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TEORIA DA COR AULA 2 Prof. Ed Marcos Sarro 2 CONVERSA INICIAL Prezado aluno, nesta aula trabalharemos conteúdos relativos à organização sistemática do fenômeno cromático a partir de suas características identitárias, sua maior ou menor ocorrência, e suas relações consigo mesmo e com outras cores. Conheceremos um pouco esses sistemas, os critérios utilizados na sua constituição, suas dinâmicas, e como eles podem ser úteis ao designer, inclusive como parte de uma de suas ferramentas digitais mais utilizadas: o Adobe Photoshop. CONTEXTUALIZANDO A cor é um fenômeno natural, cuja apropriação e transformação pelo homem requer organização na forma de sistemas estruturados. Para que o seu uso seja disciplinado, de acordo com as demandas da produção humana, inclusive em projetos de Design, houve a necessidade de padronização da cor em função de diferentes usos: desde guias de cores na produção gráfica e no design de sites de internet, passando pela indústria do vestuário e pelas tintas que são usadas na fabricação de automóveis e outros objetos industriais e no Design de Interiores. TEMA 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS CORES 1.1 Cores primárias A rigor, as cores são classificadas de acordo com seu nível de essencialidade e mistura. As cores primárias são as chamadas não decomponíveis, ou seja, são as cores puras (Figura 1), que não podem ser criadas a partir de outras. Figura 1 – Cores primárias originais 3 Tecnicamente, são o ciano (ou azul cian), o magenta e o amarelo, mas na prática do uso comum, dos materiais de pintura e desenho, as cores que se popularizaram como as primárias são o azul, o vermelho e o amarelo (Figura 2): o ciano misturado ao magenta produz o azul, e o magenta com o amarelo produz o vermelho (Silveira, 2015). No caso, estamos falando de cores- pigmento. Figura 2 – Cores primárias no uso comum De fato, o que chamamos comumente de cores primárias são parcialmente secundárias. 1.2 Cores secundárias As cores secundárias (Figura 3) de fato são aquelas obtidas pela combinação das cores primárias entre si: o vermelho e o amarelo dão origem ao laranja, o vermelho com o azul dá roxo, o amarelo e o azul formam o verde Figura 3 – Cores secundárias Poderíamos falar ainda de cores terciárias e quaternárias, mas elas são de fato combinações das secundárias entre si, indefinidamente. 1.3 Cores complementares Cor complementar é a cor primária que não participa da composição de uma cor secundária; por exemplo: azul e amarelo formam o verde (cor secundária), e o vermelho fica de fora, que por sua vez é a complementar do 4 verde. No caso do roxo, ele é composto pelo vermelho e o azul, ficando de fora o amarelo, que é complementar do roxo (Figura 4). Figura 4 – Cores complementares Em breve, aprofundaremos esse assunto quanto à sua importância para o projeto de Design. 1.4 Tríades Observando o círculo cromático, podemos ver que as cores desenvolvem relações entre si, agrupando-se de três em três cores equidistantes no círculo (Figura 5), chamadas tríades. Essas tríades podem eventualmente abranger tons intermediários de uma cor e seus correspondentes em outras cores. Figura 5 – Tríade de cores primárias . 5 Inicialmente temos uma tríade de cores primárias (Figura 6), obviamente composta pelas três cores primárias (vermelho, azul e amarelo). Essas cores formam uma harmonia muito utilizada em produtos infantis e brinquedos. Veremos mais sobre contrastes e harmonias de cores adiante. Figura 6 – Tríade de cores secundárias Depois, temos a tríade de cores secundárias, composta pelo verde, pelo laranja e pelo roxo. As demais cores compostas tendem a criar tríades a partir das relações entre as cores que as compõe. 1.5 Cores análogas As cores análogas são aquelas que estão imediatamente próximas no círculo cromático, independentemente de serem primárias, secundárias ou complementares (Figura 7). Figura 7 – Cores análogas Elas guardam certa relação de unidade, e podem ser gradações de uma mesma cor. 6 1.6 Dinâmicas das cores entre si As cores não são entidades estanques nem inertes. Elas sensibilizam nosso olhar e ganham dinâmicas combinatórias diversas e praticamente ilimitadas, beneficiando o trabalho de artistas e profissionais de várias áreas criativas. Essa mecânica da cor, apesar de conhecida desde sempre por pessoas que lidaram com o fenômeno cromático em diferentes momentos da História, só foi de fato sistematizada a partir do século XIX, no trabalho de um cientista da cor chamado Michel Chevreul. TEMA 2 – CONTRASTE E HARMONIA DE CORES 2.1 Chevreul e sua Teoria dos Contrastes Simultâneos O francês Michel-Eugéne Chevreul (1786-1889) é importante para a Teoria da Cor, por ter influenciado positivamente as artes visuais do século XIX e XX, bem como toda a indústria moderna da cor, como veremos (Silveira,2015). Figura 8 – Chevreul Crédito: Domínio público. Essencialmente um cientista da Química, em 1824, Chevreul tornou-se diretor do Ateliê de Tinturaria, em Paris, estabelecimento que fornecia serviços de tapeçaria e material de tinturaria para o Governo francês. Sua missão era melhorar a qualidade da produção. Chevreul identificou problemas de qualidade 7 com a tinta preta, basicamente ligados aos processos químicos de tingimento, mas também à percepção visual do preto e de outras cores, simultaneamente. Seu trabalho deu origem a teorias modernas sobre contrastes e harmonias de cores (Silveira, 2015). 2.2 Modelos físicos Para dar sustentação à suas teorias, Chevreul confeccionou modelos físicos usados na classificação das cores, que foram uma grande contribuição para o estudo sistemático e científico da cor, servindo também de referência prática para artesãos. Um deles é o hemisfério de cores (Figura 9). Figura 9 – Reprodução do Hemisfério de Chevreul Chevreul também construiu um mostruário com fios de lã de cores com seus respectivos tons. Ele também montou um catálogo com mais de 20.000 tons de cores como referência para seus modelos físicos. Na prática, esses modelos eram usados principalmente para organizar sua imensa coleção de amostras têxteis (Silveira, 2015). Figura 10 – Disco de cores de Chevreul Crédito: Linda Hall Library, Exposé D’un Moyen De Définir Et De Nommer Les Couleurs, Planche 3, 1861. 8 Foi a partir do seu “Método de Observação”, para verificar esses contrastes, que Chevreul que criou seus discos de cores (Figura 10). 2.3 Chevreul e os impressionistas O livro de Chevreul foi particularmente importante para explicar teórica e cientificamente o que os artistas já faziam na prática, de forma intuitiva, há muito tempo. Suas teorias sobre a cor foram úteis para explicar e analisar os resultados que os artistas alcançavam em suas obras, sendo Chevreul muito apreciado pelos pintores por conta disso. Impressionistas como Seurat (Figura 11) e Signat, por exemplo, utilizavam uma técnica de pintura em que as cores primárias eram aplicadas na tela na forma de pontos ou traços, na quantidade que a composição demandava, ficando o trabalho de dar fechamento à terceira cor (por meio inclusive de uma lei da Gestalt, o Fechamento) à ação da retina e do cérebro do observador (Silveira, 2015). Figura 11 – Paisagem beira-rio, Seurat (1888) Crédito: Everett – Art / Shutterstock. Esse recurso se assemelha aos pontos reticulados característicos das artes gráficas (Mazzarotto, 2018), que podem ser vistos em revistas em quadrinhos mais antigas, quando observadas de perto (Figura 12). Esses pontos são chamados também de Benday. 9 Figura 12 – Ampliação de pontos Benday Esse recurso também aparece nos quadros de Roy Lieschenstein (Figura13), ícone da Pop-Art. Possivelmente, Lieschenstein percebesse relações entre o que os impressionistas do século XIX faziam (com sua técnica de pontilhismo) e as características do Benday, presente nas revistas em quadrinhos de seu tempo, atribuindo a eles, de certa forma, o status de arte. Figura 13 – M-Maybe, circa 1965 Crédito: Alamy/Fotoarena. Outra coisa observável no trabalho dos impressionistas, e que podemos ver também aqui, é que o espaço branco da tela entre os pontos e traços destaca a cor. Além disso, no caso da tela acima, o branco de fundo interage com os pontos vermelhos no rosto da garota, resultando em um tom salmão ou rosado. Chevreul entendia que, quando se pinta uma superfície com determinada cor, não se afeta apenas aquela região da pintura, pois a cor influencia as demais cores da composição. Se você reparar no rosto da personagem, sentirá que há um leve tom violeta que está sugerido. Isso se deve a um fenômeno que Chevreul descreveu como uma dinâmica de contrastes e harmonias. 10 2.4 Os contrastes de cores Segundo Chevreul, a observação sistemática da dinâmica das cores revela que duas cores, quando juntas, podem parecer diferentes do que quando estão sozinhas. Após quinze anos de vivência no setor e de diversas experimentações com a cor, Chevreul publicou sua obra mais importante: Da Lei do Contraste Simultâneo das Cores (citado por Silveira, 2015). Em linhas gerais, contraste é quando eu consigo perceber diferenças entre dois objetos ou dois efeitos colocados lado a lado ou sobrepostos (Figura 14). Figura 14 – Contraste preto-branco Podemos classificar os contrastes entre cores em duas categorias básicas: contrastes simultâneos e contrastes sucessivos. 2.5 Contrastes simultâneos Contrastes simultâneos ou recíprocos acontecem quando duas cores se influenciam mutuamente. Por exemplo: no que tange à temperatura das cores, uma cor fria e uma cor quente, quando colocadas lado a lado, tendem a se tornar um conjunto mais expressivo. Por outro lado, duas cores quentes juntas tendem a se esfriar mutuamente, enquanto cores frias, quando combinadas, se tornam mais quentes (Figura 15). Figura 15 – Contrastes de cores 11 Se compararmos as cores em termos de temperatura entre si, no que diz respeito ao contraste entre elas, o verde pode parecer mais frio quando próximo ao vermelho, que é uma cor quente (Figura 16). Figura 16 – Contrastes de cores 2 Enquanto o roxo seria uma cor quente, quando há vermelho, em comparação ao amarelo, será fria (Vaz; Silva, 2016). Sobre temperaturas de cores, falaremos mais a fundo em aulas posteriores. Isso acontece porque uma pode influenciar a percepção da outra, por ação da cor complementar de cada cor individualmente. Por exemplo: quando o azul é colocado próximo ou sobreposto ao vermelho, tende a ser percebido com um tom esverdeado, porque, como vimos, verde e vermelho são complementares (Silveira, 2015). Figura 17 – Contrastes simultâneos Da mesma forma, se colocarmos o vermelho próximo ou sobreposto ao amarelo, ele tenderá ao violeta, porque amarelo e violeta (ou roxo) são complementares (Vaz; Silva, 2016). Esse efeito se dá por conta de uma tendência do olho e do cérebro de procurar coerência e equilíbrio no mundo percebido. Ao ser sensibilizado por uma cor de tom vibrante, o olho (por ação do cérebro) tende a buscar outra cor que a complemente, de modo a diminuir a sua intensidade, anular o tom original e retornar ao equilíbrio. Se por acaso o olho não encontra o tom complementar adequado, ele o “força” sobre outro matiz que esteja próximo da cor original, de 12 modo a fazê-lo assumir um pouco da cor complementar da primeira cor. Cores de luminosidades diferentes, quando juntas, favorecem o contraste claro-escuro e a redução do efeito simultâneo (De Grandis, 1985). Chevreul registrou, como sendo uma lei geral, que toda cor, quando aplicada sobre um fundo branco, destaca-se do resto, ao passo que um fundo cinza aumenta o brilho, e a proximidade com o preto diminui o brilho. No entanto, segundo Chevreul, o cinza e o preto, por serem neutros (veremos mais sobre isso adiante), são muito propícios para harmonizar as outras cores (Silveira, 2015). 2.6 Contrastes sucessivos O contraste sucessivo ou consecutivo se dá pela influência de uma cor sobre o espaço imediatamente ao lado dela. Quando você olha por muito tempo para uma imagem colorida, principalmente com tons brilhantes, e em seguida para um papel em branco, vê nele a ilusão de ótica de uma imagem espectral, nas cores complementares àquelas nas quais você havia fixado o olhar (Figura 18). Esse fenômeno é chamado de imagem residual ou pós-imagem (Vaz; Silva, 2016). Figura 18 – Imagem residual Crédito: Maximumvector/Shutterstock; Bpfoto/ Shutterstock. É uma maneira de o cérebro buscar o equilíbrio, criando a cor complementar após ter sido tensionado pela cor observada, diminuindo sua vibração. Esse processo também é conhecido como protesto visual (Tai, 2018). 13 2.7 Harmonia de cores Harmonizar cores é se antecipar ao trabalho do olho e do cérebro, proporcionando a eles as cores que faltam para equilibrar a composição, o que Johannes Itten (1888-1967), que foi professor na Bauhaus, chamava de “equilíbrio psicofisiológico da cor”. Segundo ele, duas ou mais cores são harmônicas se, quando misturadas, produzem um cinza neutro (Barros, 2006). Isso acontece porque na mistura de cores suas vibrações individuais estão anuladas. No círculo cromático, podemos demonstrar, por meio esquemas (Figura 19) retangulares, quadrados ou triangulares (equiláteros e isósceles), as harmonias de cores possíveis (Barros, 2006). Figura 19 – Esquemas combinatórios de cores Crédito: Bro Studio/Shutterstock 14 A obtenção de harmonia de cores, assim como na música ou na combinação de comidas e bebidas, vai além do gosto pessoal, porque implica no arranjo estético das partes no todo (lei geral da Gestalt), de modo que o cérebro perceba uma unidade integrada e equilibrada. Obter uma boa fotografia colorida implica tanto a composição equilibrada dos elementos quanto a combinação das cores no tema (Figura 21). Figura 20 – Combinação de cores em uma foto Crédito: Aqnus Febriyant/Shutterstock. Isso vale para o projeto de um livro, uma capa de revista, um site de internet, a organização de uma vitrina, a escolha e combinação de cores e materiais de móveis, paredes e objetos na decoração de uma sala (Figura 21) ou mesmo para as roupas que você escolhe para sair (Chijiiwa, 1987). Figura 21 – Combinação de cores em um ambiente Crédito: Alexroz/Shutterstock. Além disso, como vimos anteriormente, a dimensão da área sobre o qual se aplicará uma cor tem impactos sobre sua expressividade: uma cor que pareça 15 sutil numa superfície pequena poderá ficar atordoante numa parede (Chijiiwa, 1987). Como o amarelo fosforescente, por exemplo. A aplicação da cor em projetos quanto à sua finalidade, uso e efeito psicológico esperado para o observador, tem de ser ponderada quando do processo de harmonização. Porém veremos isso em detalhes em breve. TEMA 3 – MATIZ, SATURAÇÃO E BRILHO São três as características distintivas da cor: matiz, saturação e brilho. 3.1 Matiz Diz respeito ao nome da cor: preto, branco, amarelo, vermelho etc. (Vaz; Silva, 2016). Figura 22 – Lápis de cor Crédito: Noxnorthys/Shutterstock. Na caixa de lápis de cor, cada lápis é um matiz diferente (Figura 22); como vimos em antes, os nomes desses matizes podem variar um pouco de acordo com o contexto histórico, cultural e linguístico. 3.2 Saturação Saturação, também chamada de intensidade ou croma, grosso modo, se refere à “quantidade de cor na cor”. Ou seja, a intensidade do pigmento ou de luz colorida referente àquele matiz (Figura23). Por exemplo: um vermelho pode 16 ir de uma escala de grande intensidade de cor até um tom de cinza, representando a ausência de cor, numa escala de 100 a 0% (Vaz; Silva, 2016). Figura 23 – Saturação Diz-se que uma cor é saturada, para mais ou para menos, de acordo com a sua concentração. Quando uma cor é pouco concentrada ou pouco saturada, diz-se que é uma cor com tom pastel. Mas, cuidado: saturação é diferente de dizer que a cor é clara ou escura; isso diz respeito ao seu brilho. 3.3 Brilho Também chamado de valor tonal, o brilho da cor está relacionado à sua luminosidade, ou seja, à quantidade de luz presente (Figura 24). Figura 24 – Brilho No caso das tintas, é medido pela quantidade de pigmento preto ou branco misturada à cor principal (Vaz; Silva, 2016). TEMA 4 – SISTEMAS CROMÁTICOS Como vimos anteriormente, existem basicamente dois sistemas cromáticos baseados na síntese da cor: a síntese aditiva e a síntese subtrativa. Vimos também que a grande contribuição de Isaac Newton para os estudos da cor foi a decomposição da luz, dando origem ao que chamamos hoje de cor-luz. Ele demonstrou que a soma, ou adição de todas as cores de luz, tem como produto a luz branca, e por isso a síntese aditiva. 17 Da mesma forma que Newton, vimos que Goethe contribuiu para a maneira como organizamos as cores, mas a partir de uma dimensão mais material: as cores-pigmento, como chamamos hoje. Goethe trabalhou a cor a partir de sua síntese subtrativa; os pigmentos nas cores primárias ciano, magenta e, segundo Goethe, amarelo, quando misturados, ao invés de somar, são absorvidos (subtraídos), dando origem teoricamente ao preto (Tai, 2018). Na verdade, é um tom de cinza escuro. Em breve aprofundaremos o estudo sobre os sistemas RGB (síntese aditiva, cor-luz) e CMYK (síntese subtrativa, cor- pigmento) e sua importância para o universo do Design. TEMA 5 – AS CORES NO PHOTOSHOP O Photoshop é um programa de computação gráfica da Adobe, utilizado para a edição de imagens bidimensionais. É hoje o mais popular entre designers, fotógrafos, ilustradores, quadrinistas, cartunistas e outros artistas gráficos. Se você já teve a oportunidade de trabalhar com o Photoshop, percebeu que é um programa que tem muitos recursos quanto à cor. Nosso objetivo não é ensinar Photoshop, mas dar uma visão geral sobre o tema da cor no programa. 5.1 Os sistemas de cores no Photoshop Grosso modo, o Photoshop trabalha basicamente com modos de cor CMYK (ciano, magenta, amarelo e preto), RGB (vermelho, verde e azul) e tons de cinza (Collaro, 2007). Há ferramentas que permitem que regulemos a intensidade da cor, os contrastes ou mesmo as dosagens das cores, por meio dos canais. Do lado esquerdo da tela, na guia de cores, se você clicar no canto superior esquerdo, verá que existe um menu tipo drop-down com diversos padrões de cores: Pantone, HKS, Mac OS, Toyo, cores web etc. 18 Figura 25 – Canais de cores do Photoshop Crédito: Schultz, 2014. Tanto nos modos CMYK quanto RGB você pode interferir em cada canal de cores (Figura 25). Para desenhistas em geral, que utilizam grafite azul antes da finalização com nanquim, trabalhar com os canais do CMYK é uma forma de poupar o tempo e o trabalho de apagar o desenho a lápis, uma vez que é necessário apenas descartar o canal ciano correspondente ao azul. Em linhas gerais, as cores RGB são usadas em projetos que deverão ser publicados na internet ou vistos em outro ambiente digital. Elas são mais brilhantes. Já projetos que serão impressos em papel ou outro substrato físico devem ser salvos em CMYK, e suas cores tendem a ser mais opacas (Collaro, 2007). Figura 26 – Comparação dos tons de cores nos sistemas RGB Você vai perceber que há uma ligeira diferença de tons entre os dois sistemas quando vistos na tela do seu computador (Figura 26). E vai notar que às vezes a cor CMYK que está na tela não é a mesma que saiu da sua impressora (Mazzarotto, 2018). A mesma lógica vale para outros programas gráficos, como o Illustrator, o InDesign e o CorelDraw. 19 TROCANDO IDEIAS No filme O Diabo Veste Prada (Estados Unidos, 2006, direção de David Frankel, com Meryl Streep e Anne Hathaway), a personagem Miranda Priestly (interpretada por Meryl Streep) faz um discurso sobre a importância da cor, especificamente do azul celeste (“azul cerúleo”), para o mundo da moda. Veja no Youtube o trecho do filme em questão e reflita sobre se, de fato, as cores têm todo esse peso para a indústria do vestuário como preconiza a personagem. Aprendendo com Miranda Priestly - O diabo veste Prada. Canal Cardano. 12 de set. 2008. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ic- 356uT0k8&ab_channel=Cardano%5BADA%5D> Acesso em: 24 abr. 2023. NA PRÁTICA 1. Nas composições de Piet Mondrian (1872-1944) abaixo, aplique cores primárias e secundárias: Cores primárias Cores secundárias Olhe fixamente para a bandeira do Brasil a seguir e depois olhe para o espaço branco ao lado. Você conseguiu ver a pós-imagem? Agora pinte a outra bandeira com as cores que você enxergou. 20 Crédito: Mars-Design/Shutterstock. 2. Pinte o losango branco do Tangram da direita com uma cor que não seja o verde. Compare as duas composições. Qual o impacto da nova cor no restante da composição? 21 3. Pinte o Tangram a seguir apenas com cores complementares. 4. Pinte o Tangram abaixo, a partir de um esquema quadrado de harmonia cromática. Você pode usar as cores sugeridas no modelo ao lado, ou escolher outras apenas girando o quadrado. 5. Resgate aquele disco de cores que você imprimiu para reproduzir o experimento de Newton da Aula 1, ou olhe para o disco impresso no seu livro. Compare as cores do disco impresso em papel com as cores que estão na tela do seu computador. Você consegue perceber as diferenças entre cores-luz e cores-pigmento? FINALIZANDO Nesta aula aprendemos basicamente sobre a importância da sistematização da experiência cromática, e como ela é importante para as diversas áreas que trabalham com a cor de forma produtiva, seja nas artes, na indústria ou na comunicação. Vimos como são classificadas as cores a partir de 22 suas características e de suas relações entre si. Entendemos como se dão os contrastes entre cores e a sua harmonização, e estudamos o que é cor-luz e cor- pigmento (os respectivos sistemas RGB e CMYK), e como eles se inserem nos projetos de Design. Por fim, também conhecemos um pouco sobre como funciona a cor no Photoshop. 23 REFERÊNCIAS BARROS, L. R. M. A cor no processo criativo. São Paulo: Ed. Senac, 2006. CHIJIIWA, H. Color Harmony: A Guide to Creative Color Combinations. Beverly: Rockport Publishers,1987. COLLARO, A. C. Produção gráfica: arte e técnica da mídia impressa. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. DE GRANDIS, L. Teoría y Uso del Color. Madri: Ediciones Cátedra,1985. MAZZAROTTO, M. Design gráfico aplicado à publicidade. Curitiba: InterSaberes, 2018. SCHULTZ, M. Convert to black and white: my quick and easy Photoshop workflow. 14 ago. 2014. Disponível em: <marcschultz.com/blog/convert-to-black- and-white-my-quick-and-easy-photoshop-workflow/>. Acesso em: 24 abr. 2019. SILVEIRA, L. M. Introdução à teoria da cor. Curitiba: UTFPR, 2015. TAI, H.-A. Design: conceitos e métodos. São Paulo: Blücher, 2018. VAZ, A.; SILVA, R. Fundamentos da linguagem visual. Curitiba: InterSaberes, 2016.