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CEFALEIA NA EMERGÊNCIA · Nem toda cefaleia é enxaqueca e nem toda cefaleia precisa de TC · 2-4% dos atendimentos na sala de emergência CLASSIFICAÇÃO 1. Primária: não é associada a uma patologia. Pode ser tensional, enxaqueca, em salvas, em punhaladas idiopáticas, aos esforços · Obs: primeiro descartar que não é secundária 2. Secundária: é associada a uma patologia, como infecção sistêmica, traumatismo, distúrbios vasculares, HSA, tumor cerebral 3. Neuralgia e outras cefaleias DIAGNÓSTICO: anamnese detalhada + exame físico; localizar red flags · Não tem = é uma cefaleia primária? · Tem = cefaleia secundária = fazer exames *Cefaleia primária pode ter características atípicas e necessitar de exames ANAMNESE E EXAME FÍSICO · Caracterizar a dor, duração, local e irradiação, fator de +/-, frequência e intensidade · Início súbito ou gradual · Fatores de melhora e piora · Sintomas associados e periodicidade · Fatores agravantes · Mudança de padrão · Resposta à medicação · Exame geral/neurológico: sinais vitais, aparência toxêmica, RNC, anormalidades neurológicas, sinais meníngeos, achados oftalmológicos SINAIS DE ALERTA · Nova dor após 50 anos · Histórico de neoplasia, DCV · Imunossuprimidos · Dor pós traumática · Início súbito · Déficits neurológicos · Associada a esforço · Associada a mudança de posição · Piora com o aumento da pressão IC (manobra de valsalva, tosse, espirro) · Uso de medicação, como anticoagulantes · Febre *Edema de papila: sinal de HIC *Fazer diários da dor O que fala mais a favor das secundárias? S: sinais e sintomas sistêmico (febre, taquicardia importante, náusea e vômito) N: neurológico (verificar alterações) O: older > 50 anos O: primeiro episódios ou início súbito P: mudança de padrão (muito importante) · Se preencher um desses critérios, suspeitar de causa secundária e investigar!! · TC, punção lombar (cuidado se HIC) · Alguns casos, pode pedir RNM GREEN FLAGS · Dor de cabeça presente desde infância · Presença da dor por mais dias · Relacionada ao ciclo menstrual · Familiares têm o mesmo tipo de cefaleia · Última dor ocorreu ou parou há + de 1 semana INVESTIGAÇÃO · Iniciar com TC sem contraste · RNM pode ser considerada, mas demora mais, pode ser usada se TC e punção lombar não tiveram diagnóstico · Individualizar conforme suspeita dx. CASO: Paciente chega com cefaleia nova ou grave · Perguntar se teve suspeita de intoxicação por monóxido de carbono (principalmente se pessoas próximas também estão com sintomas): a. Tem suspeita faz oxigênio 100% b. Não tem suspeita TC de crânio TC de crânio mostra HSA ou lesão intracraniana encaminha para neurologista/ cx Não tem TC ou não tem alteração → punção lombar com sangue é HSA, sem sangue pensar em outras causas. c. Exames físicos têm sinais de meningismo ou encefalite: · Sim: risco de lesão intracraniana? (paciente imunossuprimido, crise convulsiva, papiledema, RNC, déficit neurológico focal): · Sim = TC de crânio e atb empírico e chamar neurologista/ cx · Não = fazer cultura, punção lombar, atb e dexametasona o líquor confirma meningite? Se não confirmar, faz RNM de crânio. · Não: baixa suspeita de HSA ou meningite, porém com sinais de gravidade · Sim = RNM ou TC contrastada suspeita de arterite de grandes células, neurite óptica, neuralgia do trigêmeo · Não = avaliar cefaléia, hx prévia, progressão, mudança de padrão, frequência, gravidade. Se suspeita, fazer RNM ou TC, caso contrário considerar que é uma cefaleia primária CEFALEIA DE CAUSA SECUNDÁRIA (gravidade) · MENINGITE Cefaleia aguda + rigidez de nuca + febre · Cefaleia: contínua, occipital, aumenta com manobras que aumentam a PIC (espirro, tosse) · Pode estar associada a náusea, vômito (principalmente em jato) e fotofobia · Queda do nível de consciência em + 75% dos casos Meningite bacteriana: · Principal agente etiológico: S.pneumoniae (50%) Outros: N.meningitidis (25%) principalmente em jovens e sempre acompanhada de petéquias. Streptococos do grupo B (15%) principalmente em recém nascidos · Diagnóstico: punção lombar e hemocultura · Solicitar TC antes da punção se suspeita de HIC (papiledema, queda do nível de consciência, déficits focais) · LCR apresentará leucograma com aumento de polimorfonucleares (>100), baixa glicose (<40), aumento de proteínas (>45) · Tratamento: atb empírico em até 60 minutos · Ceftriaxona 2g + vancomicina + dexametasona + aciclovir · Para Listeria associar ampicilina Encefalite viral (paciente tem alteração mental e no líquor há glicose): aciclovir (encefalite herpética). · HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA · Cursa com cefaleia aguda e rigidez de nuca no início. Súbita, pior dor da vida · Pode ter náusea e vômito, fotofobia, RNC · Complicações: duas precoces (hidrocefalia e ressangramento) e tardia (vasoespasmo) · Causas: trauma, aneurisma, malformação arteriovenosa · Diagnóstico TC · Sangue em espaço aracnoide · Se suspeita alta, mas TC normal punção lombar com sangue · Coletar 3 frascos diferentes · Mostrará sangue ou cor amarelada · Tratamento controle da PA · TUMOR CEREBRAL · Os sintomas são: dor surda (presente, mas não tão irritante), profunda, intermitente, intensidade moderada, piora aos esforços ou com mudança de posição, podendo estar associada a náuseas e vômitos · Associação com déficit neurológico focal · Diagnóstico TC ou RNM · ARTERITE TEMPORAL · É mais comum em mulheres acima de 50 anos · Cursa com cefaleia unilateral, claudicação mandibular, febre e hemossedimentação elevada · Sinais sistêmicos, como mal estar geral, perda ponderal, artralgia, febre, hipersensibilidade à palpação das artérias temporais · A principal complicação é a cegueira. · Diagnóstico: biópsia 2-3 dias após início dos corticoides · Tratamento prednisona 40-60 mg/dia · OUTRAS CEFALEIAS SECUNDÁRIAS · Pós concussão cefaleia, tontura, vertigem, distúrbios de memória · AVEi: pode mimetizar enxaqueca com aura · Glaucoma: dor ocular, náuseas, olho eritematoso · Dissecção carotídea ou vertebral: nova cefaleia, com ou sem sintomas neurológicos, dor do mesmo lado da dissecção, demonstrada no exame de imagem. Desaparece em um mês · Trombose venosa cerebral: cefaléia difusa e progressiva, com sinais de HIC, se resolve após 1 mês de tratamento com anticoagulantes. CAUSAS PRIMÁRIAS · MIGRÂNEA/ENXAQUECA · É mais comum em mulheres · Duas ou mais características: unilateral, pulsátil, de intensidade moderada e forte, agravada por esforço físico · Duração 4-72h · Geralmente é acompanhada de foto/fonofobia e/ou náuseas e vômitos · Pode ser acompanhada de aura, que são sintomas visuais/ sensoriais/ disfasia reversíveis 5-60 minutos antes · Atenção mulheres com mais de 60 anos com migrânea com aura têm alto risco de AVE · Tratamento em ambiente silencioso, repousar sob penumbra Se dor por menos de 72h: · Antiemético: dimenidrinato 30 mg EV (evitar metoclopramida por sintomas extrapiramidais) · Jejum e hidratação · Analgésicos: dipirona 1g, cetoprofeno 100mg · Sem resolução em 1h hora usar sumatriptano 6 mg SC, repetir em 2h se necessário Se dor por mais de 72h (estado migranoso) · Se for crise refratária, associar dexametasona 10 mg EV lento · Jejum e hidratação · Tratamento da crise · Sem melhora, administrar clorpromazina EV 0,1-25 mg/kg EV - via de administração dependa da náusea do paciente *Evitar opióides por risco de adição e dependência Triptanos: são agonistas seletivos vasculares do receptor 5-HT1. Encontrado nos vasos cranianos, regula a vasoconstrição. O fármaco faz uma vasoconstrição e inibição da liberação de neuropeptídeos trigeminais, prevenindo inflamação neurogênica. Tem ação 10 a 15 minutos após aplicação SC Ergotamínicos: são agonistas parciais dos receptores triptaminérgicos e alfa-adrenérgicos, fazendo vasoconstrição *Diferenciar migrânea de outras condições clínicas: · Sintomas positivos: casos leves e enxaqueca · Sintomas negativos: casos mais graves · TENSIONAL · É bilateral (holocraniana) com duração de 30 min a 7 dias de intensidade moderada do tipo pressão, não pulsátil · Melhora com exercício · Semnáusea e vômito · Pode ter foto ou fonofobia, não é atribuída a outra enfermidade · Tratamento: analgésico comuns, AAS, AINE e educação do paciente para identificação de fatores de gatilhos · CEFALEIA EM SALVAS · Mais comum em jovens do sexo masculino · É uma cefaléia com dor retro-orbitária, noturna (despertam após 2-4h), associada a lacrimejamento unilateral e congestão nasal. Se apresenta “em thunderclap” · Sintomas autonômicos · Red flags: acordar pela dor, piora no padrão, sintomas sistêmicos · Duração de 15min a 3h · Não melhora com analgésicos comuns · Relação com abuso de álcool · Tratamento: oxigenação a 100% (10-12L com máscara não reinalante) em 15-20 min (oxigênio em grande quantidade faz vasoconstrição) + sumatriptano 6 mg subcutânea + orientações dos fatores desencadeantes (como o álcool, cheiros) · Se for recorrente pode fazer profilaxia com bloqueadores de canal de cálcio DICA: sempre pedir ECG, mesmo que aparentemente não seja causa cardíaca image1.png image4.png image2.png image3.png