a infusão a 10-50 mL/h e aumentar gradualmente, 
a cada 5-10 minutos de acordo com a resposta (máximo: 210 mL/h, excepcionalmente 
525 mL/h). Ao anotar as doses no prontuário, registrar sempre em mcg/Kg/hora e nunca 
em mL/h. 
18 
Sepse Materna 
 
• Pacientes clinicamente instáveis com alto risco de deterioração rápida devem ser transferidas 
para CTI, a critério da equipe assistencial. Ver Caixa 4 para critérios de transferência; 
• Antes da transferência, a mulher deve ser estabilizada e, todas as intervenções recomendadas 
nesse protocolo devem ser implementadas, de acordo com a necessidade, até o momento do 
transporte; 
• Se a mulher estiver em trabalho de parto e o parto for iminente, implementar todas as 
intervenções necessárias antes, assistir o parto e transferir após; 
• Em caso de gravidez, a interrupção pode ser considerada para melhorar o quadro clínico materno 
ou por estado fetal não tranquilizador, devendo ser realizada antes mesmo da transferência, a 
critério da equipe assistencial; 
• O transporte deve ser realizado de forma segura, seja através do SAMU ou ambulância do 
Hospital, com monitoração adequada da mulher e acompanhada de pessoal capaz de oferecer o 
suporte necessário (pelo menos 1 enfermeira e 1 médico); 
Distinção entre Corioamnionite e Sepse 
• A corioamnionite é uma causa importante de sepse materna e pode acontecer em cerca de 4% 
dos partos; 
• Cerca de 20 a 25% dos casos de sepse materna são atribuídos à corioamnionite; 
• A distinção entre ambas é fundamental e, na tabela 5, as recomendações do ACOG (The 
American College of Obstetricians and Gynecologists) para o diagnóstico de corioamnionite são 
confrontadas com os critérios para diagnóstico de sepse do CMQCC, recomendados neste 
protocolo; 
• Os desafios para a diferenciação são: 
o Os sintomas típicos de sepse presentes na população em geral, nem sempre estão presentes 
na vigência de sepse materna. A febre pode não estar presente e nunca se desenvolverá; 
o No trabalho de parto pode haver um aumento nos níveis de lactato na ausência de infecção; 
Caixa 4 - Critérios de transferência para CTI 
• Hipotensão (PAM < 65mm Hg) após ressuscitação 
volêmica; 
• Necessidade de vasopressores; 
• Hipóxia persistente (SpO2 < 92% em ar ambiente); 
• Estado mental alterado (agitação, confusão, 
desorientação); 
• Outras situações a critério da equipe. 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
19 
 
o Uma mulher com corioamnionite pode estar febril e taquicárdica, pode ter um lactato elevado 
devido ao trabalho de parto e não ter outros critérios para disfunção orgânica, portanto não 
séptica; 
o Entretanto, os passos iniciais para o tratamento da corioamnionite e da sepse são similares 
(início de antibióticos de amplo espectro e ressuscitação volêmica); 
• Diante de Corioamnionite Suspeita, se a triagem inicial (Passo 1) for positiva, deve-se partir para 
a avaliação de disfunção orgânica (Passo 2) 
Tabela 5 – Critérios para Reconhecer Corioamnionite e Sepse 
Febre Materna 
Isolada 
Corioamnionite 
Suspeita 
Corioamnionite 
Confirmada 
Critérios do CMQCC 
p/ Sepse 
Medida única de 
temperatura oral 
≥ 39,0°C OU 
38,0-38,9°C que 
persiste após 30 
minutos 
Febre ≥ 39, 0°C OU 
38-38,9°C, mais 
qualquer 1 destes: 
• Leucocitose 
• Descarga cervical 
purulenta 
• Taquicardia fetal 
Resultado positivo de 
pesquisa do líquido 
amniótico (gram, nível de 
glicose ou cultura 
consistente com 
infecção) OU Exame 
patológico da placenta 
com evidência de 
infecção ou inflamação 
2 dos seguintes: 
• Temp ≥ 38,0°C 
• Pulso > 110 
• FR > 24 
• Leucócitos > 15,000 
MAIS disfunção 
orgânica: 
• Respiratória 
• Coagulação 
• Hepática 
• Cardiovascular 
• Renal 
• EstadoMental 
20 
Sepse Materna 
 
Avaliação e Tratamento da Sepse Materna: Antibioticoterapia e Controle da 
Fonte 
Antibióticos 
• Os antibióticos devem ser iniciados dentro de 1 hora do diagnóstico de sepse materna; 
• A cobertura inicial deve ser empírica (direcionados à fonte mais provável) com o uso de 
antibióticos de amplo espectro; 
• Após 48-72 horas do início da antibioticoterapia, estreitar o espectro de ação antibacteriana, se 
possível, de acordo com os resultados das culturas, se disponíveis, considerando os seguintes 
aspectos: 
o Usualmente, as infecções pélvicas são polimicrobianas, envolvendo bactérias aeróbias (que 
podem ser identificadas em 24-72 horas) e anaeróbias (difíceis de crescer em uma cultura e 
levar vários dias, mesmo em meios específicos, além de não serem coletadas com frequência); 
o Fontes urinárias (pielonefrite) e respiratórias (pneumonia) usualmente são causadas por um 
único micro-organismo; 
o Organismos isolados no sangue podem representar apenas parte da flora polimicrobiana 
envolvida na infecção (ex. Streptococcus do Grupo A ou E. coli); 
• Ver tabela 6 com as recomendações para terapia antibiótica de acordo com as fontes mais 
prováveis. 
PRINCÍPIOS CHAVE: 
O início precoce de antibióticos, idealmente dentro de uma hora, é um ponto 
crítico no manejo da Sepse 
A escolha inicial dos antibióticos em pacientes criticamente doentes é 
geralmente empírica e um espectro amplo de ação cobre a maioria ou todos 
os patógenos prováveis 
O controle da fonte (drenagem cirúrgica/percutânea, debridamento, 
histerectomia, curetagem etc.) deve ser em tempo hábil e utilizando a técnica 
menos invasiva possível 
 
1 
2 
3 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
21 
 
Tabela 6 – Recomendações para terapia antibiótica empírica na sepse materna de acordo com 
as fontes mais prováveis1 
Situação clínica Tratamento empírico inicial Duração/ 
observações 
Corioamnionite/infecção 
intra-amniótica 
Ampicilina 2 g IV q6h 
MAIS 
Gentamicina 5 mg/kg IV q24h 
 
Alergia leve à penicilina (exantema 
maculopapular isolado sem urticária ou 
prurido): 
Cefazolina 2 g IV q8h 
MAIS 
Gentamicina 5 mg/kg IV q24h 
 
Alergia grave à penicilina (anafilaxia, 
angioedema, insuficiência respiratória, 
urticaria): 
Clindamicina 900 mg IV q8h ou 
Vancomicina 1 g IV q12h 
MAIS 
Gentamicina 5 mg/kg IV q24h 
 
Alternativas: 
Ampicilina-sulbactam 3 g IV q6h 
OU 
Piperacilina-tazobactam 3,375 g IV 
q6h 
OU 
Cefoxitina 2 g IV q8h 
OU 
Ertapenem 1 g IV q24h 
Se o parto for por via vaginal, 
considerar manter o mesmo regime 
no pós-parto até 48 horas afebril; 
 
Se cesariana, manter esquema e 
acrescentar Clindamicina 900 mg IV 
cada 8 horas até 48 horas afebril. 
 
Se colonização prévia ou infecção 
por MDRO2, usar um carbapenémico. 
Consultar Serviço de Controle de 
Infecção. 
 
A Cefoxitina tem atividade menor 
contra estreptococo do Grupo B do 
que Cefazolina, Ampicilina ou 
Vancomicina 
 
Não inibir trabalho de parto e 
considerar acelerar o mesmo sob 
cobertura antibiótica. 
 
Avaliar a via de parto (vaginal ou 
cesariana) de acordo com a duração 
estimada até o nascimento. 
 
Sempre enviar a placenta para 
exame anatomopatológico. 
 
 
 
Endomiometrite Clindamicina 900 mg IV q8h ou 
Metronidazol 500 mg IV q8h 
MAIS 
Gentamicina 5 mg/kg IV q24h 
MAIS 
Ampicilina 2 g IV q6h 
 
Alternativas: 
Ampicilina-sulbactam 3 g IV q6h 
MAIS 
Gentamicina 5 mg/kg IV q24h 
Manter tratamento até 48 horas 
afebril; 
 
Esperar melhora em 2-3 dias; 
 
Se não houver melhora após 3 dias: 
rever diagnóstico, investigar e 
controlar foco mantido (abscesso 
pélvico/abdominal); 
Diagnóstico diferencial: tromboflebite 
séptica pélvica, trombose de veia 
ovariana. 
Considerar cobertura para MARSA3 se 
infecção concomitante recente do sítio 
cirúrgico 
22 
Sepse Materna 
 
Tabela 6 – Recomendações para terapia antibiótica empírica na sepse materna de acordo com 
as fontes mais prováveis1 
Situação clínica Tratamento empírico inicial Duração/ 
observações 
Aborto Séptico/retenção 
de produtos da 
concepção 
Clindamicina 900 mg IV q8h 
MAIS 
Gentamicina 5 mg/kg IV q24h 
OU 
Cefoxitina 2 g IV q6h ou Cefotetan 2 g 
IV q12h 
MAIS 
Doxiciclina 100 mg VO q12h 
Os antibióticos por via IV devem 
ser mantidos até a paciente estiver 
afebril por 48h, seguido por terapia 
oral: 
 
Doxiciclina 100 mg VO q12h por 14 
dias 
OU 
Azitromicina 500 mg dose única 
seguido por 250 mg uma vez ao dia 
por 7 dias 
 
Se abscesso pélvico: 
Acrescentar Metronidazol 500 mg VO 
q12h ou Clindamicina 450 mg VO 
q6h por 14 dias 
 
A biodisponibilidade da Doxiciclina 
oral é de 100%. 
 
Infecção hospitalar intra-
abdominal complicada 
 
Estende-se além da 
víscera oca de origem 
(útero ou alça intestinal 
perfurada) ao espaço 
peritoneal, com abscesso 
ou peritonite 
Piperacilina/tazobactam 3,375 g IV q8h 
(infusão estendida) ou 4,5 g IV q6h 
(infusão tradicional)4 
OU 
Ertapenem 1 g IV q24h 
OU 
Meropenem 1 g IV q8h 
Manter por 4-7 dias se controle 
adequado da fonte. 
 
Providenciar drenagem percutânea 
ou cirúrgica em tempo oportuno. 
Consultar cirurgião geral. 
 
Cobertura empírica para MARSA3 
não é recomendada de rotina. 
Considerar em pacientes colonizadas 
ou com risco elevado devido a falha 
de tratamento e exposição 
significativa a outros antibióticos 
previamente. 
 
Terapia antifúngica é recomendada 
se houver crescimento de Candida sp 
em culturas intra-abdominais. 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
23 
 
Tabela 6 – Recomendações para terapia antibiótica empírica na sepse materna de acordo com 
as fontes mais prováveis1 
Situação clínica Tratamento empírico inicial Duração/ 
observações 
Abscesso pélvico 
 
Pode ter a sua origem em 
processos cirúrgicos (e.x., 
histerectomia, cesariana, 
aborto induzido) ou outros 
processos infecciosos não 
cirúrgicos (e.x., doença 
inflamatória pélvica, 
doença inflamatória 
intestinal, diverticulite). 
 
A fonte pode ser 
gastrointestinal (ex. 
perfuração de alça) ou 
geniturinária (ex. doença 
inflamatória pélvica). 
Para origem de cirurgia obstétrica 
(cesariana, histerectomia) usar regime 
para endomiometrite 
 
Para fonte GI: usar regime para 
infecção intra-abdominal complicada 
 
 
Para fonte GU ou pós aborto: usar 
regime para aborto séptico/produtos 
retidos da concepção 
Exames de imagem e avaliação 
precoce para controle cirúrgico da 
fonte são fundamentais. 
 
 
Pielonefrite aguda Ceftriaxona 2 g IV q24h 
OU 
Cefepime 2 g IV q12h 
OU 
Para alergia grave à penicilina: 
Aztreonam 1 g IV q8h 
Manter terapia IV até melhora clínica 
significativa seguida por tratamento 
oral apropriado por 10-14 dias 
Se preocupação com 
MDRO2 
Meropenem 1 g IV q8h 
OU 
Ertapenem 1 g IV q24h 
Como acima, embora não exista 
alternativa oral para MDRO2 
Infecção necrotizante de 
pele e tecidos moles 
(grave, com suspeita de 
fasciíte necrotizante) sem 
patógeno conhecido 
Piperacilina/tazobactam 3,375 g IV q8h 
(infusão estendida) ou 4,5 g IV q6h 
(infusão tradicional)4 
MAIS 
Terapia empírica: 
Vancomicina 1 g IV q12h 
MAIS 
Clindamicina 900 mg IV q8h 
Manter por 10-14 dias 
 
O controle precoce da fonte é 
fundamental quando há suspeita de 
infecção necrotizante de pele e 
tecidos moles, com drenagem e 
debridamento amplo. 
Infecção necrotizante de 
pele e tecidos moles não 
grave, com patógeno 
conhecido 
Estreptococo do Grupo A (S. 
pyogenes) 
OU 
Espécies Clostridium (incluindo C. 
perfringens e C. sordellii) 
 
Penicilina 4 milhões IV q4h 
MAIS 
Clindamicina 900 mg IV q8h 
24 
Sepse Materna 
 
Tabela 6 – Recomendações para terapia antibiótica empírica na sepse materna de acordo com 
as fontes mais prováveis1 
Situação clínica Tratamento empírico inicial Duração/ 
observações 
Pneumonia comunitária Ceftriaxona 2 g IV q24h ou Ampicilina-
sulbactam 3 g IV q6h 
MAIS 
Azitromicina 500 mg IV/VO q24h 
MAIS 
Manter 5-7 dias. 
Interromper após 48-72 horas afebril 
ou sem necessidade de oxigênioOseltamivir 75 mg VO q12h (durante a 
estação de Influenza) 
Manter por 5 dias 
Notas 
1. As recomendações dessa tabela diferem um pouco das recomendações do pacote de ferramentas do CMQCC, 
tendo em vista o protocolo de antibióticos do Hospital Sofia Feldman. Outras fontes também foram utilizadas para 
a sua elaboração; 
2. MDRO: Micro-organismos resistentes a múltiplos antimicrobianos 
3. MARSA: Estafilococos Aureus Resistente à Meticilina 
4. Infusão estendida: 3,375 g infundidos em 4 horas q8h. Uma dose de ataque de 3,375 a 4,5 g em 30 minutos 
pode ser realizada no caso da sepse. Infusão tradicional: 4,5 g infundidos em 30 minutos q6h. 
Infecções pelo Estreptococo do Grupo A (EGA) 
• A infecção pelo estreptococo do Grupo A (Streptococcus pyogenes) tem sido responsável por 
sepse materna fatal; 
• Pode causar endomiometrite, endomionecrose fulminante, fasciíte necrotizante e síndrome do 
choque tóxico estreptocócica; 
• Diante do diagnóstico de sepse materna, deve-se sempre pensar na presença da infecção pelo 
EGA como fator causal já que o regime de tratamento difere daqueles de outras fontes. 
o Qualquer quadro de sepse materna cuja fonte for uterina ou sítio cirúrgico, a probabilidade de 
infecção pelo EGA deve ser considerada com cobertura antibiótica adequada; 
• Ver Caixa 5 para os critérios diagnósticos para a Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico. 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
25 
 
• Em uma paciente que apresentar os critérios clínicos com isolamento do EGA em um sítio estéril 
(e.x., sangue ou sítio cirúrgico) confirma-se o diagnóstico de Síndrome do choque tóxico 
estreptocócico; 
• Um diagnóstico provável pode ser realizado em pacientes que apresentem os critérios clínicos 
(sem outra explicação para a doença) com isolamento do EGA em sítio não estéril (e.x. orofaringe 
ou vagina); 
• Realizar diagnóstico diferencial com infecção pelo C. perfringens e Clostridium sordellii, também 
associados a alta morbidade e mortalidade; 
• A terapia antibiótica para infecções graves pelo EGA e a Síndrome do choque tóxico 
estreptocócico inclui uma combinação de altas doses de penicilina e clindamicina. 
o Se a paciente for alérgica à penicilina, deve receber vancomicina mais clindamicina; 
Caixa 5 - Critérios clínicos para a definição de Síndrome do Choque Tóxico em 
Adultos 
• Hipotensão 
• Envolvimento de múltiplos órgãos caracterizado por dois ou mais dos seguintes: 
o Insuficiência Renal – creatinina ≥ 2mg/dL ou em pacientes com doença renal 
prévia ≥ 2 vezes elevação acima do basal; 
o Coagulopatia – Plaquetas ≤ 100,000/mm ou coagulaçao intravascular 
disseminada, definida por prolongamento dos tempos de coagulação, níveis 
baixos de fibrinogênio e presença de produtos de degradação da fibrina; 
o Envolvimento Hepático – Alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase 
ou níveis de bilirrubina ≥ 2 vezes acima do limite normal ou pacientes com 
hepatopatia prévia, ≥ vezes acima do basal 
o Síndrome de Angústia Respiratória 
o “Rash” macular eritematoso, pode descamar; 
o Necrose de tecidos moles (ex. fasciíte necrotizante, miosite ou gangrena). 
 
Diagnosticar fasciíte necrotizante 
clinicamente na presença de febre, dor 
além da proporção ao exame, 
crepitação, bolhas e progressão rápida 
dos achados clínicos. Manejo cirúrgico 
rápido (com patologia de tecido) 
confirma o diagnóstico. Debridamento 
precoce é crucial. 
26 
Sepse Materna 
 
• A intervenção cirúrgica precoce (debridamento de ferida, debridamento vulvar, histerectomia ou 
a combinação destes) para o controle da fonte é criticamente importante para a fasciíte 
necrotizante. 
o A cultura deve ser obtida no momento do debridamento. 
Controle da Fonte 
• A fonte deve ser identificada ou através do exame clínico/laboratorial ou exame de imagem o 
mais rápido possível. Ver tabela 7 para modalidades de exame de imagem de acordo com a fonte 
presumida; 
o Em relação aos exames de imagem, a sua realização no Hospital Sofia Feldman dependerá 
da disponibilidade do mesmo e, caso tenha que ser realizado em serviços externos, o tempo 
para sua execução e o tempo esperado para a transferência da mulher. 
• Se a paciente não melhora com a ressuscitação inicial com antibióticos/volume: 
1) Identificar possibilidade de drenagem percutânea da fonte (ex. abscesso 
subaponeurótico, abscesso em fundo de saco, abscesso tubo-ovariano etc.) 
que deve ser realizada em tempo oportuno. 
2) Considerar consultar cirurgião geral. 
3) Pacientes com fontes identificadas de infecção passíveis de intervenção 
cirúrgica: 
a) Médico obstetra líder deverá realizar, no tempo mais hábil possível, 
dilatação e curetagem, histerectomia (principalmente se suspeita de 
infecção uterina por EGA necrotizante) e drenagem de abscessos de 
origem geniturinária não passíveis de drenagem percutânea; 
b) Cirurgião geral deverá ser consultado em caso de infecção intra-
abdominal complicada (abscesso ou peritonite) com indicação de 
intervenção cirúrgica e debridamento de fasciíte necrotizante, além de 
qualquer preocupação com outras infecções necrotizantes de pele e 
tecidos moles. 
c) Na suspeita de apendicite, colecistite ou outras infecções gastrintestinais 
a paciente deverá ser transferida para hospital com recursos de cirurgia 
geral. O cirurgião geral deverá ser consultado antes da transferência. 
4) Pacientes com fontes identificadas de infecção muito pequenas ou não 
passíveis de drenagem percutânea ou de intervenção cirúrgica ou com fontes 
não detectadas, com febre refratária, apesar de antibioticoterapia e medidas 
de suporte: 
a) Consultar com Serviço de Controle de Infecção Hospitalar 
b) Considerar exames de imagem (TC, RMI) para detectar abscessos 
ocultos ou outras infecções. 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
27 
 
 
 
Tabela 7 – Modalidades de exame de imagem1 de acordo com a fonte suspeita de infecção 
Fonte Suspeita de Infecção Imagem Anteparto Imagem Pós-parto 
Apendicite 
 
Ultrassonografia com 
compressão gradual – 1ª 
escolha. 
RMI ou TC se US inconclusivo. 
TC 
Infecção de sítio cirúrgico 
após cesariana 
N/A Infecção incisional superficial: 
Nenhum exame de imagem 
necessário. Diagnóstico realizado ao 
exame direto, com abertura da ferida 
e coleta de material para cultura. 
 
Considerar ultrassom em alguns 
casos para avaliar possibilidade de 
infecção profunda. 
Infecção incisional profunda: 
realizar US e considerar TC se 
inconclusivo. 
Infecção de sítio cirúrgico em 
órgão/espaço: realizar US e 
considerar TC se inconclusivo, exceto 
endomiometrite, cujo diagnóstico e 
tratamento é clínico. 
Colecistite US de quadrante superior direito 
(QSD) – 1ª escolha. 
 
Colangiopancreatografia por 
ressonância magnética (CPRM) 
se US inconclusivo. 
US de quadrante superior direito 
(QSD) – 1ª escolha. 
 
Colangiopancreatografia por 
ressonância magnética (CPRM) se 
US inconclusivo. 
Corioamnionite/Infecção intra-
amniótica 
Endomiometrite 
Diagnóstico clínico Diagnóstico clínico 
Mastite/abscesso mamário Ultrassom para drenagem guiada 
de abscesso. 
Ultrassom para drenagem guiada de 
abscesso. 
Notas 
1 – Algumas modalidades de imagem não estão disponíveis no Hospital Sofia Feldman, sendo descritas com 
objetivo de informação que podem ser providenciadas para realização em serviços externos ou a paciente deverá 
ser transferida, dependendo do diagnóstico provável da fonte. 
28 
Sepse Materna 
 
Considerações Obstétricas na Sepse Materna 
Indicações para o Parto 
• A sepse por si só não é uma indicação para o parto, exceto nos casos de corioamnionite; 
• O momento para o parto deve ser individualizado, levando-se em consideração a idade 
gestacional e o estado maternofetal; 
• A cesariana deve ser reservada para indicações obstétricas usuais que possam surgir, após 
estabilização da mulher, através das medidas de suporte e antibioticoterapia; 
• Se a fonte da infecção for corioamnionite/infecção intra-amniótica,o parto deve ser realizado; 
o A via de parto (cesariana versus vaginal) e o momento exato deve ser determinado pelas 
condições maternofetais e o tempo esperado para o parto. Considerar que o trabalho de parto 
em ambiente intrauterino infeccioso pode ser deletério para o feto; 
o O uso de corticóides para maturação pulmonar não é contraindicado. 
Considerações Anestésicas 
• Em pacientes com bacteremia há um risco teórico aumentado de meningite ou abscesso peridural 
após realização de procedimentos neuroaxiais; 
• Entretanto, em pacientes com risco de bacteremia (ex. corioamnionite), mas sem sinais e/ou 
sintomas de sepse/choque séptico, procedimentos neuroaxiais podem ser realizados, a critério 
do anestesiologista; 
o Antes da realização do procedimento, a antibioticoterapia deve ser realizada e as infusões 
completadas; 
• Se houver sinais e/ou sintomas de sepse/choque séptico deve-se evitar procedimentos 
neuroaxiais. 
PRINCÍPIOS CHAVE: 
O momento do parto em uma gestante séptica deve ser individualizado, 
levando-se em consideração a idade gestacional e o estado maternofetal. 
Em uma paciente com sinais clínicos e/ou sintomas consistentes com o 
diagnóstico de sepse ou choque séptico, deve-se considerar fortemente 
evitar procedimentos neuro-axiais na avaliação de risco. 
 
1 
2 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
29 
 
Elaboração 
João Batista Marinho de Castro Lima 
Médico ginecologista/obstetra 
Diretor Clínico e Coordenador da Linha Perinatal do Hospital Sofia Feldman; 
 
Marco Aurélio Reis 
Médico Intensivista 
Coordenador Clínico do CTI do Hospital Risoleta Neves 
Intensivista Consultor do Hospital Sofia Feldman; 
 
Débora Lucas Viana Gonçalves 
Enfermeira Obstétrica 
Mestre em Enfermagem 
Especialista em Trauma, Emergências e Terapia Intensiva 
Coordenadora do Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica do Hospital Sofia Feldman 
Coordenadora da Unidade de Gestação de Alto Risco do Hospital Sofia Feldman 
 
30 
Sepse Materna 
 
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Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
31 
 
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ZHANG, Zhongheng; SMISCHNEY, Nathan J.; ZHANG, Haibo; VAN POUCKE, Sven; 
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32 
Sepse Materna 
 
Anexo I – Trabalho em equipe e comunicação 
A comunicação é um fator chave no reconhecimento e tratamento precoce da sepse. O objetivo de 
uma boa prática de comunicação entre os diversos membros da equipe de trabalho é garantir que 
a sepse seja reconhecida e tratada de forma rápida e eficiente e com isso obter os melhores 
resultados. Algumas recomendações gerais para um bom trabalho em equipe e comunicação são: 
• Todos devem atuar no sentido de advogar pelas pacientes, agindo assertivamente para a 
correção de uma ação de maneira firme e respeitosa; 
• Um padrão adequado de comunicação significa que tem que ser: Completa, Rápida e em Tempo 
hábil; 
• Todos devem agir de forma Proativa e não Reativa, através de reuniões rápidas de 
planejamento (“briefs”) e avaliação (“debriefs”) 
Reuniões de Planejamento (“Briefs”): 
Todos devem compartilhar as informações entre si, estabelecendo um modelo mental 
compartilhado, com plena compreensão do que deve ser feito e como. Os principais componentes 
da reunião de planejamento são: 
• Conhecer o Plano 
• Compartilhar o Plano 
• Revisar os Riscos 
• Encorajar a contribuição de todos 
Reuniões de Avaliação do Processo e Melhoria (“Debriefs”): 
Sempre após um evento desfavorável e também após situações de emergência, aequipe deve se 
reunir de forma rápida e informal para trocar informações e avaliar a própria performance no sentido 
de melhorar o processo de trabalho e as habilidades no futuro, objetivando melhores resultados 
para as pacientes. Nessas reuniões deve-se: 
• Reconstruir os principais eventos; 
• Analisar por que o evento ocorreu; 
• Refletir o que pode ser feito diferente no futuro. 
Técnicas de Comunicação que poderão ser utilizadas e que auxiliarão no 
reconhecimento e tratamento rápido da Sepse Materna 
• “Pedir Tempo” 
• SCAR (situação, contexto, avaliação, recomendação) 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
33 
 
• PDS (preocupado, desconfortável, questão de segurança) 
• Comunicação em Alça Fechada 
• Passagem 
“Pedir Tempo1” e SCAR 
Qualquer membro da equipe que desejar obter ou transmitir informações atualizadas da situação 
da paciente ou expressar qualquer preocupação sobre a mesma pode “Pedir um Tempo”, reunindo 
a equipe e fazer um relatório utilizando o SCAR, para garantir que todos estejam informados ao 
mesmo tempo sobre o plano de tratamento. 
Na fase inicial de reconhecimento da sepse “Pedir um Tempo” é fundamental. Pode ser realizado 
de acordo com a necessidade para auxiliar a equipe, “na base do toque2”, e garantir que todos 
estejam cientes da situação. Deve ser utilizado para discutir aspectos críticos e eventos emergentes 
assim como para antecipar resultados esperados e as contingências. Também pode ser usado para 
avaliar e mobilizar recursos e expressar preocupações. Um SCAR pode ser usado para comunicar 
as seguintes informações: 
• Situação – O que está acontecendo com a paciente? 
• Contexto – Qual é o contexto clínico ou história da paciente? 
• Avaliação – Qual problema eu acho que é? 
• Recomendação – O que eu recomendo ou está recomendado? 
Exemplo de SCAR 
• Situação – “A paciente Janaína tem critérios para sepse.” 
• Contexto – “Janaína é uma G3PN2 39:6 semanas admitida com RPM. Está em uso de ocitocina 
para indução do parto, o trabalho de parto está evoluindo bem e no momento está com 25 hs de 
bolsa rota. Pesquisa para EGB negativa e não possui nenhum outro fator de risco.” 
• Avaliação – “Os sinais vitais da Janaína são: Temp 38,4°C, Pulso 120/min, PA 110/68 mmHg, 
SpO2 96% em ar ambiente, CTG Categoria 2 por taquicardia. Ela apresenta os critérios iniciais 
de triagem para sepse.” 
• Recomendação – “Minha recomendação é solicitar os testes para confirmação de sepse, 
incluindo os exames laboratoriais, iniciar 1 L de SF e intensificar a monitoração. Você gostaria de 
iniciar antibióticos? Eu informarei os resultados da monitoração e dos exames para novas 
orientações.” 
 
1 “Pedir Tempo” – Tradução do Inglês “Time Out”. Como no esporte (ex. basquetebol, vôlei etc.) quando o técnico da 
equipe solicita uma pausa para atualizar informações e dar instruções à equipe sobre o andamento do jogo. Nota do 
GEPD 
2 “Na base do toque” – Também como no esporte, o líder estimula o contato (um abraço, um toque no ombro, no 
braço etc.) entre os membros para fortalecer a coesão da equipe. Nota do GEPD 
34 
Sepse Materna 
 
Uso do PDS para advogar em defesa da paciente: PDS (Preocupado, Desconfortável, 
questão de Segurança) 
Utilizar o PDS se houver resistência para a triagem de sepse caso receba respostas similares aos 
exemplos seguintes: 
• “Isso não é sepse é apenas corioamnionite. Vamos solicitar um hemograma e iniciar tratamento 
para Cório”; 
• “Vamos continuar monitorando; exames confirmatórios para sepse são desnecessários agora”; 
• “A taquicardia é devido à febre. Vamos dar dipirona para ela e reavaliaremos após a febre 
abaixar”. 
Exemplos de PDS 
• Enfermeira: “Eu estou Preocupada pois a paciente pode estar séptica devido à corioamnionite. 
Reconhecimento e tratamento precoce são importantes e eu gostaria que iniciássemos o 
processo de triagem para sepse.” 
• Médico: “Já disse, não precisamos nos preocupar. Isso é só corioamnionite.” 
• Enfermeira: “Eu me sinto Desconfortável em esperar para iniciar a triagem para sepse e gostaria 
de coletar logo o material e ativar o protocolo de suspeita, assim podemos iniciar o tratamento 
mais precocemente caso se confirme.” 
• Médico: “Essa taquicardia é devido à febre. Vamos abaixar a febre dela que ela sai dos critérios.” 
• Enfermeira: “Concordo que a taquicardia pode ser apenas devido à febre, mas os seus dados 
vitais atuais atingem os critérios de triagem inicial para sepse. Agora já é uma questão de 
Segurança que nós não podemos deixar de considerar e pode ser tarde demais.” 
• Médico: “É, então vamos acionar o protocolo e continuar com o processo de triagem. É melhor 
assim mesmo.” 
Comunicação em Alça Fechada 
Ao iniciar o tratamento para sepse é fundamental que todos os membros da equipe utilizem uma 
comunicação clara e precisa em relação às tarefas a serem executadas e àquelas que ainda estão 
pendentes. Na beira do leito, uma comunicação em alça fechada é fundamental para assegurar que 
a mensagem seja claramente ouvida e recebida. 
Exemplo 1 de comunicação em alça fechada 
• Técnica de Enfermagem para Enfermeira: “A Janaína tem 2 sinais vitais que atingem os 
critérios iniciais de triagem para sepse. Podemos coletar o material para os exames de laboratório 
e notificar o médico?” 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
35 
 
• Enfermeira para Técnica de Enfermagem: “Sim. Pode pegar o kit de coleta do material para 
triagem que eu vou comunicar o médico obstetra de plantão e solicitar a sua presença no setor 
para passarmos o caso.” 
• Técnica de Enfermagem para Enfermeira: “Ok. Já estou providenciando o kit para a coleta do 
material.” 
Exemplo 2 de comunicação em alça fechada 
• Enfermeira para médico: “Os resultados dos exames da Janaína já chegaram. O lactato é 42 
mg/dL, a creatinina é 1,3 mg/dL, diurese 50 mL em 1h. Os outros exames estão todos normais, 
já foram infundidos 1000 mL de SF, está saturando 97% em ar ambiente e a PA 108/64 mmHg. 
Solicitamos a sua presença aqui prontamente para avalia-la. O que você gostaria que fizéssemos 
agora?” 
• Médico para enfermeira: “Eu estou muito ocupado agora, mas assim que terminar vou avalia-
la, acredito que em no máximo 10 minutos. Continuem com a infusão de SF, agora pelo menos 
30 mL/Kg nas próximas 2 horas, faça nova coleta de lactato daqui a 1 h. Vamos manter a 
ampicilina e a gentamicina e quando eu chegar vou avaliar o progresso do parto para decidirmos 
a via. Por favor, comunique a equipe de anestesiologia e o médico intensivista.” 
• Enfermeira para médico: “OK. Vamos continuar com a infusão de SF e os antibióticos como já 
foram prescritos e programaremos a coleta do lactato para daqui 1 h, comunicaremos a equipe 
de anestesiologia, o médico intensivista e aguardamos você aqui na beira do leito em no máximo 
10 minutos. Algo mais?” 
Passagem 
A “passagem” define o processo de transferência de informações durante as transições de cuidado 
no continuum da assistência. Inclui uma oportunidade para fazer questionamentos, clarificar e 
confirmar. Através de uma bordagem padronizada de comunicação, por exemplo o SCAR, pode-se 
assegurar que as tarefas que tenham sido executadas sejam adequadamente relatadas assim como 
os próximos passos e tarefas pendentes. 
Exemplo de uma passagem 
Enfermeira para Enfermeira 
• Situação – “A paciente Janaína atingiu critérios para confirmação de sepse.” 
• Contexto – Ela é uma G3PN2 39:6 semanas admitida com RPM. Está em uso de ocitocina para 
indução do parto. Apresentou febre e taquicardia intraparto. Há cerca de 1 hora coletamos o 
material para os exames do Passo 2 da sepse, iniciamos ampicilina/gentamicina e infusão de 1 
L de SF. Há cerca de 5 minutos os resultados dos exames ficaram prontos. Lactato 42 mg/dL e 
36 
Sepse Materna 
 
creatinina 1,3 mg/dL. Notificamos o Dr. Carlos e ele já virá avalia-la, esperamos que dentro de no 
máximo 5 minutos. 
• Avaliação – “Os sinais vitais dela são: Temp 37,4°C,Pulso 108/min, PA 108/64 mmHg, SpO2 
97% em ar ambiente, CTG Categoria 1. Ela apresenta critérios de sepse confirmada com foco 
intrauterino (corioamnionite). 
• Recomendação – “Dr. Carlos orientou aumentar a infusão de SF para 30 mL/Kg nas próximas 2 
horas o qual já fizemos, manter ampicilina e gentamicina e disse que irá avaliar a via de parto 
assim que chegar. Ele nos solicitou também para comunicar a equipe de anestesiologia e o 
médico intensivista, o qual já fizemos. Janaína está sob monitoração contínua com oximetria de 
pulso, PA e temperatura de 30 em 30 min até lactato abaixo de 18 mg/dL. O lactato deverá ser 
repetido daqui a 1 h. Você tem alguma pergunta?” 
 
Hospital Sofia Feldman 
Protocolos e Diretrizes Clínicas 
37 
 
Anexo II – Sistema de Alerta Precoce para Morbidade Materna Grave 
– SISMOM 
 
Parâmetros de avaliação e escores correspondentes 
Escore 3 2 1 0 1 2 3 
FR 
(Freq Resp.) 
≥30 25-29 18-24 10-17 <10 
SpO2 % 
(ar amb.)* 
<85 85-89 90-95 ≥96 
PAS (mmHg)$ ≥160 150-159 140-149 90-139 80-89 <80 
PAD 
(mmHg)$ 
≥110 100-109 90-99 <90 
PULSO ≥150 111-149 60-110 <60 
Temp. (0C) ≥39 38-38,9 35,1-37,9 34,0-35,0 <34 
Nível de 
Consciência 
Não Alerta& Alertad 
*Se não houver sinais de alterações no padrão respiratório, considerar SpO2 ≥ 96%. Se houver 
sinais de alteração no padrão respiratório, conectar monitor de SpO2 e realizar a leitura e o 
registro 
$ Considerar apenas um escore e o que for maior. Ex. Se PAS = 140 e PAD = 110, considerar a 
PAD para o escore. 
& Não Alerta = Glasgow 3-14; d Alerta = Glasgow 15 
 
 
Fluxograma de reconhecimento e resposta escalonada a situações de comprometimento agudo 
Escore Manejo Escalonamento 
0 
• Documentar dados vitais na admissão na unidade 
• Monitoração de rotina: 
* Frequência respiratória 
* Pressão arterial 
* Saturação de O2 
* Pulso 
* Temperatura 
* Estado de consciência 
 
Se escore > 0 
• Reavaliar 
• Seguir fluxos seguintes 
1-3 
e/ou 
preocupação 
clínica 
• Aumentar frequência da monitoração para 2 em 2 horas 
• Chamar Enfermeira Obstetra ou Intensivista responsável 
• EO ou EI: chamar médico residente de nível II ou III, se 
necessário – avaliação clínica/plano de manejo 
Se escore < 1 após 4 horas retornar ao anterior 
Se escore > 3 após 2 horas 
• Reavaliar paciente 
• Aumentar frequência de observações 
• Seguir fluxos seguintes 
4-5 
ou um 
parâmetro = 3 
• Aumentar frequência da monitoração para 1 em 1 hora 
• Chamar médico residente de nível II ou III – avaliação 
clínica/iniciar monitoração e investigação adicional 
(laboratório, gasometria, imagem etc.) 
• Alertar Médico obstetra/anestesiologista responsáveis 
Se escore < 4 após 4 horas retornar ao anterior 
Se escore > 5 após 1 hora 
• Reavaliar a paciente 
• Monitoração contínua de dados vitais 
• Seguir fluxo de Alto Escore (Vermelho) 
≥ 6 
Emergência 
clínica e/ou 
deterioração 
clínica 
• PROCEDIMENTO DE EMERGÊNCIA SE NECESSÁRIO - SAV 
• Monitoração contínua de dados vitais 
• Avaliação imediata por Médico 
obstetra/anestesiologista responsáveis 
• Contatar Médico Intensivista consultor 
• Implementar plano de manejo e resposta 
• Se escore < 6 após 4 horas retornar ao anterior 
• Se escore permanece ≥ 6 
• Avaliação por médico obstetra/anestesiologista 
responsáveis p/ definir manejo 
• Considerar transferência para CTI 
 
 
38 
Sepse Materna 
 
Anexo III – Lista de Checagem Sepse Materna 
Nome completo da Paciente: 
___________________________________________________________ 
Data e hora do início da triagem inicial de Sepse (Passo 1): 
 
____/____/_____ às ____:____ 
 
 Médico Responsável Enfermeiro Responsável 
 
 ________________________ __________________________ 
 Assinatura e Carimbo Assinatura e Carimbo 
o Aferir dados vitais e manter monitorização conforme SISMOM. 
o Solicitar Leucograma de urgência. 
o Avaliar achados (Passo 1 Fluxograma) se 2 ou mais alterações continuar lista. 
o Instalar: o oximetria de pulso o ECG. 
o Avaliar vias aéreas e necessidade de oxigenação. 
o Puncionar 2 acessos venosos calibrosos (jelco 16 ou 14). 
oColher Exames: 
 oPlaquetas oCoagulograma oBilirrubina oCreatinina oLactato oGasometria 
 oHemocultura oCultura dos sítios relacionados ao foco o Gram de urina (se foco urinário suspeito) 
o Administrar 1-2 L de solução salina. 
o Administrar antibiótico conforme prescrição médica (iniciar dentro de 1h). 
o Avaliar estado mental (escala de Glasgow): _____ (escore) 
o Realizar cateterismo vesical de demora. 
o Monitorar diurese a cada duas horas. 
o Avaliar os achados (Passo 2 Fluxograma) se 1 ou mais alterações presentes à Sepse confirmada. 
o Administrar fluidos 30ml/kg. 
o Avaliar PAM, se < 65mmHg após infusão rápida de fluidos à Choque Séptico. Seguir lista. 
o Iniciar norepinefrina se manutenção de PAM < 65 mmHg não responsiva à infusão de fluidos. 
o Manter na beira do leito carrinho de emergência. 
o Preparar e deixar disponível material para intubação orotraqueal. 
o Preparar e deixar disponível material para punção Intra-arterial (PIA) e Acesso Venoso Central (AVC). 
o Realizar balanço hídrico. 
o Avaliar critérios de transferência para CTI 
Etiqueta 
Suspeita de Infecção