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204 Introdução à Teoria Geral da Administração· IDALBERTO CHIAVENATO 16. Suas desvantagens estão em: perda de tempo na tomada de decisões à medida que o seu tamanho aumenta, o custo de tempo e de dinheiro das pes soas envolvidas, divisão da responsabilidade e necessidade de um coordenador eficiente. IQuestões 1. Como você vê os tipos tradicionais de organização no mundo globalizado e competitivo de hoje? 2. Como você poderia classificar a organização mun dial da ABB? 3. Como você desenharia a organização da ABB? 4. Qual a sua opinião pessoal sobre essa reestrutura ção tão bem-sucedida? 5. Que sugestões você daria a Percy Barnevik? • CASO A ASEA BROWN BOVERI20 Quando a empresa sueca Asea associou-se à suíça Brown Boveri, surgiu uma colossal organização mundi al de alta tecnologia. O novo presidente da Asea Brown Boveri - a ABB - Percy Barnevik, procurou um novo modelo organizacional para criar uma empresa compe titiva e ágil para atuar no mercado global. O organogra ma clássico foi aposentado e surgiu uma estrutura mul tidimensional totalmente descentralizada em mais de 50 áreas operacionais, 1.100 companhias locais que trabalham nas áreas de negócios nos diferentes países e 4.500 centros de lucro, cada um deles cuidado por uma equipe que não pode ultrapassar 50 pessoas. Quando a equipe passa de 50 integrantes, está na hora de dividi-Ia em duas. A hierarquia foi enxugada para apenas três níveis: direção, gerência e operações. Os antigos departamentos estáticos e permanentes foram substituídos por equipes autônomas e multidisciplina res, que funcionam como células de produção. Essa é a organização flexível e ágil por meio da qual os 216.000 funcionários da colossal ABB estão distribuídos pelo mundo afora. Há uma profunda reve rência pela descentralização. Com ela, as pessoas po dem aspirar a carreiras significativas dentro de unida des pequenas que podem ser facilmente compreendi das e que exigem profundo comprometimento pes soal. No fundo, a ABB é uma confederação de muitas IReferências Bibliográficas 1. James D. Mooney, The Principies of Organization, Nova York, Harper & Bras. 1947, p. 102. 2. James D. Mooney, The Principies ofOrganizations, op. cito 3. Michael J. Jucius e William E. Schlender, Introdu ção à Administração - Elementos de Ação Adminis trativa, São Paulo, Editora Atlas, 1972, p. 223. 4. Ernest Dale e Lyndall F. Urwick, Organização e Assessoria, São Paulo, Ed. Atlas, 1971, p. 77. 5. James D. Mooney, The Principies ofOrganizations, op. cito 6. David R. Hampton, Administração Contemporâ nea, São Paulo, Ed. McGraw-Hill, p. 238-239. 7. Morris Hurley, Elements of Business Administra tion, Nova York, Prentice-Hall, 1953, p. 346-347. pequenas companhias locais, ou seja, uma coleção de unidades de negócios com intensa coordenação glo bal. Os gerentes trabalham com responsabilidades bem definidas, objetivos claros e total autonomia e li berdade para poderem agregar valor ao seu negócio. Geram balanços específicos e realistas que avaliam seu desempenho e permitem recompensar os geren tes pela participação nos resultados alcançados. Além disso, as unidades de staff também foram transformadas em centros de lucros, trabalhando tan to para as unidades da ABB como para o mercado de outras empresas, com responsabilidade por lucro. Ini cialmente, as unidades de staff foram reduzidas em 90% e parte de suas atividades descentralizadas para as unidades de linha. Há um sistema informacional es tratégico que unifica a enorme firma através de relató rios transparentes e centralizados em um sistema úni co de informação gerencial que envolve em rede toda a ABB, denominado Abacus. Isso proporciona uma in crível dinâmica graças aos funcionários empreende dores dotados de total liberdade e autonomia para tra balhar, criar, decidir, errar, mudar, inovar e ousar. A ABB tornou-se um enorme sucesso de empresa. Moti vo: equipes integradas, autônomas, auto-suficientes, com liberdade e motivação para alcançar objetivos or ganizacionais e individuais. CAPíTULO 8 • Decorrências da Teoria Neoclássica: Tipos de Organização 205 > 8. Melville Dalton, Men Wha Manage, Nova York, John Wiley & Sons, Inc., 1959. 9. Philip J. Browne e Robert T. Golembiewski, "The Line-Staff Concept Revisited: an Empirical Study of Organizational Images", Academy af Manage mentJournal, set. 1974, p. 406-417. 10. Ralph C. Davis, The FundamentaIs ofTop Manage ment, op. cit., p. 468-469. 11. William H. Newman, Ação Administrativa, op. cit., p. 224. 12. William H. Newman, Ação Administrativa, op. cit., p. 224. 13. Harold Koontz e Cyril O'Donnell, Princípios de Administração, cit., pp. 247-249. 14. Louis A. Allen, "Making Better Use of Committees", in Reading in Management, Max D. Richards e Willi- IGlossário Básico ASSESSORIA é o mesmo que staff, consultoria, conselho. COMISSÃO é um grupo de pessoas designadas para de sempenhar alguma atividade específica. HIERARQUIA é o conjunto de escalões hierárquicos de autoridade existentes em uma organização. LINHA significa fila, fileira, comando ou direção. Repre senta a propriedade típica do chefe tradicional de to mar decisões, de atuar, de comandar, de decidir e en frentar. ORGANIZAÇÃO ou estrutura organizacional significa o conjunto de órgãos e pessoas que constituem o apara to administrativo da organização. É o mesmo que for mato ou desenho organizacional. ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL é a forma estrutural ba seada na especialização e na supervisão funcional. As linhas de comunicação são diretas, a autoridade é fun cional (dividida por especialistas) e as decisões são descentralizadas. am A. Nielander, Cincinnati, Ohio, South-Western Publishing Co., 1958, p. 668-678. 15. William H. Newman, Ação Administrativa, ap. cit., p. 232. 16. A.M.A. - American Management Association, "Com mittee: Their Role in Management Today", Manage ment Review, voI. 46, p. 4 e segs., out. 1957. 17. Harold Koontz e Cyril O'Donnell, Princípios de Administração, op. cit., p. 253-254. 18. William H. Newman, Ação Administrativa, op. cit., p. 228-229. 19. Mathew J. Kierman, The Eleven Commandments af 21 st Century Management, Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 71-74. 20. William Taylor, The Logic of Global Business, Harvard Business Review, Mar./Apr. 1991 ORGANIZAÇÃO LINEAR é a forma estrutural baseada em linhas únicas de autoridade e responsabilidade e na qual predomina a aplicação do princípio de autorida de linear e do comando único. Apresenta uma confor mação piramidal em função da cadeia escalar e da cen tralização das decisões na cúpula. ORGANIZAÇÃO L1NHA-STAFF é o formato estrutural híbrido que reúne características lineares (unidade de comando) e características funcionais (assessoria de stafl). É também denominada organização hierárquico consultiva. RACIONALISMO é a adequação dos meios aos fins visa dos segundo critérios universais e baseados na razão e na lógica. STAFF ou assessoria significa a propriedade de prestar consulta, consultoria, recomendação, sugestão, conse lhos ou prestar serviços especializados. çÃO Compondo as Unidades da Empresa Objetivos de aprendizagem Mostrar os mecanismos de especialização vertical e horizontal nas organizações em resposta às exigências internas e externas. Caracterizar os diversos tipos de departamentalização: por funções, por produtos ou serviços, localização geográfica, clientes, fases do processo, projetos e ajustamento funcional. Indicar as vantagens e as limitações dos tipos de departamentalização e as escolhas alternativas de departamentalização principal e combinada. O que veremos adiante o conceito de departamentalização. Os tipos de departamentalização. A departamentalização por funções. A departamentalização por produtos ou serviços. i($J' A departamentalização geográfica. A departamentalização por clientela. A departamentalização por processos. A departamentalização por projetos. A escolha dealternativas de departamentalização. A apreciação crítica da departamentalização. • CASO INTRODUTÓRIO A VIDEORENTAL VideoRental sempre foi motivo de satisfação para seus dirigentes. O crescimento da empresa e a exce lente imagem no mercado abriram as portas para no vas franquias. O negócio prosperou com a abertura de várias filiais franqueadas e cresceu demais sem ne cessidade de investimentos continuados. A empresa passou a ser estruturada funcionalmente em departa mentos - financeiro, marketing e operações. Mas, os dirigentes sentiam dificuldade em conhecer os aspec tos globais das atividades da empresa. Além disso, as vendas pararam de crescer e o negócio empacou. Como você poderia ajudá-los? 208 Introdução à Teoria Geral da Administração· IDALBERTO CHIAVENATO Para a abordagem clássica, a base fundamental da organização é a divisão do trabalho. À medida que uma organização cresce, ela tende a se diferenciar e a especializar cada vez mais as unidades que com põem sua estrutura organizacional. Enquanto os en genheiros da Administração Científica preocupa vam-se com a especialização do trabalho ao nível do operário, com os métodos e processos de trabalho (ênfase nas tarefas), os autores clássicos voltavam-se para a estruturação dos órgãos (ênfase na estrutura organizacional). A Teoria Neoclássica complemen ta essas duas contribuições anteriores com novas abordagens sobre a departamentalização. Conceito de Departamentalização Para os autores clássicos, a especialização na organi zação pode dar-se em dois sentidos: vertical e hori zontal. A especialização vertical ocorre quando se verifica a necessidade de aumentar a qualidade da supervisão ou chefia acrescentando mais níveis hie rárquicos na estrutura. A especialização vertical se faz à custa de um aumento de níveis hierárquicos. É um desdobramento da autoridade e por isso deno- minada processo escalar, pois refere-se ao cresci mento da cadeia de comando. A especialização ver tical caracteriza-se sempre pelo crescimento vertical do organograma, isto é, pelo aumento do número de níveis hierárquicos. Por outro lado, a especialização horizontal ocorre quando se verifica a necessidade de aumentar a perí cia, a eficiência e a melhor qualidade do trabalho em si. Corresponde a uma especialização de atividade e de conhecimentos. A especialização horizontal se faz à custa de um maior número de órgãos especializa dos, no mesmo nível hierárquico, cada qual em sua tarefa. A especialização horizontal é também deno minada processo funcional e caracteriza-se sempre pelo crescimento horizontal do organograma. Émais conhecida pelo nome de departamentalização, pela sua tendência incrível de criar departamentos. 111 DICAS Especialização vertical e horizontal Ra.ramente ocorre a especialização vertical sem ,~~e ocorra também a especialização horizontal,e ~fge-versa. Ambas se completam e dificilmentean <:lélm separadas. Ambas, a especialização vertical e Estágio 1 (um só nível) Estágio 2 (dois níveis) Estágio 3 (três níveis) Figura 9.1. O processo escalar: especialização vertical com desdobramentos dos niveis hierárquicos. Figura 9.2. O processo funcional: especialização horizontal com desdobramentos de órgãos no mesmo nivel hierárquico. Estágio (1 departamento) INTRODUCAO A TEORIA GERAL DA ADMINISTRACAO - IDALBERTO CHIAVENATO - SETIMA EDICAO, TOTALMENTE REVISTA E ATUALIZADA tga225 tga226 tga227 tga228