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Estudo de Tempos e Métodos

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Estudo de tempos e métodos
A execução de qualquer trabalho envolve o emprego de recursos dos mais variados tipos. É evidente que os tipos de recursos necessários dependem da natureza do trabalho. Na confecção de um eixo, por exemplo, aço, máquinas e ferramentas são, entre outros, recursos necessários. Já na confecção de lápis, o aço não será empregado, porém madeira, bem como tipos diferentes de máquinas. Há, todavia, um recurso comum a todo e qualquer trabalho o tempo necessário à sua execução, ou seja, sua duração, a duração é, portanto, parte integrante de qualquer trabalho e, como tal, deve ser medida. Convém lembrar que a cada trabalho está também associado à maneira de executá-lo. Assim é que um determinado trabalho, visando a obtenção de certo objetivo, pode ser executado de diversas maneiras, isto é, por diversos métodos, que normalmente demandam tempos diferentes.
A determinação de tempos e métodos referente a um trabalho; é designada classicamente como o estudo de tempos e métodos.
Devemos então abordar as técnicas usadas na determinação dos tempos envolvidos na execução dos trabalhos, embora, na prática, tal separação seja impossível, pois, como já foi mencionado, métodos e tempos estão intimamente ligados.
Queremos ainda salientar que as técnicas descritas a seguir aplicam-se às partes dos trabalhos desempenhados completa ou preponderantemente pelo elemento humano. Nos casos em que as máquinas são os fatores controladores do trabalho ou de suas partes, as condições e, portanto, os tempos, serão ditados pelos requisitos técnicos do processo velocidade de corte, avanços, entre outros.
As técnicas para a determinação dos tempos podem ser divididas em:
· Tempos Históricos; 
· Tempos cronometragem direta; 
· Tempos predeterminados ou sintéticos; 
· Amostragem de trabalho; 
· Tempos estatísticos; 
· Outras técnicas; 
3.2.1 Tempos Históricos
Os Tempos Históricos não derivam propriamente da aplicação de uma técnica especial para sua determinação. São o resultado de uma coleta de dados, feita sem considerações especiais. Todavia, por serem usados comumente na prática, e mesmo por ser, em certos casos, necessária sua aplicação, abordá-los-emos. É comum que ao iniciarmos estudos em uma organização, deparemos com uma coletânea de dados referentes à duração de trabalhos efetuados, dados esses obtidos por simples registro dos tempos gastos nos trabalhos, sem levar em consideração os métodos empregados nas execuções, ou quaisquer outros dados suplementares. A partir desses dados, podemos determinar a duração, ou melhor, o tempo efetivamente gasto na execução dos trabalhos, suas variações, e outros dados pertinentes.
Os tempos assim determinados são denominados tempos históricos, e através deles podemos calcular dados da produção realizada, como, por exemplo, os custos históricos. Embora espelhando o que realmente aconteceu, os tempos históricos apresentam certos inconvenientes. As variações, que certamente apresentarão, podem provir de motivos diversos, entre os quais citamos:
· Um mesmo trabalho ter sido executado por dois ou mais métodos diferentes, embora pelo mesmo operador; 
· Dois operadores diferentes, executando o mesmo trabalho, terem-no feito com métodos diferentes (caso similar ao primeiro); 
· Operadores diversos tenham executado o mesmo trabalho com métodos iguais, porém com tempos diferentes (diferença de ritmo); 
· Causas diversas. 
Não havendo registro das circunstâncias que cercaram os trabalhos (métodos empregados), torna-se impossível a determinação das causas que acarretam variações.
 Como tal torna-se difícil qualquer previsão razoavelmente precisa, baseada nos tempos históricos, uma vez que não se pode saber que fatores estarão em jogo ou, em outras palavras, para que lado as variações tenderão. Os tempos históricos não servem ainda para estabelecimento de padrões, nos termos clássicos, pois a noção de padrão está associada à maneira de executar um trabalho e as demais circunstâncias que o cercam. Todavia, os tempos históricos podem servir como padrão relativo. Assim é que, obtendo-se dados sobre um determinado trabalho, em épocas diferentes, pode-se dizer se o mesmo melhorou, piorou, ou manteve-se estável, no que concerne ao tempo consumido em sua execução.
Finalmente, os tempos históricos são de fácil obtenção, em comparação com outros métodos de determinação de tempos; muitas vezes, são os únicos disponíveis ou de possível obtenção.Em resumo, os tempos históricos:
· Exprimem o tempo realmente consumido na execução de trabalhos; 
· Servem para a comparação relativa da duração de um mesmo trabalho executado em épocas diferentes; 
· São de fácil obtenção, em comparação com outros métodos de determinação de tempos; 
· São, muitas vezes, os únicos elementos de que se dispõe, em curto prazo, para estimar a duração de trabalhos. 
3.2.2 Tempos por cronometragem direta
Os tempos por cronometragem direta, segundo a designação clássica, estão associados a dois conceitos básicos:
· O método de execução do trabalho; 
· O tempo padrão. 
O procedimento geral para a determinação de tempos por cronometragem comporta as três etapas seguintes:
        Determinação da maneira mais econômica de efetuar o trabalho;
        Padronização dos métodos, materiais, ferramentas e equipamentos utilizados;
        Determinação do tempo necessário à execução do trabalho, por um operador qualificado e convenientemente treinado, trabalhando em ritmo normal.
Para a determinação do tempo necessário para um trabalho, divide-se o mesmo em etapas ou partes denominadas elemento, tomando cuidado principalmente para que:
        Os pontos de separação dos elementos (pontos de medida) sejam clara e facilmente identificáveis;
        As durações dos elementos se situem dentro de um intervalo limitado por 2 e 20 centésimos de minuto (cmin) e seja avaliada também a velocidade (ritmo) com que o trabalho foi executado (a avaliação do ritmo é subjetiva). Obtidos os tempos e os correspondentes ritmos calculam-se os chamados tempos normais, resultado do produto dos tempos cronometrados pelo ritmo avaliado, em relação a um ritmo considerado normal.
Onde:
Tn = tempo normal;
Tc = tempo cronometrado;
Ra = ritmo avaliado;
Rn = ritmo normal.
Os tempos devem ainda sofrer alterações referentes às concessões feitas quanto à duração da execução dos trabalhos ou de suas partes, e que provêm de:
· Condições intrínsecas do trabalho; 
· Condições do ambiente em que 'o mesmo se desenvolve; 
· Condições pessoais do elemento humano envolvido (necessidades pessoais). 
Esse conjunto de alterações é designado por permissões.
O tempo normal, acrescido das permissões, é designado por tempo padrão.
Pelo exposto, verifica-se que os tempos cronometrados eliminam certos inconvenientes dos tempos históricos.
Havendo um método prefixado para execução dos trabalhos, bem como conhecendo-se as demais circunstâncias que o cercam como ferramentas, máquinas, equipamentos entre outros torna-se possível a localização e eliminação de causas de variações, de maneira que as previsões serão mais exatas.
A comparação entre o previsto e o executado pode ser feita em termos mais precisos quando conhecemos tempos padrões. Esta precisão não é absoluta, pois, como vimos, o tempo padrão envolve a avaliação subjetiva do ritmo.Há, casos, todavia em que se torna difícil a obtenção das durações de trabalhos por meio de cronometragem, dentre os quais citamos como principais:
· O trabalho (ou suas partes) é constituído de ciclos com pequena duração (até cerca de 20 cmin); 
· Pretende-se estabelecer padrões para trabalhos que ainda não se encontram em execução; 
· O trabalho é constituído de ciclos relativamente longos, como 10 minutos ou mais; 
· Os trabalhos não são repetitivos, como, por exemplo, nos casos de ferramentaria, onde, uma vez executado um trabalho, sua repetição dificilmente ocorre, pelo menos num intervalo de tempo relativamente curto, de modo que afixação de padrão pouco interesse tem. 
Em resumo, os tempos por cronometragem:
· Presta-se à fixação de padrõesdentro de certas circunstâncias possibilitando boas estimativas e comparações precisas; 
· Possibilitam a localização e eliminação de variações provindas de causas identificáveis; 
· Não são aplicáveis aos casos de trabalhos ainda não-introduzidos ; 
· Não são satisfatórios em casos de trabalhos com ciclos muito curtos ou muito longos; 
· São deficientes no caso de trabalhos não-repetitivos, ou não-cíclicos. 
3.2.3 Tempos pré determinados
Os tempos Predeterminados também conhecidos como tempos sintéticos estão associados a determinação da duração de trabalhos que demandam pequeno tempo, ou micromovimentos.
Consiste na análise por observação visual de movimentos de duração muito curta,da ordem de milésimos de minutos que tem lugar durante a execução, obedecendo essa análise a padrões preestabelecidos.
A duração destes movimentos encontra-se tabelada em função de fatores de influência, de acordo com vários sistemas. A título de exemplo cite-se o MTM (Methods Time Measurement), desenvolvido, com base nos movimentos elementares de Gilbreth Therbligs, principalmente por Carl Barth, Harrington Emerson e Ralph M. Barnes.
Vale salientar que os tempos padrões determinados por esses sistemas excluem a necessidade de avaliação de ritmo, restando apenas cálculos de permissões a serem feitos.
Esses tempos foram obtidos em laboratório, onde, por meio de experiências (confirmadas posteriormente na prática por controles indiretos), foram coletadas e tratadas estatisticamente muitas amostras relativas à duração dos movimentos elementares.
A técnica usada na confecção de tais tabelas consistiu na análise de filmes feitos sobre o trabalho. A observação dos filmes permite a determinação precisa do início e fim de cada micromovimento. A sua duração é obtida contando-se o número de quadros que o movimento abrangeu, o qual está relacionado com a velocidade de filmagem. Pode-se ainda determinar a duração pela observação, no filme, de um relógio especial, convenientemente filmado em conjunto com a operação.
De um modo geral, portanto, faz-se uso das tabelas existentes, o que não impede que, em casos especiais, uma tabela própria seja desenvolvida. Portanto, um trabalho que apresente pequenos ciclos (no máximo 20 cmin) ou que ainda não esteja em andamento efetivo, pode ter sua duração preestabelecida por meio de sua divisão em partes que coincidam com as assinaladas em tabelas, das quais constam os tempos respectivos. Neste caso, simula-se o trabalho com um operador piloto, procedendo-se a análise de micromovimentos.
Através dos tempos sintéticos pode-se então cobrir casos em que os tempos históricos e os tempos cronometrados apresentam deficiências ou mesmo impossibilidade. Portanto, basicamente, os tempos predeterminados:
        Presta-se à determinação da duração de trabalho com ciclos muito curtos e de trabalhos não constantes da prática corrente;
        Fornece tempos padrões, servindo para comparação absoluta;
        São de determinação trabalhosa e requerem frequentemente dispêndio de quantias elevadas;
        Não requerem a avaliação subjetiva do ritmo.
3.2.4 Amostragem de trabalho
Como já ficou dito, em certos tipos de trabalho pode não ser possível o uso das técnicas de determinação de tempo até aqui descritas. Pode-se dar o caso em que tenha lugar um certo número de operações heterogêneas, como, por exemplo, em armazéns, em escritórios e, especialmente, quando o trabalho envolve uma equipe. Freqüentemente, todavia, a administração necessita saber, com razoável precisão, o que ocorre nas situações citadas, em termos de proporção do tempo que está sendo gasto em cada tipo de atividade; recorre-se, então, à amostragem do trabalho. A amostragem do trabalho baseia-se no fato de que o tempo gasto em trabalhos pode ser considerado como constituído de instantes individuais, durante os quais um estado particular de atividade ou inatividade prevalece. Dessa maneira, pode ser usada uma técnica de amostragem, que requer apenas uma fração do tempo e esforço que seriam necessários por outras técnicas, empregando uma série de instantes individuais, selecionados segundo intervalos ao acaso de um período representativo do trabalho. Por observação direta, registram-se as atividades sob estudo, em cada um dos instantes. As freqüências relativas das observações instantâneas observadas para cada atividade podem ser usadas como estimativas das proporções entre os tempos ocupados por essas atividades componentes do trabalho.
A técnica de amostragem mais comumente usada é a denominada estudo por observações instantâneas.
A principal característica deste estudo é a de visar a obtenção de um registro do que realmente ocorre, no instante em que o trabalho é observado. Não é o registro do que o analista pensa ou acha que deveria estar sucedendo, nem do que aconteceu ou pode acontecer em seguida. Por exemplo, mesmo que o operador esteja a ponto de ligar sua máquina quando o observador chega, o registro deverá ser feito como máquina parada. Portanto, para a aplicação de observações instantâneas, divide-se o trabalho sob estudo em atividades, tais como, por exemplo:
· Operador andando (com ou sem carga); 
· Executando efetivamente uma operação; 
· Esperando por material; 
· Trocando ferramentas; 
· Parado, etc. 
Para ilustrar esta técnica, vamos usar um exemplo simples, considerando que a máquina apenas, operada por um só elemento, supondo ainda que só interesse registrar duas categorias de tempo: máquina trabalhando ou parada. Se fosse realizado um registro contínuo e completo sobre o período de 8 horas, teríamos o estudo em que as partes escuras representam tempo durante o qual a máquina trabalhou e as demais, tempo durante o qual ficou parada como mostra a figura 3.1.
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	             Período de quatro Horas
	          Almoço
	                Período de quatro horas
	 
Figura 3.1
No presente caso, período total de observação: 8 horas;
Período total em que a máquina não trabalhou: 3,7 horas; 
Porcentagem de tempo não trabalhado:
;
Suponhamos agora, que um estudo por observações instantâneas, constante de 30 observações, tenha sido efetuado sobre o mesmo tempo de 8 horas.
Teremos então, número total de observações: 30 número total de observações em que a máquina não estava trabalhando: 12 porcentagem sobre o total: 
É evidente que o resultado obtido difere da observação contínua. A diferença fundamental é função do número de observações feitas.
Na realidade, pode-se determinar o número de observações a serem feitas a partir do grau de precisão que se deseja obter .
Na prática, uma precisão relativa de 5 a 10%, com 95% de confiança, é aceitável para a maioria dos casos. O número de observações necessárias para obtenção de resultados com precisão desejada e com essa confiança 95% é obtido pelas fórmulas de dimensionamento das
amostras. Conforme exemplo da figura 3.2.
	Atividade
	Número de observações
	Porcentagem estimada sem o tempo total
	Limites sem o tempo total com 95% de confiança
	A
	2500
	33,1
	1,1
	B
	971
	12,8
	0,8
	C
	1472
	19,5
	0,8
	D
	1678
	22,2
	0,9
	E
	226
	3,0
	1,0
	F
	713
	9,4
	0,4
	Totais
	7560
	100,0
	_______
figura 3.2
Os limites de confiança para 95% foram calculados em cada caso pela fórmula:
Por exemplo, para a atividade a;
L =  1,1% de tempo total
Pode-se, portanto, afirmar, com 95% de confiança, que a atividade a ocupa 33,1  1,1% ou entre 32,0 e 34,2% do tempo total gasto no trabalho pelo operador respectivo.
É evidente que, fixada a precisão requerida, pode-se, pela fórmula, calcular N, ou seja, o número de observações da amostra. Caso se deseje outro nível de confiança, basta alterar, na fórmula, o coeficiente 2, que representa o número de desvios padrões. Usando, por exemplo, 3 desvios em lugar de 2, aumentaríamos a confiança para 99,8%. Em sumo:
O estudo por observações instantâneas requer somente observações momentâneas isoladas, podendo então ser usado no estudo do trabalho de grupos, quando as atividades não são cíclicas ou repetitivas; é umatécnica mais barata que outras de observação contínua, pois um pequeno número de analistas pode cobrir um número relativamente grande de atividades e finalmente pode ser usada na determinação das proporções dos tempos empregados em diferentes atividades e demoras de grupos de homens e máquinas.
3.2.5 Tempos estatísticos
Os tempos estatísticos referem-se à necessidade, existente em certos casos, de determinação de tempos para uma série de operações semelhantes.
Pode-se considerar que, nestes casos, as operações são iguais no que se refere ao seu método de execução e tipo, diferindo no que concerne às grandezas dos elementos envolvidos.
Se tomarmos como exemplo uma chapa com determinada dureza que deve ser furada com furos de 1/4, 3/8, 1/2, 5/8, 3/4, 7/8 e 1 polegada. É claro que se pode determinar os tempos desse trabalho, para cada caso, aplicando uma das técnicas já descritas (respeitando as restrições mencionadas).
Nos casos práticos, existem indústrias, no entanto, que executam grande número de operações semelhantes e que, portanto, necessitariam de grande número de determinações de tempos, o que representaria um grande dispêndio de tempo e, em última análise, um elevado custo.
Nesses casos, pode-se recorrer aos tempos estatísticos, cuja determinação passamos a descrever, através do exemplo já encetado.
Verificamos que o único fator que variou nas operações descritas foi o diâmetro do furo. Este fator é denominado fator de influência. Obtendo-se apenas os tempos correspondentes a 2 ou 3 diâmetros de furos (pelo processo mais indicado de acordo com o tipo de operação em questão), pode-se marcar em um gráfico os pontos correspondentes a estes diâmetros e seus respectivos tempos.
Esses pontos fornecerão uma curva, que relaciona uma gama completa de diâmetros e seus respectivos tempos, permitindo a inter e extrapolação de pontos em relação aos tempos medidos. Por exemplo, o tempo necessário à perfuração de um diâmetro entre 1/2 e 3/4 de
polegadas é obtido do gráfico (figura3.3), entrando-se com este último valor nas abscissas e lendo-se o valor correspondente da curva na escala vertical.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.3
 
Em vez de traçar graficamente uma reta ou uma curva que represente da melhor forma a dependência dos tempos em função dos diâmetros, pode-se calcular analiticamente uma fórmula que exprima esta dependência. Esta técnica chama-se análise de regressão; será regressão simples se, como no caso antes descrito, houver apenas um fator de influência. Será múltipla, se houver vários fatores de influência, como no caso em que, além de variar o diâmetro dos furos, variamos também a espessura da chapa, tendo então dois fatores de influência envolvidos.
Pode-se obter, portanto, por meio da análise de regressão, uma grande quantidade de estimativas de tempos, partindo de relativamente poucos estudos, eliminando, assim, os inconvenientes da necessidade de grande número de estudos.
Vejamos um exemplo de aplicação de regressão múltipla. Trata-se de determinar uma fórmula para o cálculo de tempo padrão de um trabalho (costura de toalhas) que consiste das seguintes operações:
1)      Pegar uma toalha e colocá-la na guia da máquina de costura;
2)      Costurar um lado (bainha);
3)      Cortar a linha, girar a toalha e colocá-la na guia;
4)      Costurar outro lado (bainha);
5)      Cortar a linha e colocar a toalha de lado.
Um exame destas operações demonstrou que os fatores que influenciam o tempo de execução são o peso (p) e o comprimento (c) das toalhas. Nestas condições, para aplicar a regressão múltipla, foram observados os tempos totais (soma dos tempos das 5 operações) para nove tipos de toalha, que diferem entre si pelo peso (p) e comprimento (c), obtendo-se os dados da tabela (figura3.4)  a seguir.
	P/C
	40
	50
	90
	150
	19,0
	19,8
	20,8
	200
	19,7
	20,7
	21,5
	250
	20,4
	21,3
	22,7
Figura 3.4
Apliquemos as fórmulas da regressão múltipla. Para isso, observe-se que temos os seguintes temos de valores, que designaremos por y, x1, x2, citados na figura 3.5
	Y
	X1
	X2
	19,0
	150
	40
	19,8
	150
	50
	20,8
	150
	60
	19,7
	200
	40
	20,7
	200
	50
	21,5
	200
	60
	20,4
	250
	40
	21,3
	250
	50
	22,7
	250
	60
Figura3.5
A partir dos dados acima, calculamos:
y = 185,9                             yx1 = 240                             X= 600
X1 = 0                                  yX2 = 59                              X1X2 = 0
X2 = 0                                  X2 = 15.000
 
em que X1 = p-200               X2 = c-50 obtendo-se, então:
 
SyX1 = 240                             SX1X1 = 15.000                                 SX2X2 = 600
SyX2 = 59                               SX1X2 = 0
podendo-se calcular os coeficientes bl e b2 por meio de
SYXl = blSxlxl + blSxlx2
SYX2 = blSxlx2 + b2SX2X2, ou seja, bl = 0,016 e b2 = 0,098
Sendo = temos:
y = 20,65 + 0,016 (p-200) + 0,098 (c-50), ou, finalmente Ycalc = 12,55 + 0,016p + 0,098c
Entrando-se com valores para p (peso), e c (comprimento) da toalha na fórmula de Y calc, obtemos o valor do tempo de duração do trabalho para essas características.
Por exemplo: 
p = 160 g
c= 55 cm
Ycalc = 12,55 + 0,016(160) +0,098(55)
Ycalc = 12,55+2,56+5,39
Y calc = 20,5 cmin
O tempo padrão seria obtido com o acréscimo das permissões que não foram mencionadas.
Saliente-se que os tempos estatísticos obtidos pela análise de regressão requerem sempre a aplicação prévia de um dos métodos anteriormente descritos, para obter os valores sobre os quais se fará a análise.
As técnicas apresentadas até aqui apresentam fundamentalmente dois inconvenientes básicos:
· Avaliação de ritmo (subjetiva) ; 
· Permissões para descanso (fadiga e necessidades pessoais). 
A avaliação de ritmo, presente nos casos de cronometragem direta, baseia-se na comparação subjetiva de ritmo com que o operador executa o trabalho (ou suas partes) sob estudo, com o conceito de ritmo normal obtido através de treinamento, segundo operações consideradas padrões e executadas em ritmo normal. Dessas, as mais comuns são: andar e distribuir as 52 cartas de um baralho pelos quatro cantos de um quadrado de dimensões preestabelecidas.
A própria palavra ritmo é entendida diferentemente por diversos autores. Alguns a interpretam como a velocidade com que a operação é executada; outros, como a velocidade associada ao método de execução; outros, ainda, como a combinação de velocidade, método,continuidade de ação, etc.
No que respeita ao termo normal, outras incongruências podem ser verificadas. O ritmo normal não se encontra definido em bases científicas, sendo seus exemplos e padrões estabelecidos a sentimento.O mesmo ocorre no que respeita às permissões. Tabelas várias fornecem coeficientes a serem aplicados aos tempos normais, de acordo com as mais variadas condições e circunstâncias. O estabelecimento das tabelas é altamente discutível, uma vez que também carece de bases científicas. Os inconvenientes citados são constantemente responsáveis por desentendimentos entre setores administrativos e de trabalho, quando da fixação de padrões de tempo. Por outro lado, é óbvia a necessidade da medida de tempos em qualquer empresa, uma vez que qualquer organização formal requer, na grande maioria dos casos, pelo menos seu conhecimento.
Deduz-se do exposto que, sendo o conhecimento de tempos uma necessidade, e não havendo técnicas conhecidas que preencham essa necessidade, deve-se caminhar em outro sentido, com o fito de eliminar os inconvenientes.
Durante algum tempo não se procurou, ou não se achou, o caminho correto. Todavia, uma nova ciência se encontra atualmente em desenvolvimento: a Ergonomia, cujo nome se originou de ergon(trabalho) + economia. Dissemos ciência, pois a Ergonomia se propõe exatamente a resolver os problemas anteriormente citados, com base em investigações científicas.
As investigações, procedidas por engenheiros de produção, engenheiros industriais, médicos, psicólogos, fisiólogos e outros técnicos, levam em consideração, entre outros elementos, os seguintes:
a)      O consumo de calorias;b)      A aceleração das batidas do coração;
c)      A fadiga e os fatores que determinam a recuperação do esforço humano dispendido na execução das operações;
d)      Diferenças de condições entre trabalho estático e dinâmico;
e)      Condições climáticas extremas;
f)        Preços de gêneros e poder aquisitivo dos operadores.
O método de investigação baseia-se principalmente numa combinação das considerações de Frederick Winslow Taylor, Carl Barth e Kenelly.
No que se refere a Taylor, deve-se tomar para estudo um grupo de operadores que executam os trabalhos com o melhor desempenho possível; aos tempos resultantes serão atribuídas as permissões, calculadas segundo os critérios científicos citados ( Carl Barth) .Essas permissões, resultantes de curvas (coincidentes com aquelas empiricamente determinadas por Kenelly e publicadas em 1906) levam também em conta a relação existente entre a velocidade de execução e o tempo durante o qual essa velocidade pode ser mantida.
Esses estudos têm sido desenvolvidos principalmente no Laboratório de Ergonomia
do Instituto Max P.lanck na Alemanha Ocidental.
Para concluir, pode-se dizer que, com referência à medida de tempo, muito que era considerado como científico, não o era realmente, causando problemas de aplicação e aceitação. Por outro lado, novos caminhos estão abertos, sujeitos também a discussões, idas e vindas, mas que abrem, todavia, novas perspectivas, aproveitando também o que de correto já foi feito, a um dos campos mais antigos e básicos da Engenharia de Produção o estudo de tempos.
3.2.6 A definição do método de obtenção dos tempos
Como foi visto há vários métodos pelos quais é possível estabelecer e controlar o tempo necessário para executar um trabalho, e que vão desde as simples estimativas dos tempos, feitas pelos encarregados ou responsáveis pela produção, até a cronometragem de cada elemento das operações;desde a aceitação pura dos tempos históricos, até a fixação dos tempos padrões pela decomposição das operações em movimentos elementares, para aplicação dos tempos sintéticos ou predeterminados, ou até a análise estatística de relações entre tempos de operações semelhantes e à complementação com informações fornecidas pela amostragem do trabalho.
Os métodos diferem:
a)      Pela precisão que fornecem;
b)      Pelo pessoal necessário e pela organização que requerem;
c)      Pelo tipo de informação que fornecem;
d)      Pelo seu custo.
Sabendo que os métodos diferem devemos então selecionar o melhor método que deverá ser aplicado à empresa.Para tal devemos fazer uma análise detalhada dos métodos descritos. 
a) Quais as características comparativas de cada método;
b) Quais as principais aplicações do conhecimento dos tempos dentro de uma organização fabril.
Os diferentes usos das informações de tempos (necessidades),confrontados com as características próprias de cada método de apuração (possibilidades), deverão orientar a escolha do sistema (ou sistemas) para determinação dos tempos.
3.2.7 comparação entre as características dos sistemas de obtenção dos tempos
A fim de comparar dois ou mais sistemas, de um modo geral, é necessário analisar:
a)      Qual o resultado obtido por cada sistema: valor da informação;
b)      Qual o custo para obter esta informação: custo da informação;
c)      Quais as condições necessárias para a aplicação de cada sistema;
d)      Quais as aplicações típicas de cada sistema.
Para comparar os sistemas de obtenção de tempos, analisaremos:
1) O resultado obtido
a)      Qual o tipo de resultado obtido em cada sistema
b)      Qualidade e precisão do resultado obtido em cada sistema;
c)      Demora para instalar o sistema e obter todas as informações;
d)      Se obtemos tempos individuais ou em grupo.
2) O custo de obtenção dos tempos:
a)      Investimento inicial para instalar o sistema e investimento para manter o sistema em operação;
b)      Custo por informação;
c)      Custo total de todas as informações.
3) As condições necessárias para obtenção dos tempos:
a)      Intrínsecas do processo;
b)      Possibilidade de obter tempos antes da produção;
c)      Requisitos do pessoal executivo necessário.
4) Aplicações típicas de cada sistema.
As Tabelas 3.6,3.7,3.8,3.9 resumem as comparações de características dos sistemas.
image6.wmf
Variação do tempo para furar uma chapa
6,35
12,7
19,05
25,4
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
0
5
10
15
20
25
30
Diametros em mm
image7.wmf
2
2
image8.wmf
-
Y
image9.wmf
65
,
20
9
185
=
image1.wmf
Rn
Ra
Tc
Tn
)
(
´
=
image2.wmf
%
3
,
46
8
7
,
3
100
=
´
image3.wmf
%
40
30
12
100
=
´
image4.wmf
N
p
P
L
)
100
(
2
-
=
image5.wmf
7560
)
1
,
33
0
,
100
(
1
,
33
2
-
´
=
L