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Amanda Rocha 1 Cirrose Hepatica • A cirrose hepática resulta da interrelação entre diversos fatores etiológicos, que atuam ao longo dos anos, tais como: ø Morte e regeneração celular; ø Degradação e formação anormal da matriz extracelular; • Trata-se de um processo caracterizado por formações de fibrose difusa, além de micro e macronódulos, estabelecendo alteração da arquitetura normal do parênquima; • A cirrose hepática é um grave problema de saúde pública, com grandes custos para o sistema e saúde; • Nos EUA, a doença é responsável por 150 mil hospitalizações anuais e com gastos que chegam a 4 bilhões de dólares; • Tem distribuição irregular no mundo e não há distinção por sexo e etnia; • No Brasil, de acordo com o DataSUS, entre 2001-2010, ocorreram 853,571 hospitalizações por cirrose; APG 12 – “Sob alta pressão” Amanda Rocha 1. Compreender a etiologia, epidemiologia, fatores de risco, fisiopatologia, manifestações clínicas da cirrose hepática e hipertensão portal; è Cirrose compensada e descompensada; 2. Entender o diagnóstico e tratamento da cirrose hepática e hipertensão portal; è Pré, intra e pós-hepática; 3. Discutir os impactos do uso abusivo de álcool; Introdução Epidemiologia Amanda Rocha 2 • A taxa de mortalidade foi de 3,34%. Entretanto, essa estimativa é subestimada, devido à escassez de dados, e a cirrose hepática é a 14º causa de morte em adultos em todo o mundo; • Na Europa é a 4ª causa de morte em adultos, e nos EUA, a 9ª; • A maioria das doenças crônicas do fígado associa-se a contínua fibrogênese, resultante da lesão dos hepatócitos, com consequente acúmulo de proteínas da MEC; • A células endotelias, células de Kupffer, células dos sinusoides do espaço de Disse participam desse processo de lesão hepática; • Com a perpetuação da agressão, ocorre capilarização dos sinusoides (eles perdem suas fenestrações, o que afeta as trocas gasosas entre o sangue e os hepatócitos); • Além desse dano no sinusoides, as células estreladas tornam-se miofibroblastos, se contraindo e diminuindo o diâmetro dos sinusoides, explicando o motivo da cirrose poder evoluir com hipertensão portal-intra-hepática; • As células de Kupffer, ao sofrerem injúrias, passam a secretar citocinas inflamatórias (IL-1, fator de necrose tumoral, PGs), que agem nas células de Ito (que produzem vit. K, mas passam a sintetizar colágeno); • Baseia-se, principalmente, no diâmetro dos nódulos de regeneração e espessura dos septos fibrosos, gerando 3 tipos de cirrose: ø Micronodular – representada por nódulos pequenos (até 3mm de diâmetro), com pouca variação de tamanho, uniformes, sendo sempre observados septos finos de até 2mm, que os separam e envolvem todo o lóbulo; ø Macronodular – representada por septos de tamanhos variados, com nódulos atingindo diâmetros entre 3-30mm, multilobulares, com deformação grosseira do fígado; ø Mista – representada pela conexistência, em um mesmo paciente, de micro e macronódulos; u Infecciosa: • Hepatites B, C e D; • A perpetuação, por anos, de lesão celular imunomediada mostra-se responsável pela instalação de hepatite crônica e cirrose em portadores desses vírus; Patogenia Classificação Anatômica Classificação Etiológica Amanda Rocha 3 u Hepatite Autoimune: • Inflamação do fígado de causa desconhecida, que se caracteriza por hepatite periporta (necrose periférica), proeminente infiltrado inflamatório e infiltração dos espaços portais por plasmócitos; • Toda essa evolução tem relação com a citotoxicidade imunocelular mediada por anticorpos, que atacam proteínas normais de membranas hepatocíticas, onde autoantígenos específicos encontram-se hiper expressos. • Cerca de 36% dos pacientes, mesmo tratados com imunossupressores, evoluirão para cirrose em 6 anos, a partir do diagnóstico; u Alcoólica: • Mecanismos de agressão hepatocelular em pacientes com ingesta excessiva de álcool (>80g/dia), estão relacionados com a predisposição genética, estado hipermetabólico de hepatócitos centrolubulares, em que se ocorre maior produção de colágeno pelas células de Ito; • Os radicais livres de oxigênio, reduzidas defesas antioxidantes e agressão exercida por citocinas, com ação mediada por células de Kupffer, fazem parte desse processo; • Os doentes evoluem com lesões nefróticas focais dos hepatócitos, inflamação, acúmulo de proteínas celulares, esteatose, fibrose e regeneração micro nodular, com instalação de cirrose e risco de evolução para carcinoma hepatocelular; u Obstrução Biliar: • A colangite crônica destrutiva não supurativa é uma doença crônica do fígado, resultante da agressão imunológica desenvolvida por linfócitos citotóxicos sobre o epitélio dos ductos biliares, causando lesão hepatocelular e colestase progressiva; Amanda Rocha 4 • A colangite esclerosante primária, é uma doença crônica, de etiologia desconhecida, cujos aspectos histológicos são representados por inflamação de ducto biliar e fibrose • A atresia de vias biliares, é uma doença idiopática, representada por obliteração completa, localizada ou difusa dos ductos biliares, a partir do hilo até o duodeno. Essa obstrução ao fluxo biliar leva ao aparecimento de fibrose gradual, destruição de estruturas biliares intra e extra- hepáticas; • A fibrose cística é a desordem generalizada das glândulas exócrinas, herdada como padrão autossômico recessivo. Nesses pacientes, ocorrem produção e acúmulo excessivo de muco, fibrose biliar focal e, eventualmente, cirrose com hipertensão portal em todos os casos; u Fármacos: • Diversos fármacos e seus metabólitos podem produzir hepatite crônica ativa e cirrose (alfa- metildopa, isoniazida, nitrofurantoína, dantrolone, diclofenaco etc.); • Está relacionada com a continuada exposição aos agentes; • Nas fases avançadas, cursam com sinais de redução funcional da síntese parenquimatosa e hipertensão portal, sendo necessário transplante de fígado; u Metabólica: • Doença de Wilson: erro inato do metabolismo, caracterizado por defeito na excreção biliar do cobre, com consequente acúmulo do metal no fígado, cérebro e córnea. São acometidos pacientes jovens, que evoluem com deterioração intelectual, tremor, disartria (perda da capacidade de articular as palavras de forma normal), distonia (contrações musculares involuntárias, de forma contínua) anemia hemolítica, hematúria e amenorreia (ausência de menstruação). A doença hepática manifesta-se por insuficiência hepática fulminante, hepatite crônica ativa e/ou cirrose, compensada ou não; Amanda Rocha 5 • Deficiência de alfa-1-antitripsina: um inibidor de protease sérica, bloqueadora de elastase, relaciona- se com a mutação que se instala no gene específico, gerando acentuada deficiência sérica da enzima, causando enfisema pulmonar e doença hepática. Forma mais grave entre esses pacientes acontece com os que expressam o genótipo piZZ, resultando na troca de ácido glutâmico por lisina. As crianças acometidas cursam com colestase neonatal e, quando adultos, desenvolvem hepatite crônica e cirrose; u Esteato-hepatite não alcoólica: • É responsável por cerca de 60-80% dos casos de níveis séricos elevados de aminotransferases de pacientes atendidos em ambulatórios ou consultórios de clínicas privadas; • É mais observada entre pacientes obesos, sobretudo naqueles com HAS, hiperglicemia, hipertrigliceridemia e com valores de HDL abaixo de 40 mg/dL para homens e de 50 mg/dL para mulheres; • Os mecanismos patogênicos,resulta de redução da oxidação mitocondrial de triglicerídeos, baixa exportação hepática de ácidos graxos e lipídios, síntese hepática maior de fosfolipídios e ésteres de colesterol, acentuadas produções de radicais livres de O2, hipersecreção de leptina e grelina, as quais hiper estimulam células estrelares do fígado e da matriz extracelular; u Vascular: • A síndrome de Budd-Chiari instala-se em consequência de obstáculo ao livre fluxo sanguíneo secundário a trombose de veias hepáticas ou de veia cava inferior. É mais frequentemente observada em situações de hipercoagulabilidade, em mulheres que se encontram em uso de anticoncepcional oral, durante ou após a gestação, e na presença de anticorpos anticardiolipina. Pacientes crusam com hepatomegalia, ascite intensa, como outros sinais típicos de hipertensão portal; Amanda Rocha 6 u Criptogênica: • Constitui um grupo heterogêneo, de etiologia desconhecida, representando cerca de 5-15% das cirroses; • São pacientes negativos para todos os marcadores séricos, radiológicos e histológicos que definem as etiologias anteriores; • Mecanismos patogênicos são desconhecidos e, histologicamente, a doença representa-se por ausência de espaços portais, arranjos vasculares anormais, septos fibrosos e regeneração nodular; • Predomina entre mulheres e frequentemente nas fases avançadas da doença, sendo conduzidos pelo transplante de fígado; • A instalação da fibrose e da regeneração nodular no fígado, determina o aparecimento da hipertensão portal: • A hipertensão portal é definida pelo aumento dos níveis pressóricos no sistema venoso portal acima de 5mmHg da pressão da veia cava inferior; • Com a instalação desse distúrbio hemodinâmico, forma-se extensa rede de circulação colateral, na tentativa de aumentar o retorno venosos para a circulação cardiopulmonar e aliviar o sistema portal, formando-se, assim, desvios da circulação portal para a sistêmica, representados, principalmente, pelas varizes esofagogástricas; • Apesar dessa desestruturação, o fluxo hepático deve ser mantido, como tentativa de garantir o funcionamento hepático, o que gera aumento do débito cardíaco com redução na resistência arteriolar esplânica (aumento do fluxo sanguíneo para os órgãos abdominais) e acentuação da resistência oferecida pelos vasos colaterais; • São pacientes que evoluem ainda com anastomoses arteriovenosas intrapulmonares, levando à diminuição da pO2 no sangue arterial e da afinidade das hemoglobinas pelo oxigênio; Fisiopatologia Amanda Rocha 7 • Distúrbios hematológicos são frequentes na cirrose hepática, tais como: ø Anemia, multifatorial causada por hemólise, deficiência na síntese de ácido fólico e absorção do ferro; ø Leucopenia e plaquetopenia geradas a partir do hiperesplenismo; ø Redução da síntese dos fatores que compõem o complexo protrombínico, representada por baixa na atividade e alargamento no tempo de protrombina; • O fígado normal produz cerca de 10g de albumina/dia, nível que se reduz para 4g/dia nos cirróticos; • Essa hipoalbuminemina altera a pressão colodoismótica plasmática, que associada à hipertensão portal e à presença de substância vasoconstrictoras, leva à menor excreção renal de sódio e água, com formação de ascite; • Os principais fatores de risco da cirrose são: ø Consumo excessivo de bebidas alcoólicas; ø Hepatites do tipo B e D; ø Maus hábitos alimentares; ø Elevação do colesterol; ø Acúmulo de gordura no fígado; ø Obesidade; ø Diabetes; ø Alguns medicamentos ou drogas; • A magnitude das manifestações clínicas depende do grau de comprometimento hepático e da intensidade da fibrose; • Alguns pacientes, principalmente nas fases iniciais, não apresentam quaisquer sinais ou sintomas; • O que permite dividir a doença em: u Cirrose hepática compensada • muitas vezes pobre em sinais e sintomas, suspeitando-se da doença pela identificação de alterações físicas, como hepatoesplenomegalia e hipertransaminasemia, detectadas durante a realização de exames físicos e laboratoriais de rotina; Fatores de Risco Manifestações Clínicas Amanda Rocha 8 • Nesses doentes, mostra-se comum a existência de história mórbida pregressa de hepatite sem etiologia definida, uso crônico de álcool ou sintomatologia vaga, como: astenia, epistaxe, edema, lentidão de raciocínio, emagrecimento, febrícula, eritema palmar e referências a episódios de diarreia; • Além de sintomas dispépticos diversos, como: plenitude epigástrica ou flatulência; • Esses pacientes podem manter-se nessa fase por toda a sua vida, vindo a falecer por causas diversas; • Outros pacientes, em poucos meses ou anos, geralmente evoluem para falência hepatocelular e hipertensão portal; u Cirrose hepática descompensada • Geralmente, nessa fase, o paciente é levado ao médico por apresentar complicações da cirrose hepática, como ascite, encefalopatia e hemorragia digestiva alta; • Em geral, apresenta fraqueza progressiva, perda ponderal, com evidentes sinais de comprometimento de seu estado nutricional e diminuição da massa muscular; • Pode haver episódios de bacteremia, com febre, necrose celular ou instalação de carcinoma hepatocelular; • Comumente, os doentes exibem icterícia; • Ao exame, identificam-se hiperpigmentação da pele (hemocromatose), dedo hipocrático com unhas esbranquiçadas, telangiectasias aracniformes (na face e no tronco), eritema palmar, alteração na distribuição dos pelos pubianos, ginecomastia, atrofia testicular, petéquias e equimoses, tremor de extremidades; Amanda Rocha 9 • No abdome, detectam-se ascite e sinais de circulação colateral, podendo ser: ø Tipo porta – rede venosa localizada nas regiões periumbilical, epigástrica e face anterior do tórax, com fluxo do abdome para o tórax; ø Tipo cava inferior – formada através das veias retais, com o fluxo da mesentérica inferior, atingindo a cava inferior; • O fígado pode estar aumentado de volume, endurecido ou diminuído e não palpável; • Esplenomegalia pode ser evidenciada pela ocupação do espaço de traube, ou palpação do baço abaixo do rebordo costal esquerdo; • O diagnóstico se dá pela história clínica e exame físico, além de exames laboratoriais e de imagem; • Não há indicador específico de cirrose, no entanto a hipoalbuminemina e alargamento do tempo de protrombina e plaquetopenia são sugestivos de doença hepática crônica; • Os testes laboratoriais que devem ser solicitados são: ø Níveis séricos das aminotransferases; ø Bilirrubinas; ø Fosfatase alcalina; ø Gama-GT; ø Dosagem de albumina; ø Tempo de protrombina; ø Hemograma completo; • Além disso, exames de imagem também auxiliam no diagnóstico. São eles: ø USG com doppler – a cirrose hepática é caracterizada por um padrão ecográfico heterogêneo e grosseiro, com hiperecogenicidade do parênquima, aumento da atenuação sonora e modularidade na superfície do órgão; Diagnóstico Amanda Rocha 10 ø Tomografia Computadorizada – em estágios iniciais mostra-se normal. Com o progresso da doença, identificam-se modularidades sobre a superfície do fígado, com o padrão heterogêneo do parênquima definido, principalmente, após a injeção de contraste; ø Ressonância Magbética: • A RM tem sido usada para detectar lesões hepáticas focais em pacientes com cirrose hepática e, de maneira geral, para investigar, de forma não invasiva, as formações vasculares intra e extra-hepáticas; • Fornece a descrição anatômica detalhada e informações importantes em relação a lesõesfocais e difusas do fígado; • Nos pacientes com cirrose, podem ser identificados, bem como suas complicações, como hipertensão portal, definidas pela técnica específica da angioressonância magnética; Cirrose Hepática Não Complicada • O diagnóstico precoce e a manipulação do cirrótico em fase compensada envolvem a adoção de dieta balanceada e combate aos fatores etiológicos responsáveis pela evolução da doença; Tratamento Amanda Rocha 11 • Não há indicação para administração de hepatoprotetores ou de aminoácidos de cadeia ramificada entre os bem-nutridos e estáveis; • Tem indicação o combate à fibrose, voltado à remoção do estímulo lesivo e à adoção de estratégias específicas; • A falência dessas atitudes significa que os pacientes deverão ser conduzidos ao transplante de fígado, existindo contraindicações à sua execução; Cirrose Hepática Complicada • Essa situação é identificada em pacientes que, em geral, se encontram ou não ictéricos, mas exibindo sinais e complicações típicas da hipertensão portal, e baixa reserva hepatocelular; u Hemorragia Digestiva Alta: • Esse tipo de complicação incide pela primeira vez em 12-30% dos casos, e em 5-61% ao fim de 1 a 2 anos nos portadores de varizes esofagogástricas e/ou gastroduodenopatia congestiva; • Ocorre em consequência de redução volumétrica do fígado, distorção da arquitetura vascular do sistema portal e esplenomegalia; • O manuseio desses doentes envolve as seguintes fases: ø Prevenção do aparecimento dessa complicação; ø Interrupção do surto hemorrágico; ø Bloqueio de novo surto; Amanda Rocha 12 u Ascite e Repercussões renais: • Como consequência da hipertensão portal, baixa síntese de albumina, associada à hipertensão linfática e hiperatividade dos sistemas renina- angiotensina-aldosterona e nervo simpático, os pacientes passam a apresentar retenção renal de sódio e água, com formação de edema de membros inferiores e ascite; • A conduta terapêutica nesses pacientes obedece a certos princípios, segundo a ascite seja considerada não complicada ou complicada; u Hidrotórax Hepático: • Definido pela presença de derrame pleural, ultrapassando, em geral, mais de 500 mL, identificado em cirrótico sem doença cardiopulmonar primária; • Predomina entre etilistas e relaciona-se com a transferência de líquido intraperitoneal ao tórax por meio de comunicações transdiafragmáticas; • Para tratá-lo, deve-se ser o seguinte algoritmo: Amanda Rocha 13 Hipertensao Portal • A hipertensão portal é a elevação da pressão na veia portal; • É causada mais frequentemente por cirrose (na América do Norte), por esquistossomose (em áreas endêmicas) ou por alterações vasculares hepáticas; • Como resultado, pode haver sangramento por varizes esofágicas e encefalopatia portossistêmica; • A veia porta, formada pela junção das veias mesentérica superior e esplênica, drena sangue do TGI, do baço e do pâncreas para o fígado; • Nos sinusoides, o sangue das vênulas portais terminais se mistura com o sangue proveniente das arteríolas hepáticas; • O sangue então segue dos sinusoides, via vênulas hepáticas, para a veia cava inferior; • A pressão portal normal é entre 5-10 mmHg, o que excede a pressão da veia cava inferior em 4-5 mmHg. Valores mais elevados são definidos como hipertensão portal; • A resistência aumentada do fluxo intra-hepático é responsável por mais de 95% dos casos de hipertensão portal, representada pelas principais formas de cirrose; • A cirrose é a causa mais comum de hipertensão portal nos EUA (>60% dos pacientes); • As causas de hipertensão portal, geralmente são subdivididas em: pré-hepáticas, intra-hepáticas e pós- hepáticas; Pré-Hepática • As causas pré-hepáticas de hipertensão portal são as que afetam o sistema venoso portal antes de entrar no fígado. São elas: ø Trombose da veia esplênica; ø Trombose da veia porta; ø Esplenomegalia maciça (síndrome de Banti); ø Cavernomatose (malformações vasculares) da veia porta; Introdução Epidemiologia Etiologia Amanda Rocha 14 Intra-Hepática • As causas intra-hepáticas podem ser subdivididas em causas pré- sinusoidais, sinusoidais e pós- sinusoidais; ø Pré-sinusoidal – Esquistossomose, fibrose hepática congênita; ø Sinusoidal – Cirrose hepática, hepatite crônica; ø Pós-sinusoidal – Obstrução sinusoidais hepática (síndrome veno-oclusiva); Pós-Hepática • As causas pós-hepáticas reúnem as que afetam as veias hepáticas e a drenagem venosa para o coração; • Na cirrose, fibrose tissular e regeneração causam aumento da resistência sinusoidal e das vênulas portais terminais; • Entretanto, outros fatores potencialmente reversíveis também contribuem, como a contratilidade das células sinusoidais, produção de derivados vasoativos (endotelinas e óxido nítrico) etc.; • Com o decorrer do tempo, a hipertensão portal leva à formação de colaterais venosos portossistêmicos; • Podem diminuir ligeiramente a pressão na veia porta, mas podem causar complicações; • Vasos submucosos engurgitados (varizes) na porção distal do esôfago e, algumas vezes, no fundo gástrico, podem romper-se, causando sangramento gastrointestinal súbito e catastrófico; • O sangramento só acontece se o gradiente venoso portal for >12 mmHg; • Congestão vascular da mucosa gástrica (gastropatia hipertensiva portal) pode causar sangramento digestório agudo ou crônico, independentemente da presença de varizes; • Os vasos colaterais portossistêmicos desviam o fluxo venoso portal que iria para o fígado. Portanto, menos fluxo sanguíneo alcança o fígado quando ocorre aumento do fluxo portal (reserva hepática diminuída); • Além disso, substâncias tóxicas do intestino são derivadas diretamente para a circulação sistêmica, contribuindo para o aparecimento de encefalopatia portossistêmica; • Congestão venosa consequente à hipertensão portal em órgãos viscerais contribui para o aparecimento de ascite, pela alteração nas forças de Starling; Fisiopatologia Amanda Rocha 15 • A hipertensão portal é assintomática, os sinais e sintomas resultam das complicações; • O mais grave é o sangramento varicoso agudo. Nesse caso, os pacientes apresentam tipicamente sangramento maciço do TGI superior, não acompanhado de dor; • O sangramento associado à gastropatia hipertensiva geralmente ocorre de modo crônico ou subagudo; • Ascite, esplenomegalia, encefalopatia portossistêmica podem estar presentes; • Em geral, é a avaliação clínica; • Presume-se que haja hipertensão porta quando um paciente com doença hepática crônica tem circulação colateral, esplenomegalia, ascite ou encefalopatia portossistêmica; • Exames de imagem podem ajudar quando há suspeita de cirrose; • A USG ou TC geralmente revelam colaterais intra-abdominais dilatadas e do Doppler pode determinar o fluxo portal; • Varizes esofagogástricas e gastropatia hipertensiva portal são diagnosticados pela endoscopia; • Programa de terapia endoscópica e vigilância; • Betabloqueadores não seletivos com ou sem mononitrato de isossorbida; Manifestações Clínicas Diagnóstico Tratamento