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Metodologia de ensino - Literatura

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1. Introdução
Iniciando nossa “prosa”...
Seja bem-vindo(a)! Você está iniciando o estudo da disciplina Metodologia de
Ensino: Literatura.
A disciplina está dividida em cinco ciclos de aprendizagem, cada um deles
correspondendo a um grupo de conteúdos e objetivos especí�cos. Tais conteú-
dos e objetivos visam contribuir para a formação do professor de Língua
Portuguesa e Literatura que vai atuar nos anos �nais do ensino fundamental e
no ensino médio com competência ética, política, técnica e estética e com ha-
bilidades e conhecimentos voltados ao domínio de saberes pedagógicos, ou
seja, com um per�l pro�ssional capaz de traduzir os conhecimentos especí�-
cos de sua área em linguagens e signi�cados coerentes com o estudo e a
aprendizagem da literatura na educação básica.
Além disso, a disciplina se pauta pelos princípios da pesquisa como estratégia
educativa e da formação para o entendimento das demandas educacionais da
atualidade, de modo a formar pro�ssionais comprometidos em seus processos
de auto(trans)formação, da produção acadêmica para a mudança da realidade
e da constituição das identidades e capacidades propositiva, investigativa e
criativa.
Por �m, os estudos dessa disciplina objetivam contribuir para a formação de
um professor-pesquisador da própria prática, capaz de constante avaliação
crítica a respeito de suas ações.
Desejamos uma ótima travessia!
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2. Informações da Disciplina
Ementa
Metodologia do ensino: Literatura  se apresenta, no contexto no curso, como
um espaço para a re�exão sobre o ensino da Literatura no ensino básico, abor-
dando conteúdos fundamentais para a formação do pro�ssional habilitado pa-
ra atuar nesse contexto. Assim, em uma perspectiva metodológica com vistas
à prática da formação do leitor do texto literário, aborda as particularidades do
texto literário, a relação entre a literatura e direitos humanos e as dimensões
do texto, do contexto e do pretexto na leitura literária. Já na perspectiva do en-
sino de Literatura, a disciplina discute os textos didáticos, didatizados e para-
didáticos e apresenta a literatura na legislação educacional, considerando os
PCNs e a BNCC. Oferece aos alunos, ainda, uma oportunidade de re�exão sobre
o diálogo entre a Literatura e outras linguagens.
Objetivo Geral
Provocar re�exões teórico-práticas sobre o ensino de literatura na Educação
Básica, considerando o referencial teórico produzido sobre o tema, bem como
parte das vivências de pro�ssionais que atuam no contexto, nos cenários dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC).
Objetivos Especí�cos
• Re�etir sobre os conceitos de metodologia, ensino e literatura.
• Repensar práticas escolares de ensino da literatura já cristalizadas pelo
seu uso.
• Elaborar critérios para a escolha dos livros paradidáticos e de leitura que
acompanham o ensino de literatura no contexto escolar.
• Utilizar os indicadores nacionais como parâmetros para o trabalho com o
texto literário na sala de aula.
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Ciclo 1 – A Relação entre a Literatura e os Direitos
Humanos 
Ana Cláudia da Silva
Objetivos
• Re�etir sobre a in�uência da Literatura na humanização da Pessoa
Humana.
• Compreender a Literatura como um direito humano.
Conteúdo
• Literatura e direitos humanos.
Problematização
O que estudarei nesta disciplina? Qual a importância desse conhecimento
para a minha vida pessoal e pro�ssional? Por que ensinar e para que apren-
der Literatura? Qual a relação entre a Literatura e os Direitos Humanos? Qual
a real importância da Literatura?
Orientações para o estudo
Como professor da área de literatura, você precisará, no exercício de sua atu-
ação docente, fazer uso de diversidade de recursos para alcançar parte dos
objetivos didático-pedagógicos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
No �nal de cada um dos ciclos do material da disciplina  Metodologia de
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Ensino: Literatura, apresentaremos uma série de indicações que poderão ser
utilizadas em sala de aula – no ensino de literatura – e/ou ainda servirão pa-
ra ampliar seu repertório cientí�co-cultural e inspirar sua ação educadora.
Neste ciclo, ao realizar as leituras recomendadas, atente-se aos tópicos cor-
respondentes, para não fugir ao tema estudado. Assista ao(s) vídeo(s) sugeri-
do(s) e não deixe de responder ao Quiz.
Bons estudos!!!
1. Introdução
“Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um sim-
ples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas.
Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre mi-
lhares que abrem as portas da realidade”. Essas são algumas das palavras di-
rigidas por Paulo Mendes Campos à sua �lha Maria da Graça, ao presenteá-la
com o clássico de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, quando Maria
completou 15 anos de idade. Possivelmente, um característico pai de nossos
dias presentearia sua �lha com um tênis de marca, um computador ou celular
de última geração ou qualquer outro artigo em moda.
Negar a modernidade não é o caminho, todavia, é evidente que todos os pro-
gressivos e necessários avanços cientí�cos e tecnológicos não isentam o ho-
mem do medo da morte e de outras complexas questões existenciais. Isto sig-
ni�ca que a literatura trará as respostas? Não. Contudo, como a�rma Antonio
Candido (1978, p. 130), no ensaio O Homem dos Avessos, “[...] a fantasia nos faz
devolver sempre enriquecidos à realidade do cotidiano, onde se tecem os �os
de nossa treva e de nossa luz, no destino que nos cabe”. Ler (literatura) é o
mesmo que acordar de manhã, esfregar os olhos com água fria e abrir a porta
do dia. A súbita luz ainda incomoda, porém, já se enxergamais, ainda que com
certa di�culdade.
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content/uploads/sites/823/2020/01/Charge-mafalda-ciclo-1.png)
Figura 3 Armandinho - "Dia do bibliotecário". (https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/159508391374/12-de-mar%C3
%A7o-dia-do-bibliotec%C3%A1rio)
 
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Figura 4 Calvin & Haroldo - Tirinha 1 (https://onlysecretdreams.wordpress.com/2016/02/05/as-reacoes-de-um-lei-
tor/).
2. Nossa primeira leitura...
Um dos poemas mais famosos de Carlos Drummond de Andrade chama-se
“Procura da poesia”, do qual selecionamos um fragmento que convidamos vo-
cê, agora, a ler:
[...]
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
[...]
(ANDRADE, 1994, p. 13-14)
Neste poema, inserido no volume intitulado A rosa do povo, Drummond convi-
da o poeta iniciante a conviver com seus poemas antes de escrevê-los, isto é, a
contemplar as palavras “em estado de dicionário”. Esta expressão é muito cara
para nós, não somente no âmbito da literatura, mas também para orientar
nossos estudos em qualquer área do conhecimento.
Dizemos isso porque o caminho inicial mais seguro para conhecermos algo é
a observação atenta das palavras que utilizamos para de�ni-lo. Trata-se de
um procedimento primário de pesquisa, para o qual nos habilitamos com uma
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boa consulta ao dicionário. Lá encontraremos as palavras com seus múltiplos
signi�cados, prontas para serem “colhidas” e utilizadas pelos falantes e escre-
ventes da língua.
Queremos, assim, iniciar nosso estudo de Metodologia do Ensino: Literatura
aceitando o convite de Drummond e penetrando no reino das palavras que
usamos para nomear esta disciplina.
Para você re�etir:
Você sabe o que é Metodologia?
E ensino, o que signi�ca? É possível ensinar Literatura?
O termo Literatura, como você de�ne?
Iniciamos, pois, pela de�nição – “em estado de dicionário” – de metodologia.
Segundo Houaiss (2009), metodologia é o “ramo da lógica que se ocupa dos
métodos das diferentes ciências”; é também a “parte de uma ciência que estu-
da os métodos aos quais ela própria recorre”. Metodologia é, portanto, o estudo
dos métodos.
E método – o que vem a ser?
Ainda conforme Antônio Houaiss (2009), método é, de forma geral, o “procedi-
mento, técnica ou meio de fazer alguma coisa, esp. de acordo com um plano“.
A etimologia da palavra, segundo o lexicologista Houaiss, é a seguinte:
Método: do grego metá, atrás, em seguida, através de, e hodós, caminho.
Uma metodologia é, portanto, o estudo ou conhecimento do caminho pelo qual
se chega a realizar algo. Estamos, portanto, nesta disciplina, atrás do caminho
que conduz ao ensino da literatura.
Mas o que vem a ser ensino? Vejamos a palavra em seu “estado de dicionário”:
• “Ensino: ato, processo ou efeito de ensinar; ensinamento, ensinança”;
• “Ensinar: repassar ensinamentos sobre (algo) a; doutrinar, lecionar; trans-
mitir (experiência prática) a; instruir (alguém) sobre”;
• “Ensinamento: conjunto de ideias a serem transmitidas; conjunto de co-
nhecimentos a serem repassados” (HOUAISS, 2009).
Um rápido exame dos elementos apresentados pelo dicionário nos leva às se-
guintes questões: é possível repassar ou transmitir ideias ou conhecimentos
literários? A resposta mais óbvia é: NÃO! Vejamos o porquê.
Em primeiro lugar, conhecimentos são construídos por cadapessoa e não to-
mados de empréstimo a outras. O conhecimento que eu tenho sobre a literatu-
ra (ou sobre culinária, medicamentos, cinema, política etc.) foi construído a
partir das minhas experiências de vida e do meu repertório de leituras; das in-
terações entre a minha experiência e aquela que os autores apresentam em
seus livros. O conhecimento não pode ser embalado num pacote e legado a ou-
trem. Não funciona assim, não é mesmo? Conhecimento se adquire, se cons-
trói.
Mas qual seria, então, a tarefa do professor de literatura, se o conhecimento
sobre ela nasce da sua experiência de leitor?
Acreditamos que a tarefa do docente de literatura é fundamentalmente fazer a
mediação entre o estudante e o conjunto de conhecimentos que a humanidade
construiu, ao longo de sua história, sobre os fatos literários. O bom professor
de literatura é aquele que consegue despertar nos educandos a curiosidade li-
terária, o interesse pelos livros, a paixão pela leitura, pela poesia, pela narrati-
va, pelo teatro.
Você pode objetar que o conjunto desses conhecimentos é in�nito e que não é
possível abarcá-los na totalidade. Certo, certíssimo. Mas, se você se propõe a
ensinar literatura, deve ter uma experiência boa, profícua, de leitura – sua ex-
periência, pessoal; esta deve ser tão importante para você que lhe suscita o de-
sejo de partilhá-la com outras pessoas. Se você tem isso, pronto: já tem o es-
sencial para trabalhar com a literatura na escola.
Agora vamos avançar mais um passo nesta nossa re�exão inicial,
perguntando-nos: o que é literatura? O que nos diz o dicionário – você sabe?
Se não, con�ra a seguir todas as proposições que de�nem o termo “literatura”:
De�nições de literatura
1    Rubrica: literatura.
uso estético da linguagem escrita; arte literária
Exemplo: tendências da literatura.
2    Rubrica: literatura.
conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, pertencentes a um
país, época, gênero etc.
Exemplo: literatura medieval
3    Derivação: por analogia.
conjunto das obras cientí�cas, �losó�cas etc., sobre determinada matéria ou
questão; bibliogra�a
Exemplos: literatura marxista; literatura farmacêutica
4    ofício, trabalho do pro�ssional de letras
5    conjunto de escritores, poetas etc. que atuam no mundo das letras
6    disciplina escolar composta de estudos literários
7    conjunto de instruções, boletim, folheto etc. destinados a propaganda ou
esclarecimentos sobre certos produtos
8    Uso: pejorativo.
fantasia, irrealidade, �cção
Exemplo: Tudo o que havia dito era pura literatura.
(HOUAISS, 2009).
Observemos, pois, cada uma dessas de�nições.
A primeira forma possível de uso da palavra “literatura” refere-se ao uso esté-
tico da linguagem, da palavra – é o que fazem os poetas com as palavras:
constroem objetos artísticos, tais como contos, poemas, peças de teatro, ro-
mances, crônicas etc.
Literatura é também, segundo a de�nição 2, o conjunto de obras literárias de
um país – literatura brasileira, literatura francesa, literatura caboverdiana etc.
-, ou de uma época – literatura barroca, clássica, contemporânea etc. – ou,
ainda, de um gênero – literatura afrobrasileira, infanto-juvenil, marginal etc.
Literatura também designa o conjunto de obras sobre um dado assunto, con-
forme a de�nição 3, o que a faz sinônimo de bibliogra�a.
Designa também o trabalho do pro�ssional de Letras, segundo a quarta propo-
sição de Houaiss – de�nição complexa, pois o que seja o pro�ssional de Letras
é algo que carece de de�nição. Seria o escritor, o editor, o crítico, o professor ou
todos eles? Parece-nos que Houaiss considera apenas o escritor como pro�ssi-
onal das letras, pois, a rigor, só ele (o escritor ou poeta) faz literatura. Contudo,
todos os demais agentes que citamos são, também, pro�ssionais das letras –
cada um com seu papel, todos colaboram para a produção e circulação da lite-
ratura.
Mais estranha ainda é a quinta de�nição de Houaiss: acaso você já ouviu o ter-
mo literatura usado para designar o conjunto de escritores ou poetas? Eles são
literatura ou produtores literários? Veja que as palavras “em estado de dicioná-
rio” devem ser interrogadas, inquiridas; seu uso em tal ou qual sentido depen-
de de outros conhecimentos que o usuário deve mobilizar antes de empregá-
la.
Talvez soe estranha a você, como também para nós, ainda, a de�nição número
7; como ela não traz exemplos, seu entendimento nesse sentido �ca prejudica-
do.
Contudo, o uso pejorativo da palavra “literatura”, apontado na última proposi-
ção de Houaiss, é-nos familiar. Infelizmente, podemos dizer. O uso do termo
“literatura” como sinônimo de irrealidade e fantasia faz que todo o conjunto
das produções literárias que a humanidade produziu e acumulou durante sé-
culos seja menosprezado em relação a outros conhecimentos produzidos pelo
homem. Não é difícil nem raro encontrar quem pense que literatura é perda de
tempo, visto que se trata de realidades inventadas, �ccionais, que não existem
de fato. Se os fatos referidos pelo romancista, por exemplo, não existiram real-
mente, se tudo o que está em um romance é invenção do autor, então por que
perder tempo com isso?
Esse preconceito nasce do desconhecimento do que seja literatura e das con-
tribuições que esta traz ao desenvolvimento do ser humano. São tantas, e tão
profundas, que sua fruição tornou-se um direito do ser humano.
Sim: desfrutar dos benefícios da literatura é um direito essencial de todo cida-
dão. Quem defende essa proposição é o sociólogo e crítico literário Antonio
Candido, como veremos na sequência.
3. O Direito à Literatura
No ano de 1988, Antonio Candido foi convidado para proferir uma palestra em
um curso organizado pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São
Paulo, com o tema “Direitos humanos e literatura”. Essa palestra deu origem
ao ensaio denominado “O direito à literatura”, incluído no volume Vários escri-
tos (CANDIDO, 1995). Embora escrito há mais de 20 anos, esse texto guarda al-
gumas re�exões que consideramos essenciais na formação do professor de li-
teratura. Nele, Candido desenvolve uma argumentação irrefutável sobre a con-
tribuição da literatura na formação do homem. Vamos ler e comentar alguns
fragmentos desse texto, perseguindo os passos do autor no desenvolvimento
da tese de que a literatura constitui um direito humano inalienável.
Candido começa sua re�exão considerando o seguinte:
[...] em comparação a eras passadas chegamos a um máximo de racionalidade téc-
nica e de domínio sobre a natureza. Isso permite imaginar a possibilidade de resol-
ver grande número de problemas materiais do homem, quem sabe inclusive o da
alimentação. No entanto, a irracionalidade do comportamento é também máxima,
servida freqüentemente pelos mesmos meios que deveriam realizar os desígnios
da racionalidade. Assim, [...] em certos países, como o Brasil, quanto mais cresce a
riqueza, mais aumenta a péssima distribuição dos bens. Portanto, podemos dizer
que os mesmos meios que permitem o progresso podem provocar a degradação da
maioria (CANDIDO, 1995, p. 235).
Em sua lúcida colocação, Candido aponta um paradoxo do progresso cientí�-
co: seria de se esperar que o movimento de crescimento cientí�co e tecnológi-
co trouxesse aos homens em geral melhores condições de vida; o que se veri�-
ca, contudo, é que as novas aquisições da humanidade em termos de conheci-
mento e da aplicação deste �cam restritas a uma minoria privilegiada, perma-
necendo a grande massa nas mesmas condições degradadas em que se en-
contram desde há muito tempo. Para estas, o progresso cientí�co não acres-
centa praticamente nada.
Esta discussão liga-se a uma outra, na qual se contrapõem os conceitos de ci-
vilização e barbárie: o processo de civilização – considerada aqui como o am-
plo processo de educação cultural que promove o adiantamento dos povos –
deveria exterminar a barbárie, ou seja, a condição de embrutecimento que an-
tecede o estado civilizacional.
Contudo, nossa época, tal qual há vinte anos, conforme apontavaCandido, per-
manece profundamente marcada por desigualdades, as quais motivam inú-
meros movimentos pelos direitos humanos. Uma rápida olhada nos noticiári-
os pode atestar essa condição.
Qual a relação desta re�exão com o ensino da literatura? Se esta for a sua in-
dagação, neste momento, aguarde mais um pouco e você a verá respondida.
Apesar da constatação desalentadora, Candido aponta outros fatores que per-
mitem recuperar a esperança na humanização do homem:
1. atualmente, os meios materiais necessários para que alcancemos um es-
tágio de mais civilidade existem; muitas coisas que antes eram utópicas
hoje são possibilidades concretas – o desenvolvimento dos meios de co-
municação, por exemplo, são prova disso;
2. embora a barbárie continue crescendo, ela é cada vez mais repudiada, ou
seja, causa vergonha e não é mais motivo de celebração, como em tempos
remotos (em que os generais vitoriosos se vangloriavam de suas matan-
ças);
3. o discurso sobre a pobreza e a desigualdade tem se modi�cado substanci-
almente: se antes a pobreza era “vontade de Deus”, hoje ela incomoda,
provocando desde sentimento de culpa até medo. Haja vista as ações le-
gais que procuram erradicar da nossa sociedade comportamentos pre-
conceituosos com relação aos negros, homossexuais, mulheres etc.
(CANDIDO, 1995)
Embora falte o empenho concreto, real, no sentido de promover a igualdade de
direitos – outro paradoxo – não se pode ignorar as transformações nas cons-
ciências, o que é certamente um passo fundamental da transformação social
em direção à equidade.
Candido prossegue sua re�exão dando um segundo passo. Vejamos:
[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que
consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo.
Esta me parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual,
pois é necessário um grande esforço de educação e auto-educação a �m de reco-
nhecermos sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é
achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo (CANDIDO, 1995,
p. 239).
É fácil enumerar os direitos do homem: saúde, educação, moradia, trabalho,
justiça, associação etc. Para nós e para nossos semelhantes, estes são bens
dos quais não se pode abrir mão. Entretanto, responda: a garantia dos direitos
enumerados anteriormente é su�ciente para sua felicidade?
O Art. 6º. da Constituição brasileira, publicada em 1988, garantia como direitos
sociais “[...] a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância [e] a assistência aos desampara-
dos.” (BRASIL, 1988). Em fevereiro de 2000, a moradia foi acrescentada a essa
lista e, dez anos depois, outra emenda acrescentou também a alimentação co-
mo um direito social constitucionalmente garantido.
Segundo notícia publicada na Folha de S. Paulo de 10 de julho de 2010
(GUERREIRO, 2010), há um movimento para que se inclua, no texto legal, a bus-
ca da felicidade como anterior a todos os direitos sociais. O texto constitucio-
nal passaria a vigorar assim: “São direitos sociais, essenciais à busca da felici-
dade, a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência soci-
al, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.”
O psicanalista italiano Contardo Calligaris, radicado no Brasil, comenta:
É claro que, se eu dispuser de casa, emprego, assistência médica, segurança, terei
mais tempo e energia para buscar minha felicidade. No entanto o respeito a esses
direitos sociais básicos não garante a felicidade de ninguém; como se diz, ter comi-
da e roupa lavada é bom e ajuda, mas não é condição su�ciente nem absolutamente
necessária para a busca da felicidade.
Em suma, implico um pouco com o adjetivo "essencial" no texto da emenda, mas,
fora isso, gosto da iniciativa porque, como a Declaração de Independência dos EUA,
ela situa a busca da felicidade como um direito do indivíduo, anterior a todos os di-
reitos sociais.
[...]
Em matéria de felicidade, os governos podem oferecer as melhores condições pos-
síveis para que cada indivíduo persiga seu projeto - por exemplo, como sugere a
emenda constitucional proposta, garantindo a todos os direitos sociais básicos.
Mas o melhor governo é o que não prefere nenhuma das diferentes felicidades que
seus sujeitos procuram.
Não é coisa simples. Nosso governo oferece uma isenção �scal às igrejas, as quais,
certamente, são cruciais na procura da felicidade de muitos. Mas as escolas de
dança de salão ou os clubes sadomasoquistas também são signi�cativos na busca
da felicidade de vários cidadãos. Será que um governo deve favorecer a ideia de fe-
licidade compartilhada pela maioria? Ou, então, será que deve apoiar a felicidade
que teria uma mais "nobre" inspiração moral?
Antes de responder, considere: os governos totalitários (laicos ou religiosos) sempre
"sabem" qual é a felicidade "certa" para seus sujeitos. Juram que eles querem o bem
dos cidadãos e garantem a felicidade como um direito social - claro, é a mesma fe-
licidade para todos. É isso que você quer?
En�m, introduzir na Constituição Federal a busca da felicidade como direito do in-
divíduo, aquém e acima de todos os direitos sociais, é um gesto de liberdade, quase
um ato de resistência (CALLIGARIS, 2010).
Podemos concluir que a busca da felicidade abrange os direitos sociais garan-
tidos, no Brasil, pela constituição; contudo, ser feliz implica na satisfação de
outras necessidades que podem variar de pessoa a pessoa!
À parte da discussão acerca da inserção ou não da busca da felicidade na
constituição brasileira, retomemos a linha de pensamento de Antonio
Candido, que questiona:
Elas [as pessoas] a�rmam que o próximo tem direito, sem dúvida, a certos bens
fundamentais [...]. Mas será que pensam que o seu semelhante pobre teria direito a
ler Dostoievski ou ouvir os quartetos de Beethoven? (CANDIDO, 1995, p. 239).
Para justi�car sua argumentação, Candido recorre aos conceitos de “bens
compressíveis” e “bens incompressíveis”, do sociólogo francês, padre Louis-
Joseph Lebret.
Novamente o dicionário nos auxilia nessa distinção: “compressível” é aquilo
que pode ser comprimido, concentrado, reduzido (de volume) (HOUAISS,
2009). Incompressível, por extensão, é aquilo que não pode ser reduzido.
Lebret classi�ca como incompressíveis aqueles bens essenciais, garantidos
no texto constitucional – saúde, trabalho, educação, alimentação, moradia etc.
Bens compressíveis, por sua vez, são aqueles que podem ser diminuído ou até
mesmo suprimido: cosméticos, perfumes, roupas e brinquedos extras etc.
Candido, porém, lembra que a fronteira entre essas duas categorias nem sem-
pre é fácil de delimitar, pois “[...] o valor de uma coisa depende em grande par-
te da necessidade relativa que temos dela.” (CANDIDO, 2009, p. 240).
O fato é que os critérios de incompressibilidade são variáveis, e mudam de
uma cultura para outra e de uma época para outra. Experimente questionar
pessoas que se distanciem de você por uma ou duas gerações sobre quais são,
para elas, os bens indispensáveis para a vida e você certamente obterá respos-
tas diferentes das que você daria a essa mesma pergunta. Pessoas de classes
economicamente distintas podem ter também respostas divergentes para es-
sa pergunta.
Candido defende a posição de que os bens incompressíveis incluem os bens
que favorecem não apenas a existência corporal, mas também a integridade
espiritual do homem:
[...] são bens incompressíveis não apenas os que asseguram sobrevivência física
em níveis decentes, mas os que garantem a integridade espiritual. São incompres-
sível certamente a alimentação, a moradia, o vestuário, a instrução, a saúde, a liber-
dade individual, o amparo da justiça pública, a resistência à opressão etc.; e tam-
bém o direito à crença, à opinião, ao lazer e, por que não, à arte e à literatura.
Mas a fruição da artee da literatura estaria mesmo nesta categoria? Como noutros
casos, a resposta só pode ser dada se pudermos responder a uma questão prévia, is-
to é, elas só poderão ser consideradas bens incompressíveis segundo uma organi-
zação justa da sociedade se corresponderem a necessidades profundas do ser hu-
mano, a necessidades que não podem deixar de ser satisfeitas sob pena de desor-
ganização pessoal, ou pelo menos de frustração mutiladora. A nossa questão bási-
ca, portanto, é saber se a literatura é uma necessidade deste tipo (CANDIDO, 1995, p.
241).
Continuaremos seguindo o pensamento do crítico, mas, antes, precisamos en-
tender melhor o que é que ele está chamando de literatura!
4. Literatura, “sonho acordado das civilizações”
Antonio Candido dá uma de�nição bastante abrangente do que seja literatura.
Para ele, literatura compreende:
[...] todas as criações de toque poético, �ccional ou dramático em todos os níveis de
uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda,
chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes ci-
vilizações (CANDIDO, 1995, p. 242).
Observe que essa de�nição ampla de literatura considera como tal também as
criações populares, da oralidade: desde que tenham um “toque poético, �ccio-
nal ou dramático”. Candido alude, nessa de�nição, aos três gêneros literários
clássicos: a poesia, a �cção e o drama, que estão presentes também nas for-
mas mais populares de criação com palavras.
Candido a�rma que todos os povos sempre produziram literatura – entendida
dessa forma ampla. “Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, is-
to é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabula-
ção” (CANDIDO, 1995, p. 242), de criação literária. Mesmo quando dorme, o ho-
mem cria, inventa: o próprio sonho é uma projeção inventiva, na qual a pessoa
que dorme projeta, inconscientemente, elementos que depois traduz em histó-
rias.
Segundo Flávio Aloé, neuro�siologista do Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas de São Paulo, “[a] não ser que estejam sob medicação ou tenham
alguma doença orgânica, todas as pessoas sonham de quatro a seis vezes nu-
ma noite normal de sono.” (ALOÉ [19--?]). Os sonhos, explica o médico, para
além das interpretações que dão os psicanalistas, desempenham importante
função orgânica:
Do ponto de vista neuro�siológico, o sonho desempenha uma série de funções.
Uma é descarregar o excesso de informações, de resíduos que deixaram de ser inte-
ressantes. Outra vem sendo estudada desde 1988 e indica que o sonho é importante
para fazer a reverberação, ou seja, a reativação de determinados circuitos. Parece
que ele tem a função de proporcionar um aprendizado indispensável para a perpe-
tuação da espécie, pois facilita a transferência de elementos apreendidos durante a
vigília de uma memória de curto prazo para outra de mais longo prazo. É como pas-
sar repetidas vezes uma �ta de vídeo para que a pessoa assimile o que nela está
contido (ALOÉ [19--?]).
Os sonhos, portanto, têm função vital indispensável para o equilíbrio do ser
humano. Partindo desta constatação cientí�ca, Antonio Candido (1995, p. 243)
tece uma comparação: “[...] assim como não há equilíbrio psíquico sem o so-
nho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura.” Para o
crítico, a literatura é o “sonho acordado das civilizações” (idem, p. 242), fator
fundamental e indispensável de humanização, até mesmo porque sua atuação
no ser humano acontece em grande parte de forma subconsciente ou incons-
ciente.
Cada sociedade cria as suas manifestações �ccionais, poéticas e dramáticas de
acordo com os seus impulsos, as suas crenças, os seus sentimentos, as suas nor-
mas, a �m de fortalecer em cada um a presença e atuação deles (Idem, p. 243).
Insistimos com você, caro estudante, nestas questões, pois embora pareçam
distantes da nossa matéria de estudo nesta disciplina, é delas que vem o fun-
damento da experiência de ensino da literatura: até onde vimos, e acompa-
nhando o pensamento de Antonio Candido, podemos a�rmar que o ensino da
literatura se justi�ca pela contribuição que ela tem a dar para o ser humano,
pela sua função humanizadora, vital para a sociedade e indispensável para o
indivíduo.
Vejamos, agora, os porquês dessa a�rmação de Candido: você é capaz de ima-
ginar de que modo a literatura humaniza? Seria apenas pelo seu conteúdo, pe-
las “mensagens” que veicula? A literatura consiste na atribuição de signi�ca-
do, pelo leitor, para as obras artisticamente construídas?
5. Literatura é Conteúdo e Forma
Na sequência, você verá que não é só isso, e para tanto será necessário reto-
mar uma formulação básica dos estudos literários:
LITERATURA = CONTEÚDO + FORMA
É isso. A literatura tem dois aspectos essenciais e indissociáveis: seu conteú-
do (aquilo que o autor efetivamente diz, somado aos signi�cados que lhe pode-
mos atribuir no processo de leitura) e sua forma, isto é, seu aspecto de consti-
tuição formal – o modo como ela se apresenta a nós.
Se fosse uma escultura, a forma seria dada pelo material usado, pelas técnicas
de construção do artista, pelo local em que está colocada etc.; se pintura, sua
forma conteria o tamanho e o tipo da tela, a presença ou ausência de cores e
imagens, o tipo de pincelada e de tinta empregadas pelo artista, sua moldura.
Em literatura, a forma é dada pelos elementos que constituem o texto, sejam
eles externos ou internos.
Como elementos externos que dão forma ao texto, temos:
1. o seu suporte (se em livro, se virtual, se em papiros etc.);
2. a forma de impressão, no caso dos livros impressos – o tipo de papel, a
mancha, que é a distribuição espacial do texto em cada folha, o tipo e ta-
manho da fonte usada etc.;
3. os elementos paratextuais (que se encontram nas proximidades do texto
literário): título, subtítulo, “orelhas”, sumário, informações da capa e con-
tracapa, ilustrações, prefácios, posfácios, introduções, notas de rodapé
etc.
Além destes, há também os elementos internos ao texto literário:
1. gênero a que pertence o texto;
2. divisão em versos e estrofes ou em parágrafos e capítulos;
3. personagens, foco narrativo, espaço e tempo da narrativa, sequência con-
tínua ou descontínua dos fatos narrados, para a �cção;
4. imagens e �guras, para os poemas
Todos esses elementos pertencem à forma de um texto literário.
Quanto ao conteúdo, esse é mais facilmente visível para os leitores em geral, e
inclui, entre outros elementos, o encadeamento e desfecho das ações, na �c-
ção; a ideologia que está por detrás da construção dos textos literários; a mul-
tiplicidade de sentidos que podemos atribuir aos poemas; a visão de sociedade
que o autor apresenta; a problematização da relação entre o ser e os outros se-
res, o ser e o meio social, o ser e seu entendimento de si mesmo etc.
Você deve ter notado que, após cada elenco de itens que �zemos, acrescenta-
mos o “etc.” – é porque cada um dos itens apresentados, tanto com relação à
forma quanto com relação ao conteúdo da literatura, são passíveis de inúme-
ros estudos, especi�cações e teorias que os explicam, justi�cam e classi�cam.
Todos os estudos mais especi�camente literários – de teoria, crítica, análise e
interpretação dos fatos literários – têm o único sentido de proporcionar uma
leitura mais profunda da literatura; o especialista em literatura é tanto melhor
quanto mais consegue mobilizar, na sua interpretação do texto literário, esses
conhecimentos especí�cos. Para tanto, temos uma importante dica para você.
Dica de procedimento
Se você não é exatamente um especialista em literatura, mas pro�ssional de
outra área que será habilitado, por este curso, ao ensino da literatura, saiba
que tem à sua frente uma seara imensa – e intensamente prazerosa, tanto
mais prazerosa quanto maior for o seu gosto pela literatura!
Procure com o seu tutor indicações de textos que possam lhe fornecer o co-
nhecimento dos elementos formais da literatura; sempre que sentir necessida-
de, recorratambém à crítica literária especializada, sobre a qual o seu tutor
também poderá dar excelentes indicações, na medida da sua necessidade e
interesse.
Só não deixe de estudar a teoria da literatura: sem ela, você será sempre um
leitor “ingênuo”, capaz de ler os textos apenas na superfície – e perderá o que
de melhor a literatura tem a oferecer, que é o desvendamento de seus enig-
mas! Todo texto literário pede agora a você: “Decifra-me (ou devoro-te!)”.
Pronto para saber mais?
É importante que faça a leitura na íntegra do artigo de Antonio Candido "O direito à literatura (https://edis-
ciplinas.usp.br/plugin�le.php/4208284/mod_resource/content/1/antonio-candido-o-direito-a-leitura.pdf)"
(2004), que comentamos neste ciclo, pois trará a você não apenas mais elementos para re�etir sobre a for-
ça humanizadora da literatura e sobre como ela atua no homem. Sua leitura também é, em si, um excelen-
te instrumento pessoal de formação e de humanização, pois a organização e clareza com que Antonio
Candido expõe suas ideias e conduz o leitor em sua re�exão testemunham a grandeza de seu autor e o
porquê de ser ele um dos críticos literários mais valorizados no Brasil e fora dele.
 6. Literatura Humaniza
Retomemos, pois, as observações de Antonio Candido.  Entender que o conteú-
do da literatura humaniza é mais simples. Ela pode tratar de temas que se re-
lacionam com valores importantes para o ser humano, pode levar o leitor a re-
�etir sobre as relações que estabelece consigo mesmo e com o mundo e as
pessoas que o cercam. Antigamente, os exercícios de interpretação de textos
procuravam descobrir qual a “mensagem” do texto; os livros didáticos da pri-
meira metade do século 20 traziam textos recheados de valores morais, pois
acreditavam que o leitor escolar precisava ser formado também na “moral” e
nos “bons costumes”. Nada de errado com isso.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4208284/mod_resource/content/1/antonio-candido-o-direito-a-leitura.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4208284/mod_resource/content/1/antonio-candido-o-direito-a-leitura.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4208284/mod_resource/content/1/antonio-candido-o-direito-a-leitura.pdf
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https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4208284/mod_resource/content/1/antonio-candido-o-direito-a-leitura.pdf
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https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4208284/mod_resource/content/1/antonio-candido-o-direito-a-leitura.pdf
Hoje em dia, porém, entendemos que a função da literatura não é “ensinar” va-
lores. O texto literário, mediante sua condição de objeto artisticamente cons-
truído, perde a qualidade quando se compromete somente com a “pan�eta-
gem” de valores de determinada parcela da sociedade.
O alcance da literatura está além do conteúdo que veicula – e que pode, sim,
servir de motivo para re�exões valorativas, uma vez que o texto é produzido
num dado contexto histórico, ou seja, re�ete o modo de pensar o mundo dos
homens de uma dada cultura, num tempo e espaço historicamente determina-
dos. Mas não é só pelo conteúdo veiculado que a literatura humaniza – torna o
homem mais humano. A forma literária também é fator de humanização.
Candido explica:
• ela [a literatura] é uma construção de objetos autônomos como estrutura
e signi�cado;
• ela é uma forma de expressão, isto é, manifesta emoções e a visão do
mundo dos indivíduos e grupos;
• ela é uma forma de conhecimento, inclusive como incorporação difusa e
inconsciente (CANDIDO, 1995, p. 244, grifos nossos).
O poder humanizador da literatura, segundo o crítico e sociólogo, está na con-
junção dessas três facetas:
• Construção: todo texto literário é um objeto construído, um conjunto de
palavras ordenadas pelo seu produtor. Essa ordem dada pelo autor favo-
rece nossa própria organização mental e de sentimentos; com isso, nossa
visão de mundo �ca mais organizada também.
• Expressão: mais do que simples arranjo ordenado de palavras, a literatu-
ra é uma forma de expressão – expressa os valores e a visão de mundo do
seu autor e do seu contexto de produção.
• Conhecimento: a literatura apresenta níveis de conhecimento intencio-
nais, isto é, propostos pelo autor e assimilados pelo leitor, e níveis de co-
nhecimento que o leitor incorpora “difusa e inconscientemente”, para
lembrar as palavras do autor. Estes se referem à organização mental e
emocional que a ordem do texto literário permite e que não percebemos
conscientemente durante a leitura.
Insistimos, neste ciclo, sobre estas re�exões de Antonio Candido, porque elas
dão a nós, professores, um objetivo magnânimo para o ensino da literatura –
esse instrumento poderoso de construção, expressão e conhecimento. É pelo
conjunto de todos esses atributos que a literatura favorece a formação do ho-
mem, que o humaniza. Vejamos, para concluirmos esta etapa do nosso percur-
so, o que Candido entende por humanização:
Entendo aqui por humanização (já que tenho falado tanto dela) o processo que con-
�rma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da re-
�exão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o a�namento das
emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso de beleza, a per-
cepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura de-
senvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais com-
preensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante (CANDIDO, 1995, p.
249, grifo do autor).
O conceito de humanização de Antonio Candido engloba tudo aquilo que um
educador pode desejar como resultado de seu fazer pedagógico. Trata-se de
uma formação que envolve competências as mais diversas, baseadas na aqui-
sição de conhecimentos (saber conhecer) e de técnicas (saber fazer), bem co-
mo na aprendizagem de como se relacionar melhor com os outros seres hu-
manos (saber relacionar-se) e de desenvolvimento pessoal (saber ser).
Essas competências que mencionamos são as mesmas indicadas pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) para a educação do século XXI: espera-se que o homem deste século
tenha favorecido, na escola, estes quatro níveis de educação: aprender a co-
nhecer, aprender a fazer, aprender a relacionar-se e aprender a ser.
E em todos estes aspectos, a literatura, pela con�uência de forma e conteúdo, é
um instrumento privilegiado de formação.
 Pronto para saber mais?
Conhecido também como “Relatório Delors”, o livro: "Educação: um te-
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
souro a descobrir (http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto
/ue000009.pdf). Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre
Educação para o século XXI" traz re�exões fundamentais para sua for-
mação como docente, na medida em que expõe com clareza tanto a situ-
ação em que se encontrava a educação mundial no �m do século 20,
quanto o que as organizações mundiais, por meio de seus representantes,
esperam do futuro da educação no mundo.
Agora que você já sabe e entendeu a importância dos conteúdos a serem
estudados nesta disciplina, sigamos em frente!
7. A Literatura como direito humano
(https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-g04337-2021-01-grad-ead-
np/wp-content/uploads/sites/823/2020/01/Armandinho-2.png)
Figura 5 Armandinho - "[...]Abandonar Preconceitos" (https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/133593959354
/tirinha-original).
Como primeira indicação deste tópico, sugerimos que você assista ao ví-
deogravado pela professora e pesquisadora Thaís Mitiko Toshimitsu, no
qual é abordada a importância da literatura para o desenvolvimento hu-
mano. Con�ra com atenção.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf
https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-g04337-2021-01-grad-ead-np/wp-content/uploads/sites/823/2020/01/Armandinho-2.png
https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-g04337-2021-01-grad-ead-np/wp-content/uploads/sites/823/2020/01/Armandinho-2.png
https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-g04337-2021-01-grad-ead-np/wp-content/uploads/sites/823/2020/01/Armandinho-2.png
https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-g04337-2021-01-grad-ead-np/wp-content/uploads/sites/823/2020/01/Armandinho-2.png
https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-g04337-2021-01-grad-ead-np/wp-content/uploads/sites/823/2020/01/Armandinho-2.png
https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-g04337-2021-01-grad-ead-np/wp-content/uploads/sites/823/2020/01/Armandinho-2.png
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https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-g04337-2021-01-grad-ead-np/wp-content/uploads/sites/823/2020/01/Armandinho-2.png
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No vídeo a seguir, o Prof. Dr. Celso Lafer, da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo (USP), discute a relação entre o princípio da
igualdade e da não discriminação com o direito humano à literatura, par-
tindo da leitura do ensaio: Direito à Literatura, do intelectual brasileiro
Antonio Candido.
No próximo vídeo, o próprio Antonio Candido discorre sobre o tema “di-
reito à literatura”, tratando-o como “necessidade fundamental experi-
mentada em todas as sociedades”, em razão de sua relevância para a
emancipação e humanização dos sujeitos históricos e sociais.
8. Capacidades terapêuticas e humanizado-
ras da Literatura
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Figura 6 Armandinho - "Seu Feliciano?" (https://crb6.org.br/artigos-materias-e-entrevistas/charge-
armandinho/).
Dada a sua característica transformadora na vida da pessoa humana, a li-
teratura não deve ser entendida como mero entretenimento, “perfumaria”
ou como um despretensioso jogo de palavras. Tendências contemporâne-
as com base cientí�ca têm motivado o estudo das funções terapêuticas
da literatura. Trata-se da “Biblioterapia”. Entenda melhor o que isto signi-
�ca assistindo ao depoimento da psicóloga, biblioterapeuta e arteterapeu-
ta Cristiana Seixas.
Ampliando nosso diálogo sobre a capacidade terapêutica da Literatura e
sua função humanizadora, apresentamos a fala do professor e pesquisa-
dor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Dante Gallian. No
vídeo indicado a seguir, Dante apresenta uma síntese da obra A Literatura
como Remédio: os Clássicos e a Saúde da Alma, de sua autoria, criada a
partir de uma experiência desenvolvida originalmente em um laboratório
de leitura de uma Escola de Medicina.
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Neste momento, re�ita sobre sua aprendizagem respondendo à questão a
seguir.
9. Dicas: diálogos entre literatura e outras
linguagens
Conforme mencionamos no início deste ciclo, em “Orientações para o es-
tudo da disciplina”, apresentaremos uma série de indicações que poderão
ser utilizadas em sala de aula e/ou ainda servirão para ampliar seu reper-
tório cientí�co-cultural e inspirar sua ação educadora.
Escritores da Liberdade
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Figura 7 Escritores da Liberdade (https://br.pinterest.com/pin/570409109032372566/).
Com roteiro assinado por Erin Gruwell e Richard Lavagranese, a obra ci-
nematográ�ca Escritores da Liberdade aborda os obstáculos enfrentados
por uma professora ainda inexperiente em relação aos seus alunos, bem
como o poder de transformação operado pela educação. O �lme é baseado
no livro best-seller The Freedom Writers Diaries, que reúne os relatos da
professora (a própria Erin Gruwell) e dos seus alunos. A narrativa é como-
vente; vale a pena conferir.
 
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O Poder Humanizador da Poesia, com Adélia Prado
(https://www.youtube.com/watch?v=sisSlTXY6bM)
 (https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-
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Figura 8 Adélia Prado. (https://rascunho.com.br/colunistas/sob-a-pele-das-palavras/casamento-de-adelia-prado/)
Em palestra ministrada no Programa: Sempre um Papo, em 2008, Adélia
Prado, poetiza natural de Divinópolis, Minas Gerais, aborda a dimensão
humanizadora da Poesia, sua relação epifânica com o “sagrado” e com o
cotidiano. Durante sua fala, Adélia ainda realiza a leitura de tocantes
fragmentos poéticos. Clique no link adicionado ao título e aprecie sem
moderação!
Palavra (En)Cantada, de Helena Solberg
 (https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-
g04337-2021-01-grad-ead-np/wp-content/uploads/sites/823/2020
https://www.youtube.com/watch?v=sisSlTXY6bM
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Figura 9 Palavra (En)cantada (https://�lmow.com/palavra-en-cantada-t3999/).
Sinopse: uma viagem na história do cancioneiro brasileiro com um olhar
especial para a relação entre poesia e música. Dos poetas provençais ao
rap, do carnaval de rua aos poetas do morro, da bossa nova ao tropicalis-
mo, "Palavra (En)cantada" passeia pela música brasileira até os dias de
hoje, costurando depoimentos de grandes nomes da nossa cultura, perfor-
mances musicais e surpreendente pesquisa de imagens. O �lme conta
com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo
Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso
Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo
Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo
César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. Imagens de arquivo resgatam
momentos sublimes de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom
Jobim. Clique aqui  (https://www.youtube.com/watch?v=_F0kiyQuOMo)e
con�ra o documentário completo no YouTube.
 
A Poesia, de Ataque Beliz (https://www.youtube.com
/watch?v=mt2TAGZ1EIk)
https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-g04337-2021-01-grad-ead-np/wp-content/uploads/sites/823/2020/01/C1-F3.jpg
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https://filmow.com/palavra-en-cantada-t3999/
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https://filmow.com/palavra-en-cantada-t3999/
https://www.youtube.com/watch?v=_F0kiyQuOMo
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https://www.youtube.com/watch?v=_F0kiyQuOMo
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https://www.youtube.com/watch?v=_F0kiyQuOMo
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https://www.youtube.com/watch?v=mt2TAGZ1EIk
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https://www.youtube.com/watch?v=mt2TAGZ1EIk
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https://www.youtube.com/watch?v=mt2TAGZ1EIk
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Fonte: (Foto) Tatiana Reis.
Figura 10 Ataque Beliz (http://agravidade.blogspot.com/2010/).
E por falar em canção, indicamos "A Poesia", da banda candanga de rap e
hip-hop Ataque Beliz. A composição foi lançada no ál-
bum REConceito (2009). Estruturada a partir de um meta-discurso, a letra
aborda com suavidade a dimensão lírica da palavra, estabelecendo diálo-
gos com nomes como João Cabral de Mello Neto e Patativa do Assaré.
Trata-se de uma ótima opçãode fruição estética e para o trabalho docente
na sala de aula. Clique no link inserido no título e ouça a canção.
10. Considerações
Se o poeta espanhol Antonio Machado nos ensina que “O caminho se faz
ao andar”, é preciso continuar caminhando. Esperamos que você tenha
apreciado o caminho percorrido até aqui. Nos “vemos” no próximo Ciclo.
Aquele abraço!
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http://agravidade.blogspot.com/2010/
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 (https://md.claretiano.edu.br/metenslit-
gs0042-fev-2022-grad-ead-np/)
Ciclo 2 – As Dimensões do Texto, do Contexto e do
Pretexto na Leitura Literária 
Ana Cláudia da Silva
Objetivos
• Discutir condições do letramento literário e do ensino de literatura.
• Considerar os desa�os que pairam sobre a leitura dos clássicos na esco-
la.
• Re�etir sobre os usos que se faz do texto literário no contexto escolar.
• Repensar práticas escolares de ensino da literatura já cristalizadas pelo
seu uso.
Conteúdos
• A leitura do texto literário na sala de aula.
• Letramento e ensino de literatura.
• A leitura dos clássicos na escola: um desa�o a ser enfrentado no letra-
mento de jovens.
Problematização
Qual o papel da literatura no contexto escolar? É adequado o tratamento dado
pela escola ao texto literário? Como fazer da escola um espaço em que a lite-
ratura cumpra sua função social?
Orientações para o estudo
https://md.claretiano.edu.br/metenslit-gs0042-fev-2022-grad-ead-np/
https://md.claretiano.edu.br/metenslit-gs0042-fev-2022-grad-ead-np/
https://md.claretiano.edu.br/metenslit-gs0042-fev-2022-grad-ead-np/
https://md.claretiano.edu.br/metenslit-gs0042-fev-2022-grad-ead-np/
https://md.claretiano.edu.br/metenslit-gs0042-fev-2022-grad-ead-np/
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Neste Ciclo, você deverá atentar-se para os diálogos sobre a leitura do texto
literário na sala de aula e para a relação entre Letramento e Ensino de
Literatura.
Além de diversos vídeos e leituras indicados, você contará com duas ativida-
des para avaliar sua aprendizagem sobre os conteúdos estudados.
Acalme-se... Respire... Dê um passo de cada vez... Como escreveu o mineiro
Guimarães Rosa, “Não convém a gente levantar escândalo de começo, só aos pou-
cos é que o escuro é claro”.
Siga a rota com prazer!
Fonte: elaborado pelo autor.
Figura 1 Epígrafe "Marisa Lajolo".
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 2 Epígrafe "Marcel Proust".
1. Introdução
(https://mdm.claretiano.edu.br/metenslit-
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Figura 3 Armandinho "Dia mundial do livro" (https://m.facebook.com
/tirasarmandinho/photos/a.488361671209144/3225494580829159
/?type=3&source=57&__tn__=EHH-R).
 
Recomeçando nossa prosa...
No ciclo anterior, debruçamo-nos sobre os conceitos de metodologia, de ensino
e de literatura. Constatamos que a metodologia indica um caminho de ação;
que o ensino é indissociável da aprendizagem e que o professor é um media-
dor entre o aluno e o conhecimento literário; vimos, ainda, que a literatura
comporta um uso estético da linguagem, designando, também, as
particularidades culturais de diferentes nações, tais como: literatura brasilei-
ra, angolana, francesa etc.
Além disso, tivemos a oportunidade de re�etir sobre o pensamento de Antonio
Candido, que defende a literatura como um dos bens incompressíveis essenci-
ais à pessoa humana; um direito fundamental, isto é, que não pode ser aparta-
do da vida sob pena de fortes perdas para o desenvolvimento da pessoa.
Estudamos, ainda, que a literatura, pela sua estrutura de forma e conteúdo,
tem a capacidade de favorecer a organização mental do homem, bem como de
ajudá-lo a pensar sobre si mesmo, sobre o mundo que o cerca e sobre suas re-
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lações com os outros. É esta a justi�cativa mais profunda para que a literatura
seja inserida nos currículos das escolas, constituindo, ao longo do tempo, ma-
téria ora mais, ora menos valorizada, mas sempre presente e, na medida do
possível, atuante.
Neste novo ciclo, estudaremos algumas relações que permeiam a leitura lite-
rária na escola: primeiramente, abordaremos o binômio "texto/contexto", isto
é, trataremos das relações entre a literatura e o seu contexto de produção. Por
�m, abordaremos, também, outro aspecto fundamental da presença da litera-
tura na escola: sua relação com outros saberes; com conhecimentos de outras
áreas, especi�camente a Língua Portuguesa.
 
É hora de colocarmos nosso saveiro no mar e enfrentar as ondas. Mãos à obra!
2. Texto não é Pretexto
Em sua obra Leitura em crise na escola: as alternativas do professor (1991),
Marisa Lajolo questiona o uso que se faz, na escola, do texto literário. Ela lem-
bra que a literatura, por sua natureza, é feita somente para a leitura:
O texto não é pretexto para nada. Ou melhor, não deve ser. Um texto existe apenas
na medida em que se constitui ponto de encontro entre dois sujeitos: o que escreve
e o que lê; escritor e leitor, reunidos pelo ato radicalmente solitário da leitura, con-
trapartida do igualmente solitário ato de escritura.
No entanto, sua presença na escola cumpre funções várias e nem sempre confessá-
veis, freqüentemente discutíveis, só às vezes interessantes (LAJOLO, 1991, p. 52).
Para Lajolo, como vimos, o texto literário, ao ser inserido no contexto escolar,
deixa de ser interessante. Isso ocorre porque na escola o texto costuma ser li-
do não em si mesmo, mas como pretexto para outras aprendizagens, que não a
do texto propriamente dito. Mesmo quando é “literariamente” estudado, o texto
é desmontado, fragmentado, submetido a uma análise que, se o professor não
for su�cientemente hábil, pode não conduzir a uma interpretação que amplie
a leitura do texto.
Lajolo entende que a leitura do texto literário na escola é arti�cial e indireta-
mente orientada. Ou seja: aquela relação primordial do leitor com o escritor,
mediada pelo texto, desaparece. Veja os esquemas a seguir:
Esquema 1 Leitura solitária.
No Esquema 1, temos representado o processo de leitura solitária: o escritor
produz o texto literário; o leitor, ao ler o texto, entra em contato com seu produ-
tor, tendo como única mediação o texto de sua autoria.
Veja, agora, este outro esquema:
Esquema 2 Leitura na escola.
Este Esquema 2 representa a leitura da literatura como é feita, geralmente, nas
escolas: o escritor produz o texto literário; o autor do livro didático seleciona e
recorta o texto do autor para inseri-lo no livro didático – é um leitor em pri-
meiro grau; o professor seleciona o livro didático, no qual está inserido o re-
corte do texto literário original feito pelo autor do manual didático e, a partir
dele, prepara sua aula – é um leitor em segundo grau, pois lê o texto literário
em segunda mão, isto é, mediado pela leitura do autor didático. Só então o tex-
to chega ao aluno, que se constitui como um leitor de terceiro grau: ele lê o tex-
to literário do livro indicado pelo seu professor, que já é, ele mesmo, um leitor
indireto. Assim, a relação entre o leitor �nal (no caso, o aluno) e o escritor é
“�ltrada” pelas lentes de outros dois leitores.
Esse percurso pode trazer menos prejuízo quanto mais contato tiver o leitor com o
texto literário em si mesmo – só assim, exposto a um grande número de leituras, o
leitor pode se con�gurar como um leitor maduro. Ou não, e isso pode acontecer
quando o leitor lê mecanicamente, sem implicar na leitura toda sua inteligência,
sensibilidade e conhecimento de mundo.
É em função disso – da distância estabelecida entre o aluno e a literatura no
contexto escolar – que Marisa Lajolo a�rma que a presença do texto na escola
é arti�cial:
É nesse sentido que a presença do texto no contexto escolar é arti�cial: a situ-
ação de aula é coletiva, pressupõe e incentiva a leitura orientada. Mais ainda:
visa a uma reação do leitor/aluno de�agrada a partir de atividades cuja for-
mulação parte de uma leitura prévia e alheia: a interpretação que o leitor/autor
do livro acredita ser a mais pertinente, útil, adequada, agradável, etc. (LAJOLO,
1991, p. 53).
Lajolo chama a atenção para o fato de que o professor precisa ser um bom lei-
tor, a �m de não aceitar passivamente tudo o que está nos manuais didáticos.
O professor, segundo ela, não precisa concordar nem com a seleção de textos
do autor do livro didático, nem com o encaminhamento que este dá para a in-
terpretação do texto. É preciso, diante do manual didático, que o professor se
sinta livre para adequar o que é ali proposto aos objetivos que ele, professor,
tem em seu trabalho.
O fato de que um texto está inserido no manual não quer dizer que o professor
tenha que trabalhar obrigatoriamente com ele. É saudável que o professor
exerça seu direito de selecionar os melhores textos para o trabalho em sala de
aula; deixar de trabalhar com determinado texto – ou determinado recorte de
um mesmo texto – proposto pelo autor do livro didático e substituí-lo por ou-
tro que se considere mais adequado é uma prática que pode e deve ser incenti-
vada.
Sabemos, contudo, que muitas vezes há, nas escolas, formas de controle da
atividade do professor – seja pelos pais, seja nas instâncias de coordenação e
direção, seja pelos próprios alunos, que insistem em que o conteúdo do livro
didático seja estudado na íntegra. Nesses casos, é sempre possível encontrar
alternativas para lidar com os problemas que o texto eventualmente possa
oferecer. Para isso, para encontrar soluções diante dos textos escolares que re-
sultem num trabalho mais signi�cativo, é fundamental que o professor seja,
antes de tudo, um bom leitor. Quanto maior for seu repertório de leituras, tanto
mais ele será capaz de propor alternativas ao trabalho indicado pelo autor do
manual didático – em caso de discordância, evidentemente.
3. Quando o Texto se torna Pretexto
Quando, porém, a presença do texto literário na escola se torna pretexto para
outras aprendizagens, é possível que o professor enfrente alguns problemas.
Vejamos.
Problema 1: O texto é exemplo de comportamento, atitudes e valores
Embora isso pareça um pouco fora de moda, sabemos que os textos seleciona-
dos para a leitura escolar eram escolhidos, até alguns anos atrás, por sua ca-
racterística de exemplaridade, ou seja, pela sua capacidade de ser instrumento
de inculcamento de valores que se considerava desejáveis que o aluno obti-
vesse.
Ainda hoje é possível encontrar, por exemplo, textos que visem à re�exão so-
bre uma dada celebração cívica – o dia do índio, por exemplo. Nos livros didá-
ticos da primeira etapa do ensino

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