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R ES U M O TÍTULO DO RESUMO C IC LO B Á SI C O MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO CURSO: EMBRIOLOGIA CONTEÚDO: TATIANNE ROSA DOS SANTOS CURADORIA: RODRIGO CHAVES Amplie as possibilidades deste conteúdo em https://www.jaleko.com.br/ 4 MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO 1 MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO Em geral, as glândulas endócrinas são agregados de células epitelioides (cé- lulas epiteliais que carecem de superfície livre), as quais estão incorporadas no tecido conjuntivo. As glândulas endócrinas são desprovidas de ductos excretores e suas secre- ções (chamadas de hormônios) são transportadas até os destinos específicos por meio da matriz extracelular do tecido conjuntivo e por meio do sistema circulatório. Hormônios são moléculas que agem como sinalizadores químicos. As malformações das glândulas endócrinas são, na sua maioria, raras, mas de grande importância clínica. Muitas vezes, o diagnóstico ocorre de forma incidental. Neste material, abordamos as principais malformações associa- das à glândula hipófise, pineal, tireoide, paratireoide, adrenal e pâncreas; relembrando aspectos importantes do desenvolvimento normal dessas estrutras e destacando, sempre que possível, a sua base embriológica e o diagnóstico e tratamento. 1.1 Malformações associadas à glândula hipófise Malformações do eixo hipotálamo-hipofisário são raras, incluindo ausência de hipófise em alguns casos de cíclopes, ausência de neuro-hipófise em anence- falia, hipoplasia da hipófise, ectopia da hipófise intraesfenoidal, persistência do canal craniofaríngeo, cistos hipofisários congênitos e teratomas da região selar. A duplicação da hipófise é uma malformação rara, descrita em 1880. A hipófise é uma glândula endócrina composta (dividida em duas porções: adeno-hipófise e neuro-hipófise), formada a partir da diferenciação do ectoderma oral e neuroectoderma: ■ ectoderma oral (a partir do desenvolvimento do teto ectodérmico do estomodeu): dará origem ao divertículo hipofisário (Bolsa de Rathke), que originará a adeno-hipófise (hipófise anterior); ■ neuroectoderma (a partir de uma invaginação do neuroectoderma do diencéfalo): dará origem ao divertículo neuro-hipofisário, que originará a neuro-hipófise (hipófise posterior). 1.1.1 Agenesia hipofisária (pituitária) A agenesia pituitária (ou agenesia hipofisária) é a ausência da glândula hipo- fisária por não formação das estruturas citadas acima (divertículo hipofisário e divertículo neuro-hipofisário). Lembrando que a neuro-hipófise não é uma glândula endócrina, é uma extensão do sistema nervoso central (SNC). Na 5MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO verdade, trata-se de um local de armazenamento de neurossecreções dos neurônios dos núcleos supraópticos e paraventriculares do hipotálamo. Há relatos na literatura de neonato com pan-hipopituitarismo congênito por agenesia hipofisária apresentando, inicialmente, hipoglicemia neonatal persistente, baixos níveis de peptídeo C, hormônio do crescimento e corti- sol, T3 e T4 baixos com hormônio estimulador da tireoide (TSH) normal. O controle da hipoglicemia é feito com uso de corticosteroides e hormônios tireoidianos. O diagnóstico é feito por ressonância magnética, revelando agenesia da haste hipofisária e da glândula pituitária anterior. 1.1.2 Hipófise faríngea e craniofaringioma Hipófise faríngea ocorre devido ao remanescente do pedúnculo do divertí- culo hipofisário persistir e formar a hipófise faríngea no teto da orofaringe. No desenvolvimento normal, o pedúnculo do divertículo hipofisário, passa entre os centros de condrificação dos ossos pré-esfenoide e basisfenoide do crânio em desenvolvimento. Durante a sexta semana de desenvolvimento, a conexão entre o divertículo e a cavidade oral se degenera. Em casos raros, observa-se que massas do tecido do lobo anterior se de- senvolvem fora da cápsula da hipófise, na sela turca do osso esfenoide. Lembrando que tanto a adeno-hipófise quanto a neuro-hipófise são unidas e encapsuladas em uma cápsula única, cápsula essa que é constituída por tecido conjuntivo e é contínua com uma rede de fibras reticulares. Em 1% dos casos, pode-se observar secções do osso esfenoide, o canal ba- sifaríngeo (que corresponde a um remanescente do divertículo hipofisário). Em poucos casos, principalmente aqueles em que os neonatos apresentam defeito craniano, o canal basifaríneo também pode ser observado por um pequeno número de radiografias do crânio. Craniofaringioma – corresponde a um tumor benigno e raro que se desen- volve na sela turca ou superior a ela. Esse tumor também pode se formar na faringe ou na parte posterior do osso esfenoide (basiesfenoide) a partir de remanescentes do pedúnculo do divertículo hipofisário. Importante destacar que o craniofaringioma não se trata exatamente de uma malformação da glândula hipófise, mas seu desenvolvimento está associado ao remanescente da glândula – esses tumores surgem ao longo da via do divertículo hipofisário, a partir de remanescentes do epitélio. 1.1.3 Duplicação da hipófise e da haste hipofisária A duplicação da hipófise é uma malformação bastante rara; até o presente momento, a literatura evidenciou poucas publicações dessa condição. Nos 6 MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO casos descritos, os pacientes apresentam duas pequenas hipófises anteriores e duas hipófises posteriores separadas entre si, apresentando, cada uma, a sua haste hipofisária. Há um único caso em que o paciente apresentou haste única em “Y”. Essa alteração da hipófise pode estar associada a outras malformações faciais, encefálicas e espinhais. A literatura sugere que a duplicação da hipófise poderia ser resultado da duplicação da placa protocordal e da porção anterior rostral da notocorda, causando duplicação da região do estomodeu, incluindo a hipófise. A massa hipotalâmica, comumente descrita nesses casos, está provavelmente rela- cionada à duplicação da porção final da notocorda. O achado mais comum associado à duplicação da hipófise é o de massa hipotalâmica, que, nos casos em que foi possível realizar autópsia, revelou presença de neurônios com fibras nervosas mielinizadas ou não, porém sem identificação de formação definitiva de núcleos hipotalâmicos. Outros achados associados com a duplicação da hipófise incluem: malformações faciais (fenda palatina, hipertelorismo, micrognatia, malformações de língua e de mandíbula, massas nas cavidades nasal, bucal ou na faringe – incluindo teratomas –, implantação do cabelo em “V” e implantação baixa das orelhas) e alterações intracranianas e espinhais (lipoma inter-hemisférico, agenesia do corpo caloso, anomalias de migração, ausência dos bulbos olfatórios, ausência do septo pelúcido, hipoplasia do vermis ou de todo o cerebelo, hidrocefalia, tálamos fundidos, anomalias do polígono de Willis, espinhas bífidas, diplo- mielia, mielomeningocele e tumores congênitos, como lipomas, teratomas). 1.2 Malformações associadas à glândula pineal A glândula pineal (também chamada de corpo pineal) se desenvolve durante o período embrionário como um divertículo mediano da parte caudal do teto do diencéfalo. Na literatura, é relatada uma malformação vascular que acomete a glândula pineal: o angioma cavernoso na glândula pineal. 1.2.1 Angioma cavernoso na glândula pineal O angioma cavernoso é uma malformação vascular cujo acometimento da região da glândula pineal tem uma probabilidade de ocorrência inferior a 1%. Sua etiologia é discutível, entretanto, acredita-se derivar de uma herança autossômica dominante ou de tratamento radioterápico. O tratamento é feito com a ressecção total do angioma e permite a cura e evita complicações da evolução natural, principalmente a hemorragia. 7MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO 1.3 Malformações associadas à glândula tireoide No processo normal de desenvolvimento, a glândula tireoide começa a se formar aproximadamente vinte equatro dias após a fecundação a partir de um espessamento endodérmico mediano do assoalho da faringe primitiva. A partir de uma evaginação que aparece nesse espessamento, é formado o primórdio da tireoide. Com o crescimento do embrião e o desenvolvimento da língua, a glândula tireoide que se encontra em desenvolvimento vai descendo pelo pescoço, passando ventralmente ao osso hioide e às cartilagens laríngeas em de- senvolvimento. Nesse momento, a glândula ainda está ligada à língua por meio do ducto tireoglosso, que degenera ao longo do desenvolvimento da glândula. Alterações nesse processo levam às malformações, como agenesia da glândula tireoide, glândula tireoide ectópica e cistos e seios do ducto tireoglosso. Discutimos aqui também o hipotireoidismo congênito. A maioria dos casos de hipotireoidismo congênito é decorrente de disgenesias tireoidianas (85%), entre elas a ectopia, hipoplasia ou agenesia tireoidianas, e os demais resultam de defeitos de síntese hormonal. 1.3.1 Agenesia da glândula tireoide A ausência da glândula tireoide é uma anomalia rara, ocorrendo pelo não desenvolvimento da glândula, como citado acima. A hemiagenesia da tireoide é uma anormalidade rara na qual um lobo ou um lobo e o istmo da tireoide não se desenvolvem. Acredita-se que a base embriológica dessa anomalia seja um distúrbio na lobulação ou na desci- da da glândula de seu local de origem no assoalho da faringe primitiva. O diagnóstico dessa condição é feito, geralmente, durante a investigação de outras doenças da tireoide. 1.3.2 Glândula tireoide ectópica Entre os pacientes com hipotireoidismo, estima-se que a incidência de tireoide ectópica seja de 1:4.000 a 1:8.000. A ectopia da tireoide é uma anomalia rara cuja glândula se localiza ao longo do trajeto do ducto tireoglosso. O desenvolvimento do tecido tireoidiano ectópico pode ocorrer em qualquer momento da migração da tireoide, resultando em ectopia lingual, sublingual, pré-laríngea e subesternal (mediastino). O mais comum é o tecido tireoidiano lingual: massas tireoidianas intralinguais são encontradas em até 10% das autópsias, mas são poucos os casos com relevância clínica ocasionando doença da tireoide. 8 MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO Massa tireoidiana sublingual surge na parte superior do pescoço ou logo abaixo do osso hioide. Em 70% dos casos, uma glândula tireoide ectópica sublingual é o único tecido tireoidiano presente. É clinicamente importante fazer a diferenciação entre a tireoide ectópica e um cisto do ducto tireoglos- so para que não seja feita a remoção cirúrgica do único tecido tireoidiano, e assim deixar o paciente dependente de medicação da tireoide de forma permanente. A maioria dos pacientes com tireoide ectópica é eutireoidiana e assintomática, mas podem surgir sintomas obstrutivos ou por compressão, sobretudo do trato aerodigestivo superior, hipotireoidismo e, muito mais raramente, hiperti- reoidismo. Outras manifestações menos frequentes decorrem de localizações mais raras. A literatura ainda descreve casos em que os pacientes apenas se tornaram sintomáticos durante a gravidez, com regressão após o parto. 1.3.3 Cistos e seios do ducto tireoglosso Cistos do ducto tireoglosso – os cistos podem se formar em qualquer ponto ao longo do trajeto do ducto tireoglosso. No desenvolvimento normal, o ducto tireoglosso desaparece; porém, pode haver sua persistência e formar um cisto na língua ou na parte anterior do pescoço. A maioria dos pacientes se apresenta assintomática, a não ser que haja a infecção do cisto. Pode, ainda, existir algum tecido tireoidiano no cisto. Seios do ducto tireoglosso – devido à infecção do cisto do ducto tireoglosso, há o desenvolvimento de uma perfuração na pele chamada de seio do ducto tireoglosso. Normalmente, o seio se abre no plano mediano do pescoço, anterior às cartilagens laríngeas. 1.3.4 Hipotireoidismo congênito O hipotireoidismo congênito (HC) é o distúrbio endócrino congênito mais frequente em neonatos, com incidência variando de 1:2.000 a 1:4.000 crianças nascidas vivas, e uma das principais causas de retardo mental que pode ser prevenida. Os Programas de Triagem Neonatal para a doença permitem a identificação precoce dos afetados e seu tratamento de modo a evitar as complicações da falta do hormônio. As crianças afetadas (superior a 95%), geralmente, não apresentam sintomas sugestivos da doença ao nascimento. Os sintomas e sinais mais comuns são: icterícia neonatal prolongada, choro rouco, letargia, movimentos lentos, constipação, macroglossia, hérnia umbilical, fontanelas amplas, hipotonia e pele seca. Várias estratégias são utilizadas para a triagem do Hipotireoidismo Congênito. No Brasil, esta é obrigatória por lei e, geralmente, é feita com a dosagem de TSH em sangue seco coletado do calcanhar. A idade recomendada para 9MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO sua realização é após as 48 horas de vida até o quarto dia. A confirmação diagnóstica é obrigatória com as dosagens de TSH e T4 livre ou T4 total. Na ausência de um diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria das crianças desenvolverá vários graus de deficiências neurológicas, motoras e de crescimento, incluindo o retardo mental irreversível. 1.4 Malformações associadas à glândula paratireoide As glândulas paratireoides são derivadas de bolsas faríngeas. As glândulas paratireoides superiores são derivadas da quarta bolsa faríngea, enquanto as glândulas paratireoides inferiores são derivadas da terceira bolsa faríngea. No desenvolvimento normal, as glândulas paratireoides se desenvolvem juntamente com o timo. Esses órgãos perdem a conexão com a faringe quando o encéfalo e as estruturas associadas expandem-se rostralmente, e a faringe e as estruturas cardíacas expandem-se caudalmente. Mais tarde, há a separação entre as glândulas paratireoides e o timo, e assim as parati- roides se situam na correta posição, na superfície dorsal da glândula tireoide. Alterações nesse desenvolvimento podem levar a glândulas ectópicas e número anormal de glândulas paratireoides. 1.4.1 Glândulas paratireoides ectópicas Glândulas paratireoides ectópicas podem ser encontradas em qualquer lugar próximo à tireoide ou dentro da tireoide ou do timo. Há uma constância maior da posição das glândulas superiores em relação à posição das glândulas posteriores. É importante lembrar que as glândulas paratireoides derivadas da terceira bolsa faríngea estão localizadas inferiormente às paratireoides derivadas da quarta bolsa faríngea, devido ao fato delas acompanharem o trajeto do timo em desenvolvimento. 1.4.2 Número anormal de glândulas paratireoides Glândulas supranumerárias – condição rara em que se verifica a existência de um número superior a quatro glândulas. A possível base embriológica é a divisão do primórdio das glândulas originais. Ausência de uma glândula – condição que resulta da falha de um dos pri- mórdios em se diferenciar na glândula, ou ainda pode ser resultado da atrofia de uma glândula no início do seu desenvolvimento. 10 MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO 1.5 Malformações associadas ao pâncreas As anomalias congênitas do pâncreas são raras e geralmente diagnosticadas incidentalmente em pacientes assintomáticos. Porém, é importante conhe- cê-las, uma vez que podem predispor à patologia pancreática e, além disso, às vezes, são confundidas com outros tipos de alterações ou patologias, por vezes graves, dando origem a explorações e/ou intervenções desnecessárias. O pâncreas é um órgão de origem endodérmica, derivado da porção caudal do intestino anterior, ele se desenvolve entre as camadas do mesentério a partir dos brotos pancreáticos: dorsal e ventral. Ao longo do desenvolvimento do órgão, há a fusão dos brotos pancreáticos. O correto posicionamento do pâncreas se dá por meio da rotação do estômago, duodeno e mesentério dorsal. Sendo assim, o pâncreas acaba se localizando ao longo da parede abdominaldorsal – em uma posição retroperitoneal. 1.5.1 Pâncreas ectópico Pâncreas ectópico refere-se à presença de tecido pancreático em localização que não a sua habitual, sem continuidade anatômica com o pâncreas e pos- suindo vascularização e sistema ductal próprios. Embora raro, desconhece-se com exatidão a sua frequência. O tecido pancreático ectópico pode se localizar em locais como: na mucosa do estômago, no duodeno proximal, no jejuno, no antro pilórico e no divertículo ileal (divertículo de Merkel). Geralmente, essa condição é assintomática, sendo descoberta incidentalmente. Entretanto, o paciente com essa anomalia pode apresentar sintomas como alterações gastrintestinais, obstrução, sangramento ou até mesmo câncer. 1.5.2 Pâncreas anular O pâncreas anular é uma malformação congênita incomum caracterizada pela presença de uma fina banda de tecido pancreático que envolve par- cial ou totalmente a segunda porção duodenal, causando graus variados de obstrução intestinal extrínseca. A obstrução do duodeno se desenvolve caso ocorra inflamação (pancreatite) no pâncreas anular. Neonatos com essa condição apresentam sintomas de obstrução intestinal completa ou parcial. Geralmente, ocorre em neonatos em uma incidência de um em cada 10 mil nascidos vivos. Em 40 a 70% dos casos, apresenta-se associado a outras anormalidades congênitas como a Síndrome de Down, divertículo de Merkel, má-rotação intestinal, anormalidades cardíacas, fístula traqueoesofágica e atresia duodenal. Na fase adulta, a manifestação da doença inclui episódios de dor abdominal, obstrução gástrica, úlcera péptica e pancreatite aguda. 11MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO 1.5.2.1 Diagnóstico A radiografia abdominal no neonato pode evidenciar o sinal de ''dupla bo- lha'' idêntico ao encontrado na atresia duodenal. O estudo contrastado do trato gastrintestinal alto, historicamente apontado como exame de escolha, frequentemente permite a identificação de distensão gástrica e de bulbo duodenal. A presença desses sinais associada às falhas de enchimento na parede duodenal constitui forte indicativo de pâncreas anular. A endoscopia digestiva identifica a presença de um estreitamento luminar do duodeno, mais comumente na segunda porção, associado à dilatação proximal. A al- teração mais frequente ao ultrassom e à tomografia computadorizada é de uma massa pancreática. 1.5.2.2 Tratamento Abordagem cirúrgica – a presença de sistema ductal no interior do anel pancreático e o envolvimento do pâncreas anular pela parede muscular duodenal são os principais fatores considerados na abordagem cirúrgica. 1.5.2.3 Base embriológica O pâncreas anular resulta de um crescimento de um broto pancreático ventral bífido ao redor do duodeno. As porções do broto ventral bífido então se fundem com o broto dorsal, formando um anel pancreático. 1.5.3 Agenesia da porção dorsal do pâncreas A porção dorsal do pâncreas é formada pelo broto pancreático dorsal, assim sua ausência total ou parcial compromete a formação dessa parte do órgão. A agenesia da porção dorsal do pâncreas é uma malformação congênita rara que está associada a algumas outras condições médicas, como hiperglicemia, dor abdominal, pancreatite e algumas outras doenças. Em aproximadamente 50% dos pacientes relatados com essa malformação congênita, foi demonstrada hiperglicemia. Nesses pacientes, é importante a avaliação da hiperglicemia e diabetes mellitus, incluindo descrição de glicose no sangue em jejum, teste de tolerância à glicose oral e hemoglobina glicada. 1.6 Malformações associadas às adrenais As glândulas adrenais possuem duas origens embrionárias diferentes. O córtex tem origem mesodérmica, enquanto a medula tem origem a partir das células da crista neural. As glândulas adrenais se desenvolvem entre a raiz do mesentério dorsal e a gônada em desenvolvimento. 12 MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO O córtex adrenal pode ser subdividido em três camadas concêntricas cujos limites nem sempre são perfeitamente definidos em humanos: a zona glo- merulosa, a zona fasciculada e a zona reticulada. Os hormônios secretados pelo córtex, em sua maioria, são esteroides. A zona glomerulosa secreta o principal mineralocorticoide, a aldosterona; as células da zona fasciculada secretam, principalmente, os glicocorticoides, dentre os quais um dos mais importantes é o cortisol, e a zona reticulada produz, principalmente, an- drógenos. A medula adrenal é composta de células poliédricas denominadas células cromafins que são organizadas em cordões ou aglomerados arredondados; essas células são as responsáveis pela produção das catecolaminas: epine- frina ou norepinefrina. 1.6.1 Hiperplasia adrenal congênita A Hiperplasia adrenal congênita (HAC) é uma doença autossômica recessiva decorrente da alteração de enzimas que participam da síntese do cortisol. As manifestações podem ser causadas pela deficiência do cortisol e, em alguns casos, aldosterona e pelo acúmulo de precursores. Há um aumento anormal das células do córtex. Em mulheres, usualmente, há a masculinização da genitália externa; já os bebês homens afetados têm genitália normal, e a síndrome pode passar despercebida no começo da infância. Tradicionalmente, a HAC é classificada em duas formas clínicas: 1. clássica, que inclui os subgrupos: perdedora de sal e virilizante simples; 2. não clássica, que inclui os subgrupos: sintomática e assintomática (ou críptica). A forma virilizante simples caracteriza-se por graus variados de virilização pré-natal da genitália externa no sexo feminino e virilização pós-natal em ambos os sexos, com aumento do clitóris ou pênis, pubarca precoce e avanço da idade óssea com prejuízo na estatura final. A forma perdedora de sal, além da hiperprodução androgênica da forma an- terior, apresenta deficiência mais grave na produção de aldosterona levando à desidratação com hiponatremia e hiperpotassemia nos primeiros 30 dias de vida que, se não tratada, resulta em choque e óbito. 1.6.1.1 Tratamento A terapia com glicocorticoide é a base do tratamento, uma vez que a sua administração substitui a produção deficiente de cortisol e reduz o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), suprimindo a produção de andrógenos adrenais. 13MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS AO SISTEMA ENDÓCRINO Nas meninas, deve ser feita a reconstrução cirúrgica da genitália externa, indicada antes de um ano de idade. 2 REFERÊNCIAS 1. CHENISZ, Joseph Franklin et al. 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