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R ES U M O TÍTULO DO RESUMO C IC LO B Á SI C O PRÉ E PÓS-CARGA CURSO: FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR CONTEÚDO: EDUARDO GALVES RODRIGUES Amplie as possibilidades deste conteúdo em https://www.jaleko.com.br/ 4 PRÉ E PÓS-CARGA 1 INTRODUÇÃO O coração é o órgão central de um sistema hidráulico fechado. Nesse sistema, ele é a bomba, a vasculatura e o encanamento. O mais incrível é observar que toda sua força vem de células muito pequenas, os cardiomiócitos (FI- GURA 1). Como é possível uma integração tão precisa entre microcélulas e o tamanho da força exercida pelo coração para bombear cerca de cinco litros de sangue por minuto para todo corpo? Sabemos que o coração apresenta três camadas: o epicárdio, o miocárdio e um endocárdio. Neste resumo, vamos focar o miocárdio, porque é nele que encontramos o tecido muscular estriado cardíaco, formado, basicamente, pelos cardiomiócitos. Respondendo à pergunta do parágrafo anterior, é o ritmo coordenado de contração que faz com que células tão pequenas bombeiem tanto sangue para nossa demanda de oxigênio e nutrientes. FIGURA 1 Figura 1: Células musculares estriadas cardíacas. Fonte: Silverthorn, 2017. 2 SINAIS ELÉTRICOS E A COORDENAÇÃO O interessante é que o coração tem propriedades de autoestimulação. Isso acontece porque ele apresenta núcleos de células autoexcitáveis. Essas células, além de gerar o potencial de despolarização, apresentam grande quantidade de junções comunicantes que favorecem a distribuição homo- gênea da despolarização de uma célula para outra. 5PRÉ E PÓS-CARGA As junções comunicantes aparecem nos discos intercalares que estão pre- sentes tanto nas células do músculo estriado cardíaco quanto nas células autoexcitáveis (FIGURA 1). Além de permitir a passagem da despolarização de uma célula para outra, as junções comunicantes permitem uma distribuição homogênea do cálcio para as células adjacentes. A despolarização começa no primeiro núcleo de células autoexcitáveis, o nó sinoatrial, localizado no átrio direito. Um grupo de fibras não contráteis, também autoexcitável, envia a despolarização para o próximo núcleo, o nó atrioventricular. Do nó atrioventricular, a despolarização parte para os ven- trículos através das fibras de Purkinje e feixes de His e se distribui de baixo para cima nos ventrículos direito e esquerdo (FIGURA 2). FIGURA 2 Figura 2: Nós cardíacos e a despolarização. Fonte: Silverthorn, 2017. 6 PRÉ E PÓS-CARGA Um aspecto importante é o porquê de a despolarização não partir direto dos átrios para os ventrículos. O sangue precisa deixar o coração pela parte de cima, onde estão as valvas semilunares e as artérias pulmonar e aorta. Com isso, se os ventrículos começarem a contrair de cima para baixo, o sangue seria empurrado para o lado oposto das valvas, comprometendo o bombea- mento. Esses marca-passos determinam não só a frequência cardíaca, como o débito cardíaco (FIGURA 3). FIGURA 3 Figura 3: Débito cardíaco. Fonte: Silverthorn, 2017. 3 RELAÇÃO COM O CICLO CARDÍACO Todos sabemos que o coração contrai e relaxa para que o sangue chegue até ele e seja bombeado. A coordenação entre esses relaxamentos (diástoles) e contrações (sístoles) é extremamente importante para que a quantidade de oxigênio que chega aos nossos tecidos e órgãos seja compatível com a vida. Nosso metabolismo é tão alto que faz com que tenhamos uma necessidade contínua e absurdamente alta de oxigênio o tempo todo. Devemos lembrar que o coração é uma bomba com quatro câmaras. Se não houver coordenação entre elas, o sistema de vasos fica uma grande bagunça. Por isso, o ciclo cardíaco é tão importante. São três fases para a sístole e quatro etapas para diástole. O ciclo precisa ser dessa maneira porque os átrios e os ventrículos precisam contrair e relaxar em momentos diferentes (FIGURA 4). 7PRÉ E PÓS-CARGA FIGURA 4 Figura 4: Ciclo cardíaco. Fonte: Silverthorn, 2017. 3.1 Sístole 3.1.1 Contração ventricular isovolumétrica Quando o ventrículo inicia a sístole, chega um momento que a pressão dentro e fora dele se torna igual. Nesse momento, a força de contração não é forte o suficiente para provocar a abertura das valvas semilunares. No instante seguinte, a pressão no interior do ventrículo ultrapassa a pressão nas artérias pulmonares e aorta. Esse gradiente de pressão gera a próxima fase. 3.1.2 Ejeção ventricular rápida Quando a pressão no interior do ventrículo ultrapassa a pressão do sistema arterial, as valvas semilunares se abrem e ocorre uma ejeção forte e rápida de sangue. 8 PRÉ E PÓS-CARGA 3.1.3 Ejeção ventricular reduzida Assim que a ejeção ventricular rápida ocorre, o ventrículo diminui progres- sivamente sua força de contração, porém seu conteúdo ainda não foi intei- ramente esvaziado. Portanto, assim que o jato de sangue sai com força, os mililitros seguintes saem com menos pressão e intensidade. 3.2 Diástole 3.2.1 Relaxamento ventricular isovolumétrico A diástole começa com o relaxamento ventricular isovolumétrico, ou seja, o instante em que a musculatura do ventrículo começa a relaxar até o momento em que as pressões dentro e fora se igualam novamente. Nesse momento, o sangue que está no átrio ainda não tem gradiente para abrir a valva atrioventricular. 3.2.2 Enchimento ventricular rápido Da mesma maneira que na sístole, na diástole, assim que as valvas atrio- ventriculares se abrem, sai um jato de sangue em direção aos ventrículos. Porém, como esse esvaziamento atrial é inicialmente passivo, a força do jato de sangue vai diminuindo rapidamente também. 3.2.3 Enchimento ventricular reduzido (diástase) Conforme a pressão vai diminuindo, o esvaziamento passivo dos átrios gera um fluxo de sangue mais lento em direção aos ventrículos, gerando o en- chimento reduzido. Porém, esse enchimento não esvazia completamente os átrios em repouso. Cerca de 20% do sangue atrial continua no seu interior até a próxima fase. 3.2.4 Sístole atrial A diástole finaliza com a sístole atrial. Nesse momento, todo conteúdo sanguíneo dos átrios vai até os ventrículos. Com isso, temos o estiramento completo das fibras dos ventrículos. É aí que chegamos à nossa pré-carga, que é o grau de estiramento das fibras do miocárdio antes do início da contração. 9PRÉ E PÓS-CARGA 4 PRÉ-CARGA Conforme visto, a pré-carga é o grau de estiramento das fibras do miocárdio antes do início da contração. Ela é extremamente importante porque reflete não só o retorno venoso, como a quantidade de força que será empregada na sístole, gerando a pós-carga. A pré-carga é determinada principalmente pelo retorno venoso, ou seja, quanto de sangue os átrios jogam para dentro dos ventrículos no ciclo cardíaco. Esse retorno venoso é influenciado por diversos fatores. Entre eles, temos a contração dos músculos esqueléticos, a bomba respiratória e a constrição das veias pelo sistema nervoso simpático. Entendemos, então, que o volume sistólico aumenta quando o volume dias- tólico final aumenta. Isso é facilmente observado na lei de Frank-Starling. Quanto maior o comprimento da fibra muscular do miocárdio, maior será a força de contração até um limite máximo (FIGURA 5). FIGURA 5 Figura 5: Curva de Frank-Starling. Fonte: Silverthorn, 2017. A contração dos músculos esqueléticos, principalmente das pernas, influencia a pré-carga porque comprimem as veias e empurram o sangue em direção ao lado direito do coração. Então, quanto mais contraímos a musculatura esquelética, maior será a pré-carga. 10 PRÉ E PÓS-CARGA Já a bomba respiratória é criada pelos movimentos do tórax durante a ins- piração. A expansão do tórax cria uma pressão subatmosférica, que faz a pressão cair na veia cava inferior. Além disso, a expansão do tórax comprime o conteúdo abdominal, aumentando a pressão nas veias abdominais. Esse gradiente também auxilia o retorno venoso para o lado direito do coração influenciando a pré-carga. E o terceiro fator é a constrição das veias no retorno venoso pelo sistemanervoso autônomo simpático. Nesse movimento de vasoconstrição, ob- servamos uma importante função do sistema venoso como reservatório. A diminuição do calibre das veias empurra mais sangue para o lado direito do coração; com isso, o ventrículo contrai com mais força, jogando mais sangue para o lado arterial da circulação. 5 PÓS-CARGA A pós-carga é determinada pelo volume diastólico final mais a pressão arterial. Entretanto, qual é a relação da pressão arterial com a pós-carga? O sangue sai do ventrículo esquerdo pela artéria aorta, que se ramifica muitas vezes até gerar as arteríolas de calibre muito pequeno. Quando o sangue chega ao nível das arteríolas, encontra grande resistência pela diminuição do calibre. Essa é a famosa resistência arteriolar que sustenta a pressão arterial. Quando o miocárdio do ventrículo esquerdo contrai, ele precisa fazer força o suficiente para empurrar todo volume diastólico final para a artéria aorta, que, por sua vez, empurra todo sangue do sistema arterial através das arte- ríolas. Essa é a força que define a pós-carga. Ficou clara a relação entre a pré e a pós-carga? Para que o coração consiga bombear tanto sangue com tanta força a ponto de vencer a resistência ar- teriolar e fazer com que o sangue chegue oxigenado em todas as partes do corpo, precisamos de uma distensão máxima do miocárdio. É essa distensão máxima que gera a pré-carga. 6 REFERÊNCIAS 1. BERNE, Robert M.; LEVY, Matthew N. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 2. NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 3. ROSS, M. H.; REITH, E. J.; ROMRELL, L. J. Histologia: texto e atlas. 7. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2017. 4. SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 11PRÉ E PÓS-CARGA Visite nossas redes sociais @jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupojaleko