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DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO · Quando o refluxo do conteúdo do estômago provoca sintomas e/ou complicação · Pirose e regurgitação são os sintomas típicos · É de alta prevalência, maioria de curso benigno · Afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado de conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes, acarretando um espectro variável de sintomas, sinais esofagianos e extra-esofagianos, associados ou não a lesões teciduais · 40% pode desenvolver esofagite e 20% grave · Complicações: estenose (8-20%), ulcerações (5%), sangramento e Barrett (0,2%/ano) · Preocupações: evolução para adenocarcinoma Fisiopatologia: · Mecanismos anatômicos e funcionais que impedem o refluxo · Depuração ácida esofágica ineficiente “clearance”: ajudam a limpar o estômago · Os principais são o relaxamento transitório do esfíncter esofagiano inferior e hipotensão na manometria · Defeitos anatômicos antirrefluxo: hérnia hiatal · Defeito na resistência epitelial esofágica: muco/ mecanismos celulares · Agressividade do refluído: H+, pepsina, sais biliares, tripsina → refluxo ácido, fracamente ácido e não ácido (biliar) · Diminuição do esvaziamento gástrico: dispepsia · Aumento da pressão abdominal: obesidade, gravidez e plastica abdominal · Mecanismos anatômicos que ajudam a prevenir o refluxo: ângulo de His (ângulo agudo entre o esôfago e fundo gástrico, que forma a prega de gubaroff) · Na hérnia, ângulo de His fica dentro do diafragma aberto e perde função de conter o refluxo · Cx bariátrica também prejudica esse mecanismo, pois retira o fundo gástrico · Outros mecanismos: membrana frenoesofágica (na hérnia ela fica totalmente tracionada e deslocada para cima, perdendo a função) e o pilar direito do diafragma, esfíncter esofágico e piloro (evitando estase gástrica) · Na hérnia também ocorre alargamento do hiato diafragmático, favorecendo refluxo · Quem tem hérnia, tem mais refluxo do que quem não tem Diagnóstico: EDA: DRGE não-erosiva - “NERD” · Presença de sintomas associados ao refluxo com ausência de erosões ao exame endoscópico · Forma mais frequente: 60-70 % Acurácia da EDA: 53% · Sintomas atípicos: 20%. ** maioria dos pacientes que tem refluxo não tem lesão, mas fica na dúvida na endoscopia se tem ou não refluxo · Precisa pedir pHmetria para confirmar DRGE erosiva: · Presença de sintomas associados ao Refluxo Gastroesofágico com presença de erosões ao exame endoscópico. Forma menos frequente: 30-40 % ** nessa condição não precisa pedir pHmetria, pq só pela EDA dá para saber com certeza do que o paciente tem refluxo pHMETRIA · Por muitos considerada “padrão” para o diagnóstico da DRGE, está sujeita a críticas devido à importante variação em sua sensibilidade • Indicada em não-respondedores ao IBP • DRGE não erosiva sintomática • Portadores de manifestações atípicas sem esofagite ** atualmente o dx padrão outro é pela impedancio pHmetria, antes era a pHmetria ** 80% das vezes consegue resolver com a pHmetria convencional (normal) - poucos episódios (patológico) IMPEDANCIOPHMETRIA: · Impedância é a resistência à passagem de corrente elétrica - água tem menos resistência, porque conduz melhor · Impedância: gás > sólido > líquido → exame consegue diferenciar o tipo de refluxo · Além disso, tem sensor de pH que consegue distinguir um refluxo ácido de não ácido · Paciente não precisa parar de tomar IBP · Episódios de RGE são caracterizados como ácidos e não-ácidos · RGE não-ácidos: refluxos com pH > 4 (não é necessariamente biliar) · Fracamente ácidos: pH 4-7 Indicações/ função do exame: · Diagnóstico de pacientes com sintomas persistentes durante uso de IBPs · Avaliação da DRGE atípica · Correlaciona episódios de refluxo ácidos e não-ácidos com sintomas · Quantifica episódios de refluxo proximal · Avalia RGE pós prandial · pH é cego durante período pós prandial inicial · Pós prandial é fase inicial dos refluxos e sintoma SEED: · Estudo radiológico contrastado - esofagograma - seriografia · Baixa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico da DRGE · Sintomas de disfagia e ou odinofagia · Úlceras, divertículos, estenoses, hérnia hiatal, encurtamento do esôfago Dismotilidade importante Foto 1 – hérnia de hiato Foto 2 – fundopicatura Foto 3 – acalasia Foto 4 – imagem distal do esôfago em saca rolha → comum em espasmo difuso ou estômago em quebra nozes (180-200 mmHg) MANOMETRIA DE ALTA RESOLUÇÃO · Quando o paciente engole = faz aumento de pressão - quando chega lá em baixo, a pressão cai, porque chegou no esfíncter e o esfíncter abriu · Verde = contração fraca/ nenhuma · Vermelho = contração boa 100mmHg Acalasia tipo 1: sem contração do esôfago, conteúdo fica parado no esôfago, paciente acaba vomitando, pode confundir com o refluxo, mas não é, é acalasia por perda de motilidade/ contração do esôfago Tipo 2: contrai tudo junto, não consegue mandar o alimento para baixo = sem peristaltismo Tipo 3: condição espástica A: normal B: quebra nozes C: onda mais maligna (Jackhammer) TRATAMENTO: Medidas comportamentais: · Elevação da cabeceira da cama (≈15 cm) · Moderação na ingestão de certos alimentos: gordurosos, cítricos, café, bebida alcoólica, refrigerantes, chocolate · Evitar refeições copiosas · Evitar deitar-se nas 2 horas após as refeições · Redução / suspensão do tabagismo · Redução do peso: sobrepeso / obesidade · Cuidados especiais para medicamentos: Anticolinérgicos, teofilina, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores de canais de cálcio, agonistas adrenérgicos ou β bloqueadores, alendronato Tratamento farmacológico - IBP: · Omeprazol 40 mg · Lansoprazol 30 mg · Rabeprazol 20 mg · Pantoprazol 40 mg · Esomeprazol 40 mg · Pantoprazol Magnésico 40 mg · Dexlanzoprazol 60 mg Medicamento novo – Inzelm: · Princípio: fumarato de vonoprazana · P-CAB: Bloqueador ácido competidor do potássio · 350 x a inibição ácida que IBP · Inibição ácida mais rápida, sustentada e mais potente · Tem ligação com célula parietal instável → ação mais rápida e prolongada que o IBP = bloqueia várias células por vez, que tem uma ligação permanente (só bloqueia uma célula) TRATAMENTO CIRÚRGICO: Indicação de cirurgia: · Intratabilidade clínica: necessidade tto. ininterrupto e intolerantes ao tratamento clínico → ou paciente não quer tomar a medicação e prefere tto cx · Complicações esofágicas: estenoses, úlcera, sangramento, anemia, Esôfago de Barrett · Manifestações extra-esofágicas: laringite posterior, tosse crônica, disfonia, pneumonia de repetição, asma · Jovem: paciente idoso é menos indicado Boa resposta com IBP Disfunção do EEI. Esofagite erosiva sintomática Resposta pobre ao tratamento clínico → investigar melhor, porque não respondeu bem ao tto · Hérnia hiatal → tem mais refluxo · Ausência de distúrbio motor → precisa fazer manometria para descartar essa alteração · Opção do paciente de interromper o tratamento medicamentoso devido a custo ou conveniência (Primeiro passo: hiatoplastia, com aproximação dos pilares diafragmáticos) (depois, faz fundoplicatura → passar estômago por trás do esôfago e depois fechar isso na frente = isso faz um mecanismo valvular) (Faz um ‘rap’: envolve o esôfago com o estômago. Nesse caso = válvula tota) Técnica de NISSEN: · Envolvimento 360 graus, mais continente · Efeitos colaterais: disfagia persistente (2%), distensão pós-prandial (35 a 40%), incapacidade de arrotar e vomitar · Esforços para desenvolver técnicas para aumentar a pressão do EEI, sem os efeitos colaterais indesejáveis Técnica de TOUPET-LIND · Menos continente, maior índice de recidiva 1. Nissen 2. Toupet Outras técnicas: · Marcapasso: não é mais usado · Stretta: diminui sensibilidade do esôfago, mas não melhora a DRGE · EsophyX: recria esfíncter por meio de técnica endoscópica, grampeando a mucosa gástrica CONCLUSÕES: · A DRGE apresenta prevalência elevada · A Fisiopatologia é complexa · Papel importante do esfíncter esofagiano inferior e do HCl (ácido) · Impacto negativo na qualidade vida relacionada à saúde, reversível pelo tratamento · O tratamento clínico se baseia em medidascomportamentais e uso de anti secretores (IBP e P-CABs) · Tratamento cirúrgico é indicado na Intratabilidade clínica e complicações · Tratamento endoscópico é uma das opções Prova: indicações de tratamento cirúrgico para DRGE Consenso de Lyon 2023: image6.png image4.png image14.png image3.png image5.png image13.png image8.png image1.png image9.png image7.png image15.png image2.png image10.png image12.png image11.png