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FACULDADE NOROESTE DO MATO GROSSO - AJES BACHARELADO EM FARMÁCIA FRANKLIN MARUAN DOSANTOS CERVINI ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NA CIDADE DE JUÍNA-MT NO PERÍODO DE 2019 A 30/08/2023 Juína-MT 2023 FACULDADE NOROESTE DO MATO GROSSO - AJES BACHARELADO EM FARMÁCIA ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NA CIDADE DE JUÍNA-MT NO PERÍODO DE 2019 A 2022 Artigo apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia, sob orientação da Professor Doutor Tharsus Dias Takeuti Juína-MT 2023 RESUMO OBJETIVOS: este trabalho teve como objetivo analisar o histórico epidemiológico da Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Juína-MT no período de 2007 a 30/08/2023, cidade localizada no Mato Grosso, apresentando grandes números de notificações da doença e uma significativa incidência durante quase todos os anos analisados. METODOLOGIA: os dados analisados foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Vigilância Sanitária do município e foram associados a resultados encontrados em outros artigos e de levantamentos de dados através do TABNET/DATASUS, que possibilitou fazer uma análise mais aprofundada e confrontar os dados obtidos no município com os dados obtidos através da plataforma. RESULTADOS: nesta pesquisa foi observado que o maior número de infecções ocorreu em ambiente urbano, sendo 56% contra 42% acometimentos em localidade rural, foi evidente também que a grande maioria das manifestações apresentaram lesões mucosas, sendo 93,95% enquanto apenas 6,05% dos acometidos apresentaram lesões cutâneas, os dados contidos no presente trabalho. CONCLUSÃO: evidenciam que a Leishmaniose Tegumentar Americana é uma parasitose de grande importância no município de Juína, tendo notificado 1008 casos durante o período estudado e apresentando números significativos de notificação durante todos os anos da área de estudo. INTRODUÇÃO A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), também pode ser conhecida como úlcera de Bauru ou ferida brava e é uma doença infecciosa não contagiosa e tem grande impacto na saúde pública do Brasil (BRASIL, 2017). Dessa forma, torna-se interessante pesquisa-la para entender qual o quadro parasitológico dessa doença na região em questão e foi classificada pela OMS como parte de um grupo de doenças tropicais que são negligenciadas (WHO, 2019). A Leishmania sp apresenta um ciclo heteroxeno, com dois hospedeiros sendo um invertebrado e o outro vertebrado. O seu hospedeiro invertebrado é a fêmea do mosquito Lutzomyia, que ao se alimentar do sangue de animais infectados integra sangue que contém macrófagos com forma amastigota do parasito (SIQUEIRA-BATISTA, et al., 2022). Durante a passagem pelo intestino do vetor, ocorre a diferenciação em promastigotas e a multiplicação através da divisão binária. Esse processo de metaciclogênese ocasionará a formação das promastigotas metacíclicas, representando a forma infectante deste parasito (SIQUEIRA-BATISTA, et al., 2022). É comum que ocorra formas de surtos epidêmicos no Brasil, e é mais recorrente em áreas que foram recentemente ocupadas, locais onde há desmatamento, destruição de vegetação nativa e especulação imobiliária. Onde existe uma grande disposição de animais silvestres que são importantes reservatórios de Leishmania (LACERDA et al., 2021). Em 2022 o Brasil apresentou 16.560 casos, sendo que 1.347 foram notificados no Mato Grosso, totalizando 8,3% dos casos registrados no país neste ano (TABNET/DATASUS). No período de 2007 a 2022 todo o estado de Mato Grosso soma 37.919 notificações, sendo que somente Juína-MT foi responsável por 3,59% dos casos autóctones registrados (TABNET/DATASUS). Dessa forma é possível observar que o estado de Mato Grosso notificou altas taxas de infecção por LTA e é possível também traçar um parâmetro se levarmos em consideração que o brasil é detentor de 27 unidades federativas e somente o Mato Grosso, sendo o terceiro estado com maior número de notificações em 2022 e o responsável por 8,3% das notificações de LTA, no mesmo ano o município de Juína-MT foi o 3º município que mais registrou casos autóctones no estado, estando atrás apenas de Pontes e Lacerda e Brasnorte que notificaram respectivamente 74 e 51 casos, sendo que o município de Juína notificou apenas 3 casos a menos que Brasnorte sendo assim 48 notificações autóctones (TABNET/DATASUS). O objetivo deste trabalho é descrever as características epidemiológicas do município de Juína-MT nos anos de 2007 a 2023 até o dia 30/08/2023, calcular a incidência de LTA em cada ano, entender qual o cenário epidemiológico e relativizar os dados de acordo com os achados em outros artigos e literaturas. 1 - METODOLOGIA Trata-se de um estudo quantitativo que busca explorar os dados notificados no período de 2007 a 2023 no município de Juína-MT pelo Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN), os dados foram solicitados na para a Secretaria de Vigilância Epidemiológica do Município de Juína-MT, os demais dados utilizados para a comparação foram retirados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As pesquisas no (DATASUS) foram realizadas com filtros por data de notificação e local da notificação, sendo filtrados apenas os casos de LTA nos anos de 2007 a 2022, sendo filtrado por estado: Mato Grosso, utilizando os filtros por ano de notificação e casos confirmados, foi realizada também a busca por região de infecção, região de notificação. As informações obtidas de população para cálculo de incidência foram obtido no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA), utilizando os filtros de de município, dos anos de 2008 a 2021, exceto 2007, 2010 e 2023, pois não estão inseridos no sistema de Estimativa Popular - EstimaPop. que traz dados dos seguintes períodos: 2001 a 2006, 2008 a 2009, 2011 a 2021, e de todas as esferas: BR, GR, UF, MU, os anos não encontrados no EstimaPop. foram coletados diretamente do TABNET/DATASUS. Para a discussão dos casos foram utilizados livros, artigos publicados em revistas e manuais de vigilância epidemiológica. Os dados coletados foram processados através do programa Microsoft® Excel® para Microsoft 365 MSO (Versão 2309 Build 16.0.16827.20166) 64 bits sendo geradas então as tabelas neste programa, gráficos e demais dados relacionados a cálculos realizados através de dados obtidos tanto do SINAN quanto do DATASUS. 1.1 - ÁREA DE ESTUDO Juína é um município localizado no noroeste do estado de Mato Grosso, a 720 quilômetros da capital, Cuiabá. Suas coordenadas geodésicas aproximadas são 11º22'42" de latitude sul e 58º44'28" de longitude leste, com uma altitude de 442 metros acima do nível do mar. A área total do município é de 26.397 km². O último censo constatou que o município de Juína-MT tem a sua população de 45.869 habitantes. (IBGE, 2022). De toda área territorial do município, apenas 22,72km² do município é urbanizado, totalizando 0,8% de área urbanizada, dados do IBGE de 2019. O município é pertencente ao bioma amazônico, que é dotado de matas densas e com cobertura abrangente e relevo irregular. Por conta disso Juína detém uma rica diversidade de espécies nobres de madeira, com notável poder de compra no mercado internacional, além disso, é visto que juína tem terras férteis para plantio de pastagens e lavouras, que foram implementadas a partir dos anos 2000 (EVANGELISTA, 2023). 2 - RESULTADOS E DISCUSSÕES Acumulam-se 1008 casos de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no período de 2007 a 30/08/2023 no município de Juína-MT. Como observa-sena (tabela 1) demonstra-se uma baixa nos níveis de leishmaniose ano a ano, é possível observar que 2007 foi o ano com a maior incidência de LTA com 10% da soma de todos os casos, sendo 2008 e 2013 os anos seguintes com maior número de casos, estes foram os anos que menos apresentaram a doença, o ano que menos apresentou a doença foi 2016, que teve uma diminuição significativa desde o ano de 2007, sendo 67,4% menor que o ano de maior incidência, e 33% menor que o ano seguinte, que apresentou 50 casos. Percebe-se uma queda nos casos entre os anos de 2007 até o ano de 2011 e um ligeiro aumento nos casos em 2012, alcançando um pico de 8% na soma total dos casos em 2013. Tabela 1: Distribuição dos casos de LTA por ano, desde 2007 até 30/08/2023 no município de Juína, Mato Grosso, Brasil. Fonte: SINAM/Sec. de Vigilância Sanitária - Juína-MT. Nota: N referente ao número de casos em determinada classificação. Para realizar o cálculo de incidência foram utilizados os dados coletados através do TABNET/DATASUS e (SIDRA) através do EstimaPop. e foi possível constatar que o ano de maior incidência foi em 2007, totalizando 25 casos por/10.000hab, este dado é significativamente maior que o encontrado por Ferreira et. al., (2021) no município de Três Lagoas - MS, onde a soma de todos os casos dos anos de 2007 a 2019 totaliza 12,77 casos por/100.000hab, este número é mais baixo que o ano que se observou a menor incidência de LTA em Juína, sendo o ano de 2016, com uma incidência de 8 casos por/10.000hab evidenciando assim um número alto de casos de LTA por ano, demonstra-se então que a LTA é uma endemia no município de Juína-MT. A alta incidência de LTA em Juína pode ser associada às práticas socioeconômicas da região que são baseadas em extrativismo e pecuária (GERLACH, 2016) destaca-se também a importância socioeconômica das práticas de bovinocultura e forte presença de agricultura familiar na região (ROCHA, 2021). As práticas ligadas ao campo e lavoura são interligadas com o contato do indivíduo a fatores de risco e podem estar expressamente associadas às infecções de LTA no município, juntamente com as práticas extrativistas de madeira (DUARTE, 2003; PACHIEGA et al., 2020). É possível também observar a existência de etnias indígenas na comunidade juinense, alguns povos ainda vivem em aldeias e muito próximos de locais de mata (CORRÊA, 2021). A tabela 2 demonstrou um baixo número de casos recidivos, sendo apenas 5% do total (47) casos, já casos novos representam a grande maioria das notificações, sendo 93% do total, (940) casos, transferências representam apenas 0,3% dos casos totais, sendo (3) caso, já casos não especificados (ignorados) somam 2%, sendo (18) casos. Os números são muito semelhantes ao que foi encontrado por Alencar et. al., (2018) no estado do Maranhão nos anos de 2015 a 2017, o estado é considerado um local endêmico e que necessita de uma intervenção de saúde para tratamento e rastreio mais preciso dos focos de LTA no estado. É possível que os casos recidivos da doença tenham origem na falha/abandono do tratamento, essa adesão falha pode dificultar o tratamento e diminuir os sintomas e fazendo com que o paciente volte a procurar tratamento muito tempo depois, quando a doença já evoluiu e está em fase crônica (CHECHINEL, 2006) Tabela 2: Forma de entrada de casos de LTA no município de Juína, Mato Grosso, Brasil. Fonte: SINAM/Sec. de Vigilância Sanitária - Juína, Mato Grosso, Brasil. Nota: N referente ao número de casos em determinada classificação. A grande maioria dos casos ou 90,2% (909) tiveram uma evolução positiva, e foram curados, já 8,9% (90) dos pacientes abandonaram o tratamento antes mesmo da conclusão e um número muito baixo de 0,9% (09) pacientes não resistiram e vieram a óbito. É possível que os óbitos não estejam relacionados diretamente à LTA, segundo um estudo feito por Cunha, (2017) a grande maioria dos casos de óbito foram relacionado à outras doenças, tendo em vista que a LTA é uma doença que causa poucos óbitos se comparado com a Leishmaniose Visceral. Para Cechinel (2006) acredita-se que diversos fatores levam ao abandono do tratamento, são situações que envolvem a condição financeira do indivíduo, aspectos do tratamento e até mesmo fatores sociais e culturais, tendo em vista que o diagnóstico de cura é feito de forma clínica e recomenda-se que o paciente seja avaliado/monitorado durante 12 meses para que seja dado como paciente curado. Tabela 3: Evolução dos casos de LTA nos anos de 2007 até 30/08/2023 no município de Juína, Mato Grosso, Brasil. Fonte: SINAM/Sec. de Vigilância Sanitária - Juína-MT. Nota: N referente ao número de casos em determinada classificação. Como visto na figura 1, podemos notar que todos os meses somam uma quantidade considerável de casos, sendo o mês de menor incidência fevereiro e o de maior é outubro. Nota-se também um aumento gradual dos casos a partir de julho até outubro, e voltando a diminuir em novembro, nos demais meses o número dos casos não ultrapassam 10% do total. O mesmo padrão se repete se analisarmos as infecções notificadas em cada mês pelo estado de Mato Grosso, dos anos de 2007 a 2022 (TABNET/Datasus). Figura 1: Distribuição dos casos de LTA por mês, desde 2007 até 30/08/2023 no município de Juína, Mato Grosso, Brasil. Fonte: SINAN/Sec. de Vigilância Sanitária - Juína-MT. É possível que exista uma relação entre o início da seca e o aumento dos casos, tendo em vista que de junho a agosto são os períodos de seca e podemos observar que nesses meses existe um aumento considerável nos casos em referência aos dois meses anteriores, com um aumento considerável de pouco menos que 20 casos em comparação com maio (figura 1). Já em janeiro, fevereiro e março são meses onde ocorre muita intensidade de chuva sendo que o início da temporada de chuva é em outubro (FERREIRA et al., 2011). O crescimento gradativo das notificações se demonstrou semelhante ao apresentado por Cruz (2016), que faz uma correlação com o aumento dos casos após 6 meses do aumento das chuvas, é possível observar um aumento dos casos de LTA no município de Juína após 7 meses do início das chuvas, segundo Cruz (2016) esse aumento dos casos está relacionado com a reprodução do vetor infectante. e podem ser associado com as atividades extrativistas: O desmatamento, preparo de solo para plantio, a extração de minerais e extração seletiva de madeira, estas atividades aumentam a exposição dos trabalhadores com o vetor, facilitando assim a contração da LTA e são exercidas preferencialmente nos períodos de estiagem (NOBRES et al., 2013). Foram encontrados 1008 casos, dos quais 89,98% (907) são autóctones do município de Juína-MT, e outros 5,36% (54) casos e 4,66% (47) casos são, respectivamente: importados e indeterminados, como demonstrado na (tabela 3). A relação entre os casos autóctones e importados demonstra que poucos indivíduos vêm para o município já com a LTA. A LTA é uma doença pouco explorada quanto aos seus sintomas, segundo França et al., (2011) Existem poucas literaturas que abordam os sintomas dessa doença em livros didáticos, dessa forma tornando difícil a associação da LTA com sintomas que podem ser facilmente confundidos com outras infecções, segundo Alvarenga et al., (2011) a maioria: (54%) dos casos de LTA apresentaram sintomas até 56 dias após a infecção, sendo que os outros 46% apresentaram os sintomas após esse período, tornando assim possível que os casos indeterminados não souberam responder sobre o início dos sintomas, ou apresentaram sintomas após muito tempo, dessa forma não foi possível determinar em qual local o indivíduo contraiu a infecção por LTA. Tabela 4: Distribuição dos casos de LTA entre casos autóctones, importados e casos indeterminados no município de Juína, Mato Grosso, Brasil. Fonte: SINAN/Sec. de Vigilância Sanitária- Juína, Mato Grosso, Brasil Nota: N é referente ao número de casos em determinada classificação. A tabela 5 demonstra que 562 (56%) dos casos são de origem urbana, enquanto 421 (42%) são de origem rural e apenas 1 caso é de origem periurbana, os dados não listados (indeterminados) são de apenas 24 (1%), é visível que existe uma baixa omissão dos dados, uma vez que apenas 24 pacientes de 1008 não foram listados. Segundo o CENSO de 2019 apenas 0,8% do território é urbano (IBGE 2019), é possível que o local de habitação do paciente seja em território urbano porém a sua área de ocupação está associada a um território rural, sendo assim possível que o indivíduo tenha se contaminado em ambiente próximo de mata ou em meio a mata. Existe a probabilidade dos casos de leishmaniose ocasionadores em região periurbana estarem relacionados à existência de animais domésticos em inúmeras residências (CURTI et al., 2009). Alguns casos de LTA em ambiente urbano podem ser associados à existência de uma quantidade razoável de flebotomíneos em áreas peridomiciliares, principalmente próximo a abrigos de animais de estimação (TEODORO et al., 1993). Não existem casos consideráveis em região periurbana no município, embora Araujo et al., (2015) tenha descrito um crescimento nas notificações de LTA oriundas de a domicílios periurbanos, este dado não se mostra alto no município, sendo que apenas 1 caso foi registrado desde o ano de 2007 como demonstra a (tabela 5). Tabela 5: Distribuição dos casos entre regiões de habitação do indivíduo no município de Juína, Mato Grosso, Brasil. Fonte: SINAN/Sec. de Vigilância Sanitária - Juína, Mato Grosso, Brasil Nota: N é referente ao número de casos em determinada classificação. Como visto na tabela 6 é possível observar que que no município existem dois tipos de diagnósticos frequentemente utilizados para a confirmação da infecção por LTA, o diagnóstico laboratorial foi utilizado em 90,18% (909) das confirmações de LTA enquanto o diagnóstico clínico epidemiológico está presente na confirmação de apenas 8,98% (90) dos casos e apenas 0,89% (09) das notificações ficaram em branco na lista de notificação. A manifestação cutânea se inicia em formas de pápulas que futuramente evoluem para úlceras com fundo granulosos e borda infiltradas em moldura e podem apresentar uma ou várias lesões que são indolores (SECRETARIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2021). Já a forma mucosa da doença pode se apresentar juntamente ou não à forma cutânea, essa forma de manifestação é caracterizada por infiltração, ulceração e principalmente por lesões nos tecidos nasais, na faringe ou laringe (SECRETARIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2021) Existe ainda uma grande dificuldade para os médicos realizarem o diagnóstico dessa doença, tendo em vista que algumas outras infecções se manifestam de maneira muito semelhante à LTA, sendo classificadas como PLECT são elas: (paracoccidioidomicose, leishmaniose, esporotricose, cromomicose e tuberculose) (GOMES et al., 2014). Um estudo realizado por Cavalcante et al., (2019) demonstra a dificuldade encontrada na diferenciação da LTA com outras infecções cutâneas crônicas, evidenciando a importância da associação de testes laboratoriais com a análise dos aspectos clínicos e epidemiológicos da doença. É evidenciado que uma grande parte dos casos apresenta pouca carga parasitária nas lesões, resultando assim em uma baixa sensibilidade nestes métodos, dessa forma torna-se necessário que o exame seja realizado nos primeiros seis meses da lesão para que haja uma boa especificidade no diagnóstico, após 12 meses a especificidade se torna baixíssima resultado fica muito dificultoso (MINISTÉRIO DA SAÚDE - SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). O modo de rastreio de contatos também é empregado no diagnóstico/confirmação de diagnóstico de LTA, é importante que o paciente descreva os locais onde visitou/viajou, e seu local de moradia assim é feita uma análise de focos e é possível ter uma maior certeza do diagnóstico quando incerto, essa informação se torna valiosa, porém não pode ser levada como critério único para fechar diagnóstico, é necessário associá-la a lesões (SECRETARIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2021; MAGALHÃES et al., 2015). Tabela 6: Distribuição dos casos de LTA de acordo com cada tipo de teste realizado para a confirmação do diagnóstico município de de Juína-MT. Fonte: SINAN/Sec. de Vigilância Sanitária - Juína-MT. Nota: N é referente ao número de casos em determinada classificação. Dos 1008 casos encontrados na cidade de Juína e notificados pela secretaria, 93,95% dos casos desenvolveram a forma cutânea da doença e apenas 6,05% a forma mucosa (tabela 7) Essa variação da apresentação se dá pela variação existente nas manifestações clínicas da LTA, que podem ser manifestadas de formas distintas. Existem algumas manifestações clínicas que podem ocorrer em indivíduos afetados pela LTA como: cutâneo-mucosa, cutânea difusa e disseminada (QUARESMA et al., 2011), nenhuma das apresentações notificadas no município foi descrita como cutânea-mucosa. Um estudo realizado por Figueirêdo Junior et al., (2020) evidenciou que no Brasil, existe uma taxa de 94,02% nos casos de LTA cutânea, enquanto a mucosa é de somente 5,96%, demonstrando que Juína- MT segue um padrão semelhante às notificações classificadas como cutânea e mucosa se levar em consideração o perfil epidemiológico do território brasileiro. Tabela 7: Quantificação da forma de manifestação de cada caso de LTA no município de Juína, Mato Grosso, Brasil. Fonte: SINAM/Sec. de Vigilância Sanitária - Juína-MT. Nota: N referente ao número de casos em determinada classificação. Nos casos de infecção mucosa, 75,41% (15) casos não apresentaram cicatrizes e apenas 25,59% (46) dos casos apresentaram cicatrizes após o término do tratamento (tabela 8). Segundo Cechinel (2006), a forma mucosa é classificada como casos crônicos da doença, demonstrando uma falha no tratamento, tendo em vista que ele é disponibilizado gratuitamente em todo o tratamento da infecção por LTA, essa fase mucosa quando não tratada pode ocasionar cicatrizes e gerando transtornos sociais aos indivíduos acometidos, tendo em vista que a maioria das manifestações mucosas atingem a área nasal. Tabela 8: Manifestação de cicatrizes em casos da manifestação mucosa de LTA no município de Juína, Mato Grosso, Brasil. Fonte: SINAN/Sec. de Vigilância Sanitária - Juína-MT. Nota: N é referente ao número de casos em determinada classificação. 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao iniciar a pesquisa foi evidenciado que existia um número considerável de notificações de LTA no município de Juína-MT, dessa forma tornou-se interessante entender o porquê essa cidade apresentava tantos focos de LTA em praticamente todos os anos a partir de 2007, levando em consideração que algumas outras cidades com número relativamente maior de população não tinham um número de notificações tão alarmante quanto ao do município de pesquisa. O objetivo geral dessa pesquisa foi traçar o perfil epidemiológico da LTA no município durante os anos de 2007 a 30/08/2023, para entender o porquê o município apresentava tantos casos de LTA todos os anos, feito a análise desses dados constatou que o município realmente detém dados significativos, sendo que é o terceiro maior município notificador de casos de LTA no estado do Mato Grosso, Brasil. Outra forma de entender o cenário epidemiológico da doença foi analisando quais eram as estatísticas de incidência em cada ano, onde foi demonstrado um grande número de incidência de LTA em quase todos os anos, sendo que a maior incidência registrada foi no ano de 2007 em que havia o número de 25 casos para cada 10.000 habitantes, sendo que a incidência em praticamente todos os anos foi de 10 casos para cada 10.000 habitantes, sendo que o menor número de casosde LTA foi no ano de 2016, onde constatou-se a incidência de 8 casos para cada 10.000 habitantes. E por fim, foi proposto evidenciar a relevância do estudo através da análise de achados epidemiológicos em outros municípios através da revisão de literatura, constatando que Juína apresenta um perfil epidemiológico semelhante a outros municípios, porém com taxa de incidência maior. O trabalho partiu da hipótese de que o município era uma área endêmica para LTA, sendo um assunto de importante estudo e grande relevância para os avanços da saúde, trazendo em evidência um problema de saúde pública, dessa forma evidenciou-se durante o trabalho que existe sim um cenário epidemiológico que deve ser tratado com cuidado para que não volte a ter crescimento nos casos dessa doença, porém ainda existem algumas dúvidas sobre a origem dos focos, a necessidade de uma pesquisa mais elaborada com o rastreamento mais específico de focos da LTA, entendendo qual é o principal vetor, o principal parasita responsável pela doença, quais são as características dos agravos, tentar entender qual a origem dos casos recidivos e por que existe abandono ao tratamento, uma vez que o mesmo é disponibilizado de forma gratuita. Dessa forma seria possível responder qual seriam as melhores formas de tratamento, prevenção, como seria a estratégia ideal de transmissão de informação para as pessoas, o direcionamento específico para aqueles que estão em área de risco, talvez um aumento na capacidade de exames laboratoriais no município, o treinamento dos profissionais de saúde para a identificação da LTA, tornando o diagnóstico mais preciso, de forma menos tardia e garantindo uma maior eficácia no tratamento e no rastreamento dos focos. O estudo contou com a análise dos dados obtidos através da Secretaria de Vigilância Epidemiológica do município de Juína, os dados foram obtidos através do SINAN e fornecidos através de Email, tabelados em software apropriado para a obtenção dos resultados, dessa forma foi possível obter os dados para que fossem confrontados/e ou associados com estudos, livros, artigos entre outros, onde existiu uma certa dificuldade, pois foi uma tarefa demorada encontrar artigos que demonstrassem dados semelhantes ao do município e que encontravam resoluções para os mesmo e a quantidade de artigos científicos específicos do Mato Grosso também são escassas, sendo muito difícil achar perfis epidemiológicos parecidos com o do município para a confecção de justificativas a cerca dos dados obtidos, em contraponto a isso não foi difícil encontrar dados, sendo assim muito rápido e fácil encontrar todos os dados necessários tanto no DATASUS/TABNET quanto no material fornecido pela Secretaria de Vigilância Epidemiológica do município. A partir das limitações encontradas nesse trabalho, recomenda-se que ao reproduzir um estudo semelhante a este seja considerado que muitos dados não são encontrados de maneira eficiente, considerando que muitos estados apresentam características diferentes e que se torna muito difícil associar um município a outro sem levar em consideração as características demográficas e geográficas de ambos, tornando necessário que o estudo seja realizado a campo, para que possa evidenciar uma maior magnitude de dados dos quais não foi possível encontrar neste estudo.