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Doenças Ocupacionais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Solange de Fátima Azevedo Dias Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Limites de Tolerância • Limites de Tolerância e Exposição aos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos; • Limites de Tolerância dos Trabalhadores; • Como Definir os Lt; • Limites de Tolerância por Tipo de Atividade. · Conhecer as doenças que apresentam ou não limites de tolerância. OBJETIVO DE APRENDIZADO Limites de Tolerância Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Limites de Tolerância Limites de Tolerância e Exposição aos Agentes Físicos, Químicos e Biológicos O significado da palavra tolerância deriva do latim tolerare (sustentar, suportar). Sendo assim, pode ser entendida como o grau de aceitação diante de um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física. O grau de aceitação varia de pessoa para pessoa. Uma determinada família com filhos tem vida social, filhos com vida escolar e pais na vida profissional. O convívio social leva os membros da família a experiências múltiplas, com outros membros da sociedade, e a perceber que cada membro pode ter carac- terísticas individuais relacionadas ao meio e outras de caráter genético, que diferenciam uns dos outros. Na NR 15, temos a seguinte definição: “Entende-se por ‘Limite de Tolerância’ a concentração ou intensidade máxima ou mínima relacionada à natureza e ao tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.” Os limites de exposição são baseados em informações científicas oriundas da combinação de experiências industriais, experiências em humanos e estudos em animais. As individualidades de cada pessoa podem ser percebidas na Sociedade e no meio familiar, diferenciando cada indivíduo e limitando alguns aspectos mais em um do que em outros. Dessa forma, numa mesma família, mesmo ambiente e pessoas geneticamente parecidas, é possível encontrar limites pessoais diferentes e que podem variar de acordo com a experiência pessoal de cada indivíduo. Pode-se concluir, assim, que não existem limites iguais, fixos e comuns. Cada indivíduo, mesmos os geneticamente idênticos, pode apresentar limites diferentes para alguns aspectos sociais, de saúde física, mental e psicossocial. O Limite de Tolerância de uma pessoa a alguma característica determinada pode ser completamente diferente do de outra pessoa. Esse limite tem como objetivo a manutenção da individualidade e a inclusão do indivíduo na Sociedade. Assim, a tolerância pode ser considerada um bem ou um mal, dependendo de cada indivíduo. Nesse contexto social, o Limite de Tolerância pode ser analisado pelo ramo da Psicologia, mas, no profissional, ele é analisado de forma qualitativa e ou quantitativa. O Limite de Tolerância (LT) pode, também, ser definido como a intensidade (concentração) máxima, relacionada à natureza e ao tempo de exposição ao agen- te físico ou químico, que não causará danos à saúde da maioria dos trabalhadores expostos, durante sua vida laboral. 8 9 Não há como trabalhar com LT sem mencionar os riscos dos agentes já estudados na Unidade anterior, que são avaliados pela Higiene do Trabalho que, como Ciência e Arte, dedica-se ao reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais (químicos, físicos, biológicos e ergonômicos) presentes nos locais de trabalho. Segundo a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH – Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais, 2012), a Higiene Industrial é uma Ciência que se preocupa com a prevenção, a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos fatores ambientais e estresses, desde que sejam oriundos do trabalho. Segundo a American Industrial Hygiene Association (AIHA – Associação Americana de Higiene Industrial, 2012), é a Ciência e Arte dedicada ao reconhe- cimento, à avaliação, à prevenção e ao controle dos fatores ambientais, tensões emanadas ou provocadas pelo local de trabalho que podem ocasionar enfermida- des, prejudicar a saúde e o bem-estar ou causar desconforto significativo entre os trabalhadores ou os cidadãos da comunidade. No Brasil, os LT de agentes químicos, na NR-15, não são atualizados há mais de 40 anos, pois são os mesmos da ACGIH, de 1978. Além disso, temos, apro- ximadamente, 250 LT e a ACGIH tem em torno de 650 LT, que são atualizados todos os anos. Contudo, a NR-9 determina que, quando não houver LT para exposição dos trabalhados na NR-15, pode-se utilizar os limites citados na ACGIH: [...] quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes, os valores limites de exposição ocupacional adota- dos pela ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico- -legais estabelecidos. Fonte: https://goo.gl/s3VMWB Por exemplo, no Brasil, não existe LT para exposição à gasolina. Na ACGIH, esse LT é encontrado com valor de 1000 mg/por m2. Sendo assim, no país, utiliza-se esse LT. Importante! Os LT para a NR-15 são para 48 h de trabalho semanais e os lT da ACGIH são para 40 horas semanais. Então, não se pode utilizar diretamente os LT da ACGIH no Brasil, sendo necessária uma transformação por meio da fórmula de Briefscala. Importante! 9 UNIDADE Limites de Tolerância Limites de Tolerância dos Trabalhadores Nas atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam expostos a algum agente químico ou físico, a caracterização de LT ocorrerá quando forem ultrapas- sados os Limites de Tolerância. Uma substância, ou mistura de substâncias, que interage com os seres vivos ou o meio ambiente, produzindo efeitos ou impactos adversos ou nocivos, pode ser considerada agente. Os LT fornecem orientações para estabelecer níveis aceitáveis de exposi- ção e seu controle. A exposição acima dos limites requer medidas corretivas imediatas; porém, é necessário que seja feita uma avaliação criteriosas dos resultados, pois eles podem apresentarinúmeras variáveis a serem consideradas. Um agente tem características e efeitos específicos de acordo com sua natureza, e uma avaliação de exposição deve, em primeira instância, considerar a identifica- ção do agente presente e as possíveis consequências dessa exposição. Para legitimar a avaliação, alguns pontos são considerados relevantes: a) Tempo de exposição: quanto maior for o tempo de exposição, maio- res serão as possibilidades de se produzir uma doença ocupacional. O tempo real de exposição será determinado considerando a análise da tarefa desenvolvida pelo trabalhador. Essa análise deve incluir estu- dos, tais como, tipo de atividade e suas particularidades, movimento do trabalhador ao efetuar o seu serviço, jornada de trabalho e descanso. Devem ser consideradas todas as suas possíveis variações durante a jor- nada de trabalho, de forma a subsidiar o dimensionamento da avaliação quantitativa da exposição. O link abaixo mostra uma Cadeia Frigorífica. Cadeia Frigorífica. Acesse em: https://goo.gl/r23ZLc. Ex pl or b) Concentração ou intensidade do agente: quanto maior a concen- tração ou a intensidade dos agentes agressivos presentes no ambiente de trabalho, maior será a possibilidade de efeitos nocivos à saúde dos trabalhadores. É necessário que sejam feitas medições de temperatura e outras variáveis para verificar se é realmente um agente químico que está causando o problema. A Figura 1 mostra um colaborador num ambiente de trabalho com temperaturas elevadas. 10 11 Figura 1 – Trabalhador num ambiente de trabalho a altas temperaturas Fonte: iStock/Getty Images c) Suscetibilidade individual: a complexidade do organismo humano im- plica que a resposta do organismo a um determinado agente pode variar de indivíduo para indivíduo. Portanto, a suscetibilidade individual é fator importante e os Limites de Tolerância não devem ser considerados 100% seguros. Os controles fi xados a 50% dos Limites de Tolerância devem ser prioritários. Veja no link abaixo um trabalhador que sofre com diferentes temperaturas no ambiente de trabalho. Ambiente de trabalho em diferentes temperaturas. Acesse em: https://goo.gl/Cov9W2 . Ex pl or d) Sinergismo: nos locais de trabalho, pode haver exposição simultânea a mais de um agente, originando exposições combinadas e interações en- tre elas, modifi cando os agentes. As consequências para a saúde da ex- posição a um determinado agente só podem diferir, consideravelmente, das consequências da exposição a esse mesmo agente em combinação com os outros, particularmente se houver sinergismo ou potenciação dos efeitos. Por exemplo: duas ou mais substâncias perigosas com efei- tos toxicológicos devem ter, prioritariamente, analisados seus efeitos combinados e não os efeitos produzidos individualmente. O link abaixo mostra um trabalhador exposto a diferentes substâncias que estão ar- mazenadas dentro do tambor. Trabalhador exposto a diferentes substâncias: Acesse em: https://goo.gl/u9qWDC. Ex pl or 11 UNIDADE Limites de Tolerância Como Definir os LT Para definir o LT de um agente, são necessárias as seguintes etapas: a) Avaliação do risco à saúde; b) Caracterização de nexo causal para doenças diagnosticadas; c) Caracterização de insalubridade para fins de pagamento de adicio- nal de salário. Avaliação do Risco à Saúde • Etapas básicas: » Reconhecimento do risco (ou identificação); » Avaliação das exposições e do risco; » Julgamento da aceitabilidade do risco (critérios técnicos); » Proposição de ações (controle ou monitorização). Caracterização de Nexo Causal • Etapas básicas: » Caracterização dos efeitos adversos; » Formulação de hipóteses para direcionar a investigação; » Coleta de informações e caracterização de exposições; » Julgamento profissional: estabelecimento de relação causal entre expo- sições e efeitos. Limites de Tolerância por Tipo de Atividade Agentes Físicos a) Limites de Tolerância para Exposição dos Funcionários ao Calor Os efeitos do calor no organismo humano ocorrem quando o calor que o orga- nismo passa para o ambiente é menor que o recebido pelo metabolismo total, ou seja, do ambiente. O nome desse fenômeno é hipertermia, e causa diversos efeitos no corpo: va- sodilatação periférica, ativação das glândulas sudoríparas, aumento de temperatura corporal, desidratação, exaustão, câimbras e choque térmico. 12 13 Existem cálculos que podem ser feitos para controle do limite de exposição ao calor. O mais comum se chama índice de Bulbo Úmido Termômetro do Globo, ou IBUTG. Para definir se a quantidade de calor a que o trabalhador está exposto está de acordo com Portaria 3.214/78 – NR-15 – Anexo nº3 – Regime de Trabalho Inter- mitente, com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço, ob- serve o conteúdo do Quadro 1, que apresenta os períodos de descanso: tempo de serviço para todos os efeitos legais e o tipo de atividade (leve, moderada ou pesada) Quadro 1 – Regime de Trabalho REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO (por hora) TIPO DE ATIVIDADE LEVE MODERADA PESADA Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0 45 minutos trabalho 15 minutos descanso 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 minutos trabalho 30 minutos descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 minutos trabalho 45 minutos descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho, sem a adoção de medidas adequadas de controle acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0 Fonte: https://goo.gl/VXJDu8 A Portaria 3.214/78 – NR-15 – Anexo nº 3 define os LT para Exposição ao Calor. O Quadro 2 mostra esses Limites de Tolerância, dependendo do tipo de trabalho. Quadro 2 – Limites de Tolerância para Exposição ao Calor (Tipo de atividade) M (Kcal/h) MÁXIMO IBUTG 175 30,5 200 30,0 250 28,5 300 27,5 350 26,5 400 26,0 450 25,5 500 25,0 Fonte: https://goo.gl/9GpxWG A Portaria 3.214/78 – NR-15 – Anexo nº 3 apresenta os LT para Regime de Trabalho Intermitente, com período de descanso em outro local (de descanso). O local de descanso é um ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve. O Quadro 3 mostra a relação de atividade x quantidade de calorias perdidas durante a atividade. 13 UNIDADE Limites de Tolerância Quadro 3 – Tipo de atividade e quantidade de calorias queimadas por hora TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h SENTADO EM REPOUSO 100 TRABALHO LEVE · Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (por exemplo: digitador); · Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (por exemplo: dirigir); · De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 125 150 150 TRABALHO MODERADO · Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas; · De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação; · De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação; · Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 180 175 220 300 TRABALHO PESADO · Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (por exemplo: remoção com pá); · Trabalho fatigante. 440 550 Fonte: https://goo.gl/Foa4o5 b) Pressões anormais Atividades exercidas a pressões abaixo (hipobárica) e acima (hiperbárica) da pressão atmosférica normal são denominadas atividades sob pressões anormais. A Legislação NR-15 (1978c), em seu Anexo 6.3.1.1.1, define que atuam a baixas pressões os trabalhadores que exercem atividades em grandes altitudes (raro no Brasil). Já a pressão hiperbárica ocorre em atividades executadas por mergulhadores e em trabalhos em tubulões de ar comprimido (escavações abaixo do nível do lençol de água), em que a pressão, acima do normal, tem a finalidade de evitar, principalmente, a entrada de água, como mostra a Figura 2. Figura 2 – Trabalho sob pressão hiperbárica. Fonte: abraetd.org.br 14 15 Na Figura 2, você observa a execução de uma tubulação para a colocação do concreto abaixo do nível normal 1atm (uma atmosfera),que gera sobre o trabalha- dor uma pressão anormal hiperbárica. Você pode assistir ao vídeo “Mostrando um Tubulao com água antes da compressão “ e observar todos os passos de construção de um tubulão. Acesse em: https://youtu.be/TZ6-hyZUlfs. Ex pl or Outro tipo de trabalho em condições anormais de pressão é o de mergulhadores, por exemplo. A profundidade, o tempo de mergulho e a velocidade de subida são parâmetros de controle essenciais para evitar as doenças descompressivas e os acidentes como barotraumas, embolias, embriaguês das profundidades (saturação por N2), afogamentos, intoxicação pelo oxigênio e intoxicação pelo gás carbônico. O trabalhador não poderá sofrer mais de uma compressão num período de 24 horas; c) Radiações ionizantes Caracterizam-se por radiações que produzem a ionização do átomo, ou seja, numa linguagem acessível, que dividem o átomo. São normalmente utilizadas em radioterapia, tomografia, datação de fósseis (carbono 14) e outros. A Figura 3 mostra os diferentes tipos de radiação e o grau de penetração. As partículas Alfa podem ser facilmente detidas, até mesmo por uma folha de papel alumínio. As partículas beta ultrapassam uma folha de papel alumínio; porém, são detidas por um pedaço de madeira, e não ultrapassam nossa pele. Já as partículas gama ultrapassam papel, osso, placas de aço e chumbo; são detidas somente por uma parede grossa de concreto ou por uma chapa grossa de algum tipo de metal, podendo ser nocivas à saúde humana. Esse tipo de partícula é usado para esterilizar equipamentos médicos e alimentos. » Raios X Esses raios atravessam corpos que, para a luz habitual, são opacos. Por isso, com o auxílio dos Raios X é possível obter uma fotografia dos órgãos internos do homem. Nessas fotografias, distinguem-se bem os ossos do esqueleto e se detec- tam diferentes deformações dos tecidos; » Radioterapia Consiste na utilização da radiação gama, Raios X ou feixes de elétrons para o tratamento de tumores, eliminando células cancerígenas e impedindo o seu cres- cimento. O tratamento consiste na aplicação programada de doses elevadas de radiação, com a finalidade de atingir as células cancerígenas, causando o menor dano possível aos tecidos sadios; » Braquiterapia Trata-se de radioterapia localizada para tipos específicos de tumores e em locais específicos do corpo humano. Para isso, são utilizadas fontes radioativas emissoras 15 UNIDADE Limites de Tolerância de radiação gama de baixa e média energia, com a vantagem de afetar mais pre- cisamente as células cancerígenas e danificar menos os tecidos e os órgãos sadios; » Radioisótopos São tratamentos medicamentosos que contêm radioisótopos que são adminis- trados ao paciente por meio de ingestão ou injeção, com a garantia da sua deposi- ção preferencial em determinado órgão ou tecido do corpo humano. Por exemplo, isótopos de iodo para o tratamento do cancro na tiróide; » Radiografia A Radiografia é uma imagem obtida por um feixe de Raios X ou Raios gama, que atravessa a região de estudo e interage com uma emulsão fotográfica ou tela fluorescente. Não se deve tirar radiografias com muita frequência, mas o risco de dano é maior para o operador, que executa rotineiramente muitas radiografias por dia. Deve-se ficar o mais distante possível, no momento do disparo do feixe, ou protegido por um biombo com blindagem de chumbo; » Tomografia Consiste em ligar um tubo de Raios X a um filme radiográfico por um braço rígido que gira ao redor de um determinado ponto, situado num plano paralelo à película. Assim, durante a rotação do braço, produz-se a translação simultânea do foco (alvo) e do filme. Obtêm-se imagens de planos de cortes sucessivos, como se fossem fatias seccionadas, por exemplo, do coração; » Mamografia A imagem é obtida com o uso de um feixe de Raios X de baixa energia, produ- zidos em tubos especiais, após a mama ser comprimida entre duas placas. O risco associado à exposição à radiação é mínimo, principalmente, quando comparado ao benefício obtido. Como vimos, o tipo de radiação define os diferentes problemas de saúde ou solução para eles. A Figura 3 mostra de que forma os diferentes tipos de radiação ionizante atuam sobre os materiais e o corpo. Figura 3 – Poder de penetração das diferentes radiações ionizantes Fonte: bioinfo.ufc.br 16 17 Formas de Evitar Problemas de Saúde por Radiação Para reduzir os riscos de o trabalhador sofrer os efeitos da radiação, inicia-se pela: • Avaliação de risco, planejamento correto das ações a serem tomadas e utiliza- ção de instalações e de práticas corretas; • Diminuição da magnitude das doses individuais, do número de pessoas expostas e da probabilidade de exposições acidentais; • O tempo de exposição é calculado por: » Dose – tempo de exposição x velocidade da dose. • A intensidade da radiação decresce com o quadrado da distância, ou seja: D1/D2 = (d1/d2) 2 Para avaliar a quantidade de exposição a radiações ionizantes, utiliza-se o Coulomb/quilograma (C/kg) ou o Roentgen (R); para avaliação da dose absorvida, utilizamos o Gray (Gy) ou o Rad; para avaliação da dose equivalente o Sievert (Sv) ou o Rem; e para expressar a atividade de uma fonte, utilizamos o Becquerel (Bq) ou Curie (Ci). O controle da exposição é efetuado por isolamento da radiação (enclausuramento, barreiras de concreto ou chumbo); d) Ruído Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para fins de aplicação de Limi- tes de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. Os níveis de ruído con- tínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador e os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os Limites de Tolerância. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário, será considerada a máxima exposição diária permissí- vel relativa ao nível imediatamente mais elevado. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados; e) Calor A exposição ao calor deve ser avaliada por meio do “Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo – IBUTG”; f) Vibrações A avaliação da exposição ocupacional à vibração em mãos e braços deve ser feita utilizando Sistemas de Medição que permitam a obtenção da aceleração re- sultante de exposição normalizada (aren), parâmetro representativo da exposição diária do trabalhador. O nível de ação para a avaliação da exposição ocupacional diária à vibração em mãos e braços corresponde a um valor de aceleração resultan- te de exposição normalizada (aren) de 2,5 m/s2. O limite de exposição ocupacional diária à vibração em mãos e braços corresponde a um valor de aceleração resultan- 17 UNIDADE Limites de Tolerância te de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2. O nível de ação para a avaliação da exposição ocupacional diária à vibração de corpo inteiro corresponde a um valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 0,5m/s2, ou ao valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 9,1m/s1,75. O limite de exposição ocupacional diária à vibração de corpo inteiro corresponde ao valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s2; ou valor da dose de vibra- ção resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75. Agentes Químicos A presença de agentes químicos no ambiente de trabalho oferece risco à saúde dos trabalhadores. Entretanto, o fato de estarem expostos a esses agentes agressivos não implica, obrigatoriamente, que esses trabalhadores venham a contrair uma doença do trabalho. A NR-15 define os LT para Agentes Químicos e todos os valores fixados para absorção, apenas por via respiratória. Os valores fixados como “Asfixiantes Simples” determinam que, nos ambientes de trabalho em presença dessas substâncias, a concentração mínima de oxigênio deverá ser 18 (dezoito) por cento em volume. Para atividades nas quais os colaboradores ficarem expostos a agentesquímicos, deve-se observar os LT do Quadro 4, a seguir. Quadro 4 – Limites de Tolerância (Agentes Químicos) L.T. F.D. (pp, ou mg/m³) 0 a 1 3 1 a 10 2 10 a 100 1,5 100 a 1000 1,25 acima de 1000 1,1 Fonte: elaborado pela própria autora com base na NR-15 A tabela encontrada no link mostra todos os limites de TL para os diversos tipos de agentes químicos. Acesse em: https://goo.gl/Rm3jgy.Ex pl or Todos os valores fixados no Quadro 4 – Limites de Tolerância – Agentes Quími- cos são válidos para absorção por via respiratória e asfixiantes simples, nos quais a concentração mínima de oxigênio deverá ser 18% (dezoito) em volume. 18 19 a) Asbesto Aplica-se a todas e quaisquer atividades nas quais os trabalhadores estão expos- tos ao asbesto no exercício do trabalho. Entende-se por “asbesto”, também deno- minado amianto, a forma fibrosa dos silicatos minerais pertencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas. Como no Brasil o uso de amianto está proibido, não há LT; b) Sílica Livre Cristalizada O Limite de Tolerância, expresso em milhões de partículas por decímetro cúbico, é dado pela seguinte fórmula: L.T. = mppdc (milhões de partículas por decímetro cúbico)8,5 % quartzo + 10 Figura 4 Essa fórmula é válida para amostras tomadas com impactador (impinger) no nível da zona respiratória e contadas pela técnica de campo claro. A porcentagem de quartzo é a quantidade determinada por meio de amostras em suspensão aérea. O Limite de Tolerância para poeira respirável, expresso em mg/m3, é dado pela seguinte fórmula: L.T. = mg/m�8 % quartzo + 2 Figura 5 O Limite de Tolerância para poeira total (respirável e não respirável), expresso em mg/m3, é dado pela seguinte fórmula: L.T. = mg/m�24 % quartzo + 3 Figura 6 Importante! • Sempre será entendido que “Quartzo” signifi ca Sílica Livre Cristalizada; • Os Limites de Tolerância fi xados são válidos para jornadas de trabalho de até 48 (quarenta e oito) horas por semana, inclusive; • Fica proibido o processo de trabalho de jateamento que utilize areia seca ou úmida como abrasivo. Importante! 19 UNIDADE Limites de Tolerância c) Manganês e seus compostos O Limite de Tolerância para as operações com manganês em extração, trata- mento, moagem, transporte do minério ou, ainda, a outras operações com expo- sição a poeiras do manganês ou de seus compostos é de até 5mg/m3 no ar, para jornada de até 8 (oito) horas por dia. O LT para operações com manganês e seus compostos referente à metalurgia de minerais de manganês, fabricação de com- postos de manganês, fabricação de baterias e pilhas secas, fabricação de vidros es- peciais e cerâmicas, fabricação e uso de eletrodos de solda, fabricação de produtos químicos, tintas e fertilizantes ou, ainda, outras operações com exposição a fumos de manganês ou de seus compostos é de até 1mg/m3 no ar, para jornada de até 8 (oito) horas por dia; d) Benzeno Como o benzeno é proibido no Brasil, o Valor de Referência Tecnológico – VRT se refere à concentração de benzeno no ar considerada exequível do ponto de vista técnico: • 1,0 (um) ppm para as Empresas abrangidas (com exceção das Empresas Siderúrgicas, as produtoras de álcool anidro e aquelas que deverão substituir o benzeno a partir de 1º.01.97); • 2,5 (dois e meio) ppm para as Empresas Siderúrgicas. Agentes Biológicos São considerados agentes de riscos biológicos: vírus, bactérias, parasitas, proto- zoários, fungos e bacilos. Os riscos biológicos ocorrem por meio de microorganis- mos que, em contato com o homem, podem provocar inúmeras doenças. Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais riscos. É o caso das Indústrias de Alimentação, Hospitais, Limpeza Pública (coleta de lixo), La- boratórios e outros. Os agentes biológicos são divididos em 4 classes: • Classe 1 – Agentes que não apresentam riscos para o manipulador, nem para a comunidade (por exemplo: E. coli, B. subtilis); • Classe 2 – Agentes que apresentam risco moderado para o manipulador e fraco para a comunidade e para os quais há sempre um tratamento preventivo (por exemplo: bactérias – Clostridium tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus – EBV, herpes, fungos, Candida albicans; parasitas – Plasmodium, Schistosoma); • Classe 3 – Agentes que apresentam risco grave para o manipulador e moderado para a comunidade, sendo que as lesões ou os sinais clínicos são graves e nem sempre há tratamento (por exemplo: bactérias – Bacillus anthracis, Brucella, 20 21 Chlamy diapsittaci, Mycobacterium tuberculosis; vírus – hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre amarela, dengue; fungos – Blastomyces dermatiolis, Histoplasma; parasitas – Echinococcus, Leishmania, Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi); • Classe 4 – Agentes que apresentam risco grave para o manipulador e para a comunidade, para os quais não existe tratamento e os riscos, em caso de propa- gação, são bastante graves (por exemplo: vírus de febres hemorrágicas). Os Agentes Biológicos apresentam somente classificação qualitativa. Dessa for- ma, não há Limites de Tolerância para Riscos Biológicos. 21 UNIDADE Limites de Tolerância Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Fundacentro BRASIL. Ministério do Trabalho. NR-7 e NR-9. https://goo.gl/PJozSf NR 15 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES https://goo.gl/suj2kz Livros Doença ocupacional: psicanálise e relações de trabalho DURAND, Marina. Doença ocupacional: psicanálise e relações de trabalho. São Paulo: Escuta, 2000. Ergonomia: projeto e produção IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. Leitura Computed tomographic evaluation of silicosis and coal workers’ pneumoconiosis REMY-JARDIN et.al. Computed tomographic evaluation of silicosis and coal workers’ pneumoconiosis, RadiolClin North Am., v.30, n.6, p. 1155-76, 1992. NR15 - Insalubridade https://goo.gl/B4MJZu 22 23 Referências ALI, S. A. Dermatoses ocupacionais. São Paulo: FUNDACENTRO, 2001. BARROS, M. H. B.; RESENDE, L. M. A Ergonomia e o Conhecimento Científico: uma Análise Temática a partir das Publicações do ENEGEP orientadas para o Desenvolvimento Sustentável. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2008, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: 2001. BRASIL. Ministério do Trabalho. NR-7 e NR-9. Disponível em: <http://www. fundacentro.gov.br/>. Acesso em: 21 set. 2017. DURAND, Marina. Doença ocupacional: psicanálise e relações de trabalho. São Paulo: Escuta, 2000. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. MARQUES, Christiane. A proteção ao trabalho penoso. São Paulo: LTR, 2007. MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2.ed. 2001. MORAES, Márcia Vilma G. Doenças Ocupacionais: agentes físico, químico, biológico, ergonômico. São Paulo. Érica, 2010. REMY-JARDIN et. al. Computed tomographic evaluation of silicosis and coal workers’ pneumoconiosis, RadiolClin North Am., v.30, n.6, p. 1155-76, 1992. RENÉ, Mendes. Patologia do trabalho. 2. ed. São Paulo. Atheneu, 2007. 23