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Ieza Martins 5° Período- MedAfya APG 03 - OSTEOMIELITE Estudar osteomielite e seus principais agentes etiológicos Entender etiologia, epidemiologia, manifestações clínicas, fisiopatologia (mecanismo de infecção) e fator de risco dando ênfase à formação do biofilme na Osteomielite Estudar métodos de diagnóstico e tratamento da Osteomielite Definição: A osteomielite, uma infecção óssea, pode ser causada por vários microrganismos que chegam até o osso por meio de diferentes vias ● Casos de osteomielite podem ser classificados por vários critérios, incluindo a patogênese, a duração da infecção, o local da infecção e a presença ou ausência de material estranho. ● O sistema de estadiamento amplamente usado de Cierny-Mader classifica a osteomielite de acordo com o local anatômico, as comorbidades e os achados radiográficos: Mecanismos de transmissão: (HARRISON) 1) Disseminação hematogênica - A osteomielite hematogênica em adultos envolve geralmente a coluna vertebral. - Em apenas cerca de metade dos pacientes pode ser detectado um foco primário. Os focos primários mais comuns de infecção são o trato urinário, pele/tecidos moles, locais de cateterismo intravascular e o endocárdio. 2) Disseminação a partir de um local contíguo após uma cirurgia - Ocorre após um trauma ósseo ou uma intervenção cirúrgica. A infecção do ferimento levando à osteomielite ocorre geralmente após intervenção cardiovascular envolvendo o esterno, reparo ortopédico após fratura aberta ou inserção de prótese articular 3) Infecção secundária diante de uma insuficiência vascular ou neuropatia concomitante - A osteomielite secundária à insuficiência vascular ou neuropatia periférica ocorre mais frequentemente após infecção crônica e progressiva da pele e dos tecidos Ieza Martins 5° Período- MedAfya moles do pé. A condição subjacente mais comum é o diabetes. No diabetes mal controlado, a síndrome do pé diabético é causada por isquemia de pele, tecidos moles e osso combinada com neuropatia motora, sensitiva e autonômica. Classificação da osteomielite quanto a duração da infecção: (HARRISON) 1) Osteomielite Aguda - geralmente pode ser tratada apenas com ATB - A osteomielite aguda hematogênica ou contígua evolui durante um curto período – isto é, alguns dias ou semanas - até 2 semanas de evolução 2) Osteomielite Subaguda: - 2 semanas até 3 meses de evolução; - Os exemplos típicos de um curso subagudo são a osteomielite vertebral por tuberculose ou brucelose e infecções tardias associadas a implantes causadas principalmente por microrganismos de baixa virulência (estafilococos coagulase-negativos, Propionibacterium acnes). 3) Osteomielite Crônica - o tratamento antibiótico para osteomielite crônica deve ser combinado com a cirurgia de desbridamento - mais de 3 meses de evolução - A osteomielite crônica se desenvolve quando a terapia insuficiente leva à persistência ou à recorrência, mais frequentemente após infecção do esterno, da mandíbula ou do pé. Classificação de acordo com o Tratado de Medicina da Família Osteomielite aguda: Ieza Martins 5° Período- MedAfya ● pode ser hematogênica, na qual a via de contaminação se dá por disseminação sanguínea da bactéria a partir de um foco de infecção à distância ● Por contiguidade , na qual a invasão bacteriana se dá a partir de infecção presente em estruturas vizinhas ● E por inoculação direta , como ocorre, por exemplo, nas fraturas expostas (também denominada osteomielite pós traumática). Osteomielite subaguda: ● Caracterizada por uma evolução mais atípica e lentificada do processo infeccioso (quadro clínico mais arrastado do que a osteomielite aguda). O curso insidioso da osteomielite subaguda ocorre em função de hospedeiros com resistência imunológica relativamente preservada, bactérias com virulência diminuída ou administração de antibióticos antes do início dos sintomas. Nela é característica a formação de um abscesso circunscrito: o abscesso de Brodie Ieza Martins 5° Período- MedAfya Osteomielite crônica: ● Ocorre em decorrência da manutenção do processo infeccioso, que leva à formação do sequestro ósseo (fragmento ósseo responsável pela cronificação da infecção, constituído de osso desvitalizado, com baixo potencial biológico de defesa imunológica, onde se alojam os microrganismos infectantes) Classificação da osteomielite quanto ao local da infecção: (HARRISON) - Ossos longos: geralmente são envolvidos após disseminação hematogênica em crianças ou disseminação contígua após trauma ou cirurgia - Coluna Vertebral: risco de osteomielite vertebral em adultos aumenta com a idade - Periarticular: que complica a artrite séptica que não foi tratada adequadamente, é especialmente comum em infecções articulares periprotéticas. Classificação da osteomielite quanto a extensão anatômica: - Tipo 1: apenas medular (hematogênica aguda) - caracteristicamente medular e epifisário - Tipo 2: cortical superficial (por contiguidade) - ex: escara trocantérica com lesão de partes moles e exposição femoral que produz acometimento osteomielínico superficialmente no osso adjacente - Tipo 3: localizada (cortical e medular com estabilidade mecânica) - ex: fratura com implante infectada - Tipo 4: difusa (cortical e medular com instabilidade hemodinâmica) - sinônimo de pseudoartrose infectada OSTEOMIELITE HEMATOGÊNICA AGUDA (OHA) Principal agente etiológico: Staphylococcus aureus é o germe mais frequentemente causador da doença e pode responder por até 90% dos casos independentemente da faixa etária. Neonatos: pode haver maior frequência dos estreptococos do grupo B e de Gram-negativos como E. coli. Lactentes: devem-se considerar os estreptococos do grupo A e os hemófilos. Portadores de anemia falciforme: considerar a infecção por Salmonella. Conceitos: ● A osteomielite hematogênica aguda (OHA) é uma das mais graves infecções do sistema musculoesque!ético que acomete o osso e a medular óssea em crianças. ● É uma doença principalmente dos ossos em crescimento. Ieza Martins 5° Período- MedAfya ● A porta de entrada do germe geralmente são ferimentos e abrasões cu1ãneas, piodermites, amigdalites e otites ● O diagnóstico diferencial deve incluir abscessos, dermatites, celulites, trauma e mesmo tumores do tipo Ewing e leucemia. Epidemiologia: ● Cerca de 85% dos casos ocorrem em idades inferiores a 17 anos. ● O acometimento é quatro vezes maior no sexo masculino Quadro clínico: ● Em geral mostra uma criança febril, anoréxica, prostrada, queixando-se de dor incapacitante na extremidade de um osso longo ● Se o acometimento é dos membros superiores a criança assume uma postura de proteção do membro junto ao corpo, recusando-se a utilizá-lo; nos membros inferiores, a criança não consegue deambular ● No local da dor há edema, rubor e calor; a dor é intensa à palpação e a mobilização articular adjacente. ● Em recém-nascido e lactente as manifestações sistêmicas são quase inexistentes Patogenia: ● A OHA ocorre em aproximadamente 3% das bacteremias em crianças que são desencadeadas principalmente por piodermites provocadas por estafilococos e também pelas infecções febris das vias aéreas superiores ocasionadas principalmente pelos pneumococos ou hemófilos ● A metáfise dos ossoslongos nas crianças possui rica trama de capilares sinusoidais calibrosos, nos quais existe uma lentificação e estase do fluxo sanguíneo que facilita a obstrução por êmbolos sépticos ● Além disso, nessa região há uma característica diminuição no número e na atividade das células fagocitárias devido à baixa pressão do oxigênio que propicia a instalação de agentes infecciosos ● Na fase inicial ocorre um processo supurativo com predomínio de leucócitos e obstrução dos capilares sinusóides que leva a aumento da pressão intra-óssea, em que se observam áreas de isquemia e necrose óssea. ● O processo supurativo destrói e rompe a cortical formando um abscesso subperiosteal, que pode atravessar os tecidos moles formando uma fístula de drenagem. ● A cartilagem epifisária e a cápsula articular formam uma barreira natural à disseminação do pus, quando a metáfise é extra-articular. O joelho tem a metáfise tibial extra-articular; dessa maneira a OHA não evolui com artrite séptica. Já no quadril, que possui metáfise intra-articular, a OHA evolui com artrite séptica associada Ieza Martins 5° Período- MedAfya Diagnóstico: ● Os exames imediatos são essenciais para o diagnóstico ● Devem incluir: ➔ Hemograma ➔ Proteína C-reativa (PCR) ➔ Velocidade de Hemossedimentação (VHS) ➔ Hemocultura: pode ser positiva cm até 50% dos casos ➔ Leucograma em geral mostra leucocitose com desvio para a esquerda ATENÇÃO: O controle de cura durante do tratamento deve ser realizado periodicamente com dosagens de PCR e VHS, a normalização desses exames assegura que o tratamento evolui corretamente RADIOGRAFIA: ● Na fase inicial da doença apresentam apenas sinais inespecíficos em partes moles adjacentes ● Não se devem esperar alterações radiográficas para o início do tratamento, pois as alterações características iniciam-se tardiamente após 2 semanas e evolução com rarefação óssea e periostite. CINTILOGRAFIA ÓSSEA: ● Pode mostrar alterações de captação muito antes das alterações radiológica ● Essas alterações podem ser detectadas com apenas 24 a 48h de evolução da doença ● Apresenta sensibilidade e especificidade em torno de 90% em casos de infecções ósseas RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA ● Por sua capacidade de detectar precocemente alterações na medula óssea é eficiente na detecção da osteomielite. ● Sua indicação deve ser considerada apenas nos casos em que o diagnóstico não pode ser feito pelos métodos usuais ATENÇÃO: A aspiração diagnóstica ou terapêutica do osso pode permitir a coleta de material purulento e a realização de culturas diagnósticas. Essas culturas detectam o germe causador em aproximadamente 70% dos casos. Tratamento: ● Os princípios que norteiam o tratamento são a identificação do agente etiológico, a seleção e introdução da antibioticoterapia correta bem corno a diminuição da destruição tecidual. PUNÇÃO ÓSSEA: ● Pode confirmar o diagnóstico, possibilita o isolamento do agente e determina se há ou não a necessidade de drenagem cirúrgica Ieza Martins 5° Período- MedAfya ● A região mais dolorosa da metáfise deve ser puncionada com uma agulha de grosso calibre, devendo-se realizar primeiro a aspiração subperiosteal ● Na ausência de secreção purulenta nessa região, introduz-se a agulha no osso, normalmente sem grande resistência, pois ali a cortical é delgada. ● Um erro frequente é a introdução da agulha na diáfise por temer a proximidade com a fise, neste caso encontra-se maior dificuldade para a punção devido às características locais da cortical. Qualquer material aspirado deve ser enviado para o Oram e para a cultura e antibiograma ● Caso a punção seja positiva, isto é, pus seja aspirado deve-se proceder à drenagem cirúrgica imediata. ANTIBIOTICOTERAPIA: ● Deve ser iniciada de forma empírica para amplo espectro com base na probabilidade de acordo com a faixa etária tão logo o material para a coloração pelo método de Gram e cultura tenha sido colhido. ● Uma vez obtido o resultado da cultura e do antibiograma deve-se adequar o tratamento de acordo com a sensibilidade do germe. ● A droga de escolha deve ser bactericida e preferencialmente de administração parenteral. ● O tratamento deve ter duração mínima de 4 a 6 semanas ATENÇÃO: Considera-se apropriada a antibioticoterapia parenteral até melhora clínica e laboratorial (normalização da proteína C-reativa e de VHS) continuada de forma oral até completadas 6 semanas de tratamento DRENAGEM CIRÚRGICA: ● Intervenção cirúrgica está indicada quando os sintomas não regridem após 48h do início da antibioticoterapia ● A persistência de febre alta. processos inflamatórios persistentes e o estado toxêmico da criança são indicações para a descompressão, a fim de evitar destruição cortical e expansão da infecção para toda a medular óssea ● Primeiro, realiza-se a abertura do periósteo para a drenagem do abscesso, em seguida a cortical é perfurada com broca e, posteriormente, o orifício é alargado o suficiente para permitir a curetagem da área afetada. A drenagem de sucção deve ser mantida por 24 a 48h. OSTEOMIELITE POR CONTIGUIDADE Principal agente etiológico: ● Os estafilococos e estreptococos ainda são comumente implicados, mas em 25% das infecções pós operatórias são detectados organismos gram negativos. Ieza Martins 5° Período- MedAfya Conceitos: ● As bactérias podem ser introduzidas diretamente no osso por um ferimento penetrante, uma fratura exposta ou cirurgia. A irrigação ou desbridamento inadequados, a introdução de material estranho dentro da ferida e uma lesão tecidual vasta aumentam a suscetibilidade do osso à infecção. Epidemiologia: ● A penetração direta ou extensão de bactérias provenientes de uma fonte externa (exógena) atualmente é a causa mais comum de osteomielite nos EUA. Quadro clínico: ● A osteomielite após um trauma ou cirurgia óssea geralmente está associada a febre persistente ou recorrente, aumento da dor no local da cirurgia ou trauma e má cicatrização da incisão, que muitas vezes é acompanhada por drenagem contínua da ferida e separação de suas bordas. ● As infecções de próteses articulares geralmente se manifestam com dor nas articulações, febre e drenagem cutânea Patogenia: ● A patogênese da osteomielite resultante da penetração direta ou disseminação contígua difere da infecção hematogênica em que virtualmente qualquer osso traumatizado pode estar envolvido. Embora o osso saudável seja altamente resistente à infecção, a lesão pela inflamação local e trauma pode desvitalizar o osso e tecido circundante, fornecendo uma matriz inerte na qual crescem os microrganismos introduzidos durante o trauma. Ieza Martins 5° Período- MedAfya Diagnóstico: ● A avaliação radiográfica e por imagem deve preceder qualquer tratamento cirúrgico em osteomielites RADIOGRAFIA: ● A radiografia simples pode determinar a presença de seqüestros, invólucro e lacunas ósseas. ● Em presença de fístulas, a injeção de contrastes radiopacos iodados permite determinar mais eficientemente a localização do processo infeccioso facilitando o procedimento cirúrgico Ieza Martins 5° Período- MedAfyaTC: ● A tomografia computadorizada, além de demonstrar a extensão do processo infeccioso, pode ser utilizada na monitorização de procedimentos invasivos como aspiração percutânea de abscessos e biópsias ósseas. ● Os achados característicos da osteomielite à tomografia computadorizada (TC) são: ➔ destruição da cortical óssea, ➔ neoformação óssea ➔ aumento de partes moles. ● A detecção de gás no interior do canal medular à TC representa um sinal diagnóstico confiável de osteomielite, que pode passar despercebido ao raio X. ● Outra aplicação importante do método é na procura de sequestros no seio de um foco osteomielítico crônico, além do diagnóstico de abscesso de partes·mole RNM: ● A ressonância nuclear magnética na osteomielite subaguda e crônica detecta erosões intracorticais, perioslite e avalia a verdadeira extensão de um abscesso de Brodie. Tratamento: ● O tratamento inclui a utilização de antibióticos e o uso seletivo de intervenções cirúrgicas. OSTEOMIELITE HEMATOGÊNICA SUBAGUDA E CRÔNICA Principal agente etiológico: os mesmos da aguda, pois aqui é uma cronificação do processo inicial Conceitos: ● Quando diagnosticadas precocemente e tratadas corretamente podem evoluir para a resolução clínica ● Clinicamente, esse tipo de osteomielite pode manter-se ativa com secreção purulenta persistente ou permanecer latente por tempo indefinido com recorrências ocasionais. ● Tanto a osteomielite crônica ativa quanto a recorrente são processos infecciosos extremamente difíceis de ser erradicados ATENÇÃO: Pessoas com quadro um pouco mais arrastado e sem sinais francos de uma infecção aguda também devem ser investigadas com rigor, porque os principais diagnósticos diferenciais das osteomielites subagudas são os tumores ósseos. Entre eles, destacam-se o osteossarcoma e o sarcoma de Ewing. Epidemiologia: ● Sua incidência diminuiu no século passado por causa da melhora nas técnicas cirúrgicas e do advento da antibioticoterapia de amplo espectro. Ieza Martins 5° Período- MedAfya Quadro clínico: ● Pode ocorrer fístulas em decorrência do sequestro ● abscesso de Brodie Patogenia: ● O osso infectado apresenta sua vascularização prejudicada e segmentos podem tomar-se desvitalizados sendo conhecidos como sequestros. ● Esse fragmento de osso desvitalizado é isolado do resto do organismo em lacunas preenchidas com pus que não permitem a revascularização do mesmo. Forma-se então um local em que as bactérias se multiplicam sem o combate dos leucócitos perpetuando a infecção ou estimulando recorrências. ● Frequentemente, o sequestro pode comunicar-se com exterior por uma fístula secretante e, em alguns casos, pode ser naturalmente eliminado. ● Outro tipo de reação do organismo ao osso desvitalizado é o seu envolvimento com osso neoformado que se denomina invólucro (bainha de osso novo). ● O abscesso de Brodie é uma infecção latente e persistente na região metafisária do osso envolvida por tecido fibroso e osso esclerótico. ● A infecção é localizada, encapsulada e avascular e frequentemente apresenta sintomatologia mínima. Diagnóstico: CARACTERÍSTICAS DO ASPECTO RADIOGRÁFICO ● Deposição óssea laminar progressiva formando um colar esclerótico circundando o osso chamado invólucro (Fig. 79.10). Nesse invólucro pode-se observar segmento ósseo denso, bem demarcado, caracterizando o sequestro (Fig. 79.11 ) Ieza Martins 5° Período- MedAfya ● Osteocondensação com trabeculação espessa e anárquica, cavidades intra-ósseas lacunares, espessamentos periosteais grosseiros e alargamento e deformidade do osso (Fig. 79. 12). ● Presença de gases em decorrência de germes anaeróbios ou fístulas cutâneas. ● Osso extremamente esclerosado, com corticais espessas caracterizando a osteomielite esclerosante de Garré (Fig. 79.13). Tratamento: ● O tratamento das infecções ósseas crônicas começa com culturas da ferida para identificar o microrganismo e sua sensibilidade à antibioticoterapia. O objetivo ao escolher o tratamento antimicrobiano para a osteomielite é utilizar o fármaco com a mais alta atividade bactericida e a menor toxicidade, bem como com o menor custo ● O tratamento é cirúrgico quando houver dor, incapacidade ou fenômenos flogísticos. ● Deve-se definir o grau e extensão do acometimento ósseo para a escolha adequada do tratamento cirúrgico, que deve remover todo o tecido desvitalizado e promover cobertura cutânea adequada. ● A terapia intravenosa normalmente é necessária por até 6 semanas ● A antibioticoterapia inicial é seguida pela cirurgia para remover corpos estranhos (p. ex., placas e parafusos metálicos) ou sequestro e pela antibioticoterapia a longo prazo Ieza Martins 5° Período- MedAfya ● Geralmente é necessária a imobilização da parte afetada, com restrição da descarga de peso sobre o membro inferior. Às vezes utilizam-se aparelhos de fixação externa. ● Tratamentos adjuvantes, como a oxigenoterapia hiperbárica, podem ser utilizados. ● O tratamento cirúrgico da osteomielite crônica, seja sequela de osteomielite hematogênica ou de osteomielite por contiguidade, consiste na retirada de todo tecido necrótico e infectado. OSTEOMIELITE COM INSUFICIÊNCIA VASCULAR (Porth) Conceitos: ● Em pessoas com insuficiência vascular, a osteomielite pode se desenvolver a partir de uma lesão cutânea. ● Esta lesão está mais comumente associada a úlceras crônicas ou isquêmicas nos pés em pessoas com diabetes de longa data. ● A neuropatia provoca a perda de reflexos protetores, e a circulação arterial prejudicada e o trauma repetitivo são os principais fatores que contribuem para a fissura da pele e a formação da úlcera. Quadro clínico: ● As pessoas com osteomielite com insuficiência vascular frequentemente apresentam problemas aparentemente não relacionados, como unhas encravadas, celulite ou uma úlcera perfurante no pé, dificultando o diagnóstico. ● Além disso, a dor muitas vezes é silenciada pela neuropatia periférica. Diagnóstico: ● A osteomielite é confirmada quando o osso é exposto no leito da úlcera ou após o desbridamento. ● A evidência radiológica é um sinal tardio. Tratamento: ● O tratamento depende da tensão de oxigênio dos tecidos envolvidos. ● O desbridamento e a antibioticoterapia podem beneficiar as pessoas que têm boa tensão de oxigênio no local infectado. O tratamento com oxigênio hiperbárico pode ser usado como terapia adjuvante. Ieza Martins 5° Período- MedAfya SEMIOLOGIA DA OSTEOMIELITE Anamnese: ● A anamnese deve buscar fatores que baixam a imunidade do indivíduo. Entre eles, destacam-se desnutrição, anemia falciforme, diabetes, alcoolismo, pacientes em quimioterapia e Aids. ● A identificação desses fatores de risco é importante não só para fins diagnósticos, uma vez que reforçam a hipótese de osteomielite, mas também para fins de prevenção, uma vez que, com sua eliminação ou controle, diminui-se a chance de recrudescência e de novas infecções. ● Um interrogatório sobre os diversos aparelhos (ISDA) deve ser feito sistematicamente em busca de possíveis “portas de entrada” da bactéria que atingiu a corrente sanguínea e chegou até o osso. Infecções de pele (celulites), IVAS, pneumonias einfecções urinárias estão entre os focos mais comuns. Mas, como mencionado, em grande parte dos casos não se identificam tais focos. ● Quanto aos antecedentes pessoais, sempre se deve perguntar sobre história de trauma na região, em especial fraturas expostas. Antecedentes de cirurgias no local da infecção podem indicar uma infecção pós-operatória. Uma história de infecção óssea antiga pode sugerir uma osteomielite crônica. ● Nos quadros subagudos, devem ser buscados sinais e sintomas que apontem para uma síndrome consumptiva (como o emagrecimento), pensando nos diagnósticos diferenciais de tumores ortopédicos. Exame físico ● Primeiramente, deve ser avaliado o estado geral da pessoa à procura de sinais sistêmicos de infecção. Em infecções osteoarticulares, indivíduos com extremos de idades (RNs e idosos) apresentam mais queda do estado geral em relação a adultos jovens. É comum a Ieza Martins 5° Período- MedAfya presença precoce de um estado confusional (delirium) em idosos. A febre é mais comum em crianças com osteomielite aguda e menos frequente em adultos e nas osteomielites crônicas ● A coloração de mucosas deve ser avaliada, pois a anemia é fator de risco para osteomielites, em especial a anemia falciforme. ● Deve-se avaliar também a qualidade da pele, dos cabelos, das unhas, dos dentes e das mucosas, bem como procurar sinais de raquitismo carencial (como deformidades angulares dos membros) com o objetivo de avaliar o estado nutricional da pessoa, uma vez que a desnutrição é um fator de risco clássico. ● Deve ser feito um exame físico sumário nos diversos aparelhos (pele, vias aéreas superiores [VAS], pulmão, trato gastrintestinal [TGI] e trato geniturinário) à procura de possíveis focos primários e/ou concomitantes de infecção. ● No segmento acometido, devem ser avaliadas a presença e a intensidade dos sinais flogísticos (dor, hiperemia, temperatura e edema). A dor típica da osteomielite ocorre à palpação sobre a região metafisária de ossos longos. A região acometida deve ser palpada em busca de possíveis pontos de flutuação que sugiram abscessos e coleções locais. Deve ser dada atenção à presença de fístulas características das osteomielites crônicas e das infecções pós-operatórias. A Tumoração local também deve ser notada, sendo importante lembrar-se dos temíveis diagnósticos diferenciais, em especial nos casos subagudos. ● Deve ser dada atenção especial às articulações próximas ao local de infecção. A presença de derrame articular, restrição da amplitude de movimento e posição antálgica da articulação (flexão de 30 graus, no caso, p. ex., do joelho) indicam a presença de uma pioartrite, sendo necessária punção articular (artrocentese) para o diagnóstico e drenagem articular como tratamento, além de antibioticoterapia e reabilitação intensa e precoce para evitar a rigidez articular e alterações degenerativas (artrose) futuras. Em outras palavras, a presença de pioartrite, seja concomitante ou isolada, mudaria a condução e o tratamento do caso, com prognóstico evidentemente diferente. Exames complementares: ● O leucograma característico é uma leucocitose com desvio para a esquerda. No entanto, em grande parte das vezes, ele é normal. Por serem exames altamente sensíveis, há aumento dos títulos na VHS e proteína C-reativa. A VHS, porém, é pouco específica e demora para normalizar (cerca de 3 semanas após iniciado o tratamento). A proteína C-reativa é melhor para monitorar ocurso do tratamento da osteomielite aguda porque volta ao normal muito mais cedo (1 semana). ● É fundamental coletar amostras para hemocultura, uma vez que sua positividade chega a 50% dos casos. Isso permite isolar o agente e testar sua sensibilidade aos antimicrobianos, podendo-se, assim, direcionar a antibioticoterapia. Ieza Martins 5° Período- MedAfya Ieza Martins 5° Período- MedAfya Tratamento de Osteomielites ● Assim que o diagnóstico de osteomielite aguda for estabelecido, deve ser feita reposição volêmica com cristaloides, analgesia adequada, posicionamento confortável do membro afetado e início da antibioticoterapia ● Se um abscesso não for encontrado por aspiração subperiosteal nem intramedular, inicia-se a antibioticoterapia intravenosa empírica para os organismos infectantes mais prováveis. Ieza Martins 5° Período- MedAfya ATENÇÃO: Em geral, cada serviço de infectologia ou Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) tem seu protocolo próprio de antibioticoterapia, conforme a prevalência local dos germes isolados. Esquema de tratamento livro do Gusso: Ieza Martins 5° Período- MedAfya Esquema de tratamento livro Cecil ● Proteína C-reativa deve ser coletada a cada 2 a 3 dias. Se nenhuma melhora clínica for observada em 48 horas, a drenagem cirúrgica deve ser considerada: Ieza Martins 5° Período- MedAfya FORMAÇÃO DO BIOFILME ● As bactérias formadoras de biofilme existem em duas formas: planctônica e fixa. Na forma planctônica (livre), as bactérias encontram-se livres fora da matriz extracelular, e estão isoladas e vulneráveis aos mecanismos de defesa do hospedeiro. ● Entretanto, quando há um volume elevado de bactérias planctônicas, é possível ocorrer a migração para a corrente sanguínea, o que resulta em septicemia. A bactéria planctônica pode se aderir a uma superfície como tecido necrosado ou corpo estranho (implante cirúrgico), e torna-se fixa. Já na forma fixa (séssil), as bactérias sésseis tendem a formar um biofilme de polissacarídeo sobre a superfície tecidual ou o implante. Ieza Martins 5° Período- MedAfya ● Após a colonização e a formação do biofilme, as bactérias podem permanecer inertes ou se manifestar por meio de infecção. ● A infecção instaurada na presença de biofilme é mais resistente aos antibióticos. Isso ocorre pelo fato de o antibiótico presente não ultrapassar o glicocálix (camada mais externa) do biofilme de forma efetiva (com gradiente de concentração baixa na região em que as bactérias estão alojadas). ● No centro das colônias, as bactérias se encontram em estado de baixo metabolismo, e dificultam a ação de determinados antibióticos. Tal fato pode explicar a maior resistência aos antibióticos nas infecções crônicas (com mais bactérias latentes) do que nas infecções agudas ● A interação da colônia com o tecido hospedeiro e a ação imunológica podem levar à formação de osso necrosado encapsulado, que pode também ser colonizado, e dá origem ao sequestro ósseo.7 Essa coleção pode se estender para fora, com a formação de um trajeto sinusal até a pele, e dá origem a fístulas