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9788579000720 www.segmentofarma.com.br (Falta cód igo) C o o r d e n a d o r e s M i l t o n C a l d e i r a F i l h o G l a u c o A d r i e n o W e s t p h a l Medicina Intensiva Manual Prático de 10a edição – 2013 9788579000720 www.segmentofarma.com.br (Falta cód igo) C o o r d e n a d o r e s M i l t o n C a l d e i r a F i l h o G l a u c o A d r i e n o W e s t p h a l Medicina Intensiva Manual Prático de 10a edição – 2013 9788579000720 www.segmentofarma.com.br (Falta cód igo) C o o r d e n a d o r e s M i l t o n C a l d e i r a F i l h o G l a u c o A d r i e n o W e s t p h a l Medicina Intensiva Manual Prático de 10a edição – 2013 9788579000720 www.segmentofarma.com.br (Falta cód igo) C o o r d e n a d o r e s M i l t o n C a l d e i r a F i l h o G l a u c o A d r i e n o W e s t p h a l Medicina Intensiva Manual Prático de 10a edição – 2013 9788579000720 www.segmentofarma.com.br (Falta cód igo) C o o r d e n a d o r e s M i l t o n C a l d e i r a F i l h o G l a u c o A d r i e n o W e s t p h a l Medicina Intensiva Manual Prático de 10a edição – 2013 Apoio: 10a edição – 2013 Apoio: Medicina Intensiva C o o r d e n a d o r e s M i l t o n C a l d e i r a F i l h o G l a u c o A d r i e n o W e s t p h a l Manual Prático de IIIIII Manual Prático de Medicina Intensiva Copyright© 2013 – Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. Todos os direitos desta edição reservados à Segmento Farma Editores Ltda. Rua Anseriz, 27, Campo Belo, CEP 04618-050 – São Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PubLICAÇÃO (CIP) M294 Manual prático de medicina intensiva / Coordenadores Milton Caldeira Filho, Glauco Adrieno Westphal. – 10.ed. – São Paulo: Segmento Farma, 2013. 488 p. ; il. ISBN 978-85-7900-072-0 Vários autores Inclui bibliografia. 1. Tratamento intensivo. 2. Cuidados intensivos. 3. Cuidados críticos. I. Caldeira Filho, Milton, coord. II. Westphal, Glauco Adrieno, coord. CDD 616.028 Índices para catálogo sistemático 1. Tratamento intensivo 616.028 2. Cuidados intensivos 616.028 3. Cuidados críticos 616.028 IVIV Mensagem dos autores É com grata satisfação que assistimos à receptividade do Manual Prático de Medicina Intensiva. Nossa intenção não é esgotar os assuntos discutidos, mas contribuir com a prática da Medicina Inten- siva por meio de um material atualizado e ágil. Este manual é elaborado de forma aberta, portanto todos os interessados podem participar. Pedimos a colaboração com o envio de tópicos que ainda não foram discutidos, atentando para a estrutura editorial de tabelas e fluxogramas, a fim de serem acrescentados à próxima edição. Agradecemos a todos os autores e à Segmento Farma Editores, pela dedicação e incentivo. Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal miltoncaldeira@globo.com glauco.w@brturbo.com.br Nota dos autores A Medicina Intensiva está sempre em transformação. Conforme novas pesquisas e experiências clínicas ampliam nosso conhecimento, podem se tornar necessárias alterações no tratamento ou na terapia me- dicamentosa. Os leitores são aconselhados a conferir as informações fornecidas pelos fabricantes sobre os produtos constantes deste manual, verificando a dose recomendada, o modo de administração e as contraindicações. Com base em evidências científicas, na experiência pessoal e no conhecimento do pa- ciente, é atribuição do médico determinar o melhor tratamento para cada paciente. A responsabilidade por eventuais prejuízos e/ou lesões a pessoas ou propriedades, a partir de qualquer atitude médica, é do profissional que a tomou. VV “Uma mão na roda”! Escrever livros não é tarefa para muitos. É trabalhoso. É demorado. É ardiloso – escrever, ler, escrever novamente e ler novamente! Há que se justificar como obra! Ter valor próprio! Escrever livros de Medicina – armadilha pura! Em nossas vidas de hoje, quase um motivo de separação, ou não?! Contar com colegas nesse desafio: um corpo a corpo difícil. Prazos! Temas! Atualização! Refe- rências! E a língua portuguesa não é fácil, mesmo em textos técnicos! O que dizer então quando dois colegas – Milton Caldeira e Glauco Westphal – lideram um novo livro em Medicina Intensiva que é, ao mesmo tempo, compacto e abrangente?! Prático, atualizado e otimamente ancorado em referências de primeira! Será que precisaríamos de algo assim?! Algo que me responda de forma rápida, atual e segura, o que pensar diante de determinada situação clínica?! Que me ofereça alternativas diagnósticas, alternativas terapêuticas?! O que e como fazer para superar dificuldades à beira do leito?! Drogas, doses, dicas, riscos, normativas! E os temas interessam?! Coma e morte encefálica? Têm! Choque? Tem! Ventilação e desmame? Têm! Sedação e analgesia? Têm! Infecção e antibioticoterapia? Têm! Escores, paradigmas hemodi- nâmicos e fisiológicos em geral? Têm! Fórmulas das quais não me lembro, nem sei onde estariam? Têm! Equilíbrios ácido-básico e metabólico? Têm! Inflamação? Cascata da coagulação? Têm! Sín- dromes coronarianas agudas? Também têm! E tem muito mais! É claro que poderá ser aperfeiçoado em futuras edições, mas estou certo de que já é um sucesso editorial com lugar certo na pasta, no bolso ou na mesa de prescrição de nossas unidades. Lá, onde enfrentamos o dia a dia do saber e do questionar-se; do ver, acolher e envolver-se com o paciente gravemente enfermo, seus familiares, nossas equipes de cuidados intensivos e nossas dúvidas. É lá, na madrugada, quando é preciso agir e avançar! Aí, bem aí nesse momento, vamos lembrar que este texto é mesmo uma “mão na roda”! Aos autores e coautores, parabéns! Essa é e tem sido a riqueza da Medicina Intensiva brasileira: no- vos e melhores intensivistas estão chegando e chegando para ficar! E têm, cada vez mais, o que dizer! Sejam bem-vindos! Boa leitura. Com um abraço, Jairo Othero Prefácio à 1a edição VIVI Vida longa Fico muito feliz em ter sido convidado para escrever o prefácio da 9a edição deste manual. Essa é uma das vantagens de ser o atual presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira: aparecem convites para todo tipo de solenidade, reuniões e convites como este. É importante que se conheça bem sobre o assunto a escrever. Como intensivista e com 20 anos de formado, me sinto relativamente confortável para dar opinião sobre determinado tema da minha especialidade, mas gostaria de dizer que o Manual Prático de Medicina Intensiva eu conheço bem! Tenho até hoje de recordação o manual da primeira edição. Em uma época em que o aces- so à internet e a livros-textos não era tão fácil no plantão, o manual no bolso do jaleco foi a principal ferramenta para consultar as decisões na beira do leito. Ao longo do tempo, pude comprovar as muitas modificações que aconteceram, desde atualizações até inclusões de no- vos capítulos. O que chamava a atenção não era apenas a formatação moderna dos textos e algoritmos coloridos mas também a qualidade do que estava escrito e a importante participação dos coautores em cada nova publicação. Havia sido encontrado uma forma de levar informação e conhecimento para todos os interessados em medicina intensiva, do estudante de medicina, plantonista, diarista até o coordenador da UTI. A cada ano, eu e muitos outros sempre aguarda- mos uma nova publicação. Para isso, Milton e Glauco fazem uma dupla perfeita. Conseguem com competência escolher temas relevantes, escrever com simplicidade, agregar e manter um time invejável de colegas. Vida longa para o Manual Prático de Medicina Intensiva e que venha a 10a edição!!! José Mário Meira Teles Presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira Prefácio VIIVII Autores e colaboradores Alessandro Farias • Médico infectologista do Hospital Português, Salvador, Bahia. Alexandre Luiz Longo •Especialista em Neurologia pela Sociedade Brasileira de Neurologia. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Joinville (Univille)/SC. Amilton Carniel Guimarães • Médico do Hospital de Caridade Irmandade Senhor Jesus dos Passos, Floria- nópolis/SC. Especialista em Medicina Interna e Gastroenterologia. Ana Carolina Dalmônico • Médica residente do Programa de Residência Médica (PRM) de Neurologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ana Carolina Peçanha Antônio • Mestre em Ciências de Reabilitação pela UFCSPA. Médica Intensivista do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre. Anderson Ricardo Roman Gonçalves • Doutor em Nefrologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Médico intensivista pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib). Professor das disciplinas de Fisiologia e Nefrologia da Faculdade de Medicina da Univille. Durval Gonçalves Rosa Neto • Responsável pelo Serviço de Endoscopia do Hospital Português, Salvador/BA. Eliézer Silva • Gerente Médico do Departamento de Pacientes Graves - Hospital Israelita Albert Einstein. Pós-doutoramento pela Universidade do Colorado (EUA). Livre-docente pela Universidade de São Paulo. Fundador e atual vice-presidente do Instituto Latino Americano de Sepse. Diretor Científico da Sociedade Paulista de Terapia Intensiva. MBA Executivo em Gestão em Saúde – Insper SP Fabiano Schwingel • Especialista em Pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia. Professor da disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Univille. Preceptor do PRM em Clínica Médica do Hospital Municipal São José (HMSJ), Joinville/SC, e do HRHDS. Felipe Paludo Salles • Médico residente do PRM em Medicina Intensiva do HMSJ. Felipe Pfuetzenreiter • Especialista em Medicina Intensiva pelo Programa de Residência Médica (PRM) de Medicina Intensiva do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pela AMIB. Fellowship em Cuidados Paliatibos pela Universidade de Alberta, Canadá. Coordenador do Grupo de Cuidados Paliativos do Centro Hospitalar Unimed, Joinville/SC Andréa Ribeiro Cavalcanti • Mestre em Medicina Interna pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador/BA. Carlito Moreira Filho • Médico obstetra responsável pelo Serviço de Alto Risco da Maternidade Darcy Vargas, Joinville/SC. Professor da Faculdade de Medicina da Univille. Cassiano Teixeira • Doutor em Medicina pela UFRGS. Professor adjunto de Clínica Médica da UFCSPA. Médico Intensivista do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre. Médico Intensivista pela Amib. Cláudio Celestino Zolinger • Especialista em Medicina Intensiva, Cirurgia Geral e Nutrologia. Coordenador Técnico das Unidades de Terapia Intensiva da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. Vice-coordenador da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português, Salvador/BA. Conrado Roberto Hoffmann Filho • Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Espe cialista em Medicina Intensiva pela Amib. Preceptor de Cardiologia do PRM de Medicina Interna do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt (HRHDS), Joinville/SC. Daniel Collares • Especialista em Neurologia pelo Programa de Residência Médica do Hospital Municipal São José, Joinville/SC Fernando Wagner • Especialista em Cardiologia pela SBC. Especialista em Ecocardiografia pelo Departamento de Ecocardiografia da SBC. Especialista em Medicina Intensiva pela Amib. Francine Bagnati • Médica da UTI do Hospital Dona Helena de Joinville/SC. Preceptora do pro- grama de Residência em Clínica Médica do Hospital Regional de São José de Florianópolis/SC. Gerson Luis Costa • Especialista em Neurologia pela Sociedade Brasileira de Neurologia, Especia- lista em Medicina Intensiva (AMIB), Pós-graduação em Neuroinitensivismo pelo Hospital Sírio-Libanês São Paulo-SP. Glauce Lippi de Oliveira • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do HMSJ e pela Amib. Glauco Adrieno Westphal • Doutor em Medicina pela FMUSP. Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do HMSJ e pela Amib. Coordenador da UTI do Centro Hospitalar Unimed, Joinville/SC. Professor da disciplina de Medicina Intensiva da Faculdade de Medicina da Univille. Graciana Bandeira Salgado de Vasconcelos • Mestre em Gastroenterologia pela FMUSP. Médica da Unidade de Gastroen- terologia e Hepatologia do Hospital Português, Salvador/BA. VIIIVIII Autores e colaboradores Janaína Feijó • Médica residente do PRM em Medicina Intensiva do HMSJ. Joel de Andrade • Coordenador Estadual de Transplantes de Santa Catarina/SC Transplan- tes, Médico da UTI do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. Jorge Dias de Matos • Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB, Professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Santa Catarina, Médico da SC Transplantes (CNCDO-SC). Kalinca Daberkow Vieira • Especialista em Medicina Intensiva pelo Programa de Residência Médica do Hospital Municipal São José, Joinville/SC, Médico da UTI do Hospital Dona Helena, Joinville/SC Louise Trindade de Oliveira • Médica residente do PRM em Medicina Intensiva do HMSJ. Luiz Eduardo Faria Coura • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do HMSJ e pela Amib. Preceptor do PRM em Clínica Médica do HRHDS. Milton Caldeira Filho • Especialista em Medicina Intensiva pela Amib. Coordenador da UTI do Hospital Dona Helena de Joinville/SC. Coordenador da UTI do HMSJ. Coordenador do PRM em Medicina Intensiva do HMSJ. Miriam C V Machado • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do hospital de Clínicas de Porto Alegre da UFRGS e pela AMIB, preceptora do PRM em Medicina Intensiva do hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Norberto Luiz Cabral • Mestre em Medicina Interna pela UFPR. Especialista em Neurologia pela Sociedade Brasileira de Neurologia. Professor da Faculdade de Medicina da Univille. Paulo Lisboa Bittencourt • Doutor em Gastroenterologia pela FMUSP. Coordenador da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português, Salvador/BA. Pedro Silva Correa de Magalhães • Médico residente do PRM de Neurologia do HMSJ. Pierry Otaviano Barbosa • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM do HMSJ. Médico responsável pela rotina da UTI neurocirúrgica do HMSJ. Luiz Henrique Melo • Especialista em Medicina Intensiva pela Amib. Médico infectologista. Preceptor do PRM em Clínica Médica do HMSJ. Professor da disciplina de Infectologia da Faculdade de Medicina da Univille. Marcelo de Paiva Castro • Especialista em Medicina Intensiva pela Amib. Marcelo Guimarães da Fonseca • Especialista em Suporte Nutricional pela Sociedade Brasileira de Nutrição Paren teral e Enteral (SBNPE). Especialista em Medicina Intensiva pela Amib. Especialis ta em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Mé dica (SBCM). Margaret Grando • Mestre em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis/SC. Professora da disciplina de Toxicologia da Univille. Farmacêutica bioquímica. Maria Alice Pires Soares • Médica gastroenterologista da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português, Salvador/BA. Marlene Zannin • Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Professora adjunta da disciplina de Toxicologia da UFSC. Coorde- nadora do Cen tro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina. Farma- cêutica bioquímica. Rachel Duarte Moritz • Doutora em Engenharia de Produção pela UFSC. Mestre em Ciências Médicas pela UFSC. Professora do Departamento de Clínica Médica da UFSC. Rafael de March Ronsoni • Especialista em Cardiologia e Eletrofisiologia Clínica Invasiva pelo PRM do Instituto de Cardiologia do RS e pela SBC/SOBRAC. Preceptordo PRM de Clínica Médica do HMSJ. Professor da Faculdade de Medicina da Univille. Raquel Wanzuita • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do HMSJ. Professora da disciplina de Medicina de Urgência da Faculdade de Medicina da Univille. Roberto Alves Lourenço • Doutor em Saúde Coletiva pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor titular de Geriatria da Escola Médica de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro. Professor adjunto da Disciplina de Geriatria do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Ciências Médicas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Rodrigo de Brito Cordeiro • Médico residente do PRM em Medicina Intensiva do HMSJ. Rodrigo Soares da Silva • Médico residente do PRM em Medicina Intensiva do HMSJ. IXIX Rogério Carregoza Dantas • Mestre em Cardiologia pela Uerj. Es pecialista em Cardiologia pela SBC. Especialista em Medicina Intensiva pela Amib. Sérgio Alberto Wolf • Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN). Professor colaborador das disciplinas de Neuroanatomia e Neuroci- rurgia da Faculdade de Medicina da Univille. Sérgio Telles Ribeiro Filho • Especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), vice-presidente da SBGG seção Rio de Janeiro, médico do Serviço de Geriatria Prof. Mario A. Sayeg – Policlínica Piquet Carneiro, Uerj. Tatiana Moreria Clementino • Residência de Terapia Intensiva no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro 2006/2008. Especializanda em Geriatria pela PUC-RJ março/2009. Tomio Tomita • Especialista em Medicina Intensiva pela Amib. Especialista em Anestesiologia pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA). Coordenador da equipe de Anestesiologia do HMSJ. Vilto Michels Júnior • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do HMSJ e pela Amib. Professor da faculdade de medicina da Unisul e Médico coordenador do CTI do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão – SC. Viviane Renata Zaclikevis • Especialista em Medicina Intensiva pelo Programa de Residência Médica do Hospital Municipal São José, Joinville/SC. Médica da UTI do Hospital Dona Helena e do HMSJ, Joinville/SC. Autores e colaboradores XX Sumário Informações gerais 1 Critérios de internação em unidades de terapia intensiva Francine Bagnati e Milton Caldeira Filho 2 Informações mínimas para apresentação de casos em UTI Glauco Adrieno Westphal 3 Avaliações obrigatórias diárias (check-list para visita multidisciplinar) Marina B. W. Horner, Rodrigo B. Cordeiro Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 5 Índices prognósticos – APACHE II, SOFA, TISS-28 (contém CID-10 dos principais diagnósticos de admissão na UTI) Glauco Adrieno Westphal Neurológico 9 Coma Gerson Luis Costa e Pedro Silva Correa de Magalhães 12 Trauma cranioencefálico grave e monitorização da PIC Raquel Wanzuita, Gerson Luis Costa e Milton Caldeira Filho 14 Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) Alexandre Luiz Longo, Gerson Luis Costa e Pedro Silva Correa de Magalhães 17 Acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCh) Gerson Luis Costa e Pedro Silva Correa de Magalhães 19 Hemorragia subaracnóidea (HSA) Sérgio Alberto Wolf, Ana Carolina Dalmônico e Milton Caldeira Filho 22 Delirium em unidade de terapia intensiva Norberto Luiz Cabral e Glauco Adrieno Westphal 25 Fraqueza muscular no paciente grave Daniel Collares e Milton Caldeira Filho 28 Estado de mal epiléptico Glauco Adrieno Westphal 29 Diagnóstico e manutenção de órgãos no potencial doador falecido Glauco Adrieno Westphal, Milton Caldeira Filho, Kalinca Daberkow Vieira, Viviane Renata Zaclikevis, Joel de Andrade e Jorge Dias de Matos Cardiovascular 36 Ressuscitação cardiopulmonar Viviane Renata Zaclikevis e Kalinca Daberkow Vieira 40 Hipotermia terapêutica Glauce Lippi de Oliveira, Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal 42 Prognóstico neurológico após ressuscitação cardiopulmonar Rodrigo de Brito Cordeiro e Milton Caldeira Filho 43 Síndrome coronariana aguda sem supradesnível do segmento ST (SCASSST) Conrado Roberto Hoffman Filho e Rafael de March Ronsoni 47 Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST Fernando Wagner e Rafael de March Ronsoni 53 Insuficiência ventricular esquerda aguda Viviane Renata Zaclikevis, Kalinca Daberkow Vieira, Rodrigo de Brito Cordeiro, Thammy Pellizzaro de Oliveira e Felipe Pfuetzenreiter 58 Emergência hipertensiva Anderson Ricardo Roman Gonçalves 60 Abordagem inicial do choque Glauco Adrieno Westphal 66 Choque hipovolêmico Luiz Eduardo Faria Coura, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 67 Sepse Eliézer Silva, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 73 Choque anafilático Glauco Adrieno Westphal 75 Drogas vasoativas Vilto Michels Júnior, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 78 Arritmias cardíacas Rogério Carregoza Dantas, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 84 Insuficiência ventricular direita aguda Francine Bagnati e Milton Caldeira Filho Respiratório 86 Derrame pleural (DP) Felipe Pfuetzenreiter, Janaína Feijó e Milton Caldeira Filho 89 Ventilação mecânica não invasiva (VNI) Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal 91 Broncospasmo em paciente crítico Fabiano Schwingel, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 94 Ventilação mecânica no pulmão normal Felipe Paludo Salles e Milton Caldeira Filho 95 Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal 99 Uso de óxido nítrico inalado Rodrigo Soares da Silva e Milton Caldeira Filho 101 Desmame ventilatório Glauco Adrieno Westphal, Rodrigo Soares da Silva e Milton Caldeira Filho 104 Abordagem diagnóstica e terapêutica do tromboembolismo pulmonar Glauco Adrieno Westphal e Felipe Pfuetzenreiter Gastroenterológico 107 Síndrome compartimental intra-abdominal Pierry Otaviano Barbosa e Milton Caldeira Filho 108 Hemorragia digestiva alta não varicosa Paulo Lisboa Bittencourt, Maria Alice Pires Soares e Durval Gonçalves Rosa Neto 110 Hemorragia digestiva alta varicosa Durval Gonçalves Rosa Neto e Paulo Lisboa Bittencourt XIXI Sumário 111 Pancreatite aguda Cláudio Celestino Zolinger e Paulo Lisboa Bittencourt 114 Hemorragia digestiva baixa Maria Alice Pires Soares e Paulo Lisboa Bittencourt 115 Insuficiência hepática aguda grave Andréa Ribeiro Cavalcanti e Paulo Lisboa Bittencourt 118 Encefalopatia hepática Dimitri Possamai, Renata Waltrick e Glauco Adrieno Westphal 120 Diarreia aguda na UTI Graciana Bandeira Salgado de Vasconcelos, Alessandro Farias e Paulo Lisboa Bittencourt 121 Constipação intestinal Milton Caldeira Filho Infecção 123 Avaliação do paciente febril na UTI Glauco Adrieno Westphal, Janaína Feijó e Milton Caldeira Filho 124 Prevenção de infecção relacionada a cateteres Renata Waltrick e Dimitri Possamai 127 Segurança em ressonância nuclear magnética Ana Carolina Peçanha e Cassiano Teixeira 129 Pneumonia comunitária (Faltam autores) 133 Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal 137 Prevenção da PAV Amanda Cramer e Michelli Dadam 138 Meningite bacteriana Pedro Silva Correa de Magalhães e Luiz Henrique Melo 140 Candidíase invasiva Luiz Henrique Melo e Milton Caldeira Filho 143 Neutropenia febril Miriam C. V. Machado Metabólico e suporte nutricional 147 Requerimento básico de hidratação e eletrólitos Anderson Ricardo Roman Gonçalves 149 Distúrbios do sódio Anderson Ricardo Roman Gonçalves 150 Distúrbios do potássio Anderson Ricardo Roman Gonçalves 151 Distúrbios do cálcio, fósforo e magnésio Louise Trindade de Oliveira e Anderson Ricardo Roman Gonçalves 155 Distúrbiosácido-básicos Anderson Ricardo Roman Gonçalves 159 Controle glicêmico Marina B. W. Horner, Renata Waltrick, Dimitri Possamai 161 Cetoacidose diabética (CAD) Amilton Carniel Guimarães 162 Insuficiência renal aguda (IRA) Anderson Ricardo Roman Gonçalves 166 Suporte nutricional Marcelo Guimarães da Fonseca, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho Miscelânea 174 Sedação e analgesia dos pacientes internados em UTI Rachel Duarte Moritz 178 Prevenção e manuseio da abstinência do uso de opioide no desmame ventilatório Raquel Wanzuita e Tomio Tomita 180 Intoxicações agudas Marlene Zannin e Margaret Grando 182 Toxicidade, infecções e efeitos colaterais associados a quimioterápicos e imunomoduladores Viviane Renata Zaclikevis 185 Doença hipertensiva específica da gravidez (DHGE) Milton Caldeira Filho e Carlito Moreira Filho 187 Atendimento ao paciente grande queimado Pierry Otaviano Barbosa e Glauco Adrieno Westphal 189 Profilaxia da trombose venosa profunda (TVP) Glauco Adrieno Westphal e Louise Trindade de Oliveira 191 Prevenção de úlcera de estresse Glauco Adrieno Westphal e Louise Trindade de Oliveira 193 Doses de fármacos para pacientes obesos Ana Carolina Peçanha e Cassiano Teixeira 195 O idoso na UTI Sérgio Telles Ribeiro Filho, Tatiana Moreria Clementino e Roberto Alves Lourenço 199 Cuidados paliativos Rachel Duarte Moritz Hematologia 204 Coagulopatias Milton Caldeira Filho 210 Anemia Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal 211 Uso de hemoderivados em adultos Rafael de March Ronsoni, Milton Caldeira Filho e Janaína Feijó Anexos 215 Anexo I: Fórmulas Milton Caldeira Filho e Marcelo de Paiva Castro 219 Anexo II: Medicamentos Milton Caldeira Filho, Glauco Adrieno Westphal e Raquel Wanzuita 227 Anexo III: Infusão contínua de medicamentos Felipe Paludo Salles 1 Informações gerais UTI 1 Informações gerais UTI Critérios de internação em unidades de terapia intensiva Respiratório 1. Intubação traqueal e necessidade de ven- tilação mecânica. 2. Insuficiência respiratória aguda. Cardiovascular 3. Arritmias cardíacas (página 72) 4. Instabilidade hemodinâmica (páginas 51 a 69) 5. Insuficiência coronariana aguda (páginas 41 a 50) 6. Necessidade de reposição de mais de 6 unidades de concentrado de hemácias em 24 horas. 7. Pós-ressuscitação cardiopulmonar (pági- na 34). 8. Tamponamento cardíaco. 9. Dissecção de aorta. 14. AVC isquêmico na fase aguda com NIHSS > 10 (página 13). 15. Estado de mal convulsivo (página 26). 16. TCE grave (página 11). Digestivo/renal 17. Insuficiência renal aguda necessitando de diálise de urgência (página 145). 18. Hepatite fulminante (página 107). 19. Pancreatite aguda grave (página 103). 20. Hemorragia digestiva alta (páginas 100 e 102). Risco cirúrgico alto/trauma 21. Pós-operatório necessitando de monitora- ção hemodinâmica/suporte ventilatório. Neurológico 10. Escala de Coma de Glasgow ≤ 8. 11. Diagnóstico da morte encefálica e ma- nutenção do potencial doador de órgãos (página 27). 12. Hemorragia intracraniana com escore de AVCh > 1 (página 16). 13. Hemorragia subaracnóidea (página 17). Referências bibliográficas 1. Dawson JA. Admission, discharge, and triage in critical care. Crit Care Clin. 1993;9:555-74. 2. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care Medicine. Guidelines for intensive care unit admission, discharge, and triage. Crit Care Med. 1999;27:633-8. 22. Trauma múltiplo grave (baço, fígado, con- tusão pulmonar). Outros 23. Intoxicação exógena com risco de morte (página 137). 24. Grande queimado (página 165). 25. Distúrbio metabólico grave com convul- sões, arritmias e fraqueza muscular. 2 Informações gerais UTI 2 Informações gerais UTI Informações mínimas para apresentação de casos em UTI A Avaliações subjetiva e objetiva 1. Identificação Data de internação hospitalar. Data de inter nação em UTI. 2. Lista de problemas pregressos História mórbida pregressa (dados relevan tes), hábitos e costumes, diagnóstico de entrada, pro- blemas ocorridos desde o início da internação. 3. Lista de problemas observados na história da doença atual e desde o início da internação (preferencialmente em ordem cronológica) 4. Avaliação sistemática e diária do paciente grave Neurológico Nível de consciência; pupilas; escala de coma de Glasgow; déficit motor; PIC, PPC, SjO2; sedação (escalas de Ramsay/Coock), doses de sedativos; resultados de exames. Endócrino Hiperglicemias? Administração de insulina; ne- cessita de dosagem de hormônios tireoidia nos ou insuficiência adrenal? Diabetes insipidus? SIADH? Infecção Curva térmica, leucograma; culturas; uso de antibióticos (quantos, quais, quanto tempo), PCR, procalcitonina, sinais de sepse. Hematológico Hematócrito, coagulograma; medicamentos que alteram a crase sanguínea. Nutricional Enteral ou parenteral; necessidade calórica; ingesta calórica; ingesta/necessidade calórica (%); ingesta proteica, lipídica e de carboidratos; balanço nitrogenado, calorimetria. Psicossocial Depressão, delirium? Os familiares estão inteirados da situação? Há como viabilizar Cardiovascular Ritmo, frequência e bulhas cardíacas, tem- peratura periférica, enchimento capilar, PAM, drogas vasoativas e suas doses, PVC, ∆Pp, DC, oxigenação tecidual (pH, BE, lactato, CO2 gap, Ca-vO2/CO2 gap, SvO2, DO2, VO2). Respiratório Sinais e sintomas; parâmetros ventilatórios; última gasometria arterial; radiografia de tórax (pneumotórax, atelectasia, infiltrado novo); pressão do cuff e localização da cânula traqueal, teste diário de ventilação espontânea. Gastrintestinal Exame do abdome; ingesta oral ou por cateter enteral; débito do cateter nasogástrico; diarreia ou obstipação; resultados de exames, PIA. Metabólico e renal Diurese (kg/hora e total em 24 horas); balanço hídrico; diálise; creatinina, eletrólitos, estado ácido-base, função hepática). Referência bibliográfica 1. Varon J, Fromm Jr RE. Aproach to the intensive care unit. Handbook of Practical Critical Care Medicine. New York: Springer-Verlag, 2002. p. 185-8. acompanhamento psicológico e/ou de terapia ocupacional? Há possibilidade de flexibilizar visita dos familiares? Tubos, drenos, cateteres e medicamentos Posicionamento de tubos, drenos e cateteres; posição, fixação, data e presença de sinais de infecção na inserção de cateteres venosos e ar- teriais; checar ritmo de gotejamento das drogas e funcionamento das bombas de infusão. B Lista de problemas relevantes C Análise sistemática buscando estabelecer conexões entre os problemas encontrados a partir de justificativas fisiopatológicas D Propor condutas diagnósticas e/ou terapêuticas com base na análise 3 Informações gerais UTI 3 Informações gerais UTI Avaliações obrigatórias diárias (check-list para visita multidisciplinar) Tendo em vista a diversidade de profissionais envolvidos no cuidado e a necessidade de garantir o con- trole de inúmeros detalhes que envolvem a assistência ao paciente grave, elaborou-se um check-list para auxiliar na condução da visita multidisciplinar diária. Referência bibliográfica 1. Vincent JL. Give your patient a fast hug (at least) once a day. Crit Care Med. 2005;33:1225-9. 2. Weiss CH, Moazed F, McEvoy CA, et al. Prompting Physicians to Address a Daily Checklist and Process of Care and Clinical Outcomes. A Single-Site Study. Am J Respir Crit Care Med. 2011;184:680-6. Visita multidisciplinar Check-list\dias Enfermagem Ausência de dor? Dormiu bem? Profilaxia de lesão de córnea? Profilaxia de úlcera gástrica? Profilaxia TVP: Heparina/Compressão? Realizando mudança de decúbito? Retirada sonda vesical de demora? Se não/dia. Retirado os cateteres? Se não/dia. Fisioterapia Realizou interrupção diária de sedação? Higiene oral Sonda enteral via oral? Cabeceira elevada 30-45º? Sentou fora do leito? Dias de TOT Profilaxia para pé equino? Pressão de Platô < 30 mmHg? Pressão do Cuff 25-34 cmH2O?Teste de Ventilação Espontânea nas últimas 24h? Nutrição Qual a % da GET alcançada Ritmo intestinal (diarreia/constipação/normal) Psicologia Família compreendeu o quadro nas últimas 24h? Possibilidade de visita estendida? Médico Glicemia < 180? Pode-se retirar o antibiótico? No de dias balanço hídrico Ausência de delirium? Metas de tratamento definidas? S: sim N: não NA = não se aplica CI = contraindicado D = diarreia C = contipação NL = normal M = modificado 4 Informações gerais UTI 4 Informações gerais UTI Checklist das avaliações obrigatórias diárias (mínimo de 2 vezes ao dia) DAtA HoRA Sedação Contínua Interrupção Adequada Sono normal Úlcera (profilaxia) Suspensão da cabeceira Períneo Normal Sonda vesical Troca para uropen Escara Profilaxia Tratamento Infecção do cateter Sinais flogísticos Possível retirar tVP (profilaxia) Alimentação Dieta E/P/Z Suficiente Tolerância Pressão de platô < 30 cmH2o Analgesia Adequada Retirar do leito Possível Tentando Antibiótico Adequado Suspensão oftalmoproteção Indicação Balonete Pressão adequada (< 25 mmHg) Extubação/desmame Possível Tentado Metabólico Distúrbio Corrigido Glicose – Controle Glicose – Correção S: sim N: não –: Não cabe E: enteral P: parenteral Z: zero Avaliações obrigatórias diárias (check-list para visita multidisciplinar) 5 Informações gerais UTI 5 Informações gerais UTI Índices prognósticos – APACHE II, SOFA, TISS-28 (contém CID-10 dos principais diagnósticos de admissão na UTI) 1. APACHE II (Acute Physiologic and Chronic Health Evaluation) Deve ser calculado nas primeiras 24 horas de internação. Faz estimativa da probabilidade de óbito, mas não é um índice para orientar tomada de decisão individual ou avaliação sequencial dos pacientes. É uti- lizado como indicador de qualidade a partir da relação entre a mortalidade prevista e a observada, além da comparação dos dados com o passado e com outras unidades. Também é usado para a comparação de pacientes em estudos clínicos. A. Pontuação para variáveis fisiológicas Variável +4 +3 +2 +1 0 +1 +2 +3 +4 Temp (oC) ≥ 41 39-40,9 38,5-38,9 36-38,4 34-35,9 32-33,9 30-31,9 ≤ 29,9 PAM (mmHg) ≥ 160 130-159 110-129 70-109 50-69 ≤ 49 FC (bpm) ≥ 180 140-179 110-139 70-109 55-69 40-54 ≤ 39 FR (rpm) ≥ 50 35-49 25-34 12-24 10-11 6-9 ≤ 5 Oxigenação a. FiO2 ≥ 0,5 - P(A-aO2) b. FiO2 < 0,5 - PaO2 ≥ 500 350-499 200-349 < 200 > 70 61-70 55-60 ≤ 55 pH arterial ≥ 7,7 7,6-7,69 7,5-7,59 7,33-7,49 7,25-7,32 7,15-7,24 ≤ 7,15 Na+ sérico (mEq/L) ≥ 180 160-179 155-159 150-154 130-149 120-129 111-119 ≤ 110 K+ sérico (mEq/L) ≥ 7 6-6,9 5,5-5,9 3,5-5,4 3-3,4 2,5-2,9 ≤ 2,5 Creatinina (pontos x 2 se IRA) ≥ 3,5 2-3,4 1,5-1,9 0,6-1,4 < 0,6 Hematócrito (%) ≥ 60 50-59,9 46-49,9 30-45,9 20-29,9 ≤ 20 Leucometria (mm3) ≥ 40 20-39,9 15-19,9 3-14,9 1-2,9 ≤ 1 Escala de Glasgow 15 – valor do Glasgow observado B. Pontuação para idade Pontos 0 2 3 5 6 Idade (anos) ≤ 44 45-54 55-64 65-74 ≥ 75 C. Pontuação para doença crônica Pontos Em qualquer dos casos abaixo: - 5 pontos para cirurgia de urgência ou internação clínica - 2 pontos para cirurgia eletiva a. Doença hepática crônica Cirrose comprovada por bx e hipertensão portal (HP) comprovada ou sangramento digestivo alto por HP ou história prévia de insuficiência, encefalopatia ou coma b. Doença cardiovascular Insuficiência cardíaca classe funcional IV da NYHA c. Doença respiratória Restritiva, obstrutiva ou vascular com restrição severa ao exercício (impossibilidade de realização de atividades domésticas); ou hipóxia crônica, hipercapnia, policitemia, hipertensão pulmonar (< 40 mmHg) ou dependência de suporte ventilatório d. Doença renal Programa de diálise crônica e. Imunocomprometimento Quimioterapia, radioterapia, uso de corticosteroide a longo tempo ou altas doses recentes, leucemia, linfoma, aids • APACHE II = pontuação tabela A + pontuação tabela B + pontuação tabela C. D. Chance percentual aproximada de óbito de acordo com o APACHE II calculado APACHE II 0-4 5-9 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 > 34 Clínico 4% 8% 15% 24% 40% 55% 73% 85% Cirúrgico 1% 3% 7% 12% 30% 35% 73% 88% • Para calcular a chance percentual de óbito de forma mais precisa, utilize a fórmula abaixo: RISCO DE ÓBITO (%) = In (R/1-R), onde R = -3,517 + (APACHE II x 0,146) + PD + 0,603 se PO de urgência. PD: peso de categoria diagnóstica: Tabela E. 6 Informações gerais UTI 6 Informações gerais UTI E. Categorias diagnósticas com PD e CID-10 correspondente Patologias não cirúrgicas Cardiovasculares PD CID Respiratórias PD CID Gastrintestinais PD CID - Choque cardiogênico -0,259 I57.0 - Infecção (pneumonia) 0,000 J18 - lnsuficiência hepática * k72 - Choque hemorrágico 0,493 I57.1 - Aspiração/intoxicação -0,142 J69/J68 - Perfuração/obstrução Gl * K65/K56 - Choque séptico 0,113 I57.8 - Neoplasia respiratória - Doença inflamatória intestinal * k51 - Sepse (qualquer origem) 0,113 A41.9 (incluir Iaringe e traqueia) 0,891 C39 - Pancreatite aguda * K85 - Parada cardíaca 0,393 I46.9 - Parada respiratória -0,168 J96.0 - HD por varizes 0,334 I85.0 - Aneurisma de aorta (torác./abd.) 0,731 I71 - Edema pulmonar não cardiogênico -0,251 J81 - HD por úlcera ou laceração 0,334 K28 - ICC -0,424 I50.0 - SDRA * J80 - HD por diverticulose 0,334 k57 - Insuficiência arterial periférica * I73 - DPOC: bronquite/enfisema -0,367 J42/J43 - Peritonite * K65 - Arritmia cardíaca -1,368 I49.9 - Embolia pulmonar -0,128 I26 - * Outras doenças GI 0,501 K92 - IAM -0,191 I21 - Asma -2,108 J45 trauma - Angina instável -0,191 I20.0 - * Outras doenças respiratórias -0,890 J98 - Trauma cranioencefálico - Hipertensão -1,798 I10 (com ou sem politrauma) -0,517 S06 - * Outras doenças cardiovasculares 0,470 I99 - Politraumatismo (sem TCE) -1,228 T07 Neurológicas PD CID Metabólicas PD CID Doenças renais PD CID - Hemorragia intracerebral 0,723 I61 - Coma metabólico -Insuficiência renal aguda * N17 - HSA 0,723 I60 hipoglicêmico * E15 -Insuficiência renal crônica * N18 - AVC 0,723 I63 mixedematoso * E03.5 -* Outras doenças renais -0,885 N28 - Meningite/abscesso do SNC * G00/G07 hiperosmolar * E10.0 Hematológicas 0,493 D68 - Tu neurológico * C71 - Cetoacidose diabética -1,507 E10.1 - Doença neuromuscular * G62.9 - Overdose por drogas -3,353 T50 - Convulsão -0,584 G41 - * Outras doenças metabólicas -0,885 E88 - * Outras doenças neurológicas -0,759 G99 Patologias cirúrgicas Cardiovasculares PD CID Respiratórias PD CID Neurológicas PD CID - Ruptura ou dissecção aórtica 0,731 I71 - Insuficiência respiratória -0,140 J96.0 - Hemorragia intracerebral -0,788 I61 - Doença vascular periférica -1,315 I73 - Cirurgia torácica por neoplasia -0,802 C39 - Hematoma epi/subdural -0,788 S06.4/ S06.5 - Doença cardiovascular crônica -1,376 I25.0 - Outras doenças respiratórias -0,610 J98 - HSA -0,788 I60 - Cirurgia valvular (mitral/aórtica) -1,261 I34/I35 Gastrintestinal - Cirurgia medular -0,699 G54 - Choque hemorrágico 0,682 - Ruptura ou perfuração Gl 0,060 K65 - Craniotomia por neoplasia -1,245 C71 - Cirurgia de aneurisma - Obstrução intestinal 0,060 K56.4 - Outras doenças neurológicas -1,150 G99 de aorta abdominal * I71.4 - Doença inflamatória intestinal * K51 Trauma - Endarterectomia de carótida * I65.2 - Sangramento Gl -0,617 k92.2 - TCE (com ou sem politrauma) -0,955 S06 - * Outras doenças cardiovasculares -0,797 I99 - Transplante hepático * K77 - Politraumatismo (sem TCE) -1,684 T07 - Neoplasia Gl -0,248 C26.0 Renal - Colecistite/colangite * - Neoplasia renal -1,204 C64 - * Outras doenças Gl -0,613 K92.9 - Transplante renal -1,042 N18 - Outras doenças renais -0,196 N28.9 * Substituir pelo PD genérico da categoria diagnóstica – “* Outras doenças...”. Índices prognósticos – APACHE II, SOFA, TISS-28 (contém CID-10 dos principais diagnósticos de admissão na UTI) 7 Informações gerais UTI 7 Informações gerais UTI 2. SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) Como processo dinâmico, a disfunção orgânica deve ser avaliada sequencialmente. O SOFAavalia o grau de disfunção de cada órgão de maneira isolada e deve ser coletado todos os dias. Permite avaliar a evolução favorável ou desfavorável do paciente individualmente. Pontos 0 1 2 3 4 PaO2/FiO2 > 400 ≤ 400 ≤ 300 ≤ 200 com suporte ventilatório ≤ 100 com suporte ventilatório Plaquetas (x 103/mm3) > 150 ≤ 150 ≤ 100 ≤ 50 ≤ 20 Bilirrubina <1,2 1,2 a 1,9 2,0 a 5,9 6,0 a 11,9 > 12 Cardiovascular PAM normal PAM < 70 Dopa ≤ 5 ou dobuta qualquer dose Dopa > 5 ou epi ≤ 0,1 ou nor ≤ 0,1 Dopa > 15 ou epi > 0,1 ou nor > 0,1 Escala de Glasgow 15 13 a 14 10 a 12 6 a 9 < 6 Creatinina ou diurese < 1,2 1,2 a 1,9 2,0 a 3,4 3,5 a 4,9 ou < 500 mL/dia > 5,0 ou < 200 mL/dia 3. TISS-28 (Therapeutic Intervention Scoring System) Ferramenta útil para dimensionar a utilização de recursos materiais e redistribuir recursos humanos. Quanto maior o grau de intervenções, maiores a gravidade do paciente e a necessidade de recursos humanos. Cada ponto TISS-28 equivale a 10,6 minutos de trabalho despendido por 1 técnico de enfermagem em turnos de 8 horas (por exemplo, em 8 horas, 1 técnico de enfermagem deveria assumir, no máximo, 45 pontos TISS-28). É necessário pontuar diariamente cada paciente. Índices prognósticos – APACHE II, SOFA, TISS-28 (contém CID-10 dos principais diagnósticos de admissão na UTI) 8 Informações gerais UTI 8 Informações gerais UTI Procedimentos Pontos Procedimentos Pontos Atividades básicas Suporte ventilatório 1. Monitoração-padrão. SV h/h, registro e cálculo regulares de balanço hídrico 5 16. VM invasiva ou não invasiva 5 2. Laboratório. Exames bioquímicos e microbiológicos 1 17. Suplementação de oxigênio. Respiração espontânea por tubo traqueal 2 3. Medicação única. IV, IM, SC, oral ou por sonda gástrica 2 18. Cuidados com tubo traqueal ou traqueostomia (como aspiração traqueal) 1 4. Medicação IV múltipla. Mais de uma, em bolus ou contínuas 3 19. Fisioterapia respiratória, nebulização, aspiração traqueal (sem TOT) 1 5. Prevenção de escaras ou curativos diários 1 Suporte renal 6. Troca frequente de curativos (uma vez por turno ou ferimento extenso) 1 20. Diálise (qualquer tipo) 3 7. Cuidados com drenos. Exceto sonda gástrica 3 21. Medida do débito urinário 2 Suporte cardiovascular 22. Diurese forçada (como furosemida > 0,5 mg/kg/dia por hipervolemia) 3 8. Droga vasoativa (única) 3 Suporte metabólico 9. Drogas vasoativas múltiplas (duas ou mais) 4 23. Tratamento de acidose/alcalose metabólica complicada 4 10. Infusão de grandes volumes IV (> 3 l/m2/dia) 4 24. Suporte nutricional parenteral 3 11. Cateter arterial periférico 5 25. Dieta enteral (cateter gástrico/ enteral ou jejunostomia) 2 12. Cateter de Swan-Ganz ou de PAE, com ou sem débito cardíaco 8 Intervenções específicas 13. Acesso venoso central 2 26. Intubação, marcapasso, cardioversão, endoscopia, cirurgia de emergência em 24 horas. Não incluir medidas rotineiras (Rx, curativo, CVC/CA) 3 14. Ressuscitação cardiopulmonar nas últimas 24 horas 3 Suporte neurológico 27. Mais de uma daquelas do item 26 5 15. Monitoração da pressão intracraniana 4 28. Intervenções fora da UTI. Diagnósticas ou terapêuticas 5 Referências bibliográficas 1. Knaus WA, Draper FA, Wagner DP, et al. APACHE II – A severity of disease classification system. Crit Care Med. 1985;13:818-29. 2. Vincent JL, Moreno R, Takala J, et al. The SOFA (Sepsis-related Organ Failure Assessment score described for organ dysfunction/failure). Intensive Care Med. 1996;22:707-10. 3. Miranda DR, Rijk AD, Schaufeli W. Simplified therapeutic intervention scoring system: the TISS-28 itens-results from a multicenter study. Crit Care Med. 1996;24:64-73. 4. Livianu J, Anção MS, Andrei AM, et al. Índices de gravidade em uTI: adulto e pediátrica. In: Knobel E. Condutas no paciente grave. 2. ed. São Paulo: Editora Atheneu; 1999. pp. 1333-62. TISS-28 (Therapeutic Intervention Scoring System) Índices prognósticos – APACHE II, SOFA, TISS-28 (contém CID-10 dos principais diagnósticos de admissão na UTI) 99 Neurológico 99 Neurológico Vigília Inatenção Confusão mental Delirium Estupor Estado mínimo de consciência Estado vegetativo Estado vegetativo persistente/permanente Coma Morte cerebral Coma Definição Ausência de respostas aos estímulos externos e inexistência do ciclo sono-vigília. O conteúdo da consciência (capacidade de atenção) está comprometido. Pode ser ocasionado por lesões anatômicas ou alterações funcionais nas estruturas relacionadas ao despertar e com a manutenção da vigília (tronco cerebral ou ambos os hemisférios cerebrais). Tabela 2. Avaliação clínica do coma2 Quadro neurológico Consciência Reflexos troncocerebrais Ciclo sono/vigília Função motora Drive ventilatório Morte cerebral − − − Nenhuma/reflexo medular – Coma − ± − Não voluntária ± Estado vegetativo – + + Não voluntária + Estado mínimo de consciência ± + + Varia de não voluntária a voluntária + Síndrome locked-in + + + Quadriplegia e paralisia pseudobulbar; movimentos oculares preservados + Mutismo acinético + + + Não voluntária + Legenda: - ausente; ± pode estar ausente ou presente; + presente. Tabela 1. Escala de Coma de Glasgow1 Resposta motora (M) Resposta verbal (V) Abertura ocular (O) Obedece a comandos 6 Orientado 5 Espontânea 4 Localiza dor 5 Confuso 4 Estímulos verbais 3 Retirada inespecífica 4 Inapropriada 3 À dor 2 Padrão flexor 3 Incompreensível 2 Ausente 1 Padrão extensor 2 Ausente 1 Ausente 1 Pontue a melhor resposta verbal e motora. Anote como: (M) 6; (V) 5; (0) 4 = 15 (melhor escore). Traqueotomia/intubação endotraqueal/trauma facial invalidam (V). Pacientes considerados em coma se (M) 4; (V) 2; (O) 2 ou menos. Espectro das variações no nível de consciência Au m en to d o ní ve l d e co ns ci ên ci a 1010 Neurológico 1010 NeurológicoComa COMA TCE grave ou Glasgow ≤ 8 • ABC • História clínica • Glasgow • Avaliação clínica do coma • Tiamina 100 mg, IV + • Glicose hipertônica a 50% 50 mL, IV Exame neurológio ANORMAL (meningismo ou sinal focal) + TAC de crânio NORMAL • Coma metabólico? • Na+, K+, Ca++, Mg++ • Glicemia • Gasometria arterial • Função hepática, renal • Hormônios tireoidianos Suspeita de intoxicação? • Exame toxicológico História de epilepsia? • Tratamento da causa do coma • Cabeceira elevada a 30º • Cabeça em posição neutra • Sedação • Considerar profilaxia de crises convulsivas • Medidas suportivas gerais Eletroencefalograma5 Se EEG não disponível: Profilaxia de crise convulsiva com Fenitoína 100 mg, IV, de 8/8 h PuNÇÃO LOMbAR Hemorrágico ou infecção Investigação inconclusiva e/ou história de epilepsia alteração Diagnóstico e tratamento3 Página 11 TAC de crânio ANORMAL * A hiperventilação profilática é contraindicada Exame neurológio NORMAL + TAC de crânio NORMAL Se tAC de crânio NoRMAL: RNM do encéfalo assim que possível Se RNM não disponível TAC de controle se déficit focal ou diminuição de 2 pontos no Glasgow ou crise convulsiva. • Controle da glicemia, eletrólitos • PaO2 ~ 100 mmHg • Normoventilar • Hiperventilar se sinais de herniação: PaCO2 27-30 mmHg* • Se ↑ da pressão intracraniana – monitoração da PIC e tratamento 1111 Neurológico 1111 Neurológico Referências bibliográficas 1. Teasdale G, Jennet b. Assessment of coma and impaired conciusness: a pratical scale. Lancet. 1974;13:81-4. 2. bateman DE. Neurological assessment of coma. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2001;71(suppl. I) i:13-7. 3. Ropper AH. Neurological and neurosurgical intensive care. 3. ed. New York: Raven Press, 1993. 4. bates D. The prognosis of medical coma. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2001;71(suppl. I) i:20-3. 5. Levy DE, Caronna JJ, Singer bH, et al. Predicting outcome from hypoxic ischemic coma. Jama. 1985;253:1420-6. Fator prognóstico Favorável Desfavorável • Etiologia • Metabólico • Estrutural • Glasgow • > 8 • < 8 • Duração (dias) • < 3 • > 3 • Reflexo troncocerebral • Presente• Ausente • Resposta motora • Retirada/localiza dor • Ausente/flexora/extensora • Potencial evocado (72h) • Presente • Ausente Prognóstico4,5 1212 Neurológico 1212 Neurológico TCE GRAVE Escala de Coma de Glasgow ≤ 8 Avaliação pelo ATLS Procedimentos diagnósticos ou terapêuticos necessários Intubação traqueal Pré-oxigenação + Fentanil 5 mL, IV + Midazolam (se PA OK) 5 a 15 mg, IV ± oU Etomidato 0,2 mg/kg, IV (se PA ) + Succinilcolina 1 mg/kg, IV Estabilização cardiovascular Objetivos: PAS > 100 mmHg *PAM > 80 mmHg (expansão volêmica com SF a 0,9% e, se necessário, vasopressores) Ventilação Objetivos: PaCO2 = 35-40 mmHg PaO2 > 60 mmHg SpO2 > 90% Sedação e analgesia “profundas” = Ramsay 6 bloqueador neuromuscular (bNM) se necessário Monitorar PIC PIC > 20 com PPC < 60 durando > 10 min? Indicações para monitoração da PIC: • Glasgow < 8 + CT Crânio anormal ou • Glasgow < 8 + CT Crânio normal e 2 dos abaixo: - Idade > 40 anos - PAS < 90 mmHg - Resposta motora anormal Atenção: Se uso de manitol, repor perda ocasionada pela diurese osmótica Tomografia de crânio • Manitol (se PA normal em normo/hipervolêmicos) ou • Salina hipertônica (se PA em normo/hipovolêmicos) Centro cirúrgico Lesão cirúrgica? Hidrocefalia? Lesão ocupando espaço? Manejo da HIC Página 12 Evitar ou tratar causas de lesão neurológica secundária Hipóxia Hipotensão Hipocapnia Hipercapnia Hipoglicemia Hiperglicemia Hiponatremia Hipomagnesemia Febre Anemia Convulsões Medidas gerais Manter sedação e analgesia Se necessário: bNM Cabeceira elevada (30º a 45º) Cabeça na posição neutra SpO2 > 90% PaCO2 35-40 mmHg (normoventilar) PAM > 80 mmHg PPC um pouco maior que 60 mmHg Normotermia Tratar AGRESSIVAMENTE hipertermia (Paracetamol + dipirona + antipirese física) Normoglicemia Controle de eletrólitos. Manter Sódio ~ 145 mEq/L Hipotensão e hipoxemia são preditores independentes de mortalidade! Dois episódios de hipotensão na fase aguda, durando poucos minutos, aumentam o risco relativo (RR) de morte, no TCE, em 8 vezes! Realizar profilaxia de convulsão pós-traumática precoce em pacientes de alto risco: - Glasgow < 10 ou - Contusão cortical ou - Fratura de crânio, com depressão óssea ou - Hematoma intracraniano ou - Ferida penetrante craniana ou - Convulsão nas primeiras 24h do trauma ou - Em uso de bNM Como fazer? Fenitoína Ataque: 20 mg/kg, IV; velocidade < 50 mg/min Manutenção: 100 mg, IV, 8/8h, durante 7 dias SIM *Cateter arterial NÃO Trauma cranioencefálico grave e monitorização da PIC 1313 Neurológico 1313 Neurológico Manejo da hipertensão intracraniana Manter PPC > 60 mmHg (PPC = PAM - PIC) Manter PIC < 20 mmHg É fundamental PAM ~ 80 mmHg! Não hesitar no uso de vasopressor! A hiperventilação, mesmo realizada agudamente, durante as primeiras 24 horas do TCE pode ser deletéria, pois nesse período é frequente a diminuição do fluxo sanguíneo cerebral. Considere monitorização multimodal: TAC + PIC + pTiO² + Doppler + SjO2 + EEG Identificar a causa (fisiopatologia): • Hidrocefalia? = tto cirúrgico ou drenagem liquórica • Lesão ocupando espaço: tto cirúrgico? Cuidado com lesões temporais! • Hiperemia (Doppler TC/SjO2/pTiO2) = hiperventilação otimizada - Edema? = manitol/SSH Podem estar associados com SjO2 (corrigir/tratar): • Anemia (manter Ht ~ 30%) • Hipoxemia • Hipertermia • Status não convulsivo PIC > 20 mmHg por mais que 10 min? Drenagem ventricular (se possível) PIC > 20 mmHg? SjO2 < 55% Cateterizar bulbo jugular SjO2 SjO2 > 75% Considerar terapia hiperosmolar: manitol ou solução salina hipertônica SjO2 entre 55% e 75% Doppler transcraniano para confirmar hiperemia Avaliar hiperventilação PIC > 20 mmHg? Centro cirúrgico Lesão cirúrgica? PAM: pressão arterial média; PAS: pressão arterial sistólica; PIC: pressão intracraniana; PPC: pressão de perfusão cerebral; SpO2: saturação arterial de oxigênio; SjO2: saturação de oxigênio no bulbo jugular. Referências bibliográficas 1. brain Trauma Foundation, American Association of Neurological Surgeons, Joint Section of Neurotrauma and Critical Care. Guidelines for the management of severe traumatic brain injury, 3rd ed. J Neurotrauma. 2007;24:S1-S106. 2. Ling GSF, Marshall SA. Management of traumatic brain injury in the intensive care unit. Neurol Clin. 2008;26:409-26. 3. Rangel-Castillo L, Gopinath S, Robertson CS. Management of intracranial hypertension.Neurol Clin. 2008;26:521-41. 4. Hutchinson PJ, Corteen E, Czosnyka M, et al. Decompressive craniectomy in traumatic brain injury: the randomized multicenter RESCuEicp study. Acta Neurochir. 2006;96(suppl.):17-20. Disponível em: www.RESCuEicp.com. 5. Polderman KH, Joe RTJ, Peerdeman SM, et al. Effects of therapeutic hypothermia on intracranial pressure and outcome in patients with severe head injury. Int Care Med. 2002;28:1563-73. 6. Chesnut RM. Management of brain and spine injuries. Crit Care Clin. 2004;20:25-55. 7. Cruz J. Hemometabolismo cerebral: modulações terapêuticas otimizadas. Neurointensivismo. São Paulo: Editora Atheneu; 2002. pp. 25-35. 8. http://www.neurotraumabrasil.org/website/images/stories/fluxograma-g.gif Acessado em 11/12/2009. 9. Cooper J, et al. Decompressive Craniectomy in Diffuse Traumatic brain Injury. N Engl J Med. 2011;364:1493-1502 10. Torre-Healy A, Marko N, Weil R. Hyperosmolar Therapy for Intracranial Hypertension Neurocrit Care. 2012;17:117-30. 11. Chesnut RM, Temkin N, Carney N, et al. A Trial of Intracranial-Pressure Monitoring in Traumatic brain Injury. N Engl J Med. 2012;367:2471-81. SIM NÃO Trauma cranioencefálico grave e monitorização da PIC Considerar terapias de segunda linha 1. Neuromonitorização com oximetria tissular (pTiO²) e microdiálise 2. Craniectomia descompressiva 3. Hipotermia moderada (32°C-34°C) 4. Solução salina hipertônica (manter Na sérico < 160 mEq/L): • NaCl a 20% 30 mL infundidos durante 15 min em veia central, repetir 6/6 h se necessário oU • NaCl a 3% 1 mL/kg/h 5. Monitorização com bIS ou EEG para realizar sedação “profunda”com Propofol ou Tiopental 1414 Neurológico 1414 Neurológico Cuidados de neurointensivismo Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) • Hemograma • Glicemia • Eletrólitos • Função renal • Coagulograma • ECG • Utilizar escala clínica de AVC do NIH (Tabela 4) Suspeita de AVC TC de crânio Normal ou área hipodensa do território vascular Mais de 4h30min do início dos sintomas ou não candidato à trombólise AAS 160 – 325 mg/dia Medidas de tratamento geral (Tabela 1) Menos de 4h30min do início dos sintomas ou candidato à trombólise IV (Tabela 3) r-TPA – (Actilyser) 0,9 mg/kg, IV (dose máxima de 90 mg), sendo 10% em bolus e o restante em infusão durante 1 hora (Tabela 2) Medidas de tratamento geral (Tabela 1) obs.: Em pacientes sem história recente de uso de anticoagulantes orais ou heparina, o tratamento com o rt-PA deve ser iniciado antes dos resultados das provas laboratoriais de coagulação. Parar sua infusão, se o TP estiver maior que 15 segundos ou o TTPa estiver elevado Tabela 2. Cuidados após trombolítico IV (nível IV) 1. Não utilizar antitrombóticos, antiagregantes e heparina nas próximas 24 horas pós-trombolítico 2. Não inserir cateter venoso central, arterial ou enteral nas primeiras 24 horas pós-trombólise Suspeita de sangramento no SNC 1. Descontinuar r-TPA 2. TC crânio + coagulograma + neurocirurgia Tratamento das complicações hemorrágicas • Crioprecipitado: 10 U, IV (manter fibrinogênio sérico > 100 mg%) • Plasma fresco congelado: 2 a 6U • Se TS > 9 min: plaquetas 10 U, IV • Manter hemoglobina > 10 mg% • Ipsilon: 5 g, IV, 30 – 60 min Tabela 3. Uso de trombolítico IV (nível I) Critérios de inclusão 1. AVCi de território vertebrobasilar ou circulação anterior 2. Início dos sintomas inferior a 4,5 horas. Se dúvida quanto ao Δt: contraindicado 3. À TAC de crânio: ausência de sinais de infarto recente “major”: edema, efeito de massa, sangramento 4. Acima de 18 anos deidade Critérios de exclusão 1. AVCi com pouca sintomatologia (< 4 pontos na escala NIH) 2. AVCi com rápida melhora neurológica 3. Uso de anticoagulantes orais ou RNI acima de 1,7 4. Uso de heparina nas últimas 48 horas 5. Plaquetas abaixo de 100.000/mm3 6. AVC ou TCE grave nos últimos 3 meses 7. Cirurgia de grande porte nos últimos 14 dias 8. PAS > 185 e PAD > 110 mmHg não controlável 9. Glicemia < 50 mg% ou > 400 mg% 10. Crise convulsiva no início dos sintomas 11. Sangramento gastrintestinal ou urinário nos últimos 21 dias 12. Infarto do miocárdio recente (controverso) Tabela 1. Recomendações gerais (nível IV) 1. Só reduzir PA se: PAS > 200 – 220 ou PAD > 120 2. Hipertenso prévio: manter PAS ~ 180 – 100 3. Sem HAS prévia: manter PAS ~ 160 – 180 4. Controle glicêmico 5. Evitar soluções glicosadas e/ ou soluções hipotônicas 6. Manter equilíbrio hidro- eletrolítico. Hemodiluição não é recomendada (nível I) 7. Não se recomendam drogas neuroprotetoras (nível I) Hemorragia, hematoma subdural, neoplasia: tratamento específico Em locais com serviço de neuroradiologia intervencionista com experiência, considerar tratamento endovascular em casos selecionados 1515 Neurológico 1515 Neurológico Tabela 4. NIH Stroke Scale 0= Normal 1= Paralisia parcial 2= Desvio do olhar conjugado ou paralisia total não modificada com manobra oculocefálica 0= Normal 1= Hemianopsia parcial 2= Hemianopsia completa 3= Hemianopsia bilateral (cegueira cortical ou cegueira por outra causa) 0= Normal 1= Leve (assimetria no sorrir, apagamento do sulco nasolabial) 2= Parcial (paralisia total ou quase total da porção inferior da face) 3= Completa (de um ou dois dos lados) 0= Sem queda a 45º (90º) por 10 segundos 1= Queda (não total) antes de completar 10 segundos 2= Queda (até a cama) antes de 10 segundos, com dificulda- de de vencer a gravidade 3= Discreto movimento, mas sem vencer a gravidade 4= Sem movimento 9= Amputação/fusão articular Explicação:................................................................................. 5a. MSE 5b. MSD 0= Sem queda a 30º por 5 segundos 1= Queda (não total) antes de completar 5 segundos 2= Queda (até a cama) antes de completar 5 segundos com dificuldade de vencer a gravidade 3= Discreto movimento, mas sem vencer a gravidade 4= Sem movimento 9= Amputação/fusão articular Explicação:................................................................................. 6a. MIE 6b. MSD 0= Ausente 1= Presente em um membro 2= Presente em dois membros 0= Normal 1= Leve a moderado déficit da sensibilidade do lado afetado, mas o paciente tem consciência de estar sendo tocado 2= Severo ou total déficit da sensibilidade (face/MS/MI) 1b. NC questões 1c. NC comandos 1a. Nível de consciência (NC) 0= Realiza dois comandos 1= Realiza um comando 2= Não realiza nenhum comando 2. Olhar conjugado 3. Campo visual 4. Paralisia facial 5. Resposta motora (MMSS) 6. Resposta motora (MMII) 7. Ataxia apendicular 8. Sensibilidade Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) 0= Responde a duas questões corretamente 1= Responde a uma questão corretamente 2= Não responde a nenhuma questão corretamente 0= Alerta 1= Não alerta, mas acorda aos pequenos estímulos, com resposta adequada 2= Não alerta, responde somente com estímulos repetidos ou estímulos vigorosos (dor), para realizar movimentos (não estereotipados) 3= Responde somente com reflexo motor ou autonômico, ou totalmente irresponsivo, flácido ou arreflexo 1616 Neurológico 1616 Neurológico 0= Normal 1= Afasia leve à moderada, perda da fluência ou facilidade da compreensão, sem significante limitação nas ideias expressas. Redução na fala ou compreensão 2= Afasia severa, toda a comunicação é por meio de expressões fragmentadas. Grande necessidade de inferir, adivinhar e questionar por parte do examinador 3= Mutismo, afasia global 9. Linguagem 0= Ausente 1= Leve à moderada (paciente pode ser compreendido com certa dificuldade) 2= Severa/mutismo/anartria 9= Entubado ou outra barreira à comunicação Especifique a barreira:............................................................... Infartos hemisféricos malignos de artéria cerebral média (ACM) São considerados aqueles infartos com efeito de massa importante e hipertensão intracraniana Critérios de elegibilidade para cirurgia descompressiva (hemicraniectomia) • 18-60 anos • NIHSS >15 • Diminuição do nível de consciência • Área de infarto > 50% do território de ACM ou > 145 cm3 na sequência de difusão por RM • Menos de 45 horas do ictus (cirurgia em < 48h) 10. Disartria 0= Normal 1= Visual, tátil, auditiva, espacial ou extinção aos estímulos simultâneos sensoriais em uma das modalidades sensoriais 2= Hemi-inatenção severa ou em mais de uma modalidade 11. Extinção/inatenção Tabela 4. NIH Stroke Scale Referências bibliográficas 1. Goldstein Lb. Acute ischemic stroke treatment in 2007. Circulation. 2007;116:1504-14. 2. Adams HP, Zoppo G, Alberts MJ. Guidelines for the early management of adults with ischemic stroke. Stroke. 2007;38:1655-711. 3. Mattle HP. Intravenous or intra-arterial thrombolysis? It’s time to find the right approach for the right patient. Stroke. 2007;38. 4. Schellinger PD, Thomalla G, Fiehler J. MRI-based and CT-based thrombolytic therapy in acute stroke within and beyond established time windows. Stroke. 2007;38:2640-5. 5. Grotta JC, Jacobs TP, Koroshtz WJ. Stroke Program Review Group An Interim Report. Stroke. 2008;39:1364-70. 6. Hacke W, Kaste M, bluhmki E. Thrombolysis with alteplase 3 to 4.5 hours after acute ischemic stroke- ECASSIII. N Engl J Med. 2008;359:1317-29. Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) 1717 Neurológico 1717 NeurológicoAcidente vascular cerebral hemorrágico (AVCh) tAC com sangramento intraparenquimatoso? Intubação se Glasgow < 8 Determinação do escore de AVCh (principal fator prognóstico) Monitoração clínica pelo Glasgow e NIHSS Acompanhamento com a neurocirurgia Tratar hipertensão SoMENtE caso PAS > 180 mmHg e/ou PAM > 130 mmHg. A meta é manter PAM entre 90 e 110 mmHg. Repouso absoluto • Analgesia fixa • Laxativos • Antitussígenos • Tratamento agressivo da hipertermia Hidantalização se hipertensão intracraniana ou hemorragia lobar Definição Ocorrência de sangramento intraparenquimatoso encefálico por ruptura vascular não traumática, podendo ocasionar lesão com efeito de massa e/ou expansão para o espaço subaracnoide/sistema ventricular. Indicações cirúrgicas (considerar cirurgia precoce: antes de herniação e nos casos de hidrocefalia) • Deterioração progressiva secundária a efeito de massa ou • Desvio de linha média e apagamento de cisternas perimesencefálica ou • Hidrocefalia aguda ou • Pacientes com hematoma cerebelar ≥ 4 cm e Glasgow < 13 *Cálculo do volume do hematoma Fórmula (AxbxC) ÷ 2 = volume do hematoma em mL, onde: • A (cm) = maior diâmetro do hematoma • B (cm) = diâmetro perpendicular a A • C = somar os pontos obtidos com cortes de 10 mm em que o principal eixo do hematoma tenha: • 75%-100% de A – pontuar cada corte com valor de 1,0 • 25%-75% de A – pontuar cada corte com o valor de 0,5 • < 25% de A – pontuar cada corte com 0,0 obs.: utilizar a escala de cm ao lado das imagens Manter alta suspeição de status epilepticus não convulsivo, principalmente se houver do nível de consciência Considerar monitorar PIC em pacientes sedados/em coma Escore de AVCh (Hemphill) Componente Pontos Glasgow 3-4 5-12 13-15 2 1 0 Volume do hematoma (cm3)* ≥ 30 < 30 1 0 Inundação ventricular Sim Não 1 0 Origem infratentorial Sim Não 1 0 Idade ≥ 80 < 80 1 0 Escore total 0-6 Causas mais comuns • Primárias (85%): HAS e angiopatia amiloide cerebral. • Secundárias (15%): MAV, aneurismas, coagulopatias/uso de anticoagulantes, tumores, uso de substâncias simpá- tico-miméticas (cocaína, anfetaminas etc.),transforma- ção hemorrágica do AVCi, trombose venosa cerebral. • Escore de AVCh (Hemphill) > 4 pontos, prognóstico é sombrio independentemente da terapêutica Indicador prognóstico baseado no escore de AVCh (Hemphill) Escore Mortalidade em 30 dias 0 0% 1 13% 2 26% 3 72% 4 97% 5 100% 1818 Neurológico 1818 Neurológico Referências bibliográficas 1. Hemphill JC, bonovich DC, besmertis L, et al. The ICH score: a simple, reliable grading scale for intracerebral hemorrhage. Stroke. 2001;32:891-7. 2. Lisk DR, Pasteur W, Rhoades H, Putnam RD, Grotta JC. Early presentation of hemispheric intracerebral hemorrhage: prediction of outcome and guidelines for treatment allocation. Neurology. 1994;44:133-9. 3. broderick JP, Jr Adams HP, barsan W, et al. Guidelines for the management of spontaneous intracerebral hemorrhage. Stroke. 1999;30:905-15;864-70. 4. Goldstein JN, Greenberg SM, Rosand S. Emergency management of intracerebral hemorrhage. Continuum. 2006;12:13-29. 5. Pontes-Neto OM, Oliveira-Filho J, Valiente R, et al. Diretrizes para o manejo de pacientes com hemorragia intraparenquimatosa cerebral espontânea. Arq Neuropsiquiatr. 2009;67(3-b):940-50. Acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCh) 1919 Neurológico 1919 NeurológicoHemorragia subaracnóidea (HSA) Hemorragia subaracnóidea (HSA) Deve-se considerar que qualquer cefaleia de início súbito, associada ou não a perda de consciência, náuseas ou vômitos, rigidez de nuca ou qualquer sinal neurológico focal, pode ser manifestação de HSA. Se houver suspeita clínica, realizar a tomografia de crânio (TAC) nas primeiras 24 horas. A TAC de crânio é anormal em 90% dos casos de hemorragia subaracnóidea. Se a TAC for negativa e a suspeita clínica for grande, deve-se realizar a punção lombar, tomando-se o cuidado de diferenciar uma punção traumática da verdadeira hemorragia subaracnóidea (prova dos três tubos; xantocromia). Causas de HSA Ruptura de aneurisma (80%) Trauma Trombose de seio dural MAV cerebral e espinhal Vasculite do SNC Dissecção arterial Coagulopatia Drogas (cocaína) Apoplexia pituitária Apresentação clínica % dos pacientes Cefaleia súbita intensa com náuseas e vômitos 60 Rigidez de nuca 75 Alteração do nível de consciência 50 Déficit neurológico focal 60 Crise convulsiva 25 Algoritmo para o diagnóstico de hemorragia subaracnóidea Apresentação clínica sugestiva HSA TAC crânio sem contraste HSA não identificada Angiografia digital ou angio-TC ou angio-RM Punção lombar Aneurisma encontrado Normal Clipagem ou embolização Repetir angiografia em 1-3 sem LCR alterado: xantocromia, sem alteração na conta- gem de hemácias do frasco 1 – 4 Angiografia cerebral ou angioRNM Normal Interromper investigação Aneurisma encontrado Normal LCR hemorrágico 2020 Neurológico 2020 NeurológicoHemorragia subaracnóidea (HSA) Pressão arterial Monitoração invasiva (cateter intra-arterial) Objetivo pressórico: PAS < 160 mmHg, PAD < 110 mmHg, PPC~60 mmHg, até clipagem/embolização do aneurisma. Medicamentos: Esmolol 50-100 mcg/kg/min IV ou metoprolol 1-5 mg/hora IV ou hidralazina 1,5 a 7,5 mg/hora I ou clonidina 0,03-0,12 mg/hora IV ou clevidipina 0,03-0,12 mg/hora IV. Se possível evitar nitroprussiato de sódio. Prevenção do ressangramento (Incidência de 4% nas primeiras 24 horas) O mais importante é o tratamento precoce do aneurisma (< 48 horas do ictus) com clipagem ou embolização. Opção: Ácido Epsilon Aminocaproico bolus 4 g IV, seguido de 1 g/hora por no máximo 72 horas, até 4 horas antes da antes da arteriografia. Controle da temperatura Objetivo: Temperatura central < 37ºC Controle glicêmico Objetivo: Glicemia entre 140 e 180 mg%. Vide pág 142 Profilaxia da TVP Heparina 5.000 UI SC 8/8 horas ou Enoxiparina 40 mg/dia. Iniciar 24 horas após tratamento cirúrgico/endovascular do aneurisma Hiponatremia Dois mecanismos (para diferenciação, caracterizar volemia): 1. Síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIADH): volemia normal ou aumentada 2. Síndrome perdedora de sal (SPS): volemia diminuída Tratamento - Expansão volêmica com NaCl a 1,5%. Trata a SPS e está acima da capacidade renal de excreção de Na+ - Fludrocortisona 0,2 mg, 2x/dia (opcional, para evitar grandes infusões de volume) Convulsão (Incidência: 10%) Não realizar profilaxia anticonvulsivante rotineiramente. Instituir monitoração eletroencefalográfica em pacientes com escala de Hunt e Hess 4 ou 5. Vasoespasmo Sintomático: 30% Apenas ao Doppler transcraniano (DTC): 60% a 70% Maior incidência: entre o 4o e o 12o dia da HSA Vasoespasmo. Profilaxia e diagnóstico. Nimodipina 60 mg, VO, 4/4 horas durante 21 dias. Sinvastatina 40-80 mg, VO, por 14 dias NÃO PERMITIR Hipomagnesemia É Controversa a infusão contínua de Sulfato de magnésio (16-48 g/dia) para manter o nível de magnésio entre 4 e 4,5 mg/dL Realização diária de DTC. Vasoespasmo clínico (défict neurológico). Tratamento. Posicionamento do paciente com cabeceira a 0º Infusão de 1.000 mL de SF em 15 minutos. Manter o “tanque cheio” Iniciar infusão de vasopressores (noradrenalina ou dopamina), com o objetivo de elevação da PA sistólica para 160-220 mmHg (ou 20 mmHg acima do nível atual), até resolução do déficit. Suspensão do seu uso se não houver resposta clinica em 2 a 3 horas. Alternativa: Angioplastia ou vasodilatador intrarterial Cuidados gerais em pacientes com HSA Escala clínica de Hunt e Hess Sintomas Grau Aneurisma assintomático 0 Cefaleia moderada ou assintomático 1 Cefaleia moderada à intensa, rigidez de nuca, com ou sem paralisia de nervo craniano 2 Confusão mental, letargia ou com sinais focais moderados 3 Estupor e/ou hemiplegia 4 Coma 5 Obs.: Adicionar 1 ponto em caso de patologia sistêmica associada, como hipertensão arterial ou diabetes mellitus. Escala tomográfica de Fisher Grau TAC 1 Sem sangramento visível na TAC 2 Sangramento difuso no espaço subaracnóideo < 1 mm de espessura; sem coágulos 3 Sangramento difuso no espaço subaracnóideo > 1 mm de espessura ou coágulos no espaço subaracnóideo 4 Sangramento intraventricular ou intraparenquimatoso 2121 Neurológico 2121 Neurológico Tratamento cirúrgico Embolização x Clipagem: a escolha dependerá da idade do paciente, da localização do aneurisma e da morfologia deste. Sempre que possível, realizar tratamento precoce: até o 3o dia. Evitar cirurgia do 4o ao 12o dia pelo risco aumentado de vasospasmo. A tendência atual é a embolização durante a angiografia diagnóstica. Hemorragia subaracnóidea (HSA) tratamento clínico da HSA Cuidados de rotina Se PA ↓Nimodipina 60 mg, VO, 4/4h usar SF, IV + reposição de eletrólitos Manter bH positivo Checar eletrólitos diariamente Controle neurológico 2/2h Doppler TC diário Modificar para nimodipina 30 mg, VO, 2/2h Ainda PA ↓ Interromper uso de nimodipina Hiponatremia? Fludrocortisona 0,2 mg, VO, 12/12h ou Modificar para NaCl a 1,5% Sem déficit neurológico e Doppler TC com VF < 120 cm/s Déficit neurológico novo global ou focal ou Doppler TC com VF > 200 cm/s TAC de crânio Sem isquemia Providenciar acesso venoso central. Iniciar vasopressor para manter PAM adequada até resolução do déficit Déficit mantido Instalar cateter de Swan-Ganz. Iniciar dobutamina para manter DC máximo ou até melhora do déficit Déficit melhorado Déficit mantido Manter vasopressores Angioplastia. +/- papaverina ou nimodipina intra-arterial Déficit ausente e Doppler TC com VF > 120 ou < 200 cm/s Se AVC DTC de 12/12 h Referências bibliográficas 1. Manno, EM. Subarachnoid hemorrhage. Neurol Clin N Am. 2004;(22):347-66. 2. Suarez JI, Tarr R W, Selman WR. Aneurysmal subarachnoid hemorrhage. N Engl J Med. 2006;354:4. 3. Wartenberg KE, Mayer SA. Medical complications after subarachnoid hemorrhage: new strategies for prevention and management. Curr opin Crit Care. 2006;12:78-84. 4. bederson Jb, Connolly Jr ES, batjer HH, et al. Guidelines for the management of aneurysmal subarachnoid hemorrhage: a statement for healthcareprofessionals from a special writing Group of the Stroke Council, American Heart Association. Stroke. 2009;40:994-1025. Disponível em: http://stroke.ahajournals.org/cgi/content/full/40/3/9945. 5. Wartenberg KE. Critical care of poor-grade subarachnoid hemorrhage. Curr opin Crit Care. 2011;17:85-93. 6. Diringer MN, bleck TP, Hemphill III JC, et al. Critical care management of patients following aneurysmal subarachnoid hemorrhage: Recommendations from the Neurocritical Care Society’s Multidisciplinary Consensus Conference. Neurocritic Care. 2011;15:211-40. Corrigir hipomagnesemia 2222 Neurológico 2222 NeurológicoDelirium em unidade de terapia intensiva Conceito Estado confusional agudo causado por uma dis- função mental global, com comprometimento da consciência, da percepção do ambiente e desa- tenção. Prevalente, potencialmente reversível e com significativa morbimortalidade. Diagnóstico Delirium não é uma doença, mas uma síndrome de múltiplas causas. Diferenciar de psicose, depressão, demência e trans- tornos conversivos. Pontos-chave: início súbito, curso flutuante, alteração do nível de consciên cia (hipo/hiperativo), ciclo sono/vigília alterado, origem multicausal. Utilizar critérios do DSM-III-R (Tabela 1) e CAM-ICU (Tabela 2). Recomenda-se realizar monitorização diária de todos os pacientes internados na UTI. Tabela 1. Critérios diagnósticos para delirium – DSM-III-R Tabela 2. Método de avaliação de confusão (CAM-ICU) Achado um Início agudo e curso flutuante do estado mental 1. Há evidência de mudança aguda no estado mental em comparação ao estado basal do paciente? 2. Este comportamento (anormal) flutua nas 24h? 3. A escala de sedação ou a Escala de Coma de Glasgow variaram muito nas últimas 24h? Achado dois Inatenção 1. O paciente tem dificuldade em focar a atenção? 2. A capacidade de manter a atenção está reduzida? 3. Como está o escore no Exame de Atenção? O paciente tem habilidade em prestar atenção em dez gravuras? Achado três Pensamento desorganizado 1. Paciente extubado: conversação lógica? 2. No ventilador, pode responder às seguintes quatro questões: a) Uma pedra irá flutuar na água? b) Existem peixes no mar? c) 1 kg pesa mais que 2 kg? d) Você pode usar um martelo para bater um prego? 3. O paciente pode obedecer às seguintes questões e comandos: a) Você tem algum pensamento confuso? b) Apresentar dois dedos do examinador na frente do paciente e solicitar que ele repita a ação. Achado quatro Alteração do nível de consciência De modo geral, em qual estado está o nível de consciência? Alerta (normal), hiperalerta (vigilante, ligado), letárgico ou em coma? Para o diagnóstico, é necessária a presença de: Achado 1 + Achado 2 + Achado 3 ou 4. Para o diagnóstico, é necessária a presença dos critérios A + b + C + D + E. A Redução da capacidade de manter atenção aos estímulos externos B Pensamento desorganizado, confabulatório, irrelevante. Pronúncia incoerente C No mínimo, dois dos critérios que se seguem 1. Redução do nível de consciência 2. Percepção alterada: delusões, alucinações 3. Ciclo sono/vigília alterado com insônia ou sonolência diurna 4. Hipo ou hiperatividade motora 5. Desorientação tempo-espaço ou pessoa 6. Prejuízo da memória D Início abrupto, curso flutuante E Um dos critérios abaixo 1. Evidência pela história, exame físico ou laboratorial de fator etiológico específico 2. Excluir causa mental não orgânica 2323 Neurológico 2323 Neurológico Tabela 4. Medicamentos associados a delirium Abordagem inicial 1. História clínica: a. Procurar abstinência alcoólica, geralmente precedida por convulsão. Delirium de padrão hiperativo com descarga simpática. b. Descartar quadro infeccioso. 2. Verificar o estado cognitivo basal com o cuidador. 3. Exame físico: Normalmente não há déficits focais. Utilizar o CAM com o cuidador do paciente ou enfermagem (Tabela 2). 4. Suspender todos os medicamentos psicoativos. 5. Causas menos comuns: hipotireoidismo, hipertireoidismo, encefalite, estado de mal-epiléptico. Investigação básica 1. Exames primários: a. Hemograma, gasometria, creatinina, ureia, glicemia, Na+, K+, Ca++, Mg++, PO- 4 urinálise. b. Hemocultura, urocultura. c. ECG, radiografia de tórax. 2. Exames secundários: a. TSH, T4 livre, enzimas cardíacas, vitamina B12 e ácido fólico, TAP, AST, ALT, VDRL, anti-HIV. b. Liquor. c. Drogas (lítio, antidepressivo, BZD, anticonvulsivos, corticosteroide). d. EEG, TAC ou RNM de crânio. Delirium em unidade de terapia intensiva • Benzodiazepínicos • Opioides • Anticolinérgicos • Biperideno • Anti-histamínicos • Inibidor de bomba de prótons • Digitálicos, betabloqueadores, diuréticos, bloqueadores do canal de Ca++ • Antiarrítmicos • Antieméticos • Antiespasmódicos (beladona, difenoxilato) • Corticosteroides • Anti-inflamatórios • Antidepressivos • Anticonvulsivantes • Antiparkinsonianos • Quimioterápicos • Clorpropamida, glibenclamida • Antibióticos (penicilina, ciprofloxacina gentamicina, cefalosporinas, sulfonamida) Tabela 3. Fatores de risco para delirium • Idade maior do que 65 anos, muito comum acima de 80 • Alteração de temperatura (infecções urinária e respiratória) • Medicamentos: especialmente opioides, benzodiazepínicos e anticolinérgicos • História de quedas • Lesão neurológica prévia • Dor não reconhecida • Comorbidades clínicas (ICC, DPOC, fratura de fêmur etc.) • Depleção de volume, alterações metabólicas/eletrolíticas • Necessidade de vasopressores • Acidose metabólica 2424 Neurológico 2424 NeurológicoDelirium em unidade de terapia intensiva Referências bibliográficas 1. Inouye SK, bogardus ST, Charpentier PA, et al. A multicomponent intervention to prevent delirium in hospitalized elderly patients. N Engl J Med. 1999;340:669. 2. McNicoll L. Delirium in intensive care unit: occurrence and clinical course in older patients. J Med Geriatr Soc. 2003;51(5):591-8. 3. Taylor D, Lewis S. Delirium. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1993;56:742-51. 4. Thomason JW, Ely EW. Delirium in the intensive care unit is bad: what is the confusion? Crit Care Med. 2004;32:2352-4. 5. Pandhanpande P, Jackson J, Ely EW. Delirium: acute cognitive dysfunction in the critically ill. Curr opin Crit Care. 2005;11:360-8. 6. Higa EMS, Atallah NA. Delirium no idoso. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar Unifesp/EPM – Medicina de urgência. São Paulo: Editora Manole; 2005. p.129-34. 7. Alagiakrishnan K, blanchette P. Delirium. Disponível em http://www.emedicine.com/med/topic3006.htm. Acesso em: em 16/10/2008. 8. Cavallazzi R, Saad M, Marik PE. Delirium in the ICu: an overview. Annals of Intensive Care. 2012;2:49. 9. barr J, Frase GL, Puntillo K, et al. Clinical Practice Guidelines for the Management of Pain, Agitation, and Delirium in Adult Patients in the Intensive Care unit. Crit Care Med. 2013;41:263-306. Prevenção e tratamento não medicamentoso 1. Tratar a doença de base. 2. Normalizar o ciclo sono-vigília. a. Controle de iluminação, ruídos, temperatura 3. Iluminação a. Exposição à luz natural durante o dia b. Evitar exposição à luz artificial durante a noite. 4. Ruídos a. Diminuir ruídos ambientais b. Estimular o uso de protetor auricular à noite. 5. Controlar a temperatura do ambiente 6. Mobilização precoce Tratamento medicamentoso Utilizar fármacos antipsicóticos de modo apropriado: 1. Doses iniciais mais elevadas podem ser necessárias especialmente se houver agitação psicomotora. 2. Utilizar doses menores em pacientes idosos. 3. Reduzir as doses assim que os sintomas estiverem controlados. 4. Não há evidência de que o haloperidol diminua a duração do delirium 5. Neurolépticos podem resultar em sintomas extrapiramidais, síndrome neuroléptica maligna e discinesia. 6. Considere neurolépticos não convencionais em pacientes com sintomas extrapiramidais. 7. Tornar o ambiente “familiar” a. Fotos, objetos pessoais, música, TV, leitura, companhiade familiares, óculos, aparelhos auditivos. 8. Otimizar a comunicação a. Orientar quanto a equipamentos, procedimentos, data e hora, local, motivo da intenação, horário de visitas 9. Limitar exposição a sedativos a. Evitar prescrição desnecessária b. Associar fisioterapia e/ou terapia ocupacional durante a interrupção diária da sedação 10. O uso profilático de antipsicóticos não é recomendada. Intervenções ativas para prevenção do delirium podem reduzir o risco do seu desenvolvimento em até 40%. 7. Haloperidol 3 a 5 mg, IV, de ½ em ½ hora até sedação leve (acordado, porém controlável). Em casos mais graves e/ou uso prévio de neurolépticos, utilizar 10 mg, IV, em bolus, manter 5 mg/h, IV, contínuo até 60 mg/dia. Manutenção de 4/4 h a 8/8 h. Lembrar que o pico plasmático ocorre após 4h; em pacientes muito idosos, usar metade da dose. 8. Alfa-2 agonistas (clonidina e dexmedetomidina são opções terapêuticas para o controle do delirium com agitação. 9. Neurolépticos não convencionais: • Risperidona 1 a 4 mg/dia, VO, em 1 a 2 tomadas. • Olanzapina 2,5 a 10 mg/dia em 1 a 2 tomadas. 2525 Neurológico 2525 NeurológicoFraqueza muscular no paciente grave Definição Síndrome clínica multifatorial que cursa com diminuição generalizada da força muscular no paciente grave, causando dificuldade para retirada da ventilação mecânica, momento no qual se suspeita deste diagnóstico. Etiologia - Pode ser devida a doenças preexistentes, a doenças sem diagnóstico prévio e com início recente ou relacionada à doença grave per si. (ver Tabela 1). - As causas mais comuns são a Polineuropatia do doente grave (PDG) e Miopatia do doente grave (MDG) – associação entre estas duas patologias é usual. Prevalência e incidência A PDG/MDG tem alta prevalência – ocorre em até 70% dos pacientes com sepse. Outras causas são raras. Quadro clínico Dificuldade para retirada da ventilação mecânica; Fraqueza muscular generalizada (musculatura cervical, dos membros e diafragma); A PDG/MDG caracteristicamente preserva musculatura da mímica facial; Hipo/arreflexia Tabela 1. Causas de fraqueza muscular na UTI em relação à cronologia e topografia Cronologia Preexistente à internação na UTI Sem diagnóstico prévio ou início recente durante internação na UTI Relacionado à doença grave Medula espinhal Trauma Infarto Mielite transversa Isquemia aguda Abscesso epidural Mielite transversa aguda Não descrito Célula do corno anterior Esclerose lateral amiotrófica Esclerose lateral amiotrófica Síndrome de Hopkins Nervo periférico Síndrome de Guillain-Barré Polineuropatia inflamatória desmielinizante crônica Síndrome de Guillain-Barré Vasculite Tóxica Compressão Porfiria Polineuropatia do doente grave Junção neuromuscular Miastenia gravis Síndrome de Lambert-Eaton Botulismo Miastenia gravis Miastenia gravis atípica (anti-MuSK) Tóxica Bloqueio neuromuscular prolongado Músculo Distrofia muscular Polimiosite Paralisia periódica Metabólica/congênita Mitocondrial Rabdomiólise Miopatias tóxicas Polimiosite Distrofia miotônica Deficiência de maltase ácida de início adulto Piomiosite Hipopotassemia Hipofosfatemia Miopatia do doente grave Topografia 2626 Neurológico 2626 Neurológico Fatores de risco para PDG/MDG • SIRS; • Sepse; • Hiperglicemia; • Internação prolongada; • Ventilação mecânica; • Uso de drogas vasoativas; • Uso de corticoides; • Nutrição parenteral; • Tratamento dialítico Sinais de localização da lesão neurológica Quando presentes, geralmente , indicam outras patologias distintas da PDG/MDG: Encéfalo: sinais neurológicos assimétricos, acometimento de pares cranianos, encefalopatia Medula espinal: presença de nível sensitivo Nervo periférico: mono-paresia, mono-parestesia, mono-hipo/arreflexia Tabela 2. Medicamentos relacionados com fraqueza muscular na UTI Local da ação Medicamentos relacionados Nervo periférico Quimioterápicos, Amiodarona e Metronidazol Junção neuromuscular Bloqueadores neuromusculares não despolarizantes, aminoglicosídeos, clindamicina, polimixina B, beta-bloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, procainamida e fenitoína Músculo Corticoide, penicilina, estatinas, zidovudina, colchicina, amiodarona, procainamida Fraqueza muscular no paciente grave Exames complementares A dosagem de enzimas musculares é de pouca utilidade (aumento transitório): SEMPRE realizar ressonância magnética de neuro-eixo (encefálica e medula espinhal) quando houver sinais de localização. Análise do líquido cefalorraquidiano quando achados do exame neurológico sugerirem mielopatia: A eletroneuromiografia (ENMG) pode mostrar sinais de comprometimento neuropático a partir do 3o dia (redução da amplitude dos ponteciais de ação motores e/ou sensitivos). Biópsia muscular é padrão ouro para diagnóstico de miopatia do doente grave: 2727 Neurológico 2727 Neurológico Prognóstico A PDG/MDG está associada com aumento do tempo de internação e da morbimortalidade nos pacien- tes graves. A recuperação é esperada em semanas para casos leves e em meses para casos graves. Recuperação completa pode ocorrer em 50% dos pacientes. Tratamento A PDG/MDG não tem tratamento específico. EVITAR fatores e medicamentos implicados. Fundamental tentar prevenir sequelas através de fisioterapia motora precoce. Fraqueza muscular no paciente grave Tratamento Neurológico Avaliações frequentes são necessárias para documentar status ou novos eventos Vascular Prevenção de TVP Dermatológico Prevenção de úlceras de pressão Reabilitação Fisioterapia motora precoce, fonoterapia e terapia ocupacional Referências bibliográficas 1. Hermans G, bernard DJ, bruyninckx F, Van den berghe G. Clinical review: Critical illness polyneuropathy and myopathy. Critical Care. 2008;12(6):238-47. 2. Latronico N, Rasulo FA. Presentation and management of ICu myopathy and neuropathy. Curr opin Crit Care. 2010;16:123-1273 3. Hermans G, De Jonghe b, bruyninckx F, Van den berghe G. Interventions for preventing critical illness polyneuropathy and critical illness myopathy. Cochrane Database Sys Rev. 2009;21:1-2. 4. Stevens RD, Dowdy DW, Michaels RK, Mendez-Tellez PA, Pronovost PJ, Needham DM. Neuromuscular dysfunction acquired in critical illness: a systematic review. Intensive Care Med. 2007;33(11):1876-91. 5. Hermans G, Schrooten M, vanDamme P, berends N, bouckaert b, De Vooght W, et al. benefits of intensive insulin therapy on neuromuscular complications in routine daily critical care practice: a retrospective study. Critical Care. 2009;13(1)R5. 6. Latronico N, bolton CF. Critical illness polyneuropathy and myopathy: a major cause of muscle weakness and paralysis. Lancet Neurol. 2011;10(10): 931-41. Fraqueza generalizada na uTI Exames laboratoriais mínimos: CK, VHS, Na, K, Ca, Mg, gasometria arterial Se hiperreflexia/nível sensitivo – RM encefálica/medula espinal RM anormal – Tratar doença conforme achado Padrão neuro/miopático Doença do corno anterior TER anormal – doença da placa motora Padrão miopático RM normal EMG Padrão neuropático Padrão desmielinizante Padrão axonal biópsia de músculo e nervo biópsia de músculo e nervo biópsia de músculo Sim 2828 Neurológico 2828 NeurológicoEstado de mal epiléptico Definição Cinco minutos ou mais de: (1) Atividade epiléptica contínua, clinica ou eletroencefalográfica; OU (2) Atividade epiléptica recorrente sem retorno ao estado neurológico basal entre as crises. Convulsão > 5 minutos (EME) 1. Proteger vias aéreas 2. Acesso venoso/exames 3. Lorazepam 0,1 mg/kg, IV – 1a opção (2 a 4 mg em bolus) ou Diazepam 0,15-0,5 mg/kg, IV – 2a opção (10 mg em bolus) Crise não cessou em 10’ Crise não cessou ou a origem não é rapidamente controlável Repetir lorazepam ou diazepam Fosfenitoína 20 mg/kg, IV – 1a opção ou Fenitoína 20 mg/kg, IV (15 mg/kg em idosos) – 2a opção Diluir em SF a 0,9% 250 mL (infusão ≤ 50 mg/min ou 1.500 mg/30’) ou Fenobarbital ou valproato de sódio 20 mg/kg, IV – 3a opção Crise cessou?Intube! (não utilizar succimilcolina) NÃO (EME refratário) Infusão contínua • Propofol 3-5 mg/kg + infusão de 30-100 µg/kg/min ou • Midazolam 0,2 mg/kg + infusão de 0,1 a 2 mg/kg/h ou • Fenobarbital 5 mg/kg (repetir SN) Infusão de 0,5 a 5 mg/kg/h (apenas 5% respondem ao fenobarbital) - TOT pode não ser necessário! - Prevenir aspiração - Sem condições de acesso venoso: Midazolam 15 mg, IM Hemoglicoteste – se não for disponível: • Tiamina 100 mg, IM • Glicose a 50% 50 mL, IV Considere intubação Sim Sim Não Coma? – 48% tem nova crise – 14% EME não convulsivo EEG contínuo Observe Nova crise EME altamente refratário Após cessar a crise: Manter a infusão por 24 horas ↓ 50% da dose em 12h ↓ restante nas 12h seguintes Nova crise Nova crise Após reciclar EME não convulsivo EEG: em pacientes comatosos e em pacientes pós-EME • 20% a 25% dos casos de EME são não convulsivos • Presente em 8% dos casos de coma • Persiste em 14% após crise generalizada • Associado a altas morbidade (39%) e mortalidade (18%) Referências bibliográficas 1. Lowenstein bH, Alldredge bK. Status epilepticus. N Eng J Med. 1998;338:970-6. 2. Marik PE, Varon J. The management of status epilepticus. Chest. 2004;126:582-91. 3. Meierkord H, boon P, Engelsen b, et al. EFNS guideline on the management of status epilepticus. Eur J Neurology. 2006;13:445-50. 4. Kinirons P, Doherty CP. Status epilepticus: a modern approach to management. European Journal of Emergency Medicine. 2008;15:187-95. 5. Vespa P. Neurocritical Care Society Status Epilepticus Guideline Writing Committee Guidelines for the Evaluation and Management of Status Epilepticus Neurocrit Care. 2012;17:3-23. outras opções: Lidocaína: • Ataque: 1 a 2 mg/kg em bolus • Infusão contínua: 1,5 a 3 mg/kg/h Ketamina: • Ataque: 2 mg/kg em bolus História clínica e exame físico Interrupção da medicação é o dado mais frequente na história clínica O tipo de crise mais comum é a generalizada tônico-clônica Atentar para a possibilidade de pseudocrise Exames laboratoriais a. Hemoglicoteste, glicemia, Na+, K+, Ca++, Mg++, ureia, creatinina, gasometria arterial, hemograma, CPK b. Atentar para rabdomiólise: ou CPK↑: hidratação vigorosa c. Exame toxicológico e nível sérico da medicação anticonvulsivante em uso d. Punção lombar se suspeitar de meningite Exames específicos a. TAC de crânio em especial nos casos sem etiologia ou de difícil controle b. Ressonância magnética fornece mais detalhes c. O EEG está indicado nos casos refratários. Importante no diagnóstico de pseudoeventos e para avaliar o término das crises Tiopental sódico: • Ataque: 3 a 4 mg/kg • Infusão contínua: 0,2 mg/kg/min (em salina) • ↑ infusão em 0,1 mg/kg/min de 5/5’ até controle Recicle Objetivar a supressão da crise ao EEG 2929 Neurológico 2929 Neurológico DATA HORA ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DA MORTE ENCEFÁLICA “O gerenciamento do roteiro é responsabilidade do enfermeiro da unidade” 1. Os quatro itens abaixo foram assinalados? MÉDICo/ENFERMEIRo ( ) Escala de Coma de Glasgow = 3 ( ) Ausência de reflexo pupilar ( ) Ausência do reflexo de tosse ao movimentar o tubo traqueal ( ) Temperatura deve ser > 32 ºC para realizar o diagnóstico de ME. Atingir temperatura > 35 ºC (cobertores, aquecimento do ar ambiente, do ar inspirado e dos fluidos infundidos) para evitar instabilidade hemodinâmica e facilitar a obtenção de CO2 > 55 mm Hg no teste de apnéia. 2. Se resposta SIM para a questão 1: SUSPEItAR DE MoRtE ENCEFÁLICA ( ) Contatar enfermeiro e/ou médico da CIHDOTT que gerenciará o processo SUSPENDER sedativos, discuta o tempo de suspensão com a CNCDO do seu estado “Para dúvidas ou situações especiais, discuta o caso com a CNCDO/do seu Estado” 3. 1o Exame Neurológico – INtENSIVIStA Coma aperceptivo (Glasgow = 3) ( ) SIM ( ) NÃO Pupilas fixas e arreativas ( ) SIM ( ) NÃO Ausência de reflexo corneopalpebral ( ) SIM ( ) NÃO Ausência de reflexo oculoencefálico ( ) SIM ( ) NÃO Ausência de reflexo de tosse ( ) SIM ( ) NÃO Ausência de resposta à prova calórica ( ) SIM ( ) NÃO Apneia ( ) SIM ( ) NÃO *teste de Apneia: “Havendo qualquer movimento ventilatório o teste deve ser interrompido” ( ) Ventilação mecânica controlada com FiO2 = 100% por 10 minutos. ( ) Realizar gasometria arterial após este período (basal). ( ) Desconectar o ventilador, administrar O2 a 6 l/min por cateter inserido no TOT em 10 min. e coletar nova gasometria. ( ) uma alternativa à desconexão: colocar o ventilador mecânico em modo espontâneo, mantendo CPAP entre 5 e 8 cm H2O e a FiO2 = 100% durante 10 minutos. ATENÇÃO: há ventiladores que dispõe de dispositivo de “ventilação de reserva” ativado automaticamente durante a apneia, o que impossibilita o uso desta estratégia. ( ) O teste é considerado positivo se PaCO2 ≥ 55 mmHg na segunda gasometria. ( ) Evoluir em prontuário a abertura do protocolo e o resultado do 1o exame neurológico. Nesta evolução deve constar: Diabetes: ( ) no paciente; ( ) nos pais. ( ) DPOC; ( ) HAS; História de neoplasia: ( ) no paciente, qual:____________ ( ) parente de 1o grau, qual:___________ ( ) Etilismo, volume/dia____; ( ) Tabagismo, quantidade/dia____ ( ) Drogas, Qual(is):____________ Diagnóstico e manutenção de órgãos no potencial doador falecido Roteiro 1 A manutenção clínica do doador falecido é fundamental para diminuir a desproporção entre a grande demanda e a baixa realização de transplantes. O intensivista tem importância central na aplicação das medidas para manutenção do potencial doador falecido. Estratégias agressivas orientadas pelo geren- ciamento cuidadoso do processo de avaliação e manutenção do potencial doador falecido de múltiplos órgãos resulta em aumento significativo da efetivação de doação de órgãos1,2,3,4. Os dois roteiros a seguir, de avaliação e de manutenção, devem ser conduzidos paralelamente de forma a organizar a condução de aspectos burocráticos, logísticos e técnicos do processo. 3030 Neurológico 3030 Neurológico 4. Preencher a documentação obrigatória – ENFERMEIRo DA UNIDADE ( ) “Notificação de abertura de protocolo de paciente em possível morte encefálica” ( ) Cabeçalho do “ Termo de declaração de morte encefálica” ( ) Solicitar e agendar exames de 6/6 horas: hemoglobina, plaquetas, TAP, gasometria arterial, glicemia, Na+, K+, Ca++, Mg++, PO4 - ( ) Solicitar e agendar exames de 24/24 horas: ureia, creatinina, CKMb + troponina, AST + ALT + FA + bilirrubinas, Rx tórax ( ) Solicitar uma vez: hemocultura 2 amostras, urinálise, urocultura, tipagem sanguínea, amilase, sorologias (consultar CNCDO/Estado sobre sorologias) ( ) Agendar e realizar, o mais breve possível, o exame gráfico confirmatório de morte encefálica ( ) Doppler transcraniano ou ( ) Arteriografia cerebral ou ( ) Cintilografia cerebral* ou ( ) EEG* *Exames preferenciais se craniectomia descompressiva ou dúvida sobre suspensão do sedativo HORA DATA 5. Preencher a documentação obrigatória e iniciar protocolo de manutenção do doador falecido – INtENSIVIStA ( ) Iniciar medidas de manutenção do potencial doador (roteiro de manutenção) ( ) Iniciar preenchimento do TERMO DE DECLARAÇÃO DE MORTE ENCEFáLICA 6. 1a Conferência familiar – INtENSIVIStA “Idealmente a conferência deve ser acompanhada por um membro da CIHDOTT” ( ) Acomodar os familiares do paciente (sentados) em sala privativa ( ) Conversar com familiares sobre a PoSSIBILIDADE de morte encefálica (não comentar sobre doação). Esclarecer dúvidas, flexibilizar visitas e, oportunizar à família, a possibilidade de indicar um profissional de sua confiança para acompanhar o diagnóstico ( ) Explicar que novos testes serão feitos para confirmar a PoSSÍVEL morte encefálica. 7. Comunicar e enviar documentos p/ CNCDo/Estado – ENFERMEIRo DA UNIDADE ( ) Telefonar para CNCDO do seu Estado – 0800-XXX XXXX, e comunicar abertura do protocolo Enviar via FAX para CNCDO/Estado: Fax– (xx) xxxx-xxxx ( ) Notificação de abertura de protocolo de paciente em possível morte encefálica ( ) Declaração de morte encefálica com 1o teste preenchido, assinado e carimbado pelo médico ( ) Evolução clínica da admissão hospitalar do paciente ( ) Evolução clínica da abertura do protocolo de morte encefálica ( ) Tipagem sanguínea ( ) Laudo das gasometrias do primeiro teste – assinado pelo bioquímico ( ) Laudo radiografia de tórax e tomografia de crânio – assinados pelo radiologista ( ) Laudo do eletrocardiograma – assinado pelo cardiologista ( ) Laudo de bioquímica do 1o dia de internação e após a abertura do protocolo – assinados pelo bioquímico 8. Embalagem e transporte de amostra sanguínea – ENFERMEIRo DA UNIDADE ( ) Coletar: 10-12 mL de sangue em tubo seco/com gel (2 tubos com 6 mL cada) 5 mL de sangue em frasco de EDTA ( ) Identificar os tubos com “Etiqueta de Identificação de Tubos de Amostra de Sangue”: nome completo, nome da mãe, data de nascimento, data da coleta ( ) Acondicionar as amostras em caixa térmica, fixar os tubos com fita adesiva em uma das faces internas da caixa. Separar os tubos do gelo ou gelopack® com papelão para evitar o contato direto ( ) Lacrar a caixa com fita adesiva ( ) Identificar a caixa térmica com impresso de “Identificação de Caixa de Transporte de Material biológico” 9. transporte – MotoRIStA DA AMBULÂNCIA oU MotoBoY ( ) Descreva orientações conforme a realidade local. O motorista responsável deve ser orientado quanto à conduta em caso de “acidente com material biológico” Diagnóstico e manutenção de órgãos no potencial doador falecido 3131 Neurológico 3131 Neurológico 10. RESPEItAR intervalo de tempo para realizar o 2o exame conforme idade do paciente IDADE Do PACIENtE INtERRoMPER SEDAÇÃo PoR: ( ) 7 dias a 2 meses incompletos pelo menos 48 horas (+ 2 EEG) ( ) 2 meses a 1 ano incompletos pelo menos 24 horas (+ 2 EEG) ( ) 1 ano a 2 anos incompletos pelo menos 12 horas (+ 2 EEG) ( ) Acima de 2 anos pelo menos 6 horas 11. 2o Exame Neurológico 12. Diagnóstico da Morte Encefálica (os 2 itens a seguir devem ser cumpridos) ( ) Dois exames clínicos assinados (1 deles assinado por neurologista) ( ) Laudo do exame gráfico DATA HORA 13. 2a Conferência familiar – INtENSIVIStA ( ) Acomodar os familiares do paciente (sentados) em sala privativa ( ) Conversar com familiares sobre a CONFIRMAÇÃO DO DIAGNÓSTICO de Morte Encefálica (não comentar sobre doação) ( ) Contactar membro da CIHDOTT para a 3a conferência familiar 14. 3a Conferência familiar – MEMBRo DA CIHDott ( ) Entrevistar familiares e solicitar autorização de doação de órgãos e ou tecidos 15. Autorização para doação de órgãos ( ) Houve autorização: ( ) Obter termo de autorização assinado por cônjuge ou familiar de até 2o grau Obs.: Se morte violenta, contactar IML para autorização de remoção de órgãos ( ) Não houve autorização: ( ) É legal, ético e facultado ao médico retirar todo o suporte terapêutico, inclusive a ventilação mecânica. Resolução CFM no 1826 de 06/12/2007 16. Enviar documentos p/ CNCDo/Estado – ENFERMEIRo DA UNIDADE Enviar via fax para CNCDo/estado: ( ) Declaração de morte encefálica com 2o teste preenchido, assinado e carimbado pelo médico. ( ) Laudo exame confirmando morte encefálica – assinado pelo médico realizador ( ) Laudo das gasometrias do segundo teste clínico – assinadas pelo bioquímico ( ) Laudos dos exames bioquímicos – assinados pelo bioquímico ( ) Termo de autorização de doação de órgãos e/ou tecidos assinado ( ) Se possível doador de pulmão, laudo de gasometria com: PEEP = 5 cm H2O, FiO2 = 100%, VC = 10-15mL/kg) – assinada pelo bioquímico ( ) Última evolução clínica 17. Declaração de óbito – INtENSIVIStA ( ) Morte não violenta – Preencher a declaração de óbito com o horário do óbito do último teste realizado (2o teste clínico ou exame gráfico) ( ) Morte violenta – Preencher o encaminhamento ao IML com o horário do óbito do último teste realizado (2o teste clínico ou exame gráfico) 18. Acondicionamento de órgãos – MEMBRo DA CIHDott Seguir integralmente as instruções para armazenamento de órgãos e disponibilizá-las para pessoal envolvido no transporte e autoridades sanitárias (RDC-66-ANVISA artigos 16 e 17) e providenciar documentos conforme anexos II e III da RDC. Enfermeiro/CoREN: Intensivista/CRM: Diagnóstico e manutenção de órgãos no potencial doador falecido 3232 Neurológico 3232 Neurológico DATA HORA ROTEIRO DE MANUTENÇÃO DO DOADOR DE ÓRGÃOS 1. o primeiro teste de Morte Crebral foi realizado ( ) SIM ( ) NÃO 2. A central de transplantes foi notificada? ( ) SIM ( ) NÃO 3. REGIStRAR NA PRESCRIÇÃo: Manter suporte nutricional enteral/parenteral – 15% a 30% das calorias calculadas a partir do gasto energético basal definido pela equação Harris-benedict ( ) SIM ( ) NÃO Elevar a cabeceira para 30º ( ) SIM ( ) NÃO Realizar mudança de decúbito a cada 2 horas ( ) SIM ( ) NÃO Aspirar tubo orotraqueal somente se houver secreção ( ) SIM ( ) NÃO Manter pressão do balonete do TOT entre 20 e 30 cm H2O ( ) SIM ( ) NÃO Cateterização arterial (PAMI, DPP) ( ) SIM ( ) NÃO Cateterização venosa central (PVC, SvcO2) ( ) SIM ( ) NÃO Cateterização vesical (controle de diurese) ( ) SIM ( ) NÃO Instalar termômetro central ( ) SIM ( ) NÃO HGT 6/6 horas (manter entre 140 e 180 mg%, avisar se >180 mg%) ( ) SIM ( ) NÃO Metilprednisolona 15 mg/kg EV a cada 24 horas ( ) SIM ( ) NÃO Levotiroxina 300 µg por via enteral a cada 24 horas ( ) SIM ( ) NÃO 4. PRoGRAMAR CoLEtA DE AMoStRAS PARA EXAMES ( ) Exames de 6/6 horas: hemoglobina, plaquetas, TAP, gasometria, glicemia, Na+, K+, Ca++, Mg++, PO4- ( ) Exames de 24 horas: ureia, creatinina, CKMb + troponina (doador de coração), AST + ALT + FA + bilirrubinas (doador de fígado), Rx tórax ( ) Exames uma vez: hemocultura 2 amostras, urinálise, urocultura, tipo sanguíneo, sorologias, amilase (doador de pâncreas) ( ) Se sangramento: TAP, TTPa, fibrinogênio e plaquetas 5. CoNtRoLE DE tEMPERAtURA CENtRAL Infundir somente líquidos aquecidos a 43ºC Não usar filtro HME. Usar umidificador aquecido ( ) Temperatura > 35ºC PREVENÇÃo DA HIPotERMIA ( ) Temperatura < 35ºC tRAtAMENto DA HIPotERMIA ( ) Aquecer o ar ambiente ( ) Todas as medidas para prevenção ( ) Infundir fluidos aquecidos a 43 ºC ( ) Irrigação gástrica e colônica c/ fluidos a 43 ºC ( ) utilizar mantas térmicas ( ) Fluidos a 43 ºC em veia central (150-200 mL/h) ( ) usar umidificador aquecido 6. VENtILAÇÃo MECÂNICA Pulmão Normal ( ) SIM ( ) NÃO LPA ou SDRA ( ) SIM ( ) NÃO Modo volume ou pressão controlada Volume corrente (VC) 5 a 8 mL/kg de peso ideal Ajustar FiO2 para obter PaO2 ≥ 60 mm Hg e/ou SatO2 na gasome- tria arterial > 90% PEEP 8 a 10 cm H2O Pplatô < 30 cm H2O Modo volume ou pressão controlada VC 5 a 8 mL/kg de peso ideal Ajustar FiO2 para obter PaO2 ≥ 60 mm Hg e/ou SatO2 na gasome- tria arterial > 90% Titular PEEP cfme SatO2 e quadro hemodinâmico Pplatô < 30 cm H2O Manobras de recrutamento / Prona / NO inalável 7. MANEJo HEMoDINÂMICo objetivos: Manter PAM entre 65 e 95 mm Hg e diurese > 1 mL/kg/h Roteiro 2 Diagnóstico e manutenção de órgãos no potencial doador falecido 3333 Neurológico 3333 Neurológico Sim Sim Sim Não Tratar se estes níveis pressóricos persistirem por mais de 30 minutos ou lesão de órgão alvo: ( ) Nitroprussiato de sódio (0,5-5,0 µg/kg/min) oU ( ) Esmolol (100-500 µg/kg bolus, após 100-300 µg/kg/min) Sim Não Não Não Não Não Sim Sim tempestade autonômica? (PA > 180/120 mm Hg ou PAM > 95 mm Hg) PAM < 65 mm Hg ou PAS < 90 mm Hg e/ou diurese < 1 mL/kg/h? PAM < 65 mm Hg ou PAS < 90 mm Hg e/ou diurese < 1 mL/kg/h? Infundir cristaloide aquecido a 43 ºC 20-30 mL/kg em 30 minutos Manter cuidados gerais DPP > 13% ou PVC < 4 mm Hg Infundir 500 –1.000 mL de cristaloide aquecido a 43º C Diurese < 1 mL/kg/h ou SvcO2 < 70% ou lactato ≥ 2,1 mmol/L Manter vasopressor DPP > 13% ou PVC < 4 mm Hg Dobutamina sem limite de dose Infundir 500-1.000 mL de cristaloide aquecido a 43º C Vasopressina (dose: 1 uI em bolus, após 0,5 a 2,4 uI/h) + Noradrenalina ou adrenalina ou dopamina sem limite de dose até PAM ≥ 65 mm Hg Diagnóstico e manutenção de órgãos no potencial doador falecido 3434 Neurológico 3434 Neurológico 8. BALANÇo HÍDRICo E ASPECtoS ENDoCRINoMEtABÓLICoS Manter débito urinário entre 0,5-3 mL/kg/h Manter o Na+ sérico entre 130 e 150 mEq/L Manter níveis séricos normais de magnésio, fósforo, cálcio e potássio Manter pH > 7,2 ( ) Se diurese > 4 mL/kg/h DDAVP 1-2 µg IV em bolus a cada 4 horas ( ) Se hipernatremia (>150 mEq/L) SG a 5% ou Salina a 0,45% ( ) Se hipernatremia e hipovolemia Ringer lactato como expansor volêmico ( ) Se HGT > 180 mg/dL Infusão venosa contínua de insulina 9. AVALIAR tRANSFUSÃo SANGUÍNEA Hb ≤ 7 g/dL ( ) SIM ( ) NÃO ( ) Transfundir hemácias Hb < 10 g/dL e instabilidade hemodinâmica ( ) SIM ( ) NÃO Sangramento ativo significativo associado a plaquetopenia (<100.000/ mm3) ( ) SIM ( ) NÃO ( ) Transfundir plaquetas Plaquetopenia < 50.000/mm3 com alto risco de sangramento e/ou pré-procedimento invasivo ( ) SIM ( ) NÃO Alto risco de sangramento ( ) SIM ( ) NÃO Transfundir plasma fresco se INR > 1,5Pré-procedimento invasivo ( ) SIM ( ) NÃO Sangramento ativo significativo ( ) SIM ( ) NÃO Alto risco de sangramento ( ) SIM ( ) NÃO Transfundir crioprecipitado se fibrinogênio < 100 mg/dL mesmo após infusão de plasma frescoPré-procedimento invasivo ( ) SIM ( ) NÃO Sangramento ativo significativo ( ) SIM ( ) NÃO 10. AVALIAR INFECÇÃo ( ) Repetir as culturas se houver suspeita clínica de infecção ( ) Manter ou iniciar antibioticoterapia no doador falecido caso haja indicação clínica ( ) Informar o receptor dos resultados das culturas e programar a manutenção da antibioticoterapia no receptor ( ) Realizar, em todos os doadores de pulmão, broncoscopia com coleta de secreção para bacterioscopia e cultura no momento da captação do órgão 11. MANEJAR ARRItMIAS CARDÍACAS ( ) Taquiarritmias – tratar conforme orientações das diretrizes da American Heart Association (AHA) ( ) bradiarritmias (Atropina não é eficaz) Adrenalina (2-10 µg/min) ou dopamina (5-10 µg/kg/min) Se baixo débito ou hipotensão – marca-passo transcutâneo provisório seguido de marca-passo transvenoso ( ) Parada cardiorrespiratória Tratar conforme orientações das diretrizes da AHA Iniciar imediatamente as manobras de RCP e o transporte ao centro cirúrgico para a remoção dos órgãos viáveis Considerar instalação de cateter duplo-balão, para preservação renal, ou o início de circulação extracorpórea por acesso femoral, caso haja impossibilidade de remoção ao centro cirúrgico ou indisponibilidade de equipe de remoção Administrar 500 uI/kg de heparina sódica nas fases iniciais da RCP, sempre que for considerada a retirada e/ou perfusão imediata dos órgãos Enfermeiro Ass.: Médico Ass.: Diagnóstico e manutenção de órgãos no potencial doador falecido 3535 Neurológico 3535 Neurológico Referências bibliográficas 1. Salim A, Velmahos GC, brown C, belzberg H, Demetriades D. Aggressive organ donor management significantly increases the number of organs available for transplantation. J trauma. 2005;58(5):991-4. 2. Dubose J, Salim A. Aggressive organ donor management protocol. J Intensive Care Med. 2008;23(6):367-75. 3. Powner D. Aggressive donor care – To what end? J Intensive Care Med. 2008;23(6);409-11. 4. Straznicka M, Follette DM, Eisner MD, Roberts PF, Menza RL, babcock WD. Aggressive management of lung donors classified as unacceptable: Excellent recipient survival one year after transplantation. J thorac Cardiovasc Surg. 2002;124(2):250-8. 5. Westphal GA, Caldeira Filho M, Vieira KD, Zaclikevis VR, bartz MCM, Wanzuita R, et al. Diretrizes para manutenção de múltiplos órgãos no potencial doador adulto falecido. Parte I. Aspectos gerais e suporte hemodinâmico. Rev Bras ter Intensiva. 2011;23(3):255-68. 6. Westphal GA, Caldeira Filho M, Vieira KD, Zaclikevis VR, bartz MCM, Wanzuita R, et al. Diretrizes para manutenção de múltiplos órgãos no potencial doador adulto falecido. Parte II. Ventilação mecânica, controle endócrino metabólico e aspectos hematológicos e infecciosos. Rev Bras ter Intensiva. 2011;23(3):269-82. 7. Westphal GA, Caldeira Filho M, Vieira KD, Zaclikevis VR, bartz MCM, Wanzuita R, et al. Diretrizes para manutenção de múltiplos órgãos no potencial doador adulto falecido. Parte III. Cuidados órgão-específicos. Rev Bras ter Intensiva. 2011: In press. Diagnóstico e manutenção de órgãos no potencial doador falecido 36 Cardiovascular 36 CardiovascularRessuscitação cardiopulmonar (RCP) Definição Conjunto de manobras cujo objetivo é reverter a cessação súbita e inesperada das funções cardíacas. - Paciente não responsivo - Sem respiração ou “gasping” - Sem pulso em 10 segundos Sem via aérea avançada Com via aérea avançada Inclinar a cabeça e Anteriorizar a mandíbula UM socorrista 30 compressões: 2 ventilações DoIS socorristas 15 compressões: 2 ventilações 8 a 10 ventilações/minuto - Assíncronas com as compressões - Não hiperventilar! - Tempo inspiratório de 1 segundo - Trocar entre reanimadores a cada 5 ciclos ou 2 minutos) Iniciar 30 compressões torácicas ANtES das ventilações Compressões torácicas com alta qualidade - Frequência: Pelo menos 100/min (~ 2/seg) - Profundidade: > 5 cm (permitir o retorno total do tórax) - Local: meio do esterno, entre os mamilos - Posição: uma mão sobre a outra, regiões tenar e hipotenar - MINIMIZAR INTERRuPÇÕES! Limitá-las a menos de 10 segundos! Verificar o ritmo Fibrilação ventricular/ taquicardia ventricular Página 36 Página 35 Assistolia/atividade elétrica sem pulso A B C O MAIS IMPORTANTE na RCP é realizar compressões torácicas de alta qualidade! Ambu® com máscara,até que se proceda a IOT Referências bibliográficas 1. Field JM, Hazinski MF, Sayre M, et al. Part 1: Executive Summary: 2010 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation. 2010;122:S640-56. 2. Disponível em: http://cardiopapers.com.br/2011/07/atualizacoes-acls-de-2010/. Acesso em: 24 de março de 2013. 37 Cardiovascular 37 CardiovascularRessuscitação cardiopulmonar (RCP) CAb Assistolia/atividade elétrica sem pulso (AESP) Verificar ritmo Reiniciar RCP imediatamente por 2 min ou 5 ciclos AESP Adrenalina 1 mg, IV, a cada 3-5 min (a primeira ou segunda dose podem ser substituídas por 40 u de vasopressina) Acesso às vias aéreas sem interromper as compressões torácicas Quando o paciente estiver intubado, não parar as compressões torácicas para realizar insuflação pulmonar Verificar ritmo AESP Fibrilação ventricular/ taquicardia ventricular Página 36 Considerar e tratar (6Hs e 6Ts) Hipovolemia Toxinas Hipóxia Tamponamento cardíaco H+ (acidose) Trauma Hipo e hipercalemia Trombose coronaria (IAM) Hipoglicemia Trombose pulmonar Hipotermia Tensão torácica b (pneumotórax) Ritmo organizado e pulso Dar suporte pós-parada CONSIDERAR HIPOTERMIA TERAPÊuTICA 38 Cardiovascular 38 Cardiovascular Reiniciar RCP imediatamente por 2 min ou 5 ciclos Acesso às vias aéreas sem interromper as compressões torácicas Quando o paciente estiver intubado, não parar as compressões torácicas para realizar insuflação pulmonar Ritmo organizado e com pulso arterial Dar suporte pós-parada CONSIDERAR HIPOTERMIA TERAPÊuTICA CAb Desfibrilar com 360J (120-200 J se bifásico) Desfibrilar Desfibrilar RCP por 2 min Adrenalina 1mg, IV, a cada 3-5 min (a primeira ou segunda dose podem ser substituídas por 40 u de vasopressina) RCP 2 min Amiodarona (primeira dose = 300 mg em bolus, segunda dose = 150 mg em bolus) Tratar causasreversíveis FV/TVSP FV/TVSP Verificar ritmo Verificar ritmo Verificar ritmo Fibrilação ventricular (FV) Taquicardia ventricular sem pulso (TVSP) Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) Assistolia ou AESP Página 35 FV/TVSP 39 Cardiovascular 39 Cardiovascular Retorno da circulação espontânea Otimizar a ventilação e a oxigenação - Manter a saturação O2 ~ 94% - Não hiperventilar - Evitar hiperóxia Tratar a hipotensão - Bolus de cristaloide - Infusão de vasopressor - Considerar as causas tratáveis - ECG 12 derivações Paciente acordou? Cuidado intensivo avançadoReperfusão coronária Alta suspeita IAM Considerar hipotermia terapêutica Sim Sim Não Cuidados imediatos pós-PCR Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) A capnografia é recomendada para acompanhar a qualidade da RCP e para identificação do retorno à circulação espontânea Se EtCO2 < 10 mm Hg, tentar melhorar a qualidade das compressões torácicas 40 Cardiovascular 40 Cardiovascular A hipotermia terapêutica (HT) DEVE ser rotineiramente empregada, na ausência de contraindicações, em todos os sobreviventes de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) o mais precocemente possível. Outra possibilidade de uso é para o controle de hipertensão intracraniana refratária, de múltiplas causas: pacientes em lista de espera de transplante hepático com edema cerebral, TCE grave e HSA. Hipotermia terapêutica (HT) São benefícios da HT: Redução do consumo cerebral de oxigênio. Supressão das reações químicas associadas com lesões de reperfusão. Redução das reações de radicais livres. Modulação da resposta inflamatória. Alguma das contraindicações à Ht? • O paciente obedece a comandos verbais OU • Outro motivo para o estado comatoso (overdose de drogas, AVE, estado de mal epiléptico) Ou • Temperatura (central) inicial < 32°C OU • Acima de 8 horas da RCP OU • Presença de sangramento com risco de morte OU • Colapso cardiovascular apesar dos vasopressores e/ou do suporte hemodinâmico mecânico Ou • Doença terminal. Induzir hipotermia • Sedação (midazolam) + analgesia (fentanil) • Bloqueio neuromuscular SN (para abolir os calafrios) • Infundir 30-40 mL/kg de SF OU RL a 4°C (macete: manter alguns litros de SF e RL “quase” congelados; a temperatura ao realizar infusão EV estará próxima dos 4ºC) • Reduzir a temperatura central (timpânica, esofagiana ou vesical) entre 32ºC e 34ºC • Iniciar reposição caso K < 3,8 mEq/dL Manutenção • Resfriamento com colchão térmico, gelo em todo o corpo ou bolsas de gelo envoltas por compressas em axilas e virilha aplicadas na pele, com revezamento das bolsas para evitar queimadura pelo frio. • Temperatura central entre 32-34°C por 18-24 horas • Ventilar para CO2 normal (na HT há diminuição do metabolismo e da VCO2) • Manter eletrólitos em níveis normais. ATENÇÃO com K+ e Mg+ • Glicemia <150 mg/dL • PAM ≥ 65 mmHg Reaquecimento • Após 24 horas, iniciar o reaquecimento passivamente dentro das próximas oito horas (1ºC a cada quatro horas) • Acompanhar níveis de K e Mg • PAM ≥ 65 mmHg RCP bem-sucedida? Não induzir hipotermia São complicações da HT: Imunossupressão aumentando o risco de infecções (há relato de até 50% de PAV). Disturbio hidroeletrolítico ( G, K, Mg). Reduz a depuração hepática das drogas. Coagulopatia (reduz número e função plaquetária). Hipovolemia (ocasiona diurese fria). Sim Sim Não 41 Cardiovascular 41 Cardiovascular Referências bibliográficas 1. Seder Db, Van der Kllot TE. Methods of cooling: practical aspects of therapeutic temperature management. Crit Care Med. 2009;37(suppl.):S211-S222. 2. Feitosa-Filho GS, Lopes RD. Hipotermia terapêutica pós-reanimação cardiorrespiratória: evidências e aspectos clínicos. Rev Bras ter Intensiva. 2009;21(1):65-71. 3. Polderman KH. Mechanisms of action, physiological effects, and complications of hypotermia. Crit Care Med. 2009;37(suppl.):S186-S202. EM PACIENtES NÃo ENtUBADoS 1. Acetominofen 650 mg (enteral) a cada 6 horas se Temperatura central < 35°C e 650 mg a cada 4 horas se Temperatura central > 35°C + 2. Aquecimento focal: cobertor com ar quente ou bolsas mornas em face, pescoço e extremidades. + 3. buspirona 30 mg ,VO, cada 8 horas + meperidina 12,5 a 25 mg, EV, cada 4 horas + 4. Dexmedetomidina 0,2 a 0,7 µg/kg/h OU Clonidina 0,1 a 0,3 mg cada 8 h. CuIDADO com hipotensão! 5. Infusão de magnésio até o alvo de 2,5 a 3,5 mg/dL + 6. Administração intermitente de benzodiazepínico em dose baixa para conforto 7. Reconsiderar terapia: se escala de calafrios 2 ou 3 à beira do leito. Avaliar e entubar + VM São importantes a profilaxia e o tratamento agressivo dos calafrios, pois ocasionam aumento do consumo de oxigênio e da pressão intracraniana. É mais comum a sua ocorrência durante a indução da hipotermia ou durante a fase de aquecimento, EM PACIENtES ENtUBADoS 1. Acetominofen 650 mg (enteral) a cada 6 horas se Temperatura central < 35°C e 650 mg a cada 4 horas se Temperatura central> 35°C + 2. Aquecimento focal: cobertor com ar quente ou bolsas mornas em face, pescoço e extremidades + 3. Sedação (midazolam) + analgesia (fentanil) 4. bNM em bolus para escala de calafrios > 1 5. Avaliar bNM contínuo. Gradação Definição 0 Nenhum: nenhum calafrio observado à palpação do masseter, pescoço ou parede torácica 1 Leve: calafrio localizado no pescoço e/ou tórax somente 2 Moderado: calafrio envolve movimentos grosseiros em extremidades superiores (além de pescoço e tórax) 3 Severo: calafrio envolve movimentos grosseiros de tronco e em extremidades superiores e inferiores Escala para avaliação de calafrio à beira do leito Profilaxia/tratamento dos calafrios Hipotermia terapêutica (HT) 42 Cardiovascular 42 CardiovascularPrognóstico neurológico após ressuscitação cardiopulmonar Prognóstico indeterminado Não No 3o dia após RCP: A melhor resposta motora é extensão aos estímulos álgicos Ou Ausência de reflexo fotomotor/córneo-palpebral Ou Ou Entre o 1o e o 3o dia após RCP: Ausência da resposta N20 no potencial evocado somatossensorial Entre o 1o e o 3o dia após RCP: Dosagem da enolase neurônio específica > 33µg/L Ou No 1o dia após RCP: Status epilepticus mioclônico (mioclonia generalizada multifocal incessante ) Não Ausência de reflexos de tronco cerebral? Não Acidose severa? uso de medicamentos depressores da consciência? Choque? Insuficiência renal/hepática aguda? É inviável a aplicação deste fluxograma Mau prognóstico = morte ou estado de mínima consciência após 6 meses Protocolo de morte cerebral Mau prognóstico (falso positivo = 0%) Mau prognóstico (falso positivo = 0,7% ) Mau prognóstico (falso positivo = 0% ) Mau prognóstico (falso positivo = 0% ) Sim Coma após ressuscitação cardiopulmonar (RCP)? A aferição do prognóstico em pacientes submetidos a hipotermia terapêutica deve ser feita de maneira combinada: exame neurológico e laboratorial, EEG, RNM, potencial evocado somatossensorial. Sim Sim Sim Sim Sim Sim Pacientes após ressuscitação cardiopulmonar devem despertar nos primeiros três dias. Caso persistam em coma é provável haver importante sequela neurológica. Referências bibliográficas 1. Wijdicks EFM, Hijdra A, Young Gb, bassetti CL, Wiebe S, Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology. Practice Parameter: Prediction of outcome in comatose survivors after cardiopulmonary resuscitation (an evidence-based review). Neurology. 2006;67(2):203-10. 2. Young Gb: Neurologic Prognosis after Cardiac Arrest. N Engl J Med. 2009;361(6):605-11. 43 Cardiovascular 43 Cardiovascular Introdução SCASSST versus IAMCSST - Tem espectro heterogêneo de pacientes com diferentes níveis de risco de morbimortalidade cardiovascular. - A prevalência da SCASSST é quatro vezes superior à prevalência do IAMCST. - Na SCSSST, os eventos cardiovasculares ocorrem mais tardiamente (dias/semanas). - Mortalidade semelhante em 6 meses (12%). Crusade bleeding score Síndrome coronariana aguda sem supradesnível do segmento ST (SCASSST)Critérios do tIMI RISK Score ≥ 65 anos ≥ 3 FR para DAC Estenose coronariana ≥ 50% conhecida Depressão ST 2 eventos de angina de repouso em 24h uso de AAS nos últimos 7 dd biomarcadores (+) tIMI RISK Score Eventos CVs maiores em 14 dd Alto risco (5-7 critérios) 26% a 41% Risco intermediário (3-4 critérios) 13% a 20% Risco pequeno (0-2 critérios) 5% a 8% FC (bpm) Score 71-80 1 81-90 3 91-100 6 101-110 8 111-120 10 ≥ 121 11 PAS (mmHg) Score ≤ 90 10 91-100 8 101-120 5 121-180 1 181-200 3 ≥ 201 5 Critérios clínicos Score Feminino 8 Sinais ICC 7 Doença vascular prévia 6 DM 6 Hematócrito (%) Score < 31 9 31-33,9 7 34-36,9 3 37-39,9 2 ClCr (ml/min) Score ≤ 15 39 >15-30 35 > 30-60 28 > 60-90 17 > 90-120 7 GRACE RISK Score Mortalidade hospitalar Alto risco (> 140) > 3% Risco intermediário (109-140) 1%-3% Pequeno risco (< 109) < 1% GRACE RISK Score História Ptos Admissão Ptos Internação Ptos Idade - 40-49 - 50-59 - 60-69 - 70-79 - 80-89 - ≥ 90 18 36 55 73 91 100 FC - 50-69 - 70-89 - 90-109 - 110-149 - 150-199 - ≥ 200 03 09 14 23 35 43 Cr - 0-0,39 - 0.4-0,79 - 0,8-1,19 - 1,2-1,59 - 1,6-1,99 - 2-3,99 - ≥ 4 01 03 05 07 09 15 20 ICC 24 PAS - <80 - 80-99 - 100-119 - 120-139 - 140-159 - 160-199 - ≥ 200 24 22 18 14 10 04 00 biomarcadores elevados 15 IAM 12 Depressão ST 11 Sem ACTP intra-hospitalar 14 Dois pontos fundamentais no manejo 1. Estratificação do risco utilizando escores TIMI ou GRACE (IIaB) 2. Individualizar a escolha da terapia antiagregante e anticoagulante balanceando o risco isquêmico e de eventos hemorrágicos 44 Cardiovascular 44 Cardiovascular Coronariografia urgente (< 120́ ) • Angina recorrente/persistente (Ib) ou depressão ST ≥ 2 mm ou • Inversão T resistente ao tratamento inicial ou • Instabilidade hemodinâmica/elétrica (FV/TV) (Ib) ou sintomas de ICC Coronariografia precoce (< 72h) • Na presença de risco médio ou alto(Ia) ANGIoGRAFIA Risco moderado ou alto (IA) < 0,4 (IIab) ≥ 0,4 (IIab) Baixo risco (IA) ver Alta hospitalar Teste de estresse em 12-24h (Ib)** • Ergometria (IB) • ECO estresse (IB) • Cintilografia de perfusão (IC) Avaliar FEVE (Ib) Síndrome coronariana aguda sem supradesnível do segmento ST (SCASSST) SCASSST provável ou definitivo terapia antiagregante plaquetária (IA) (AAS + inibidores de P2Y12) MAIS terapia anticoagulante (IA) (enoxaparina ou HNF) Pré-coronariografia: • Avaliar o início de IGPIIb/IIIa (IIIbb)*, principalmente na presença de: troponina (+) ou alterações dinâmicas de ST/T ou diabetes * Indicador para a não utilização de GPIIb/IIIa: uso de clopidogrel ≥ 300 mg pelo menos 6h antes da angiografia (Ib) ** Pode ser substituído pela AngioTC (IIab) Estratificação de baixo risco (IB) • Sem recorrência de sintomas • Sem novas mudanças ECG • Sem elevação de biomarcadores EStRAtÉGIA INVASIVA EStRAtÉGIA CoNSERVADoRA Avaliação clínica Terapia adjuvante Terapia antianginosa Terapia antianginosa Estratificação de risco + avaliação ECG e monitoração cardíaca contínua (IIaB) - Avaliado por médico capacitado em 10’ pós-admissão (IB) - Repetir em 6h/24h, recorrência, pré-alta (IC) Biomarcadores - (TnT*, CK/CKMB) (0h/6h/12h) (IA) - O2: 4-8 l/min para todos nas primeiras 6h (IIaC) ou se SatO2 < 90% (IB) - Morfina: 3-5 mg, IV/ SC se dor (IC) - Estatinas (IB): iniciar nas primeiras 24h - IECA (IA): iniciar nas primeiras 24h se FEVE < 0,4 ou congestão pulmonar ou DM (IA) Betabloqueadores (BB) - IV em hipertensos na admissão (IIaB) ou VO (IB) nas primeiras 24h na ausência de qualquer um dos fatores abaixo: - *Sinais de insuficiência cardíaca, baixo débito, risco aumentado de choque cardiogênico (> 70 a/ PAS > 120/FC > 110 ou FC < 60) ou CI formais aos BB Nitratos - SL (IC): máximo 3 doses com intervalos de 5’, na ausência de contraindicação - NTG IV (IB): máximo 48h na presença de isquemia persistente ou HAS ou ICC - Contraindicação: uso concomitante de inibidores da fosfodiesterase (IIIC) 45 Cardiovascular 45 CardiovascularSíndrome coronariana aguda sem supradesnível do segmento ST (SCASSST) DIAGNÓStICo ANGIoGRÁFICo ALtA HoSPItALAR Cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) Grupo sem stent AAS* 75-100 mg/d indefinidamente (IA) e inibidores P2Y12 por 1 mês (IA) e idealmente por 1 ano (Ib) - Continuar com AAS (IA) - Descontinuar clopidogrel 5 dd antes da CRM eletiva (Ib). Outros inibidores da P2Y12, ver tabela. - Descontinuar GP IIb/IIIa 4h antes (Ib) - Continuar com HNF (Ib) - Descontinuar com Enoxaparina 12-24h antes (Ib) - Fondaparinux: deverá ser suspenso 24h antes de CRM e realizar ponte com HNF - Continuar com AAS (IA) - Administrar dose de ataque - Inibidores de P2Y12 se não administrada (IA) - Iniciar GP IIb/IIIa se não iniciada (IA) - Descontinuar terapia anticoagulante em ACTP não complicadas (Ib) Prevalência em 15% - Prinzmetal - Recanalização espontânea - Embolização coronariana - Síndrome X - Continuar com AAS (IA) - Dose de ataque de inibidores de P2Y12 se não administrada (IA) - Descontinuar GPIIb/IIIa após 12h da angiografia (Ib) - Continuar HNF por 48h (IA) ou enoxaparina/ fondaparinux durante a internação - Continuidade da terapia a critério médico (IC) Sem doença coronariana obstrutiva Com doença coronariana obstrutiva Angioplastia coronariana transluminal primária (ACtP) tRAtAMENto CLÍNICo CoRoNÁRIAS NoRMAIS Grupo stent AAS 75-100 mg/d por dia indefinidamente (IA) e inibidores P2Y12, se possível, por 1 ano (Ib) Inibidores P2Y12 Clopidogrel Prasugrel Ticagrelor Reversibilidade Irreversível Irreversível Irreversível Início efeito 2-4h 30 min 30 min Duração 3-10 dias 5-10 dias 3-4 dias Retirada antes de grande cirurgia 5 dias 7 dias 5 dias Dose 300 mg ou 600 mg (se ACTP) ataque e 75 mg/d manutenção 60 mg ataque e 10 g/d manutenção 180 mg ataque e 90 mg/d manutenção Recomendações – Inibidores P2Y12 Ticagrelor para pacientes de moderado-alto risco, mesmo se pré-tratados com clopidogrel, independente da estratégia de tratamento (IB) Prasugrel especialmente diabéticos com anatomia coronariana conhecida que serão submetidos a ACTP, exceto se alto risco de sangramento (IB) Clopidogrel é recomendado a pacientes que não receberam ticagrelor ou prasugrel (IA) O Guideline europeu sugere como primeira escolha como Ticagrelor ou Prasugrel 46 Cardiovascular 46 CardiovascularSíndrome coronariana aguda sem supradesnível do segmento ST (SCASSST) Anticoagulantes Dose inicial Durante intervenção percutânea Enoxaparina 30 mg em bolus, EV, e 15’ após iniciar: - 1 mg/kg, 12/12h - ClCr < 30, 1 mg/kg a cada 24h ou evitar o uso (não realizar em bolus, EV) - > 75 anos, 0,75 mg/kg 12/12h (não realizar em bolus EV) < 8h da última dose SC: sem necessidade > 8h da última dose SC: 0,3 mg/kg, bolus, EV Sem administração prévia: 0,5-0,75 mg/kg em bolus, EV HNF 60-70 U/kg em bolus, EV (máx. 5.000 UI) 12-15 U/kg/h, EV (máx. 1.000 UI); manutenção - TTPa manter 1,5-2,5 x controle (50-75 s) Planejamento de uso associado com IGP IIb/IIIa: - Uso da dose ataque: manter TCA em 200 - Sem uso de dose ataque: 60-70 U/kg - Sem planejamento de uso de IGP IIb/IIIa - Uso da dose ataque: manter TCA entre 250-300 s (Hemotec) ou 300-350 s (Hemoctron) - Sem uso de dose de ataque: 100-140 U/kg Fondaparinux * Guideline europeu a considera como anticoagulante de escolha 2.5 mg SC ClCr 30-50: cautela CLCr < 30: contra-indicado Necessário bolus de HNF, devido ao risco de trombose de stent Inibidores GPIIb/IIIa Dose inicial Durante intervenção percutânea Abciximab Não indicada Ataque: 0,25 mg/kg, EV, em bolus Manutenção: 0,125 mcg/kg/min (máx. 10 mcg/min); manter por 12 h pós-intervenção Tirofiban Ataque: 0,4 mcg/kg/min por 30’ Manutenção: 0,1 mcg/kg/min - ClCr < 30: reduzir em 50% a infusão Já iniciada a infusão: manter o esquema Se não iniciada: iniciar como o esquema ao lado e manter por 18 a 24h Referênciasbibliográficas 1. bassand JP, Hamm CW, Ardissino D, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of non-ST-segment elevation acute coronary syndromes. The task force for the diagnosis and treatment of non-ST-segment elevation acute coronary syndromes of the European Society of Cardiology. Eur Heart J. 2007;28:1598-660. 2. Nicolau JC, Timerman A, Piegas LS, et al. Guidelines for unstable angina and non-ST-segment elevation myocardial infarction of the brazilian Society of Cardiology (II Edition, 2007). Arq Bras Cardiol. 2007;89(4):e89-e131. 3. Antman EM, Cohen M, bernink PJ, et al. The TIMI risk score for unstable angina/non-ST elevation MI: a method for prognostication and therapeutic decision making. Jama. 2000;284:835-42. 4. Eagle KA, Lim MJ, Dabbous OH, et al. A validated prediction model for all forms of acute coronary syndrome: estimating the risk of 6-month post-discharge death in an international registry. Jama. 2004;291:2727-33. 5. ACC/AHA 2007 Guidelines for the management of patients with unstable angina/non-ST-elevation myocardial infarction. J Am Coll Cardiol. 2007;50:652-726. 6. Chen ZM, Pan MC, Chen YP; Commit Collaborative Group. Early intravenous then oral metoprolol in 45,852 patients with acute myocardial infarction: randomised placebo-controlled trial. Lancet. 2005;366:1622-32. 7. ESC Guidelines for the management of acute coronary syndromes in patients presenting without persistent ST-segment elevation. European Heart Journal. 2011;32:2999-3054. 47 Cardiovascular 47 Cardiovascular Os critérios A ou b são marcadores específicos de infarto, mesmo quando nenhum outro achado eletrocardiográfico é encontrado. Critério C exclusivo indica moderada probabilidade de infarto, sendo necessários novos procedimentos diagnósticos. ≥ 3 pontos: Sens: 36%; Esp: 96%; VPP: 88%; VPN: 61% Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST (IAM com SSST) Diagnóstico • Tempo de reperfusão depende de diagnóstico precoce. • Diagnóstico precoce depende de protocolo institucional de atendimento à dor torácica! DOR TORÁCICA + ECG com SSST ou BRE novo ou presumivelmente novo IAM subepicárdico • Achados eletrocardiográficos - Supradesnivelamento ≥ 1 mm do segmento ST em pelo menos duas derivações contíguas. OU - Bloqueio de ramo esquerdo novo. - Caso BRE e indisponibilidade de ECG prévio, utilize critérios de Sgarbossa para auxílio diagnóstico: – Supra de ST ≥ 1 mm em concordância com (na mesma direção que) QRS – Infra de ST ≥ 1 mm em V1, V2 e V3 – Supra de ST ≥ 5 mm em discordância com (na direção oposta ao) QRS Estratificação de risco Avaliação clínica conforme escore de risco TIMI Escore de risco TIMI – Critérios Pontos Idade 65-74 a ou ≥ 75 a 2/3 PAS < 100 mmHg 3 FC > 100 bpm 2 Killip II-IV 2 DM/HAS ou angina prévia 1 IAM anterior/BRE 1 ∆t > 4h 1 Peso < 67 kg 1 Escore TIMI Mortalidade 30 dias 0-2 pontos 0,9-2,4% 3-4 pontos 4,9-9,2% 5-7 pontos 10,7-18% > 8 pontos 32,2% Tratamento (fluxograma 1) A) Medidas gerais e terapia adjuvante logo após o diagnóstico B) Estratégia de reperfusão O objetivo primário da reperfusão não é somente a restauração do fluxo sanguíneo nas coronárias epicárdicas, mas também a completa e sustentada reperfusão na totalidade do miocárdio (microcir- culação coronariana). - B1. Angioplastia coronariana transluminal percutânea (ACTP) - B2. Fibrinolíticos Critério A (oR 25,2 ): 5 pontos Critério B (oR 6 ): 3 pontos Critério C (oR 4,3 ): 2 pontos 48 Cardiovascular 48 Cardiovascular IMPoRtANtE • Tempo total de isquemia deve ser < 120´, idealmente < 60´ até a reperfusão. - oclusão > 30´ início de mionecrose - Reperfusão < 90´ recuperação de metade do miocárdio em risco - Reperfusão após 6h recuperação mínima do miocárdio, exceto se houver rede de colaterais importante • A ênfase na ACTP 1a não deve obscurecer a importância da terapêutica fibrinolítica, especialmente se Δt < 3h. • Um novo padrão de avaliação de sucesso de reperfusão terapêutica: “90% do fluxo TIMI 3 em 60´com evidência de reperfusão miocárdica adequada (Blush 3)” Fluxograma 1 DoR toRÁCICA + ECG com SSSt ou BRE novo ou presumivelmente novo IAM subepicárdico Medidas gerais • Repouso no leito • Jejum por pelo menos 4 horas para realização de exames e evitar bronco- aspiração • Monitoração cardíaca contínua • Acesso venoso periférico Coleta de sangue - Hemograma, plaquetas, perfil lipídico (IC) - INR, TTPa, eletrólitos, Mg, u, Cr (IC) - biomarcadores Troponina (IC) e CKMb (massa). Mioglobina se se início da dor < 4 horas. Exames de imagem • RX de tórax (IC) • ECO TT-TE, angioTC, RNM Diagnóstico diferencial de dissecção aórtica (Ib) Não poderão atrasar a terapia de reperfusão quando indicada • Morfina: 2 a 4 mg a cada 5 a 15 minutos, até alívio da dor ou sinais de toxicidade (hipotensão, depressão respiratória ou vômitos). (IC) • oxigenoterapia: 2 l/min por 6 horas ou se SaO2 < 90% (IC) • Nitrato: 5 mg de SL máx de 3 doses com intervalos de 5´ (IC) Nitroglicerina IV se: dor persistente, HAS ou insuficiência cardíaca (IC) Não usar se suspeita IAM de VD, uso prévio de inibidor de fosfodies- terase (IIIb) • AAS 200 mg macerados ou mastiga- dos (IA) Clopidogrel • 300-600 mg assim que indicados ACtP (IA) • 300 mg de ataque podem ser usados se não realizar ACTP em < 75 anos (IIaC) • Manutenção: 75 mg/dia Δt do início da dor > 12-24 horasΔt do início da dor < 12 horas • Betabloqueadores IV em hipertensos na admissão (IIab) ou VO (Ib) nas primeiras 24h na ausência de qualquer um dos fatores abaixo: Sinais de insuficiência cardíaca ou baixo débito ou risco aumentado de choque cardiogênico (> 70 anos ou PAS < 120 ou FC > 110 ou FC < 60) ou contraindicação formal aos bb • IECA - IAM anterior, FE < 0,4, IC (IA) - Enalapril 5 a 40 mg/dia - Outros IECAs podem ser utilizados • Estatinas: iniciar nas 1as 24h (IIab) - Sinvastatina 40 a 80 mg/dia - Atorvastatina 20 a 80 mg/dia • Controle da glicemia (Ib) e, se necessário, infusão de insulina (IIab) – Veja p. 131 ECG - Deve ser avaliado em 10´ da admissão (IC) - Screening para IAM VD e dorsal (Ib) C) Manejo após 24 horas (fluxograma 2) Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST (IAM com SSST) 49 Cardiovascular 49 Cardiovascular Δt < 3 horas Δt > 3 horas tERAPIA DE REPERFUSÃo • Programar mesmo sem resultado de biomarcadores (IC) Hospital sem hemodinâmica Trombolítico: ∆t porta-agulha < 30´ se transferência p/ ACTP resultar ∆t porta-balão >90´(IB)* Hospital com hemodinâmica ACTP: ∆t porta-balão < 90´(IA) ACtP • Se contraindicação para trombolíticos • Se Δt porta-balão < 90´ for possível (IA) • Alto risco Killip ≥ III (IB) • Diagnóstico obscuro Isquemia persistente Supra ST > 0,1 mv em ≥ 2 derivações Presença de 1 ou +: • IC severa • Instabilidade elétrica e hemodinâmica • isquemia persistente ACtP é preferida (IB) trombolíticos (IIaB) ACtP (IIaC) Se não for possível... trombolítico Se não houver contraindicação, ou transferência p/ ACTP resultar em Δt porta-balão > 90´ (IB)* ou Δt porta-balão menos Δt porta-agulha resultar > 60´ Δt porta-agulha deve ser < 30´ ACtP de resgate se: • Choque cardiogênico < 75 a (IB) ou ≥ 75 a (IIaB), independentemente do Δt • Killip ≥ 3 em 12h (IB) • Instabilidade elétrica (FV TV) (IC) • Isquemia persistente (IIaC) • Falha terapêutica (queda < 50% da maior elevação do segmento ST pós 90´ do início da trombólise) com área importante em risco (IAM anterior, inferior+VD, infra ST anterior) (IIab) ACtP pós-trombólise se: • FE < 0,4 (IIaC) • Episódio de insuficiência cardíaca documentada (IIaC) • Rotina pós-trombólise (IIbB), a SBC recomenda em < 96h (IIaA) Considerar BIA se: • Instabilidade hemodinâmica • FE deprimida • Grande área miocárdica em risco • O uso de IGPIIb/IIIa antes da ACTP 1a é incerto e a sua utilização é razoável durante/após o procedimento. • Considerar tromboaspiração em pacientes submetidos à ACTP 1a Infarto agudo do miocárdiocom supradesnível do segmento ST (IAM com SSST) 50 Cardiovascular 50 Cardiovascular trombolíticos (se possível optar pelos fibrino-específicos): 1. tenecteplase (tNK) 30 a 50 mg IV, em bolus, em 5 s (< 60 kg-30 mg; 60 a 70 kg-35 mg; 70 a 80 kg-40 mg; 80 a 90 kg-45 mg; > 90 kg-50 mg) ou 2. Alteplase (tpA) 15 mg, IV, em bolus + 0,75 mg/kg em 30 min + 0,5 mg/kg em 60 min ou 3. Estreptoquinase (SK): 1.500.000 uI diluídas em SF a 0,9% 100 mL infundir IV em 30 a 60 min. 1a escolha quando > 75 anos, especialmente no sexo feminino (IIaB) Anticoagulantes 1. Associar anticoagulação plena com heparina não fracionada (HNF) por 48h ou enoxaparina por 4 a 7 dias 2. Preferir HNF em >75 anos e ClCr < 30 3. Sem terapia de reperfusão aplicada (complicações embólicas? (IIab) Antiagregação plaquetária • Clopidogrel 300 mg, VO (inicial), seguido de 75 mg/dia. Não usar dose de ataque se idade > 75 anos Contraindicações para uso de trombolíticos Critérios clínicos e eletrocardiográficos de reperfusão miocárdica (IIaB) • Alívio dos sintomas • Manutenção ou retorno à estabilidade hemo/elétrica • Redução em > 50% do segmento ST pós 90´do início da terapia Critérios angiográficos de reperfusão miocárdica A) Fluxo TIMI avaliação do fluxo epicárdico na artéria relacionada ao IAM Absolutas Relativas • AVC h qualquer tempo • Lesão venosa cerebral estrutural (ex MAV) • Neoplasia maligna cerebral • AVC i ocorrido há menos de 3 meses (exceto AVCi com ∆t < 3h) • Suspeita de dissecção aórtica • Hemorragia ativa (exceto menstruação) • TCE ou facial severo < 3 meses • HAS severa (PAS >180 mmHg ou PAD.110 mm Hg) • Doenças intracranianas que não são contraindicações absolutas • PCR >10´ • Grande cirurgia < 3 semanas • Hemorragia interna há 2-4 semanas • Punção venosa não compressível • SK: exposição prévia (há mais de 5 dias) ou reação alérgica a este agente • Gravidez • Úlcera péptica • Uso de anticoagulantes com INR terapêutico Fluxo TIMI Mortalidade 30 dias 0 (oclusão completa) + 1 (mínima penetração contraste sem perfusão distal) 9,3% 2 (perfusão total, mas com fluxo lento) 6,1% 3 (perfusão total com fluxo normal) 3,7% Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST (IAM com SSST) 51 Cardiovascular 51 Cardiovascular B) Blush miocárdico é um indicador preciso da integridade microvascular * Preditor a longo prazo de mortalidade, independentemente do Killip, TIMI, FEVE e outras variáveis clínicas. C) Fenômeno no-reflow fracasso da reperfusão da microvasculatura deve-se a uma combinação de microtrombos plaquetários seguidos pelos edemas endotelial e miocárdico. Podendo ocorrer mesmo na vigência de TIMI 3, é um importante preditor de complicações clínicas intra-hospitalares. Blush miocárdico Mortalidade 30 dias 0 (ausência de blush mínimo) 6,2% 1 (coloração presente, mas blush-névoa persiste na próxima injeção de contraste) 5,1% 2 (coloração é fortemente persistente ao final da eliminação- washout; desaparece na próxima injeção) 4,4% 3 (aparência normal do blush em vidro moído; coloração é levemente persistente ao final do washout) 2% Fluxograma 2 Após manejo inicial (pós-24h) Pós-trombolítico ou sem terapia de reperfusão Avaliação da FEVE > 0,4 Ausência de isquemia significativa Isquemia significativa (Ib) Avaliação funcional terapia clínica otimizada Cineangiocoronariografia < 0,4 (IIaC) Cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) – Urgência/Emergência: • Base para a sua indicação de emergência é a presença de FEVE reduzida associada com doença trivascular + lesão severa de TCE. • Classe I para CRM de urgência e emergência - falha na ACTP na presença de instabilidade hemodinâmica e anatomia favorável (Ib) ou choque cardiogênico (IA) - isquemia refratária com anatomia favorável com uma área significativa do miocárdio em risco, em contraindicação a trombólise e ACTP (Ib) - ruptura de septo interventricular ou disfunção musculopapilar (Ib) - arritmia ventricular (FV/TV) com lesão > 50% de TCE ou doença trivascular (Ib) • Classe II para CRM de urgência e emergência - reperfusão primária com anatomia favorável e contraindicação para ACTP/trombólise e com Δt <12h, com envolvimento severo de TCE e doença trivascular (Ib) - choque cardiogênico em pacientes com mais de 75 anos, com anatomia favorável e acometimento severo de TCE e doença trivascular (Ib) Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST (IAM com SSST) 52 Cardiovascular 52 Cardiovascular Antiplaquetários na alta hospitalar 1. AAS - 162-325 mg/dia por 6 meses e após manter com 75-162 mg/dia indefinidamente 2. Clopidogrel 75 mg/dia - Stent bare metal continuar se possível por 12 meses - Stent drug eluting continuar por pelo menos 15 meses Evitar o uso rotineiro de inibidor de bomba de prótons com clopidogrel! Usar anticoagulante oral (warfarin) se: • FA/flutter atrial permanente ou paroxístico (IA) • Extensa área acinética/hipocinética ou trombo intracavitário (Ib) Objetivo: INR 2-3. Se associado com antiplaquetários: INR 2-2,5 Referências bibliográficas 1. Chen ZM, Pan HC, Chen YP, et al. Early intravenous then oral metoprolol in 45,852 patients with acute myocardial infarction: randomised placebo-controlled trial. Lancet. 2005;366:1622-32. 2. Arnoud WJ, Liem A, Suryapranata H, et al. Angiographic assessment of myocardial reperfusion in patients treated with primary angioplasty for acute myocardial infarction: myocardial blush grade. Circulation. 1998;97:2302-6. 3. Vlaar PJ, Svilaas T, van der Horst IC, et al.Cardiac death and reinfarction after 1 year in the Thrombus Aspiration during Percutaneous coronary intervention in Acute myocardial infarction Study (TAPAS): a 1-year follow-up study. Lancet. 2008;371:1915-20. 4. Antman EM, Hand M, Armstrong PW. 2007 Focused update of the ACC/AHA 2004 – Guidelines for the management of patients with ST-elevation myocardial infarction. JACC. 2008;51;210-47. 5. Antman EM, Anbe DT, Armstrong PW, et al. ACC/AHA guidelines for the management of patients with ST-elevation myocardial infarction: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. 2004. Available at www.acc.org/clinical/guidelines/stemi/index.pdf. 6. Van de Werff F, bax J, betriu A, et al. Management of acute myocardiol infarction in patients presenting with ST-segment elevation. The task force on the management of acute myocardial infarction of the European Society of Cardiology. 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Kushner FG, Hand M, Smith Jr SC, et al. 2009 Focused updates: ACC/AHA Guidelines for the Management of Patients With ST-Elevation Myocardial Infarction (updating the 2004 Guideline and 2007 Focused update) and ACC/AHA/SCAI Guidelines on Percutaneous Coronary Intervention (updating the 2005 Guideline and 2007 Focused update). Citation: J Am Coll Cardiol. 2009;18:[Epub ahead of print]. Infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST (IAM com SSST) 53 Cardiovascular 53 CardiovascularInsuficiência ventricular esquerda aguda (IVE) Definição: Início agudo de sinais e sintomas de IVE ou mudança clínica dos sinais e sintomas de IVE preexistente A IVE ocorre em até 1/3 dos pacientes internados em UTIs 1a Etapa: realizar o diagnóstico Verificar a presença de manifestações clínico-radiológicas típicas (Anamnese + exame físico + radiografia de tórax) Critérios maiores: ( ) Dispneia paroxística ( ) Turgência jugular ( ) Crepitações pulmonares ( ) Cardiomegalia (à radiografia de tórax) ( ) Edema agudo de pulmão ( ) Terceira bulha (galope) ( ) Aumento da pressão venosa central (> 16 cm H2O no átrio direito) ( ) Refluxo hepatojugular Critérios menores: ( ) Edema maleolar bilateral ( ) Tosse noturna ( ) Dispneia aos mínimos esforços ( ) Hepatomegalia ( ) Derrame pleural ( ) Redução da capacidade funcional em um terço da máxima registrada previamente ( ) Taquicardia (FC > 120 bpm) Diagnóstico de IVE ( ) presença de 2 critérios maiores ou ( ) 1 critério maior + 2 critérios menores 54 Cardiovascular 54 CardiovascularInsuficiência ventricular esquerda aguda (IVE) Diagnóstico clínico de IVE? - Peptídeo natriurético (bNP) — alto valor preditivo negativo - Avaliar ecocardiograma ou cateter de Swan-Ganz Investigar fator causal ou descompensador Dieta (ingesta excessiva de sal, líquido ou álcool) Medicação inadequada ou efeitos colaterais de medicações Crise hipertensiva Síndrome coronariana aguda Miocardite aguda Valvulopatia aguda Tromboembolismo pulmonar Arritmia Sepse Anemia, disfunção tireoidiana ou do diabetes Insuficiência renal Gravidez Cardiomiopatia de estresse (síndrome de Takotsubo) Pós-parada cardiorrespiratória Trauma cardíaco Drogas (ex: cocaína) Cirurgia prolongada (hipotensão e perda de sangue) Exames complementares: hemograma, sódio, potássio, ureia, creatinina e glicose, gasometria arterial, lactato, enzimas cardíacas, eletrocardiograma, ecocardiograma Não Sim 55 Cardiovascular 55 Cardiovascular 2a Etapa: classificar de acordo com perfil clínico-hemodinâmico 3a Etapa: estabelecer tratamento Congestão em repouso? Congestão pulmonar: estertores pulmonares, raios X com inversão da trama vascular e infiltrado difuso, pressões de enchimento de VE elevadas Congestão periférica: distensão venosa jugular, hepatomegalia, ascite e edema de MMII Ba ix a pe rf us ão e m re po us o? Hi po te ns ão a rte ria l, pu ls o fil ifo rm e, o lig úr ia , al te ra çõ es d o ní ve l d e co ns ci ên ci a e ex tre m id ad es fr ia s, la ct at o ↑, S vc O 2 ↓ , C O 2 ga p ↑ Seco e quente Tratamento: veja fluxograma 2 Congesto e quente Tratamento: veja fluxograma 1 Seco e frio Tratamento: veja fluxograma 2 Congesto e frio Tratamento: veja fluxograma 1 PAS >140 mmHg VNI Morfina Nitrato Furosemida IECA/BRA Betabloqueador (manter, adicionar*) PAS 85-140 mmHg VNI Nitroglicerina Furosemida IECA/BRA Betabloqueador (manter, adicionar*) PAS 85-140 mmHg VNI Avaliar volemia Nitroglicerina Levosimedam Furosemida IECA/BRA (suspender) Betabloqueador (suspender) PAS < 85 mmHg TOT+VM Avaliar volemia Dobutamina Noradrenalina (se PAS < 75 mmHg) Balão intra-aórtico IECA/BRA (suspender) Betabloqueador (suspender) PAS < 85 mmHg VNI Noradrenalina Furosemida IECA/BRA (suspender) Betabloqueador (reduzir 50%, se em uso prévio) Não 2,2 18 POAP (mmHg) Não IC (L/min/m2) Sim Sim Fluxograma 1 CoNGESto FRIoQUENtE Insuficiência ventricular esquerda aguda (IVE) 56 Cardiovascular 56 Cardiovascular PAS >140 mmHg Avaliar volemia Nitrato IECA/BRA Betabloqueador (manter, adicionar*) PAS 85-140 mmHg Avaliar volemia IECA/BRA Betabloqueador manter, adicionar*) PAS 85-140 mmHg Repor volume IECA/BRA (suspender) Betabloqueador (suspender) PAS < 85 mmHg Repor volume Noradrenalina IECA/BRA (suspender) Betabloqueador (suspender) PAS < 85 mmHg Repor volume Noradrenalina IECA/BRA (suspender) Betabloqueador (reduzir 50%) Fluxograma 2 SECo Sinais e sintomas sugestivos de IVE? FRIo Tratamento da SCA. Pág XX QUENtE ECG evidencia SCA? Identificação da causa? Tratamento suportivo Tratar taquicardia, hipertensão, anemia, hipoxemia, sepse etc. Ecocardiograma com disfunção de VE Considerar outras etiologias Tratamento suportivo: fluidos e betabloqueadores Considerar SCA ou variações de cardiomiopatia de estresse Iniciar betabloqueador: - Na insuficiência cardíaca congestiva deve ser o mais precoce possível após a estabilização hemodinâ- mica e a euvolemia ser alcançada, preferencialmente antes da alta hospitalar - Cardiomiopatia de estresse (Takotsubo) - Síndrome coronariana aguda Sim Não Não Não Anormalidade segmentar balão apical Hipocinesia difusa Sim Sim Insuficiência ventricular esquerda aguda (IVE) 57 Cardiovascular 57 Cardiovascular Tabela 1. Características clínicas Síndrome coronariana aguda (SCA) Cardiomiopatia de estresse (Takotsubo) Disfunção global de VE Disfunção de oferta/demanda Fatores de risco e cenário clínico HAS, DM, dislipidemia, tabagismo e história pessoal e/ou familiar de SCA Estresse físico ou psicológico (em até 28% dos pacientes em UTI) Choque séptico, hipóxia prolongada, PCR recorrente e desfibrilação Sepse, sangramento, trauma ou hipotensão que necessite de inotrópicos Sintomas Angina típica, dispneia, diaforese Assintomático ou angina atípica, dispneia e palpitações Sinais de ICC Maioria assintomática Sinais B4 (B3 com miocardiopatia severa), regurgitação mitral ou atrito pericárdico (raro) B3, cerca de 20% desenvolvem sopro sistólico de ejeção aórtico, pela obstrução da saída do VE Edema pulmonar, pode haver cianose de extremidades Taquicardia, extremidades quentes ou frias ECG Alterações compatíveis com isquemia Elevação sutil de ST em parede anterior, infradesnivelamento de ST Alterações não específicas do segmento ST Taquicardia, depressão difusa do segmento ST Enzimas miocárdicas Curva enzimática Pode haver aumento discreto Flutuante, sem níveis elevados Pode haver aumento discreto Ecocardiograma Anormalidades de contração segmentares (parede da artéria acometida) 85% com hipo/ acinesia apical e hipercontratilidade basal (“balão” apical) Hipocinesia global e dilatação biventricular VE hiperdinâmico, FE usualmente > 70% Cateterismo Reconhecimento de lesão na coronária acometida Coronárias normais ou doença coronariana insignificante Coronárias normais ou doença coronariana insignificante Coronárias normais ou doença coronariana insignificante Manejo Ver página XX Suportivo. Se não houver obstrução grave do trato de saída do VE o quadro é benigno Repetir ECO em alguns dias verificar função de VE Betabloqueador NUNCA dobutamina (pode aumentar a obstrução do trato de saída do VE) Fluidos se necessários Tratar causa-base Estabilizar fatores desencadeantes Volume e hemoderivados quando necessários Referências bibliográficas 1.Montera MW, Almeida DR, Tinoco EM, Rocha RM, Moura LA, Réa-Neto á, et al. II Diretriz brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda. Arq Bras Cardiol. 2009;93(3 supl.3):1-65. 2. Chockalingam A, Mehra A, Dorairajan S, Dellsperger KC. Acute Left Ventricular Dysfunction in the Critically Ill. Chest. 2010;138;198-207. 3. Dar O, Cowie MR. Acute heart failure in the intensive care unit: Epidemiology. Crit Care Med. 2008 Jan;36(1 Suppl):S3-8. doi: 10.1097/01.CCM.0000296264.41365.80. 4. Vignon P, Allot V, Lesage J, Martaillé JF, Aldigier JC, François b, Gastinne H. Diagnosis of left ventricular diastolic dysfunction in the setting of acute changes in loading conditions. Critical Care. 2007;11:R43. 5. barak Zafrir MD, Offer Amir MD. beta blocker therapy, decompensated heart Failure, and inotropic interactions: current Perspectives. IMAJ. 2012;184-9. Insuficiência ventricular esquerda aguda (IVE) 58 Cardiovascular 58 CardiovascularEmergência hipertensiva Definição Elevação aguda da pressão arterial com lesão agu- da de órgão-alvo; pressão diastólica geralmente > 120 mmHg. É necessário o controle da PA em horas em UTI. Diagnóstico História e exame físico fundamentais. Não se es- quecer de pesquisar desencadeante, da retirada de clonidina ou betabloqueadores, do uso de cocaína e dos sintomas de insuficiência arterial aguda. Exame físico: fundo de olho, exame neurológico detalhado, aferir PA em ambos os MMSS e um MI, sopro aórtico recente, sinais de congestão venosa. Exames complementares: direcionar para achados de lesão de órgão-alvo. Emergência hipertensiva Com lesão de órgão-alvo • Encefalopatia • AVC • Dissecção de aorta • Isquemia coronariana • Edema agudo de pulmão • Insuficiência renal aguda • Eclâmpsia Elevação aguda da PA, em geral, PAD > 120 mmHg Emergência hipertensiva Alvo terapêutico Drogas de preferência Encefalopatia hipertensiva Primário: não piorar a lesão cerebral com hipoperfusão Reduzir PAM em 25% em 2-3h Nitroprussiato de sódio (NPS) Infarto cerebral e hemorragia intracraniana Redução de 0%-25% da PAM em 6-12h NPS Hemorragia subaracnóide Reduzir PAM em até 25% em hipertenso prévio PAS de 130-160 mmHg em normotenso prévio NPS, nimodipina (VO) Isquemia miocárdica e infarto Redução da PA Reduzir consumo de O2 do miocárdio Nitroglicerina, esmolol, nicardipina Disfunção ventricular esquerda aguda ou edema agudo de pulmão Reduzir a PA com vasodilatação (geralmente, reduzir PAM em 10%-15%) Promover diurese Morfina, diurético, nitroglicerina ou NPS, enalaprilato Dissecção de aorta Reduzir estresse aórtico com redução da PA e da FC Betabloqueador associado a NPS ou fenoldopam Insuficiência renal aguda Reduzir a PA Manter oferta de O2 NPS, diurético, hidralazina Eclâmpsia Reduzir a PAD < 90 mmHg MgSO4, hidralazina HAS maligna Alteração do estado geral Retinopatia hipertensiva severa “Urgência hipertensiva” Sem lesão de órgão-alvo Sem sintomatologia de HAS maligna HAS severa permanente Sem fator desencadeante Elevação transitória da PA Fator desencadeante: Dor, abstinência de drogas, hipercapnia, acidose, hipoglicemia, hipóxia, retenção urinária Melhora da PA com alívio do fator desencadeante 59 Cardiovascular 59 CardiovascularEmergência hipertensiva Droga Dose endovenosa Início de ação Duração de ação Cuidado com: Nitroprussiato de sódio 0,25-10 μg/kg/min Segundos 1-2 min • Coarctação de aorta • Metemoglobinemia se dose > 10 μg/kg/min Esmolol 80 mg em bolus, seguido por 150 μg/kg/min 5-10 min 2-6h • Broncospasmo • ICC descompensada • Bradicardia sinusal • BAV 2o grau Hidralazina Bolus de 5-20 mg 10 min 2-6h • Isquemia miocárdica Furosemida Bolus de 10-40 mg 5-60 min 6-8h • Hipovolemia Nicardipina 2-10 mg/h 5-10 min 2-4h • Estenose aórtica severa Enalaprilato 1-5 mg em bolus 5-10 min 2-6h • Gestação • Hipovolemia Nitroglicerina 5-25 μg/min (adsorve em equipos de PVC, diminui eficácia) Segundos < 5 min • Hipovolemia não corrigida • Hipertensão intracraniana • Tamponamento pericárdico Fenoldopam 0,1-0,6 μg/kg/min 10-15 min 10-15 min • Sem intercorrência conhecida Referências bibliográficas 1. Aggarwal M. Hypertensive crisis: hypertensive emergencies and urgencies. Cardiol Clin. 2006;24(1):135-46. 2. Flanigan JS. Hypertensive emergency and severe hypertension: what to treat, who to treat, and how to treat. Med Clin North Am. 2006;90(3):439-51. 3. Slama M. Hypertension in the intensive care unit. Curr opin in Cardiol. 2006;21(4):279-87. 60 Cardiovascular 60 CardiovascularAbordagem inicial do choque Se TOT + VM: sedar – p. 140 Se arritmias – reverter – p. 72 Se pneumotórax – drenar Se tamponamento cardíaco – drenar Sinais sugestivos de hipóxia tissular? • SvcO2 < 70% • BE < -3 mmol/L • Lactato > 2 mmol/L • CO2 gap > 6 mmHg • DU < 0,5 mL/kg/h e/ou • PAM < 65 mmHg A: Via aérea pérvia (avaliar TOT) b: Ventilação (ventilação mecânica diminui VO2) C: Acesso venoso periférico, monitor, exames RL 1.000 mL (SF a 0,9% se risco de hiper K+) – infusão em 20’ a 30’ CHoQUE Avaliar necessidade de o fluxo (débito cardíaco) “Há sinais de hipóxia tissular?” Cateteres: vesical, venoso central, arterial Coletar: Hb, gasoarterial, gasovenosa central, lactato arterial Definição Insuficiência circulatória aguda com má distribuição generalizada do fluxo sanguíneo, que implica falência da oferta e/ou da utilização de oxigênio nos tecidos, levando à disóxia tissular (1A) Perda hídrica ou hemorragia IAM, HMP de cardiopatia, alteração do ECG Fator de risco para TEP Tamponamento cardíaco Pneumotórax hipertensivo - Suspeita de infecção - Hipersensibilidade, exposição a toxinas ou drogas Hipovolêmico – p. 57 Cardiogênico – p. 58 Obstrutivo – p. 96 Séptico – p. 61 Anafilático – p. 67 Manifestações gerais FC, PA, FR. Temp: (sepse), (pior prognóstico); pele fria, confusão mental, oligúria, acidose, íleo Há informação/identificação inicial de alguma das características abaixo? SIM SIM SIM SIM NÃO SIM SIM Hipotensão pode estar ausente (1b) 61 Cardiovascular 61 Cardiovascular Avaliar a responsividade a volume. “É possível administrar mais líquido?” Tratamento com objetivo de alcançar todas as METAS * NÃo RESPoNSIVo (NR) Variáveis estáticas - Quando PVC > 4 mmHg não se pode inferir a responsividade - Se PVC > 12 mmHg, alta probabilidade de ser NR - ↑ da PVC > 2 mmHg após 250-500 mL de cristaloide em 15’ (1C) Variáveis dinâmicas - ΔPP < 13% (se < 9%, altíssima probabilidade de ser NR) - ΔPplet < 11% - ΔPVC < 1 mmHg Avaliar componente cardiogênico (p. 58) ou componente obstrutivo (p. 61) RESPoNSIVo (R) Variáveis estáticas - PVC < 4 mmHg (1C) - ↑ da PVC < 2 mmHg após 250-500 mL de cristaloide em 15’ (1C) Variáveis dinâmicas - ΔPP > 13% (se ≥ 15%, altíssima probabilidade de ser R) - ΔPplet > 11% - ΔPVC > 1 mmHg Hipovolêmico (p. 57) ou Distributivo (p. 61 e 67) Meta pressórica durante ressuscitação inicial em diferentes situações clínicas • Hemorragia por trauma - PAM de 40 mmHg até controle cirúrgico (1b) • TCE sem hemorragia sistêmica - PAM de 90 mmHg (1C) • Outras causas - PAM > 65 mmHg (1b) - PAM - SvcO2 ≥ 70% - Clearance de lactato ≥ 10% em 6h - Lactato < 2 mmol/l - CO2 gap < 6 mmHg - Du > 0,5 ml/kg/h M ET AS Abordagem inicial do choque 62 Cardiovascular 62 CardiovascularAbordagem inicial do choque Sugestão de estratégia para obtenção das METAS perfusionais SvcO2 ≥ 70% CO2 Gap ≤ 6 mmHg ↑ ΔPP ± Disfunção de VD ↑ ΔPP ± Contratilidade N Tratar causaVolume ↓ ΔPP ± ↑ Contratilidade ↓ ΔPP ± Contratilidade N Inotrópico Se PAM ↓: vasopressor PVC VolumeAvaliação dinâmica da responsividade ± Eco ou CAP < 70% SaO2 ≥ 95% Hb ≥ 10 g/dL > 6 mmHg ≥ 8 mmHg < 8 mmHg 63 Cardiovascular 63 Cardiovascular A determinação rotineira do débito cardíaco não é recomendada (1b) Se a dúvida etiológica permanecer após as medidas iniciais, considerar ecocardiografia ou outras formas de aferição do débito cardíaco (2b) Hiperdinâmico DC ↓, Nou ↑ R no início RVS ↓ SvcO2 ↓ no início e após IH Hipovolêmico DC ↓ R RVS ↑ SvcO2 ↓ Cardiogênico DC ↓ NR RVS ↑ SvcO2 ↓ tEP DC ↓ NR* RVS ↑ SvcO2 ↓ tamponamento cardíaco DC ↓ NR* RVS ↑ SvcO2 ↓ obstrutivo *Alguns indicadores dinâmicos da responsividade como o ΔPP e ΔPplet podem evidenciar um falso estado de responsividade no choque obstrutivo. Nessas condições, a avaliação ecocardiográfica global pode auxiliar no diagnóstico diferencial. DC: débito cardíaco; N: normal; IH: infusão hídrica; R: responsivo; NR: não responsivo; SvcO2: saturação venosa central da Hb. Sugestão de estratégia para obtenção das METAS perfusionais SvcO2 ≥ 70% CO2 Gap ≤ 6 mmHg ↑ ΔPP Administrar volume? Hipertensão pulmonar é possível? ↓ ΔPP Inotrópico? Vasopressor? PVC VolumeAvaliação dinâmica da responsividade < 70% SaO2 ≥ 95% Hb ≥ 10 g/dL > 6 mmHg ≥ 8 mmHg < 8 mmHg Abordagem inicial do choque 64 Cardiovascular 64 CardiovascularAbordagem inicial do choque Figura 1. ΔPP* = variação respiratória da pressão de pulso Inspiração Expiração PP mín PP máx PP = pressão de pulso = Psist - Pdiast ΔPP(%) = {(PP máx - PP mín) / [(PP máx + PP mín) / 2]} x 100 Paciente em ventilação mecânica Figura 2. ΔPVC*** = variação inspiratória da PVC Paciente em ventilação espontânea PV C ( m m Hg ) 7 4 1 Expiração Inspiração ΔPVC Δ PVC = PVCexp - PVCinsp 65 Cardiovascular 65 Cardiovascular Referências bibliográficas 1. Magder S. Respiratory variations in right atrial pressure predict the response to fluid challenge. J Crit Care. 1992;7:76-85. 2. Poli de Figueiredo LF, Silva E, Rocha e Silva M, et al. Pulse oxymetry wave respiratory variations for the assessment of volume status in patients under mechanical ventilation. Crit Care Med. 2004;32:A96. 3. Antonelli M, Levy M, Andrews PJD, et al. Hemodynamic monitoring in shock and implications for management. International Consensus Conference. Int Care Med. 2007;33:575-90. 4. Vallet b, Futier E, Robin E: Tissue Oxygenation Parameters to Guide Fluid Therapy. transfusion Alter transfusion Med. 2010;11(3):113-117. 5. Marik PE, Cavallazzi R, Vasu T, et al. Dynamic changes in arterial waveform derived variables and fluid responsiveness in mechanically ventilated patients. A systematic review of the literature. Crit Care Med. 2009;37:2642-2647. 6. Cannesson M. Pulse Pressure Variation and Goal Directed Therapy. J Cardiothorac Vasc Anesth. 2010;24:487-97. 7. Jones AE, Shapiro NI, Trzeciak S, Arnold RC, Claremont HA, Kline JA; Emergency Medicine Shock Research Network (EMShockNet) Investigators. Lactate clearance vs central venous oxygen saturation as goals of early sepsis therapy: a randomized clinical trial. JAMA. 2010;24:303(8):739-746. 8. Jansen TC, van bommel J, Schoonderbeek FJ, Sleeswijk Visser SJ, van der Klooster JM, Lima AP, Willemsen SP, bakker J; LACTATE study group. Early lactate-guided therapy in intensive care unit patients: a multicenter, open-label, randomized controlled trial. Am J Respir Crit Care Med. 2010;15;182(6):752-761. Abordagem inicial do choque 66 Cardiovascular 66 CardiovascularChoque hipovolêmico Definição Queda da oferta de O2 abaixo do ponto crítico de- corrente da diminuição da volemia. Causas Sangramento digestivo, lesões viscerais, aneuris ma roto, gravidez ectópica, diarreia, vômitos, ferimen- tos exsanguinantes. Referências bibliográficas 1. Matos EP. Protocolos da unidade de emergência/Hospital São Rafael. 10. ed. brasília: Ministério da Saúde; 2002. p. 21. 2. Marino PL. Distúrbios do fluxo circulatório. Compêndio de UtI. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 1999. pp. 177-202. 3. Vincent JL, Weil MH. Fluid cha lleng revisited. Crit Care Med. 2006;34:1333-7. 4. Abramson D, Scalea TM, Hitchcock R, et al. Lactate clearance and survival following injury. J trauma. 1993;35(4):584-8. 5. Davis J, Kaups KL, et al. base deficit in the elderly: a marker of severe injury and death. J trauma. 1998;45:873-77. 6. Antonelli M, Levy M, Andrews PJD, et al. Hemodynamic monitoring in shock and implications for management. International Consensus Conference. Int Care Med. 2007;33:575-90. Reversão? Quadro clínico ↑ FC, ↑ FR, PAM < 65 mmHg Du < 0,5 mL/kg/h ↓ Perfusão tissular ↓ Nível de consciência Meta pressórica durante ressuscitação inicial em diferentes situações clínicas: • Hemorragia por trauma - PAM de 40 mmHg até controle cirúrgico (1b) • TCE sem hemorragia sistêmica - PAM de 90 mmHg (1C) • Outras causas - PAM > 65 mmHg (1b) Suporte básico • Manter vias aéreas pérvias • Garantir ventilação • Dois acessos PERIFÉRICOS • Exames laboratoriais RL ou SF a 0,9% 1.000 mL, IV, rápido Repetir três vezes caso não estabilize Hemorragia? Avaliar hemoderivados Parar infusão Sim Sim Não Não Acesso venoso central Variação da PVC > 2 mmHg após prova de volume Infundir alíquotas de cristaloide Parar infusão Reavaliar em 10 min Correção da causa Suporte ventilatório Correção bioquímica e distúrbios de coagulação 85% dos pacientes com politraumatismo continuam a demonstrar evidências de hipóxia tissular, a despeito da normalização dos sinais vitais Há indícios de que no choque hemorrágico devido a trauma a ressuscitação seja retardada até o controle cirúrgico do foco de sangramento Reciclar até estabilizar o quadro ou observar variação da PVC > 2 mmHg SvO2, CO2 gap, lactato, bE, Du, PAM (p. 56) Metas atingidas? Observar Considerar choque de outras causas (p. 53) Sim Não AtENÇÃo! • O objetivo da ressuscitação volêmica no choque hipovolêmico é a normalização da perfusão tissular • Utilizar os parâmetros que forem disponíveis: Normalização do excesso de base, enchimento capilar, diminuição no lactato sérico, SvO2 > 70%, CO2 gap, CO2 gap/Ca-vO2, PVC, ΔPVC, ΔPP, CVC/CA - SvcO2 ≥ 70% - Lactato < 2 mmol/L - Clearance de lactato ≥ 10% em 6h - bE < -3 mmol/L - CO2 gap < 6 mmHg - Du > 0,5 mL/kg/h - PAM ≥ 65 mmHg - Hb > 7 g/dL (se ICo: Hb > 10 g/dL) M ET AS 67 Cardiovascular 67 CardiovascularSepse A abordagem inicial de pacientes com sepse grave e choque consiste em reconhecer e tratar precoce- mente o foco infeccioso. Quanto mais tardia a primeira intervenção, maior a chance de desenvolvimento de disfunções orgânicas e menor a chance de reverter essas alterações A – Primeira etapa – busca e diagnóstico A busca de variáveis clínicas e laboratoriais que sugiram o diagnóstico de sepse, deve ser contínua para permitir o diagóstico precoce e tratamento no tempo adequado (1C). A presença de algumas (duas ou mais) das variáveis clínicas da tabela 1 e um foco infeccioso suspeito ou comprovado DEVE resultar na suspeita de sepse. Tabela 1 – Variáveis clínicas e laboratoriais relacionadas à sepse Alterações gerais Disfunções orgânicas Temperatura > 38,3ºC ou < 36ºC Encefalopatia (sonolência, confusão, coma) FR > 20 mpm Hipoxemia FC > 90 bpm Íleo Diminuição no enchimento capilar Lactato > 1 mmol/L (suspeitar de sepse) Lactato > referência (hipoperfusão) Edema importante ou balanço hídrico > 20 mL/kg em 24 horas PAS < 90 mmHg ou PAM < 70 mmHg ou ↓ de 40 mmHg na PAS usual Glicemia > 140 mg% em não diabéticos RNI > 1,5 ou PTTa > 60 seg Alterações inflamatórias Plaquetas < 100.000/mm3 Leucócitos > 12.000 ou < 4.000/mm3 ou mais de 10% de formas imaturas Diurese < 0,5 mL/kg/h por > 2 horas / ↑ da creatinina ≥ 0,5 mg% / creatinina > 2 mg% PCR ou procalcitonina 2x > referência Bilirrubina total > 2 mg% Tabela 2. Disfunção orgânica - Encefalopatia aguda (sonolência, confusão, agitação, coma) - PAS < 90 ou PAM < 65 mmHg - SpO2< 90% com/sem O2 suplementar - Creatinina > 2 mg/dL ou - Débito urinário < 0,5 mL/kg/h por > 2 horas - Bilirrubina > 2 mg/dL - Contagem plaquetária < 100.000 Tabela 3. Proteína C-reativa (PCR) – Biomarcador auxiliar na sepse - Suspeitar de infecção quando houver SIRS + PCR aumentada! - Diminuição em 25% no nível sérico da PCR, em relação ao dia anterior, sugere resposta ao tratamento. - Níveis persistentemente elevadosde PCR são marcadores de mau prognóstico no paciente grave. 68 Cardiovascular 68 CardiovascularSepse Pacote de ressuscitação B1. Pacote de 3 horas (instituir medidas em até 3 horas) 1. Dosagem do lactato sérico. 2. Hemoculturas* duas amostras de sangue colhidas antes da administração dos antibióticos, sem atrasar a terapia antibiótica (tempo máximo = 45’). Se cateter central por mais de 48 h, uma das amostras deve ser percutânea e outra através do cateter venoso. (1C) 3. Antibióticos de amplo espectro** Iniciados em 1 hora após o diagnóstico. (1C) 3a. Controle cirúrgico do foco infeccioso passível de abordagem cirúrgica, em no máximo 12 horas. (1C) 4. Quando hipotensão ou lactato > 36 mg/dL ou > 4 mmol/L: 4a. Infundir pelo menos 30 mL/kg de cristaloide ou equivalente em coloide, assim que diagnosticada a síndrome. (1C) B2. Pacote de 6 horas (cumprir metas em até 6 horas) 4b. Indicar noradrenalina se não houver resposta à infusão hídrica inicial. 5. Nos pacientes apresentando hipotensão persistente apesar da ressuscitação volêmica (choque séptico) ou lactato inicial > 36 mg/dL ou > 4 mmol/L: a) Alcançar e manter PVC 8-12 mmHg b) Alcançar e manter ScvO2 ≥ 70%# (1C) b) Alcançar e manter PAM ≥ 65 mmHg. c) Alcançar e manter diurese ≥ 0,5 mL/kg/h B – Segunda etapa – Tratamento (veja check-list na página 64) * Cateter venoso ≥ 48 h – colher amostra de sangue de cada lúmen além da periférica. ** Cada hora de atraso ↑ mortalidade em 7,6%. Respeitar flora local, prever descalonamento mediante cultura. Dose inicial máxima. *** Abordagem cirúrgica9: - em 3 h – mortalidade = 25,1%; - em 12-18 h – mortalidade = 63,7%; - sem cirurgia – mortalidade = 96,4%. # #Caso não alcance as metas hemodinâmicas – Elevar hematócrito para 30%. e) Alcançar a normalização do lactato (2C) 6. Infusão de inotrópicos A infusão de dobutamina de até 20 mcg/kg/min pode ser iniciada ou acrescentada ao vasopressor se houver: (a) disfunção miocárdica sugerida por altas pressões de enchimento ventricular ou baixo débito cardíaco, ou (b) diante da sinais de hipoperfusão a despeito da reposição volêmica e PAM adequadas (1C). B3. Outras medidas Corticoide: Não utilizar corticoide no tratamento do choque séptico se houver resposta adequada à expansão volêmica e terapia vasopressora. Caso não haja resposta satisfatória sugere-se administrar hidrocortisona 200 mg/dia IV (2C). Controle glicêmico: Iniciar insulina quando houver duas medidas consecutivas de glicose > 180 mg/dL, tendo como meta terapêutica a obtenção de níveis glicêmicos ≤ 180 mg/dL (1A). A glicemia deve ser monitorada a cada 1-2 horas. Após estabilização da infusão de insulina, a cada 4 horas (1C). Ventilação mecânica: Manter pressão de platô < 30 cm H2O em todos os pacientes sob ventilação mecânica (1B) e volume corrente de 6 mL/kg caso haja SDRA (1A). 69 Cardiovascular 69 Cardiovascular DAtA HoRA A. FICHA DE DEtECÇÃo DE PACIENtES SÉPtICoS (tRIAGEM) 1. Dois ou mais dos itens abaixo foram assinalados? Alterações clínicas Alterações laboratoriais ( ) Temperatura > 38,3ºC ou < 36ºC ( ) Leucócitos > 12.000 ou < 4000/mm3 ( ) FR > 20 mpm ( ) Mais de 10% de leucócitos imaturos ( ) FC > 90 bpm ( ) PCR ou procalcitonina > 2x a referência ( ) PAS < 90 mmHg ou PAM < 70 mmHg ( ) Lactato > 1 mmol/L (suspeitar de sepse) ( ) Diminuição do enchimento capilar ( ) Glicemia > 140 mg% em não diabéticos ( ) Necessidade de O2 suplementar ( ) RNI > 1,5 ou PTTa > 60 seg ( ) Encefalopatia (sonolência, confusão, coma) ( ) Plaquetas < 100.000/mm3 ( ) Diurese < 0,5 mL/kg/h por + de 2 horas ( ) bilirrubina total > 2 mg% ( ) Edema ou balanço hídrico > 20 mL/kg /24h ( ) ↑ da creatinina ≥ 0,5 mg% ( ) Íleo 2. A história é sugestiva de infecção aguda? ( ) Pneumonia/empiema ( ) Infecção urinária ( ) Infecção intra-abdominal ( ) Meningite ( ) Inflamação de partes moles ou pele ( ) Infecção de articulações ou ossos ( ) Infecção de ferida ( ) Infecção de cateter intravascular ( ) Endocardite 3. Se resposta SIM para questão 1 e 2: SuSPEITAR DE INFECÇÃO ( ) Solicite: hemoculturas (1 par) antes do antibiótico, com intervalo de 15 minutos ( ) Solicite: gasometria e lactato arterial, hemograma, glicose, Na, K, ur, Cr, bilirrubina Conforme a clínica: ( ) Exame de urina ( ) Raio-X de tórax ( ) Amilase ( ) Tomografia Sepse 70 Cardiovascular 70 Cardiovascular 4. Há algum (BAStA UM) dos critérios de disfunção orgânica aguda? ( ) PAS < 90 ou PAM < 65 mmHg ( ) SpO2 < 90% com ou sem suplementação de oxigênio ( ) Creatinina > 2,0 mg/dL ou débito urinário < 0,5 mL/kg/h ( ) bilirrubina > 2 mg/dL ( ) Contagem plaquetária < 100.000/mm3 ( ) Lactato > que o valor de referência ( ) Coagulopatia (RNI > 1,5) 5. Se um item foi assinalado na questão 4: É SEPSE GRAVE Inicie COM uRGÊNCIA o pacote de ressuscitação. Adote a check-list da página 64 DATA HORA B1. PACOTE DE 3 HORAS (As medidas devem ser cumpridas em 3 horas) LACTATO E ANTIbIOTICOTERAPIA (sugestão de ATb – página 65) ( ) Anote data e hora da obtenção do resultado do lactato ( ) Iniciar antibiótico de amplo espectro em menos de 1 hora ( ) Drenagem ou remoção (uRGENTE) de foco infeccioso, se houver (abscesso, cateter...) em no máximo 12 horas PROCEDIMENTOS ( ) Cateterização arterial (PAMi) ( ) Cateterização venosa central (PVC) ( ) Cateterização vesical (CV) ( ) Após julgamento clínico considerou-se desnecessário ( ) PAM ( ) PVC ( ) CV FLuIDOTERAPIA ENDOVENOSA se PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg ou lactato > 2,1 mmol/L Administrar SF 0,9% 2.000 a 2.500 ml (30 mL/kg) IMEDIATAMENTE. DATA HORA B2. PACotE DE 6 HoRAS (As medidas devem ser cumpridas em 6 horas) ( ) Noradrenalina 0,02 µg/kg/min, titular até PAM ≥ 65 a 90 mmHg (anote hora PAM ≥ 65) PROCEDIMENTOS E METAS ( ) Cateterização arterial, medir a PAM continuamente e dosar lactato arterial a cada 3 horas ( ) Cateterização venosa central, medir PVC a cada hora e gasometria venosa central a cada 3 horas ( ) Cateterização vesical e medir a diurese a cada hora ( ) Após julgamento clínico considerou-se desnecessário ( ) PAM ( ) PVC ( ) CV AVALIAÇÃO DAS METAS TERAPÊuTICAS ( ) PAM < 65 mmHg ( ) Se PVC < 8 mmHg ou ΔPp > 13% – mais cristaloide ( ) Se PVC > 12 mmHg ou ΔPp < 13% – vasopressor 71 Cardiovascular 71 CardiovascularSepse ( ) PAM ≥ 65 mmHg e SvcO2 < 70% ou clearance de lactato < 10%: ( ) Se PVC < 8 mm Hg ou ΔPp > 13% – mais cristaloide ( ) Se PVC > 12 mmHg ou ΔPp < 13% – inotrópico DATA HORA B3. oUtRAS MEDIDAS CORTICOSTEROIDE ( ) Doses crescentes de vasopressores – Hidrocortisona 50 mg IV 6/6 h ou 200 mg IV contínuo em 24h ( ) Resposta satisfatória “a expansão volêmica e vasopressores – Não há indicação de corticoide CONTROLE GLICÊMICO ( ) Iniciar com glicemias capilares ou de sangue obtidos por cateteres de 2/2 a 4/4 h ( ) Iniciar infusão contínua de insulina se glicemia ≥ 180 mg/dL VENTILAÇÃO MECÂNICA ( ) Pressão de platô inspiratória < 30 cmH2O ( ) Titular menor PEEP necessária para impedir colapso pulmonar e garantir SpO2 > 90% ENFERMEIRO: MÉDICO: tERAPIA ANtIMICRoBIANA EMPÍRICA (adaptado de Micek et al.6) PRINCÍPIoS GERAIS - ATb deve ser iniciado em 1 hora (1b). - A sensibilidade antibacteriana da flora local deve ser levada em consideração (1b). - A infusão prolongada de ATb não se aplica à primeira dose . - Revisar os ATb em uso diariamente, avaliando a possibilidade de suspensão ou descalonamento (1b). - baixos valores de procalcitonina ou biomarcadore semelhantes (PCR), podem auxiliar na suspensao do ATb em pacientes com SIRS, mas sem foco infeccioso aparente (2C). - Considerar terapia antimicrobiana combinada (por 3 a 5 dias) em pacientes com sepse grave que sejam neutropênicos (2C) ou de difícil tratamento ou acometidos por bactérias multirresistentes (2b) ou com insuficiência respiratória ou choque séptico (2b). - Não utilizar ATb em pacientescom SIRS determinada por causas não infecciosas. - A duração da terapia antibiótica: 7 a 10 dias. Períodos maiores podem ser necessários se: resposta clínica fraca, foco infeccioso não drenável, bacteremia por S. aureus, algumas infecções fúngicas e virais ou imunodeficiências (2C). PNEUMoNIA ADQUIRIDA NA CoMUNIDADE (PAC) – PoRt III, IV e V (página 118) Sem fatores de risco para Pseudomonas ( ) Azitrominicina 500 mg 1x + Amoxi/clavulanato 0,5 a 1g, IV, 3x ou ( ) Azit + Ampi/sulbactam 1,5 a 3 g, IV, 4x Risco para Pseudomonas ou (ATb > 7 dias há menos de 1 mês, CT, desnutrição, doença pulmonar estrutural) 1a ( ) Azitromicina 500 mg, IV, 1x/5-7d ou Levo IV MAIS 2a ( ) Pip/Tazo 4,5 g 4x ou ( ) Cefepime 2 g, IV, 2x ou 2a ( ) Meropenem 2 g, IV, 3xBronquiestasia ou UtI Aspirativa ( ) Penicilina cristalina 2 milhões uI 6x ou ( ) Ampi/sulbactam 1,5 a 3 g, IV, 4x HIV ( ) bactrim (100 mg de sulfametoxazol/kg/dose) 4x. Avaliar associações IMPoRtANtE: - A dose de antibióticos betalactâmicos, que tem características farmacológicas hidrofílicas, deve ser a maior possível nos estágios iniciais da sepse, já que o espaço extravascular está aumentado neste momento. - A infusão dos antibióticos betalactâmicos deve ser entendida por 4 horas. - Apesar da associação de betalactâmico e aminoglicosídeo ser controversa, é possível que em pacientes muito graves, com choque séptico “nosocomial”, seja benéfica ocasionando diminuição da mortalidade. 72 Cardiovascular 72 CardiovascularSepse PNEUMoNIA NoSoCoMIAL (página 121) < 5 dias de internação ( ) Amoxacilina-clavulanato 1g, VO, 3x ≥ 5 dias de internação (conforme flora local) ( ) Pipe/tazobactam 4,5 g, IV, 4x ou ( ) Cefepima 1 a 2 g, IV, 2x ou ( ) Ceftazidima 1 a 2 g, IV, 3x (só se cultura + para pseudomonas) ou ( ) Imipenem 500 mg, IV, 4x ou Meropenem 1 a 2 g, IV, 3x Risco para MRSA Associar ao esquema: ( ) Vancomicina 1 a 2 g (15 mg/kg), IV, 2x ou ( ) Teicoplanina 400 mg (2x nas primeiras 24 horas). Após 24 horas – 1x/dia ou ( ) Linezolida 600 mg, IV, 2x SEPSE DE oRIGEM INDEtERMINADA Sepse grave comunitária ( ) Ampi/sulbactam 3g, IV, 4x ou ( ) Cefepima 1 a 2 g 2x Sepse grave nosocomial (conforme flora local) ( ) Pipe/tazobactam 4,5 g, IV, 4x ou ( ) Cefepima 1 a 2 g, IV, 2x ou ( ) Ceftazidima 1 a 2 g, IV, 3x (só se cultura + para pseudomonas) ou ( ) Imipenem 500 mg, IV, 4x ou meropenem 1 g, IV, 3x Infecção com choque séptico ou insuficiência respiratória ( ) A associação de beta-lactâmicos de amplo espectro com aminoglicosídeo ou quinolona antipseudomonas pode ser benéfica SEPSE DE oRIGEM ABDoMINAL Peritonite espontânea ( ) Ampi/sulbactam 3 g, IV, 4x Peritonite secundária com manifestação leve – moderada ( ) Ampi/sulbactam 3 g, IV, 4x ou ( ) Cefepime 1 a 2 g 2x + Metronidazol 500 mg 3x ou ( ) Pip/tazobactam 4,5 g, IV, 4x Peritonite secundária com manifestação grave ( ) Imipenem 500 mg, IV, 4x ou meropenem, IV, 3x ( ) Vanco / ( ) Teico Risco de VRE ou MRSA Pancreatite necro-hemorrágica ( ) Imipenem 500 mg, IV, 4x ou meropenem, IV, 3x INFECÇÃo Do tRAto URINÁRIo Comunitária ( ) Ampi/sulbactam 3 g, IV, 4x Nosocomial ( ) Pipe/tazobactam 4,5 g, IV, 4x ou ( ) Cefepima 1 a 2 g, IV, 2x ou ( ) Imipenem 500 mg, IV, 4x ou Meropenem 1 a 2 g, IV, 3x INFECÇÃo DA CoRRENtE SANGUÍNEA RELACIoNADA A CAtEtER (página 116) Imunocompetente ( ) Oxacilina 2 g, IV, 6x (maior potência contra MSSA) ou ( ) Vancomicina 1 a 2 g (15 mg/kg), IV, 2x ou ( ) Teico Imunodeprimido e/ou cateter tunelizado Considerar AtB terapia combinada ( ) Vancomicina 1 a 2 g (15 mg/kg), IV, 2x MAIS ( ) Pipe/tazobactam 4,5 g, IV, 4x ou ( ) Ceftazidima 1 a 2 g, IV, 3x ou ( ) Imipenem 500 mg, IV, 4x ou meropenem 1 a 2 g, IV, 3x (conforme flora) * Todas as doses ajustadas para ClCr de creatinina > 75 mL/min. Ajustes de doses podem ser necessários após 24h. Atentar sempre para o risco de infecção fúngica. Descalonar ATb após obtenção do resultado da cultura. Função do ATb é limitada sem a remoção urgente do foco infeccioso. Referências bibliográficas 1. Micek ST, Roubinian N, Heuring T, et al. before–after study of a standardized hospital order set for the management of septic shock. Crit Care Med. 2006;34:2707-13. 2. Kumar A, Kazmi M, Ronald J, et al. Rapidity of source control implementation following onset of hypotension is a major determinant of survival in human septic shock. Crit Care Med. 2004;32(suppl):A158. 3. Marshall JC, Maier RV, Jimenez M, et al. Source control in the management of severe sepsis and septic shock: An evidence-based review. Crit Care Med. 2004;32(Suppl):S513-S526. 4. Gilbert D, Moellering Jr RC, Eliopoulos GM, et al. the Sanford guide to antimicrobial therapy. 36th ed. Hide Park: Antimicrobial Therapy; 2012. 5. Gaieski DF, Pines JM, band RA.Impact of time to antibiotics on survival in patients with severe sepsis or septic shock in whom early goal-directed therapy was initiated in the emergency department. Crit Care Med. 2010 Vol. 38, No. 3 6. Kumar A, Safdar N, Kethireddy S, et al. A survival benefit of combination antibiotic therapy for serious infections associated with sepsis and septic shock is contingent only on the risk of death: A meta-analytic/ meta-regression study. Crit Care Med. 2010;38:1651-64. 7. brunkhorst FM, Oppert M, Marx G, et al; German Study Group Competence Network Sepsis (SepNet): Effect of empirical treatment with moxifloxacin and meropenem vs meropenem on sepsis-related organ dysfunction in patients with severe sepsis: A randomized trial. JAMA. 2012;307:2390-9. 8. Dellinger RP, Levy MM, Rhodes A, et al. Surviving sepsis campaign: international guidelines for management of severe sepsis and septic shock: 2012. Crit Care Med. 2013;41(2):580-637. 73 Cardiovascular 73 Cardiovascular Definição: é uma reação alérgica severa, secundária a qualquer estímulo, de início súbito, que geral- mente cessa em menos de 24 horas. Incidência: 15:10.000 trombólises; 1:5.000 picadas de Hymenoptera; 1:4.000 anestesias com morta- lidade de 3,4%. Características clínicas da anafilaxia Neurológicas Tontura, fraqueza, síncope, convulsão Oculares Prurido, congestão conjuntival, lacrimejamento Vias aéreas superiores Congestão nasal, rouquidão, estridor, edemas faríngeo e laríngeo, tosse, obstrução Vias aéreas inferiores Dispneia, broncospasmo, taquipneia, uso de músculos acessórios, cianose, parada respiratória Cardiovascular Taquicardia, hipotensão, arritmias, isquemia cardíaca, parada cardíaca. Uso prévio de β-bloqueadores e/ou IECA compromete a resposta à adrenalina Pele Eritrodermia, prurido, urticária, angioedema, rash maculopapular Gastrintestinal Náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia Fig. 1 Reações de 2ª fase ocorrem em 20% dos casos e geral- mente nas primeiras 8 horas. Novas evidências sugerem que podem ocorrer em até 38 horas. Um terço das reações de 2ª fase é mais severa que as iniciais. Comportamento bifásico da anafilaxia Tratamento Tratamento S ev er id ad e d o s si nt o m as Sintomas iniciais Sintomas 2ª fase 1-38 Exposição ao antígeno Tempo/h Choque anafilático Reação anafilática? SINAIS DE ALERtA Via aérea: edema, rouquidão, estridor Ventilação: FR, sibilos, fadiga, cianose, SaO2 < 92%, confusão mental Circulação: palidez, pele úmida e fria, hipotensão, fraqueza, sonolência/coma AbCDE Diagnóstico Checar: • Início súbito • Sinais de insuficiência respiratória (ou risco de) • Sinais de choque • Alterações cutâneas • Solicite auxílio • Deitar o paciente • Elevar MMII ADRENALINA1:1.000 (0,3 a 0,5 mL, IM) Repetir a cada 5 minutos se não houver melhora Medidas iniciais Garantir via aérea prévia • Oxigênio (10-15 l/min) • Infusão hídrica agressiva • Antagonistas H1 e H2 • Hidrocortisona Monitoração Oximetria Monitoração cardíaca Pressão arterial 74 Cardiovascular 74 Cardiovascular Tratamento A. Ações imediatas - Avaliar e assegurar vias aéreas pérvias - Rápida avaliação do nível de consciência - Sinais vitais - Epinefrina 1:1.000 0,3 a 0,5 mL, IM. Repetir a cada 5 a 15 min SN. Principal medida terapêutica - Epinefrina IV somente se houver hipotensão severa e refratária à administração IM - Suplementação de oxigênio B. Conforme avaliação clínica - Infusão hídrica vigorosa (mínimo 2.000 mL de cristaloide). “Em 10 minutos pode haver perda de 50% da volemia” - Antagonistas H1 - Difenidramina (Benadryl) 1-2 mg/kg, IV (até 50 mg), 4 a 6x/dia por 4 dias ou - Dexclorofeniramina (Polaramine) 1-2 mg/kg (até 50 mg) 4x/dia por 4 dias ou - Prometazina (Fenergan) 0,25-1 mg/kg, IV (até 25 mg), 2 a 4x/dia por 4 dias - Dimenidrinato (Dramin) 1,25 mg/kg, IV, 4x/dia por 4 dias – Há relatos anedotários do seu uso em reações anafiláticas menos intensas - Depois da fase aguda, pode-se converter a via de administração para oral - Antagonistas H2 (antagonistas H1 + H2 implicam melhor prognóstico se comparado ao uso isolado de antagonistas H1) - Ranitidina 1 mg/kg, IV, 3x/dia por 4 dias ou - Cimetidina 4 mg/kg, IV, 4x/dia por 4 dias - Depois da fase aguda, pode-se converter a via de administração para oral - Corticosteroides (são utilizados para evitar a recorrência e não para tratar a reação vigente) - Hidrocortisona 20 mg/kg/dose, 4x/dia, IV, ou - Prednisona 1 mg/kg, VO/dia - Glucagon 5-15 μg/min, IV. Indicado quando não há resposta hemodinâmica após administração da epinefrina (libera catecolaminas endógenas; independe de receptores β. É particularmente útil em usuários prévios de β-bloqueadores e possivelmente nos usuários de IECA) - Observação pós-tratamento - Sempre há risco de recorrência. É recomendável a observação por pelo menos 24 horas. A alta deve ser supervisionada. O paciente deve ser orientado em relação à possível recorrência Referências bibliográficas 1. Ellis AK, Day JH. Diagnosis and management of anaphylaxis. Review. CMAJ. 2003;19:307-11. 2. Winbery SL, Lieberman PL. Histamine and antihistamines in anaphylaxis. Clin Allergy Immunol. 2002;17:287-317. 3. Oliveira DC, Coelho OR, Paraschin K, et al. Angioedema related to the use of streptokinase. Arq Bras Cardiol. 2005;85:131-4. 4. Webb LM, Lieberman P. Anaphylaxis: a review of 601 cases. Ann Allergy Asthma Immunol. 2006;97:39-43. 5. Clark S, Camargo CA. Emergency treatment and prevention of insct-sting anaphylaxis. Curr opin Allergy Clin Immunol. 2006;6:279-83. 6. Sampson HA, Munoz-Furlog A, Campbell RL, et al. Second symposium on the definition and management of anaphylaxis: summary report. J Allergy Clin Immunol. 2006;117:391-7. 7. Resuscitation Council (uK). Emergency treatment of anaphylactic reactions. Guidelines for healthcare providers 2008. Disponível em: http://www.resus.org.uk/pages/reaction.pdf em 25/10/2008. 8. Kinirons P, Doherty CP. Status epilepticus: a modern approach to management. European Journal of Emergency Medicine. 2008;15:187-95. Choque anafilático 75 Cardiovascular 75 CardiovascularDrogas vasoativas Drogas vasoativas As drogas vasoativas são utilizadas com a finalidade de otimizar o débito cardíaco e, consequentemente, incrementar a perfusão e a oferta de oxigênio nos tecidos. As doses dos medicamentos citados neste capítulo e os algoritmos de administração dos fármacos em bombas de infusão constam dos Anexos II e III, respectivamente. Agentes vasopressores • É necessário uma PAM mínima (~ 65 mmHg) para haver fluxo tissular • ↓ complacência venosa e ↑ retorno venoso → ↑ DC • Iniciar quando a expansão hídrica adequada não aumentou a PAM (grau E) • Devem ser utilizados somente após expansão volêmica adequada • Com vasopressores monitorar invasivamente a PAM se disponível (grau E) • Devem ser administrados via acesso venoso central Noradrenalina (início de ação: 1 a 2 min; meia-vida: 2 min) • Pode ser utilizada como vasopressor inicial no choque séptico (grau D) • Aumenta mais consistentemente a PAM, com menor efeito sobre o DC, se comparada à dopamina • Não apresenta riscos sobre a perfusão renal em pacientes vasodilatados em doses terapêuticas • Não tem efeito no eixo hipotálamo-hipófise Dopamina (início de ação: 5 min; meia-vida: 10 min) • Pode ser utilizada como vasopressor inicial no choque séptico (grau D) • Aumenta menos a PAM e mais o DC, se comparada à noradrenalina (também pode ser utilizada no choque cardiogênico) • Dopamina em baixas doses não deve ser utilizada para proteção renal (grau B) • Pode induzir taquicardia ou taquiarritmia • Suprime a concentração de todos os hormônios dependentes da hipófise anterior, com exceção do cortisol Adrenalina (início de ação: 3 a 10 min; meia-vida: 2 min) • Adrenalina e fenilefrina não devem ser utilizadas como vasopressores de primeira linha no choque séptico (grau D) • Seu uso deve ser limitado aos pacientes que não respondem às terapias convencionais • Diminui intensamente o fluxo esplâncnico e tende a aumentar os níveis de lactato • Doses intermediárias frequentemente levam a arritmias Vasopressina (hormônio antidiurético/arginina vasopressina) • Por agir em receptores V1, exerce potente ação vasopressora • Apesar da evidência de sua segurança e efetividade, tem como fator limitante a possibilidade de induzir isquemia tecidual • Exerce ação vasopressora no choque vasoplégico por diferentes mecanismos de ação • A vasopressina pode ser utilizada em pacientes com choque refratário (ressuscitação volêmica adequada e vasopressores em dose alta) (grau E) • A administração é contínua na dose de 0,01 a 0,04 UI/min em conjunto com outros agentes • Sua meia-vida é de 6 min Terlipressina • É análoga à vasopressina • Restrições: é administrada em bolus, tem meia-vida de 6h e tempo de ação de 30-60 min • Pode ser administrada em bolus IV a cada 6h (0,5 mg para pacientes com peso 50-70 kg, 1 mg para 70-90 kg e 1,5-2 mg para 90 kg) 76 Cardiovascular 76 CardiovascularDrogas vasoativas Agentes inotrópicos • Indicados na presença de disfunção ventricular esquerda • Não devem ser utilizados para aumentar o débito cardíaco acima de níveis fisiológicos (grau A) Dobutamina (início de ação: 2-3 min; meia-vida: 2 min) • Aumenta o DC e causa vasodilatação. Melhora a perfusão periférica • Para evitar taquicardia e hipotensão arterial, deve ser utilizada somente após expansão volêmica adequada • É droga de escolha para aumentar o DC no choque séptico (grau E) • Aumenta o consumo de oxigênio pelo miocárdio, o que limita seu uso em pacientes com insuficiência coronariana • Apesar de melhorar agudamente o DC, não aumenta a sobrevida em pacientes com choque cardiogênico Milrinona e amrinona (inibidores da fosfodiesterase) • Aumentam o DC e diminuem a resistência vascular periférica • Deve-se ter cuidado especial com a PAM (podem causar hipotensão) • Meia-vida longa • Utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca grave • Pouco utilizados no choque séptico Levosimendan • Aumenta a contratilidade miocárdica e causa vasodilatação em vasos periféricos e coronarianos • Postulam-se como mecanismos de ação a melhor sensibilização da troponina ao cálcio e a abertura dos canais de ATP, dependentes de K+ • Demonstrou-se que há efeitos benéficos em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva Isoproterenol • É agonista específico para os receptores β1 e β2 • Produz efeitos inotrópicos e cronotrópicos positivos, broncodilatação e vasodilatação • Aumenta o consumo de oxigênio miocárdico, um importante fator que limita o seu uso Agentes vasodilatadores • Promovem dilatação arterial e/ou venosa, ↑ do DC e ↓ das pressões de enchimento ventriculares • Rápido início de ação quandoadministrados por via endovenosa e meia-vida de poucos minutos após interrupção Nitroglicerina • Vasodilatador predominantemente venoso. Em doses elevadas, há dilatação arterial • A ↓ do tônus venoso leva à ↓ da pré-carga e do diâmetro ventricular, que, por sua vez, ↓ a tensão da parede ventricular e a pós-carga • Indicada classicamente na insuficiência cardíaca aguda sem hipotensão arterial e na insuficiência coronariana • Efeitos colaterais: hipotensão, cefaleia e aumento dos efeitos citotóxicos mediados pelo óxido nítrico Nitroprussiato de sódio • Vasodilatador de padrão balanceado, arterial e venoso • A ↓ do tônus venoso leva à ↓ da pré-carga e ↓ do trabalho ventricular • Indicado classicamente nas emergências e urgências hipertensivas. Pode ser utilizado na insuficiência cardíaca severa • Pode haver tolerância e aumento de efeitos citotóxicos mediados pelo óxido nítrico • Efeitos colaterais: hipotensão e intoxicação por cianeto (rara), tratada com administração de hidroxicobalamina e diálise 77 Cardiovascular 77 CardiovascularDrogas vasoativas Tabela 2. Receptores ativados pelas catecolaminas α1 β1 β2 DA1 DA2 Noradrenalina + + + + – – – Adrenalina + + + + + + + + + + + + + + Dopamina + + + + + + + + + + + + Dobutamina + + + + + – – Dopexamina – + + + + + + + + DA: receptor dopaminérgico; +: atividade baixa; + +: atividade moderada; + + +: atividade alta. Tabela 1. Receptores de catecolaminas e suas ações DA: receptor dopaminérgico. Receptor Ação do receptor α1 Vasoconstrição arterial Aumento da contratilidade miocárdica α2 Constrição dos vasos venosos de capacitância Inibição do feedback da noradrenalina liberada nas fibras simpáticas β1 Aumento da contratilidade miocárdica Receptor Ação do receptor β2 Relaxamento da musculatura lisa brônquica Relaxamento da musculatura lisa vascular (músculos esqueléticos) DA1 Relaxamento da musculatura lisa vascular (esplâncnica e renal) Inibe recaptação de sódio no túbulo proximal renal DA2 Inibição da captação da noradrenalina nas fibras simpáticas Referências bibliográficas 1. Holmes CL. Vasoactive drugs in the intensive care unit. Curr opin Crit Care. 2005;11:413-7. 2. Dellinger RP, Carlet JM, Masur H, et al. Surving sepsis campaign guidelines for management of severe sepsis and septic shock. Crit Care Med. 2004;32:858-73. 3. Mullner M, urbanek b, Havel C, et al. Vasopressors for shock. Cochrane Database Syst Rev. 2006. 4. Spronk PE, Ince C, Gardien MJ, et al. Opening the microcirculation: can vasodilators be useful in sepsis? Lancet. 2002;360:1395-6. 5. Leone M, Martin C. How to use adrenergic support in sepsis. Adv Sepsis. 2006;5(3):78-87. 78 Cardiovascular 78 CardiovascularArritmias cardíacas Na UTI, raramente são eventos isolados. Usualmente, são manifestações clínicas de outras patologias (IAM, doença cardíaca congênita ou valvular, cardiomiopatias, doenças pulmonares, intoxicação por drogas ou alterações eletrolíticas). Como regras básicas: 1. Se a frequência cardíaca estiver acima do normal e o paciente estiver hemodinamicamente instável – cardioversão elétrica imediata até o retorno a ritmo sinusal. 2. Se a frequência cardíaca estiver abaixo do normal e o paciente estiver sintomático – instale um marcapasso cardíaco transcutâneo ou transvenoso. Atenção! - As doses dos fármacos a serem utilizados estão na página 77. - A orientação para a realização de cardioversão elétrica consta na página 77. Algoritmo das bradiarritmias • Lenta – FC < 60 bpm • Relativamente lenta – FC menor que a esperada para a condição subjacente Caso a bradicardia seja de início súbito, suspeitar de hipoxemia ou acidose agudas Causas comuns de bradicardia • Degeneração do tecido de condução cardíaco associado com a idade • Doenças cardíacas estruturais (infarto, valvulopatias) • Hipertensão arterial • Miocardite infecciosa (ex. viral) ou inflamatória (ex. lúpus) • Complicação de cirurgia cardíaca • Hipotiroidismo • Alterações eletrolíticas (principalmente do potássio e do magnésio) • Hemocromatose • Medicamentos (beta-bloqueadores, bloqueador de canal de cálcio, clonidina, antiarritmicos, propofol) ABCD primário • Avalie AbC • Garantir vias aéreas (não invasivo) • Monitor/desfibrilador disponível SimNão ABCD secundário • AbC (TOT é necessário?) • O2-acesso IV-monitor-líquidos • SV, oxímetro, PANI • ECG de 12 derivações • RX de tórax • Anamnese e exame físico Angina pectoris ou má perfusão tissular associada à bradicardia? bAV 2o grau tipo II ou bAV de 3o grau Atropina 0,5-1,0 mg contraindicada se: bAV com QRS alargado (> 120 ms) Observar Sintomas de baixo débito? Marcapasso transvenoso Marcapasso transcutâneo SimNão SimNão Sim 79 Cardiovascular 79 CardiovascularArritmias cardíacas Taquicardia (FC > 120 bpm) Se FC > 150 – prepare-se para cardioversão imediata Se FC ≤ 150 – geralmente cardioversão imediata não é necessária Estabilidade hemodinâmica Instabilidade hemodinâmica (raro descompensar se FC < 150 bpm) • ECG de 12 derivações. Derivação esofágica SN • História clínica Cardioversão elétrica imediata 100, 200, 300, 360 J (página 77) QRS estreito (< 120 ms) QRS largo (> 120 ms) 3. Etiologia não definida (página 76) 4. TV estável monomórfica ou polimórfica (página 76) Avaliar 1. Condição clínica e função ventricular 2. A presença de pré-excitação ventricular 3. Duração da arritmia: superior ou inferior a 48h • A decisão de realizar cardioversão ou controle da frequência deverá ser clínica e individualizada. Como norma, sempre tentar cardioversão no flutter atrial RR irregular RR regular 1. Fibrilação atrial (página 74) 2. TSV de QRS estreito (página 75) 80 Cardiovascular 80 Cardiovascular FE < 40% FE > 40% 1. Fibrilação atrial (FA)Não cardioverter eletivamente sem anticoagular > 48 horas < 48 horas Controle da frequência 1. Controle da frequência 2. Preferencialmente converter para ritmo sinusal (avaliar contraindicações) Digital ou amiodarona Casos refratários: diltiazem Diltiazem ou verapamil ou betabloqueador ou propafenona ou amiodarona ou digital FE < 40% FE > 40% Situação que desaconselha cardioversão? 1. Cardioversão elétrica sincronizada ou 2. Amiodarona 1. Cardioversão elétrica sincronizada ou 2. Amiodarona ou procainamida ou propafenona Sim Não Avaliar anticoagulação definitiva 1. Anticoagular por 3 semanas seguido de 2. Cardioversão seguida de 3. Anticoagulação por 4 semanas Situações que desaconselham a conversão para ritmo sinusal • Duração > 6 meses • Idade avançada • Hipertireoidismo não controlado • DPOC • Síndrome braditaquicardia • Átrio esquerdo > 50 mm • Área cardíaca muito grande • Valvopatia cirúrgica • Intoxicação digitálica ou Cardioversão rápida 1. Heparina plena/24h 2. Ecotransesofágico (excluir trombo atrial) 3. Cardioversão elétrica 4. Anticoagular por 4 semanas Se a FA estiver associada com pré-excitação ventricular, não usar adenosina, betabloqueadores, bloqueadores de canal de cálcio, digitálicos Arritmias cardíacas 81 Cardiovascular 81 Cardiovascular 2. TSV de complexo QRS estreito (< 120 ms) Arritmias cardíacas • Manobras vagais e/ou • Adenosina Não reverteu Taquicardia juncional Função cardíaca preservada • NÃO fazer cardioversão elétrica! • Betabloqueadores ou bloqueadores de canal de cálcio ou amiodarona FE < 40%, sinais de congestão • NÃO fazer cardioversão elétrica! • Amiodarona Taquicardia atrial ectópica Função cardíaca preservada • NÃO fazer cardioversão elétrica! • Betabloqueadores ou bloqueadores de canal de cálcio ou amiodarona FE < 40%, sinais de congestão • NÃO fazer cardioversão elétrica! • Amiodarona Taquicardia sustentada de etiologia não definida Função cardíaca preservada Ordem de prioridade: 1. betabloqueadores ou 2. bloqueadores de canal de cálcio ou 3. Digital ou 4. Cardioversão elétrica sincronizada ou 5. Outros antiarrítmicos: amiodarona, procainamida,sotalol Ordem de prioridade: 1. Cardioversão elétrica sincronizada ou 2. Digital ou 3. AmiodaronaFE < 40%, sinais de congestão 82 Cardiovascular 82 CardiovascularArritmias cardíacas Há disfunção do VE? ( FE < 40%, sinais de congestão pulmonar) 3. Taquicardia com QRS alargado (> 120 ms) de etiologia não definida Sim Não Cardioversão elétrica (sincronizada) ou amiodarona Cardioversão elétrica (sincronizada) ou amiodarona ou procainamida 4. Taquicardia ventricular estável Monomórfica Atenção! Pode-se realizar cardioversão elétrica diretamente Polimórfica Há disfunção do VE? Intervalo QT basal Procainamida ou sotalol ou amiodarona ou lidocaína Amiodarona 150 mg, IV, em 10 min ou lidocaína 0,5 a 0,75 mg/kg (bolus) Faça então Cardioversão elétrica sincronizada Normal Alargado (sugere torsades de pointes) • Corrigir anormalidades eletrolíticas • Considerar: 1. Magnésio 2. Overdrive por marcapasso 3. Isoproterenol 4. Fenitoína 5. Lidocaína • Tratar isquemia miocárdica • Corrigir eletrólitos • Betabloqueador ou lidocaína ou amiodarona ou procainamida ou sotalol DISFuNÇÃO DE VE Não Sim 83 Cardiovascular 83 CardiovascularArritmias cardíacas ter disponível à beira do leito • Monitor cardíaco • Oxímetro de pulso • Equipamento de aspiração • Via venosa • Equipamento para intubação Orientação para cardioversão sincronizada Pré-medicação sempre que possível • Fentanil ou morfina + • Propofol ou • Midazolam ou • Diazepam Cardioversão sincronizada • TV – iniciar com 100 J • FA – iniciar com 100 J • TPSV – iniciar com 50 J • Flutter atrial – iniciar com 50 J Sem sucesso: Aumente sucessivamente dose de energia: 100, 200, 300 e 360 J Principais fármacos e suas doses Adenosina – em bolus IV rápido – dose inicial de 6 mg, seguido de bolus de 20 mL de solução salina e elevação da extremidade. Repetir com a dose de 12 mg cerca de 1-2 min se não houver resposta. uma terceira dose de 12 mg pode ser administrada cerca de 1-2 min depois. Amiodarona – Infusão rápida de 150 mg em 10 min. Pode-se repetir a dose inicial após 10 min, se necessário. Iniciar infusão de 360 mg em 6h (1 mg/min), seguindo-se com 540 mg em 18h (0,5 mg/min). Dose máxima diária de 2,2 g, IV. Atropina – 0,5 a 1,0 mg, IV, a cada 3-5 min. Não exceder a dose de 0,04 mg/kg. Administração traqueal – 2-3 mg diluídos em 10 mL de soro fisiológico. Diltiazem – 15-20 mg (0,25 mg/kg), IV, infusão em 2 min. Pode-se repetir em 15 min a dose de 20-25 mg (0,35 mg/kg), infusão em 2 min. Manutenção: 5-15 mg/h, ajustado de acordo com a FC. Esmolol – Bolus de 0,5 mg/kg/min em 1 min seguido com infusão de 0,05 mg/kg/min durante 4 min. Se necessário, ir aumentando a infusão em 0,05 mg/kg/min até atingir uma dose máxima de 0,3 mg/kg/min. Reduzir a dose de manutenção para 0,2 mg/kg/min, ou menos, assim que possível. Referências bibliográficas 1. Hood RE, Stephen RS. Management of arrhythmias in the emergency department. Cardiol Clin. 2006;24:125-33. 2. Varon J, Fromm RE. Handbook of Practical Critical Care Medicine. New York: Springer-Verlag; 2002; pp. 23-7. 3. Mangrum JM, DiMarco JP. The evaluation and management of bradycardia. N Engl J Med. 2000; p. 342:703. 4. Higa EMS, Atallah NA. Algoritmos do suporte avançado de vida em cardiologia. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar Unifesp/EPM – Medicina de urgência. São Paulo: Manole; 2005. pp. 13-28. Lidocaína – Bolus: 1,0 a 1,5 mg/kg (metade da dose em pacientes com disfunção de VE). Repetir o bolus a cada 5-10 min. Bolus máximo de 3 mg/kg. Manutenção: infusão 1-4 mg/min. Magnésio, sulfato de – PCR: 1-2 g diluídos em 10 mL de SG a 5%, IV, em 2 min. TV polimórfica: 1-2 g em 50-100 mL de SG a 5% em 5 a 60 min. Manutenção: de 0,5 a 1,0 g/h, IV, até obter o controle da arritmia. Metoprolol – 5 mg, IV, lento a cada 5 min até atingir dose máxima de 15 mg. Procainamida – Infusão de 20 mg/min até se obter controle da arritmia ou se atingir dose máxima de 17 mg/kg ou QRS alargar mais que 50% do tempo basal. Em casos de emergência, pode-se utilizar taxa de infusão de 50 mg/min. Manter infusão contínua de 1 a 4 mg/min. Propafenona – Bolus: 1 a 2 mg/kg em 3 a 5 min. Este bolus poderá ser repetido cerca de 90 a 120 min após. Manutenção IV: infusão de 0,5 a 1 mg/min diluída em SG a 5% em 1 a 3h. Iniciar VO assim que possível. Dose VO: de 450 a 900 mg/dia. Verapamil – Bolus IV de 2,5 a 5,0 mg em 2 min. Se necessário, repetir 5-10 mg, IV, após 15-30 min. Dose cumulativa máxima: 20 mg. Alterna- tiva: bolus de 5 mg, IV, a cada 15 min até se atingir dose total de 30 mg. 84 Cardiovascular 84 CardiovascularInsuficiência ventricular direita aguda (IVD) • É situação frequente e pouco reconhecida na prática clínica. • Conforme esquema fisiopatológico abaixo, se não houver interrupção do processo, rapidamente ocor- rerão insuficiência cardiocirculatória grave e óbito. É fundamental adotar medidas para a prevenção da IVD aguda: • Ventilar com a menor PEEP possível. • SEMPRE manter pressão de platô em vias aéreas < 30 cmH2O. Nos casos de IVD, a variação respiratória da pressão de pulso poderá ser falsamente alta, portanto incapaz de predizer responsividade cardiovascular à infusão de volume. ↑ Pós-carga do VD IAM de ventrículo direito Causas comuns • Embolia pulmonar • SDRA • Ventilação mecânica com PEEP elevada; miocardiopatia induzida pela sepse • Pós-operatório de cirurgia cardíaca IVD aguda ↑ Volume VD Insuficiência tricúspide ↑ MVO2 de VD Isquemia VD ↑ Pressão VD ↓ Perfusão coronária ↓ PAM ↓ DC ↓ Débito de VD↓ Complacência VE (desvio do septo) ↓ Pré-carga VE Diagnóstico Parâmetros inespecíficos de disfunção cardiocirculatória • Congestões hepática e renal, diminuição da PAM, com redução do débito urinário, distúrbio de coagulação, au- mento do lactato sérico • Turgência de jugulares e aumento da pressão venosa central (PVC) • Elevação do peptídeo natriurético cerebral (BNP) Cateterização de artéria pulmonar • Aferição das pressões de artéria pulmonar (PAP), de oclusão de artéria pulmonar (POAP), de átrio direito e do débito cardíaco • Importante na avaliação de impacto do tratamento, como com a reposição volêmica e os vasodilatadores pulmonares • É usual encontrar POAP normal e PAP elevada, o que ajuda no diagnóstico diferencial com IVE EcoDopplercardiograma • Exame não invasivo que sempre deve ser realizado diariamente até controle do quadro • Pode fornecer importantes informações sobre a etiologia • Vários achados são usuais no cor pulmonale agudo: - Retificação/desvio do septo interventricular para dentro do VE; aumento da cavidade do VD; regurgitação tricus- pídea; hipertensão pulmonar estimada pelo Doppler Valor normal da PVC (< 12 mmHg) EXCLuI o diagnóstico de IVD aguda 85 Cardiovascular 85 Cardiovascular Tratamento Manuseio volêmico • Raramente é necessária infusão de volume, podendo esta, em alguns casos, piorar o quadro • Em algumas situações está indicado o uso de diuréticos ou hemofiltração Ventilação mecânica • Instituí-la sempre que houver instabilidade hemodinâmica severa • Importante na redução do consumo de O2 • CUIDADO: potencial risco de agravar a IVD! Adotar ventilação protetora • Posição prona: há relato de melhora significativa na função do VD naqueles pacientes com SDRA grave (PaO2/FiO2 < 100) ventilados nessa posição Vasopressores • Usar sempre que houver hipotensão (PAM < 65 mmHg) com o objetivo de melhorar a perfusão de coronárias Inotrópicos positivos • Considerar o uso de inotrópicos positivos caso se mantenham sinais de hipoperfusão tissular • Dobutamina; levosimendana Vasodilatadores (redução da pós-carga do VD) • Sistêmicos: em pacientes com IVD isolada, pode haver benefício com uso de vasodilatadores sistêmicos (nitrogli- cerina, nitroprussiato, prostaglandina E1). Cuidar com hipotensão • Inalatórios: óxido nítrico (há melhora dos sintomas, mas não há comprovada redução da mortalidade. Sua inter- rupção abruptapode causar hipertensão pulmonar rebote); prostaciclinas (PGI2) Referências bibliográficas 1. Jardin F. Right ventricular function and positive pressure ventilation in clinical practice: from hemodynamic subsets to respirator settings. Intens Care Med. 2003;29:1426-34. 2. Vieillard-baron A, Charron C, Caille V, et al. Prone positioning unloads the right ventricle in severe ARDS. Chest. 2007;1440-6. 3. Greyson CR. Pathophysiology of right ventricular failure. Crit Care Med. 2008;36:S57-64. 4. Vieillard-baron A, Prin S, Chergui K, et al. Echo–Doppler demonstration of acute cor pulmonale at the bedside in the medical intensive care unit. Am J Resp Care Med. 2002;166:1310-9. 5. Mebaza A, Karpati P, Renaud E, et al. Acute right ventricular failure – From pathophysiology to new treatments. Intens Care Med. 2004;30:185-196. 6. Monaco CG. O ventrículo esquecido. Como avaliar a função ventricular direita ao ecocardiograma. Rev Bras Ecocardiografia. 2001;3:29-39. 7. Jardin F. Cyclic changes in arterial pressure during mechanical ventilation. Intensive Care Med. 2004;30:1047-50. 8. Magder SA. Clinical usefulness of respiratory variations in arterial pressure. Am J Respir Crit Care Med. 2004;169:151-5. 9. Greyson CR. Right heart failure in the intensive care unit. Curr opin Crit Care. 2012;18:424-31. Insuficiência ventricular direita aguda (IVD) 86 Respiratório 86 RespiratórioDerrame pleural (DP) Definição • É o acúmulo de líquido na cavidade pleural. • Quatro mecanismos são capazes de elevar o fluxo de líquido pleural: aumento da pressão hidrostática, na microcirculação sistêmica; diminuição da pressão oncótica, plasmática; aumento da permeabilidade capilar, pleural; diminuição da pressão no espaço pleural. • Os fatores que dificultam a saída de líquido do espaço pleural estão basicamente relacionados à redução da função linfática pleural. • Outra possibilidade de formação de DP é a passagem de fluidos da cavidade abdominal para o espaço pleural através de pertuitos, na superfície do diafragma, ou através da vasta circulação linfática existente entre o abdome e o tórax. Diagnóstico Os principais sintomas são: • Dor (tipo ventilatório-dependente por acometimento da pleura parietal). • Dispneia (mecanismos: dor e limitação imposta aos movimentos ventilatórios, por derrame pleural volumoso). • Tosse (relacionada ao estímulo de receptores pleurais). Exame físico • Redução ou abolição do frêmito toracovocal. • Murmúrio vesicular diminuído. • Macicez à percussão. Exames de imagem Radiografia anteroposterior de tórax • Presença de velamento homogêneo, obliterando os seios costofrênico e cardiofrênico. Geralmente no paciente deitado ocorre opacificação no hemitórax envolvido. Ultrassonografia (US) • Possui alta sensibilidade para diagnosticar DP, sendo realizada à beira do leito com aparelhos portáteis. As principais utilidades da US para a região torácica são avaliar e diferenciar espessamentos pleurais de derrames loculados, guiar punções pleurais diagnósticas ou terapêuticas e orientar punção-biópsia da pleura ou do pulmão. Tomografia axial computadorizada (TAC) de tórax • A TAC possui melhores sensibilidade e especificidade, podendo diagnosticar DP de pequenos volumes. Permite diferenciar os derrames livres, loculados e as estruturas sólidas, além de considerar a natureza do derrame, seja pelo coeficiente de atenuação do líquido, seja pela sua relação com as estruturas adjacentes. Angiotomografia de tórax • A angiotomografia de tórax tem papel importante na suspeita de DP ocasionado por embolia pulmonar, devendo de preferência ser realizada após esvaziamento da cavidade pleural. 87 Respiratório 87 Respiratório Análise do líquido pleural Aparência Sanguinolenta: câncer, TEP, trauma, pneumonia Líquido turvo: presença de células e debris (parapneumônico/empiema) ou alta concentração de lípides (quilotórax) Odor Fétido: etiologia bacteriana Cheiro de urina: urinotórax Citologia diferencial > 50% de neutrófilos: processo inflamatório pleural Predomínio linfocitário: tuberculose pulmonar e câncer Bioquímica pH ≤ 7,2 sugere empiema e requer drenagem Desidrogenase lática (DHL) elevada correlaciona-se diretamente com processo inflamatório pleural e é proporcional à intensidade da inflamação Proteínas totais > 3,5 g% exsudato Proteínas totais entre 2,0 e 3,5 g% – utilizar os critérios de Light Critérios de Light (a presença de dois dos três critérios abaixo define exsudato): • Relação proteína total no líquido pleural/sérica > 0,5 • Relação DHL no líquido pleural/sérica > 0,6 • DHL pleural > 2/3 do valor de referência sérico Causas comuns de DP Transudato Exsudato ICC Pneumonias TEP TEP Síndrome nefrótica Pancreatite Cirrose hepática Neoplasia Desnutrição Tuberculose Colagenoses Tratamento • Tratar a causa que levou ao derrame. • Avaliar toracocentese de alívio ou drenagem pleural. Complicações • Derrame septado. • Insuficiência respiratória. • Dificuldade do desmame ventilatório. Indicações para drenagem pleural • Derrame pleural de grande volume com dificuldade ventilatória ou de desmame. • Empiema (pH < 7,2 ou glicose < 40 mg% ou LDH > 200 mg% ou bacterioscopia positiva). Derrame pleural (DP) 88 Respiratório 88 Respiratório Considerar biópsia pleural Observar Não Sim Considerar broncoscopia Melhora dos sintomasTratar Evidências de embolismo pulmonar Realizar angio e TAC de tórax Tratar causa Sem diagnóstico Sem diagnóstico Diagnóstico realizado Tratar a causa Transudato Exsudato Tratar a causa Empiema Drenar Empiema Hemotórax Quilotórax (diagnósticos presumíveis) Obter no líquido pleural: citometria total/diferenciada, bacterioscopia por Gram, citologia, pH, cultura, amilase e critérios de Light Persistência do DP Observação Sim Não Derrame pleural (DP) Referências bibliográficas 1. Porcel JM, Light RW. Diagnostic approach to pleural effusion in adults. American Family Physician. 2006;73. 2. Rahman NM, Chapman SJ, Davies RJ. Pleural effusion: a structured approach to care. British Medical Bulletin. 2004;72:31-47. 3. Maskel MA, butland RJA. bTS guidelines for the investigation of unilateral pleural effusion in adults. thorax. 2003;58;8-17. 4. Davies CWH, Gleeson FV, Davies RJO, et al. bTS guidelines for the management of pleural effusion. thorax. 2003;58(suppl. II):ii18–ii28. 5. Light RW. Pleural effusion. N Engl J Med. 2002;346(25). 6. Porcel Pérez JM. Manejo práctico del derrame pleural. An Med Interna (Madrid). 2002;19:202-8. 7. Colice GL, Curtis A, Deslauriers J, et al. Medical and surgical treatment of parapneumonic effusion: an evidence-based guideline. Chest. 2000;118;1158-71. 8. Mattison LE, Coppage L, Alderman DF, et al. Pleural effusion in the medical ICu: prevalence, causes, and clinical implications. Chest. 1997;111;1018-23. Derrame pleural Possível DP hidrostático (ICC, nefrose, hipoproteinemia)? Não Toracocentese Sim Derrame assimétrico ou febre ou dor torácica 89 Respiratório 89 RespiratórioVentilação mecânica não invasiva (VNI) Definição Implica a colocação de dispositivos como máscaras nasais ou faciais, suportes orais, prongs nasais ou selos bucais para o fornecimento de assistência ventilatória mecânica, de modo intermitente ou contínuo. Deve ser realizada combinando-se a terapia medicamentosa adequada à condição clínica (*Grau de recomendação). INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES 1. Insuficiência respiratória aguda: • DPOC “agudizada” (*A) • Edema pulmonar cardiogênico (*A) • Lesão pulmonar aguda (*B) 2. Pós-operatório eletivo:## • Cirurgia torácica • Cirurgia de abdômen superior (veja contraindicações) 3. Pós-extubação 4. Pacientes terminais (*B) 5. Auxílio fisioterápico 6. Alterações da caixa torácica 7. Distrofias musculares 8. Apneia do sono • Agitação, Glasgow < 12 • Obstrução da VAS, trauma de face • Cirurgia de esôfago/face/VAS • Tosse ineficaz e ↓ da deglutição • Distensão abdominal • Vômito, HDA • Gravidez • Instabilidade hemodinâmica• Arritmia complexa • PAS < 90 mmHg • Síndrome coronariana aguda • Pneumotórax não drenado • Limitações estruturais p/ VNI # benefício na hipoxemia, especialmente em imunossuprimidos (*b). Maior benefício na IRpA hipoxêmica se ↑ PaCO2 associado (*b). Na VNI p/ IRpA hipoxêmica, deve-se manter vigilância e monitoração (*D). ## Cautela no POi de tórax e abdome. Respeitar contraindicações (*b) SIM NÃO INSUFICIÊNCIA RESPIRAtÓRIA • FR > 25 rpm • ↑ Trabalho respiratório • ↓ SpO2 < 90% e FiO2 > 30% • ↑ agudo da PaCO2 Auxílio fisioterápico Com falência respiratória, VNI pode ↑ mortalidade se houver demora na reintubação (*A) utilizada como estratégia de desmame, mas evidências ainda são insuficientes (*b) • Tórax instável (flail chest) • POi tórax ou abdome## • Reversão de atelectasia • Higiene brônquica Contraindicação? Considerar intubação + VM DPoC (*A) ou asma (*B) descompesados • PS + PEEP -PS p/ Vt = 6 a 8 mL/kg -PEEP 5 cmH2O • Nasal/facial EAP (*A) • CPAP 10 cmH2O ou • PS + PEEP -PS p/ Vt = 6 a 8 mL/kg -PEEP 5 a 10 cmH2O • Nasal/facial #Hipoxêmico (*B) • PS + PEEP -PS p/ Vt = 6 a 8 mL/kg -PEEP ≥ 7 cmH2O • Facial/facial total ##Pós-operatório (*B) • PS + PEEP -PS ≤ 15 cm H2O -PEEP < 7 cmH2O • Nasal/facial Ajuste da pressão inspiratória (IPAP = PSV): (1) Iniciar VNI com IPAP a 2 cmH2O > PEEP; (2) ↑ IPAP de 2/2 cmH2O, até Vt adequado; (3) Evitar IPAP > 25 cmH2O; (4) Não deixar de manter orientação ao paciente Piora Reavaliar em 2h Pós-extubação 90 Respiratório 90 RespiratórioVentilação mecânica não invasiva (VNI) Referências bibliográficas 1. Honrubia T, García López FJ, Franco N, et al. Noninvasive vs conventional mechanical ventilation in acute respiratory failure. A multicenter, randomized controlled trial. Chest. 2005;128:3916-24. 2. Truwit ID, bernard GR. Noninvasive ventilation – Don’t push too hard. NEJM. 2004;350:2512-5. 3. Sinuff T, Cook DJ, Randall J, et al. Evaluation of a practice guideline for noninvasive positive pressure ventilation for acute respiratory failure. Chest. 2003;123:2062-73. 4. Society AT, et al. International consensus conferences in intensive care medicine: noninvasive positive pressure ventilation in acute respiratory failure. Am J Respir Crit Care Med. 2001;163:283-91. 5. Popnick JM, et al. use of a support ventilatory system (biPAP) for acute respiratory failure in the emergency department. Chest. 1999;116:166-71. 6. Schettino GPP, Reis MA, Galas F, et al. III Consenso Brasileiro De Ventilação Mecânica: Ventilação Mecânica Não Invasiva com Pressão Positiva. Disponível em: www. sbpt.org.br/temp/VNI%20versão%20final.pdf. 7. Schettino G , Altobelli N, Kacmarek R. Noninvasive positive-pressure ventilation in acute respiratory failure outside clinical trials: experience at the Massachusetts General Hospital. Crit Care Med. 2008;36:441-7. 8. Gray A, Goodacre S, Newby DE, et al. Noninvasive ventilation in acute cardiogenic pulmonary edema. NEJM. 2008;359:142-51. RECoMENDAÇÕES PRÁtICAS • Ventilador apropriado • Ajuste a pressão expiratória (PEEP) • Ajuste a pressão inspiratória (IPAP = PSV) • Máscara adequada (a interface é a ideal?) • Orientar o paciente detalhadamente • Ajuste manual da máscara. “Demonstre que a máscara pode ser retirada a qualquer momento” • Ajustar as tiras de fixação da máscara somente após adaptação do paciente • Reavaliação frequente • Utilizar o maior período possível • Uso de ansiolítico (se necessário/se indicado) PREDItoRES DE SUCESSo DURANtE VNI • Pacientes mais jovens e menos graves • Melhor escore neurológico, habilidade para cooperar • Boa coordenação ventilador/paciente • Pouco escape de ar, dentição completa Macete: se houver muito escape, inserir a prótese dentária do paciente • A insuficiência respiratória hipercápnica (PaCO2 > 45 mmHg e < 90 mmHg) tem mais chance de resposta à VNI do que a insuficiência respiratória hipóxica • Melhora na troca gasosa, diminuição na FR e FC nas primeiras 2 horas de tratamento FALÊNCIA DA VNI • FiO2 > 60% • ↓ do pH e/ ou ↑ PaCO2 • FR > 35 rpm • ↓ consciência ou agitação • Instabilidade hemodinâmica • Arritmias • Isquemia miocárdica • Aerofagia • Intolerância à máscara CoMPLICAÇÕES • Necrose facial • Distensão abdominal • Broncoaspiração • Hipoxemia transitória • Ressecamento nasal, oral e/ou de conjuntiva • Barotrauma 91 Respiratório 91 RespiratórioBroncospasmo em paciente crítico Tratamento farmacológico III. Xantinas e sulfato de magnésio (recomendação grau D) Xantinas: reserva-se seu uso somente para casos não responsivos às demais medidas farmacológicas. Sulfato de magnésio: indicado em casos de asma severa. Administrar somente uma vez durante a inter- nação. Efeitos colaterais: hipotensão, bloqueio cardíaco, retenção urinária e depressão respiratória. IV. Oxigenoterapia (recomendação grau A) Todos os pacientes com saturação de oxigênio abaixo de 92% devem utilizar suplementação de oxigênio, administrado por cateter nasal, máscara facial ou de Venturi, dependendo da necessidade. Observar au- mento da hipercapnia os retentores crônicos. Em caso de dessaturação, optar por ventilação não invasiva. Dose ataque Dose de manutenção DPOC Hepatopatas Aminofilina 2,5–5 mg/kg, IV, 30 min 0,5 mg/kg/h 0,4 mg/kg/h 0,2–0,3 mg/kg/h Sulfato de magnésio 2g, IV, em 30 min — — — Droga Apresentação Dose mínima Dose máxima Intervalo (minutos) Adrenalina Ampolas de 1 mL com 1 mg 0,3 mg, SC 0,5 mg, SC 20 Terbutalina 0,5 mg/mL 0,25 mg, SC 0,75 mg, SC 20 Terbutalina 0,5 mg/mL 250 μg em 10 min, IV + infusão contínua 3 a 12 μg/min Fenoterol spray 100 ou 200 μg/jato 200 μg 400 μg 20 Fenoterol gotas para nebulização 5 mg/mL 2,5 a 5,0 mg 10 a 15 mg/h, contínuo 20 Salbutamol spray 100 μg/jato 200 μg 400 μg 20 Salbutamol gotas para nebulização 5 mg/mL 2,5 a 5,0 mg 10 a 15 mg/h, contínuo 20 Ipratrópio gotas para nebulização 0,25 mg/mL 0,5 mg 1,5 mg 240 Ipratrópio spray 0,02 mg/jato 2 jatos 12 jatos 240 De modo geral, a utilização de medicamentos inalados em pacientes intubados é menos eficaz pela deposição no tubo traqueal. Existem espaçadores próprios para uso durante ventilação mecânica. Acompanhar a curva dose/resposta dos medicamentos por meio do surgimento de taquiarritmias, hipocalemia e diminuição da pressão resistiva (Ppico – Pplatô). Droga Dose Via Intervalo Prednisona 40 a 60 mg VO A cada 12 ou 24 horas Metilprednisolona 60 a 125 mg IV A cada 6 ou 8 horas Hidrocortisona 3 a 5mg/kg/dose IV A cada 4 ou 8 horas II. Corticosteroide (recomendação grau A) Todo paciente com broncospasmo severo deve utilizar corticosteroide endovenoso ou por via oral, com equivalência de eficácia. O tempo total de tratamento deve ser de 10 a 14 dias. I. β-agonistas e anticolinérgicos (recomendação grau A) É essencial a utilização de β-agonistas em pacientes com broncospasmo. Sua via de utilização preferen- cialmente é a inalatória, independentemente de o paciente estar em ventilação espontânea ou mecânica. A aplicação concomitante de brometo de ipratrópio deve ser sempre adicionada em pacientes com asma ou DPOC que apresentem VEF1 abaixo de 30%. 92 Respiratório 92 RespiratórioBroncospasmo em paciente crítico V. Ventilação mecânica invasiva no broncospasmo severo VENTILAÇÃO INVASIVA Alteração neurológica ou instabilidade hemodinâmica Avaliar estados neurológico e hemodinâmico VNI – página 83 Sem resposta Normal ASMA 1. Peak flow < 30% do previsto 2. VEF1 < 15% previsto 3. Internações e entubações prévias 4. Distúrbios psiquiátricos 5. PaCO2 > 45 + hipoxemia DPOC 1. Com desnutrição severa 2. DPOC classe II ou III 3. Cor pulmonale 4. Internações prévias em uTI 5. Acidose respiratória 6. Hipoxemia severa Retardar a instituição da VM aumenta o trabalho respiratório, provoca fadiga muscular, difi- cultando a retirada futura da VM Instituir terapia farmacológica sem melhora Parâmetro Ventilação invasiva DPOC (*D) Ventilação invasiva da asma grave Ventilação não invasiva Modo ventilatórioVolume ou pressão controlados Pressão ou volume controlados (*D) Espontâneo – Sensibilidade máxima Volume corrente 6-8 mL/kg 5-7 mL/kg (*B) Variável Frequência respiratória 10-12/min 7-11/min (*B) 12-15 Volume-minuto Suficiente para manter pH entre 7,2 e 7,4, mesmo com ↑ da PaCO2 Relação I:E 1:5 a 1:8 ↑ 1:3 ou mais Fluxo inspiratório 5-6 x volume/min ou 40 a 80 l/min > 60 l/min (*B) Pressão de pico < 45 cmH2O < 50 cmH2O (*B) Pressão de platô < 30 cmH2O < 35 cmH2O (*B) Não mensurável PEEPi < 15 cmH2O (*B) PEEP 85% do valor da auto-PEEP 85% do valor da auto-PEEP (*C) EPAP 4-6 cmH2O Pressão de suporte (PS) IPAP 12-15 cmH2O PaCO2 > 40 e < 90 mmHg < 90 mmHg (*B) pH Entre 7,2 e 7,4 > 7,0 (*B) > 7,2 PaO2 Utilizar FiO2 necessária para PaO2 de 60 a 80 mmHg garantindo SpO2 > 90% Se o VT cair com PEEP aplicada, haverá provável aumento da hiperinsuflação; então, PEEP está contraindicada. 93 Respiratório 93 RespiratórioBroncospasmo em paciente crítico Referências bibliográficas 1. 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Inhalation therapy in invasive and noninvasive mechanical ventilation. Curr opin Crit Care. 2007;13:27-38. VI. Estratégias não convencionais VII. Ajuste da VM na fase de transição para o desmame (recomendação grau D) • Mistura hélio-oxigênio (Heliox) – DPOC ou asma refratária (*D) sua baixa densidade ↓ a resistência das vias aéreas, ↓ a auto-PEEP e o trabalho respiratório • Broncoscopia com lavado broncoalveolar: asma refratária remove os “plugs” de secreção com ↓ da resistência das vias aéreas • Quetamina endovenosa: tem atividade broncodilatadora e pode ser acrescentada ao esquema de sedação e analgesia – veja página 154 • Anestésicos inalatórios (isoflurano ou halotano) – Asma refratária (*C): grande atividade broncodilatadora. Isoflurano tem menos efeitos cardiovasculares • Circulação extracorpórea (*C) • Otimizar a interação paciente x ventilador: evitar a atrofia e o descondicionamento muscular respiratório, prevenir o desenvolvimento de fadiga muscular • Utilizar PEEPe próximo a 85% do PEEPi e reduzir o trabalho inspiratório • Ventilação com pressão de suporte (PSV) parece ser o melhor modo ventilatório para essa fase de suporte parcial. utilizar PSV necessário para FR de 20 a 30 rpm • Ventilação assistida proporcional (PAV) não é superior à PSV 94 Respiratório 94 RespiratórioVentilação mecânica no pulmão normal Axiomas da insuficiência respiratória 1. Ventilação alveolar refere-se à remoção de CO2. Insuflação alveolar diz respeito à oxigenação 2. Tentar normalizar o transporte de O2 (DO2) e não apenas a PaO2 3. Todo tratamento que vise à oxigenação (FiO2, PEEP, posição do paciente, uso de medicamentos inotrópicos etc.) deve sempre levar em conta a SvO2 4. Durante apneia prolongada, a hipoxemia que ocorre é fatal em minutos. A hipercapnia, isoladamente, nunca é fatal 5. Ao aumentar a FiO2, há diminuição do nitrogênio alveolar, podendo ocasionar atelectasias de reabsorção. Manter a menor FiO2 possível 6. Após a estabilização hemodinâmica inicial, tentar manter o paciente o mais “seco” possível 7. Não confundir pressões de enchimento (PVC, POAP) com volemia Referência bibliográfica 1. bartlett RH. Critical care physiology. boston: Little, brown and Company, 1996. 2. Ferguson ND. Low Tidal Volume for All? JAMA. 2012;308:1689-90. 3. Lellouche F, Lipes J. Prophylactic protective ventilation: lower tidal volumes for all critically ill patients? Intensive Care Med. 2013;39:6-15. 1. Sedar o paciente (página 154). 2. Escolher modo assistocontrolado. Ciclagem à pressão ou volume conforme a familiaridade da equipe. 3. Iniciar com volume corrente (VT) de 6-8 mL/kg do peso ideal (página 190). 4. Frequência respiratória (FR) inicial de 12-16/min com o objetivo de atingir um volume/min de 6 a 10 l (em adultos de 70 kg). Ajustes posteriores conforme PaCO2. Evitar altas frequências que possam levar ao auto-PEEP. 5. Volume-minuto (VM)= VT x FR. Aumento do volume-minuto cursa com diminuição da PaCO2. Para ajustar a PaCO2, aplique a seguinte fórmula: VM desejado = VM atual x PaCO2 atual PaCO2 desejado 6. Usar PEEP de 5 cmH2O. 7. Tempo inspiratório de 1-1,2 s. Diretamente ajustado no modo pressão-controlada e indiretamente no modo volume-controlado por meio do fluxo e do volume corrente (fluxo inspiratório = 3 a 5 vezes VM). 8. Relação I:E de 1:2-1:3. É dependente do tempo inspiratório e da frequência respiratória. Pode ser ajustada diretamente em alguns ventiladores. 9. Iniciar com fração inspirada de O2 (FiO2) de 100%. Após a estabilização, reduzir a FiO2 até um valor mínimo necessário para manter SpO2 ≥ 90%. Não há necessidade de manter a SpO2 muito maior que 90%. Evite FiO2 > 60%. 10. A sensibilidade do disparo deve ser a menor possível, sem que haja autodisparo do ventilador. Sugere-se iniciar com valores de -2 cmH2O nos disparos à pressão ou 2 l/min nos disparos a fluxo. 11. Sempre manter a pressão de platô de vias aéreas < 30 cmH2O. 95 Respiratório 95 Respiratório 1. Conceito É inflamação generalizada aguda do parênquima pulmonar, causada por diferentes patologias pul- monares ou extrapulmonares. É caracterizada por infiltrados pulmonares difusos, ↓ da complacência pulmonar e hipoxemia. 2. Diagnóstico e classificação A SDRA é classificada em leve, moderada e grave, conforme a oxigenação arterial. O seu diagnóstico se dá através da associação dos critérios 1 + 2 + 3 + 4 da tabela a seguir. Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) 3. Como ventilar? Objetivos principais: - Causar mínimo estresse pulmonar com a ventilação mecânica - Nunca Pplatô > 30 cmH20; nunca Vt > 6 mL/kg de peso predito. - Sempre PEEP suficiente para manter os pulmões abertos, evitando efeitos deletérios do “abre e fecha” alveolar. 1 Sedação e analgesia adequadas. A sedação adequada promove conforto e ↓ do trabalho respiratório. Evitar paralisia farmacológica contínua, no entanto é possível que o uso de bloqueadores neuromuscula- res nos primeiros momentos da SDRA ↓ a mortalidade! 2 Recomenda-se Vt baixo (≤ 6 mL/kg de peso ideal). É nítida a diminuição da mortalidade quanto menor a Pplatô utilizada. → Nunca ultrapassar os 30 cmH2O! Iniciar com Vt de 6 mL/kg. Se Pplatô > 30 cmH2O, reduzir Vt até 4 mL/kg 3 Frequência respiratória entre 15-20 ciclos/min. Se utilizar Vt muito baixo, considerar elevar a FR até 30-35 ciclos/min, para manter volume-minuto. 4 Caso necessário, tolerar níveis de PaCO2 até 80-90 mmHg, tentando manter pH > 7,2. Se níveis muito elevados ou contraindicação à hipercapnia (hipertensão intracraniana), considerar insufla- ção traqueal de gás (ver item 4) ou remoção extracorporea de CO2 5 PEEP: deve ser sempre utilizada em pacientes com SARA para minimizar o potencial de lesão pulmonar. É controverso o valor da PEEP a ser utilizada (PEEP ↓ ou PEEP ↑) Há racional em utilizar níveis altos de PEEP (> 15) naqueles pacientes que responderam à manobra de recrutamento alveolar. A utilização de níveis elevados de PEEP ( > 15 cmH2O) provavelmente é benéfica naqueles pacientes com SDRA grave (PaO2/FiO2< 100) O método de determinação da melhor PEEP também é controverso. Veja tabelas A e B 1. Hipóxia SARA leve PaO2/FiO2 entre 201 e 300 mmHg com PEEP ≥ 5 cmH2O SARA moderada PaO2/FiO2 entre 101 e 200 mmHg com PEEP ≥ 5 cmH2O SARA grave PaO2/FiO2 ≤ 100 mmHg com PEEP ≥ 5 cmH2O 2. Evolução dos sintomas Início ou piora dos sintomas respiratórios, dentro de uma semana, após um evento agudo 3. Exames de imagem torácica (Radiografia ou TAC) Opacidades bilaterais, que não sejam explicadas por: derrame pleural, atelectasia ou nódulos pulmonares 4. Origem do edema pulmonar A insuficiência respiratória não pode ser completamente explicada por insuficiência cardíaca ou sobrecarga hídrica. Se não houver fator de risco claro para SARA, considerar realização de exames objetivos, como ecocardiograma, para excluir edema pulmonar hidrostático 96 Respiratório 96 RespiratórioSíndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) 6 Usar FiO2 necessária para PaO2 ≥ 60 mmHg e/ou SpO2 ~ 92%. Ter como objetivos FiO2 < 70% e SpO2 ~ 92%. → Não são necessárias SpO2 muito maiores que 92% Níveis continuamente elevados de FiO2 podem causar atelectasias de reabsorção. 7 Usar o modo ventilatório que a equipe tem maior familiaridade (PCV ou VCV). 97 Respiratório 97 Respiratório 5. Maneiras para determinar a melhor PEEP B. PEEP x FiO2: ajustar a PEEP conforme a FiO2 necessária para SpO2 > 90% FiO2 0,3 0,4 0,4 0,5 0,5 0,6 0,7 0,7 0,7 0,8 0,9 0,9 0,9 1,0 PEEP 5 5 8 8 10 10 10 12 14 14 14 16 18 20–24 A. PEEP que proporciona a maior complacência Complacência estática: Cst = Vt/(Pplatô – PEEP) 1 Volume controlado com Vt 4 mL/kg e fluxo de 60 l/min 2 FR 10 com pausa inspiratória de 2 segundos para o cálculo da complacência estática 3 FiO2 = 100% e ZEEP 4 Manobra de recrutamento alveolar por 1 a 2 min 5 Voltar ao modo volume controlado com 4 mL/kg, ajustar PEEP em 25 cmH2O e reduzi-la progressivamente de 2 em 2 cmH2O, ajustar pausa inspiratória entre 1 e 2 s 6 Aguardar 4 minutos em cada patamar de PEEP 7 Verificar e anotar Pplatô no último ciclo de cada patamar durante a pausa inspiratória 8 Calcular complacência estática para cada nível de PEEP 9 Diminuir progressivamente a PEEP até um valor em que a complacência comece a diminuir de forma evidente 10 Identificar a PEEP em que a complacência alcançou o seu valor máximo 11 PEEP que corresponde à maior complacência, somada a 2 cmH2O, é a “melhor PEEP” 12 Realizar novo recrutamento e retornar à “melhor PEEP” Manobra de recrutamento Modo pressão controlada FiO2 = 100%, FR = 10 rpm PEEP = 25 cmH2O Ppico = 20 cmH2O acima da PEEP I:E = 1:1 Por 1 ou 2 minutos, monitorar continuamente PA, ritmo e SPO2 Abortar caso instável IMPoRtANtE • Garantir expansão volêmica adequada mantendo a variação respiratória da pressão de pulso arterial (∆PP) < 13% antes da aplicação da PEEP. Para calcular ∆PP, use Vt entre 8 e 10 mL/kg e PEEP < 8 cmH2O (veja página 53) • Elevação da ∆PP após elevação da PEEP – provável ↓ do débito cardíaco. 4. Insuflação traqueal de gás (ITG) A insuflação de gás (oxigênio ou ar) na traqueia reduz a PaCO2 basicamente pela diminuição do espaço morto fisiológico, “lavando” o CO2 do ar expirado Como fazer: a. Posicionar um cateter 14 G (cateter venoso central BD®) através do tubo traqueal 2 a 3 cm acima da carina b. O cateter pode ser introduzido por meio de um adaptador (swivel). Atentar para a vedação a fim de evitar vazamento de ar. Como alternativa, “puncionar” o tubo traqueal com a agulha do cateter, fixar a agulha no tubo com esparadrapo c. Conectar, utilizando um tubo látex, um umidificador com fluxo 4 a 8 L/min de oxigênio ou ar comprimido ao cateter de subclávia. É muito precária a umidificação deste modo. Suspender a ITG o mais precocemente possível para evitar ressecamento de secreções. Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) 98 Respiratório 98 Respiratório Referências bibliográficas 1. Marini JJ, Gattinoni L. Ventilatory management of acute respiratory distress syndrome: a consensus of two. Crit Care Med. 2004;32(1):250-5. 2. The National Heart, Lung, and blood Institute. Acute Respiratory Distress Syndrome (ARDS) Clinical Trials Network. Comparison of two fluid-management strategies in acute lung injury. N Engl J Med. 2006;354:2564-75. 3. Michard F, Chemla D, Richard C, et al. Clinical use of respiratory changes in arterial pulse pressure to monitor the hemodynamic effects of PEEP. Am J Respir Crit Care Med. 1999;159:935-9. 4. Hotchkiss JR, broccard AF. Modulating cofactors of acute lung injury 2005-2006: any closer to “prime time”? Curr opin Crit Care. 2007;13:39-44. 5. Meduri uG, Marik PE, Annanne D. Prolonged glucocorticoid treatment in acute respiratory distress syndrome: evidence supporting effectiveness and safety. Crit Care Med. 2009;37:1800-2. 6. Gattinoni L, Carlesso E, brazzi L, et al. Positive end-expiratory pressure. Curr opin Crit Care. 2010;16:39-44. 7. Papazian L, Forel JM, Gacouin A, et al. Neuromuscular blockers in early acute respiratory distress syndrome. N Engl J Med. 2010;363:1107-16. 8. Ranieri VM, Rubenfeld GD, Thompson bT, Ferguson ND, Caldwell E, Fan E, Camporota L, Slutsky AS. Acute respiratory distress syndrome: the berlin Definition. JAMA. 2012; 307(23):2526-33. Paciente com SDRA Manobra de recrutamento alveolar (MRA) 1-2 min 1. FiO2 = 100% 2. Pressão controlada de 20 cmH2O acima da PEEP 3. PEEP = 25 cmH2O 4. FR = 10 rpm 5. I:E = 1:1 Não há evidências de que a melhora nas trocas gasosas após MRA implique benefícios no desfecho clínico (*b) Ventilar (Tabela 3) com a melhor PEEP encontrada (Tabela 5A ou 5b) Pao2/Fio2 < 300 Repetir MRA com PEEP = 35 a 40 cmH2O. ↑ PEEP em 2 cmH2O em relação à PEEP anterior objetivo atingido Pao2/Fio2 > 300 Considerar posição prona se: PEEP > 10 cmH2O e FiO2 ≥ 60% para SpO2 ≥ 90%; ou complacência estática < 40 mL/cmH2O (*A) Manter o paciente em posição prona por 6 a 24 h QUANDo USAR CoRtICoStERoIDE? 1. Apresentação inicial muito severa (PaO2/FiO2 < 200 com PEEP > 10 cm H2O). Prescrever metilpredinisolona 1 mg/kg/dia. 2. Outra possibilidade de uso, porém com dose maior de metilpredinisolona (2 mg/kg/dia), é naqueles pacientes que não melhoram (sem diminuição de pelo menos 1 ponto do escore LIS) após 1 semana de tratamento. Manter esta dose por 2 a 3 semanas e ir reduzindo gradativamente pelas próximas 2 semanas (tempo total de uso: 4 a 5 semanas). CUIDADoS IMPoRtANtES 1. Vigilância intensiva de quadro infeccioso, iniciando antibiótico quando houver suspeição clínica. 2. Evitar uso concomitante de curare. 3. Não suspender subitamente o corticosteroide, pois há a possibilidade de exacerbação da inflamação pulmonar com piora clínica. Não se justifica, em pacientes adultos com SDRA, o uso rotineiro de: • Oxigenação extracorpórea ou remoção extracorpórea de CO2 (*b) • Óxido nítrico inalado (*A) • Surfactante (*B) Após o período de ressuscitação volêmica inicial, manter o paciente o mais “seco” possível *Grau de recomendação Pao2/Fio2 < 300 Pao2/Fio2 > 300 Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) 99 Respiratório 99 RespiratórioUso de óxido nítrico inalado (NOi) O NOi dilata seletivamente os vasos pulmonares que perfundem zonas bem ventiladas, resultando em melhor relação V/Q, melhor oxigenação e redução da hipertensão pulmonar. Entretanto, não há recuperação da oxigenação em todos os pacientes, e os fatores que determinam a capacidade de resposta são incertos. Não há redução da mortalidade com o seu uso. Indicação • Terapia de resgate na SDRA com hipertensão pulmonar MAIS hipoxemia refratária (PaO2 < 90 mmHg com FiO2 de 1,0) às medidas convencionais (uso de PEEP, manobras de posicionamento, modificações na relação I:E). Outra possibilidade de uso • Cor pulmonale agudo severo de diversas etiologias. Dosagem O NOi é administrado de 2 a 40 partes por milhão (ppm). No adulto, usualmente, a dose que ocasiona a melhor oxigenação está em torno de 10 ppm. Titulação Etapa1: Realizar teste com inalação de NO 40 ppm durante 1 hora. Coletar gasometria arterial. Etapa 2: Reduzir a dose a cada 30 minutos para 20 ppm – 10 ppm – 5 ppm. Coletar gasometrias arteriais após cada redução de dosagem. Etapa 3: A dose mínima de NO que induz a resposta máxima na PaO2 é considerada a dose ideal. A concentração inalada de NO2 deve ser mantida em níveis inferiores a 3 ppm. Observações Conceitua-se resposta positiva um aumento de pelo menos 20% na PaO2 durante a titulação. Caso não haja esse aumento mínimo, provavelmente a aplicação de NOi não será benéfica, apesar de o efeito máximo do NOi poder demorar até 4 horas para manifestar-se. O NO pode ser usado continuamente por dias a semanas. Interrupções súbitas ou tentativas de interromper a terapia podem resultar em piora da oxigenação e aumento da pressão da artéria pulmonar, portanto o desmame deve ser lento e progressivo. Pacientes tratados com NOi contínuo podem tornar-se sensibili- zados, respondendo pouco a grandes doses. Deve-se rever a titulação diariamente. Reações adversas A toxicidade potencial do NO relaciona-se com a formação de metaemoglobina e de dióxido de nitro- gênio (NO2). O NO liga-se à hemoglobina, formando a metaemoglobina uma forma de hemoglobina que não carreia oxigênio. Quando sua concentração é elevada nas hemácias, pode ocorrer uma “anemia funcional” e hipoxia tissular. Normalmente os níveis de metaemoglobina são < 1%. O uso clínico de até 40 ppm em adultos não causa metaemoglobinemia, se não houver deficiência na redutase desta. O NO2 é tóxico para o organismo, podendo desencadear quadro de edema pulmonar e severa dis- função renal. 100 Respiratório 100 RespiratórioUso de óxido nítrico inalado (NOi) Referências bibliográficas 1. Griffiths MJD, Evans TW. Inhaled nitric oxide therapy in adults. N Engl J Med. 2005;353(25):2683-95. 2. Cuthbertson bH. uK Guidelines for use of inhaled nitric oxide therapy in adults ICus. Intensive Care Medicine. 1997;23:1212-8. 3. Zwissler b, Kemming G, Habler O, et al. Inhaled prostacyclin (PGI2) versus inhaled nitric oxide in adult respiratory distress syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 1996;154:1671. 4. Dellinger RP, Zimmerman JL, Taylor RW, et al. Effects of inhaled nitric oxide in patients with acute respiratory distress syndrome: results of a randomized phase II trial. Inhaled Nitric Oxide in ARDS Study Group. Crit Care Med. 1998;26:15. Instalação A administração pode ser contínua ou sincronizada na fase de inspiração. É importante minimizar o tempo de mistura e contato do NO e do O2, evitando a formação de NO2. Assim, o ponto de administração deve estar o mais próximo possível do paciente, conforme mostra a figura. Fluxômetro Paciente Ventilador Monitor de NO e NO2 INSP EXP N2/NO Contraindicações 1. Absoluta: na presença de déficit de redutase da metaemoglobina. Condição rara que pode ser surpre- endida com a dosagem da metaemoglobina previamente ao início da terapia. 2. Relativas: na presença de diátese hemorrágica, hemorragia intracraniana e falência cardíaca esquerda grave (classe III ou IV da NYHA). 101 Respiratório 101 RespiratórioDesmame ventilatório “O DESMAME INICIA LOGO APÓS A INTubAÇÃO” • Avaliar continuamente a possibilidade de reduzir FiO2 e/ou PEEP • Realizar interrupção diária da sedação Adotar protocolo para identificar candidatos ao desmame (busca ativa) o paciente está pronto para iniciar desmame? Avaliar diariamente os itens abaixo: Avaliação respiratória • Reversão do processo que provocou a IRpA? • PaO2 > 60 c/ FiO2 ≤ 0,4 e PEEP ≤ 5 a 8 cmH2O? • Tosse eficaz? • Capacidade de iniciar esforço inspiratório? Avaliação hemodinâmica • Sem ou mínimos fármacos vasoativos? • Ausência de insuficiência coronariana ou arritmia com repercussão hemodinâmica? • Correção de sobrecarga hídrica? Avaliação neurológica • Glasgow ≥ 9 ou < 9 com traqueostomia e estabilidade neurológica • Sem ou mínimos fármacos sedativos outros • Sem intervenção cirúrgica nas próximas 24 h • Eletrólitos (K+, Ca++, Mg++, PO4 -) e ácido-base (pH 7,35 – 7,45) normais • Índice de Tobin: f/Vt < 106 Novo teste em 24 horas Tubo T Novo teste em 6-8h Tubo T NÃOSIM SIM para todos Teste de autonomia ventilatória em Tubo T por 30 min. Em pacientes com entubação prolongada é prudente estender o teste em tubo T até 2 horas Se os sinais de intolerância foram rapidamente reconhecidos: • Repousar em VM por 6h • Correção de distúrbios clínicos • Fisioterapia respiratória • Rever estratégia Se houve demora em reconhecer sinais de intolerância (possibilidade de fadiga muscular de baixa frequência) • Repousar em VM por 24h • Correção de distúrbios clínicos • Fisioterapia respiratória • Rever estratégia Extubação Pode ser precedida por teste do escape aéreo (Quadro II) Há sinais de intolerância? FR > 35 ou SpO2 < 90% ou f/Vt > 106 ou FC >140 ou alteração abrupta da PAS ou agitação ou sudorese ou nível de consciência ou respiração paradoxal Não tolerou Tolerou Tolerou ## Se falência respiratória, VNI pode ↑ mortalidade se houver demora na reintubação ## utilizada como estratégia de desmame, mas evidências ainda são insuficientes • Desmame difícil • Reabilitação pulmonar • Treinamento muscular • Novas estratégias? NÃO Desmame gradual Candidato à extubação tubo t progressivo • Alternar ventilação controlada com ventilação espontânea • Progressivamente, em etapas de 5 min, o tempo de ventilação espontânea até atingir 120 min Sucesso? PSV + CPAP: PSV para FR < 30 ciclos/min e Vt > 5 mL/kg ↓ 2 a 4 cmH2O, 2 a 4 x /dia Mantendo f/Vt < 106 Evitar SIMV 102 Respiratório 102 Respiratório tEStE DE ESCAPE DE VIAS AÉREAS • Com o paciente em VM, verificar o volume expiratório após desinflar o balonete. • Escape aéreo < 110 mL prediz edema e estridor laríngeo em 80% dos pacientes. • Tratamento com metilpredinisolona pode reduzir a ocorrência de estridor pós-extubação quando o escape aéreo é < 110 mL. EXtUBAÇÃo • Cabeceira entre 30° e 45° antes de extubar oUtRoS ASPECtoS • Avaliar contribuição dos trocadores de calor (filtros higroscópicos) na falência do desmame • Hormônio do crescimento não é recomendado • Transfusão sanguínea não está indicada para facilitar desmame • Dieta rica em gordura e pobre em CH pode beneficiar pacientes com baixa reserva ventilatória. Seu uso rotineiro não está indicado MÉtoDoS DIAGNÓStICoS NÃo INVASIVoS PARA DISFUNÇÃo CARDÍACA INDUzINDo FALHA No DESMAME VENtILAtÓRIo: 1. Ecocardiograma transtorácico 2. Dosagem de proteínas totais séricas imediatamente antes e após tentativa de desmame: um aumento na concentração de proteínas plasmáticas maior que 6% durante o desmame ventilatório significa edema pulmonar hidrostático induzido pelo desmame (sensibilidade de 87% e especificidade de 95%). PRoVAS tERAPÊUtICAS: • Diurético (furosemida) quando mecanismo for excesso de pré-carga. • Vasodilatador (nitrato) quando mecanismo for aumento de pós-carga. Desmame ventilatório Quadro I Há risco de edema laríngeo? 1. História de estridor laríngeo ou 2. Escape aéreo < 10% a 18% ou <110 mL ou Metilprednisolona 20 mg, IV, 4/4h – (Iniciar 12 horas antes da extubação) 2. Inserir cateter para troca de tubo oro-traqueal (CTTOT) Considerar: 1. Metilprednisolona 0,5 mg/kg/dia 2. Nebulizar com adrenalina (1 mg/5 mL NaCl 0,9%) 3. Inalação com (Heliox): Hélio 40% + Oxigênio 60% Sem resposta adequada em 1 hora: 1. Reintubar 2. Manter corticoide 3. VNI (Não há evidências suficientes) Extubar - Observação rigorosa Sem sintomas após 1 hora - Remover CTTOTEstridor pós extubação SimNão Em 30% das ocasiões, o desmame é difícil ou prolongado. Além de causas relacionadas com o desequilíbrio entre a carga e a capacidade da musculatura respiratória (ex.: aumento da resistência de vias aéreas, autoPEEP, fraqueza muscular), suspeitar de disfunção cardíaca (ICC e insuficiência coronariana). 103 Respiratório 103 Respiratório Referênciasbibliográficas 1. Goldwasser R, Farias A, Freitas EE, et al. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica: desmame e interrupção da ventilação mecânica. Disponível em: www.sbpt.org.br em 15/10/2006. 2. Oliveira LRC, José A, Dias EC, et al. Protocolo de desmame da ventilação mecânica: efeitos da sua utilização em uma unidade de terapia intensiva. um estudo controlado, pro- spectivo e randomizado. RBtI. 2002;14:22-32. 3. Alía I, Esteban A. Weaning from mechanical ventilation. Crit Care. 2000;4:72-80. 4. Cheng KC, Hou CC, Huang HC, et al. Intravenous injection of methylprednisolone reduces the incidence of postextubation stridor in intensive care unit patients. Crit Care Med. 2006;34(5):1345-50. 5. Vassilakopoulos T, Zakynthinos S, Roussos C. bench-to-bedside review: weaning failure-should we rest the respiratory muscles with controlled mechanical ventilation. Crit Care. 2006;10:204. 6. Epstein SK. Weaning from ventilatory support. Curr opin Crit Care. 2009;15:36-43. 7. Teboul JL, Monet X, Richard C. Weaning failure of cardiac origin: recent advances. Critical Care. 2010;14:211. 8. bastian HJW, Walther NKAM, Dave HTT, et al. Clinicas Review: Post-extubation laryngeal edema and extubation failure in critically ill adult pacients. Critical Care. 2009;13:233. Desmame ventilatório 104 Respiratório 104 Respiratório Tratar Não Sim Não Não Não Investigar outra causaInvestigar outra causa Investigar outra causa Sim Sim Sim Tratar Possibilidade de realizar exame de imagem Tratar Abordagem diagnóstica e terapêutica do tromboembolismo pulmonar Patologia de alta morbimortalidade. Sua rápida confirmação nem sempre é fácil ou possível, portanto é necessário esgotar as possibilidades diagnósticas não invasivas. Alguns exames são caros e, muitas vezes, inconclusivos, devendo ser utilizados de forma criteriosa em casos suspeitos, ordenando-os em algoritmos diagnósticos que sejam custo-efetivos. Quadro clínico Dor pleurítica, hemoptise, taquipneia, dispneia, taquiarritmias, hipoxemia e eventual instabilidade hemodinâmica. Suspeita clínica de TEP Pré-teste de probabilidade clínica (PPC) No de pontos Sinais clínicos e sintomas de TVP 3 Diagnóstico alternativo menos provável que TEP 3 Frequência cardíaca > 100 bpm 1,5 Imobilização ou cirurgia nas 4 semanas 1,5 TVP ou TEP prévios 1,5 Hemoptise 1 Câncer 1 baixa probabilidade se < 4 pontos Alta probabilidade se > 4 pontos D-dímero ≤ 500 ng/mL (VPN = 96%) Investigar outra causa Não Ecocardiografia Sobrecarga de VD D-dímero > 500 ng/mL Exame de imagem do algoritmo 2 com alterações Sim Exame de imagem do algoritmo 2 com alterações D-dímero (ELISA) Fácil acesso a exames de imagem e paciente hemodinamicamente estável AtENÇÃo “D-dímero elevado NÃO é diagnóstico de TEP”. Continue a investigação!! 105 Respiratório 105 RespiratórioAbordagem diagnóstica e terapêutica do tromboembolismo pulmonar - Doppler venoso de MMII (+ em 50% dos pacientes com TEP ou 15% dos pacientes com suspeita de TEP) • Negativo ou • Não disponível - Cintilografia V/Q • Alta probabilidade (VPP = 85% a 90%) • Moderada probabilidade (TEP em 30%) • Baixa probabilidade (TEP em 15%) • Dúvida ou • Não disponível • Negativo ou • Não disponível - Angiografia • Padrão-ouro • Indicada quando outros métodos não identificaram TEP • Alto custo e riscos maiores • Angiografia negativa (TEP em 1,6%) Investigação negativa Não é TEP Se perfusão normal – exclui TEP Cintilografia pulmonar • Em caso de doença preexistente (DPOC, PNM ou atelectasia), a especificidade é muito baixa. Se houve embolia prévia, podem-se detectar lesões residuais, dificultando diagnóstico de novo evento • Se o PPC é de alta probabilidade, mas a cintilografia é de baixa probabilidade, realizar angiografia • Cintilografia perfusional normal exclui TEP (valor preditivo negativo ~100%) • Cintilografia ventilatória pode ser eliminada na maioria dos pacientes sem redução na acurácia diagnóstica. Diminui a exposição à radiação Ecocardiografia transtorácica • Hipocinesia de VD e dilatação de VD são sugestivas. Trombo em AD, VD ou AP = forte evidência de TEP tomografia helicoidal pulmonar • TC helicoidal normal não afasta TEP (TEP subsegmentar soma 6% a 30% dos casos) • TC negativa + Doppler de MMII negativo descarta TEP com segurança. Pode detectar lesões residuais e dificultar diagnóstico de novo evento. Realizar Doppler MMII; se normal, afasta TEP em 99% Angiografia pulmonar • A angiografia diferencia TEP agudo do “crônico” Ecocardiografia transesofágica • Localiza trombos em AP direita e eventualmente em AP esquerda. Identifica bem êmbolos maciços - tC helicoidal • TEP central/lobar (sensibilidade de 94%) • TEP sub-segmentar (sensibilidade de 78%) • Exame normal não afasta TEP - Angio/tomo • Sensibilidade: 83% • Especificidade: 90% - tomo multislice: • Sensibilidade: 90% • Especificidade: 95% 106 Respiratório 106 RespiratórioAbordagem diagnóstica e terapêutica do tromboembolismo pulmonar Doses de heparina com base no peso corporal – Verificar KPTT a cada 6h. Faixa desejada = 46 a 70 s KPTT (segundos) Bolus Infusão contínua < 35 80 UI/kg Aumentar em 4 UI/kg/h 35 – 45 40 UI/kg Aumentar em 2 UI/kg/h 46 – 70 – 71 – 90 – Diminuir em 2 UI/kg/h > 90 – Interromper por 1 hora e diminuir 3 UI/kg/h Adaptado de: Raschke RA, Reilly bM, Guidry JR, et al. The weight-based heparin dosing nomogram compared with a standard care nomogram. A randomized controlled trial. Ann Intern Med. 1993;19:874. In: Nutrição enteral. Porto Alegre: Artmed; Marino PL. Compêndio de UtI. 1999;p. 7:109. Tabela 2 Terapia anticoagulante • Iniciar tratamento com heparina não fracionada IV ou heparina de baixo peso molecular SC em doses fixas em todos os casos confirmados ou com alta suspeita clínica de TEP ou TVP. • Iniciar heparina não fracionada com bolus de 80 UI/kg concomitantemente à infusão contínua de 18 UI/kg/h (ajustar dose conforme tabela 2) ou • Heparina de baixo peso molecular: Preferencial- mente, enoxaparina 1 mg/kg, 2x/dia. (Clearance de creatinina < 30%: 1 mg/kg, 1x/dia) • Terapia com anticoagulante oral deve ser iniciada no primeiro dia de tratamento com com heparina • A heparina pode ser descontinuada quando o RNI estiver na faixa terapêutica (entre 2 e 3) por dois dias consecutivos • Se há suspeita de TEP, iniciar IMEDIATAMENTE a an- ticoagulação plena (na ausência de contraindicações). Terapia trombolítica • Indicação: - TEP maciço com instabilidade hemodinâmica ou - TEP maciço com disfunção ventricular direita. • Não há indicação de trombolítico na ausência de sobrecarga ventricular direita • Dose de trombolítico: - t-PA 50 a 100 mg em 2h (50 mg em 2 h parece ter eficácia similar a doses maiores e, talvez, maior segurança). - Estreptoquinase 250.000 UI/30 min seguido de infusão 100.000 UI/h durante 24 horas Tabela 1 Referências bibliográficas 1. Siragusa S, Anastasio R, Porta C, et al. Deferment of objective assessment of deep vein thrombosis and pulmonary embolism without increased risk thrombosis. Arch Intern Med. 2004;164:1477-2482. 2. Merli G. Diagnostic assessment of deep vein thrombosis and pulmonary embolism. Am J Med. 2005;118:3S-12S. 3. Anderson DR, Kovacs MJ, Dennie C, et al. use of spiral computed tomography contrast angiography and ultrasonography to exclude the diagnosis of pulmonary embolism in the emergency department. J Emerg Med. 2005;29:399-404. 4. Wells PS. Advances in the diagnosis of venous thromboembolism. J thromb thrombolysis. 2006;21:31-40. 5. Wells PS, Anderson DR, Ginsberg J. Assessment of deep vein thrombosis or pulmonary embolism by the combined use of clinical model and noninvasive diagnosis tests. Sem thromb Hemostasis. 2000;26:643-56. 6. Stein PD, Sostman HD, bounameaux, H, et al. Challenges in the diagnosis acute pulmonary embolism. Am J Med. 2008;121:7. 7. Tapson V. Acute pulmonary embolism. NEJM. 2008;358:1037-52. 8. European Society of Cardiology: Guidelineson the diagnosis and management of acute pulmonary embolism. Eur Heart J. 2008;29,2276-315. 9. Clemens S, Leeper KV Jr. Newer modalities for detection of pulmonary emboli. Am J Med. 2007;120(10b):S2-S12. 10. Sanjeev DC, Eikelboom JW, Attia J, et al. Does this patient have pulmonary embolism? Jama. 2003;290:2849-58. 11. Kearon C, Kahn SR, Agnelli G, Goldhaber S, Raskob GE, Comerota AJ. Antithrombotic therapy for venous thromboembolic disease: American College of Chest Physicians Evidence- -based Clinical Practice Guidelines (8th Edition). Chest. 2008;133(suppl. 6):454S-545S. 12. Wang C, Zhai Z, Yang Y, Wu Q, Cheng Z, Liang L, et al. China Venous Thromboembolism (VTE) Study Group. Efficacy and safety of low dose recombinant tissue-type plasminogen activator for the treatment of acute pulmonary thromboembolism: a randomized, multicenter, controlled trial. Chest. 2010;137(2):254-62. 107 Gastroenterológico 107 Gastroenterológico Medida da PIA • A PIA deve ser medida no final da expiração com o paciente em posição supina completa • Não deve haver contração de músculos abdominais • Instilar 25 mL de solução salina estéril intravesical, com a calibração do zero na linha axilar média • Aguardar 3 minutos (para relaxamento do músculo detrusor da bexiga) Síndrome compartimental intra-abdominal (SCA) Definição Pressão intra-abdominal (PIA) com valores consistentemente aumentados acima de 20 mmHg associada a disfunção(ões) orgânica(s). A PIA normal em pacientes críticos é de 5 a 7 mmHg (1 mmHg = 1,36 cmH20). Fatores de risco para hipertensão intra-abdominal/SCA Diminuição da complacência da parede abdominal Obesidade extrema Cirurgia abdominal com fechamento sob pressão Politraumatismo/grande queimado Ventilação mecânica em posição prona Aumento do conteúdo intraluminal Gastroparesia Íleo Aumento do conteúdo intra-abdominal Hemoperitônio/pneumoperitônio Ascite Cirurgia de controle de danos “Vazamento” capilar Acidose (pH < 7,2) Hipotensão Hipotermia (temperatura central < 33ºC) Politransfusão (> 10 unidades de sangue ou derivados/24 horas) Coagulopatia Infusão maciça de fluidos (> 5 l/ 24 horas) Pancreatite Sepse Gradação Grau PIA (mmHg) PIA (cmH2O) 1 12 a 15 16 a 20 2 16 a 20 21 a 27 3 21 a 25 28 a 34 4 > 25 > 34 Indicações para monitoração sistemática da PIA (CoNSIDERAR A PIA UM SINAL VItAL): • Dois ou mais fatores de risco para hipertensão intra-abdominal/SCA. • Pacientes em ventilação mecânica e com disfunção orgânica. • Distensão abdominal associada a sinais de SCA (oliguria, hipóxia, hipotensão, aumento da PIC, acidose, isquemia mesentérica). • Reposição volêmica agressiva (choque). Tratamento EVItAR INFUSÃo HÍDRICA DESNECESSÁRIA 1. Cirúrgico • Graus 3 e 4: tratar definitivamente com laparotomia descompressiva. • Grau 2: se associada à disfunção orgânica, avaliar risco-benefício da laparotomia descompressiva. 2. Clínico a. Melhorar a complacência da parede abdominal • Sedação e analgesia. • Uso de bloqueadores neuromusculares. • Evitar cabeceira do leito muito elevada (> 40º). b. Evacuar conteúdo intraluminal • Aspiração nasogástrica. • Descompressão retal. • Medicamentos gastro/colo procinéticos. c. Evacuar coleções abdominais • Paracentese. • Drenagem percutânea. d. Corrigir o balanço hídrico positivo • Diuréticos. • Hemodiálise/ultrafiltração. Referências bibliográficas 1. Malbrain MNL, Deeren D, De Potter TJR. Intra-abdominal hypertension in the critically ill: it is time to pay attention. Curr opin Crit Care. 2005;11:156-71. 2. World Society of the Abdominal Compartment Syndrome. Disponível em http://www.wsacs.org. Bexiga Cavidade peritoneal Sonda uretral 20 15 10 5 0 cm H 20 Sínfise pública Diafragma Linha axilar média 108 Gastroenterológico 108 GastroenterológicoHemorragia digestiva alta não varicosa Risco baixo Escore de Rockall < 2 (Tabela 1) • Jejum • Um acesso venoso periférico • Iniciar 500 mL de SF a 0,9% • Reserva de 2 UI de C de hemácias • EDA em até 24 horas Risco moderado ou alto Escore de Rockall ≥ 3 (Tabela 1): • Considerar internação em UTI ou unidade intermediária • Jejum • O2 sob cateter 2 L/min • Dois acessos venosos periféricos • Iniciar 1.000 mL de SF a 0,9% • Reserva de 4 UI de C de hemácias • EDA em até 12 horas • Manter Hb > 7 g/dL. Maiores níveis desejáveis na presença de comorbidades (insuficiência coronariana) Suspeita de hemorragia varicosa Estratificação de risco Instabilidade hemodinâmica Definição Sangramento digestivo proveniente de sítio lo calizado entre a boca e o ângulo de Treitz, podendo manifestar- -se como hematêmese, vômitos ou aspirado de aspecto borráceo na sonda nasogástrica, melena ou enterorragia. Enterorragia pode ocorrer em hemor- ragias maciças com perdas superiores a 1.000 mL ou na presença de trânsito intestinal acelerado. Diagnóstico No momento da admissão do paciente, são im- portantes a avaliação dos sinais e sintomas de hipovolemia, que deverão nortear a estratégia de ressuscitação, a caracterização da hemorragia em varicosa e não varicosa, pela presença de sinais e sintomas de doença parenquimatosa crônica de fígado, a identificação do sítio de sangramento, por métodos endoscópicos, e o reconhecimento de va- riáveis clínicas e endoscópicas associadas a maior mortalidade e maior risco de recidiva hemorrágica. • L. Mallory Weiss • Esofagite erosiva • L. Dieulafoy • Angiodisplasia • Ectasia vascular antral • Neoplasias Sangramento em jato ou “babação” Considerar hemostasia endoscópica Úlcera péptica Forrest IIC ou III Dieta oral + IbP + tratar SN H. pylori 1a recidiva hemorrágica 2a recidiva hemorrágica ou falência do tratamento endoscópico Forrest I-IIA ou IIb (vaso visível) • Hemostasia endoscópica com termocoagulação ou clipes metálicos isoladamente ou em combinação com injeção de adrenalina • Jejum por 24 horas • IBP (pantoprazol/esomeprazol) 80 mg em bolus + infusão contínua por 72 horas Considerar cirurgia ou arteriografia Considerar tC de urgência, se cirurgia de aorta abdominal prévia, para afastar a presença de fístula aortoentérica Ver página 102 Não Não Sim Sim EDA (Considerar eritromicina 250 mg, IV, 30 minutos antes da endoscopia) Considerar IbP em infusão contínua, caso não seja possível realizar EDA em até 12 horas 109 Gastroenterológico 109 Gastroenterológico Tabela 1. Escore de Rockall Variáveis Pontuação 0 1 2 3 Idade (anos) < 60 60–79 > 80 Comorbidades Nenhuma grave – ICC, insuficiência coronariana, outras morbidades graves Insuficiência renal ou hepática, câncer metastático Hemodinâmica na apresentação Sem choque FC > 100 bpm e PAS > 100 mmHg PAS < 100 mmHg – Diagnóstico endoscópico Mallory-Weiss ou sem lesão Úlcera péptica, doença erosiva, esofagite Câncer do trato gastrointestinal alto – Estigma endoscópico Base limpa ou lesão pigmentada plana – Sangue visível, ou sangramento ativo, ou vaso visível ou coágulo aderido – Pontuação Incidência Ressangramento Mortalidade < 2 (risco baixo) 30% 4,3% 0,1% 3-5 (risco moderado) 48% 14% 4,6% 6-8 (risco alto) 22% 37% 22% Tabela 2. Risco de recidiva hemorrágica de acordo com a classificação de Forrest modificada Classificação de Forrest Prevalência Recidiva hemorrágica IA Sangramento em jato 18% 55% (17%-100%) IB Sangramento em “babação” IIA Vaso visível 17% 43% (0%-81%) IIB Coágulo aderido 17% 22% (14%-36%) IIC Lesão pigmentada plana 20% 10% (0%-13%) III Base limpa 42% 5% (0%-10%) Hemorragia digestiva alta não varicosa Referências bibliográficas 1. barkun NA, bardou M, Kuipers EJ, et al. International consensus recommendations on the management of patients with non-variceal upper gastrointestinal bleeding. Ann Intern Med. 2010;152:101-13. 2. bardou M et al. Diagnosis and management of nonvariceal upper gastrointestinal bleeding. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2012;9:97-104. 3. Laine L, Jensen DM. Management of patients with ulcer bleeding. Am J Gastroenterol. 2012;107:345-60. 110 Gastroenterológico 110GastroenterológicoHemorragia digestiva alta varicosa • Terlipressina 2 mg em bolus* • Coleta de hemograma, Na, K, ureia, creatinina, PT e F, BT e F, AST, ALT e INR • EDA de urgência ou, no máximo, em até 12h da admissão • Hemostasia endoscópica: - Preferencialmente com ligadura elástica - Considerar cianoacrilato se houver varizes gástricas • Jejum por 24h • Manter terlipressina 1-2 mg/dia, dependendo do peso corpóreo**, até controle do sangramento ou por 48 horas, estendendo o tratamento na posologia de 1 mg, 4/4 h, por 3-5 dias, para prevenção de recidiva hemorrágica • Considerar propranolol no 4o dia para início de profilaxia secundária Considerar TIPS precoce (< 72h) em pacientes Child b com sangramento ativo ou Child C 10-13 pelo ganho de sobrevida Rastreamento e profilaxia de infecções Hemocultura, sumário de urina, urocultura, punção de líquido ascítico, SN com citologia, cultura e albumina para obtenção do gradiente soro-ascite de albumina Norfloxacino 400 mg, VO, 12/12h, por 7 dias Considerar ceftriaxona 1 g/dia, IV, por 7 dias em pacientes com cirrose avançada Child C ou com sangramento clinicamente relevante Considerar colocação de balão de Sengstaken blakemore por, no máximo, 24h (intubação orotraqueal, sedação e ventilação mecânica) • Hematêmese ativa > 2 horas após início de terapia farmacológica ou endoscopia terapêutica. Em pacientes com SNG, considera-se aspiração de > de 100 mL de volume de sangue vivo • Desenvolvimento de choque hipovolêmico • Queda de 3 g na Hb (queda de 9% no Ht) na ausência de transfusão sanguínea Falência de controle endoscópico (imediata ou < 6h pós-hemostasia) Recidiva hemorrágica 1o episódio Considerar TIPS 2o episódio Considerar TIPS ou shunt cirúrgico na ??? possibilidade do TIPS Tentativa de controle endoscópico Considerar balão de Sengstaken blakemore * Terlipressina não deve ser empregada em pacientes em uso de propofol e vice-versa, devido à ocorrência de bradiarritmias fatais. Na presença de contraindicações à terlipres- sina, optar por octreotide ou somatostatina. ** 2 mg, de 4/4h, para pacientes com mais de 70 kg, 1,5 mg, de 4/4h, para pacientes entre 50 e 70 kg, e 1 mg, de 4/4h, para pacientes com menos de 50 kg. Referências bibliográficas 1. bittencourt PL, Farias AQ, Strauss E, Mattos AA; Members of the Pannel of the 1st brazilian Consensus of Variceal bleeding, brazilian Society of Hepatology. Variceal bleeding: consensus meeting report from the brazilian Society of Hepatology. Arq Gastroenterol. 2010,47:202-16. 2. de Franchis R, baveno V Faculty. Revising consensus in portal hypertension: report of the baveno V consensus workshop on methodology of diagnosis and therapy in portal hypertension. J Hepatol. 2010;53:762-8. • Jejum • O2 sob cateter nasal • Considerar dois acessos venosos periféricos (hematêmese/sangramento clinicamente relevante) • Expansão com cristaloides e papa de hemácias para manter Hb em torno de 7-9 g/dL, dependendo da idade e da comorbidade 111 Gastroenterológico 111 GastroenterológicoPancreatite aguda Definição Processo inflamatório agudo da glândula pancreática secundário à ativação de enzimas digestivas no interior das células acinares, que induzem à lesão e à necrose do parênquima pancreático, responsáveis por complicações locais (necrose pancreática, pseudocisto e abscesso) e sistêmicas (SRIS e disfunção orgânica) da pancreatite aguda (PA). As principais causas de PA são, em ordem de frequência: biliar (37%), alcoólica (20%), idiopática (17%), medicamentosa (6%), pós-CPRE (5%), hipertrigliceridemia (5%), obstru- ção por áscaris ou tumor (4%) e hipercalcemia (1%). O diagnóstico de PA baseia-se na presença de dor abdominal típica associada à elevação de amilase e lipase acima de três vezes o valor normal. A doença é classificada em leve e grave de acordo com a presença de SRIS, disfunção orgânica e necrose pancreática. • Ressuscitação volêmica • Analgesia: acetaminofeno ou outra droga de ação periférica potencialmente combinada com droga antiespasmódica na dor de pequena intensidade, acetaminofeno + tramadol (ou substituto) na dor moderada e acetaminofeno + meperidina ou buprenorfina ou infusão epidural de analgésicos na dor intensa ou refratária • Coleta de exames: Na+, K+, creatinina, hemograma, glicose, DHL, Ca++ e gasometria, lipase, amilase, proteína C reativa (48 horas), TGO, TGP, FA, GGT, triglicérides, radiografias de abdome e tórax, PA e perfil • Avaliação adicional de etiologia: US de abdome superior, questionamento do uso de drogas, pródromos virais, status do HIV, uso de álcool, CPRE ou cirurgia recente Conduta inicial Estratificação de gravidade Pancreatite aguda grave • Presença de falência orgânica com um ou mais critérios: PAS < 90 mmHg; PO2 < 60 mmHg; insuficiência renal (Cr > 2 mg/dL após expansão volêmica); hemorragia digestiva (> 500 mL em 24 horas) • APACHE II ≥ 8 • Pontuação na classificação de Ranson ≥ 3 • Presença de complicações locais: necrose, abscesso, pseudocistos Pancreatite aguda leve • Ausência de falência orgânica • APACHE II < 8 • Pontuação na classificação de Ranson < 3 • Pontuação inferior a 7 na escala de Balthazar com base em TC Pancreatite aguda grave (critérios adicionais) • Proteína C reativa > 150 mg/L nas 48 horas • Pontuação de 7 na escala de Balthazar com base em TC • Índice de massa corpórea > 30 • Idade superior a 70 anos • Hematócrito > 43% para homens e 39,6% para mulheres • Persistência de disfunção orgânica por mais de 48 horas 112 Gastroenterológico 112 GastroenterológicoPancreatite aguda Pancreatite aguda leve • Monitoração não invasiva • Analgesia • Jejum • SNG aberta se náusea ou vômitos • Hidratação e correção de distúrbios hidroeletrolíticos Melhora em 48-72 horas? Manter conduta Iniciar alimentação oral/enteral • Reavaliação diagnóstica • Nova estratificação de gravidade • TC de abdômen ultrassonografia de abdômen Sem coledocolitíase Com coledocolitíase Programar colecistectomia a partir do 10o dia Considerar CPRE Se colangite ⇒ Associar antibioticoterapia Sim Não Classificação de Balthazar com base em achados tomográficos 1. Aspecto pancreático à tAC de pâncreas 2. Intensidade de necrose pancreática Grau Pontos Percentual Pontos A – Pâncreas normal 0 Sem necrose 0 b – Aumento focal ou difuso do pâncreas 1 < 30% 2 C – Inflamação pancreática ou peripancreática 2 30% a 50% 4 D – Coleção peripancreática única 3 > 50% 6 E – ≥ 2 coleções peripancreáticas e/ou ar retroperitoneal 4 Escore total resultante da soma dos pontos encontrados nas duas colunas acima Mortalidade esperada (%) 0 a 3 3% 4 a 6 6% 7 a 10 17% Classificação de Ranson Na admissão • Idade > 55 anos • Leucócitos > 16.000/mm3 • Glicemia > 200 mg/dL • DHL > 350 UI • AST > 250 UI Após 48 horas • Queda do hematócrito > 10% • Aumento da ureia > 15 mg/dL • Ca++ < 8 mEq/L • PaO2 < 60 mmHg • Déficit de base > 4 mEq/L • Sequestro de fluidos > 6 L 113 Gastroenterológico 113 GastroenterológicoPancreatite aguda Referências bibliográficas 1. banks PA. Practice guidelines in acute pancreatitis. Am J Gastroenterol. 1997;92:377-86. 2. british Society of Gastroenterology. united Kingdom guidelines for the management of acute pancreatitis. Gut. 1998;42:S1-S13. 3. Johnson CD, Abu-Hilal M. Persistent organ failure during the first week as a marker of outcome in acute pancreatitis. Gut. 2004;53:1340-4. 4. Marik PE, Zaloga GP. Meta-analysis of parenteral nutrition versus enteral nutition in patients with acute pancreatitis. Papers. 2005;1-6. 5. Swaroop VS, Chari ST, Clain JE. Severe acute pancreatitis. Jama. 2004;291:2865-8. 6. Frossard JL, Steer ML, Pastor CM. Acute pancreatitis. the Lancet. 2008;371:143-52. 7. Pezzilli R, Zerbi A, Di Carlo V, bassi C, Delle Fave GF; Working Group of the Italian Association for the Study of the Pancreas on Acute Pancreatitis. Practical guidelines for acute pancreatitis. Pancreatology. 2010;10:523-35.TC helicoidal dinâmica ou ressonância magnética se creatinina > 2 mg/dL • Investigação inicial de necrose pancreática 3 a 5 dias após admissão • Avaliação subsequente de PA grave graus D e E de balthazar entre 7 e 10 dias • Investigação de complicações locais na presença de deterioração clínica Pseudocistos Abscesso Necrose Tratamento conservador - Cirurgia ou tratamento endoscópico após 6 semanas na presença de sintomas Drenagem cirúrgica e antibioticoterapia Punção aspirativa com agulha fina guiada por TC na suspeita de necrose infectada: 1) piora progressiva do leucograma; 2) deterioração clínica; 3) DMOS Gram ou cultura – Gram ou cultura + Necrose estéril Necrose infectadaManutenção de tratamento agressivo de suporte • Ajustar antibioticoterapia: Imipenem ou Cefalosporina de 3a ou 4a + metronidazol ou Piperacilina + tazobactam • Considerar desbridamento cirúrgico (preferencialmente entre a 2a e a 3a semana) Colelitíase Colecistectomia após resolução do quadro no mesmo internamento CPRE de urgência dentro das primeiras 48 a 72 horas Coledocolitíase com sinais de obstrução biliar e/ou colangite * uso controverso e sem comprovação de impacto na mortalidade. Conduta na pancreatite aguda grave • Admissão em unidade de terapia intensiva • Analgesia e SNG aberta na presença de íleo • Expansão volêmica agressiva de acordo com PVC e diurese • Considerar monitoração hemodinâmica invasiva na presença de instabilidade hemodinâmica e disfunção orgânica não reversível com ressuscitação volêmica adequada • Suportes respiratório e cardiovascular • Suporte nutricional enteral precoce com sonda em posição jejunal • Considerar antibioticoterapia apenas nos pacientes com instabilidade hemodinâmica e alto risco de infecção 114 Gastroenterológico 114 GastroenterológicoHemorragia digestiva baixa Definição Sangramento digestivo proveniente de sítio localizado entre o ângulo de Treitz e o ânus, podendo se manifestar como enterorragia e melena. Enterorragia pode ocorrer em hemorragia digestiva alta maciça com perdas superiores a 1.000 mL ou na presença de trânsito intestinal acelerado, e melena pode ser manifestação de sangramento digestivo baixo de menor monta, de sítio localizado em cólon direito ou intestino delgado. Diagnóstico No momento da admissão do paciente são importantes a avaliação dos sinais e sintomas de hipovolemia que deverão nortear a estratégia de ressuscitação e a identificação do sítio de sangramento pelo exame proctológico e por métodos endoscópicos. Na suspeita de sangramento hemorroidário, é importante a avaliação proctológica com anoscopia rígida antes do preparo do paciente para exame colonoscópico. Todo paciente com enterorragia e instabilidade hemodinâmica deve ser submetido, por outro lado, à sondagem gástrica e/ou à endoscopia digestiva alta para afastar causa de sangramento em trato gas- trintestinal superior. Referências bibliográficas 1. bounds bC, Friedman LS. Lower gastrointestinal bleeding. Gastroenterol Clin North Am. 2003;32(4):1107-25. 2. Farrell JJ, Friedman LS. Review article: the management of lower gastrointestinal bleeding. Aliment Pharmacol ther. 2005;21:1281-98. 3. Strate LL, Naumann CR. The role of colonoscopy and radiological procedures in the management of acute lower intestinal bleeding. Clin Gastroenterol Hepatol. 2010;8:333-43. 4. Kerr SF, Puppala S. Acute gastrointestinal haemorrhage: the role of the radiologist. Postgrad Med J. 2011;87:362-8. Estabilidade hemodinâmica? • Jejum • Um acesso venoso periférico • Iniciar 500 mL de SF a 0,9% • Reserva de 2 UI de papa • Jejum Veja protocolo de choque hipovolêmico na página 57 Lavagem gástrica Sangue presente Veja páginas 100 e 102 Sangue ausente/ bile presente Sítio não identificado Parada do sangramento? Considerar enteroscopia ou cápsula endoscópica ou na indisponibilidade do trânsito intestinal Considerar angio-TC ou cintilografia Exame inconclusivo por enterorragia maciça Estabilidade hemodinâmica? Colonoscopia second-look Considerar arteriografia Considerar cirurgia Sítio identificado Hemostasia endoscópica Sim Não* Sim Não Sim Não * Considerar tC de urgência, se cirurgia de aorta-abdominal prévia, para afastar a presença de fístula aortoentérica ** Considerar exame proctológico previamente à colonoscopia na suspeita de patologia orificial Colonoscopia em 6 horas** 115 Gastroenterológico 115 GastroenterológicoInsuficiência hepática aguda grave Definição Insuficiência hepática aguda grave (IHAG) é caracterizada pelo aparecimento de encefalopatia hepática (EH) no intervalo de oito semanas do início de quadro ictérico, na ausência de comprometimento prévio conhecido como função hepática. A mortalidade da IHAG (decorrente principalmente de hipertensão intracraniana secundária a edema cerebral) varia de 60% a 90% nos indivíduos com graus III e IV de en- cefalopatia hepática, havendo indicação nesses pacientes de transplante de fígado. Hepatite aguda grave (hipoalbuminemia/ascite/TP < 50%, INR > 2) Insuficiência hepática aguda grave EH Investigação de causa e tratamento etiológico específico. Considerar uso de N-acetilcisteína independentemente de antecedente de uso de paracetamol nos pacientes com EH graus I e II pelo ganho de sobrevida (vide Tabela 1) Transferência para centro com disponibilidade de transplante de fígado (www.abto.com.br) Monitoração do estado neurológico EH grau II Admissão em unidade de terapia intensiva Avaliação de critérios de indicação de transplante de fígado (Tabela 2) para priorização no sistema nacional de alocação e distribuição de órgãos EH graus III/IV Considerar Considerar intubação orotraqueal para proteção de via aérea Considerar monitoração de pressão intracraniana (PIC)* Medidas de suporte Suporte hemodinâmico • Monitoração hemodinâmica invasiva (PAM e PVC) em pacientes com EH graus III e IV • Avaliar risco/benefício do uso de cateter de artéria pulmonar em pacientes com instabilidade hemodinâmica e/ou disfunção orgânica (padrão de circulação hiperdinâmica com RVS baixa e IC elevado) • Manter PAM > 65 e 70 mmHg ou em níveis superiores, dependendo da PPC Prevenção e tratamento da insuficiência renal • Evitar agentes nefrotóxicos • Expansão volêmica • Na necessidade de terapia de reposição renal, usar preferencialmente hemofiltração/hemodiafiltração Manejo de infecções • Uso empírico de antibióticos de largo espectro (teicoplanina + cefalosporina de 3a geração) em pacientes com suspeita de sepse ou instabilidade hemodinâmica Manejo da coagulopatia • Evitar uso de plasma fresco (PF) antes da indicação de transplante hepático pelo valor prognóstico do INR • Na vigência de sangramento ou antes de procedimentos invasivos, empregar PF e crioprecipitado caso INR > 1,5-2,0 e fibrinogênio < 100 mg/dL. Considerar uso de fator VIIa recombinante (80 µg/kg) • Uso de plaquetas se níveis inferiores a 20.000/mm3 ou 50.000/mm3 antes de procedimentos invasivos Monitoração rigorosa de eletrólitos e níveis glicêmicos. Manter sódio sérico 145-155 mEq/L • Profilaxia de lesão aguda de mucosa gástrica uso IV de IbP Suporte nutricional Considerar uso de MARS (diálise extracorpórea com albumina) na indisponibilidade momentânea de órgãos para transplante hepático* *uso controverso e sem comprovação de impacto na mortalidade. 116 Gastroenterológico 116 Gastroenterológico Tabela 1. Avaliação etiológica e tratamento específico da IHAG Causa Avaliação de etiologia Tratamento específico Viral Hepatite A IgM anti-VHA Hepatite B agHbs, IgM anti-Hbc Hepatite delta (rara) anti-VHD Hepatite E (rara) anti-VHE Hepatite C (excepcional) anti-VHC Herpes simplex (rara) IgM e IgG anti-HSV Aciclovir IV EBV (rara) IgM e IgG anti-EBV Aciclovir IV CMV (rara) IgM anti-CMV Drogas História clínica (sugestiva ou compatível) Tratamento específico Acetaminofeno Uso intencional ou inadvertido (> 4 g) Níveis séricos: > 200 mg/dL 4 h apóso uso > 50 mg/dL 15 h após o uso N-acetilcisteína, VO 140 mg/kg + 70 mg/kg, 4/4 h, por 48-72 h ou N-acetilcisteína, IV 150 mg/kg, 200 mL de SG a 5% em 15 min + 50 mg/kg, 4/4 horas, até dose cumulativa total de 300 mg/kg Halotano, isoniazida, outros medicamentos Ervas e fitoterápicos Cogumelos contendo espécies de Amanita Penicilina IV Prevenção e manejo da hipertensão intracraniana • Cabeceira elevada entre 30º e 40º • Minimizar o uso de manobras invasivas: aspiração traqueal, mobilização no leito • Tratar hipoxemia e hipercarbia • No uso de monitoração da PIC*, empregar cateter subdural • Considerar monitoração concomitante da saturação venosa de bulbo jugular (SjO2) • Manter a pressão de perfusão cerebral (PPC) [PPC = PAM-PIC] idealmente acima de 60 mmHg com uso de drogas vasoativas ou medidas para hipertensão intracraniana (ver capítulo de TCE) • Tratar elevação progressiva (> 25 mmHg) ou sustentada (30-50 mmHg) da PIC por mais de 5 minutos • Uso de manitol 0,25-1 g/kg de acordo com PIC e PPC ou evidências clínicas e neurológicas de hipertensão intracraniana em pacientes sem monitoração de PIC • Em casos refratários (ver capítulo TCE), considerar coma barbitúrico, hipotermia moderada 32º a 33º e salina hipertônica * uso controverso e sem comprovação de impacto na mortalidade. Insuficiência hepática aguda grave 117 Gastroenterológico 117 Gastroenterológico Vascular Quadro clínico Tratamento específico Síndrome de Budd-Chiari US Doppler/arteriografia TIPS, descompressão portal e trombólise Hepatite isquêmica Congestão hepática (ICC) US Doppler Esteatose aguda Quadro clínico Indução do parto Síndrome HELLP Indução do parto Eclâmpsia Hepatite autoimune Autoanticorpos: AAML, AAN, AAMFR1 Considerar imunossupressão (prednisona 20 a 30 mg/dia) Doença de Wilson Cobre, ceruloplasmina Pesquisa de anel de Kayser-Fleischer Referências bibliográficas 1. bittencourt PL, et al. Encefalopatia hepática: relatório da 1a Reunião Monotemática da Sociedade brasileira de Hepatologia. GED. 2011,30:10-34 2. bittencourt Pl, Zollinger CC. Insuficiência hepática aguda. In: botoni FA & Dias FS (eds). Proami, Amib, 8o ciclo, módulo 4, 2011. p. 59-101. Tabela 2. Critérios para indicação de transplante hepático Paciente portador de insuficiência hepática aguda com descompensação definida pelos seguintes critérios: Kings College Clichy IHAG induzida por acetaminofeno • pH < 7,3 ou • INR > 6,5 e creatinina > 3,4 mg/dL Encefalopatia hepática associada a • Nível de fator V < 20% (pacientes < 30 anos) • Nível de fator V < 30% (pacientes ≥ 30 anos) IHAG induzida por outras causas – INR > 6,5 ou – ≥ 3 dos seguintes parâmetros: • Idade < 10 anos ou > 40 anos • Etiologia adversa (hepatite NANB, hepatite por halota- no ou outras drogas) • INR > 3,5 • BT > 17,6 mg/dL • Intervalo entre icterícia e encefalopatia > 7 dias Ministério da Saúde, Portaria no 541, 14 de março de 2002. Insuficiência hepática aguda grave 118 Gastroenterológico 118 GastroenterológicoEncefalopatia hepática Definição É uma síndrome neuropsiquiátrica complexa precipitada por alteração da função hepática. Pode fazer parte do quadro de falência hepática aguda ou crônica. Fisiopatologia Resultado do acúmulo de diversas toxinas (basicamente do intestino). - Hipótese da amônia: a principal das toxinas envolvidas na encefalopatia hepática é a amônia, que provoca excitação de neurotransmissores, despolarização de fibras nervosas e diminuição do fluxo sanguíneo cerebral. - Hipótese “GABAérgica”: GABA é uma substância neuroinibitória produzida no trato gastrointestinal. Vinte e quatro por cento a 45% das terminações nervosas cerebrais parecem ser “GABAérgicas”. Demonstrou-se recentemente que não há mudança nos níveis cerebrais de GABA ou na sensibilidade dos receptores GABA durante a encefalopatia hepática. Importante! Na insuficiência hepática, a massa muscular esquelética “substitui”, em parte, o fígado na depuração da amônia, e os rins têm papel fundamental na sua eliminação. O cérebro também funciona como “depurador” de amônia: glutamato + amônia = glutamina (nos astrócitos) → edema cerebral. Diagnóstico Alteração da função mental + evidências clínico-laboratoriais de hepatopatia (tremor de extremidades, hálito hepático, história prévia de doença hepática). O diagnóstico é de exclusão e eminentemente clínico. Devem-se afastar outras causas de alteração da função mental. Fatores desencadeantes • Dieta proteica excessiva (infrequente). • Anorexia. • Constipação. • Hemorragia digestiva. • Anemia. • Transfusão sanguínea. • Distúrbios eletrolíticos (Na+ < 125 mEq/L ↑ mortalidade 3,2x). • Hipovolemia. • Uso de diuréticos (↓K+ e alcalose, ↑ conversão de NH4 + em NH3). • Azotemia. • Hipóxia. • Drogas psicoativas; álcool. • Infecções (peritonite espontânea, pneumonia). • Shunts cirúrgicos. • Coinfecção HCV + HIV. Exames complementares • Aumento de amônia arterial (> 80 µg% na encefalopatia) é anormalidade laboratorial clássica. • Eletroencefalografia – sempre anormal em encefalopatia hepática clínica. • Tomografia axial computadorizada – edema (inespecífico). • Ressonância nuclear magnética – hiperintensidade do globo pálido (inespecífico). GRAU I • Euforia, depressão, confusão, raciocínio lento, défict de atenção, hipersonia ou insônia, inquietação, inversão do padrão do sono • Leve tremores de extremidade (flapping) GRAU II • Confusão, sonolência, fala empastada, comportamento inapropriado, desorientação no tempo e espaço, disartria, ataxia, diminuição de reflexos profundo • Evidente tremor de extremidades (flapping) GRAU III • Diminuição do nível de consciência, desorientação, agressividade, perseveração vocal, sintomas piramidais, aumento do tônus muscular, hiper-reflexia • Tremor de extremidades frequentemente ausente GRAU IV • Coma 119 Gastroenterológico 119 GastroenterológicoEncefalopatia hepática Tratamento Medidas gerais • Intubação traqueal ± ventilação mecânica (graus III e IV). • Controle de fatores desencadeantes. • Suspender sedativos (sempre que possível). • Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos. • Tratar infecção subjacente. • Controlar sangramento gastrintestinal. Medidas para reduzir a produção intestinal de amônia Suporte nutricional • Dieta normoproteica (manutenção da massa muscular). • Dieta hipoproteica ↑ o catabolismo proteico e está contraindicada. • Administração de aminoácidos (AA) de cadeia ramificada (não há evidências do seu benefício). Catárticos • Lactulose – 15-45 mL, VO, até que haja duas a três evacuações pastosas/dia. Observar efeitos adversos: hiponatremia e desidratação. Antibióticos • Neomicina 3 a 6 g/dia ou metronidazole 250 mg, 4x/dia (↓ a população bacteriana e a produção de amônia). • Rifaximina 550 mg 2x/dia (prevenção da recidiva de encefalopatia hepática – não comercializada no Brasil). Referências bibliográficas 1. Cordoba J, Lopez-Hellin J, Planas M, et al. Normal protein diet for episodic hepatic encephalopathy. J Hepatol. 2004;41:38-43. 2. Jalan R, Kapoor D. Reversal of diuretic-induced hepatic encephalopathy with infusion of albumin but not colloid. Clin Sci. 2004;106:467-74. 3. Cortez-Pinto H. Complications of cirrhosis: clinical perspectives and implications. From Medscape gastroenterology, may 2005. Disponível em: http://www.medscape. com/viewarticle/504654. 4. Arnaout WS, Demetriou AA. Hepatic failure and cirrhosis continue to be major causes of morbidity and mortality among critically ill patients. ACS Surgery Online, WebMD Inc., New York, 2002. [citado em 07 de novembro de 2006]. Disponível em: http://www.acssurgery.com. 5. Als-Nielsen b, Koretz RL, Kjaergard LL, et al. branched-chain amino acids for hepatic encephalopathy. Cochrane Database of Systematic Reviews. 3, 2006. 6. Als-Nielsen b, Gluud LL, Gluud C. benzodiazepine receptor antagonists for hepatic encephalopathy. Cochrane Database of Systematic Reviews. 3, 2006. 7. Als-Nielsen b, Gluud LL, Gluud C. Nonabsorbable disaccharidesfor hepatic encephalopathy. Cochrane Database of Systematic Reviews. 3, 2006. 8. Kircheis G, Wettstein M, Dahl S, et al. Clinical efficacy of L-ornitine-L-aspartate in the management of hepatic encephalopathy [Review]. Met Brain Dis. 2002;17:453-62. 9. Wolf DC. Hepatic encephalopathy. eMedicine.com, 2007(updated: aug 2008) from web MD. Disponível em: http://www.emedicine.com/med/topic3185.htm 10. Prakash, R. & Mullen, K. D. Nat. Ver. Gastroenterol. Hepatol. 7, 515-525 (2010); publishes online 10 August 2010, doi: 10.1038/nrgastro.2010.116 Medidas para aumentar a eliminação da amônia • Expansão volêmica (↑ eliminação renal de amônia). • L-ornitina L-aspartato (LOLA) – (Hepa-Merz®) 20 g/dia, VO ou IV (estimula a eliminação de amônia nos hepatócitos residuais). • Zinco (600 mg, VO/dia) – Mesmo quando não há deficiência de Zn, sua administração aumenta a ornitina transcarbamilase que resulta em gênese de ureia e diminuição da amônia. • Benzoato de sódio (5 g, VO, 2x/dia) – Interage com a glicina, que leva a formação de hipurato e eliminação de íons amônia. Antagonista de benzodiazepínicos • Flumazenil 0,5 mg, IV + 0,2 a 0,4 mg/h por 24 horas (uso rotineiro não recomendado. Tem efeito fugaz e não modifica morbimortalidade). 120 Gastroenterológico 120 GastroenterológicoDiarreia aguda na UTI Define-se diarreia como eliminação de mais de três evacuações líquidas ao dia com volume fecal de 200 a 300 g/d ou maior que 250 mL/dia. As causas mais frequentemente observadas na UTI, acometendo 15% a 38% dos pacientes críticos, são aquelas relacionadas à dieta enteral e ao uso de antibióticos. A ocorrência de diarreia pode acarretar grande prejuízo nutricional em decorrência do hábito não justificável de interrupções na infusão da dieta enteral. Diarreia aguda que ocorre após admissão na UTI Reavaliar o modo de administração • Risco maior nas administrações gravitacionais intermitentes Reavaliar composição da fórmula • Risco maior na presença de osmolaridade elevada; pobre conteúdo de fibras e contaminação bacteriana Afastar os seguintes fatores (principais ou coadjuvantes) • Hipoalbuminemia (albumina inferior a 2,6 mg/dL), levando à má absorção • Pseudodiarreia secundária à fecaloma • Uso de laxativos, procinéticos, antibióticos, medicações de uso oral contendo magnésio, carboidratos não absorvíveis • Hipoperfusão tecidual Medidas preventivas e tratamento • Reposição de perdas hidroeletrolíticas • Correção de acidose metabólica • Oferta de dieta enteral com baixa osmolaridade e rica em fibras solúveis, administrada preferencialmente de modo contínuo em bomba de infusão • Modular a flora intestinal com uso de probióticos ou simbióticos • Administrar medicações anticolinérgicas/ opioides para retardar o trânsito intestinal, uma vez afastada ou tratada causa infecciosa Relacionada à nutrição enteral Associada ao uso de antimicrobianos (C. difficile) (mais frequentemente com ampicilina, amoxicilina, cefalosporinas e clindamicina) Diagnóstico da diarreia associada a C. difficile (DACD) • Pesquisa de toxina por cultura em tecido (padrão-ouro/alto custo) • ELISA para toxinas A e B (sensibilidade/especificidade de 60%-80%) • Presença de colite pseudomembranosa ao exame endoscópico (baixa sensibilidade) • Suspeita clínica com ou sem leucócitos fecais positivos Medidas preventivas • Minimizar frequência e duração do uso de antibióticos • Estimular descalonamento de antibióticos ?? culturas Sinais de gravidade da DACD Íleo/megacólon tóxico/leucocitose/SRIS/hipoalbuminemia/espessamento parietal do cólon a TC Tratamento da DACD leve • Suspensão antimicrobiana e medidas de suporte Tratamento da DACD moderada • Associar metronidazol 500 mg, VO, 8/8 h por 10-14 dias Tratamento da DACD grave • Vancomicina 125 mg, VO, 6/6 h. Na presença de íleo considerar uso de enema de vancomicina (atentar para risco de perfuração) + metronidazol 500 mg, 8/8 h. Conseiderar colectomia na ausência de resposta/megacólon tóxico ou perfuração Tratamento DACD recorrente (20%-40% dos casos) • Metronidazol ou vancomicina oral por período prolongado com desmame gradual da medicação em 4 semanas + considerar associação de probióticos Referências bibliográficas 1. Wiesen P, Van Gossun A, Preiser JC. Diarrhoea in critically ill. Cur opin Cri Care. 2006;12:149-54. 2. Starr J. Clostridium difficile associated diarrhoea: diagnosis and treatment. BMJ. 2005;331(7515):498-501. 121 Gastroenterológico 121 GastroenterológicoConstipação intestinal Não conseguir uma evacuação intestinal eficiente é problema grave, e geralmente negligenciado, tendo alta prevalência na unidade de terapia intensiva (UTI). A constipação, definida nesta população de pacientes como ausência de eliminação de fezes durante três dias, causa uma série de malefícios: 1. Diminui o esva- ziamento gástrico e o trânsito do intestino delgado, dificultando a progressão da dieta enteral; 2. Permite crescimento anômalo da flora bacteriana colônica com aumento da carga de endotoxinas. A potencial translocação de bactérias e endotoxinas para a corrente sanguínea pode estar relacionada com sepse ou inflamação sistêmica “sem” causa aparente. 3. A distensão abdominal ocasiona aumento da pressão intra-abdominal, com todas suas consequências funestas. A distensão colônica importante denominada pseudo-obstrução colônica aguda (POCA) ou síndrome de Ogilvie pode ocorrer em até 6% dos pacientes internados nas UTIs. Trata-se de síndrome aguda composta de distensão colônica funcional, sem componente mecânico obstrutivo. Apesar de controverso, parece que o principal mecanismo fisiopatológico está relacionado com o desequilíbrio da influência autonômica no intestino grosso, havendo aumento do tônus simpático, ou diminuição da atividade parassimpática. Várias causas são desencadeantes no paciente grave: inflamação com estímulo de citocinas no plexo mioentérico, utilização de aminas vasoativas ou opioides. Entre as diversas opções de tratamento farmacológico, utilizam-se o polietilenoglicol (PEG) ou a lactulose. O PEG é um polímero de alto peso molecular. Não sendo absorvido pelo trato gastrointestinal (TGI) e tampouco fermentado pelas bactérias colônicas, facilita a defecação devido à retenção de água no conteúdo intraluminal. A lactulose, um dissacarídeo sintético, também não é absorvida pelo TGI, mas ao atingir o cólon, é fermentada pelas bactérias colônicas, produzindo ácidos graxos de cadeia curta e gazes. A acidificação da região colônica reduz a absorção intestinal de amônia. A amônia intraluminal retém água, aumentando o volume das fezes. Um efeito colateral com uso da lactulose é a distensão intestinal pela formação de gazes. Referências bibliográficas 1. Van der Spoel JL, Oudemans-van Straaten HM, Kuiper MA, Van Roon EN, Zandstra DF, Van der Voort PH. Laxation of critically ill patients with lactulose or polyethylene glycol: a two-center randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Crit Care Med. 2007;35:2726-31. 2. Mostafa SM, bhandari S, Ritchie G, Gratton N, Wenstone R. Constipation and its implication in the critically ill patient. Br J Anaesth. 2003;91(6):815-9. 3. Azevedo RP, Freitas FGR, Ferreira EM, Machado FR. Constipação intestinal em terapia intensiva. Rev Bras ter Intensiva. 2009;21(3):324-31. 122 Gastroenterológico 122 GastroenterológicoConstipação intestinal PEG (Muvinlax®) Diluir 1 envelope em 50 mL de água e infundir por sonda ou oferecer via oral de 8/8 h, ou lactulona 20 mL, 8/8 h PEG (Muvinlax®) 5 envelopes em 500 mL de água, infundir 50 mL/h até evacuar ou, no máximo, durante 12 horas Neostigmina 0,4 a 0,8 mg/h por, no máximo, 24 horas (contraindicação: bradicardia) Parar a infusão: • Quando houver evacuação fecal • Se o seu uso causar bradicardia Constipação? (> 3 dias sem evacuar) Continua sem evacuar por mais de 3 dias? Enema retal (geralmente de pouca eficácia) Não evacuou? Não evacuou nas próximas 24 horas? Nutrição enteral precoce é a principal profilaxiaHavendo distensão abdominal ao exame físico, em qualquer momento, realizar radiografia de abdômen para afastar pseudo-obstrução colônica aguda (síndrome de Olgivie) Sim Observações 1. Nunca administrar óleo mineral por cateteres gástricos ou enterais. Ele é um derivado do petróleo, existindo possibilidade de pneumonite grave caso haja broncoaspiração. 2. Uma alternativa ao uso de PEG, no primeiro passo deste fluxograma, é a lactulona 20 mL, de 8/8 h. 3. Importante verificar na história se o paciente é cronicamente constipado. Nesta situação, realizar toque retal para detecção/resolução de possível impactação retal. 4. Observar a quantidade de potássio administrada com o Muvinlax® (sachês com Polietilenoglicol 3350 (Macrogol) 13,125 g + bicarbonato de sódio 0,1775 g + cloreto de potássio 0,3507 g + cloreto de sódio 0,0466 g.) Cada três envelopes equivalem aproximadamente a 1 g de potássio. 5. Em caso de suspeição de obstrução mecânica, este protocolo NÃO deve ser seguido. 123 Infecção 123 Infecção Temperatura > 38,3ºC de início agudo (em imunocompetentes), por pelo menos duas medidas consecutivas Avaliação do paciente febril na UTI Febre de início recente > 38,3oC é um motivo razoável para avaliação clínica cuidadosa do paciente. É um sinal de inflamação, não necessariamente infecção. Dos episódios febris na UTI, 50% não estão ligados a infecções. Como verificar a temperatura Os métodos utilizados para medir temperatura em UTI são (em ordem decrescente de acurácia): • termistores de cateter de artéria pulmonar ou vesical. Termômetros: esofagiano, retal, oral, de membrana- timpânica, de artéria temporal e medida axilar; • qualquer que seja o método escolhido, o termômetro deve estar apropriadamente calibrado; • evitar medida axilar é a menos acurada; • cuidado com o compartilhar de termômetros. Há possibilidade de transmissão de bactérias. Referências bibliográficas 1. O’Grady NP, barie PS, bartlett JG, et al. Guidelines for evaluation of new fever in critically ill adult patients: 2008 update from the American College of Critical Care Medicine and the Infectious Diseases Society of America. Crit Care Med. 2008;36:1330-49. 2. Marino PL. O paciente febril. Compêndio de UtI. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. p. 393-406. 3. Johnson DH, Cunha bA. Drug fever. Infect Dis Clin North Am. 1996;10:85-92. Suspeita de pneumonia nosocomial • Infiltrado radiológico novo + dois dos seguintes: febre, leucocitose, secreção traqueal purulenta Ver página 121 Suspeita de infecção abdominal • Febre com distensão abdominal, não progressão da dieta, vômitos/diarreia • Sempre suspeitar quando houver manipulação cirúrgica/trauma abdominal recente • Realizar exame de imagem; avaliação com cirurgiãoSuspeita de infecção relacionada a cateter • Sempre que houver cateter venoso central por mais de 5 dias e outros focos forem improváveis Ver página 116 Suspeita de sinusite nosocomial • Presença de cateteres transnasais, secreção nasal purulenta, odor fétido nasal • Realizar TAC de seios da face • Sinusopatia radiológica + clínica de infecção = antibioticoterapia • Punção e drenagem de seios da face se não houver melhora com ATB • EVITAR tubos e cateteres nasais Suspeita de infecção urinária • Na presença de instrumentação prévia do trato urinário • Raramente é causa de sepse em paciente crítico; a exceção ocorre se houver obstrução ao fluxo urinário Drug fever • Suspeição clínica quando houver bradicardia relativa a hipertermia, eosinófilos e/ou linfócitos atípicos no sangue periférico e transaminases elevadas • Alguns medicamentos associados: diuréticos tiazídicos, antiarrítmicos, AINH, anticonvulsivantes, opioides, betalactâmicos, sulfas Suspeita de infecção no SNC • Em pós-operatório de neurocirurgia e TCE aberto • Febre + sinal focal e/ou ↓ consciência, e/ou meningismo = punção lombar (PL) • Lesão neurológica acima do forame magnum realizar TAC de crânio antes da PL • Febre + cateter intracraniano = coleta e análise laboratorial do liquor Ver página 125 Febre em pós-operatório (Po) • Febre de causa não infecciosa devida à SIRS é comum nas primeiras 48 horas de PO • Afastar: atelectasia, hematoma, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, tromboflebite superficial Infecção possível? Recomendações para coleta de hemocultura: • Fazer desinfecção da pele com gluconato de clorexidina alcoólica a 0,5% • Cada amostra deve ter 20 a 30 mL de sangue • Coletar uma amostra de cada cateter, ou cada luz nos de múltiplas vias, e pelo menos uma periférica1. Investigar foco conforme apresentação clínica MÍNIMO: hemograma e radiografia de tórax 2. Observar presença de secreções purulentas 3. Avaliar disfunções orgânicas 4. Hemoculturas – no mínimo duas amostras com TSA 5. Cultura de fluido/secreção do(s) sítio(s) suspeito(s) 6. Antibioticoterapia (ATb) empírica conforme suspeita diagnóstica, flora local e gravidade do quadro 7. Reavaliar e, sempre que possível, desescalonar ATb após resultados das culturas 8. O uso sistemático de antipiréticos em adultos é inadmissível Causas não infecciosas Geralmente episódios febris esporádicos, com temperatura < 39ºC Pensar em: 1. Inflamações, várias 2. Drug fever 3. Infarto intestinal, TEP, pancreatite, insuficiência adrenal 4. Síndrome neuroléptica maligna (haloperidol). “Febrão!” 5. Hipertermia maligna (anestesia geral). “Febrão!” Fatal se não tratada! SIM NÃO 124 Infecção 124 InfecçãoPrevenção de infecção relacionada a cateteres A redução da incidência de infecção relacionada a cateteres vasculares depende da aplicação conjunta de uma série de intervenções simples. A CINCO RECOMENDAÇÕES ESSENCIAIS 1 Treinamento da equipe assistencial. 2 Criação de um kit padrão de materiais para inserção de cateteres que permita a disponibilização de todo o material necessário. 3 Implementar o uso de check-list e avaliar adesão às medidas de prevenção e disponibilizá-lo no kit padrão de materiais (página XX) 3a. Lavagem das mãos antes do procedimento, conforme normas da CCIH 3b. Precaução de barreira completa para CVC ou cateter arterial femoral ou axilar (gorro, máscara, avental cirúrgico, luvas, campos cirúrgicos amplos). 3c. Antissepsia do local da inserção do cateter com clorexidina alcoólica (concentração > 0,5%) durante 30 segundos e permitir a secagem espontânea. Se houver contraindicação para uso de clorexidina, recomenda-se o uso de álcool 70% ou solução iodada. 3d. Sítio preferencial para inserção do CVC: 1o subclávia; 2o jugular interna. Trocar o sítio de inserção de cateteres femorais por subclávia ou jugular logo que possível. Exceção: Cateter de hemodiálise em pacientes com doença renal avançada – risco de estenose de veia subclávia. 3d’. Sítio preferencial para inserção de cateter arterial: radial, braquial ou pediosa ao invés de femoral e braquial. 4 Prever interrupção/correção, sinalizada pela enfermagem, do processo de inserção do cateter em caso de violação de algum item do check-list. 5 Remoção precoce. Avaliar diariamente a possibilidade de remoção do cateter. B RECOMENDAÇÕES COMPLEMENTARES 6 Troca de curativo em CVC: em dias alternados se gaze; a cada 7 dias se cobertura transparente. 7 A troca rotineira de CVC não é recomendada quando “funcionam” adequadamente e não existam sinais de complicações locais nem sistêmicas. 8 Minimizar a manipulação do cateter e/ou conexões. 9 O uso de cateteres impregnados com antissépticos ou antibióticos é controverso. B1 Cateteres periféricos 10 Instalar CVC sempre que a duração do tratamento IV for superior a 6 dias. 11 Trocar de cateter venoso periférico a cada 72-96 horas. B2 Equipos 12 Trocar equipos de infusão e conexões não mais que a cada 96 horas e não menos que a cada 7 dias. 13 Trocar equipos em 24 horas se usados para infundir hemoderivados ou emulsões lipídicas. 125 Infecção 125 InfecçãoPrevenção de infecção relacionada a cateteres Avalie a indicação de antibiótico Inicie antibiótico empiricamente Nãocomplicada Complicada CVC: cateter venoso central CA: cateter arterial UFC: unidade formadora de colônia AtB: antibiótico IV: via endovenosa tEE: ecocardiograma transesofágico Hemoculturas negativas Sem cultura do CVC/CA Hemoculturas negativas & CVC/CA com < 15 uFC Hemoculturas positivas & CVC/CA com ≤ 15 uFC Hemoculturas positivas & CVC/CA com ≥ 15 uFC Remova o CVC/CA e inicie ATb IV por 4-6 semanas; 6-8 semanas para osteomielite Remova CVC/CA + ATb IV por 5-7 dias. Se pretender manter cateter, usar ATb IV ± terapia de retenção ATb por 10-14 dias Remova CVC/CA + ATb IV por 14 dias. Se TEE positivo, use ATb IV por 4-6 semanas Remova CVC/CA + ATb IV por 10-14 dias Remova CVC/CA + ATb IV por 10-14 dias Remova CVC/CA + antifúngicos por 14 dias após a última cultura negativa Trombose séptica, endocardite, osteomielite etc. Se a febre persistir, sem causa aparente, remova o CVC/CA e solicite cultura da ponta Procure outra fonte para a infecção Nos pacientes com valvulopatia ou neutropenia e colonização do CVC/ CA por S. aureus ou Candida, monitorar sinais de infecção e repetir culturas se necessário Infecção relacionada ao CVC/CA Staphylococcus coagulase negativo S. aureus bacilos Gram-negativos Candida spp.Enterococcus Hemoculturas (duas amostras, uma central e outra periférica) Se a causa da febre não for identificada, remova o CVC/CA, solicite cultura da ponta do cateter, insira em outro local ou troque o cateter usando um fio-guia Hemoculturas (duas amostras, uma central e outra periférica) Se a causa da febre não for identificada, remova o CVC/CA, solicite cultura semiquantitativa da ponta do cateter, insira em outro local ou troque o cateter usando um fio-guia Doença branda ou moderada (sem hipotensão ou falência de órgãos) Gravemente enfermo (hipotensão, hipoperfusão ou falência de órgãos) Paciente com cateter venoso central (CVC) ou cateter arterial (CA) e com febre 126 Infecção 126 Infecção Referências bibliográficas 1. O´Grady NP, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections, 2011 www.cdc.gov 2. berenholtz SM, et al. Eliminating catheter-related bloostream infections in the intensive care unit. Crit Care med. 2004;vol 32 n. 10. 3. Pronovost PJ. at al. Sustaining reductions iin catheter-related bloodstream infections in Michigan intensive care units: observational study, BMJ. 2010;340:c309 4. Marra AR. et al. Impact of a program to prevent central line associated bloostream infection in the zero tolerance era. American Journal of Infection Control, 2010. Profilaxia de infecção associada à cateterização venosa central 1. Antissepsia das mãos antes do procedimento, seguindo as normas da CCIH. 2. Utilizar todas as barreiras de contato: avental cirúrgico, gorro, máscara, luvas, campos cirúrgicos grandes. 3. Antissepsia do local da inserção do cateter esfregando clorexidina alcoólica a 2%, durante 30 segundos antes do procedimento, deixando secar espontaneamente. 4. Preferencialmente utilizar a veia subclávia pela via infraclavicular. 5. Troca de curativo dia sim/dia não caso seja realizado com gaze e micropore, ou a cada 5 dias, caso seja curativo transparente. Trocar, também, em caso de contaminação grosseira. 6. REMOÇÃO PRECOCE. Remova o cateter tão logo seja possível. Pergunte-se diariamente a necessidade da manutenção do cateter venoso central. 7. Troca dos equipos de infusão a cada 4 dias. E sempre após a infusão de lipídeos ou sangue. 8. O uso de cateteres impregnados com antissépticos ou antibióticos é controverso. 9. A troca rotineira de CVC não é recomendada quando eles estão funcionando adequadamente e não existam evidências de complicações locais nem sistêmicas. Prevenção de infecção relacionada a cateteres Check-list Infecção relacionada a cateter intravascular Propósito: Trabalhar em equipe para diminuir taxas de infecção relacionada a cateter intravascular Quando: Todo acesso venoso ou arterial de inserção central Quem: Enfermeiro (preenche o check-list e notifica não conformidades) Data: ______/______/______ Procedimento ( ) Novo acesso ( ) Emergência ( ) Eletivo Antes do procedimento, o médico: Sim Não Ignorado Lavou as mãos (clorexidine) imediatamente antes do procedimento? ( ) ( ) ( ) Realizou antissepsia local? ( ) ( ) ( ) Cobriu todo o paciente com campos estéreis? ( ) ( ) ( ) Durante o procedimento, o médico: ( ) ( ) ( ) usou luvas estéreis? usou máscara, gorro e avental estéril? ( ) ( ) ( ) Manteve o campo estéril? ( ) ( ) ( ) A equipe que auxiliou o procedimento manteve as medidas de precaução? (gorro, máscara cirúrgica) ( ) ( ) ( ) Após o procedimento Realizado curativo estéril no local de punção? ( ) ( ) ( ) 127 Infecção 127 InfecçãoSegurança em ressonância nuclear magnética Classificação da American Society for Testing and Materials (ASTM) International → Seguro (MR safe): materiais não condutores, não metálicos, não magnéticos → Condicional (MR conditional): material testado em condições específicas de campo magnético, radiofrequência e gradiente espacial, demonstrando-se ausência de risco nestas. Para informações específicas, consultar www.mrisafety.com/list_search.asp → Inseguro (MR unsafe) Item Classificação Comentário Aparelho auditivo Inseguro Remover o dispositivo para o exame Bomba de insulina Condicional Remover a bomba antes de entrar na sala sob risco de mau funcionamento do dispositivo após exposição ao campo eletromagnético Cápsula endoscópica (PillCam M2A Capsule) Inseguro Aguardar eliminação da cápsula Cateter de termodiluição Inseguro Relatos de deterioração do cateter dentro do lúmen vascular Cateter vesical com sensor de temperatura Condicional Sempre desconectar o monitor de temperatura durante o procedimento e manter o sensor afastado do centro da mesa Clipe hemostático Seguro Exceções: clipes de hemostasia endoscópica em trato gastrointestinal → Olympus Medical System: retenção por aproximadamente 10 dias – verificar permanência com radiografia → Boston Scientific: inseguro Clipe para aneurisma intracraniano feito de titânio, austenita, elgiloy, phynox Seguro Dispositivo ortopédico de fixação externa Condicional A maioria dos dispositivos é segura, porém devem ser avaliados individualmente de acordo com a composição do material e a taxa de absorção específica DIU de cobre Condicional DIUs recobertos com hormônios são seguros Eletrodo de estimulação cerebral profunda (Medtronic®) Condicional Eletrodo de marca-passo epicardíaco temporário Seguro Gerador de pulso deve estar desconectado Halo vest e dispositivo de fixação cervical Inseguro Implante coclear Inseguro Implante de drenagem para glaucoma Seguro Raras marcas de dispositivos são fabricadas com aço não deformável: p. ex. Optonol Ltd. Implante dentário Seguro Apesar da frequente composição ferromagnética, tais implantes tendem a ser mantidos no lugar com força suficientemente grande para evitar seu deslocamento Marca-passo cardíaco Condicional Averiguar o dispositivo específico e as condições de uso junto ao fabricante Marca-passo cardíaco e cardiodesfibrilador implantável Inseguro Marca-passo cardíaco temporário transvenoso Inseguro 128 Infecção 128 InfecçãoSegurança em ressonância nuclear magnética Piercing Inseguro Particularmente com material ferromagnético, havendo risco de queimaduras extensas. Podem-se empregar fitas isolantes em casos particulares Projétil retido Condicional Exames com até 1,5 Tesla Prótese peniana Condicional Tatuagem e maquiagem definitiva Seguro Relatos raros de queimaduras de 1o e 2o graus Prótese valvular cardíaca mecânica Seguro Válvula programável liquórica (Codman®) Condicional RNM pode ser realizada a qualquer momento após implante. Dispositivo pode gerar artefatos de imagem 129 Infecção 129 InfecçãoPneumonia comunitária História sugestivade pneumonia comunitária [Nível de evidência] Diagnóstico de pneumonia comunitária (PAC) Solicitar radiografia de tórax se dois ou mais dos seguintes sinais estiverem presentes: • Temperatura > 37,8ºC • Frequência cardíaca > 100 bpm • Murmúrio vesicular diminuído • Estertores crepitantes • Frequência respiratória > 20 mrm Avaliar gravidade da pneumonia e melhor sítio de tratamento Idade > 50 anos? Comorbidades associadas? • Neoplasia • Hepatopatia • Insuficiência cardíaca • Doença cerebrovascular • Doença renal Calcular o “PORT score” → índice de gravidade da pneumonia (IGP) Uma ou mais das alterações abaixo estão presentes no exame físico? • Confusão mental • Frequência respiratória ≥ 30/min • Pressão arterial sistólica < 90 mmHg • Temperatura < 35ºC ou ≥ 40oC • Frequência cardíaca ≥ 125 bpm IGP [Ib] Idade • Homem (anos) +__ •Mulher (anos -10) +__ •Residente em asilo +10 Comorbidades • Neoplasia +30 • Hepatopatia +20 • ICC +10 •DCV +10 • Nefropatia +10 Exame físico • Confusão mental +20 • FR ≥ 30 mrm +20 • PAS < 90 mmHg +20 • Tax < 35ºC ou ≥ 40ºC +15 • FC > 125 bpm +10 Achados Rx e laboratoriais • pH arterial < 7,35 +30 • Ureia ≥ 64 mg/dL +20 • Na < 130 mEq/L +20 • Glicose >250 mg/dL +10 • Ht < 30% +10 • paO2 < 60 mmHg ou SpO2 < 90% +10 • Derrame pleural +10 IGP: índice de gravidade da pneumonia; ICC: insufici- ência cardíaca congestiva; DCV: doença cerebrovas- cular; FR: frequência respiratória; PAS: pressão arte- rial sistólica; Tax: temperatura axilar; FC: frequência cardíaca; Na: sódio; paO2: pressão parcial arterial de oxigênio; SpO2: saturação da hemoglobina. Classes de risco e mortalidade associada [Ib] Risco Classe Pontuação Mortalidade baixo I Vide algoritmo 0,1% baixo II ≤ 70 0,6% baixo III 71-90 0,9% Moderado IV 91-130 9,3% Alto V > 130 27,0% Classe de risco I Classe de risco II ou III Classe de risco IV ou V Internação hospitalar (uTI?) Contraindicações absolutas para o manejo ambulatorial? • Hipoxemia (Sp02 < 90%) • Instabilidade hemodinâmica • Comorbidade descompensada • Incapacidade de ingestão oral Julgamento clínico • Internação hospitalar por curto período • Observação por 24 horas • Acompanhamento domiciliar Fatores que contribuem para evolução desfavorável? [III] • Desnutrição • Sem resposta com terapia oral • Sem residência fixa Tratamento ambulatorial Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Não Diagnóstico, avaliação da gravidade e escolha do sítio de tratamento 130 Infecção 130 Infecção Antibioticoterapia empírica Fatores modificadores [II]* Pneumococo resistente à penicilina • Idade > 65 anos • Uso de betalactâmico nos últimos 3 meses • Alcoolismo • Imunodepressão1 • Múltiplas comorbidades • Contato com crianças em creches Enterococos ou Gram-negativos • Contato com serviço de saúde recente, sem procedimentos invasivos • Doença cardiopulmonar subjacente • Múltiplas comorbidades • Antibioticoterapia recente Pseudomonas aeruginosa • Doença estrutural pulmonar (bronquiectasia) • Terapia com corticoides • Antibiótico de largo espectro (> 7 dias há 1 mês) • Desnutrição 1. Incluindo o uso de corticoides (prednisona 10 mg/dia). *[Nível de evidência]. Pneumonia comunitária Mínimo 5 dias 3 dias em alguns estudos recentes P. aeruginosa e S. aureus – 8 dias Afebril durante 48-72h Chlamydia pneumoniae – 7-14 dias Legionella – 10-21 dias bactérias causadoras de pneumonia necrotizante – > 2 semanas Até melhorar!!! Tempo de tratamento Antibióticos em pacientes internados CLASSE III: Fluoroquinolona respiratória (Moxifloxacina 400 mg, IV, 1x ou Levofloxacina 750 mg, IV, 1x CLASSE III sem resposta a fluoroquinolona respiratória ou CLASSE IV e ou CLASSE V: Azitromicina 500 mg, IV, 1x ou Claritromicina 500 mg, IV, 2x MAIS Amoxacililna-Clavulanato 1 g, IV, 3x ou Ampicilina-Sulbactam 3 g, IV, 4x ou Ceftriaxona 1-2 g 2x Se houver fator modificador para Pseudomonas (ATb por mais de 7 dias há menos de 1 mês, uso de corticoide, desnutrição, doença pulmonar estrutural – ex. bronquiectasias) Azitromicina 500 mg, IV, 1x ou Claritromicina 500 mg, IV, 2x MAIS Pip/Tazo 4,5 g 4x ou Cefepime 2 g, IV, 2x ou Meropenem 2 g, IV, 3x ou imipenem 500 mg, IV, de 4x Em vários relatos, a influenza é agente causal de até 10% das pneumonias comunitárias graves! Manter suspeição forte, principalmente no inverno, associando oseltamivir ao esquema antimicrobiano. Importante: Há evidências apontando para outros efeitos, que não sejam os antimicrobianos, dos macrolídeos, principalmente modulação da imunidade e da inflamação. Alguns estudos retrospectivos demonstram clara redução da mortalidade nas pneumonias comunitárias graves quando se associam MACROLÍDEO + bETALACTÂMICO. Critérios para a alta hospitalar Critérios para a alta hospitalar [Ib]* • Não ter apresentado duas ou mais das situações abaixo nas últimas 24 horas: • Tax > 37,8ºC • Frequência cardíaca > 100 bpm • Frequência respiratória > 24 mrm • Pressão arterial sistólica < 90 mmHg • Saturação arterial de O2 < 90% • Incapacidade de ingestão oral 1. Não considerar o critério se ele representar a condição basal do paciente. *[Nível de evidência] 131 Infecção 131 InfecçãoPneumonia comunitária A. TRIAGEM E DIAGNÓSTICO DE PACIENTES C/ PNEUNOMIA COMUNITÁRIA GRAVE. CID: J18 A1. História e exame físico sugestivos de pneumonia? ( ) Sim ( ) Não ( ) Tosse ( ) Hipertermia > 37,8°C ( ) Murmúrio vesicular diminuído ( ) Expectoração purulenta ( ) Taquipnéia > 20 rpm ( ) Estertores crepitantes ( ) Dor ventilatório dependente ( ) Taquicardia > 100 bpm A2. Se você assinalou 2 ou mais dos itens anteriores, solicite RX DE tÓRAX: Infiltrado radiológico sugestivo de pneumonia? ( ) Sim ( ) Não A3. Resposta “Sim” p/ questões 1 e 2: ( ) DIAGNÓSTICO DE PNEuMONIA A4. ( ) Avalie a gravidade da pneumonia usando o “PoRt” – CIRCuLE E SOME AS PONTuAÇÕES AbAIXO – Idade e comorbidades Exame físico Rx e laboratório Pontuação total Masc (anos) +___ Confusão mental +20 pH art < 7,35 +30 Classe total Conduta Fem (anos-10) +___ FR > 30 rpm +20 ur > 64 mg/dL +20 I (< 50a. s/ comb. SV normais) Ambulatório Asilo +10 PAS < 90 mmHg +20 Na < 130 mEq/L +20 II < 71 Ambulatório* Neoplasia/HIV/DM +30 FC > 125 bpm +10 Glic > 250 mg/dL +10 III 71-90 Internação 24h/+ Hepatopatia +20 T < 35ºC ou > 40ºC +15 SaO2 < 90% +10 IV 91-130 Internação hospitalar (uTI?)ICC/DPOC +10 Derrame pleural +10 V > 130 AVC +10 *Contraindicações absolutas de tratamento ambulatorial: ( ) SaO2 < 90%; ( ) PAS < 90 ou PAD < 60 mmHg; ( ) comorbidade descompensada; ( ) incapacidade de ingesta oral. Internar por 24h se: dúvida, desnutrição, sem residência fixa, sem resposta à terapia VO. Nefropatia +10 ( ) Solicite exames se PoRt > 50: Gasometria ou oximetria, lactato, hemograma, glic, Na, K, ur, Cr, hemocultura (1 par) B. MANUSEIO DE PACIENTES COM PNEUMONIA COMUNITÁRIA GRAVE B1. terapia antimicrobiana ( ) Classe III: ( ) Levofloxacina 750 mg, IV, 1x/7d ( ) Classe IV e V ou Classe III sem resposta à levofloxacina: 2ª ( ) Azitro 500 mg, IV, 1x/7d MAIS 2ª ( ) Amoxacilina-clavulanato 1 g, IV, 3x/7d ( ) Pneumonia aspirativa 1ª ( ) Clindamicina 600 mg, IV, 3x + Levo 7-10d ou 2ª ( ) Amoxacilina-clavulanato 1 g, IV, 3x/7-10d ou 3ª ( ) Pip/Tazo 4,5g 4x (se risco de Pseudomonas) ( ) Risco para Pseudomonas (ATb > 7 dias há menos de 1 mês, corti- coide, desnutrição, doença pulmonar estrutural) 1ª ( ) Azitromicina 500 mg, IV, 1x/7d MAIS 2ª ( ) Pip/Tazo 4,5 g 4x ou ( ) Cefepime 2 g, IV, 2x ( ) Nas formas graves (III a V) atentar para risco de H1N1 (Manter suspeição forte, principalmente no inverno) ( ) Swab secreção nasofaríngea ( ) Oseltamivir 75 mg/2x/5d se SRAG e sintomas há < 48h B2. ( ) Avaliação diária dos critérios de alta: apresentar menos de 2 duas das alterações abaixo por 24 h. Dia internação D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 Tax > 37,8ºC FC > 100 bpm FR > 24 mpm PAS< 90 mmHg SaO2 < 90% Incapaz ingst VO Dosar PCR a cada 72 horas. ↓ da PCR em 50% auxilia na identificação de resposta ao tratamento e possibilidade de alta ↓ PCR em 50% B3. ( ) Programar vacina anti-pneumocócica se TODAS as condições abaixo forem assinaladas: ( ) ≥ 60 anos E ( ) asilo ou ≥ 1 comorbidade; E ( ) sem vacina prévia ou sem reforço após 5 anos da 1a vacina B4. ( ) Programar vacina anti-influenza sazonal se os DOIS ITENS abaixo forem assinalados: ( ) ≥ 60 anos ou ≥ 1 comorbidade E ( ) não vacinado há mais de um ano B5. ( ) Aconselhamento antitabagismo antes da alta B6. ( ) Receita e orientações de alta por escrito (ATb, vacina, consulta médica, retorno em caso de piora) B7. ( ) Marcar consulta ambulatorial em 30 a 45 dias 132 Infecção 132 Infecção Referências bibliográficas 1. Mandell LA, Wunderink RG, Dowell SF, et al. Infectious Diseases Society of America/American Thoracic Society Consensus Guidelines on the management of community-acquired pneumonia in adults. Clin Infect Dis. 2007;44(suppl. 2):S27-72. 2. Durrington HJ, Summers C. Recent changes in the management of community acquired pneumonia in adults. BMJ. 2008;336(7658):1429-33. 3. beigel JH. Influenza. Crit Care Med. 2008;36:2660-6. 4. Giamarellos-bourboulis EJ. Claritrhromycin: a promising immunomodulator in sepsis. In: Vincent JL (ed.). Yearbook of intensive care and emergency medicine. berlim: Springer- Verlag, 2009;111-8. 5. Lim WS, baudouin SV, George RC, Hill AT, Jamieson C, Le Jeune I, Macfarlane JT, Read RC, Roberts HJ, Levy ML, Wani M, Woodhead MA. british Thoracic Society guidelines for the management of community acquired pneumonia in adults: update 2009. thorax. 2009;64(Suppl III):iii1–iii55. 6. López L, Hicks LS, Cohen AP, McKean S, Weissman JS. Hospitalists and the Quality of Care in Hospitals. Arch Intern Med. 2009;169(15):1389-94. 7. Moretti GRF, Pereira JL, Sakae TM, da Silva RM. Vacina pneumocócica: histórico, indicações clássicas e efeitos indiretos. Pulmão RJ. 2007;16(2-4):91-6. Pneumonia comunitária 133 Infecção 133 InfecçãoPneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) AVALIAÇÃO DIÁRIA de tempo de VM, FiO2, PEEP, temperatura, leucometria e secreção respiratória Piora da oxigenação: ↑ FiO2 ≥ 0,2 ou ↑ PEEP ≥ 3 cmH2O após dois dias sem mudanças na FiO2 e na PEEP CPIS ≥ 6 Avaliar presença de secreção e solicitar análise e cultura de secreção respiratória (traqueal ou brônquica) + Hemocultura (1 par) Temperatura > 38ºC ou < 36ºC ou Leucócitos totais > 12.000 /mm3 ou < 4.000 /mm3 ou desvio à esquerda ou “PCT e PCR não são marcadores diagnósticos, mas podem auxiliar na avaliação da reposta à terapêutica bacterioscopia negativa no aspirado traqueal se não houve troca de ATb nas últimas 72h – Valor preditivo negativo = 94% + Calcule o CPIS (Escore clínico de infecção pulmonar) Parâmetro Valor Pontuação Temperatura(ºC) 36-38,4 0 38,5-39 1 < 36 ou > 39 2 Leucócitos (x 1.000) 4-11 0 11-17 1 > 17 2 Secreções +/- 0 + 1 ++ 2 Se purulenta... ...adicione + 1 ponto PaO2/FiO2 > 250 0 < 250 (excluir SDRA) 2 Rx de tórax (infiltrado) Limpo 0 Difuso 1 Localizado 2 134 Infecção 134 Infecção Iniciar ATb empírico considerar tempo, microbiologia local e risco para multirresistência (MR) DIAGNÓSTICO: Complicação Infecciosa Associada à VM (Pneumonia possível? Pneumonia provável? Outra causa?) DIAGNÓSTICO: PAV possível DIAGNÓSTICO: PAV provável Início precoce (d3 e d4 de VM) e sem risco de germes MR Verificar culturas e resposta clínica Ceftriaxona (forte indutor de resistência) ou Quinolona respiratória ou Amoxacilina-Clavulanato ou Ampicilina-Sulbactam Início tardio (≥ 5 dias de VM) ou risco de germes MR b – Resposta clínica e biomarcadores (PTN/PCR) A – Culturas uMA DAS CONDIÇÕES SEGuINTES - Secreção purulenta (> 25 neutrófilos E < 10 células epiteliais/campo (x100) ou - Cultura positiva de secreção independente da técnica de coleta uMA DAS CONDIÇÕES SEGuINTES - Secreção purulenta (> 25 neutrófilos E < 10 células epiteliais/campo (x100) E - Cultura positiva - Aspirado traqueal ≥ 105 UFC/mL - Minilavado brônquico ≥ 104 UFC/mL - Lavado broncoalveolar ≥ 104 UFC/mL - Escovado protegido ≥ 103 UFC/mL uMA DAS CONDIÇÕES SEGuINTES (não requer presença de secreção) - Cultura de líquido pleural ou histopatologia positiva de tecido pulmonar - Teste diagnóstico para vírus ou bactérias ATb anti-pseudomonas* Piperacilina-Tazobactam ou Meropenem / Imipenem ± ATb anti-MRSA# Teicoplanina/Linezolida/ Vancomicina “O acompanhamento de PCT ou PCR pode auxiliar na avaliação da resposta à terapêutica.” • Se suspeita ou alta prevalência local de MRSA • Vancomicina: relatos de baixa penetração no tecido pulmonar e associada a má evolução clínica. • Considerar Polimixina B se alta prevalência de Pseudomonas MR ou Acinetobacter Fatores de risco para germes multirresistentes • Uso de antibiótico nos últimos 90 dias • Hospitalização atual ≥ 5 dias • Alta incidência de resistência antimicrobiana no hospital • Diálise crônica • Paciente reside em asilos ou hospital geriátrico • Feridas crônicas • Familiar com microrganismo multirresistente • Doença ou tratamento imunossupressor Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) 135 Infecção 135 Infecção Não Sim Houve melhora clínica? Culturas negativas Culturas positivas Procurar por: Outros diagnósticos Outros locais de infecção Ajustar antibiótico conforme culturas Procurar por: Outros patógenos Outros diagnósticos Outros locais de infecção Considerar diariamente a suspensão de ATb com base na resposta clínica e/ou biomarcadores (PTN, PCR) Se possível descalonar antibiótico Culturas negativas Culturas positivas PTN = procalcitonina; PCR = proteína C reativa Estratégia de Tarragona 1. Iniciar antibiótico imediatamente. 2. A escolha do antibiótico pode ser, em alguns casos, direcionada à bacterioscopia da secreção traqueal. 3. Modificar/de-escalonar o antibiótico após resultado da cultura. 4. Prolongar o tempo de uso de antibiótico não impede a incidência de recorrências. 5. Nos pacientes com DPOC ou mais que 1 semana de intubação traqueal, suspeitar de Pseudomonas sp. 6. Virtualmente não existe PAV por Stafilococcus aureus resistente à oxacilina em pacientes que nunca receberam antimicrobianos. Por outro lado, Stafilococcus aureus sensível à oxacilina tem alta preva- lência em pacientes comatosos. 7. Não é necessário o uso de antifúngicos na PAV, mesmo na presença de colonização traqueal por Candida sp. 8. Sempre escolher o início de antimicrobianos baseado nos antibióticos que o paciente utilizou previamente. 9. A terapia antimicrobiana empírica deve ser continuamente atualizada, revisada e adaptada ao padrão da microflora local. Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) 136 Infecção 136 InfecçãoPneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Antibiótico Dose Cefalosporina antiPseudomonas Cefepima Ceftazidima 1-2 g cada 8-12 h 2 g cada 8 h Carbapenêmicos Imipenem Meropenem 500 mg cada 6 h ou 1 g cada 8 h 1 g cada 8 h Betalactâmicos com inibidor de betalactamase Piperacilina-tazobactam 4,5 g cada 6 h Quinolona Ciprofloxacino Levofloxacino 400 mg cada 8 h 750 mg cada 24 h Vancomicina Linezolida Teicoplanina 15 mg/kg cada 12 h 600 mg cada 12 h 6 mg/kg de 12/12 nas primeiras 3 doses. Depois, 6 mg/kg cada 24 h Polimixina B (1 mg = 10.000 UI). Frascos com 500.000 UI (50 mg) 1,5 a 2,5 mg/kg/dia, fracionado em 2x Tabela 1. Dose inicial venosa dos antibióticos para adultos Referências bibliográficas 1. American Thoracic Society Documents. Guidelines for the management of adults with hospital-acquired, Ventilator-associated, and health care-associated pneumonia. Am J Respir Crit Care Med. 2005;171:388-416. 4. Carratalà J, Garcia-Vidal C. What is healthcare-associated pneumonia and how is it maneged? Curr opin Infect Dis. 2008;21:168-73. 5. Michalopoulos A, Falagas ME. Colistin and polymyxinb in critical care. Crit Care Clin. 2008;24:377-91. 6. Luna CM, blanzaco D, Niederman MS, et al. Resolution of ventilator-associated pneumonia: prospective evaluation of the Clinical Pulmonary Infection Score as an early clinical predictor of outcome. Crit Care Med. 2003;31:676-682 7. Schuetz P, Müller b, Christ-Crain M et al. Procalcitonin to initiate or discontinue antibiotics in acute respiratory tract infections (Review). Cochrane Database of Systematic Reviews 2012, Issue 9. Art. No.: CD007498. 8. Su LX,Meng K, Zhang X et al. DIAGNOSING VENTILATOR ASSOCIATED PNEuMONIA IN CRITICALLY ILL PATIENTS WITH SEPSIS. American Journal of Critical Care. 2012;21:e110-e119. 9. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Improving Surveillance for Ventilator-Associated Events in Adults. CDC/NHSN Protocol Corrections, April 2013. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/pscmanual/9pscssicurrent.pdf 10. Klompas M. Complications of Mechanical Ventilation — The CDC’s New Surveillance Paradigm. N Engl J Med. 2013;16:1472-5. A tendência atual é a infusão contínua de carbapenêmicos e de betalactâmicos durante 3 a 4 horas. Manter o intervalo recomendado entre as doses. 137 Infecção 137 InfecçãoPrevenção da PAV Prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica A aplicação das medidas de prevenção à PAV baseia-se em: • Definir profissional(is) responsável(is) pela função (fisioterapeuta ou enfermeiro) • Reconhecer os pacientes em risco: ventilação mecânica invasiva. • Avaliar os fatores de risco: aplicação diária de check-list de medidas profiláticas • Verificar aderência às medidas profiláticas. • Corrigir em tempo real (durante o preenchimento do check-list) eventuais não conformidades na aplicação das medidas. • Avaliação trimestral da aderência às medidas profiláticas e das taxas de PAV • Re-treinar pessoal, adequar e intensificar as medidas conforme necessidade. Referências bibliográficas 1. Jeanne E, Zack bSN, et al. Effect of an education program aimed at reducing the occurrence of ventilator-associated pneumonia. Crit Care Med. 2002;3:2407-12. 2. Isakow W, Kolleff MH. Preventing ventilator-associated pneumonia: an evidence-based approach of modifiable risk factors. Semin Resp and Crit Care Med. 2006;27:5-17. 3. Chlebicki MP, Safdar N. Topical chlorhexidine for prevention of ventilator-associated pneumonia: a meta-analysis.Crit Care Med. 2007;35:595-602. 4. Five Million Lives Campaign. Getting Started Kit: Prevent Ventilator-Associated Pneumonia How-to Guide. Cambridge, MA: Institute for Healthcare Improvement; 2010. www.ihi.org. 5. Rello J, Lode H, Cornaglia G, Masterton R. A European care bundle for prevention of ventilator-associated pneumonia. Intensive Care Med. 2010;36:773-80. 6. Garcia R, et al. Reducing ventilator-associated pneumonia through advanced oral-dental care: a 48-month study. AJCC. 2005. 7. Dries DJ, McGonigal MD, Malian MS, et al. Protocol-driven ventilator weaning reduces use of mechanical ventilation, rate of early reimbursement, and ventilator-associated pneumonia. J trauma. 2004;56:943-51. Sugestão de check-list diário de medidas obrigatórias para prevenção de PAV LEITO 1. Cabeceira elevada de 30 a 45 graus? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 2. Inserção oral do cateter enteral? 3. Higiene oral a cada turno? (com clorexidina em PO de cardíaca) 4. Troca do circuito do ventilador apenas quando houver sugidades? 5. Pressão do balonete da cânula traqueal entre 20 e 30 mmHg? 8. Interrupção diária da sedação? 6. Ausência do uso de relaxante muscular? 7. Aspiração traqueal somente quando necessária? 9. Transfusão somente se Ht < 21%(< 30% em TCE ou ICA)? 10. Profilaxia de HDA foi avaliada? 11. Profilaxia de TVP foi avaliada? 12. Glicemia < 180 mg/dL? 13. Verificada a possibilidade de desmame ventilatório? 138 Infecção 138 Infecção Acurácia do exame clínico no diagnóstico da meningite bacteriana Sinais clínicos Rigidez de nuca, 70% de sensibilidade Kernig, 57% de sensibilidade Brudzinski, 97% de sensibilidade Febre + cefaleia + Rigidez de nuca 15% de sensibilidade 100% de especificidade + Kernig 9% de sensibilidade 100% de especificidade + Teste de Jolt* 97% de sensibilidade 60% de especificidade + Rigidez de nuca e alteração mental, 99% de sensibilidade Prognóstico da meningite bacteriana de acordo com fatores de risco: • Hipotensão • Alteração do estado mental • Convulsões Estágio No de fatores Evolução adversa I 0 5% II 1 27% III 2 ou 3 63% Análise do LCR de acordo com a etiologia da meningite Parâmetro Normal Meningite bacteriana Leucócitos 0-5 > 1.000 Polimorfonucleados (%) 0-15 > 80 Linfócitos (%) > 50 < 50 Glicorraquia 45-65 < 40 Glicorraquia/glicemia 0,6 < 0,4 Proteína 20-45 > 150 Pressão 6-20 > 25-30 Especificidade dos achados liquóricos • Celularidade > 2.000 células ou > 1.100 neutrófilos, 99% • Glicorraquia < 20 mg/dL ou relação glicorraquia–glicemia < 0,23, 99% • Proteínas > 220 mg/dL, 99% • Gram revelando microrganismos (60% a 90% dos casos), 100% • Lactato no LCR > 4 mmol/L, sensibilidade de 88% e especificidade de 98% Critérios de contraindicação para punção lombar (PL) antes da TAC Relacionados ao paciente Imunodeprimido Hx lesão expansiva de SNC Hx convulsões na última semana Relacionados ao estado mental Glasgow < 15 Relacionados ao exame neurológico Paralisia de pares cranianos Afasia Alteração de força MMSS/MMII Papiledema Suspeita de meningite SIM Algum critério para contraindicação ou demora (> 30 min) na realização da PL NÃO SIM Dexametasona + antibiótico empírico Dexametasona + antibiótico empírico LCR compatível com meningite bacteriana Tomografia de crânio sem sinais de HIC Antibiótico nas últimas 48h Sintomas há menos de 48h Proteínas > 150 Glicose < 40 Leucócitos > 1.200 Lactato > 4 mEq/L NÃO SIM ALGuM POSITIVO Repetir PL em 12h Determinação do Gram no LCR NÃO SIM Dexametasona + antibiótico empírico Dexametasona + antibiótico específico Hemoculturas e PL Hemoculturas Realizar PL Meningite bacteriana Se no líquor, o Gram não revelar um agente bacteriano e o lactato for normal, não será necessário manter antibioticoterapia. Suspeita clínica de meningite bacteriana: → Iniciar IMEDIATAMENTE antibioticoterapia parenteral, antes mesmo de qualquer exame complementar. * Piora da cefaleia à mobilização cefálica lateral alternada (“sacudir a cabeça”). 139 Infecção 139 InfecçãoMeningite bacteriana Antibioticoterapia empírica para meningite bacteriana no adulto com base na idade/etiologia Idade do paciente Principais patógenos Terapia recomendada/dose diária total e intervalo < 50 anos S. pneumoniae, N. meningitidis Ceftriaxona 2 g, 2x/dia > 50 anos S. pneumoniae, L. monocytogenes, bacilos G-aeróbicos, N. meningitidis Ceftriaxona 2 g, 2x/dia + ampicilina 2 g, 6x/dia TCE aberto, neurocirurgia, derivação liquórica S. aureus, S. epidermidis, difterióides, bacilos G-aeróbicos Vancomicina 1 g, 2 a 3x/dia + ceftazidima 2 g, 3x/dia TCE fechado com fratura de base de crânio, fístula liquórica S. pneumoniae, N. meningitidis, H. influenzae Ceftriaxona 2 g, 2x/dia Imunocomprometido S. pneumoniae, L. monocytogenes, bacilos G-aeróbicos Ceftriaxona 2 g, 2x/dia + ampicilina 2 g, 6x/dia Terapia específica de acordo com os achados da bacterioscopia Bacterioscopia/ Possível microrganismo Terapia recomendada/dose diária total e intervalo Terapia alternativa/dose diária total e intervalo Duração da terapia em dias Diplococco Gram-positivo/ S. pneumoniae Ceftriaxona 2 g, 2x/dia Meropenem 2 g, 3x/dia 10-14 dias Diplococco Gram-negativo/ N. meningitidis* Ceftriaxona 2 g, 2x/dia Penicilina G 4 a 6 MU, 6x/dia ou ampicilina 2 g, 6x/dia 7 dias Bacilo ou cocobacilo Gram-positivo/L. monocytogenes Ampicilina 2 g, 6x/dia + gentamicina 1,5 mg/kg, 3x/dia TMP-SMX 5 mg/kg, 4x/dia ou meropenem 2 g, 3x/dia 21 dias Bacilo Gram-negativo/ H. influenza, coliformes, P. aeruginosa Ceftazidima 2 g, 3x/dia + gentamicina 1,5mg/kg, 3x/dia Cefepima 2 g, 3x/dia Meropenem 2 g, 3x/dia H. influenzae – 7 dias Demais – 21 dias Observações • Dexametasona: 15 min antes ou concomitante à primeira dose de antibiótico 0,15 mg/kg, de 6/6h, por 2-4 dias Comprovadamente eficaz na prevenção de sequelas neurológicas e na redução da mortalidade • Vancomicina IV deverá ser associada ao esquema terapêutico empírico sempre que os índices locais de S. pneumoniae altamente resistentes forem ≥ 2% • A administração de gentamicina intraventricular (5 a 10 mg/dia) é reservada a meningites por Gram-negativos se: (1) microrganismo sensível foi identificado, (2) derivação ventricular externa é necessária, (3) LCR mostra sinais de ventriculite, (4) quadro clínico grave e (5) não houver sinais de melhora com a terapia intravenosa • A administração de vancomicina intraventricular (20 mg/dia) é reservada a ventriculite associada a cateter causada por estafilococo ou para casos de meningite por pneumococo ou estafilococo que não responderam à vancomicina parenteral • A linezolida parece ser uma alternativa segura à vancomicina • Caso hidrocefalia aguda derivação ventricular externa + monitoração da PIC • Realizar monitoração eletroencefalográfica nos pacientes com história de crise convulsiva ou flutuações no escore de coma de Glasgow • A administração de polimixina intratecal na dose de 5 a 10 mg é uma opção de tratamento para meningite por Acinetobacter spp. Referências bibliográficas 1. Robert PNJ. bacterial meningitis and inflammation. Current opinion in Neurology. 2006;19:369-73. 2. van de beek D. Community-acquired bacterial meningitis in adults. N Engl J Med. 2006;354:44-53. 3. Deisenhammer F. Guidelines on routine cerebrospinal fluid analysis. European Journal of Neurology. 2006;13:913-22. 4. Roos KL. Acute meningitis. Continuum Lifelong Learning in Neurology. 2006;12:13-26. 5. Cunha bA. Meningitis and its mimics in the critical care unit. Infectious Diseases in Critical Care Medicine. Informa Healthcare. 2006; pp. 81-103. 6. Ng J. Cure of multiresistant Acinetobacter baumannii central nervous system infections with intraventricular or intrathecal colistin: case series and literature review. J Antimicrob Chemother. 2006;58:1078-81. 7. Roos KL. bacterial meningitis. Principles of Neurologic Infectious Diseases. Mcgraw-Hill, 2005. p. 13-28. 8. Rupprecht TA. Clinical experience with linezolid for the treatment of central nervous system infection. Eur J Neurol. 2005;12:536-42. 9. Lindvall P. Reducing intracranial pressure may increase survival among patients with bacterial meningitis. Clinical Infectious Diseases. 2004;38:384-90. 10. Tunkel AR. Practice guidelines for bacterial meningitis. Clinical Infectious Diseases. 2004;39:1267-84. 11. van de beek D. European dexamethasone in adulthood bacterial meningitis study investigators. Dexamethasone in adults with bacterial meningitis. N Engl J Med. 2002;347:1549-56. *Atentar para meningite nosocomial por Acinetobacter spp. 140 Infecção 140 Infecção A candidíase invasiva é um problema de relevância clínica cada vez maior em pacientes hospitalizados. A candidemia é a quarta infecção de corrente sanguínea nosocomial mais comum nos Estados Unidos. Há relatos de aumento em até 500% na sua incidência nas últimas duas décadas. Tabela 1. Fatores de risco associados à candidíase1 Tempo de internação na UTI Cirurgia gastrintestinal Uso de antibióticos de largo espectro Pancreatite Hemodiálise Uso de corticosteroides ou imunossupressores Cateter venoso central Ventilação mecânica Severidade da doença de base Múltiplas transfusões sanguíneas Nutrição parenteral total Colonização por Candida spp. Perfuração gastrintestinal Diabetes mellitus Tabela 2. Interpretação de resultados microbiológicos Levedura presente em Interpretação Hemocultura Infecção Ponta do cateter Não se recomenda tratamento2 Urina Quase sempre colonização Peritônio Infecção quando há peritonite Secreção respiratória Colonização Candidíase invasiva na UTI Profilaxia Considerar profilaxia antifúngica com fluconazol para pacientes clínicos internados na UTI se estiverem presentes fatores de risco (Tabela 1). Quanto maior o número de fatores de risco associados, maior a possibilidade de infecção fúngica. Nos pacientes cirúrgicos ou politraumatizados, utilizar os critérios da tabela 3. Tabela 3. Profilaxia antifúngica em pacientes cirúrgicos e politraumatizados UTI ≥ 48 h Mais Pelo menos um Antibiótico sistêmico Cateter venoso central Mais Pelo menos dois Nutrição parenteral total Diálise Cirurgia gastrintestinal Pancreatite Corticoide Imunossupressor Como fazer: fluconazol 400 mg/dia (VO ou IV) enquanto persistirem os fatores de risco. Existe um continuum entre colonização por Candida e candidemia. Um índice de colonização > 0,5 (número de locais colonizados/número de locais analisados) está associado com grande chance de candidemia. 141 Infecção 141 InfecçãoCandidíase invasiva na UTI Paciente instável hemodinamicamente? Terapia empírica5 Não usar fluconazol Preferir: equinocandinas, anfolipídica Alternativa: voriconazol Flora local com alta incidência de C. krusei ou C. glabrata Evitar uso de fluconazol Preferir: poliênico, equinocandinas Alternativa: voriconazol Fluconazol Imunocomprometido (transplante, neutropenia, Aids) • SEMPRE retirar/trocar os cateteres intravasculares. • Realizar exame oftalmológico Imunocompetente Formulação lipídica e esperar a identificação Hemodinâmica estável, sem uso prévio de azóis e baixa probabilidade de C. glabrata ou C. krusei Hemodinâmica instável ou alta probabilidade de C. glabrata ou krusei Paraccoccidiomicose ou histoplasmose Candida spp. Continuar formulação lipídica; descalonar para fluconazol quando possível Tratar mais 14 dias após a primeira hemocultura negativa Fluconazol, esperar identificação, monitorar resposta Equinocandina ou formulação lipídica, esperar identificação Sem resposta NãoSim NãoSim Fungemia 142 Infecção 142 InfecçãoCandidíase invasiva na UTI Drogas antifúngicas para tratamento de candidíase invasiva Anfotericina B deoxicolato Dose: 0,6-1,0 mg/kg, IV, 1x/dia Reações infusionais, nefrotoxicidade Anfotericina B em formulações lipídicas Dose: 3-5 mg/kg, IV, 1x/dia Menos reações infusionais e nefrotoxicidade na dependência da formulação Fluconazol Dose de ataque: 800 mg (12 mg/kg), VO ou IV, 1x/dia Dose de manutenção 400 mg (6 mg/kg), VO ou IV, 1x/dia Interações medicamentosas, pode inibir as enzimas do citocromo P450, elevação de transaminases Voriconazol Dose: 6 mg/kg, IV, 12/12 h no primeiro dia, seguidos de 3 mg/kg, IV, 12/12 h ou 400 mg, VO, 12/12 h seguidos de 200 mg, VO, 12/12 h Formulação IV com limitação de uso em insuficiência renal Várias interações medicamentosas, pode inibir as enzimas do citocromo P450, alteração visual e hepatotoxicidade Caspofungina Dose: 70 mg, 1x no primeiro dia, seguidos de 50 mg, IV, 1x/dia Interação com rifampicina e ciclosporinas, elevação de transaminases, evitar uso em hepatopatas Child B e C Anidulafungina Dose de ataque: 200 mg, IV, 1x no primeiro dia, manutenção de 100 mg, IV, 1x/dia Micafungina Dose: 100 mg/dia Referências bibliográficas 1. Ostrosky-Zeichner L. New approaches to the risk of Candida in the intensive care unit - Review. Curr opin Infect Dis. 2003;16:533-7. 2. Mermel LA, Farr bM, Sherertz RJ, et al. Guidelines for the management of intravascular catheter-related infections - Review. Clin Infect Dis. 2001;32:1249-72. 3. Playford EG, Webster AC, Sorrell TC, et al. Antifungal agents for preventing fungal infections in non-neutropenic critically ill patients – Review. Cochrane Database Syst Rev. 2006; 25:CD004920. 4. Paphitou NI, Ostrosky-Zeichner L, Rex JH. Rules for identifying patients at increased risk for candidal infections in the surgical intensive care unit: approach to developing practical criteria for systematic use in antifungal prophylaxis trials. Med Mycol.2005;43:235-43. 5. Spellberg bJ, Filler SG, Edwards Jr JE. Current treatment strategies for disseminated candidiasis – Review. Clin Infect Dis. 2006;42:244-51. 6. Ostrosky-Zeichner L, Pappas PG. Invasive candidiasis in the intensive care unit – Review. Crit Care Med. 2006;34:857-63. 7. bochud PY, bonten M, Marchetti O, et al. Antimicrobial therapy for patients with severe sepsis and septic shock: an evidence-based review. Crit Care Med. 2004;32(Suppl):S495-512. 8. Pappas PG, Kauffman CA, Andes D, et al Clinical practice guidelines for the management of candidiasis: 2009 update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2009;48(5):503-35. 9. Azoulay E, Dupont H, Tabah A, et al. Systemic antifungal therapy in critically ill without invasive fungal infection. Crit Care Med. 2012;40:813-22. 143 Infecção 143 InfecçãoNeutropenia febril • Neutropenia: contagem de neutrófilos < 500/mm3 ou • Neutropenia grave: contagem de neutrófilos < 100/mm3 ou • Quimioterapia nas últimas 4-6 semanas + SIRS = NEUTROPÊNICO. Se houver alto risco (Quadro 1) = URGÊNCIA MÉDICA Vigilância constante dos sinais vitais Remover cateter central se: infecção documentada, trombose do cateter, choque séptico, ou infecção da corrente sanguínea persistente apesar de antibióticos apropriados por > 72h (A-II). T > 38,3ºC (1x) ou T > 38ºC (por 1h) SoLICItAR CULtURAS Sangue, urina, secreções INICIAR ANtIMICRoBIANoS DE AMPLo ESPECtRo Gram negativos (sempre): antipseudomonas conforme perfil local Gram positivos se: infecção associada à cateter, pele ou partes moles, pneumonia e se houver instabilidade hemodinâmica. Anaeróbios se: mucosite, doença periodontal, infecção intra-abdominal e/ou pélvica. tEMPo DE tRAtAMENto • Foco infeccioso definido: tempo habitual para o tipo específico de infecção/ patógeno, até atingir contagem neutrófilos ≥ 500/mm3. • Foco infeccioso/agente não identificado: Até haver melhora clínica + 2 dias afebril + neutrófilos ≥ 500 /mm3. Avaliar necessidade de estimulador de colônias de granulócitos – fluxograma 2 Reavaliar em 4 dias (Fluxograma 3) Diagnóstico de Neutropenia Febril Em 60 minutos 144 Infecção 144 Infecção Considerar antifúngico empírico se: Escolha do antifúngico Não houve profilaxia antifúngica E Não há sítio óbvio de infecção Profilaxia antifúngica prévia oU Infiltrado nodular pulmonar oU Doença invasiva Infecção por Candida spp é mais provável Candida resistente a fluconazol e Aspergillus são mais prováveis Equinocandina Anfotericina ou voriconazol Caspofungina – dose ataque 70 mg, IV, após manter 50 mg/dia Micafungina e anidulafungina não estão aprovadas pelo FDA para tratamento de neutropenia febril, apesar do espectro dos três antifúngicos ser similar. Anfotericina b – 5 mg/kg, IV, 1x ao dia Voriconazol – não aprovado pelo FDA para tratamento empírico em neutropenia febril, mas recomendado pelo IDSA. Dose ataque 6 mg/kg, IV, a cada 12h no 1o dia, seguido de 4 mg/kg, IV, 12/12h. ALto RISCo PARA INFECÇÃo FÚNGICA: • Se febre persistente ou recorrente após 4-7 dias de tratamento com antibióticos de amplo espectro oU • Se expectativa de manter neutropenia > 7 dias (A-I). Neutropenia febril 145 Infecção 145 Infecção Fluxograma 2: Indicação de fator estimulador de colônias de granulócitos Neutropenia febril Sepse grave ou choque séptico Expectativa de < 100 neutrófilos por + de 10 dias, Idade > 65 anos, Doença primária não controlada, Infecção fúngica, Hospitalização no início do quadro. Indicação de fator estimulador de colônias de granulócitos é controversa Indicar fator estimulador de colônias de granulócitos Filgrastima = 5 mcg/kg/dia, SC ou IV Continuar por 14 dias ou até atingir contagem leucócitos > 10.000. Neutropenia febril Sim Sim Não Quadro 1: Neutropenia febril de alto risco Qualquer característica abaixo define alto risco: • Neutropenia < 500 neutrófilos por > 7 dias • Instabilidade hemodinâmica • Mucosite oral ou gastrointestinal • Sintomas gastrointestinais como dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia • Alteração do status mental de início recente • Infecção relacionada à cateter • Infiltrado pulmonar novo ou hipoxemia • Doença pulmonar subjacente • Neoplasia não controlada • Evidência de insuficiência hepática ou renal • Uso de alemtuzumab nos 2 meses prévios 146 Infecção 146 Infecção Referências bibliográficas 1. Freifeld et al. Clinical guideline for the use of antimicrobial agentes in neutropenic patientes with cancer.: 2010 uptodate by the Infectious Disease Society of America CID 2011: 52(4):e56-93. 2. Irwin and Rippe's Intensive Care Medicine, 7th Edition 3. upToDate 2013. Neutropenia febril Fluxograma 3: Reavaliação de pacientes com neutropenia febril de alto risco após 4 dias de tratamento Febre inexplicada • Clinicamente estável • Recuperação mielóide não iminente • Considerar TC seios paranasais e pulmonar Recebeu profilaxia antilevedura (fluconazol)? Terapia antifúngica empírica com cobertura antifungo filamentoso • Equinocandina • Anfotericina B • Voriconazol Recebeu profilaxia antifungo filamentoso? Terapia antifúngica – considerar troca de classe para cobertura anti fungo filamentoso Febre inexplicada • Clinicamente estável • Elevação no leucocitos Observe • Não modificar antibiótico se não houver evidência clínica, microbiológica, radiográfica de nova infecção Infecção documentada • Clinicamente instável • Piora sinais de infecção • Novas imagens para possíveis sítios de infecção • Culturas/biópsias/drenagens dos sítios de infecção – avaliar bactérias/fungos/vírus • Revisar adequação do antibiótico quanto à dose e espectro • Considerar adição de antifúngico empírico • Ampliar cobertura antimicrobiana Neutropenia febril de alto risco com febre após 4 dias de tratamento Culturas para qualquer sítio suspeito de infecção 147 Metabólico e suporte nutricional 147 Metabólico e suporte nutricional Requerimento básico de hidratação e eletrólitos Manutenção É a oferta de líquidos e eletrólitos para repor as perdas da respiração, da sudorese, da diurese e gastrintestinais previstas para as próximas horas (em geral 24h). Normalmente, o requerimento básico pode ser prescrito com base na fórmula de Holliday-Segar, que resulta em: Necessidades diárias de água e solutos com base no peso corporal Peso Água (mL/kg/ dia) Na+ (mEq/100 mL de água) K+ (mEq/100 mL de água) De 0 a 10 kg 100 2-3 2 De 10 a 20 kg 50 2-3 2 Acima de 20 kg 20 2-3 2 Adaptado de Rakel RE, bope ET. Conn’s Current Therapy. 57. ed. New York: Elsevier, 2005. Composição de cristaloides intravenosos Solução mOsm/L mEq/L g/L Na+ Cl- K+ Ca++ Lactato Glicose (g/L) Glicose a 5% 278 50 Glicose a 5% em NaCl a 0,45% 405 77 77 50 Glicose a 5% em NaCl a 0,9% 561 154 154 50 Ringer lactato 275 130 109 4 3 28 NaCl a 0,45% 154 77 77 NaCl a 0,9% 308 154 154 NaCl a 3% 1.026 513 513 Valores estimados para reposição de água Origem Volume Detalhe Diurese Variável Atentar para causas de poliúria: diabetes mellitus descom- pensado, uso de diurético e natriurese cerebral Evacuação 50-200 mL Considerar para cada episódio de evacuação: pequeno volume ∼ 50 mL; volumosa ∼ 200 mL Febre 200 mL Valor para cada grau centígrado acima de 38ºC Taquipneia 200 mL Valor para cada 4 mv/min acima da frequência respiratória de 20 mv/min Valores médios para reposição de solutos Origem Na+ (mEq/L) K+ (mEq/L) Cl- (mEq/L) HCO3 - (mEq/L) Diarreia 10-90 10-80 10-110 15-50 Gástrica 20-80 5-20 100-150 0 Pancreática 120-140 5-15 40-80 110-115 Intestino delgado 100-140 5-15 90-130 30-40 Bile 120-140 5-15 80-120 40 Ileostomia 45-135 3-15 20-115 30 Sudorese 30-65 0 30-65 0 Urina 20-100 (∼ 75) Variável (∼ 40) ∼ 115 0 Situações clínicas que frequentemente aumentam a necessidade diária de água e eletrólitos: • carga aumentada de soluto: cetoacidose diabé- tica, glicosúria; • perdas proteicas elevadas: queimado, rabdomiólise; • diabetesinsipidus; • febre, taquipneia. A esses valores são adicionadas as perdas diárias previstas ou verificadas ao longo do dia: Em situações com efetiva ou provável secreção ina- propriada de ADH, é prudente reduzir o volume de manutenção para a metade ou dois terços do previsto. Exemplo importante são os casos de pós-operatório (dor, náuseas, uso de AINH ou opiáceos). Repor perdas específicas (tabela a seguir). 148 Metabólico e suporte nutricional 148 Metabólico e suporte nutricional Requerimento básico de hidratação e eletrólitos Desidratação: para repor as perdas da desidratação, é fundamental considerar a distribuição da água cor- poral pelos diferentes compartimentos. Ela varia de acordo com o sexo e a idade, mas, para fins práticos, no adulto se pode considerar: Peso (%) Exemplo em adulto de 70 kg (litros) H2O corporal total 60 42 H2O intracelular 40 28 H2O extracelular 20 14 H2O intravascular 5 3,5 As desidratações comprometem principalmente o volume do meio extracelular (VEC), em última instância a volemia do paciente. Assim, como abordagem inicial, deve-se estimar e repor o grau de depleção por meio da avaliação clínica do VEC. Quadro clínico Déficit do VEC Valor em homem de 70 kg (mL) Solução de reposição preferencial História de perdas hídricas (vômitos, diarreia, internação etc.) 10% 1.400 NaCl a 0,9% ou ringer lactato Hipotensão postural 20% 2.800 NaCl a 0,9% ou ringer lactato Taquicardia, diminuição do turgor, olhos encovados, hipotensão postural acentuada 30% 4.200 NaCl a 0,9% ou ringer lactato Choque 40% 5.600 NaCl a 0,9% ou ringer lactato Referências bibliográficas 1. Friedman AL. 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Então, infunde-se na velocidade desejada ΔNa sérico = Nainfundido – Nasérico água corporal total + 1 A principal causa em uTI é a infusão de líquidos hipotônicos Caracterizar a volemia PVC, diurese, edema, hipotensão postural Duas principais causas: infusão de grandes volumes de líquidos hipernatrêmicos e poliúria provocada por hiperglicemia. NaCl a 0,45% = 77 mEq/L (AD 1.000 mL + NaCl a 20% 22 mL) Ringer lactato = 130 mEq/L Hipovolêmica Euvolêmica Hipervolêmica Causas Perdas renais Perdas não renais SIADH Psicogênica Hipotireoidismo Drogas ICC Cirrose Síndrome nefrótica Diuréticos Natriurese Gastrintestinal Pele [Na] urinário ↑ (> 20 mEq/L) ↓ (< 10 mEq/L) ↑ ↓ OSM urinário Isotônica ↑ ↑ ↑ Tratamento SF a 0,9% até correção da volemia Restrição de água Tratamento de base + restrição de água Hipovolêmica Perda H2O > perda Na+ Euvolêmica Perda pura de H2O Hipervolêmica Ganho de Na+ > ganho de H2O Causas Perdas renais Perdas não renais Perdas renais Perdas não renais Iatrogênico Bicarbonato de sódio Hipertônicas Diurese osmótica Diurético sem H2O Gastrintestinal Pele Diabetes insipidus (DI) central DI nefrogênico Insuficiência respiratória Pele [Na] urinário ↑ (> 20) ↓ (< 10 mEq/L) Variável Variável ↑ OSM urinário Isotônica ↑ Hipotônica ↑ Iso ou ↑ Tratamento 1. SF a 0,45% ou 0,9% até correção da volemia 2. Líquidos hipotônicos a seguir 1. Reposição de água livre 1. Reposição de água livre 2. Diurético Fórmula de correção: as considerações são idênticas às da hiponatremia ΔNa sérico = Nainfundido – Nasérico água corporal total + 1 Recomendações na hipernatremia sintomática • Na+-alvo = 145 mEq/L • Velocidade máxima de correção de 10 mEq/24h • Aguda – correção inicial de 1 mEq/h • Crônica – correção de 0,5 mEq/h Recomendações na hiponatremia aguda sintomática. AtENÇÃo!! • Na+-alvo = 125 mEq/L • Velocidade de correção inicial de 1 a 2 mEq/h • Velocidade máxima de 6 a 8 mEq/L em 24h, de 12 a 14 mEq/L em 48h Nainfundido por soluções – ex.: SF a 0,9% = 154 mEq/L NaCl a 2% = 342 mEq/L (SF0 a 0,9% 500 mL + NaCl a 20% 3 amp) NaCl a 3% = 513 mEq/L (SF0 a 0,9% 500 mL + NaCl a 20% 5 amp) Referências bibliográficas 1. Schrier RW, bansal S. Diagnosis and management of hyponatremia in acute illness. Curr opin in Crit Care. 2008;14:627-34. 2. Adrogué HJ, Madias NE. Hyponatremia. New England J Med. 2000;342:1581-9. 3. Sterns RH, Nigwekar Su, Hix JK. The treatment of hyponatremia. Semin Nephrol. 2009;29:282-99. 4. Adrogué HJ, Madias NE. Hypernatremia. New England J Med. 2000;342:1493-9. Hipernatremia (Na+ > 145 mEq/L) 150 Metabólico e suporte nutricional 150 Metabólico e suporte nutricional Distúrbios do potássio Hipocalemia (K+ < 3,5 mEq/L) Causas mais comuns em UTI • Hiperaldosteronismo secundário: desidratação, ICC, cirrose. • Drogas: diuréticos, manitol, anfotericina B. • Gastrintestinal: drenagem por SNG, fístulas, diarreia. • Shift transcelular: alcalose, insulina, beta2-agonistas. • Outros: tireotoxicose, NPT, hiperglicemia, hipomagnesemia. Manifestações clínicas • Fraqueza muscular, íleo paralítico, insuficiência respiratória. • Taquiarritmias cardíacas (TSV, TV, FV). • ECG: onda U, prolongamento QT, depressão ST. • Alcalose metabólica, rabdomiólise, diabetes insipidus nefrogênico, predisposição à nefrotoxicidade. Déficit de 1 mEq K+ sérico ~ 100 a 200 mEq K+ corporal total Tratamento • Assintomática: xarope KCl a 6% (20 mL = 7,8 mEq). • Sintomática: IV, concentração máxima de 100 mEq/L, máximo 20 a 40 mEq/h, máximo 250 mEq/dia, preferir veia central e paciente monitorado. • Se houver necessidade de diurético, utilizar poupador de potássio. Hipercalemia (K+ > 5,5 mEq/L) Causas mais comuns em UTI • Pseudo: hemólise na coleta da amostra. • Shift transcelular: acidose, hiperosmolaridade, betabloqueadores, deficiência insulínica. • Administração excessiva (NPT, manutenção). • Diminuição da excreção renal: insuficiência renal severa, deficiência mineralocorticoide (Addison, hipoaldo-hiporreninêmico). • Drogas: AINHs, IECA, ARA-2, espironolactona, trimetoprim. • Outras: rabdomiólise, doenças renais intersticiais, desidratação severa. Manifestações clínicas • Arritmias: ESV, TV, FV, BAVT. • ECG: onda T em tenda, achatamento da onda P, prolongamento PR, alargamento QRS. • Paralisia flácida. Tratamento Mecanismo de ação Medida Início/duração Dose 1. Estabilização de membrana Gluconato de Ca++ a 10% 1 min/30-60 min 10 mL, IV, lentamente (monitorado) 2. Shift de K+ intracelular a. insulina b. beta2-agonista c. H2CO3 a. 10-20 min/4-6h b. 10-20 min/2-4h c. 10-20 min/2-4h a. 1 UI insulina/10 g glicose b. inalatório, dose variável c. 50-100 mEq/1h 3. Remoção do K+ corporal a. resina de troca b. diurético c. hemodiálise a. 1-2h/4-6h b. 1-2h/4-6h c. imediato a. Enema de retenção de Sorcal® 60 g b. Furosemida 20 a 100 mg, IV c. 1 a 2h de HD Referência bibliográfica 1. Zatz R. Fisiopatologia renal. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2000. 151 Metabólico e suporte nutricional 151 Metabólico e suporte nutricional Distúrbios do cálcio, fósforo e magnésio CÁLCIO (normal entre 8,5 e 10,5 mg/dL) Hipocalcemia Hipercalcemia Definição Catotal < 8,5 mg/dL Ca++ < 4,5 mg/dL (< 1,1 mmol/L) Catotal > 10,5 mg/dL Ca++ > 5,0 mg/dL (> 1,3 mmol/L) Etiologias mais comuns em UTI - Alcalose aguda - Hipomagnesemia - Sepse por Gram-negativos - Grande volume de hemoderivados (especialmente hemácias) - Rabdomiólise - Bypass cardiopulmonar - Pancreatite aguda - Alcoolismo - Desnutrição e disabsorção - Aminoglicosídeo- Cimetidina - Heparina - Teofilina - Embolia gordurosa - Aumento da reabsorção óssea (malignidade) - Síndrome paraneoplásica - Hiperparatireoidismo - Tireotoxicose - Imobilização prolongada - Sarcoidose - Induzido por drogas: vitamina D, líto, tiazídicos, vitamina A - Associado a distúrbios endócrinos: Addison, acromegalia, feocromocitoma Manifestações - Formigamento perioral e de extremidades - Hiper-reflexia e espasmos em mãos e pés - Tetania - Sinais de Chvostek e de Trousseau - Diminuição do limiar convulsivo - Hipotensão, queda do débito cardíaco, arritmias/extrassístoles ventriculares - Casos extremos: BAVT, taquicardia ventricular e hipotensão refratária - Náuseas, vômitos, dor abdominal, obstipação, íleo, pancreatite aguda - Déficit de atenção, letargia, fraqueza muscular, confusão mental até coma - Poliúria por diabetes insipidus nefrogênico - Hipertensão arterial nas fases iniciais - Hipotensão arterial em quadros prolongados - Encurtamento do intervalo QT - Sensibilização para intoxicação digitálica - Insuficiência renal aguda Tratamento 1. Aguda, sintomática: 1.1. 20 mL de gluconato de Ca++ a 10% ou cloreto de Ca++ a 10% 8 mL diluído em 100 mL de solução salina, infundir em não menos que 10 minutos. Manter infusão contínua de 1 a 2 mg Caelem/kg/h, por 6 a 12h 2. Em pacientes isquêmicos ou com baixo débito, há risco de piora da isquemia pela infusão de Ca++. Trate com infusão EV apenas hipocalcemia severa sintomática (Ca++ < 2,65 mg/dL ou 0,65 mmol/L) 3. No doente crítico, a reposição objetiva a resolução das manifestações clínicas e não a normalização da calcemia 1. Aguda, severa (Catotal > 13 mg/dL ou sintomático): 1.1. hidratação EV vigorosa (200 a 500 mL de salina por hora, dependendo do estado de hidratação, função renal e capacidade cardiovascular) 1.2. furosemida 20 a 40 mg, EV, após adequação da volemia – manter débito urinário de 100 a 200 mL/h 1.3. pamidronato (60 a 90 mg, EV, diluídos em 50 a 200 mL de salina ou glicosado, em 2h) ou zoledronato (4 mg, EV, diluídos em 50 mL de salina ou glicosado, em 15 minutos) 1.3.1. máxima eficácia em 2 a 5 dias 1.4. calcitonina 4 U/kg, SC, a cada 12h, por 3 a 4 dias 1.5. mitramicina 25 mg/kg em 500 mL de glicosado, em 6h 1.5.1. restrito ao tratamento de urgência, pois provoca hepato e nefrotoxi- cidade, além de plaquetopenia 1.6. Hemodiálise se não houver resposta às medidas acima 2. Crônica: frequentemente necessária reposição de fosfatos; corticosteroides são coadjuvantes no tratamento; manter estado de hidratação enquanto tratamento da doença de base 152 Metabólico e suporte nutricional 152 Metabólico e suporte nutricional Particularidades de posologia - Gluconato de cálcio a 10% – cada mL contém: Caelem 9 mg - Cloreto de cálcio a 10% – cada mL contém Caelem 36 mg Observações O Catotal reflete mal o Ca++. Na falta de medida específica, observe que para cada 1 g/dL de redução na albumina plasmática, abaixo de 4 g/dL, há redução do Catotal em cerca de 0,8 a 1 mg/dL O uso de anticoagulantes para coleta de amostra de sangue pode quelar o cálcio e diminuir a concentração deste na amostra Infundir cloreto de cálcio em acesso venoso central (osmolaridade de 2.000 mOsm/L) Catotal: cálcio sérico total; Ca++: cálcio sérico ionizado; Caelem: cálcio sérico elementar FÓSFORO (normal entre 2,5 e 5,0 mg/dL) Hipofosfatemia Hiperfosfatemia Definição Leve PO4 < 3,5 mg/dL Moderada PO4 < 2,5 mg/dL Severa PO4 < 1 mg/dL PO4 > 6,0 mg/dL Etiologias mais comuns em UTI - Hiperalimentação (enteral ou parenteral) - Etilismo crônico - Cetoacidose diabética (especialmente na correção) - Alcalose respiratória - Grande queimado - Diurese pós-obstrutiva - Diarreia crônica - Sepse - Uso de beta-agonistas - Uso de quelantes de fosfatos (sucralfate e hidróxido de alumínio) - Destruição tecidual: isquemia mesentérica, rabdomiólise, hemólise, hipertermia maligna - Insuficiência renal crônica - Acidose metabólica ou respiratória - Administração excessiva Manifestações - Somente em casos moderados/severos - Fraqueza muscular - Dificuldade de desmame da ventilação mecânica - Hemólise - Hipotensão refratária - Arritmias - Hipóxia celular (impede a liberação do O2 da Hb) - Induz a hipocalcemia e sintomas associadas a ela, em especial a tetania - Insuficiência renal aguda - Anorexia, náuseas, vômitos, íleo paralítico, hematêmese e melena - Distúrbios da condução miocárdica e arritmias Distúrbios do cálcio, fósforo e magnésio 153 Metabólico e suporte nutricional 153 Metabólico e suporte nutricional Tratamento 1. Regra geral, casos moderados sintomáticos ou severos: 1.1. reposição a 0,6 a 0,9 mg/kg/h – monitorar nível sérico a cada 6h 2. Se K+ plasmático > 4 mEq/L, preferir uso de fosfato de sódio; se < 4 mEq/L, preferir fosfato de potássio 3. Dose máxima diária limitada a 1 g de fosfato elementar em 24h 1. Se a função renal é preservada: expansão volêmica associada ao uso de acetazolamida 2. Em situações severas, o uso de quelantes intestinais de fósforo (hidróxido de alumínio, carbonato ou acetato de cálcio, hidrocloreto de sevelamer e carbonato de lantânio) associado à hemodiálise resulta em redução da fosfatemia em 12 a 48h Particularidades de posologia Fosfato de potássio 93 mg/mL (3 mmol/mL), Na+: 4 mEq/mL Fosfato de sódio 93 mg/mL (3 mmol/mL), K+: 4,3 mEq/mL MAGNÉSIO (normal entre 1,4 e 2,0 mEq/L) Hipomagnesemia Hipermagnesemia Definição Mg++ < 1,4 mEq/L Etiologias mais comuns em UTI Diuréticos, em especial a furosemida Aminoglicosídeos, anfoterecina, pentamidina, digitálicos, ciclosporina, cisplatina Etilismo crônico, delirium tremens Diarreia crônica Diabetes mellitus Infarto agudo do miocárdio Nutrição parenteral com baixa oferta diária Concomitância de insuficiência renal e uso de antiácidos, catárticos ou enemas Uso de lítio Hipotireoidismo Doença de Addison Manifestações Anormalidades eletrocardiográficas Arritmias: torsades de pointes, fibrilação ventricular, sensibiliza para intoxicação digitálica Fraqueza muscular, tremores, parestesias, nistagmo, sinais de Trousseau e Chvostek, convulsão Induz a distúrbios eletrolíticos: hipocalemia, hipofosfatemia, hiponatremia e hipocalcemia Níveis > 4 mEq/L: hiporreflexia, náuseas, vômitos, hipotensão. Flushing facial, retenção urinária e íleo paralítico > 5 mEq/L: BAV de 1o grau, graus progressivos de hiporreflexia, depressão respiratória > 10 mEq/L: BAVT > 13 mEq/L: parada cardíaca Distúrbios do cálcio, fósforo e magnésio 154 Metabólico e suporte nutricional 154 Metabólico e suporte nutricional Tratamento 1. Assintomática, sem alteração eletrolítica associada: 1.1. repor 1 mEq/kg nas primeiras 24h e 0,5 mEq/kg por dia nos próximos 3 a 5 dias 2. Mg++ < 1 mEq/L ou nível sérico maior acompanhado de outras anormalidades eletrolíticas: 2.1. Adicionar 6 g de MgSO4 (48 mEq) a 250 mL/ 500 mL de SF a 0,9% e infundir em 3h 2.2. Seguir com 5 g de MgSO4 (40mEq) em 250/500 mL de SF a 0,9% nas próximas 6h 2.3. Continuar com 5 g de MgSO4 a cada 12h (por infusão contínua) pelos próximos 5 dias 3. Hipomagnesemia associada à arritmia cardíaca grave (torsades de pointes) ou convulsões generalizadas: 3.1. Infundir 2 g de MgSO4 (16 mEq) via intravenosa em 2 a 5 min 3.2. A seguir, infundir 5 g de MgSO4 (40 mEq) em 250/500 mL de SF a 0,9% nas próximas 6 h 3.3. Continuar com 5 g de MgSO4 a cada 12h (por infusão contínua) pelos próximos 5 dias 1. Gluconato de Ca++ 10 mL, EV, lentamente (em 5 minutos) 2. Expansão volêmica e diurese induzida pela furosemida (20 a 40 mg, EV) 3. Se houver insuficiência renal associada, o uso de hemodiálise é frequentemente indicado Distúrbios do cálcio, fósforo e magnésio Referências bibliográficas 1. Ferri FF. Practical guide to the care of the medical patient. 7th ed. Philadelphia: Mosby, 2007. 2. Narins Rb. Maxwell & Kleeman’s clinical disorders or fluid and electrolyte metabolism. 5th ed.New York: McGraw-Hill, 1994. 3. Marino PL. the ICU book. 3rd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2007. 155 Metabólico e suporte nutricional 155 Metabólico e suporte nutricional Distúrbios ácido-básicos 1) Verificar a validade da gasometria Conferir se o pH calculado é igual ou próximo àquele da gasometria. Utilize a equação de Henderson-Hasselbalch, que, modificada, se apresenta assim: [H+] . [HCO3 -]/PaCO2 = 24 ± 2 [H+] é em nmol/L; [HCO3 -], em mEq/L; e PaCO2, em mmHg. Para obter a [H+] Considere que a [H+] dobra, para cada 0,3 unidade que diminua o pH, ou cai pela metade, para cada 0,3 unidade que eleva o pH. A tabela a seguir colabora para facilitar o cálculo: pH 7,10 7,25 7,40 7,55 7,60 [H+] 80 60 40 30 20 Ou que o pH entre 7,2 e 7,5 [H+] varia 1 nmol/L para cada 0,01 unidade de variação do pH: pH 7,30 7,35 7,40 7,43 7,50 [H+] 50 45 40 37 30 2) Verificar qual é o distúrbio primário o distúrbio primário segue o pH Compensação fisiológica pH < 7,35 Acidose Metabólica ↓ HCO3 - ↓ PaCO2 Respiratória ↑ PaCO2 ↑ HCO3 - (discreto) pH > 7,45 Alcalose Metabólica ↑ HCO3 - ↑ PaCO2 (discreto) Respiratória ↓ PaCO2 ↓ HCO3 - 3) Verificar se há distúrbio secundário associado (misto) Se a variação da PaCO2 ou do HCO3 - for diferente daque- la esperada, há distúrbio misto associado e, consequen- temente, outras etiologias a serem consideradas. Distúrbio Compensação fisiológica Fórmula (variação aceita) Acidose metabólica ↓ PaCO2 PaCO2 = 1,5 x HCO3 -+ 8 (± 2) Alcalose metabólica ↑ PaCO2 PaCO2 = 0,7 x HCO3 - + 21 (± 2) Acidose respiratória (aguda) ↑ HCO3 - HCO3 - aumenta 1 mEq para cada 10 mmHg de aumento na PaCO2 Acidose respiratória (crônica) ↑ HCO3 - HCO3 - aumenta 3,5 mEq para cada 10 mmHg de aumento na PaCO2 Alcalose respiratória (aguda) ↓ HCO3 - HCO3 - diminui 2 mEq para cada 10 mmHg de queda na PaCO2 Alcalose respiratória (crônica) ↓ HCO3 - HCO3 - diminui 5 mEq para cada 10 mmHg de queda na PaCO2 4) Calcular o ânion-gap (AG) O valor do AG orienta o diagnóstico das acidoses metabólicas. AG = [Na+] – [Cl–] – [HCO3 -] = 12 ± 2 mEq/L 156 Metabólico e suporte nutricional 156 Metabólico e suporte nutricional Causas • Acidose metabólica com AG normal (hiperclorêmica): acidose dilucional, diarreia, fístulas, hiperalimentação parenteral, acidoses tubulares renais • Acidose metabólica com AG aumentado (normoclorêmica): acidose lática, asma severa, intoxicação por CO, anemia severa, cetoacidose diabética, hepatopatia avançada, deficiência de tiamina, intoxicação por metanol e etanol, insuficiência renal crônica avançada Acidose metabólica Tratamento Acidose lática • Tratamento da causa básica • Alcaliterapia não é eficaz e pode piorar o prognóstico Acidose por perda de HCO3 - (hiperclorêmica) • Tratamento da causa básica • Repor bicarbonato de sódio se pH < 7,1 em idosos, cardiopatas e crianças (HCO3 --alvo ~ 12 – 16 mEq/L) Cetoacidose • Tratamento da causa básica • Repor bicarbonato de sódio somente se pH < 6,9 com choque associado Dose de [HCO3 –] = (0,6 x peso em kg) x (HCO3 – desejado – HCO3 – atual) Se HCO3 - sérico < 10: HCO3 - desejado = 10 Se HCO3 - sérico > 10 < 15: HCO3 - desejado = 15 Ritmo de infusão do HCO3 – • 50% em 30 min a 60 min e 50% em 4 a 6h • Avaliar correção paralela de K+ (a correção da acidose frequentemente provoca ↓ [K+]) • Gasometria e K+ de controle 30 min após infusão • Lembrar que HCO3 - a 8,4% contém 1 mEq de HCO3 - e de Na+ por mL • Se hipernatremia: preferir NaHCO3 a 8,4% 150 mL + SG a 5% ou água destilada 1.000 mL Distúrbios ácido-básicos 157 Metabólico e suporte nutricional 157 Metabólico e suporte nutricional Acidose respiratória Agudas • Comprometimento da ventilação por doenças neuromusculares: lesão de tronco ou medula alta, síndrome de Guillain-Barré, miastenia grave, drogas • Obstrução de vias aéreas: corpo estranho, espasmo de laringe, broncospasmo grave • Outras: tórax instável, pneumotórax, pneumonia grave, edema pulmonar, inalação de fumaça, embolia pulmonar maciça, iatrogênica (parâmetros inadequados da ventilação mecânica), queda da complacência pulmonar (SDRA severa) Crônicas • Anormalidades neuromusculares, síndrome de Pickwick, DPOC, cifoescoliose grave e doença pulmonar intersticial avançada Tratamento a) Tratar causa básica b) Corrigir o broncospasmo ou a ↓ da complacência c) Ventilação mecânica d) Diminuir espaço morto e) Correção dos parâmetros da ventilação mecânica f) Insuflação traqueal de gás (TGI) g) Uso de NaHCO3 (pH < 7,10 e não resposta às medidas acima) h) ECMO Não há necessidade de corrigir a acidose respiratória aguda de pacientes em ventilação mecânica com ↑ da resistência das vias aéreas (broncospasmo) ou ↓ da complacência (SDRA), desde que pH > 7,15 e causas básicas estejam sendo combatidos Parâmetros ventilatórios e PaCO2 resultante Vol. minutoatual x PaCO2 atual = Vol. minutodesejado x PaCO2 desejada ou Frequência resp.atual x PaCO2 atual = Frequência resp.desejada x PaCO2 desejada ou Vol. correnteatual x PaCO2 atual = Vol. correntedesejado x PaCO2 desejada Distúrbios ácido-básicos 158 Metabólico e suporte nutricional 158 Metabólico e suporte nutricional Distúrbios ácido-básicos Alcalose metabólica Responsiva ao cloreto (cloro urinário < 10 mEq/L) • Depleção do espaço extracelular. • Distúrbios gastrintestinais: vômitos, drenagem gástrica, adenoma viloso do cólon. • Uso de diuréticos. • Correção de hipercapnia crônica. • Fibrose cística. Resistente ao cloreto (cloro urinário > 20 mEq/L) • Excesso de mineralocorticoide: hiperaldosteronismo, síndrome de Cushing, síndrome de Bartter, alcaçuz. • Hipocalemia (com frequência passa despercebida). Tratamento Objetivo: HCO3 – < 40 e pH < 7,55 a) Tratar causa básica. b) Restaurar volemia (evitar uso de ringer lactato). c) Descontinuar drogas com HCO3 ou precursoras, como lactato, acetato, citrato (compostos da NPT). d) Suspender diuréticos. e) Normalizar potássio sérico. f) Sem reversão com as medidas acima: considerar acetazolamida 250-375 mg, 1 a 2 vezes/dia. g) Casos refratários às medidas iniciais: • HCl 0,1N – 0,2N (0,1N = 100 mmol/L de H+). • Cálculo da infusão: (HCO3 encontrado – HCO3 desejado) x peso x 0,5 • Ritmo de reposição: 0,2 mmol/kg/h. Alcalose respiratória Causas • Hiperventilação (espontânea ou iatrogênica). • Hipóxia tecidual (choque, anemia severa, aspiração, pneumonia). • Tromboembolismo pulmonar. • Dor. • Febre. • Ansiedade. • Psicose. • Doenças do sistema nervoso central (HSA, tumores, meningites). Referências bibliográficas 1. Marino PL. Distúrbios ácido-básicos. Compêndio de UtI. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 1999. pp. 469-96. 2. Gehlbach bK, Schmidt GA. bench-to-bedside review: treating acid-base abnormalities in the intensive care unit – the role of buffers. Critical Care. 2004;8:259-65. 3. Rocco JR. Diagnóstico dos distúrbios do metabolismo ácido-base. Rev Bras ter Int. 2003;15(4):184. 4. Adrougué H, Madias A. Management of life-threatening acid-base disorders. First of two parts. N Engl J Med. 1998;338(2):26-34. 5. Adrougué H, Madias A. Management of life-threatening acid-base disorders. Second of two parts. N Engl J Med. 1998;338(2):107-111. Tratamento a) Tratar causa básica. b) Correção dos parâmetros ventilatórios. c) ↑ espaço morto. d) Sedação/analgesia. 159 Metabólico e suporte nutricional 159 Metabólico e suporte nutricional O protocolo que segue foi concebido para o controle da hiperglicemia no paciente adulto na UTI. NÃO deve ser usado em emergências diabéticas (cetoacidose diabética e síndrome hiperglicêmica hiperosmolar). Controle glicêmico Iniciar insulina endovenosa quando hemoglicoteste (HGT) > 180 mg% Objetivo: HGT entre 140 e 180 mg% Como iniciar a infusão? • Preparar a solução 1:1 com SF 0,9% 100 mL + 100 UI de insulina regular e • Desprezar 5 mL da solução contida no equipo • Bolus inicial: - Se HGT entre 180 e 300mg%, não administrar bolus inicial - Se HGT > 300 mg% administrar bolus inicial conforme a fórmula a seguir: valor do HGT mg%/100 uI Exemplo: Se HGT = 350 mg% » 350/100 uI = 3,5 » administrar bolus inicial de 3,5 uI, IV. • Infusão contínua: - Iniciar infusão conforme a fórmula: HGT mg%/100 (arredondar) Exemplo: HGT = 207 mg% » 207/100 uI = 2,07 » iniciar infusão a 2 mL/h Como monitorar o HGt? • HGT de 1/1hora: - até estabilizar entre 140 e 180 mg% por 3 medidas consecutivas • HGT de 2/2 horas: - após estabilizar entre 140 e 180 mg% por 3 medidas consecutivas de 1/1 hora E - se não houver mudança na ingesta alimentar • HGT de 4/4 horas: - se estabilizar entre 140 e 180 mg% por 12 horas durante as medidas de 2/2 horas E - se não houver mudança na ingesta alimentar Iniciar insulina endovenosa quando hemoglicoteste (HGT) > 180 mg% Como ajustar a infusão da insulina conforme o HGt? 1o passo: Verificar o nível atual do HGT nas colunas da tabela abaixo 2o passo: Definir a taxa de variação do HGT e identificar a célula correspondente na tabela abaixo 3o passo: Modificar a infusão de insulina conforme a linha correspondente na coluna das “INSTRuÇÕES”. observação: se o último HGT foi medido 2 a 4 horas antes do HGT atual, calcule a taxa horária de variação do HGT. Exemplo: se o HGT das 14 horas era 190 mg% e o HGT das 16 horas está agora em 160 mg%, então a variação total nestas 2 horas foi ↓ 30 mg%. A variação horária foi de 30 mg% divididos por 2 horas = ↓ 15 mg%/h 160 Metabólico e suporte nutricional 160 Metabólico e suporte nutricional Se ≤ 140 mg% PARAR INFUSÃO Se 141-180 mg% Se 181-250 mg% Se > 250 mg% INSTRUÇÕES ↑ HGT > 40 mg%/h ↑ HGT > 40 mg%/h ↑ Infusão em 2∆ ↑ HGT de 1-40 mg%/h ou não variou ↓ HGT de 1-40 mg%/h ou não variou ↑ Infusão em 1∆ HGT não variou ou ↓ HGT de 1 a 20 mg%/h ↓ HGT de 1-40 mg%/h ↓ HGT de 41-80 mg%/h Manter ↓ HGT de 21 a 40 mg%/h ↓ HGT de 41-80 mg%/h ↓ HGT de 81-120 mg%/h ↓ Infusão em 1∆ ↓ HGT > 40 mg%/h ↓ HGT > 80 mg%/h ↓ HGT >120 mg%/h ↓ Infusão em 2∆ Hgt mg/dL Insulino sensível Usual Insulino resistente 140-180 – 4 UI 6 UI 181-220 4 UI 6 UI 8 UI 221-250 6 UI 8 UI 10 UI 251-300 8 UI 10 UI 12 UI 301-350 10 UI 12 UI 14 UI 351-400 12 UI 14 UI 16 UI > 400 14 UI 16 UI 18 UI Taxa de infusão atual (UI/h) Mudança ∆ Mudança 2∆ < 3 0,5 1 3 a 6 1 2 7 a 10 1,5 3 10 a 15 2 4 16 a 20 3 6 21 a 25 4 8 ≥ 25 5 10 → médico Adaptado do Yale insulin protocol infusion 2011. • Insulino-sensível: pacientes idosos, insuficiência renal, insuficên- cia hepática • Usual: diabéticos tipo 1 e tipo 2 com peso normal • Insulino-resistente: obesos, uso de corticoide Se 40-70 mg%: Glicose 50% 25 mL, IV + HGT 15/15 min AtENÇÃo: se HGT > 180 mg%, reinicie insulina com 75% da dose anterior Se < 40 mg%: Glicose 50% 50 mL, IV + HGT 15/15 min Controle glicêmico Quando realizar controle glicêmico com administração subcutânea de insulina? Todas as condições abaixo devem estar presentes: ( ) Paciente com resolução completa do quadro agudo ( ) Ausência ou mínimo edema periférico ( ) Ausência de drogas vasopressoras ou sinais de choque ( ) Níveis glicêmicos estáveis nas últimas 6 horas (Se níveis glicêmicos estáveis em paciente ainda hiperglicêmico, administrar dose basal de insulina regular subcutânea duas horas antes da suspensão da infusão venosa) Como realizar controle glicêmico com administração subcutânea de insulina? • Dieta enteral contínua: HGT de 4/4 horas • Dieta via oral: HGT antes das refeições e 2 horas após o jantar • Utilizar a tabela 1 para escolha da dose apropriada conforme o HGT “Dosar hemoglobina glicosilada se o paciente não for diabético e continuar hiperglicêmico na alta da uTI.” Referências bibliográficas 1. Netto AP. Controle da hiperglicemia intra-hospitalar em pacientes críticos e não críticos. SbD nº 02/2011. 2. Kavanagh bP, MacCowen KG. Glicemic Control in the ICu N Engld J Med 2010;363:2540-6. 3. Moghissi ES et al. Consensus statement on inpatient glycemic Endocr Pract 2009;15. 4. Goldberd PA et al. Implementation of a Safe and Effective Insulin Infusion Protocol in a Medical Intensive Care unit. Diabetes Care. 2004;27:461-7. 161 Metabólico e suporte nutricional 161 Metabólico e suporte nutricional Cetoacidose diabética (CAD) Referência bibliográfica 1. Kitabchi AE, umpierrez GE, Murphy Mb, et al. Management of hyperglycemic crises in patients with diabetes. Diabetes Care. 2001;24(1):131-53. Avaliação inicial. Iniciar fluidos IV: 1 l de solução salina a 0,9%/h (15-20 mL/kg/h); instituir simultaneamente os quatro fluxogramas Fluidos IV Determinar estado de hidratação Choque hipovolêmico Hipotensão leve Choque cardiogênico Administrar NaCl a 0,9% (1L/h) e/ou coloide Monitoração hemodinâmica Avaliar [Na] plasmático corrigido [Na] alto [Na] normal [Na] baixo NaCl a 0,45% (4-14 mL/kg/h) dependendo do estado de hidratação NaCl a 0,9% (4-14 mL/kg/h) dependendo do estado de hidratação Quando glicemia < 250 mg/dL Insulina regular IV IM 0,15 uI/kg, IV, em bolus 0,4 uI/kg: IV em bolus e IM IR 0,1 uI/kg/h, em bI IR 0,1 uI/kg/h, IM Se glicemia não cair, 50-70 mg/dL em 1h Dobrar infusão até glicemia cair 50-70 mg/dL Bolus IV (10 uI) até glicemia cair 50-70 mg/dL Potássio Se [K] < 3,3 mEq/L: repor 40 mEq K/h até K 3,3 mEq/L antes de iniciar insulina Se [K] ≥ 5,5 mEq/L: não administrar K, mas avaliar [K] plasmático de 2/2 h Se [K] ≥ 3,3, mas < 5,5 mEq/L: repor 20-30 mEq K/L de fluido IV para manter [K] plasmático em 4-5 mEq/L Exames laboratoriais a cada 2-4h até estabilização buscar causas da descompensação Após resolução da CAD, verificar glicemia 4/4h e usar escala progressiva de IR Avaliar necessidade de bicarbonato pH < 6,9 pH 6,9-7 Diluir 18 mL de NaHCO3 a 8,4% + 12 mL de KCl a 19,1% em 400 mL de H2O. Infundir a 200 mL/h Diluir 9 mL de NaHCO3 a 8,4% + 6 mL de KCl a 19,1% em 200 mL de H2O. Infundir a 200 mL/h Repetir NaHCO3 a cada 2h até pH > 7 Monitorar [K] plasmática Suspender salina e iniciar SG a 5% a 150-250 mL/h com insulina (0,05-0,1 u/kg/h bI ou 5-10 u SC 2/2h) para manter glicemia entre 150 e 200 mg/dL até atingir o controle metabólico pH > 7 Não administrar NaHCO3 Diagnóstico 1. Critérios diagnósticos de CAD: glicemia > 250 mg/dL, pH arterial < 7,3, HCO3 < 15 mEq/L e cetonúria ou cetonemia. 2. Após história e exame físico, solicitar gasometria arterial, hemograma, urinálise, glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos e ECG. 3. [Na] corrigido: para cada 100 mg/dL de glicose acima de 100 mg/dL, adicionar 1,6 mEq ao [Na]. 4. Controle metabólico: glicemia < 200 mg/dL, HCO3 > 18 mEq/L, ânion-gap 12, pH >7,3. 162 Metabólico e suporte nutricional 162 Metabólico e suporte nutricional Insuficiência renal aguda (IRA) Insuficiência renal aguda (IRA) é uma diminuição súbita da função renal que inclui, mas não se limita, a insu- ficiência renal aguda dialítica. O termo injúria pode ser utilizado. A abordagem objetiva aumenta a sensibilidade da detecção de um quadro clínico de consequências graves, como risco imediato de morte, risco tardio de doença renal crônica e morte cardiovascular. Definição: quando presente qualquer um dos seguintes: – aumento absoluto da creatinina de ≥ 0,3 mg/dL em até 48 horas; ou – aumento da creatinina ≥ 1,5 vezes o valor basal, conhecido (ou presumido) nos últimos 7 dias; ou – débito urinário < 0,5 mL/kg/hora por ≥ 6h. Conduta inicial em todos os casos: – Antecipe casos com risco para IRA: sepse, hipovolemia, idosos, grande queimado, politraumas, cirur- gias de grande porte (em especial cirurgias cardíacas), diabetes mellitus, uso de contraste iodados ou antibióticos nefrotóxicos, doença renal crônica preexistente ou IRA prévia recente, entre outras. – Sempre identifique a etiologia da IRA: importante afastar obstrução do trato urinário (em geral com ultrassom de abdômen); considere causas intrínsecas renais, como glomerulonefrites, vasculites,microangiopatias trombóticas e nefrite tubulointersticial. – Na presença de oligúria por < 6 horas, inicie correção: reposição de volume (se for o caso), retirada de nefrotóxicos (iECA, BRAs, diuréticos, AINHs), ajustar o débito cardíaco, oxigenação e ventilação mecânica. Considerar síndrome compartimental abdominal em cirurgias abdominais ou politraumas (em especial se houve grande reposição de volume). Estágios da IRA: relaciona-se com a gravidade e orienta as medidas terapêuticas. Utilize a classificação de risco/lesão/falência (RIFLE) para detecção precoce e instituição de medidas Estágios 1 2 3 Variação da creatinina plasmática (Cr, mg/dL) - Cr 1,5 a 1,9 x valor basal (v.b.) ou - ≥ 0,3 mg/dL - Cr 2 a 2,9 x v.b. - Cr 3 x v.b., ou - Cr para ≥ 4mg/dL, ou - Início de TRS, ou - Pacientes < 18 anos, redução da TFGe para < 35 mL/min/1,73m2 Diurese - < 0,5 mL/kg/h por 6-12 h - - < 0,5 mL/kg/h por ≥ 12h - - < 0,3 mL/kg/h por 24h, ou - anúria ≥ 12h 163 Metabólico e suporte nutricional 163 Metabólico e suporte nutricional Insuficiência renal aguda (IRA) Conduta Quais casos? Retirar todos os agentes nefrotóxicos AR, 1, 2, 3 Garantir volemia adequada e pressão de perfusão AR, 1, 2, 3 Considerar monitorização hemodinâmica dinâmica AR, 1, 2, 3 Monitorar Cr e diurese AR, 1, 2, 3 Evitar hiperglicemia AR, 1, 2, 3 Considerar alternativas ao uso de contrastes, se indicados AR, 1, 2, 3 Avaliação diagnóstica não invasiva 1, 2, 3 Considerar avaliação diagnóstica invasiva 1, 2, 3 Avaliar correção de dosagens de medicamentos 2, 3 Avaliar indicação de diálise 2, 3 Considerar admissão em UTI 2, 3 Evitar punção de subclávia, se possível 3 *baseado no KDIGO, 2012. (Cr = creatinina plasmática; AR = alto risco, 1 = estágio 1, 2 = estágio 2, 3 = estágio 3) Condutas de acordo com o estágio e risco*: Principais causas em UTI: hipovolemia, choque séptico, nefrotoxicidade adrogas e síndrome compartimen- tal abdominal. Incidência variável, até 67% de pacientes admitidos à UTI; existe associação entre IRA e significativo incre- mento da mortalidade no doente crítico (19% a 83%). Melhora do RFG Pré-renal Diagnóstico diferencial renal/pré-renal Laboratorial Pré-renal Renal Uosm (mOsm/kg H2O) > 500 < 350 Na+ urinário (mEq/L) < 20 > 40 FENa < 1 > 1 Pureia/Pcreat > 40 < 40 Prova terapêutica • Expansão volêmica • Correção do débito cardíaco 164 Metabólico e suporte nutricional 164 Metabólico e suporte nutricional Profilaxia geral da IRA Identificar situações de risco • Uso de contrastes endovenosos • Uso de medicamentos nefrotóxicos • Sangramentos • Politraumas • Anestesia geral/prolongada Identificar pacientes suscetíveis • Idosos • Diabéticos • Nefropatas crônicos • Lesão renal aguda instalada • Instabilidade hemodinâmica • Risco de obstrução urinária (rim único com cálculo, tumores de pelve e retroperitônio, cirurgias de pelve, trauma abdominal) Instituir medidas profiláticas precocemente • Correção da volemia • Adequação do débito cardíaco • Hidratação com salina no uso de cisplatina, anfotericina B, indinavir, aciclovir etc. • Utilizar formulações lipídicas de Anfotericina B • Evitar o uso de aminoglicosídeos; se for necessário, utilize dose única diária com ajuste de doses baseado nos níveis séricos 1) Prevenir complicações. 2) Manuseio volêmico cuidadoso: evitar hipo ou hipervolemia; evitar hiper-hidratação na tentativa de prevenir a IRA. 3) Manuseio das alterações ácido-básicas e hidroeletrolíticas. 4) Garantir nutrição adequada: a. Preferir rota enteral, b. Não restringir proteínas com objetivo de retardar diálise; oferte até 1g/kg/dia em não catabólicos, e 1 a 1,5 g/kg/dia nos pacientes em diálise, c. Oferta calórica total de 20-30 kcal/kg/dia. 5) Trate precocemente hiperglicemia, objetivo glicemias de 140 e 180 mg/dL. 6) Ajustar doses das medicações. 7) Evitar lesão renal adicional: o rim com IRA é mais suscetível a novas lesões. 8) Evite uso de diurético para tratar a IRA, apenas como medida adicional para incrementar diurese em caso de hipervolemia. Tratamento da insuficiência renal aguda Insuficiência renal aguda (IRA) 165 Metabólico e suporte nutricional 165 Metabólico e suporte nutricional 1) Acesso venoso preferencial: 1o jugular D, 2o femoral, 3o jugular E, 4o subclávia (lado dominante) – se possível guiar a punção por ultrassom. 2) Não há consenso sobre o momento de início do tratamento dialítico ou da melhor modalidade, mas recomenda-se: a. Início imediato quando há indicações absolutas com risco de vida: i. Hipercalemia refratária, ii. Acidose metabólica associada a IRA – não há evidência de benefício nas acidoses láticas, iii. Hipervolemia refratária, iv. Complicações urêmicas (pericardite, sangramentos). b. Considerar situações que podem ser modificadas pela diálise: i. Controle da volemia, ii. Permitir adequada oferta nutricional, iii. Permitir oferta adequada de drogas intravenosas, iv. Regulação ácido-básica e eletrolítica em situações especiais (por exemplo na hipercapnia permissiva). c. Não utilizar valores laboratoriais isolados de escórias para indicar ou contraindicar o início da diálise. 3) Deve-se levar em conta: a. Experiência do serviço local, b. Disponibilidade de equipamento e pessoal treinado, c. Evitar complicações da terapia dialítica: i. Hipovolemia ou deterioração hemodinâmica, ii. Sangramentos pela anticoagulação, iii. Distúrbios eletrolíticos, iv. Complicações do acesso. Profilaxia da IRA por contraste Identificar casos de risco elevado • Dosar creatinina antes do procedimento, revisar medicações (AINH, aminoglicosídeos, ciclosporina, metformina, entre outras) e comorbidades (DM, idosos, ICC) Hidratação periprocedimento • Salina 0,9% ou solução de bicarbonato de sódio a 0,9%, 1–1,5 mL/kg/h 3–12 h antes e 6–12 h após o procedimento. • N-acetilcisteína oral 600–1.200 mg 4 horas antes do procedimento pode ter algum benefício, mas as evidências são controversas. • Uso de contraste não iônico, de baixa osmolaridade em todos os pacientes. • Limitar o volume de contraste utilizado em todos os casos. • Controlar função renal 24 a 72 h após o procedimento. • Gadolíneo: uso contraindicado em pacientes com RFG < 30 mL/min/1,73 m2. Tratamento dialítico Situações especiais Referências bibliográficas KDIGO, disponível na íntegra em www.kdigo.org/clinical_practice_guidelines/AKI.php. Acesso em: 07/03/2012. d. Para o paciente grave não há benefício em doses maiores ou diálise mais intensa, e. Dose adequada de diálise (opinião pessoal): i. Aquela suficiente para permitir o manuseio adequado da volemia e manutenção de um débito cardíaco adequado, ii. que corrija as alterações ácido-básicas e eletrolíticas a um nível compatível com o estado do paciente, iii. que atenue a imunossupressão e a diátese hemorrágica, próprias da uremia extrema, iv. que permita uma nutrição adequada, v. que evite complicações do procedimento per se. Insuficiência renal aguda (IRA) 166 Metabólico e suporte nutricional 166 Metabólico e suporte nutricional Suporte nutricional Preparar o paciente para a medida da calorimetria: 1. Mantenha a infusão da nutrição enteral e/ou parenteral. 2. O ambiente do paciente deve estar com temperatura controlada para conforto térmico (~25 ºC) 3. Evitar estímulos sonoros, visuais. 4. Não realizar manipulações com o paciente no momento da medida (por exemplo: fisioterapia, banho). 5. Assegurar que o paciente esteja confortável ou com nível adequado de sedação, não realizar medidas durante períodos de agitação motora. 6. Não deve haver mudanças nos parâmetros do ventilador uma hora antes do início da medida. 7. Não realizar a medida caso PEEP > 12. 8. Realizar a medida quando a temperatura do paciente estiver estável. Certifique-se de que o equilíbrio nas medidas foi atingido: Após cinco minutos de observação não deve haver variações superiores a 5% na VO2 ou na VCO2. Iniciar a medida depois de 30 minutos de o calorímetro estar ligado, é o período de aquecimentodo aparelho. Aguardar, pelo menos, quatro horas após método dialítico ou circulação extracorpórea. É necessário que o paciente esteja hemodinamicamente estável ou com dose mínima de fármacos vasoativos. Verifique ativamente se todas as conexões do ventilador estão bem ajustadas assim como as do módulo de calorimetria, SEM escape aéreo. Coloque o disparo do ventilador à pressão, caso esteja selecionado o modo disparo a fluxo. Assegure calibração correta do aparelho de calorimetria, conforme o manual de instruções deste. Verifique a validade do dado aferido: Se o quociente respiratório (R = VCO2/VO2) estiver < 0,70 ou > 1,0 houve provável mudança aguda na ventilação mecânica (hiper ou hipoventilação) durante o período de medida ou a medida não é precisa. Caso o equilíbrio não seja alcançado, interpretar com muita cautela o valor aferido! 1. Necessidades energéticas No paciente grave o ideal é realizar calorimetria indireta para mensurar o requerimento energético, repetindo sua medida frequentemente. a. Calorimetria indireta (CI) Efeitos indesejados com a calorimetria indireta - A desconexão do circuito ventilador pode causar hipoxemia. - A introdução de uma extensão, do aparelho de calorimetria, a mais no circuito do ventilador, aumenta o espaço morto. IMPORTANTE: Calibração inadequada fornece resultados errôneos. Limitações do método 1. “Escapes” no circuito do ventilador ou através do tubo traqueal (tubos sem balonetes ou balonetes sem vedação adequada) e fístulas broncopleurais causam medidas incorretas de calorimetria indireta. 2. Hemodiálise, diálise peritoneal e circulação extracorpórea causam alterações no CO2/bicarbonato. A mensuração da calorimetria deve ser realizada somente após, no mínimo, quatro horas do término dessas terapêuticas, a fim de haver equilíbrio do pool de bicarbonato. 167 Metabólico e suporte nutricional 167 Metabólico e suporte nutricional Suporte nutricional 3. Medidas imprecisas podem ocorrer devido a: - FiO2 instáveis, por características do blender (misturador de ar/O2) do ventilador mecânico. - FiO2 > 60 %. - Método de disparo do ventilador mecânico a fluxo(devido à inabilidade do calorímetro separar gases inspiratórios e expiratório). - Utilização de outros gases que não sejam O2 ou N2 ou CO2, como óxido nítrico ou anestésicos halogenados. b. No entanto, tal tecnologia nem sempre é disponível, e nessas situações a oferta calórica pode ser estimada através das seguintes fórmulas: • Fórmula de Harris-Benedict GEB (Homens) = 66 + (13,7 x peso em kg) + (5 x altura em cm) – (6,8 x idade em anos) GEB (Mulheres) = 655 + (9,6 x peso em kg) + (1,8 x altura em cm) – (4,7 x idade em anos) O GET, no paciente grave, usualmente é 20% superior ao GEB calculado conforme a fórmula de Harris-Benedict. Portanto o GET = GEB x 1,2 (GET = gasto energético total; GEB = gasto energético basal) Porém o mais prático é usar: • Fórmula “de bolso” GET = 25 a 35 kcal/kg/dia Nestas duas fórmulas, utilizar o peso usual, com exceção no paciente obeso mórbido (IMC > 30 kg/m2) - Nos momentos iniciais (primeiros três a quatro dias) da tempestade inflamatória, realizar nutrição hipocalórica, com 18 kcal/kg/dia. - Com a resolução da inflamação sistêmica, estabelecer como meta infusão enteral de 30 kcal/kg/dia. - Em caso de nutrição parenteral exclusiva, o máximo a ser ofertado é de 25 kcal/kg/dia. - Em pacientes desnutridos (IMC < 21 kg/m2), especialmente naqueles com idade superior a 65 anos, a meta de oferta enteral é 35 kcal/kg/dia. Em pacientes obesos mórbidos (IMC > 30 kg/m2): Objetivo: 11 a 14 kcal/kg de peso atual/dia ou 22 a 25 kcal/kg de peso ideal/dia IMC de 30 a 40 kg/m2, ofertar proteína, na dosagem de 2 g/kg de peso ideal/dia IMC > 40 kg/m2, ofertar proteína, na dosagem de 2,6 g/kg de peso ideal/dia Peso ideal para homens = 50 kg + [0,9 x (cm acima de 1,5 m de altura)] Peso ideal para mulheres = 45,5 kg + [0,9 x (cm acima de 1,5 m de altura)] 2. Distribuição das calorias conforme os macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) Carboidratos e lipídios: • Não ultrapassar a oferta de carboidratos em 6 g/kg/dia. No caso de infusão parenteral de glicose, o limite é de 5 mg/kg/min. • O limite de gordura é de 1,5 g/kg/dia. Os ácidos graxos essenciais, aqueles que não são sintetizados pelo organismo, devem estar presentes numa proporção no mínimo de 1% de ácido linoleico e 0,5% de ácido alfa-linoleico. • A distribuição típica de calorias não proteicas na nutrição parenteral é: 70% a 85% como carboidrato e 15% a 30% como gordura. 168 Metabólico e suporte nutricional 168 Metabólico e suporte nutricional Suporte nutricional • A distribuição típica de calorias não proteicas na nutrição enteral é de 65% a 80% como carboidrato e 20% a 35% como gordura. Proteínas: • Geralmente há intenso catabolismo proteico nos pacientes graves, descrito por alguns autores como “estado de autocanibalismo” (figura). A oferta deste macronutriente deve ser superior à de pacientes não graves. O objetivo é atingir um balanço nitrogenado equilibrado. • Verificar balanço nitrogenado ao menos 1 x/semana: Balanço nitrogenado = nitrogênio ingerido – nitrogênio excretado Onde: Nitrogênio ingerido = proteína ingerida em 24 horas (gramas)/6,25 Nitrogênio excretado = (ureia na urina nas 24 horas x 0,47) + PI PI = perdas insensíveis de nitrogênio, 2 g a 6 g/24h • Ofertar 1,2 a 1,5 g/kg/dia de proteína. Usualmente as dietas enterais não conseguem atingir essa meta, sendo necessária suplementação com módulo proteico. • Não deve ser feita suplementação parenteral ou enteral de glutamina no paciente grave. Alguma contraindicação aceitável para nutrição enteral (NE)? • Anastomose entérica, a jusante da infusão da dieta, recente • Isquemia intestinal • Instabilidade hemodinâmica grave • Fístula entérica de alto débito • Possibilidade de realização de ressecção entérica • Endoscopia digestiva alta iminente • Obstrução intestinal • Drenagem gástrica elevada/vômitos • Exacerbação grave de doença inflamatória intestinal Paciente desnutrido? Realizar avaliação nutricional em todo paciente internado na uTI, com expectativa de não poder alimentar-se por via oral por > 48 horas. Sim SimNão Não Iniciar nutrição parenteral total (NPT) nas próximas 72 horas caso persista contraindicação para NE Iniciar NPT após sete dias, caso persista contraindicação para NE 169 Metabólico e suporte nutricional 169 Metabólico e suporte nutricional Não NãoSim Avaliar o uso de metoclopramida Avaliar posicionar a sonda enteral após o piloro Aumentar a infusão para 100% das necessidades calóricas O objetivo de 80% das necessidades calóricas foi atingido em 72 horas? Suporte nutricional Inserir sonda enteral, preferir via oroenteral nos pacientes em ventilação mecânica. Iniciar, após confirmação radiológica, infusão contínua a 25 mL/hora de dieta-padrão enteral (com baixo teor de monossacarídeos, isenta de lactose e glúten e baixo teor de sódio). O objetivo é atingir pelo menos 80% das necessidades calóricas em 72 horas, aumentando a taxa de infusão em passos de 25 mL/hora a cada 12-24 horas. Objetivo atingido? Continuar a máxima infusão tolerada de alimentação enteral. Avaliar a troca por dietas de melhor digestibilidade (oligoméricas/monoméricas). Realizar a cada 12 horas “desafio” intestinal, aumentando a taxa de infusão. Avaliar suplementar com NPT caso a ingestão entérica seja muito baixa após sete dias (< 50% do GET). Sim Como prescrever nutrição parenteral? A nutrição parenteral deve ser iniciada tardiamente, somente após o período de inflamação severa do paciente grave ter cedido (± sete a dez dias). Contraindicação de NE - ( )Passo 1 Passo 2 Sem contraindicação ( ) Calorimetria indireta ( ) ou 25 kcal/kg/dia ( ) Requerimento: _______ kcal/kg/d ( ) Contraindicação Instabilidade hemodinâmica grave “timing” Alcançar o objetivo em 2-3 dias Indicações Determine o requerimento (peso usual) Calcule