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DIDÁTICA E-book 2 Janice Natera Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL: TEORIAS, CONCEPÇÕES E PRÁTICAS � 5 Quando começar o planejamento? ��������������������� 11 Por que planejar? �������������������������������������������������12 Como planejar? ����������������������������������������������������12 O PLANEJAMENTO DEVE SER COLETIVO E INDIVIDUAL ������������������������15 Planejamento coletivo �����������������������������������������15 PLANEJAMENTO INDIVIDUAL ��������������18 CURRÍCULO �������������������������������������������������21 Construção do currículo como norte para as aulas ���������������������������������������������������������������������21 Currículo formal ����������������������������������������������������22 Currículo real ��������������������������������������������������������27 Currículo oculto ����������������������������������������������������27 CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO �����������28 PLANO DE AULA ���������������������������������������30 FIXAÇÃO ������������������������������������������������������34 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������36 SÍNTESE �������������������������������������������������������37 2 INTRODUÇÃO O planejamento educacional está acima de todos os outros tipos� É de uma abrangência maior, go- vernamental, fundamentado em opções político- -pedagógicas (cultura, problema social, economia, política, ou seja, tudo que envolve a comunidade escolar para o processo de ensino-aprendizagem)� [...] planejamento é um ato ao mesmo tempo político-social, científico e técnico: político- -social, na medida em que está comprome- tido com as finalidades sociais e políticas; científico, na medida em que não se pode planejar sem um conhecimento da realidade; técnico, na medida em que o planejamento exige uma definição de meios eficientes para se obter os resultados (LUCKESI, 1992, p. 119). Como muito se conhece sobre planejamento, ele não é só o preenchimento de papéis para o controle do que o professor irá fazer durante o ano letivo, e sim a ação de planejar, que está além do papel� São ações previstas e fundamentadas em leis, nas necessidades da unidade escolar e do aprendizado do aluno� “A ação de planejar, portanto, não se re- duz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo, é, antes, a atividade cons- 3 ciente da previsão das ações político – pedagógicas” (LIBÂNEO, 1994, p� 222)� O planejamento escolar não é só para o professor, e sim para todo o ambiente escolar� É importante que os gestores escolares conheçam seus profissionais, invistam em estratégias que permeiam um bom en- sino escolar e tenham professores como sujeitos de transformações� Portanto, temos alguns questionamentos: ● Para que planejar? ● Como planejar? ● Quando planejar? 4 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL: TEORIAS, CONCEPÇÕES E PRÁTICAS Ao longo dos anos, houve uma mudança na relação professor-aluno� Antigamente, o professor sabia o que devia ou não fazer e como fazer, ele seguia paradigmas� Ensinava os conteúdos desenvolvidos em suas áreas, seguindo um processo, uma fórmula� Porém, os planejamentos eram fáceis de se fazer, o professor apenas mudava o ano e estava pronto� Hoje, passa a descobrir que não existe um pro- cesso definido, e que primeiramente é necessário conhecer: INTERAGIR MEIO AMBIENTE ALUNO Figura 1: Diagrama de interação. Fonte: Elaboração própria. 5 Esta articulação deixa de ser uma didática tradicio- nal� O método engessado desaparece, conseguindo trabalhar-se de forma mais dinâmica� O planejamen- to tem que ter clareza, organização e sistematização, deixando de ser uma receita� Assim, o aluno deixa de ser mero reprodutor de co- nhecimento e passa a ser pensador, crítico, reflexivo, permite-se a ele produzir� PLANEJAMENTO PRÁTICA PEDAGÓGICA Segundo Delors (1996), a prática pedagógica deve se preocupar em desenvolver quatro aprendizagens fundamentais, que são os pilares do conhecimento: Figura 2: Os quatro pilares da educação. Fonte: Celso Antunes. 6 http://www.celsoantunes.com.br/os-quatro-pilares-da-educacao-em-casa/ ● APRENDER A CONHECER: neste pilar, quem aprende a conhecer com certeza aprende a aprender� Essa primeira aprendizagem dá um basta a “aprender co- nhecimentos desnecessários” e preza por aprender habilidades para a construção de conhecimentos, sempre voltada à realidade em que o aluno vive� ● APRENDER A CONVIVER: na aprendizagem o pro- fessor terá desafios: tirar uma escola da cultura da competição e classificação para tentar construir uma escola que estimule construções de aprendizagens significativas para o cotidiano do aluno. ● APRENDER A FAZER: neste pilar, com certeza quem aprende a conhecer já está aprendendo a fazer, por- tanto seria a preparação para a vida profissional, para a realidade, ou seja, o preparo ao mundo� Esta preparação se dá durante todo o processo de ensi- no-aprendizado contínuo, durante toda a Educação Básica� Portanto, aprender a fazer não pode mais ser uma proposta determinada, mas sim sempre construir, estimular uma aprendizagem significativa para o mundo em que vive� ● APRENDER A SER: é impossível não pensarmos no ser humano como um todo, aprender a ser retoma a ideia de que todo ser humano deve ser preparado por inteiro, espírito e corpo, inteligência e sensibilidade, sentido estético e responsabilidade pessoal, ética e espiritualidade, para ter seus próprios pensamentos, a fim de que o ser humano possa viver e tomar suas próprias decisões no cotidiano� 7 Conhecer: Formas de conhecimento Conviver: Aprender com o outro Ser: Ter seu próprio valor Quatro Pilares da Educação Fazer: Transformar teoria em prática Figura 3: Quatro pilares da educação. Fonte: Elaboração própria. Os quatro pilares da educação contribuem para o planejamento escolar, ajudando os gestores e pro- fessores a entender cada vez mais sobre o desen- volvimento humano� Por esse motivo, a importância deles para a educação� O planejamento escolar é uma ação que se refere à estrutura das atividades e tarefas em uma escola� O que acontece dentro de uma escola deve estar dentro do planejamento, pois serve como um dire- cionamento educacional� Planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto [...]. Planejar ajuda a concretizar 8 o que se deseja (relação Teórica e Prática) [...]. Aquele algo que planejamos é possível acontecer – podemos interferir na realidade (VASCONCELOS, 2012, p. 35). A realização do planejamento é imprescindível no processo de ensino-aprendizagem� A escola tem que se organizar para um bom planejamento, pois é a base do ano letivo, principalmente para dar suporte aos alunos, pois eles são os protagonistas da escola, visando a um ensino de boa qualidade� Aplicando o “CHA” da educação: C – Conhecimento: saber H – Habilidade: saber/fazer A – Atitudes: querer/fazer SABER QUERER FAZER Necessidades; Desejos; Afetos; Valores Condições para a ação; Saberes e habilidades Figura 4: Professores como sujeitos de transformações. Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2012, p. 134) 9 http://www.celsoantunes.com.br/os-quatro-pilares-da-educacao-em-casa/ O planejamento escolar sempre deve ser pensado na realidade do aluno, porém ele pode ser flexivo� Divide-se em: Execução Ações Objetivos OPERACIONAL TÁTICO ESTRATÉGICAS Figura 5: Níveis de planejamento. Fonte: Elaboração própria. SAIBA MAIS Precisamos saber a diferença entre planejamen- to e currículo� O planejamento é um modelo sis- temático, elaborado antes de realizar uma ação para alcançar um objetivo� O currículo trata-se de um plano detalhado� Portanto, planejamento é um instrumento que planeja ações detalhadas para alcançar objetivos� O planejamento escolar deve partir dos gestores� Uma forma interessante e menos formal de planejar é trabalhar o relacionamento gestores/professores, professores/professores�10 Uma maneira ideal de se iniciar é por meio de dinâ- micas motivacionais, como jogos e atividades em grupo� Essas atividades são pontos positivos para a interação e estreitar a relação entre os professores e gestores, uma vez que o compartilhamento das emoções e experiências trazem como resultado uma equipe mais forte, unida e motivada� Todo planejamento precisa de uma base para que a escola tenha um bom funcionamento, para isso é necessário que tenha sido elaborado o Projeto Político Pedagógico (PPP), um documento que nor- teia como a escola planeja suas ações� SAIBA MAIS O PPP é um documento obrigatório, que deve ser produzido por todas as escolas, segundo a LDB 9394/96� É uma proposta que servirá como um direcionamento para as ações das escolas� O diretor da unidade escolar é o responsável por conduzir construir esse documento, porém ha- vendo colaboração da equipe escolar� Quando começar o planejamento? Ao final de cada ano letivo já se inicia a construção do planejamento do ano seguinte� É hora de fazer uma análise, uma reflexão dos pontos positivos e 11 negativos: se os objetivos foram alcançados, se as estratégias funcionaram, ficando assim mais fácil para o planejamento� Com essa análise, pode-se dar continuidade ao planejamento, ou seja, construir o currículo a ser seguido, podendo dar continuidade no planejamento escolar, no início do ano seguinte� Por que planejar? Quando vamos viajar ou construir, entre outras coi- sas que fazemos no nosso dia a dia, primeiramente fazemos um planejamento: verificamos o nosso fi- nanceiro, para onde vamos, que roupa levaremos e muito mais� Isso é planejamento� No dia a dia, dentro da sala, o professor deve estar preparado para trabalhar com seus alunos� Como planejar? O planejamento tem que ter um objetivo, não pode ser aleatório� Para isso, o Governo Federal criou al- guns documentos a serem seguidos, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que dará uma diretriz ao professor no seu planejamento� A LDB (9394/96) diz que na proposta pedagógica: 12 Art. 12º. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; IV - velar pelo cumprimento do plano de tra- balho de cada docente; VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. Art. 13º. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pe- dagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, se- gundo a proposta pedagógica do estabeleci- mento de ensino (BRASIL, 1996, grifo nosso). 13 Destacamos alguns trechos para que fique claro que é lei a escola ter proposta de trabalho pedagógico� O planejamento de um sistema educacional é feito em nível sistêmico, isto é, em nível nacional, estadual e municipal. Consiste no processo de análise e reflexão das várias facetas de um sistema educacional, para de- limitar suas dificuldades e prever alternativas de solução. O planejamento de um sistema educacional reflete a política de educação adotada (HAYDT, 2006, p. 95). Portanto, uma unidade escolar para construir seu planejamento deve ter como base os documentos e as leis governamentais� 14 O PLANEJAMENTO DEVE SER COLETIVO E INDIVIDUAL Planejamento coletivo O planejamento coletivo é um ato muito importante para a comunidade escolar: PLANEJAMENTO ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ESCOLAR ORGANIZAÇÃO DO ENSINO ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR ORGANIZAÇÃO DO TEMPO MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ACOMPANHAMENTO DA APRENDIZAGEM CURRICULO INTERDISCIPLINAR TRABALHO COLETIVO Figura 6: Planejamento. Fonte: Slideshare. A importância do trabalho em equipe começa entre os professores e os gestores� Geralmente o planeja- mento coletivo inicia-se no final do ano letivo, quan- do se mapeia a necessidade escolar, e continua no início do ano seguinte, antes do início das aulas� É o momento de conhecer a comunidade com que o professor irá trabalhar� 15 https://pt.slideshare.net/anaihaeser/trabalho-coletivo-trabalho-de-equipe-cooperao-colaborao-como-elementos-centrais-educao Podcast 1 No momento do trabalho coletivo, o professor pla- nejará o calendário escolar, que servirá como norte para o ano de trabalho, desde festas e avaliações a reuniões, e possibilitará planejar-se tarefas coletivas, com interdisciplinaridade, dependendo da atividade e do assunto que será abordado� Para o professor entrar em uma sala de aula, ele precisa se estruturar, ou seja, ele precisa planejar� Para um alinhamento do planejamento escolar co- letivo, deve-se ter uma estrutura: OBJETIVO ORGANIZAÇÃO METAS ESTRATÉGIAS ● O OBJETIVO do planejamento coletivo são as decisões que a escola deve tomar durante o ano letivo� Ele determina as atividades pedagógicas e financeiras que devem ser desempenhadas para se alcançar as metas. Com o planejamento, fica bem mais fácil haver um bom desempenho no ano letivo e a equipe mantém-se unida e alinhada, os objetivos ficam claros. 16 https://famonline.instructure.com/files/407240/download?download_frd=1 ● A ORGANIZAÇÃO do planejamento é reunir a co- munidade escolar para planejar o ano letivo� Essa reunião pode se iniciar no final do ano e continuar no início do ano seguinte, com a finalidade de con- seguir alcançar todos os objetivos importantes para a unidade escolar� ● METAS: não adianta traçar-se planos se não hou- ver a clareza da meta a ser atingida� Uma meta cer- tamente é priorizar o aluno, melhorando o seu apren- dizado� Na reunião de planejamento, é importante ter sempre essa questão como a principal, fazendo com que o aluno seja sempre o protagonista, sempre proporcionar aprendizagens significativas e uma for- mação continuada. Deve-se unificar as linguagens didáticas entre os professores para se preparar o aluno à construção do conhecimento e dominar os conteúdos básicos programáticos� Aplicar atividades para buscar resultados satisfatórios, formar cida- dãos críticos e conscientes, conscientizar o aluno à cidadania, envolvendo a interação da comunidade� ● ESTRATÉGIAS: primeiramente deve-se destacar à equipe escolar a importância do trabalho em equi- pe para um bom funcionamento da escola� Deve- se também capacitar gestores e professores para buscar novos conhecimentos e trocar experiências, conscientizando os profissionais a encontrar ca- minhos mais prazerosos, construindo assim um ambiente agradável, não esquecendo da importância do processo ensino-aprendizagem� 17 PLANEJAMENTO INDIVIDUAL Planejamento é a construção do currículo para dar um norte às atividades escolares� Para uma boa didática em sala de aula, deve-se iniciar fora dela, primeiramente planejar� O currículo não é estático, ele é flexível no decorrer do ano letivo� Muitas vezes, em sala de aula, encontramos situa- ções que não estão ao nosso alcance, ou seja, temos que ir para o improviso� Pode acontecer? Sim, o improviso pode acontecer, o que não pode acontecer é que o professor sem- pre esteja improvisando� Por isso é necessário um planejamento� Para um bom desempenho do professor, é neces- sário que a escola tenha estrutura e recursos, mes- mo que simples, e, o mais importante, um espaço agradável e estimulante para manter os professores dedicados e focados no trabalho com seus alunos� Paralelamente ao planejamento coletivo, o professor deve estar construindo o currículo escolar, ou seja, buscando métodos para a aprendizagem do aluno� A proposta pedagógica é única� Mesmo sabendo- -se que uma sala de aula nunca é homogênea, o importante é a aprendizagem, pois o que importa é a qualidade e não a quantidade, ainda que se saiba 18 que existem alunos que aprendem com mais faci- lidade e outros que têmo seu tempo próprio, por isso há a necessidade de se planejar tudo o que se desenvolverá com seus alunos� O professor depende de um bom planejamento escolar para que a sua aula seja eficaz. O professor deve ter o pleno domínio da disciplina que irá ministrar, para que ele passe o conteúdo para o aluno de forma concretizada e que dê segurança a ele� Tudo deve ser muito bem planejado para o desen- volvimento do ensino do aluno, ele sempre é o pro- tagonista na sala de aula� De acordo com os PCN’s, o professor poderá organizar aulas bem elaboradas e trabalhadas� O professor pode trazer instrumentos de trabalho que consistem em materiais que sejam usados nas atividades dadas em sala de aula, como: giz, lousa, livro didático, filmes, computadores, entre outros. Com esses materiais, o professor pode trabalhar com o aluno diferentes formas de conhecimento, fazendo com que sua aula se torne agradável e pro- dutiva� Ele poderá ter como instrumento de traba- lho aulas expositivas, projetos, mídias, tecnologia e outros métodos� É importante, também, que o aluno seja avaliado na sala de aula ou em algum espaço dentro ou fora do ambiente escolar, desde que não saia da proposta pedagógica� As atividades precisam ser atrativas 19 para que o aluno tenha interesse nas aulas e sempre estar voltadas para a realidade do aluno� A escola, no início do ano letivo, deve elaborar um calendário escolar� A LDB (9394/96) abre a possibi- lidade de que cada escola elabore seus calendários escolares, o que pode representar um melhor aten- dimento às especificidades dos alunos. Possibilita a flexibilidade de cada escola se organizar de acordo com as necessidades do seu público� 20 CURRÍCULO Construção do currículo como norte para as aulas No currículo, o professor apontará as atividades que fará com os alunos durante o ano letivo� De acordo com a LDB 9394/96: Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional co- mum, a ser complementada, em cada sis- tema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da socie- dade, da cultura, da economia e da clientela. Dessa forma, a organização curricular deve manter os conteúdos e flexibilizar a parte diversificada de acordo com as necessidades, de forma a possibi- litar ao aluno a construção do conhecimento e sua formação integral� Não podemos esquecer que o currículo tem que ter uma base, um norte, pois o conteúdo a ser aplicado tem que ser o mesmo no Brasil todo, podendo ser adequado para cada região, mas não perdendo a essência. Para isso, existem documentos oficiais a serem seguidos, como os PCN’s e a BNCC� Esses 21 documentos não ensinam como dar aula, mas sim o que ensinar� Agora analisaremos como podemos inserir estes documentos nos currículos escolares� Nas décadas de 1960 e 1970 foram realizados vários estudos sobre currículo, identificando-se três níveis de currículo� Currículo formal É o material que é escrito, formalizando aquilo que define a intencionalidade do que o aluno deve fazer. São diretrizes elaboradas por documentos oficiais já nas décadas de 1980 e 1990: ● Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) Podcast 2 O currículo, de acordo com os PCN’s, organiza o que pode acontecer no ambiente escolar� Ele é um documento que foi elaborado como norte para que o professor desenvolva suas atividades pedagógicas em sala de aula� Os PCN’s servem para que os professores tenham as suas práticas pedagógicas com melhor qualidade, porém sempre trabalhando a realidade do aluno� Eles definem que os currículos e conteúdos não podem ser transmitidos como conhecimento, mas que os professores devem encaminhar o aluno a aprendi- zagens significativas. 22 https://famonline.instructure.com/files/407241/download?download_frd=1 A reflexão do professor deve ser feita através de reu- niões com toda a equipe pedagógica da instituição da escola� Se não houver essa reflexão da prática do professor, pode-se causar uma relação duvidosa entre aluno e professor, por isso a direção deve estar sempre em sintonia com os professores� O professor deve conhecer a proposta pedagógica da unidade escolar, se isso não acontecer, torna-se difícil a reflexão do professor, pois ele precisa co- nhecer que tipo de educação a instituição oferece: que princípios devem ser trabalhados e quais os objetivos a serem conquistados� Os PCN’s dividem- -se em volumes, portanto, o professor deve seguir a sua área de conhecimento� Os PCN’s estão divididos em Ensino Fundamental I e Fundamental II, esses documentos foram dispo- nibilizados pelo Ministério da Educação para que o professor possa estudá-los e conhecê-los, auxilian- do sua atividade profissional, percebendo a grande responsabilidade que o professor tem em formar cidadãos críticos e responsáveis para a sociedade� Os PCN’s são divididos em Áreas do Conhecimento: 23 Parâmetros Curriculares Nacionais e as Áreas de Conhecimento no Ensino Fundamental Língua Portuguesa Matemática História Geografia Temas transverais Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade Cultura, Trabalho e Consumos Ciências da Natureza Arte Educação Física Línguas Estrangeiras Figura 7: PCN’s e as áreas de conhecimento do Ensino Fundamental. Fonte: Elaboração própria. Parâmetros Curriculares Nacionais e as Áreas de Conhecimento no Ensino Médio Linguagens e Códigos e suas Tecnologias Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias Ciências Humanas e suas Tecnologias Figura 8: PCN’s e as áreas de conhecimento do Ensino Médio. Fonte: Elaboração própria. 24 ● Base Nacional Comum Curricular (BNCC) A BNCC determina os conhecimentos e as habili- dades que o aluno tem que aprender� Os currículos escolares devem ter um referencial garantindo o direito de aprendizagem do aluno� Diz na BNCC (BRASIL, 2017): Ao longo da Educação Básica, as aprendiza- gens essenciais definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito pe- dagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cogni- tivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. Na figura a seguir, observe os conhecimentos a se- rem seguidos de acordo com a BNCC: 25 Figura 9: Dez competências da BNCC. Fonte: Por vir. 26 http://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-nacional-comum-curricular/ Currículo real É aquele que parte do plano escolar para a prática� É o que acontece na escola, é a construção da aprendi- zagem do aluno, o ato de ensinar, dando significado ao que se aprende� Currículo oculto Não está explícito, são atitudes, valores, manifesta- ções que acontecem em sala de aula� As decisões curriculares não são neutras e nem científicas, en- volve questões técnicas, políticas, éticas e estéticas� 27 CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO Durante a construção do currículo, é imprescindível que o professor tenha autonomia para desenvolver estratégias de motivação para seus alunos� Assim, ele estimulará suas atividades, oferecendo uma es- trutura ideal. O currículo deve ser flexível. Partes importantes de um currículo: ● Calendário escolar: permite ao professor organizar suas atividades, desde suas aulas e datas come- morativas até os passeios� Além disso, possibilita o registro do trabalho e dos dias dos alunos e pro- fessores, ditando o ritmo da vida escolar� ● Espaço escolar: é importante que o aluno conheça todo o espaço escolar� A escola tem que ter o míni- mo de espaço além da sala de aula, é relevante para a prática pedagógica, pode-se fazer brincadeiras com os alunos, feiras temáticas, exposição das pro- duções realizadas pelosalunos, murais, de forma a se valorizar e incentivar os alunos� Além disso é necessário um espaço para a tecnologia� ● Conteúdos: é o conhecimento teórico que o pro- fessor aplicará em sala de aula, dependendo da disciplina em que atua� ● Atividades: podem ser aplicadas dentro ou fora da sala de aula, e ter objetivos ligados ao conhecimento escolar, desde aulas expositivas dentro da sala de aula até passeios� 28 ● Avaliações: o professor deve ser cauteloso na hora da avaliação do aluno, ela deve ser contínua e participativa� ● Metodologia: exposições dialogadas, palestras, estudos dirigidos em grupo, estudos de caso, visitas orientadas e dramatizações, entre outros. 29 PLANO DE AULA O professor, para que tenha um bom plano de aula, deve, primeiramente, focar em quais são os seus objetivos principais e qual caminho deve ser tomado para que alcance com sucesso� Deve estar atento ao tempo e saber desenvolver sua aula; isso não e nada fácil, nunca sabemos qual o tempo que leva- mos para terminar, sendo que cada aluno e turma tem o seu tempo� Segundo Oliveira (2007, p�21): [...] o ato de planejar exige aspectos básicos a serem considerados. Um primeiro aspecto é o conhecimento da realidade daquilo que se deseja planejar, quais as principais ne- cessidades que precisam ser trabalhadas; para que o planejador as evidencie faz-se necessário fazer primeiro um trabalho de sondagem da realidade daquilo que ele pre- tende planejar, para assim traçar finalidades, metas ou objetivos daquilo que está mais urgente de se trabalhar. Um plano de aula tem a finalidade de promover um ensino melhor� Com ele o professor prevê como será desenvolvida sua aula� Ele estará em um ensino con- tínuo, relacionando os conteúdos aprendidos com os que irão aprender, tendo assim uma metodologia 30 continuada� Por isso a importância de se preparar um plano, para poder seguir uma linha� A questão do plano é fundamental para a preparação das aulas, pois constitui uma tarefa importante e regular dos professores� Alguns elementos devem ser considerados para o planejamento do ensino; a organização do conteúdo, o tempo, o espaço dis- ponível e o material pedagógico são fundamentais para que a aula transcorra de modo proveitoso� OBJETIVO CONSTRUÇÃO SIGNIFICADO APLICAÇÃO REVISÃO Segue o roteiro para se elaborar um plano de aula: ● TÍTULO DA AULA: deve seguir o conteúdo do currículo� ● OBJETIVOS GERAIS: devem estar relacionados aos conceitos da aula e aos procedimentos da execução dos conteúdos, para que o aluno consiga construir aprendizagem significativa. 31 ● OBJETIVOS ESPECÍFICOS: resultados esperados (são de três a quatro objetivos específicos). ● CONTEÚDO: conteúdo programado no currículo, dependendo da área de atuação do professor, deve ter coerência, lógica e deve ser contínuo, para um bom entendimento� ● METODOLOGIA: teórica e prática, dentro ou fora da sala de aula, dependendo da necessidade para o ensino-aprendizado do aluno� ● RECURSOS: materiais que serão utilizados, ve- rificar com antecedência se a escola tem matérias como alternativas. ● AVALIAÇÃO: a avaliação deve ser contínua� Devem ser aplicadas diferentes formas de atividades tanto na sala de aula como fora, para um bom desenvol- vimento do aluno� Ela não é apenas um conjunto de conteúdos da aprendizagem� Na avaliação devemos considerar o processo� Ela deverá ser contínua, par- ticipativa, diagnóstica e investigativa, assim poderá retomar a prática pedagógica, reorientando o aluno, se necessário, propondo novas ações para o pla- nejamento� É uma reflexão para refazer a trajetória educativa� ● BIBLIOGRAFIA: colocar as referências que o pro- fessor utilizou para a elaboração do plano de aula� O plano de aula deve ser construído para alcançar um objetivo, pois ele norteia o professor para que garanta ao aluno o ensino-aprendizado previsto no currículo; nele, deve indicar o que se deve fazer no dia a dia� O plano de aula é flexível e pode haver mudanças conforme a necessidade� 32 A seguir, observe um modelo de plano de aula, ape- nas como exemplo, pois cada escola pode ter o seu próprio tipo: Figura 10: Modelo de plano de aula. O plano deve ser elaborado para auxiliar o trabalho do professor. Deve ser feito da forma que ficar me- lhor para seu entendimento e que não prejudique a aprendizagem do aluno� Devem estar alinhados: Plano-Professor-Aluno-Escola� 33 FIXAÇÃO Conceitos dos teóricos Conceitos dos docentes Planejamento é “um ato ao mesmo tempo político-social, científico e técnico: político-social, na medida em que está comprometido com as finalidades sociais e políticas; científico, na medida em que não se pode planejar sem um conhe- cimento da realidade; técnico, na medida em que o planejamento exige uma definição de meios eficientes para se obter os resulta- dos” (LUCKESI, 1992, p� 119)� O planejamento é um instrumen- to utilizado pelos professores contemplando todo o processo educativo� Ele contém as diretrizes a serem seguidas, buscando o aprendizado do aluno da melhor maneira possível� O planejamento é uma questão política a partir do momento em que envolve posicionamento, opções, jogos de poder, com- promisso com a reprodução ou transformação da sociedade (VASCONCELLOS, 2010)� É o momento em que se definem as ações que serão desenvolvidas nas aulas, neste planejamento po- demos explicitar os métodos e as ferramentas que serão utilizadas O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social (LIBÂNEO, 1994, p�222)� Oportunidade para organizar e nortear minha prática em vista da construção do trajeto formativo aos objetivos do componente curricular� Por meio da interação com o docente, constrói o conceito para si próprio (FREIRE, 1987) Facilita a organização do profes- sor bem como do coordenador do curso que poderá disponibilizar os recursos necessários� Na verdade, é o planejamento e programa- ção das aulas� Após a execução dessas aulas o docente poderá avaliar onde falhou ou acertou em suas escolhas planejadas, assim poderá efetuar alterações para as próximas aulas� 34 Conceitos dos teóricos Conceitos dos docentes “Um planejamento de ensino glo- balizante, que supere sua dimen- são técnica, seria a ação resultan- te de um processo integrador entre escola e contexto social, efetivada de forma crítica e transformadora pelo próprio professor” (LOPES, 2000, p� 58)� Entendendo por planejamento de aula a previsão, preparação e organização de todas as ações que ocorrerão durante a aula em si� Representa a programação detalhada de uma aula, deve con- ter desde os conteúdos a serem ministrados, quais bibliografias e metodologias serão utilizadas� Devem-se descrever todos os recursos a serem utilizados� O sentido é a soma dos eventos psicológicos que a palavra evoca na consciência� É um todo fluido e dinâmico, com zonas de estabi- lidade variável, uma das quais, a mais estável e precisa, é o signifi- cado que é uma construção social, de origem convencional (ou sócio histórica) e de natureza relativa- mente estável (PINO SIGARDO, 2000, p� 45)� Planejamento de aula é o momen- to básico e fundamental onde o professor/educando molda a linha de raciocínio lógico mais eficiente aliada a estratégias pedagógicas que possam vir a maximizar a construção de conhecimento junto do aluno� É o processo de pensar, de forma “radical”, “rigorosa” e “de conjun- to”, os problemas da educação es- colar, no processo ensino-apren- dizagem� Consequentemente, planejamento do ensino é algo muito mais amplo e abrange a elaboração, execução e avaliação de planos de ensino� O planeja- mento, nesta perspectiva, é, acima de tudo, uma atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente (FUSARI, 1998, 45) Consiste dividir todo o conteúdo da disciplina em várias unidades e para cada unidadedesenvolver um conjunto de procedimentos, intervenções e ações que sejam potencialmente significativas, pen- sando sempre no perfil dos alunos que estão na sala� Tabela 1: Conceitos de planejamento. Fonte: Educere. 35 https://educere.bruc https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20548_9001.pdf CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste módulo abordamos a importância do plane- jamento escolar� Ele é um instrumento que plane- ja ações detalhadas para alcançar objetivos� É um modelo sistemático elaborado antes de se realizar uma ação para alcançar um objetivo� Ao realizarmos o planejamento escolar, é preciso definir-se como será o planejamento da escola, o plano curricular e o plano de aula� Ele sempre deve ser contínuo, porém ele pode ser revisado, poden- do haver mudanças durante o ano letivo� Dá o nor- teamento para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e para o bom funcionamento da escola� 36 SÍNTESE • Existem o currículo formal, real e oculto, um está ligado ao outro e são a base para a construção do currículo escolar, tendo como parte importante o calendário escolar, principalmente para a construção dos planos de aula, que estão ligados diretamente ao aluno, chegando a uma aprendizagem significativa. • Como base norteadora, o professor tem que seguir o PPP da escola e os documentos oficiais, como LDB, PCN e BNCC, podendo ser adaptado dependendo da região e suas necessidades; • Em uma sala de aula, os alunos são heterogêneos, portanto, o professor deve criar estratégias para que o aluno seja motivado para um bom aprendizado; • O currículo deve ser adaptado à realidade do aluno, o professor deve ter clareza, motivação e buscar novos conhecimentos. É muito importante para seu trabalho a forma e as ações que irá tomar; DIDÁTICA • O planejamento deve ser muito bem formulado, começar com uma análise do anterior, verificar o que deu certo e o que deu errado para poder (re)construir o novo. Deve-se priorizar o aprendizado do aluno, ele é o protagonista; • Os quatro pilares da educação dão base para a ação do planejamento. Em uma comunidade escolar onde trabalham indivíduos com ideias diferentes é necessário aprender a conhecer e conviver com o outro; Referências Bibliográficas & Consultadas ANTUNES, C� Como desenvolver competências em sala de aula� 11� ed� Petrópolis, RJ: Vozes, 2014� [Biblioteca Virtual]� ARAÚJO, U� Temas transversais, pedagogia de projetos e mudanças na educação� São Paulo: Summus, 2014� [Biblioteca Virtual]� BECKER, Fernando� Educação e Construção do Conhecimento� 2� ed� Porto Alegre: Artmed, 2012� [Minha Biblioteca]� BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental� Parâmetros curriculares nacionais: Matemática� Secretaria de Educação Fundamental� Brasília: MEC, 1998� BRASIL� Lei nº 9394 de, de 20 de dezembro de 1996� Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial (da República Federativa do Brasil)� Brasília, 1996� BRASIL� Ministério da Educação� Base Nacional Curricular Comum: versão final� Secretaria da Educação Fundamental� Brasília, 2017� DELORS, J� (coord�)� Os quatro pilares da educação. 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O planejamento deve ser coletivo e individual Planejamento coletivo Planejamento individual Currículo Construção do currículo como norte para as aulas Currículo formal Currículo real Currículo oculto Construção do currículo Plano de aula FIXAÇÃO Considerações finais Síntese