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Os processos de criação teatral sugeridos nos volu-
mes partem do protagonismo criativo dos jovens e de 
suas inquietações de vida, como relações com o traba-
lho, combate a preconceitos, conhecimento expressivo 
do próprio corpo, formas de se autorrepresentar e per-
tencimentos a grupos e territórios. Dessa forma, a con-
textualização e leitura de obras teatrais do passado e 
do presente, somadas à experimentação individual e 
coletiva de técnicas das artes cênicas, aos temas perti-
nentes às culturas juvenis, à interlocução com outras 
linguagens artísticas e áreas de conhecimento, fazem 
com que a aprendizagem da linguagem teatral neste 
trabalho seja significativa e tenha sentido no percurso 
de estudos e no projeto de vida dos estudantes do En-
sino Médio. 
 � A abordagem teórico- 
-metodológica em Educação Física
A Perspectiva Cultural da Educação Física adotada 
nesta obra começou a se estruturar no país no início dos 
anos 1990 com a publicação do livro Metodologia do En-
sino da Educação Física: coletivo de autores de autoria de 
Carmen Lúcia Soares, Celi Taffarel, Elizabeth Varjal, Lino 
Castellani Filho, Micheli Ortega Escobar e Valter Bracht 
(SOARES, et al, 1992). Esses autores definiram a Educação 
Física como uma prática pedagógica escolar que “tema-
tiza” a cultura corporal: conjunto de práticas e significa-
ções atribuídas aos jogos, esportes, danças, ginásticas e 
demais expressões culturais cuja principal forma de sig-
nificação é a linguagem corporal. 
Esses e outros autores, como Mauro Betti (2007, 2009), 
Jocimar Daolio (1995, 2018), Elenor Kunz (2004), Suraya 
Cristina Darido (2005) , Marcos Garcia Neira (2016, 2018) 
e Mário Nunes (2016), guardadas suas diferenças de en-
foque conceitual, continuaram a discutir e propor a fun-
damentação e a orientação metodológica da Educação 
Física como componente do currículo escolar, cujo ob-
jeto de ensino é a cultura corporal.
Este movimento teórico-metodológico da Educação 
Física influenciou a elaboração dos Parâmetros Curricu-
lares Nacionais no final dos anos 1990 (BRASIL, 1997; BRA-
SIL, 2000) e seguiu permeando as políticas públicas na-
cionais de Educação Física e os documentos curriculares 
do Ensino Médio elaborados no país ao longo dos últimos 
20 anos, como os Parâmetros Curriculares Nacionais pa-
ra o Ensino Médio (BRASIL, 2000), as Orientações edu-
cacionais complementares aos Parâmetros Curriculares 
Nacionais: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (BRA-
SIL, 2002) e Orientações Curriculares para o Ensino 
Médio: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (BRASIL, 
2006), mantendo-se na Base Nacional Comum Curricular 
que define a Educação Física como: “componente curri-
cular que tematiza as práticas corporais em suas diversas 
formas de codificação e significação social, entendidas 
como manifestações das possibilidades expressivas dos 
sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decor-
rer da história” (BRASIL, 2018, p. 213).
Essa concepção se distancia de visões que atribuem 
à Educação Física o mero treino de habilidades motoras 
e de desenvolvimento de parâmetros de aptidão física. 
Sem deixar de lado as discussões contemporâneas so-
bre a importância das práticas corporais para a saúde e 
o bem-estar, a obra procura contribuir para que os jo-
vens percebam que a qualidade de seus gestos, a expe-
rimentação e o desenvolvimento de seus corpos em 
movimento se integram ao modo como vivemos em 
sociedade e definimos valores coletivos, pautados nos 
direitos humanos, na inclusão e na equidade de opor-
tunidades. Nesta visão, os conhecimentos científicos 
relativos ao funcionamento biológico e comportamen-
tal dos gestos e movimentos se tornam objeto de aná-
lise crítica e propositiva dos estudantes. 
Em consonância com a produção acadêmica da 
perspectiva cultural da Educação Física, com a BNCC e 
com o referencial do Interacionismo Sociodiscursivo 
adotado para pautar toda a concepção desta obra, en-
tende-se as práticas corporais como práticas de lingua-
gem, às quais revelam e transformam o contexto histó-
rico-cultural e discursivo dos sujeitos que as criam, 
praticam e divulgam.
Nessa perspectiva, a leitura, apreciação, produção e 
análise das práticas corporais permitem aos jovens a par-
ticipação autônoma, consciente, colaborativa e crítica no 
mundo, reconhecendo a gestualidade, as vozes de dife-
rentes grupos culturais e os processos de negociação de 
sentidos das práticas corporais, com vistas a favorecer o 
autoconhecimento e a leitura de mundo.
As práticas corporais são produções culturais, que car-
regam identidades, histórias, valores dos sujeitos que as 
criaram, praticam, divulgam e emitem opiniões sobre elas. 
Os volumes contemplam apreciações, usos, análises, ex-
perimentações e produções relativas a jogos e brincadei-
ras, esportes, ginásticas, danças, lutas e práticas corporais 
de aventura urbanas e na natureza, incluindo algumas de 
origem indígena e africana, de modo a atender às vivên-
cias e interesses plurais dos jovens do Ensino Médio, apro-
fundando e diversificando o trato à cultura corporal a 
partir das capacidades crescentes de abstração da reali-
dade que os jovens do Ensino Médio apresentam.
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A obra aborda práticas corporais de diferentes matri-
zes culturais brasileiras em diálogo constante com os mo-
dos singulares e subjetivos pelos quais os jovens do Ensi-
no Médio vivenciam e observam os sentidos e significados 
da cultura corporal em seus cotidianos. As práticas cor-
porais são compreendidas como fenômenos sociais, cujos 
processos de criação e transformação envolvem inten-
cionalidades sociais, culturais e ideológicas imbricadas a 
processos de disputa e busca por legitimação.
Dessa maneira, a problematização das dinâmicas socio- 
culturais presentes nas práticas corporais abre diálogos com 
referenciais das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Au-
tores da antropologia, sociologia e filosofia que discutem o 
corpo, as práticas corporais e o esporte trazem aportes con-
ceituais para ampliar a análise e o posicionamento crítico dos 
jovens acerca dos discursos presentes nos gestos, nas imagens 
e nos discursos verbais integrados à cultura corporal. Assim, 
o estudante poderá reconhecer as transversalidades entre as 
áreas, desenvolvendo mais subsídios para seus estudos.
A promoção da justiça social, o combate a precon-
ceitos, estereótipos e visões fragmentadas do ser humano 
permeiam as proposições de análise e ampliação dos usos 
e produções dos jovens em práticas da cultura corporal, 
tornando o trabalho das aulas de Educação Física central 
para a formação pessoal e cidadã dos estudantes.
A problematização dos sentidos e significados cons-
truídos historicamente acerca das práticas corporais e de 
questões sociais, como dominação cultural, gênero, raça 
e religião, permitem que as aulas de Educação Física pro-
movam o desenvolvimento das competências gerais, 
específicas e das habilidades previstas na BNCC.
Neste enfoque, a cultura corporal, definida como o 
conjunto de práticas e significações historicamente 
construídas nas quais a linguagem corporal é principal 
constituinte, é tratada em análises complementares às 
práticas de linguagem de Arte e Língua Portuguesa e 
das demais áreas de conhecimento presentes no currí-
culo do Ensino Médio.
As Trilhas de Educação Física estão estruturadas de 
maneira a promover a aprendizagem significativa. As si-
tuações didáticas sugeridas iniciam-se pela mobilização 
das ideias prévias dos estudantes, apresentação de novos 
repertórios e análises, experimentações e pesquisas que 
dão centralidade ao jovem, promovendo seu protagonis-
mo e a ampliação de conhecimentos, atitudes, habilida-
des, possibilitando que sejam capazesde mobilizar as 
aprendizagens escolares em situações concretas de sua 
vida presente e futura. 
Além de questões problematizadoras partindo de 
imagens, textos e da própria experiência, a obra trabalha 
a historicidade das práticas corporais e seus vínculos com 
visões de mundo, significados e valores. Durante o tra-
balho com Educação Física na obra os estudantes são 
convidados a:
• observar a variabilidade de usos e significados da cul-
tura corporal e o valor subjetivo das práticas corporais 
para diferentes sujeitos;
• levantar hipóteses, identificar direitos e relações de 
poder que permeiam as práticas corporais;
• discutir a relação entre marcadores sociais (raça, etnia, 
gênero, presença de deficiência, classe social) e as 
oportunidades de experimentação e significação das 
práticas corporais;
• adotar posição contrária ao racismo, à discriminação 
das mulheres e das pessoas com deficiência;
• atuar como parceiros mais experientes e mediadores 
sociais dos colegas e de atores da comunidade;
• criar e recriar gestos, regras, espaços, materiais e redes 
de sociabilidade para praticar cultura corporal;
• ampliar a consciência corporal e a expressividade de 
seus gestos;
• refletir criticamente sobre a presença das práticas cor-
porais no universo digital, no cotidiano, na esfera jor-
nalística e nas práticas de estudo e pesquisa;
• compreender e valorizar o papel das práticas corpo-
rais em seus projetos de vida como forma de cuidado 
de si, do outro, dos ambientes coletivos e da criação 
de redes de sociabilidade e produção de conhecimen-
tos comprometidas com os valores democráticos;
• investigar, com o uso de instrumentos da pesquisa 
social, usos e significados da cultural corporal para in-
tervir socialmente.
As apreciações, leituras, aportes conceituais, pesquisas 
e experimentações das Trilhas de Educação Física foram 
pensados de modo a permitir que, embora não haja 
sequência predeterminada para o uso dos volumes da 
obra, os capítulos e as trilhas se interligam pela discussão 
das práticas corporais em conexão com temáticas con-
temporâneas, de forma a permitir a abordagem de todas 
as temáticas da cultura corporal (jogos e brincadeiras, 
danças, ginásticas de condicionamento físico, ginásticas 
de conscientização corporal, esportes, lutas e práticas cor-
porais de aventura urbanas e na natureza). Os volumes 
autocontidos podem ser trabalhados de acordo com o 
planejamento da escola e do professor, pois as propostas 
se complementam e se integram visando oferecer ao 
estudante uma formação aprofundada de Educação Físi-
ca, conforme prevê a Perspectiva Cultural.
Utilizando a obra você vai perceber que as reflexões 
que permeiam as práticas corporais de cada capítulo se 
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