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ECONOMIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caro (a) Estudante, 
 
O comércio internacional é fundamental para a composição da 
economia internacional. Entretanto, permite o intercâmbio de bens e serviços 
através de fronteiras e territórios, possibilitando o abastecimento necessário 
do país. Neste capítulo, você estudará o comércio internacional e mundial, 
compreenderá sobre taxa de câmbio e exportações. 
AULA – 6 
ECONOMIA 
MUNDIAL E 
INTERNACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá 
como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade 
de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e 
Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo. 
▪ Compreender o conceito de psicologia 
▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia 
▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
➢ Compreender o comércio internacional; 
➢ Analisar a origem das instituições internacionais; 
➢ Entender taxa de câmbio; 
➢ Reconhecer elementos do comércio internacional. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 COMÉRCIO INTERNACIONAL E PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES 
6.1 Expansão do comércio internacional e globalização 
Segundo Paiva, Marquezini e Passanezi (2017), a expansão do comércio 
internacional remonta ao século XVI, com grandes expedições marítimas e 
descobertas de novas terras. Na época, o poder econômico de uma nação estava 
diretamente ligado ao domínio além-mar e ao comércio de especiarias e metais. O 
avanço por novos territórios impulsionou o comércio local e intramares. 
O transporte de mercadorias era feito em navios cargueiros ou ainda por via 
terrestre no lombo de animais. O percurso era longo e demorado, a comunicação era 
bastante precária; daí a explicação para elevadas perdas no trajeto da origem até o 
destino. Neste nível de organização e desenvolvimento comercial, configuradas de 
muitos modos em sociedades e culturas variadas, a chegada das mercadorias 
estimulava o comércio local e o contato com novos produtos estimulava e conformava 
o desejo de consumo das pessoas. 
No ambiente de formação das sociedades europeias modernas, o crescimento 
das cidades ocorreu primeiramente nas encostas dos castelos medievais, onde a 
multidão se reunia para realizar trocas e encontrar produtos diversificados. 
Comerciantes e ambulantes traziam especiarias e novidades do Oriente após uma 
longa jornada de viagem. A chegada deles consistia no principal contato dos 
moradores da região com o que realmente acontecia no mundo lá fora. 
O aumento do comércio levou à formação de cidades e ao enfraquecimento do 
antigo sistema produtivo, o feudalismo. O progresso urbano e o uso do dinheiro deram 
aos artesãos a oportunidade de deixar a agricultura e ganhar a vida com seu ofício. 
Essas mudanças na Europa afetaram os padrões do comércio internacional. A 
monetarização econômica e a introdução de novas técnicas de produção encorajaram 
o comércio e a sua diversificação. 
O avanço nas tecnologias de informação e de telecomunicações reduziu o 
desperdício e aumentou o controle sobre os fluxos de bens comercializados no mundo 
e capitaneados por empresas transnacionais, uma realidade que encontrou suas 
bases no decorrer do século XX e nos dias de hoje em vertiginoso desenvolvimento. 
Esse processo, conhecido como internacionalização da produção, iniciou na década 
 
 
de 1980 e teve muitas repercussões organizacionais, financeiras e tecnológicas. 
 Embora não haja consenso sobre o conceito de globalização, pode-se dizer 
que a internacionalização da economia, o progresso na desregulamentação do 
mercado e a formação de blocos econômicos regionais criaram uma economia que 
pode operar globalmente. Essa capacidade de atuar em maior escala lançou as 
sementes do processo de globalização. 
 A internacionalização da produção foi possibilitada pelos avanços do setor 
financeiro, a expansão da telemática e do mercado financeiro internacional. A parceria 
entre os setores financeiro e produtivo proporcionou a formação de mercados 
oligopolizados e rigidamente controlados por um grupo limitado de empresas. Essa 
nova estrutura de mercado ocasionou o avanço do movimento de globalização. 
6.2 Origem das instituições internacionais 
A eclosão da Primeira Guerra Mundial foi um marco na história. Houve vários 
países devastados por conflitos. A reconstrução econômica e o restabelecimento da 
normalidade se tornaram prioridades para esses países. Apesar dos esforços de 
reconstrução na arena do comércio internacional e algumas se demostrarem 
claramente inclinadas a adotar postura cooperativa e de formação de parcerias, as 
guerras comerciais ainda predominaram no cenário internacional e cada vez mais 
países procuravam aumentar as barreiras de proteção a produtos estrangeiros. 
Por exemplo, os Estados Unidos promulgaram uma lei (Smoot-Hawley Act) que 
permitia que as tarifas de importação aumentassem de 38% para 52% em vários 
produtos. O impacto dessa ação foi extremamente prejudicial para a economia norte-
americana, pois vários países retaliaram contra seus próprios produtos, 
representando uma ameaça ao crescimento da economia norte-americana (PAIVA; 
MARQUEZINI; PASSANEZI, 2017). 
Após alguns anos da aprovação dessa lei, o Congresso norte-americano 
mobilizou-se para sua alteração. A redução tarifária de alguns produtos foi fortemente 
combatida na arena política, uma vez que os benefícios seriam demasiadamente 
difundidos. As discussões foram bastante acaloradas, e a dissipação de benefícios a 
determinados grupos decorrente da redução tarifária levou na adoção de acordos 
bilaterais. Essas negociações são entre os Estados Unidos e alguns países. Apesar 
 
 
das negociações bilaterais terem sido a única alternativa encontrada provisoriamente, 
sabia-se que ela não seria a solução para o conflito de interesses entre as partes 
contratantes. Dessa forma, o protecionismo norte-americano terminou acarretando 
resultado oposto ao esperado, pois reduziu seu comércio externo, causando o 
aprofundamento da depressão que se queria atenuar. 
No final da década de 1930, o mundo testemunha a Segunda Guerra Mundial, 
outro conflito global. Milhares de pessoas e nações ficaram sem condições financeiras 
e econômicas para um recomeço. Em meio a um ambiente incerto, a eclosão do 
segundo conflito resultou na necessidade de criação de instituições que atendessem 
as intempéries político-econômicas das nações. A urgência pela criação de 
organismos internacionais que garantissem a paz e o diálogo entre as nações, assim 
como, sua sobrevivência, levou no desenho de uma nova ordem político-econômica 
mundial. Assim, em meio à destruição, países procuravam ajuda e recursos externos 
junto a outros países. Em 1947, ao contrário da postura adotada no início do século 
XVII, os Estados Unidos lançam um dos planos mais ambiciosos de reconstrução e 
de concessão de recursos aos países devastados pela guerra. 
Essa proposta ficou conhecida como Plano Marshall, executado durante o 
período de 1947 a 1951 e idealizado pelo secretário norte-americano George C. 
Marshall, 16 países europeus se beneficiaram com a liberalização de empréstimos da 
ordem de US$ 11,5 bilhões. Entre os países beneficiados, encontrava-se Inglaterra 
(24%), França (20%), Alemanha Ocidental (11%) e Itália (10%). A implementação do 
Plano Marshall no início da Guerra Fria facilitou a penetração norte-americana na 
Europa, enquanto travou a propagação do comunismo na região, mais precisamente 
na França e Itália. 
6.3 Mercantilismo e comércio internacional 
 
Para Paiva, Marquezini e Passanezi (2017), ao longo do desenvolvimento das 
teorias do comércio internacional, o mercantilismosurge como o primeiro conjunto de 
ideias que buscava explicar o funcionamento do comércio entre os países, 
particularmente no contexto da consolidação e fortalecimento dos Estados 
absolutistas. Apesar de não ser classificado como uma escola de pensamento 
econômico, alguns autores notáveis escreveram trabalhos que sustentam esse ponto 
de vista. 
 
 
 Autores como Jean-Baptiste Colbert (1619-1683), na França, e Thomas Mun 
(1571-1641), na Grã-Bretanha, trataram de desenvolver esse conjunto de ideias, 
embora ainda não fosse denominado “teoria mercantilista”. Em sua essência, as ideias 
mercantilistas argumentam que os Estados monárquicos deveriam se fortalecer; como 
resultado, o tamanho dos exércitos seria um fator importante na consolidação de sua 
posição. Um ponto importante a ser enfatizado no estudo das teorias do comércio 
internacional, bem como das ciências econômicas, é que uma teoria só pode ser 
estabelecida se puder explicar a realidade. Se houver uma lacuna significativa entre 
a realidade e o desenvolvimento teórico, ela entrará em colapso e dará lugar a um 
novo conjunto de ideias e teorias. 
Este aspecto é extremamente importante para determinar o contexto em que 
surgem as principais teorias econômicas e suas explicações para o funcionamento do 
comércio internacional. O contexto histórico em que emergem as ideias mercantilistas 
é o declínio do feudalismo na produção e o processo de consolidação dos Estados 
nacionais. Esse período também é marcado por conflitos e pela intensificação do 
comércio entre as nações (PAIVA; MARQUEZINI; PASSANEZI, 2017). 
A queda de Constantinopla fez que os europeus buscassem alternativas ao 
comércio com o Oriente, ao mesmo tempo, ocorria a expansão das grandes 
navegações. Países como Portugal, Espanha e Holanda iniciam esse processo, 
visando alternativas a esse bloqueio e também de novas riquezas. Dessa forma, 
percebe-se que, uma vez que o processo produtivo era praticamente dependente de 
atividades de artesanato e manufatura simples, o crescimento dessa sociedade 
decorreu basicamente de saques e comércio (PAIVA; MARQUEZINI; PASSANEZI, 
2017). 
Com isso, ter um grande exército era um requisito para que esses países 
pudessem se aventurar em busca de novas riquezas e conquistar novos territórios. A 
acumulação de riqueza seria também de fundamental importância para terem 
condições de adquirir os produtos necessários para o consumo, principalmente das 
classes dominantes. A acumulação de metais era fundamental para o fortalecimento 
e consolidação dos estados nacionais. Como resultado, o mercantilismo via como 
necessário que os países buscassem aumentos contínuos nas exportações e 
implementar restrições às importações, visando obter sucessivos superávits na 
balança de comércio. Para manter as importações, demonstrava-se necessária a 
 
 
admissão de medidas de natureza protecionista. Dessa forma, segundo o 
mercantilismo, o Estado deveria agir da seguinte maneira: 
 
➢ Possuir um exército numeroso (tendo como pressuposto o crescimento 
populacional); 
➢ Intensificar as atividades de comércio; 
➢ Juntar divisas (metais preciosos), isto é, buscar o metalismo; 
➢ Defender os interesses internos; 
➢ Conquistar maior participação no comércio internacional, através do aumento 
das exportações; 
➢ Enfatizar as atividades de comércio e manufatura (PAIVA; MARQUEZINI; 
PASSANEZI, 2017). 
 
Vale salientar que a crescente ênfase dada ao comércio, com pressões para a 
redução de taxas alfandegárias entre as localidades, correspondeu ao início da 
ascensão da burguesia comercial contra a nobreza, fato que terá como 
desdobramento a passagem do modo de produção feudal para o capitalista. 
6.4 Barreiras ao Livre Comércio: Esquemas Protecionistas 
A livre-troca de mercadorias, conforme defendido pelas teorias de comércio 
internacional, ainda não foi concretizado. As relações comerciais entre os países são 
marcadas pelo protecionismo, que impedem a livre circulação de mercadorias. Uma 
questão interessante a responder seria: por que prevalecem essas práticas? Sem 
pormenores, pode-se dizer que tem dois pontos de vista sobre o tema. 
 Do ponto de vista liberal, o mercado funciona melhor quanto menor for a 
intervenção do Estado no ambiente econômico. Nesse sentido, é preciso deixar que 
os agentes privados cuidem da livre alocação de recursos. Segundo avaliação liberal, 
as práticas protecionistas existem porque há grupos de pressão que se beneficiam de 
tais restrições e ganham muito com isso. Assim, a adoção de esquemas protecionistas 
gera inúmeros benefícios aos setores protegidos, mas não ao conjunto da sociedade, 
tampouco ao comercio internacional como um todo. 
 Para continuar ganhando, os beneficiários desses esquemas, organizam 
 
 
lobbies e pressões para impor seu desejo ao Estado, enquanto os setores 
prejudicados acabam aceitando essa situação em virtude da baixa capacidade de 
mobilização. Nesses termos, a prática protecionista é encarada como uma forma 
ineficiente de alocar os recursos produtivos, perpetuando benefícios de setores mais 
bem organizados e com maior acesso ao Estado. 
Na perspectiva dos defensores do protecionismo, são inúmeros os argumentos 
que sustentam a ação do Estado para corrigir as imperfeições do mercado através da 
implementação de uma política comercial estratégica. Nesse sentido, argumenta-se 
que é preciso garantir a competitividade do capital nacional, protegendo os empregos 
gerados internamente e promovendo o desenvolvimento econômico do país, o que 
não ocorreria se prevalecessem as regras do mercado e a concorrência capitalista 
predatória. 
Mais detalhadamente, um dos argumentos mais usados pelos protecionistas, e 
até mesmo aceito por alguns liberalistas, é o que defende a necessidade de proteção 
da indústria nascente. Com essa abordagem, sustenta-se que a indústria nacional, 
não plenamente desenvolvida, em função do pouco tempo de vida, sem escala de 
produção suficiente para concorrer em condições de igualdade com os produtos das 
empresas internacionais, deve ser beneficiada por esquemas protecionistas. 
 Sem custos de produção competitivos e sem esquemas de proteção 
adequados, essa indústria tenderia a perecer. Esse é um argumento, comumente, 
usado por países cuja industrialização foi realizada de forma tardia, denominados 
como países em desenvolvimento. Geralmente, ressalva-se, que evitando 
perpetuarem ineficiências, a proteção deve ser por tempo limitado, até que a 
maturação do processo de formação dessa indústria a coloque em condições de 
competitividade com as concorrentes estrangeiras. Essa estratégia foi usada por 
muitos países, incluindo os Estados Unidos e a Alemanha no século XIX e o Japão no 
século XX. Segundo Carvalho e Silva (2017), o Brasil também aderiu essa estratégia 
defensiva da indústria local, ao decorrer de grande parte da segunda metade do 
século XX. 
 No decorrer do período de rápido desenvolvimento da industrialização, o Plano 
de Metas do Governo Juscelino Kubitschek (1956/1961) previa, entre outras medidas, 
o fechamento da economia através de altas tarifas aduaneiras. A ideia era implantar 
um parque industrial no País, livre de competição de produtos procedentes de 
 
 
economias mais desenvolvidas. Essa prática se prolongou por décadas, mesmo 
depois da abertura comercial dos anos 1990, em alguns setores, por exemplo, a 
informática. 
Outra exposição forte, nessa linha de argumentação, são os incentivos à 
substituição e importações. Um país em desenvolvimento, com pouca diversificação 
da produção, por exemplo, tendo em sua pauta de exportação basicamente produtos 
primários e na pauta de importações especialmente produtos industrializados, 
concorreria em condição de inferioridade com os países desenvolvidos. Os produtos 
primários possuem baixo valor agregado e, com o passar do tempo, a relação entre 
os preços de importaçãoe os de exportação tenderiam a ser cada vez mais 
desfavoráveis para os países menos desenvolvidos. Defende-se, assim, a 
necessidade de adoção de uma política que estimule a diversificação da atividade 
econômica. 
 A prática protecionista, nesse caso, desestimularia a importação de produtos 
industrializados, criando um cenário favorável para a produção local desses produtos. 
Esse tipo de política foi persistentemente aplicado no Brasil durante grande parte do 
século XX. Há muitas maneiras de praticar o protecionismo. Dentre eles, destacam-
se tarifas, cotas de importação e subsídios, observe cada um, a seguir: 
 
➢ Tarifas: tributos cobrados sobre a importação de mercadorias. No Brasil, 
essa tarifa é chamada de Imposto de Importação (II). Tanto nesse como 
nos demais países, as tarifas podem ser qualificadas conforme o 
(Quadro 1). 
 
Quadro 1 – Modalidade de tarifas 
 
Ad valorem Cobrança de um percentual sobre o valor da mercadoria. 
Específica Cobrança de um valor me unidade monetária. 
Mista Cobrada quando o esquema é tanto ad valorem quanto específico. 
Fonte: adaptada (PAIVA; MARQUEZINI; PASSANEZI, 2017). 
A maioria dos países europeus, como o Brasil, adota cada vez mais tarifas ad 
valorem. Nos Estados Unidos, é habitual a aplicação tanto de um esquema tarifário 
 
 
como de outros. 
 
➢ Cotas de importação: são práticas protecionistas que restringem o livre 
comércio, limitando a quantidade física permitida para a importar 
determinada mercadoria. Semelhantes aos esquemas tarifários, sua 
principal finalidade é proteger um segmento industrial ou agrícola. 
 
O estabelecimento de cotas também produz efeitos sobre o preço da 
mercadoria, pois, ao limitar a oferta, ocorre diminuição da concorrência e os preços 
tendem a aumentar. Existe também consequências sobre o balanço de pagamentos 
e o câmbio. Os efeitos dessa prática protecionista sobre a economia são muito 
semelhantes com os que ocorrem com os esquemas tarifários. No entanto, algumas 
diferenças devem ser enfatizadas. 
 As cotas de importação, por exemplo, não produzem receitas diretas para o 
governo. Outra diferença em relação à tarifa é que o sistema de cotas é mais 
impositivo, buscando determinar diretamente a oferta do produto, ou seja, tendo sido 
definida a quantidade a ser importada, não se coloca alternativa ao importador, este 
tem que se adaptar a essa realidade, quando se aplica uma tarifa, ninguém é proibido 
de importar, somente desestímulos são criados para que isso ocorra. É por isso que 
se diz que o sistema de cotas é mais efetivo, pois não depende da elasticidade da 
demanda: independentemente do preço, a quantidade demandada será a que for 
estabelecida pelo governo. 
Conforme Paiva, Marquezini e Passanezi (2017), as cotas de importação são 
implantadas por licenças de importação, se essas licenças não são obtidas em um 
mercado competitivo, a tendência é que as firmas autorizadas a importar tenham 
vantagens de monopólio, ou seja, alto poder de mercado para a definição do preço da 
mercadoria. Além disso, como as licenças são concedidas pelo Estado, existe a 
possibilidade de ocorrência de corrupção, conforme aponta a literatura. 
A Argentina e os Estados Unidos, recentemente, aplicaram esquemas de cotas. 
No caso da Argentina, o país restringiu as importações de produtos da linha branca 
fabricados no Brasil, afirmando que os baixos custos de produção dessa linha de 
produtos brasileiros impediam os produtores argentinos de competir. Em 1999, os 
Estados Unidos impuseram um esquema de cotas para a importação de aço, ao resto 
 
 
do mundo, alegando-o como necessário para a proteção da indústria siderúrgica local. 
Existe também um esquema protecionista que é híbrido do sistema de cotas e 
do tarifário, conhecido como cota-tarifário. Nesse caso, as alíquotas são classificadas 
conforme a quantidade de mercadorias importadas. 
 
➢ Subsídios: pode ser reconhecido como uma transferência de recursos 
financeiros feita pelo Estado ao produtor ou algum segmento 
empresarial. O objetivo é proporcionar vantagens financeiras as 
empresas privadas para desenvolver setores estratégicos, regiões 
geográficas ou sustentar simplesmente determinadas atividades 
industriais. 
 
No caso do comércio internacional, os subsídios também podem ser definidos 
como pagamentos diretos e indiretos, feitos pelo governo aos produtores para 
estimular as exportações ou desencorajar as importações. Os subsídios vêm em três 
formas muito comuns: 
 
➢ Pagamento em dinheiro direto ao produtor, por unidade exportada; 
➢ Concessão de benefícios fiscais, reduzindo-se impostos; 
➢ Financiamento com taxa de juros subsidiada (PAIVA; MARQUEZINI; 
PASSANEZI, p.22, 2017). 
 
Os subsídios podem ser concedidos a exportadores, setores econômicos 
domésticos que enfrentam a concorrência de importações ou compradores 
estrangeiros, aumentando as exportações locais. O objetivo é sempre o mesmo. Dar 
subsídios significa reduzir os custos para os fabricantes que podem competir com 
empresas estrangeiras em condições privilegiadas, e os subsídios à exportação 
podem ser vistos como uma forma de dumping, onde são precificados abaixo dos 
custos de produção. 
Apesar de a prática de subsídio ser bastante difundida em todo o mundo, esta 
é mais adotada nos países ricos. Isso se deve, evidentemente, à capacidade 
arrecadação dos governos desses países, que têm muito mais condições de realizar 
transferências de recursos. 
 
 
 
6.5 Taxas múltiplas de câmbio 
 
Nesta estrutura, o país adere taxas de câmbio diferenciadas com a finalidade 
de estimular a importação de determinadas mercadorias, enquanto desestimula 
outras. No caso do Brasil, havia dez taxas de câmbio, na primeira metade da década 
de 1950. Para estimular o processo de substituição de importações, o governo 
brasileiro, impôs taxas diferenciadas para a importação de bens de capital e bens de 
consumo durável. Dessa forma, o empresariado nacional ganhava de duas maneiras: 
primeiro, porque poderia comprar máquinas e equipamentos com taxa de câmbio 
apreciada; segundo, porque a concorrência de produtos estrangeiros era minimizada, 
pois a taxa de câmbio para importação era depreciada. 
6.6 Taxa de Câmbio 
Conforme Paiva, Marquezini e Passanezi (2017), cada país emite sua própria 
moeda e cada moeda tem funções que incluem a capacidade dos atores econômicos 
de trocar bens e serviços, definir preços para produtos comercializados e atuar como 
reserva de valor. 
Pode-se encontrar os preços de bens e serviços cotados em sua própria 
moeda. Uma bolsa de couro pode custar R$ 50,00 no Brasil, enquanto uma similar 
pode custar US$ 50,00 nos Estados Unidos, o que não significa que sejam o mesmo 
preço. 
Como os preços da bolsa de couro são cotados em moedas distintas, sendo 
impossível estimar em qual dos dois países seria mais vantajoso comprar esse 
produto. Esse tipo de investigação não está presente apenas no mercado de bens e 
serviços da economia, mas se estende para além dos mercados financeiros e 
estabelece que a taxa de câmbio seja comprada e vendida simplesmente com 
expectativa de obter ganhos com a variação cambial. 
Nota-se que como a taxa de câmbio é o principal referencial, em termos de 
preços de bens e serviços, no comércio internacional e no mercado financeiro mundial. 
Simultaneamente, para efetivamente desenvolver esse entendimento, será 
necessário estabelecer o que é o mercado de câmbio e especialmente como os preços 
das moedas são definidos nesse mercado. Para tal, será avaliado como os agentes 
 
 
que demandam e ofertam moeda estrangeira dialogam na definição do preço da taxa 
de câmbio e também como o governo pode influenciar esse importante preço relativo 
da economia, quando ele escolhe pelo tipo de regime cambial a ser seguido. Serão 
apresentados os pontos básicos sobre a relação entre a taxa de câmbio e as principais 
variáveis macroeconômicas:juros, preços e produto. 
6.7 Taxa de câmbio nominal 
A taxa de câmbio nominal espelha o preço da moeda estrangeira em relação à 
moeda nacional. Por exemplo, quanto será necessário pagar em reais para comprar 
uma unidade de dólar. 
O valor da taxa de câmbio do real, em relação a algumas moedas estrangeiras, 
refere-se os valores da taxa de compra, cotação que o operador de câmbio dos 
bancos autorizados usa para operações de compra de determinada moeda, e os 
valores da taxa de venda, cotação utilizada para venda pelos bancos. O spread seria 
a diferença entre a taxa de compra e a taxa de venda da moeda estrangeira 
negociada, utilizada para cobrir os custos da transação e realizar lucros. 
Ao considerar a taxa de câmbio como a quantidade necessária de reais para 
comprar ou vender uma unidade da moeda estrangeira, a taxa de câmbio significa 
simplesmente mais um preço. A notação R$/€$ representa a quantidade de reais 
necessária para comprar uma unidade de euro. Ao conhecer a taxa de câmbio R$/US$ 
e R$/€$, pode-se calcular a taxa de câmbio cruzada entre o euro e o dólar (PAIVA; 
MARQUEZINI; PASSANEZI, 2017). 
Para calcular quantos reais são necessários para comprar um dólar, é preciso 
então entender como o preço da moeda estrangeira é determinado em um mercado 
cambial, onde a moeda de um país é trocada pela moeda de outro. 
No curto prazo, a determinação do preço da moeda estrangeira, ou seja, da 
taxa de câmbio, depende de fatores que influenciam a oferta e a demanda de divisas 
no país. Outro fator relevante é como as autoridades definem a política cambial para 
o país naquele determinado momento. 
O mercado de câmbio consiste em agentes econômicas que compram e 
vendem moedas estrangeiras. Os principais atores nesse mercado são bancos 
comerciais, corporações, instituições financeiras não bancárias e bancos centrais. 
 
 
6.8 Demanda de dólares no mercado cambial brasileiro 
 
 
Segundo Paiva, Marquezini e Passanezi (2017), a curva de demanda de 
dólares mostra a quantidade de dólares que os brasileiros desejarão comprar em um 
determinado período e a cada taxa de câmbio. Seguindo a lógica da lei da demanda, 
quanto menor a taxa de câmbio, isto é, quanto menor o valor que se tem de pagar 
pela unidade de dólar, maior a quantidade demandada de dólares no mercado 
cambial. Isso porque quanto mais barato está o dólar americano, mais acessíveis 
ficam as mercadorias americanas, e os brasileiros as compram, demandando uma 
quantidade maior de dólares no mercado cambial. 
 Conforme a lei da demanda, se o preço da moeda estrangeira cai, aumenta 
sua demanda; no entanto, outros fatores influenciam a demanda de dólares pelos 
residentes no Brasil. Entre eles, destacam-se: 
 
➢ PIB real do Brasil: mesmo que o preço do dólar permaneça inalterado 
no mercado cambial, o crescimento real da economia brasileira pode 
aumentar a demanda pelo dólar no mercado brasileiro. Isso porque os 
brasileiros estarão dispostos a comprar mais produtos, inclusive 
produtos e serviços americanos, independentemente da taxa de câmbio. 
➢ Nível de preços relativos: se o nível de preços relativos no Brasil 
aumenta e o nível de preços norte-americanos permanecem o mesmo, 
os brasileiros tendem a comprar mais produtos norte-americanos que 
produtos brasileiros. 
➢ Preferência: involuntariamente dos preços dos produtos e da taxa de 
câmbio, os agentes brasileiros podem preferir os produtos e serviços 
norte-americanos, o que também significa maior demanda de dólares no 
mercado de cambial. 
➢ Taxas de juros relativos: quando a taxa de juros de um país está mais 
elevada em relação a outro, esse país pode atrair investimento para o 
seu mercado financeiro. Conforme o exposto acima, caso a taxa de juros 
norte-americana fique mais atrativa que a taxa de juros brasileira, os 
investidores tendem a alocar suas riquezas em títulos norte-americanos, 
logo, os que estavam investindo no Brasil passam a procurar dólares no 
 
 
mercado de cambial para mudar sua carteira de ativos. 
➢ Expectativa de variação cambial: considerando que os investidores 
brasileiros tenham expectativa de queda do preço do real (depreciação 
do real), se mantiverem ativos brasileiros poderão sofrer perda cambial, 
isso significa que os investidores buscam ativos financeiros mais 
seguros no mercado internacional, principalmente os cotados em dólar, 
aumentando, assim, a demanda de dólares no mercado brasileiro. 
 
Dessa forma, os principais agentes no Brasil que demandam dólares no 
mercado de cambial são: 
 
➢ Os importadores de produtos e serviços norte-americanos e produtos cotados 
em dólares; 
➢ Os turistas brasileiros que viajam para o exterior; 
➢ Os investidores nacionais que compram títulos no exterior cotados em dólares; 
➢ As empresas, governo ou pessoas físicas que necessitam de moeda 
estrangeira para quitar seus compromissos, como pagar juros ou títulos no 
exterior; 
➢ Os investidores internacionais com investimentos financeiros no Brasil, que 
resolvem optar por investimentos nos Estados Unidos; 
➢ “As empresas que enviam lucros, dividendos e juros para os Estados Unidos” 
(PAIVA; MARQUEZINI; PASSANEZI, p.84, 2017). 
6.9 Exportações 
 
As exportações são mercadorias produzidas em determinado país e vendidas 
a outros países. Porém, as mercadorias exportadas têm que estar bem identificadas, 
para efeito de fiscalização. As exportações são denominadas de visíveis quando 
compreende mercadorias tangíveis e invisíveis quando se trata de serviços, podendo 
ser operações voltadas para o turismo, os transportes, os serviços bancários, os 
serviços financeiros e até os serviços técnicos. 
 
 
 
6.9.1 Classificação da mercadoria 
 
Depois do registro de exportadores e importadores no Siscomex, a empresa 
deverá classificar seus produtos conforme duas nomenclaturas: a Nomenclatura 
Comum do Mercosul (NCM) e a Nomenclatura Aduaneira da Aladi (Naladi-SH), ambas 
elaboradas com base na Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de 
Designação e Codificação de Mercadorias (SH), em Bruxelas, em junho de 1983. 
Entretanto, a NCM foi criada em 1995, com a entrada em vigor do Mercosul, que veio 
substituir a Nomenclatura Brasileira de Mercadoria (NBM). Vale salientar que a 
codificação da NCM é formada de oito dígitos numéricos, sendo os seis primeiros de 
conhecimento internacional por: capítulos, posição, subposição simples, subposição 
composta, item e subitem (PAIVA; MARQUEZINI; PASSANEZI, 2017). 
 
6.9.2 Processo de exportação 
 
O processamento de exportação deve seguir um roteiro planejado, técnico e 
profissional: pesquisa de mercado, promoção de um contato preliminar, cotações e, 
por fim, preparação da documentação e da mercadoria. 
 
6.9.3 Pesquisa de mercado 
 
A pesquisa documental prévia possibilita ao empresário acesso a diversas 
informações essenciais para o êxito de futuras transações nos mercados externos, 
em que as fontes de pesquisa de mercado são: câmaras de comércio internacionais, 
consulados; associações comerciais e sindicatos de classe; bibliotecas; revistas 
estrangeiras especializadas; publicações especializadas em comércio exterior. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
CARVALHO, M. A.; SILVA. C. R. L. Economia internacional. 5. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017. 
 
PAIVA, D. L. D.; MARQUEZINI, S. V. F.; PASSANEZI, Paula M. S.; et al. Economia 
Internacional. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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