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A obra de arte O que é? Para que serve? Por que estudar Literatura? A arte A necessidade de criar, inerente ao homem enquanto ser pensante, é a gênese da obra de arte. Em outras palavras, em todos os tempos e lugares, homens e mulheres de diferentes culturas produziram e produzem arte porque sentem o impulso de se expressarem, recriando a realidade de acordo com suas visões de mundo. O artista tem o poder de moldar a realidade segundo suas convicções, ideias e vivências. Deste modo, é como se ele fosse uma espécie de mágico porque cria novos mundos, ilusões e sonhos... “À força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimensão vivo.” — Dom Quixote A obra de arte O que é considerado obra de arte? Muitas pessoas dizem não gostar de artes, no entanto, a grande parcela que assim se posiciona não considera que “os artistas fazem uma leitura de mundo e a manifestam numa obra de arte segundo valores estéticos de determinado momento histórico, independentemente do material que será trabalhado (palavras, sons, barro, mármore, madeira, formas, cores, etc.) e, portanto, da linguagem em que se expressará.” (NICOLA, José. Painel da Literatura, p. 9) Dentre as representações possíveis para arte, temos a fotografia (ao lado) e a pintura de Christiane Drummond (abaixo). Por que arte? As duas imagens mostradas podem ser consideradas obras de arte porque cada uma traz consigo um ponto de vista da experiência do real. Na foto da favela carioca, identificamos elementos familiares da realidade: as casinhas amontoadas na encosta do morro. O quadro de Christine Drummond nos remete a uma organização urbana semelhante, com centenas de casas dispostas lado a lado, em vários planos da tela. Na tela, porém, as casinhas foram recriadas, representadas por meio de uma explosão de cores concebida pela artista para produzir uma imagem que, além de evocar a realidade das favelas, também desafia o observador a rever sua impressão negativa sobre esse espaço urbano. Mas o que distingue realidade e ficção? Realidade é tudo aquilo que existe no mundo conhecido, que identificamos como concreto ou que reconhecemos como verdadeiro. A ficção, por sua vez, relaciona-se à criação, à invenção, à fantasia, ao imaginário. Então, a ficção promove a construção de uma realidade para atender a um objetivo específico (promover a reflexão, encantar, criticar, divertir, etc.). Os mundos ficcionais podem corresponder à realidade, tal como a conhecemos, ou propor novas realidades, inteiramente imaginadas. Verossimilhança> interna; externa Toda obra de arte é uma representação da realidade. Ainda que se ocupe de elementos em que podemos reconhecer o real, arte é representação. Observe o quadro ao lado de Lawrence Alma-Tadema, pintor holandês do século XIX. Nele reconhecemos as mulheres que, do alto, acompanham a chegada de um barco. Outros elementos do real são os detalhes das roupas, as grinaldas de flores, o sapato da moça que está debruçada sobre a amurada. Trata-se de uma representação, porque a organização do quadro revela o olhar singular do artista, que escolheu um ponto de vista muito particular para permitir que o observador dessa obra tenha a perfeita noção dos diferentes planos no alto, as três mulheres e a estátua de um animal (provavelmente algum felino). Embaixo, bem menor, para indicar a diferença na altura, a embarcação. A combinação de cores e o jogo de luz cria a representação de um dia ensolarado no qual o azul mais esverdeado do mar vai se modificando até assumir a tonalidade do céu. Alguns sentidos da arte A história da humanidade é marcada pela criação de objetos que nos auxiliam a superar nossas limitações físicas. Um telescópio, por exemplo, funciona como uma poderosa extensão do olho humano. Tratores e máquinas permitem que a terra seja trabalhada de modo mais rápido e eficiente. Por meio da observação e da análise desses objetos, podemos formular algumas hipóteses sobre as diferentes necessidades que sempre desafiaram o ser humano. As criações, porém, não se limitaram à invenção e à produção de objetos de uso prático. A arte sempre ocupou lugar significativo na vida de todas as sociedades humanas. Os mais antigos objetos artísticos que chegaram até nós são pequenas figuras esculpidas por volta do ano 25000 a.C. Supõe-se que, com o auxilio dessas imagens, nossos antepassados tentavam controlar ou aplacar as forças da natureza. Para eles, símbolos de animais e pessoas tinham uma significação mágica, sobrenatural. O que fez o ser humano, já naquela época, representar a vida que levavam e o que sentiam? O que é arte, afinal? O que é arte, afinal? As muitas respostas possíveis para a pergunta sobre o que define arte variaram imensamente ao longo da história. Durante muito tempo, a arte foi entendida como a representação do belo. Mas o que é belo? O que essa palavra significa para nós, ocidentais, hoje, e o que significou para os povos do Oriente ou para os europeus que viveram na Idade Média? Na Antiguidade, por exemplo, o belo estava condicionado ao conceito de harmonia e proporção entre as formas. Por esse motivo, o ideal de beleza entre os gregos ganha forma na representação dos seres humanos, vistos como modelo de perfeição. No século XIX, o Romantismo adotará os sentimentos e a imaginação como princípios da criação artística. O belo desvincula-se da harmonia das formas. Do século XX em diante, diferentes formas de conceber o significado e o modo do fazer artístico impuseram novas reflexões ao campo da arte. Desde então, ela deixa de ser apenas a representação do belo e passa a expressar também o movimento, a luz ou a interpretação geométrica das formas existentes. Pode também recriá-las. Em alguns casos, chega a enfrentar o desafio de representar o inconsciente humano. Por tudo isso, a arte pode ser entendida como a permanente recriação de uma linguagem. Como permanente recriação da realidade... Um meio de provocar a reflexão no observador sobre o lugar da própria arte na sociedade de consumo ou sobre a relação entre o observador e o objeto observado. Ou seja, a arte pode ser uma provocação, espaço de reflexão e de interrogação. Toda criação pressupõe um criador que filtra e recria a realidade e nos permite sua interpretação. A arte, desse ponto de vista, é também o reflexo do artista, de seus ideais, de seu modo de ver e de compreender o mundo. Como todo artista está sempre inserido em um tempo, em uma cultura com sua historia e suas tradições, a obra que produz será sempre, em certa medida, a expressão de sua época, de sua cultura. “A pintura não foi inventada para decorar casas. Ela é uma arma de ataque e defesa contra o inimigo” Pablo Picasso Pablo Picasso produziu a tela Guernica em Paris, durante os meses de maio e junho de 1937, sob o forte impacto de notícias que chegam da Espanha sobre uma violenta guerra civil entre monarquistas e republicanos. Um dos episódios mais marcantes dessa guerra foi a destruição da cidade basca de Guernica, bombardeada na tarde de 26 de abril de 1937 (era uma tarde de feira e as pessoas passeavam pelas ruas) pela aviação alemã após um acordo entre Franco e Hitler. O republicano Picasso, ao pintar Guernica, gigantesco painel de 7,80 m x 3,50 m, oferece um verdadeiro testemunho desse episódio à posteridade. Estética e belas-artes Os conceitos “estética” e “belas-artes” surgem do olhar para a Revolução Industrial, deixando de lado o velho da era monárquica e chamando atenção para uma nova forma de consumo e público. Assim, o conceito de estética (do grego aisthetikos, "o que pode ser percebido pelos sentidos") foi criado pelo filósofo alemão Alexander Baumgarten, na metade do século XVIII. Para a filosofia, é a reflexão sobre o belo e a criação artística; em seu uso informal, é tudo o que diz respeito à beleza, à beleza física, plástica. O termo belas-artes surgiu em oposição às artes utilitárias ou decorativas (as artes e ofícios). 0 filósofo Immanuel Kant afirmava,em 1790, que "as belas-artes são as artes do gênio". Outro filósofo do século XVIII, D'Alembert, um dos responsáveis pela Enciclopédia iluminista, relacionou as cinco manifestações artísticas que formavam as belas-artes: pintura, escultura, arquitetura, poesia e música (embora todos reconhecessem que arquitetura misturava beleza e utilidade). A partir do século XIX, o termo poesia passou a ser substituído por literatura. No século XX, duas outras manifestações foram incorporadas: dança e cinema (por isso o cinema é considerado "a sétima arte"). A traição das imagens (1829)– René Magritte Tradução da frase na tela: Isso não é um cachimbo. Unindo o título do quadro, a imagem do cachimbo e a tradução da frase, o que podemos interpretar? A condição humana – René Magritte Mais uma vez, nesta imagem,Magritte questiona a relação do real com sua relação pictórica. Podemos ver essa imagem sob duas perspectivas. Quais são elas? image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png image9.png