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Doenças Ocupacionais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Solange de Fátima Azevedo Dias Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Estudo das Doenças Provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos • Introdução; • Doenças do Trabalho e Doença Profissional; • Tipos de Riscos Ocupacionais. · Conhecer e identificar algumas doenças provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Estudo das Doenças Provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Estudo das Doenças Provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos Introdução No Brasil, as principais doenças ocupacionais estão diretamente ligadas às mudan- ças ou aos avanços de profissões no Mercado de trabalho em constante crescimento. Às vezes, elas são silenciosas e de difícil relação entre trabalho x corpo x mente, deixando dúvidas se as causas são mesmo a rotina do trabalho ou qualquer outra causa física, genética ou congênita. Portanto, a mais eficaz forma de se proteger das doenças ocupacionais é estar sempre atento a qualquer sintoma, seja pequeno ou grande, para investigar a tempo de corrigir, antes que o problema se agrave. Um dos maiores problemas para a saúde do trabalhador é a falta de investi- mento das empresas empregadoras em recursos ou ações que possam diminuir ou evitar a exposição ocupacional e ou o adoecimento do trabalhador. O empregador deveria avaliar que a ausência do trabalhador adoecido causa grande impacto na linha de montagem de uma Empresa. Causa prejuízos financeiros e queda na qualidade dos serviços, decorrentes da doença do trabalhador, como faltas, licenças médicas, afastamentos e presenteísmo, que são grandes e, às vezes, até maiores que os custos com prevenção de acidentes. É considerado acidente de trabalho quando um trabalhador, no ato de suas funções, sofre uma lesão corporal ou perturbação funcional que possa causar per- da ou redução da capacidade de exercer suas funções, seja de forma temporária, seja permanente. Também se considera acidente do trabalho o ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho. De acordo com a CLT, acidentes de trabalho podem ser: a) Doença profissional – Produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho de uma determinada atividade, como, por exemplo: problemas respiratórios com o trabalho em marmoraria; b) Doença do trabalho – Adquirida ou desencadeada em função de con- dições especiais em que o trabalho é realizado, relacionado diretamente a ele. Por exemplo: surdez ou perda parcial da audição provocada por trabalho, máquina ou em local de muito barulho: tratores, britadeiras etc. Doenças do Trabalho e Doença Profissional É considerada doença do trabalho, segundo a Legislação vigente, é aquela ad- quirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é re- alizado e com ele se relacione diretamente. Por exemplos: cegueira, surdez, perda dos sentidos e outras. 8 9 A doença profissional é toda doença produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar à determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e o da Previdência Social. Por exemplo: into- xicações causadas por produtos químicos (chumbo, sílica e outros metais). Ler o artigo disponível no link a seguir: https://goo.gl/ovQ6dp Ex pl or A presença de agentes químicos, físicos ou biológicos no ambiente de trabalho pode oferecer risco à saúde dos trabalhadores e levá-los a doenças do trabalho ou profissionais. No entanto, o fato de um trabalhador estar exposto a um agente agressivo não implica, obrigatoriamente, que ele possa contrair uma doença do trabalho. Para que os agentes causem danos à saúde, a Legislação indica que os limites de tolerância estejam acima da concentração ou da intensidade especificada. Dessa forma, é preciso que um profissional habilitado faça uma avaliação quan- titativa do agente e do tempo real de exposição do trabalhador a esse agente. Os limites especificados devem garantir a proteção da saúde do trabalhador. Existe uma Tabela que indica se o trabalhador esteve em contato com o agente, o tempo de exposição e a frequência. Esses dados determinam se a exposição ao agente foi suficiente para ter causado um dano na saúde do trabalhador. Esses limites também não são números puros, dependendo do tempo de ex- posição do trabalhador e podem sofrer alterações de ano para ano, conforme se constate que o limite, anteriormente fixado, não está protegendo efetivamente o trabalhador. Nesse caso, ele é chamado de “Limite de Tolerância”. A Norma Regulamentadora 9 (NR-9) – Programa de Prevenção de Riscos Am- bientais (Quadro 1) indicam as ações que visam à preservação da saúde e da inte- gridade dos trabalhadores: [...] através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais (BRASIL, 1994, p.2). Segundo o item 9.1.5 da NR-9, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): [...] considera riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de cau- sar danos à saúde do trabalhado (BRASIL,1994, p.13). 9 UNIDADE Estudo das Doenças Provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos Para que o trabalhador não corra riscos de exposição aos agentes, é preciso que ele e o empregador sigam corretamente as instruções da NR-9. A fim de assegurar ao trabalhador o cumprimento do PPRA, o empregador deve estabelecer e implementar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e o trabalhador precisa colaborar e participar dessa implementação e: 1. Seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA; 2. Informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamen- to, possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores (BRASIL, 1994, p.12). O Programade Prevenção de Riscos Ambientais está disponível no endereço: https://goo.gl/o19guW Ex pl or Tipos de Riscos Ocupacionais Figura 1 – Riscos Ocupacionais O Grupo 1 (verde) se refere aos riscos físicos, como ruídos, vibrações, radiações ionizantes e radiações não ionizantes, frio, calor, pressões anormais e umidade. O Grupo 2 (vermelho) são os riscos químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e substâncias compostas ou produtos químicos. O Grupo 3 (marrom) abrange os riscos biológicos: vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e bacilos. O Grupo 4 (amarelo) engloba os riscos ergonômicos, tais como esforço: le- 10 11 vantamento e transporte de peso exagerado, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, trabalho noturno, jornadas de trabalho extensas, monotonia e repetitividade, entre outras situações que se ligam ao estresse físico ou psicológico do trabalhador. E, por último o Grupo 5 (azul), que se compõe de riscos de acidentes causados por máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inapropriadas, ilumina- ção incorreta, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão e , armazena- mento inadequado. Riscos Físicos Ruídos Dentre os riscos físicos, o ruído é um dos causadores de afastamentos e indeni- zações em indústrias. A audição é um dos órgãos dos sentidos sensorial de suma importância para a vida, pois o ato de ouvir constitui a principal forma de comunicação entre os seres e a orelha e seus componentes são responsáveis pelo equilíbrio do corpo. Sendo assim, qualquer problema ocasionado na audição, como o excesso de ruído, pode causar sérios problemas para a vida das pessoas. Efeitos do ruído na audição Pode ocorrer a perda irreversível da audição, como no ruído de impacto, que é chamada de Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR). Quando o ruído é intenso e a exposição a ele é continuada, em média 85 dB durante oito horas por dia, ocorrem alterações estruturais na orelha interna (sic), que determinam a ocorrência de uma PAIR. Segundo a OMS, os efeitos do ruído até 50 dB podem causar perturbações no organismo humano; porém, essas perturbações são momentâneas e o organismo se adapta facilmente a elas. Acima de 55 dB, pode ocorrer um estresse leve e uma sensação de desconforto. Um ruído de 70 dB é caracterizado como o nível inicial do desgaste do organis- mo, aumento do risco de infarto, derrame cerebral, infecções, hipertensão arterial e outras patologias. A partir de 80 dB ocorre a liberação de endorfinas, causando sensações de pra- zer momentâneo, e a 100 dB pode haver perda de audição permanente. Portanto, os efeitos do ruído dependem da duração, da influência e da continui- dade e descontinuidade do ruído. Com as perturbações, estresses e desconforto no organismo, o trabalhador pode causar ou sofrer algum tipo de acidente no local de trabalho. 11 UNIDADE Estudo das Doenças Provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos O trabalhador com esses sintomas pode ter problemas de insônia, irritabilidade e dificuldade de concentração. Em decorrências desses sintomas, ele pode reduzir seu rendimento de raciocínio lógico e a capacidade de desenvolver suas atividades de forma produtiva e pró ativa. Pode, ainda, desenvolver ansiedade, depressão e perda de memória, além de problemas de relacionamento no trabalho e na sua vida social. Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images Mas não é por estar num ambiente com ruído que ultrapasse o limite de tolerân- cia de 80-85 dB que o trabalhador será afetado. Em certos locais, se essa exposi- ção não for contínua, como nos ambientes profissionais, mas for intermitente, as lesões auditivas podem ser amenas. Por isso, a Legislação brasileira estabelece que os trabalhadores podem ficar expostos a ruídos de, no máximo, até 85dB (A) durante sua jornada de trabalho diária de 8 horas, na qual, em níveis acima desse patamar começam a surgir riscos para a saúde dos trabalhadores. 12 13 Além dos problemas já citados com o ruído, ele ocasiona lesões no Sistema Nervoso Central, que tem influência direta nos problemas identificados a seguir. Figura 3 Tipos de atividades causadores de ruídos · Afi nação, ensaios e utilização de motores de explosão e de propulsão e de reatores; · Discotecas de salas de diversão; · Martelagem, rebitagem e estampagem de metais; · Trabalhos com martelos e perfuradores pneumáticos; · Trabalhos com rotativas na indústria gráfi ca; · Trabalhos de construção civil efetuados com máquinas ruidosas (bulldozers, escavadoras, pás mecânicas etc.); · Trabalhos de estampagem de tecidos; · Trabalhos em caldeiraria; · Trabalhos em linhas de enchimento (de garrafas, de barris etc.) na Indús- tria Alimentar; · Trabalhos em salas de máquinas de navios; · Trabalhos em teares de lançadeira; · Utilização e destruição de munições ou de explosivos militares. Vibrações As vibrações podem ser definidas como movimentos oscilatórios do corpo sobre o ponto de equilíbrio e, diferentemente do ruído, no qual o trabalhador é passivo, o trabalhador que fica exposto à vibração faz parte do processo, pois existe o contato entre ele e o equipamento ou máquina que transmite a vibração. 13 UNIDADE Estudo das Doenças Provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos As partes do corpo, como mostra a Figura a seguir, estão em processo de vibração, quando a quantidade em Hertz indica o número de vezes em que o movimento ocorre no corpo do trabalhador, utilizando, por exemplo, na atividade laboral uma máquina vibratória para lixamento de uma peça. Vibração Natural do ser Humano: https://goo.gl/h58NiW Ex pl or As principais máquinas e equipamentos causadores de vibrações são: · Máquinas-ferramentas (martelos pneumáticos e engenhos similares); · Máquinas de esmerilar, de rebarbar, de polir, de serrar, de aplainar etc.; · Ferramentas, peças e objetos associados às máquinas precedentes, nome- adamente em trabalhos de acabamento, de moldagem ou de modelagem. Efeito das vibrações Os efeitos da vibração no homem dependem, entre outros aspectos, das frequ- ências que compõem a vibração. As baixas frequências são as mais prejudiciais – de 1 até 80-100hz. Nessa faixa de frequência ocorre a ressonância das partes do corpo humano, que pode ser considerado um sistema mecânico complexo. Acima de 100hz, as partes do corpo absorvem a vibração, não ocorrendo ressonân- cia. O Quadro 1 exemplifica as alterações para o homem, dependendo da frequência. Quadro 1 – Efeitos da Vibração Baixa frequência Alta frequência De um modo geral V I B R A Ç Õ E S Alteração nos batimentos cardíacos; Contrações musculares; Dores abdominais, náuseas; Dores no peito; Perda de equilíbrio, Respiração curta. Aumento da frequência cardíaca; Cefaleia; Danificar o Sistema Nervoso Central autônomo; Fadiga, irritação; Impotência no aparelho reprodutor masculino; Problemas musculares e de coluna. Lentidão nos reflexos; Falta de concentração para o trabalho; Gastrites, ulcerações,; Degeneração paulatina do tecido muscular e nervoso; Apresentam, também, doença conhecida como dedo branco, que causa perda da capacidade de manipular e o tato nas mãos e nos dedos. Pressões Anormais As pressões anormais são aquelas acima ou abaixo dos níveis padrões de pressão ambiental em que o trabalhador fica exposto. Podem ser: a) Baixas pressões: a pressão atmosférica normal é de 1 atm ou 760 mmHg; quando a pressão no ambiente de trabalho está abaixo do nor- mal, considera-se um trabalho em baixas pressões; 14 15 b) Altas pressões (pressão hiperbárica): quando a pressão no ambiente de trabalho está acima da pressão normal. Por exemplo: caixões pneumáticos, compartimentos estanques instalados nos fundos dos mares, rios e represas. As Figuras a seguir mostram os trabalhos executados em pressões hiperbáricas. Construção de colunas de pontos: https://goo.gl/stXZmC Mergulhador executando manutenção em rede elétrica: https://goo.gl/VjWYEYExpl or Doenças causadas por pressões hiperbáricas Doença descompressiva Ocorre quando o mergulhador excede o limite de tempo ou de profundidade, ou os dois ao mesmo tempo, durante o trabalho que está exercendo. a.Sintomas Paralisia, fraqueza, choque, insensibilidade, formigamento, dificuldade respira- tória e dor nas articulações e membros. b. Formas de evitar A NR- 15 especifica que: · Os equipamentos deverão ser verifi cados por pessoal devidamente qualifi - cado quanto ao estado de conservação e as condições de operacionalidade; · Paradas (descompressão) durante a subida são fundamentais para permitir que o nitrogênio seja eliminado sem risco de causar formação de bolhas; · Submeter o trabalhador à Câmara Hiperbárica, que é um vaso de pressão especialmente projetado para a ocupação humana, no qual os ocupantes podem ser submetidos a condições hiperbáricas, sendo utilizada tanto para descompressão dos mergulhadores, quanto para tratamento de aci- dentes hiperbáricos; · Exames médicos periódicos previstos no Anexo 6 da NR 15, item 2.9.7: Radiações As radiações podem ser Ionizantes e Não Ionizantes. a. Radiações ionizantes: “são ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com alta velocidade e portando energia, eventualmente, carga elétrica e magnética, e que, ao interagirem, podem produzir variados efeitos sobre a matéria (CNEN, 2009). 15 UNIDADE Estudo das Doenças Provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos As radiações são consideradas ionizantes quando possuem a capacidade de ioni- zar, ou seja, quando possuem a capacidade de interagir com átomos neutros pelos quais ela se propaga. Elas ocorrem em hospitais e consultórios odontológicos que utilizam aparelho de RX, e também em fábricas de alimentos (ver Tabela 1). b. Radiações não-ionizantes: são consideradas quando não possuem energia suficiente para ionizar, ou seja, não possuem energia suficiente para arrancar elé- trons dos átomos do meio pelo qual estão se deslocando, mas, mesmo assim, têm o poder de quebrar moléculas e ligações químicas. A fonte mais conhecida é o Sol, os micro-ondas, as radiofrequências e os infravermelhos. Mas também podem ocorrer nas indústrias que desempenham atividades com solda.O efeitos da radiação estão elencadas na Tabela 1. Tabela 1 – Efeitos da radiação Radiação Efeitos No organismo Ionizante. Queimaduras. Queda de cabelo; Câncer; Radiodermite. Não-ionizante. Calor. Queimadas; Câncer de pele. Soldas. Calor. Queimaduras. Umidade e Calor Umidade É a quantidade de água existente no ambiente de trabalho e fica caracterizada quando o trabalhador fica exposto a ambientes alagados ou encharcados. As consequências da umidade no organismo humano estão apresentadas na Tabela 2. Tabela 2 – Consequências da umidade Umidade Atividade/locais Consequências Lavanderias; Lava a Jato; Frigoríficos; Cozinhas; Pesca; Areais (drenagem). Doenças respiratórias; Doenças de pele; Quedas; Doenças circulatórias. 16 17 Umidade O trabalho em locais muito quentes provoca desconforto térmico e o corpo, por meio da sudorese, tenta equilibrar a temperatura interna. Dessa forma, o trabalho em ambientes com exposição ao calor pode provocar alterações no metabolismo e causar diversos efeitos danosos ao organismo. Consequências do calor: desidratação, erupções na pele, câimbras, fadiga físi- ca, distúrbios psiconeuróticos, problemas cardiocirculatórios e insolação. Consequências do frio: ocorrem rachaduras e necroses na pele, o trabalhador fica congelado e, consequentemente, ocorre o agravamento de doenças reumáticas e respiratórias. Riscos Químicos São causados por agentes químicos, sólidos, líquidos ou gasosos. Os mais comuns no nosso país são as poeiras, os fumos, as névoas, os gases, os vapores, as neblinas e os compostos ou produtos químicos, em geral, que estão dispersos no ar (aerodispersoides). As poeiras de sílica, asbesto ou carvão minerais podem causar doenças graves como a Silicose, Asbestose e doenças pulmonares. Os fumos oriundos de metais utilizados em soldagem como óxido de ferro e zinco podem causar doenças pulmonares graves. As névoas, que são substâncias líquidas em estado de vapor, como tintas pressuri- zadas ou em embalagens spray, também podem ocasionar problemas respiratórios. Os gases e os vapores de nafta, gasolina, naftalina e outras substâncias químicas dispersas no ar, podem causar irritações, asfixia e problemas respiratórios a traba- lhadores de postos de gasolina e indústrias que utilizam esses solventes. Substâncias anestésicas como butano, propano, aldeídos, cetonas, cloreto de car- bono, tricloroetileno, benzeno, tolueno, álcoois, perclorotileno, xileno e outros, po- dem causar ação depressiva no organismo dos trabalhadores afetados. Riscos Biológicos São aqueles que incluem infecções agudas ou crônicas, parasitoses, reações tó- xicas ou alérgicas. Esses riscos podem penetrar no corpo humano através da pele, pela ingestão de alimentos contaminados ou por vias respiratórias. Por exemplo: · Cutânea (pele): a leptospirose – contato com águas contaminadas pela urina do rato; · Digestiva: salada de maionese contaminada; · Respiratória: pneumonia. 17 UNIDADE Estudo das Doenças Provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos Medidas de controle a) As mais comuns são: saneamento básico (água e esgoto), controle mé- dico permanente, uso de EPI; higiene rigorosa nos locais de trabalho, hábitos de higiene pessoal, uso de roupas adequadas, vacinação, treina- mento, sistema de ventilação/exaustão. Riscos Ergonômicos São considerados o esforço físico, o levantamento de peso, a postura inadequa- da, o controle rígido de produtividade, a situação de estresse, os trabalhos em pe- ríodo noturno, a jornada de trabalho prolongada, a monotonia e a repetitividade, a imposição de rotina intensa. A Ergonomia ou a Engenharia Humana é uma ciência relativamente recente, que estuda as relações entre o homem e seu ambiente de trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define a Ergonomia como: [...] a aplicação das ciências biológicas humanas em conjunto com os re- cursos e técnicas da engenharia para alcançar o ajustamento mútuo, ideal entre o homem e seu trabalho, e cujos resultados se medem em termos de eficiência humana e bem-estar no trabalho. Eles podem gerar distúrbios a. Psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à saúde do trabalha- dor, pois produzem alterações no organismo e no estado emocional, comprometendo a produtividade, a saúde e a segurança. Por exemplo: cansaço físico, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doenças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna etc. Riscos de Acidentes São considerados como riscos geradores de acidentes: arranjo físico deficiente, má- quinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, eletrici- dade, incêndio ou explosão, animais peçonhentos, armazenamento inadequado. Arranjo físico deficiente É resultante de: prédios com área insuficiente, localização imprópria de máqui- nas e equipamentos, má-arrumação e limpeza, sinalização incorreta ou inexistente, pisos fracos e/ou irregulares. Máquinas e equipamentos sem proteção, Máquinas obsoletas, máquinas sem proteção em pontos de transmissão e de operação,comandos de liga/desliga fora do alcance do operador máquinas, equipamentos com defeitos ou inadequados; 18 19 EPI inadequado ou não fornecido · Ferramentas inadequadas ou defeituosas; · Ferramentas usadas de forma incorreta, falta de fornecimento de ferra- mentas adequadas, falta de manutenção. 19 UNIDADE Estudo das Doenças Provocadas pelos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Doença ocupacional: psicanálise e relações de trabalho DURAND, Marina. Doença ocupacional: psicanálise erelações de trabalho. São Paulo: Escuta, 2000 NR-7 e NR-9 BRASIL. Ministério do Trabalho. NR-7 e NR-9. FUNDACENTRO Segurança e Medicina do Trabalho BRASIL. Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978 NR – 5. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. In: Segurança e Medicina do Trabalho. 29. ed. São Paulo: Atlas, 1995. 489 p. Leitura Norma Regulamentadora 9: programa de prevenção de riscos ambientais BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 9: programa de prevenção de riscos ambientais. Portaria SSST nº 25 de 29/12/1994. https://goo.gl/hm3QDr 20 21 Referências BRASIL. Ministério da saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília. 2001. Disponível em: < http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_trabalho1.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017. ______. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora – NR 5: comissão interna de prevenção de acidentes. Disponível em: <http://www.mte. gov.br/legislação/normas_regulamentadoras/nr_5>. Acesso em: 22 set. 2017. MARQUES, Christiane. A proteção ao trabalho penoso. São Paulo: LTR, 2007. MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2ed. 2001 MORAES, Márcia Vilma G. Doenças Ocupacionais: agentes físico, químico, biológico, ergonômico. São Paulo. Érica, 2010. RENÉ, Mendes. Patologia do trabalho. 2.ed. São Paulo. Atheneu, 2007. 21