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Ferramentas da Qualidade SST Laurentino, Ana Claudia de Moura Ferramentas da Qualidade / Ana Claudia de Moura Lau- rentino Ano: 2020 nº de p.: 11 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Ferramentas da Qualidade 3 Apresentação Diversas ferramentas podem ser utilizadas para a gestão da qualidade de processos de empresas dos mais diferentes setores, inclusive o processo de software. Conheceremos, agora, cinco delas: fluxograma, diagrama de Ishikawa (espinha de peixe), folhas de verificação, diagrama de Pareto e histograma. Na sequência, compreenderemos as normas da qualidade de software, que facilitam o processo de padronização, dentre outros itens, relacionadas à qualidade de processos, serviços e produtos, como é o caso da ISO 9000, 9126 e 25010. Fluxograma, Diagrama Ishikawa e Folhas de Verificação O fluxograma é um recurso gráfico que auxilia na visualização das etapas do processo, possibilitando o uso de símbolos para marcar e identificar operações. Pode ser aplicado para mapeamento de fluxo geral ou específico, desmembrando as etapas existentes em etapas menores. As fases devem ser previamente analisadas, para que sejam delineadas na sequência. A figura a seguir apresenta um fluxograma de testes de rotinas de software, que identifica as atividades e o fluxo em que elas devem ser executadas. Fluxograma de Testes e Rotinas Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 4 Esse recurso facilita a compreensão do processo, simplificando-o em etapas bem divididas. Ele funciona bem como ferramenta de aprendizado do funcionamento geral do sistema e torna fácil a identificação de quais momentos e etapas apresentam as maiores dificuldades de execução do projeto. Vejamos algumas ferramentas da qualidade: a) Diagrama de Ishikawa: foi proposto para ajudar a lidar com a relação problema versus causa e trabalha com o formato de espinha de peixe. Mapeando os problemas e as causas, é possível identificar a causa raiz do problema observado. “Essa técnica gráfica que identifica muitas ações ou causas possíveis, exigidas para se atingir uma meta arquitetural desejada” (PRESSMAN, 2011, p. 278). A utilização desse recurso é feita por meio da escolha de um problema, que deve ser inserido no vértice da espinha de peixe, devendo ser dividido em categorias. Em geral, faz-se um brainstorm para que as possíveis causas sejam enumeradas. Nesse ponto, é necessário que sejam utilizadas definições operacionais para a identificação das causas. Os pontos positivos do uso dessa ferramenta estão no seu formato visual, que, ao fornecer uma perspectiva global e ao mesmo tempo em partes menores, facilita a percepção do problema, a detecção de suas causas e possíveis resoluções por meio de novas perspectivas. Diagrama de Ishikawa Fonte: Elaborada pelo autor (2020). b) Folhas de verificação: é um recurso importante no monitoramento de processos, pois agrupa informações que podem demonstrar desvios no padrão de comportamento apresentado pelo processo. A ferramenta funciona com base em dados de registros históricos coletados e que podem ser combinados para o estabelecimento de padrões numéricos, que são 5 frequentes ou indicativos da presença de algum erro. Para cada uma das finalidades propostas, deve ser elaborada uma folha de verificação. Essa ferramenta propõe uma forma estruturada e organizada para a análise de dados. De fácil compreensão, pode ser adaptada a diferentes propósitos. Exemplo de Folha de Verificação Problema Verificação Total Erro de Software II 2 Falha de Hardware IIII 5 Falha de Especificação III 3 Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Diagrama de Pareto e Histograma O Diagrama de Pareto busca demonstrar a validade da regra preestabelecida de 80/20, que define que 80% dos defeitos existentes em um produto estão concentrados em apenas 20% dos processos. Para sua utilização, os dados precisam ser coletados, registrados e classificados, podendo ser representados em gráficos dos mais diferentes formatos, inclusive no de pizza, conforme a figura a seguir. Os dados devem ser calculados e transpostos devidamente para o gráfico, segundo o formato escolhido. Gráfico 80/20 do diagrama de Pareto Fonte: Plataforma Deduca (2020). 6 a) Histograma: o uso de gráficos do tipo histograma é bastante frequente por causa de sua facilidade em representar informações sobre distribuição ou frequência de valores em formatos de barras. É necessário contar o número de ocorrências do evento que será demonstrado em forma de histograma, verificando o intervalo em que elas estão e aplicando os dados para a criação de um histograma. Essa ferramenta facilita a visualização de tendências e desvios inesperados. É um instrumento que pode ser aplicado a valores discretos e contínuos, sendo interessante também para a aplicação em grandes amostras de dados. Ferramenta de Qualidade Histograma Histograma é um gráfico amplamente conhecido e aplicável a diversas situações, inclusive auxiliando no sistema de gestão da qualidade de diversas empresas. Normas de Qualidade de Software A garantia da qualidade em diversos setores, assim como no desenvolvimento de software, é fundamental, por isso surgem normas que facilitam o processo de padronização, dentre outros itens, relacionadas à qualidade de processos, serviços e produtos. 7 A seguir, apresentaremos normas focadas no estabelecimento de um bom sistema de gestão da qualidade: as normas da família ISO 9000. Também serão abordadas normas específicas a respeito da qualidade de softwares ISO/IEC 9126-1 e ISO/IEC 25010. Para Sommerville (2011, p. 460), […] as normas ISO 9000 podem ser aplicadas a uma variedade de organizações, desde a produção até a indústria de serviços. A ISO 9001, a mais geral desses padrões, aplica-se a organizações que projetam, desenvolvem e mantêm produtos, incluindo software. Originalmente, a norma ISO 9001 foi desenvolvida em 1987 […]. A norma ISO 9001 não é propriamente um padrão para o desenvolvimento de software, mas é um framework para o desenvolvimento de padrões de software. Normas ISO 9000 Lançada em 2005, a ISO 9000 trata da gestão da qualidade de modo genérico, sendo aplicável a empresas de diferentes setores de comércio e serviços. 9126 A ISO 9126, definida em 2003, estabelece diretrizes para a garantia da qualidade de software, tendo sido substituída em 2011 por outra norma. 8 25010 A ISO 25010 foi divulgada em 2011 para substituir a 9126, agregando aspectos importantes sobre a compatibilidade e a segurança em produtos de software. As normas da família ISO 9000, compreendendo a ISO 9000 e a 9004, são todas direcionadas à garantia da qualidade nas fases de projeto, desenvolvimento, produção e prestação de serviços. Todos os esforços desse conjunto de normas são dedicados à prevenção de não conformidades, a fim de garantir um resultado satisfatório para os clientes. Além dessas, outras normas também dizem respeito a especificações relacionadas à qualidade: • ISO 8402 – Conceitos e Terminologia sobre Qualidade. • ISO 10011 – Diretrizes para Auditoria em Sistemas da Qualidade. • ISO 14000 – Qualidade Aplicada à Gestão Ambiental. A ISO 9000 pode ser aplicada por todo o tipo de empresa, de qualquer porte, atuante em qualquer setor. Mas é importante perceber que essa ISO trata apenas do sistema de gestão de qualidade, não se referindo ao produto ou serviço prestado em momento algum. Isso significa que essa norma não é capaz de melhorar a qualidade do produto da empresa, mas apenas de padronizá-la, garantindo que todos tenham um mesmo padrão de qualidade. Uma das grandes responsabilidades advindas da implantação dessa ISO é a necessidade constante de promover processos de auditoria interna, validando a conformidade dos processos internos. Ao contrário do que se pensa, não basta somente a parte de produção ou prestação do serviço se adequar às características propostas pela norma. A aplicação dafamília ISO 9000 requer o envolvimento de toda a empresa, especialmente da alta administração. 9 As normas preveem, além de regras para sua implantação, uma realimentação constante do sistema de gestão da qualidade, o que significa que ele deve ser frequentemente revisado, por meio de uma rotina de autoaperfeiçoamento. Curiosidade Toda a empresa necessitará trabalhar com a documentação das atividades relacionadas ao sistema, para consulta e verificação sempre que necessário. A documentação também é fundamental para a participação em processos de auditoria. A hierarquia dos documentos deve respeitar a seguinte ordem: • 1º Nível – Manual da Qualidade. • 2º Nível – Procedimentos. • 3º Nível – Instruções. • 4º Nível – Registros. No manual, é comum que estejam registradas as informações acerca do compromisso da empresa com a qualidade, suas políticas, seus princípios, suas responsabilidades e a própria descrição do sistema de gestão da qualidade. Nele, pode haver referência a especificidades dos procedimentos, sempre que se desejar relatar tais funcionalidades do sistema. 10 Fechamento Estudamos que a garantia da qualidade de software é primordial para o desenvolvimento de software, facilitando os processos de padronização, dentre outros itens, relacionadas à qualidade de processos, serviços e produtos. Para isso, são necessárias ferramentas da qualidade e normas de padronização. Dentre as ferramentas da qualidade conhecemos os fluxogramas, que auxiliam na visualização das etapas do processo; o diagrama de Ishikawa, que mapeia os problemas e as causas, identificando a causa raiz do problema observado; as folhas de verificação, importantes recursos no monitoramento de processos, agrupando informações que podem demonstrar desvios no padrão de comportamento. Estudamos também o diagrama de Pareto, que valida defeitos em produtos pela regra preestabelecida de 80/20, e a ferramenta histograma, que representa informações sobre distribuição ou frequência de valores em formatos de barras. Finalmente identificamos as principais normas que podem ser utilizadas para a garantia da qualidade do desenvolvimento de software, através da padronização dos processos, produtos e serviços, como a ISO 9000, que atua de modo genérico, a 9126, que estabelece diretrizes para a garantia da qualidade de software, e a 25010, que agrega aspectos importantes sobre a compatibilidade e a segurança em produtos de software. 11 Referências PRESSMAN, R. S.; MAXIM, B. R. Engenharia de software: uma abordagem profissional. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. SOMMERVILLE, I. Engenharia de software. Tradução de Kalinka Oliveira e Ivan Bosnic. 9. ed. São Paulo: Pearson, 2011.